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TCE-RJ

PROCESSO Nº 204.170-4/18
RUBRICA FLS.:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


PLENÁRIO
GABINETE DO CONSELHEIRO SUBSTITUTO MARCELO VERDINI MAIA

VOTO GA-1

PROCESSO: TCE-RJ 204.170-4/18


ORIGEM: CÂMARA MUNICIPAL DE CAMBUCI
ASSUNTO: CONSULTA

CONSULTA. QUESTIONAMENTO A RESPEITO DA


POSSIBILIDADE DE DISPENSA DE CUMPRIMENTO DE ESTÁGIO
PROBATÓRIO POR PARTE DE SERVIDORES ORIUNDOS DE
OUTROS CARGOS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO.
IMPOSSIBILIDADE. CONHECIMENTO PARCIAL. EXPEDIÇÃO DE
OFÍCIO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

Trata o presente processo de consulta formulada pelo Presidente da Câmara Municipal de


Cambuci a respeito da possibilidade de dispensa de estágio probatório e de incorporação de
vantagens por parte de servidores oriundos de outros cargos públicos do Município de Cambuci. A
consulta é apresentada nos seguintes termos:

(...) submeto a vossa apreciação, a dúvida suscitada pelo chefe de gabinete desta
casa quanto a dispensa de cumprir de estágio probatório e a incorporação de
vantagens de servidores oriundos de outros cargos públicos do município:

A duvida paira em razão do Art. 25 do Estatuto do Servidor Público do Município,


trazer regra expressa de dispensa ao estágio probatório, e o Art 270 do mesmo
diploma submeter a tais regras os servidores dos poderes públicos municipais de
Cambuci.

As referidas vantagens foram concedidas a dois servidores JOSÉ DIONISIO GOMES


PARRILHA e CLAUDIO QUEIROGA MONTEIRO, pela gestão passada, mas diante da
duvida suscitada e do parecer jurídico desta casa foram suspensas o recebimento
das vantagens “promoção” e “incorporação”, visto que oriundas do poder
executivo, até analise de legalidade, e encerramento do processo administrativo nº
120 de 2017, cópia integral anexa em mídia digital.
TCE-RJ
PROCESSO Nº 204.170-4/18
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Considerando critérios consubstanciados no regramento atinente à matéria, o Corpo


Instrutivo sugere o conhecimento parcial da consulta, a expedição de ofício ao consulente, a ciência
da decisão à SUP e o arquivamento dos autos, nos seguintes termos:

1. O CONHECIMENTO PARCIAL da presente consulta;

2. A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente, dando-lhe ciência da decisão desta


Corte, consignando as seguintes teses;

2.1 A lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por servidor
público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de
aprovação em concurso público;

2.2 Havendo previsão legal e nas condições por ela estabelecidas, o investido em
cargo público em decorrência de aprovação em concurso público pode ter
computado o período de exercício do cargo público anteriormente ocupado para
concessão de adicional de tempo de serviço;

2.3 O investido em cargo público em decorrência de aprovação em concurso


público não preserva na sua remuneração as progressões e promoções decorrentes
do cargo anteriormente ocupado;

2.4 O investido em cargo público em decorrência de aprovação em concurso


público não preserva na sua remuneração as incorporações que se deram durante o
exercício do cargo anteriormente ocupado.

3. A CIÊNCIA da decisão à Subsecretaria de Controle de Pessoal – SUP;

4. O posterior ARQUIVAMENTO deste processo.

A Procuradoria Geral deste Tribunal de Contas manifestou-se no sentido de que a matéria a


que versa a consulta não se insere no âmbito da competência deste Tribunal, notadamente por não
ser ela apreciada quando do exame dos atos de admissão de pessoal. Acrescenta que parcela do
questionamento formulado diz respeito a caso concreto, em contrariedade ao que dispõe a
normativa sobre consulta, razão pela qual defende o seu não conhecimento. Destaca que, se
ultrapassadas as preliminares, não se opõe à forma em que o mérito foi abordado pelo corpo
instrutivo.
O Ministério Público de Contas opina pelo não conhecimento da consulta.

É O RELATÓRIO.
TCE-RJ
PROCESSO Nº 204.170-4/18
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Registro que atuo nestes autos em substituição ao Conselheiro Marco Antônio Barbosa de
Alencar, em razão de convocação da Presidente interina deste Egrégio Tribunal de Contas,
Conselheira Marianna Montebello Willeman, realizada em sessão plenária de 04.04.17.

O consulente, enquanto Chefe do Poder Legislativo de Cambuci, ostenta legitimidade para o


procedimento em comento, na forma do art. 4, I, c/c art. 5, I, da Deliberação TCE-RJ 276/2017.

O objeto da consulta se insere no âmbito das atribuições fiscalizatórias desta Corte, nos
termos do art.70, caput, c/c art.75, caput, todos da CRFB/88, e art.1º, II, art.3º, III, c/c art.127, da
LOTCERJ.

Discordo, nesse aspecto, das ponderações lançadas pela Procuradoria-Geral deste Tribunal
por entender que, a despeito de o cumprimento do estágio probatório não ser aferido quando da
apreciação do ato de admissão do servidor, nada obsta que haja o controle externo de tal ato em
sede de ações fiscalizatórias, a fim de resguardar a fiel observância da legalidade. A validade de
parcelas remuneratórias é igualmente matéria sujeita à aferição por parte deste Tribunal. Dessa
forma, entendo presentes os requisitos contidos no art. 5º, II, da Deliberação TCE-RJ 276/2017.

As consultas, por força da dicção do art. 5, III, da Deliberação TCE-RJ 276/2017, devem conter
questionamento em tese e não podem versar sobre caso concreto. No caso em comento, verifica-se
que o consulente inicialmente suscita dúvidas a respeito da possibilidade de dispensa de estágio
probatório e de incorporação de vantagens por parte de servidores oriundos de outros cargos
públicos do Município de Cambuci, mas ao final indica a situação concreta de dois servidores.

Outrossim, quando o consulente menciona a possibilidade de incorporação de vantagens, ele


não as especifica, em contrariedade ao que dispõe o art. 5, IV, da Deliberação TCE-RJ 276/2017, que
determina que o objeto da consulta deve ser especificado de forma precisa 1.

Em razão de tais falhas, impõe-se o conhecimento parcial da consulta para, tão somente,
responder, em tese, ao questionamento a respeito da possibilidade de dispensa de estágio probatório
por parte de servidores oriundos de outros cargos públicos do Município de Cambuci. Não se
apreciará, portanto, os casos concretos dos servidores José Dionisio Gomes Parrilha e Claudio
Queiroga Monteiro, matéria que deverá ser dirimida pela própria Administração, tampouco haverá a

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Não obstante, são elucidativas as explanações, em tese, formuladas pelo Corpo Instrutivo e que podem ser consultadas no
sítio eletrônico deste Tribunal de Contas, na área reservada às consultas processuais.
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análise da possibilidade de incorporação de vantagens, já que estas não foram discriminadas na


consulta.

Ultrapassado o juízo de admissibilidade, há que se perquirir a constitucionalidade da norma


municipal que prevê a possibilidade de dispensa de estágio probatório para servidores que já o
cumpriram em outros cargos da estrutura do Município.

Conforme bem salientado pelo Corpo Instrutivo, a acessibilidade aos cargos somente
depende da comprovação, pelo interessado, dos requisitos estabelecidos em lei, dentre os quais se
insere a aprovação em concurso público, que é realizado conforme a natureza e a complexidade do
cargo (art. 37, I e II, da Constituição da República). O padrão de vencimento e demais componentes
do sistema remuneratório também guarda consonância com a natureza, o grau de responsabilidade e
a complexidade dos cargos, os requisitos para investidura e as peculiaridades dos cargos (art.39, §1º,
I, II e III, da CRFB/88).

Verifica-se, portanto, que cada cargo público contempla especificidades que não podem ser
desprezadas, de forma que a estabilidade garantida aos que cumprem o disposto no art. 41 da
CRFB/88 se dá no serviço público, mas exclusivamente com relação ao cargo exercido pelo servidor.
Com isso, é inequívoco que o servidor público estável que venha a ser investido em outro cargo
público em razão de aprovação em concurso público deve se submeter, nesse novo cargo, ao
correlato estágio probatório, inclusive para obtenção da estabilidade. Nesse sentido já se manifestou
o Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. POLICIAL CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO. ESTÁGIO


PROBATÓRIO. NÃO APROVAÇÃO. EXONERAÇÃO. POSSIBILIDADE. OFENSA À AMPLA
DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. ESTRITA OBSERVÂNCIA DO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO LEGALMENTE PREVISTO. PROCESSO
ADMINISTRATIVO COM TODAS AS FORMALIDADES. DESNECESSIDADE.
ESTABILIDADE. CONDIÇÃO QUE NÃO AFASTA A SUBMISSÃO AO ESTÁGIO
PROBATÓRIO DO NOVO CARGO.

1. A estabilidade é adquirida no serviço público, em razão do provimento em um


determinado cargo público, após a aprovação no estágio probatório. Não
obstante, sempre que o servidor entrar em exercício em um novo cargo público,
mediante aprovação em concurso público, deverá ser submetido ao respectivo
estágio probatório, não havendo impedimento de que o servidor estável seja
"reprovado" em estágio probatório relativo a outro cargo público para o qual foi
posteriormente aprovado em concurso. Precedente.
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2. A estabilidade do servidor público, ora Recorrente, não tem o condão de


afastar sua submissão ao estágio probatório para o novo cargo de Investigador de
Polícia, para o qual foi aprovado em novo concurso público. Por conseguinte, está
sujeito à avaliação inerente ao estágio probatório, podendo ser "reprovado", como
de fato o foi, em procedimento administrativo, legalmente previsto e estritamente
observado, com o contraditório e a ampla defesa assegurados.

3. A exoneração do servidor público aprovado em concurso público, que se


encontra em estágio probatório, não prescinde da observância do procedimento
administrativo específico legalmente previsto, sendo desnecessária a instauração de
processo administrativo disciplinar, com todas suas formalidades, para a apuração
de inaptidão ou insuficiência no exercício das funções, desde que tal exoneração se
funde em motivos e fatos reais e sejam asseguradas as garantias constitucionais da
ampla defesa e do contraditório. Precedentes.

4. No caso dos autos, o procedimento administrativo para a não confirmação do


Impetrante no cargo de Investigador de Polícia da Polícia Civil, em face da
reprovação no estágio probatório – previsto no Decreto n.º 36.694/93, que
regulamentou a Lei Complementar Paulista n.º 675/92 –, foi estritamente
observado pelo Poder Público Estadual, ressaltando-se que o Impetrante foi
pessoalmente notificado dos fatos a ele imputados, foi apresentada defesa escrita
com a juntada de documentos, bem como houve julgamento pelo órgão
competente, com a exposição dos motivos e fundamentos da decisão.

5. Recurso ordinário desprovido.

(RMS 20.934/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em


01/12/2009, DJe 01/02/2010)

Dessa forma, a lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por servidor
público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de aprovação em concurso
público.

Registre-se que a resposta à consulta não tem caráter normativo ou vinculante e constitui
prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto, sendo certo, também, que será
considerada revogada ou reformada a tese sempre que o Tribunal firmar nova interpretação acerca
do mesmo objeto.

Pelo exposto, posiciono-me PARCIALMENTE DE ACORDO com o Corpo Instrutivo e EM


DESACORDO com o parecer da Procuradoria Geral deste TCE-RJ e do Ministério Público Especial,
TCE-RJ
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RUBRICA FLS.:

VOTO:

1. Pelo CONHECIMENTO PARCIAL da consulta, de forma a admiti-la tão somente com relação
à dúvida quanto à dispensa de cumprimento de estágio probatório por parte de servidores oriundos
de outros cargos públicos do Município de Cambuci;

2. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente para lhe dar ciência da presente decisão e para
que lhe seja respondido que a lei não pode dispensar o cumprimento do estágio probatório por
servidor público estável que venha a ser investido em outro cargo público em razão de aprovação em
concurso público.

3. Pela CIÊNCIA da decisão à Subsecretaria de Controle de Pessoal – SUP;

3. Pelo posterior ARQUIVAMENTO deste processo na CGD/A.

GA-1,

MARCELO VERDINI MAIA


Conselheiro Substituto

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