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PROCESSO Nº 204.170-4/18
RUBRICA FLS.:
VOTO GA-1
(...) submeto a vossa apreciação, a dúvida suscitada pelo chefe de gabinete desta
casa quanto a dispensa de cumprir de estágio probatório e a incorporação de
vantagens de servidores oriundos de outros cargos públicos do município:
2.1 A lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por servidor
público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de
aprovação em concurso público;
2.2 Havendo previsão legal e nas condições por ela estabelecidas, o investido em
cargo público em decorrência de aprovação em concurso público pode ter
computado o período de exercício do cargo público anteriormente ocupado para
concessão de adicional de tempo de serviço;
É O RELATÓRIO.
TCE-RJ
PROCESSO Nº 204.170-4/18
RUBRICA FLS.:
Registro que atuo nestes autos em substituição ao Conselheiro Marco Antônio Barbosa de
Alencar, em razão de convocação da Presidente interina deste Egrégio Tribunal de Contas,
Conselheira Marianna Montebello Willeman, realizada em sessão plenária de 04.04.17.
O objeto da consulta se insere no âmbito das atribuições fiscalizatórias desta Corte, nos
termos do art.70, caput, c/c art.75, caput, todos da CRFB/88, e art.1º, II, art.3º, III, c/c art.127, da
LOTCERJ.
Discordo, nesse aspecto, das ponderações lançadas pela Procuradoria-Geral deste Tribunal
por entender que, a despeito de o cumprimento do estágio probatório não ser aferido quando da
apreciação do ato de admissão do servidor, nada obsta que haja o controle externo de tal ato em
sede de ações fiscalizatórias, a fim de resguardar a fiel observância da legalidade. A validade de
parcelas remuneratórias é igualmente matéria sujeita à aferição por parte deste Tribunal. Dessa
forma, entendo presentes os requisitos contidos no art. 5º, II, da Deliberação TCE-RJ 276/2017.
As consultas, por força da dicção do art. 5, III, da Deliberação TCE-RJ 276/2017, devem conter
questionamento em tese e não podem versar sobre caso concreto. No caso em comento, verifica-se
que o consulente inicialmente suscita dúvidas a respeito da possibilidade de dispensa de estágio
probatório e de incorporação de vantagens por parte de servidores oriundos de outros cargos
públicos do Município de Cambuci, mas ao final indica a situação concreta de dois servidores.
Em razão de tais falhas, impõe-se o conhecimento parcial da consulta para, tão somente,
responder, em tese, ao questionamento a respeito da possibilidade de dispensa de estágio probatório
por parte de servidores oriundos de outros cargos públicos do Município de Cambuci. Não se
apreciará, portanto, os casos concretos dos servidores José Dionisio Gomes Parrilha e Claudio
Queiroga Monteiro, matéria que deverá ser dirimida pela própria Administração, tampouco haverá a
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Não obstante, são elucidativas as explanações, em tese, formuladas pelo Corpo Instrutivo e que podem ser consultadas no
sítio eletrônico deste Tribunal de Contas, na área reservada às consultas processuais.
TCE-RJ
PROCESSO Nº 204.170-4/18
RUBRICA FLS.:
Conforme bem salientado pelo Corpo Instrutivo, a acessibilidade aos cargos somente
depende da comprovação, pelo interessado, dos requisitos estabelecidos em lei, dentre os quais se
insere a aprovação em concurso público, que é realizado conforme a natureza e a complexidade do
cargo (art. 37, I e II, da Constituição da República). O padrão de vencimento e demais componentes
do sistema remuneratório também guarda consonância com a natureza, o grau de responsabilidade e
a complexidade dos cargos, os requisitos para investidura e as peculiaridades dos cargos (art.39, §1º,
I, II e III, da CRFB/88).
Verifica-se, portanto, que cada cargo público contempla especificidades que não podem ser
desprezadas, de forma que a estabilidade garantida aos que cumprem o disposto no art. 41 da
CRFB/88 se dá no serviço público, mas exclusivamente com relação ao cargo exercido pelo servidor.
Com isso, é inequívoco que o servidor público estável que venha a ser investido em outro cargo
público em razão de aprovação em concurso público deve se submeter, nesse novo cargo, ao
correlato estágio probatório, inclusive para obtenção da estabilidade. Nesse sentido já se manifestou
o Superior Tribunal de Justiça:
Dessa forma, a lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por servidor
público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de aprovação em concurso
público.
Registre-se que a resposta à consulta não tem caráter normativo ou vinculante e constitui
prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto, sendo certo, também, que será
considerada revogada ou reformada a tese sempre que o Tribunal firmar nova interpretação acerca
do mesmo objeto.
VOTO:
1. Pelo CONHECIMENTO PARCIAL da consulta, de forma a admiti-la tão somente com relação
à dúvida quanto à dispensa de cumprimento de estágio probatório por parte de servidores oriundos
de outros cargos públicos do Município de Cambuci;
2. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente para lhe dar ciência da presente decisão e para
que lhe seja respondido que a lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por
servidor público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de aprovação em
concurso público.
GA-1,