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HARMONIZAÇÃO
HARDCORE
SELECIONAMOS VINHOS
PARA OS PRATOS DE
HENRIQUE FOGAÇA
DEGUSTAR E DESFRUTAR
DICAS PARA APROVEITAR AO
MÁXIMO UMA FEIRA DE VINHOS
TESTE
AVALIAMOS O
“BALDE IDEAL”
VINÍCOLA
OU MUSEU?
A ARTE DO
CHÂTEAU LA COSTE
VERNACCIA
DI SAN GIMIGNANO
A HISTÓRIA E O RENASCIMENTO
DO VINHO DE DANTE
ABAIXO A
MONOTONIA
VINHOS “ALTERNATIVOS” PARA
QUEM GOSTA DE CABERNET, PINOT,
CHARDONNAY E SAUVIGNON BLANC
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EDITORIAL |
Tonalidades DIREÇÃO
PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br
DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br
O
mundo do vinho é um mundo de pluralidades. Nenhum
REDAÇÃO
rótulo é igual ao outro. Uma mesma variedade de uva pode EDITOR
produzir aromas e sabores diferentes dependendo de diver- Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br
sos fatores, apesar de algumas características básicas serem mantidas. DIRETOR DE ARTE
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38
46 56
34 TESTE
Cansado de ver seu vinho “se 56 ESCOLA DO VINHO
Saiba como tirar o melhor
afogar”? Avaliamos o “balde proveito de uma feira ou
ideal” degustação de vinhos
ENOGOURMET CURIOSIDADES
38 Sugestões de vinhos para quatro
receitas do chef hardcore
62 A história do Vernaccia di San
Gimignano, citado por Dante e
Henrique Fogaça Boccaccio
ESCOLA DO VINHO
46 Dicas de vinhos que “emulam”
Cabernet, Pinot, Chardonnay e
Sauvignon Blanc
CONTEÚDO |
62
70 79
ENOARQUITETURA 12 | MUNDOVINO
70 As monumentais obras de arte
do Château La Coste, em
32 | PRESENTES
Provence 79 | CAVE
92 | CLUBE ADEGA
98 | QUEM DISSE
CARTAS | ESCREVA PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR
vinhoseprazeres Wine&Beer
@vinhoseprazeres - Sommelier Digital
Básicos e necessários! Um @sommelierdigital
bom #spanishwine, um bom Bela edição especial Top
#jamonserrano e um bom 100 da @revistaadega,
#filmemae com #javierbardem parabéns pelo conteúdo!
MERCADO e a bela #jenniferlawrence. Me ajudou a montar
Fiquei impressionado com os números de importação #vinhoseprazeres #rioja minha lista para 2018!
apresentados na edição passada da revista. Achei que #spain #clubeadega
2017 havia sido um ano também terrível para o vinho, #revistaadega
assim como para quase toda a economia brasileira. Fico
pensando se essa elevação tem a ver com a consolidação
da cultura do vinho no país. Penso que o consumo
seria ainda maior não fosse a intolerância da lei seca,
que apoio, apesar de saber que uma taça de vinho
é diferente de uma garrafa de uísque. Mas, enfim,
há diversas outras coisas que cerceiam o consumo
(consciente) e ainda assim houve crescimento. Tomara
que em 2018 continue, mesmo com a perspectiva
econômica não sendo das
melhores.
Gilberto Batalha
A MAIOR REFERÊNCIA EM VINHOS DO BRASIL
Ana Borba Sandro Martins
INOVADORES
10 PERSONALIDADES
QUE REVOLUCIONARAM
@daaguaparaovinho @78_sandro
O VINHO
GANHAM
LATOUR Somos 2, Humberto Se eu gosto? Só
COM O TEMPO
10 VINHOS
BRASILEIROS PARA
GUARDAR
Dessa degustação do Araújo... #revistaadega um “bucadim”
HISTÓRIA
BAROLO E A UNIFICAÇÃO
Latour eu gostaria muito #revistaadega
DA ITÁLIA
INCÊNDIOS
de ter participado. Deve
FUMAÇA PODE INTERFERIR
NO SABOR DO VINHO?
ter sido incrível. Verticais
RECORDE NO
MERCADO DE
IMPORTADOS
assim são fascinantes.
OS NÚMEROS E A ANÁLISE
DO ANO
Rômulo Castro
OSCAR LÓ
E OS RUMOS
DO VINHO NACIONAL
CHÂTEAU
DEGUSTAÇÃO ÉPICA DE
LATOUR
10 SAFRAS HISTÓRICAS BAROLO
CONTROVERSO?
Li sobre a história do Barolo, mas concordo com o
trabalho recente da Kerin O’Keefe, que estudou o tema
a fundo e descobriu que a mudança do estilo do Barolo
foi feita por um italiano e não por um francês como WineSure @winesure Carol Porto @carolportos
antes se acreditava. Aquele almoço delicioso na Pizza e vinho. Domingo
Rosa Linhares casa da amiga @cameslima delicia. #revistaadega
#revistaadega sempre me
inspirando!
Gelo
no vinho
A leitora Marta Campestre questiona: “Nunca se deve
mesmo colocar um cubo de gelo na taça de vinho?”
N
a Antiguidade, algumas das primeiras leis “gelos plastificados”, ou mesmo uma uva congela-
relacionadas ao vinho giravam em torno da. Assim a bebida resfria sem diluir.
da adição de água na bebida. Sim, “Mas não posso colocar gelo nem mes-
havia punições severas para quem fosse mo quando o vinho está ‘quente’ e é
pego colocando água no vinho. Essa muito alcoólico?” A ideia de diluir
ideia de que água e vinho não o vinho com gelo para “suavizá-
devem ser misturados foi ainda -lo” dificilmente trará um bom
mais forte durante a Idade resultado. Se o produtor
Média, quando o consumo quisesse que seu vinho
de vinho podia ser consi- fosse diluído, ele mesmo
derado mais saudável do teria dado um jeito de
que o de água, pois esta diminuir o volume de
última, geralmente, es- álcool e os taninos. Se
tava contaminada e po- você está diante de um
dia causar doenças. vinho que não está lhe
Mas, convenhamos, agradando em um dia
já deixamos esses tem- de calor na piscina, é
pos de ciência ainda in- porque provavelmente
cipiente para chegarmos não escolheu o vinho
a épocas muito mais tec- certo para a ocasião.
nológicas, onde a higiene Contudo, há sim vi-
manda. Ainda assim, quando nhos em que uma pedri-
se fala em água no vinho mui- nha de gelo é bem-vinda.
tos ainda alardeiam: “Sacrilé- Cada vez mais produtores
gio!” Será mesmo? Colocar estão criando rótulos pensados para
um gelinho no vinho quando serem degustados refrescados com gelo, os
ele está quente, faz mal? Há outras formas
ditos “Ice” (favor não confundir com Ice Wine).
Se quisermos ser puristas, sim, colocar gelo no de refrescar o vinho Esses vinhos (geralmente espumantes, brancos e
vinho é um problema e é fácil entender o porquê. sem colocar gelo rosés) são feitos para receber gelo e, acreditem os
diretamente na taça,
A água vai diluir os sabores, mudar o equilíbrio da mas, ainda assim, isso céticos ou não, ficam bem melhor com esse “in-
bebida, dificilmente ela ficará tão boa quanto se não é um crime grediente”.
consumida sem essa interferência. “Mas mesmo Portanto, se quiser colocar uma pedra de gelo
se o vinho estiver ‘quente’ não posso usar gelo?” na taça, prefira esse tipo de vinho. Para os outros,
Prefira outras formas de refrescar a bebida, como, tente refrescar de outra forma menos “intrusiva”.
por exemplo, um balde de gelo, ou ainda aqueles Ou então, prepare uma sangria ou um clericot.
Condecorados
Escola brasileira Eno Cultura é escolhida a melhor do ano pelo WSET
A instituição Wine and Spirit Mueller, o aluno do Diploma que vários projetos sociais em toda a
Education Trust (WSET) surgiu mais alta pontuação alcançou. No América do Sul”.
há 49 anos no Reino Unido para entanto, outro prêmio importante “A nomeação já havia sido uma
ajudar a melhorar a educação da também é concedido durante a honra imensa para nós. Somos
indústria do vinho e destilados no cerimônia, o Riedel Trophy, para extremamente gratos por ter
país. Hoje, ela está presente em mais o “melhor educador” do ano. E os sido reconhecidos por resultados
de 80 países e é tida como a mais brasileiros podem ficar orgulhosos excelentes em um mercado de vinho
conceituada escola no que tange pois este prêmio foi dado à escola Eno tão desafiador quando o Brasil.
o aprendizado sobre bebidas no Cultura, fundada em 2013 por Paulo Estar na lista já nos colocou como
mundo. Seus cursos são divididos em Brammer e Thiago Mendes. Segundo uma referência importante para a
quatro níveis e, todo ano, o WSET o WSET, o louvor foi devido ao educação do vinho na região. Sermos
reúne os alunos que alcançaram o “crescimento impressionante mesmo escolhidos como número um manda
grau “Diploma”, o estágio mais alto, diante de um ambiente econômico um sinal inequívoco de que o esforço
para uma cerimônia em Londres complicado, acompanhado de conjunto do WSET e Eno Cultura
onde são condecorados – alguns excelentes resultados nos exames e inseriu o Brasil no mapa global da
podendo ainda receber prêmios por sua introdução de bolsas de estudos educação de vinho”, apontaram os
seus desempenhos. permitiu que mais membros do sócios, que receberam o troféu das
Neste ano, o ganhador da bolsa comércio do vinho acessassem cursos mãos do presidente de honra do
“Vintners’ Cup”, foi o alemão Moritz da WSET. Eles também instigaram WSET, Steven Spurrier.
VIN HO TINTO
SÓ C OMBIN A C OM
C AR NE V ERMELHA?
Sem
safra 2017
Geadas do ano passado
Ladrões de Brunello vêm forçando produtores
Cerca de mil garrafas de Brunello di Montalcino de Bordeaux a abdicar de
de Col d’Orcia foram roubadas produzir alguns vinhos
Por essa o conde loja estava muito arrumado e limpo. “Em uma colheita normal,
Francesco Marone Eles tinham instruções estritas”, afirmou entre o primeiro e o segundo
Cinzano não Cinzano. Diversas garrafas da biblioteca vinhos, teríamos 1.600
esperava. Numa da vinícola foram levadas, com safras que hectolitros. Mas colhemos
tranquila noite de remontam a 1964. as poucas uvas haviam, que
janeiro, ele dormia Um furgão da empresa foi levado e encheram uma cuba de 150
em sua vinícola Col usada como veículo de fuga (encontrado hl, e a maior parte das uvas
d’Orcia, localizada posteriormente em Perugia, mas da segunda geração [de um
no vale de mesmo nome, um dos mais sem nada dentro). A polícia solicitou segundo brotamento depois das
lindos da Toscana, quando um grupo especialistas para procurar indícios, além geadas], então não é o melhor
furtou a loja de vinhos da vinícola sem de ter contatado a redes de comerciantes, cenário”, afirmou Charles
que ninguém percebesse. distribuidores e importadores caso surjam Sichel, dono do Château
O dono de Col d’Orcia estima garrafas suspeitas no mercado. “Muitos d’Angludet, em Margaux. Ele
que cerca de mil garrafas tenham sido comerciantes enviaram mensagens de quer dizer que as fortes geadas
levadas pelos criminosos. Ele avalia apoio e prometeram ficar atentos”, disse do ano passado vão impedir que
ainda que o valor total dos objetos Cinzano, que revelou ainda um plano sua propriedade faça um vinho
furtados seja de mais de 100 mil euros. de instalar 110 câmeras de vídeo em da safra 2017.
“Algumas das garrafas são insubstituíveis. Montalcino ainda este ano para tentar E ele não é o único.
Eles só pegaram o Brunello e tudo na coibir esse tipo de roubo. Em dezembro, os donos do
Château de Fieuzal, de Pessac-
Léognan, já haviam anunciado
decisão semelhante (não
produzir vinho com uvas de
Garantia antibouchonné 2017). Em abril, os 75 hectares
de vinhas da propriedade foram
Fabricante lança linha de cortiça livre de TCA atingidos e quase dizimados. A
e com garantia de reembolso vinícola esperava ao menos ter
O fabricante de rolhas Cork Supply lançou uma linha de uma produção pequena, mas
produtos sem TCA, a VINC Taint Free, que vem com a quantidade ínfima vinificada
garantia de devolução se um comprador receber uma rolha contaminada. será guardada na biblioteca
A Cork Supply foi a primeira a oferecer uma garantia para rolhas naturais em 2015. e sequer vinho à granel será
Ou seja, qualquer cliente que se deparasse com um vinho bouchonné devido à rolha vendido.
está apto a devolver a garrafa para inspeção e um reembolso do preço do vinho. Outro château bordalês que
Agora, porém, o produtor está oferecendo a mesma garantia para suas rolhas VINC. revelou que não terá safra 2017
“A linha VINC é o resultado de nossos esforços de pesquisa e desenvolvimento. As rolhas foi Climens, um Premier Cru
são produzidas 100% com nossos próprios materiais de cortiça crua de alta qualidade de Sauternes. “Será a primeira
com tecnologias de moldagem individuais de última geração. Nosso novo e melhorado vez desde 1993 que não
processo VAPEX garante que todos os vinhos engarrafados com rolhas VINC sejam livres faremos nosso primeiro vinho.
de TCA”, afirmou Jochen Michalski, que fundou a Cork Supply em 1981. Não tivemos matéria-prima
A empresa, no entanto, não é a primeira a lançar uma rolha tida como livre de TCA. Em suficiente para fazê-lo então
2016, a Amorim criou a linha NDtech, que também é totalmente à prova de bouchonné. decidimos não produzir nada
em 2017”, afirmou Bérénice
Lurton, dona da propriedade.
Aquisição
de peso
Gigante riojana compra
um dos mais tradicionais
produtores de Cava
A Companhia Vinicola do
Norte de Espanha (CVNE)
é uma das mais poderosas
empresas vitivinícolas de Rioja,
na Espanha, e recentemente
resolveu esticar seus domínios
para a produção de Cava ao
adquirir o produtor Roger
Goulart.
A história de Roger Goulart
remonta a 1882, quando seus
fundadores, a família Canal,
fizeram parte de uma onda de
Violino de barrica vinicultores de Penedès que
produziram vinhos espumantes
Produtor espanhol decidiu usar a madeira de de método tradicional, como
uma barrica para produzir o instrumento musical Cava é feito até hoje.
“Estamos olhando para as
O enólogo Rodolfo Bastida, “The Soul Of A Violin”. No vinícolas de fora da Rioja há
da vinícola Ramón Bilbao, filme, Malikian descreve o algum tempo e estamos felizes
fez parceria com o músico ato de tocar o violino como em anunciar que Roger Goulart
espanhol Ara Malikian e o “cheirar música”. Para celebrar vai se juntar ao nosso portfólio”,
fabricante de violinos Fernando a parceria, Ramón Bilbao criou disse o presidente da CVNE,
Solar para produzir um violino uma caixa de presente de edição Victor Urrutia. A nova vinícola se
a partir da madeira de uma limitada assinada por Malikian juntará a quatro de Rioja: Cune,
barrica de vinho. para seu Gran Reserva 2010, Imperial, Viña Real e Continuo,
Solar, que já produziu que contém o desenho de um todas da CVNE. Os valores da
instrumentos musicais de violino em seu rótulo dourado. compra não foram revelados.
latas de refrigerantes, precisou “Estamos sempre procurando
de dois meses para fabricar descobrir novos horizontes
o violino a partir de um em termos enológicos e
dos barris de vinho tinto da artísticos. Começamos a
propriedade. Os violinos são pensar se nossas barricas de
tradicionalmente feitos de carvalho francês podem levar
madeiras mais macias, como a complexidade que trazem
bordo e pinheiro. A criação aos nossos vinhos para uma
foi filmada e aparecerá em segunda vida na música”,
um documentário chamado disse Bastida.
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
A história da Malbec
Novo rótulo de Catena é inspirado na evolução
da variedade tradicional argentina
A Rooftop Reds, um vinhedo no 1.000. Fundador da Rooftop Reds, videiras e a primeira colheita ocorreu
terraço de um prédio no bairro Devin Shomaker, acredita que o em outubro do ano passado. As
do Brooklyn, em Nova York, deve preço se justifica por ser um item de videiras foram plantadas em 36
lançar seu primeiro vinho em 2019 colecionador. centímetros de solo com uma técnica
e as garrafas devem custar US$ O vinhedo tem apenas 168 especial. Estão sendo cultivadas
variedades como Merlot, Cabernet
Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec
e Petit Verdot. Apenas 30 caixas de
vinho serão produzidas.
“Há todo um misticismo em torno
da cultura do vinho, mas quantas
pessoas sabem o que as videiras
precisam para crescer e prosperar?
O gerenciamento da viticultura se
resume à ciência, e é isso que estamos
provando no telhado”, afirmou
Shomaker.
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
Adeus à lenda
do Piemonte
Bruno Giacosa, um dos mais importantes produtores
de Barolo e Barbaresco, morreu em janeiro
Aos 88 anos, Bruno Giacosa faleceu em um hospital conhecedor de cada
de Alba, no Piemonte, no começo deste ano. Ele é terroir da região e suas
tido como um dos principais produtores não somente respectivas safras.
da região, mas da Itália, e ficou famoso por ser um dos Giacosa nunca
primeiros a defender os vinhos de vinhedos únicos. teve medo de inovar,
Giacosa definiu um estilo de Barolo e Barbaresco que passando de cimento para aço inoxidável para fazer a
enfatizava a elegância e a finesse acima da potência, mas fermentação e de carvalho da Slavonia para carvalho
ainda assim eram capazes de envelhecer. francês para o envelhecimento. No entanto, ele
Ele comprou frutas e engarrafou vinhos de Barolo e não gostava de ser rotulado com tradicionalista ou
Barbaresco desde a década de 1960, mas adquiriu sua modernista. Além de Barolo e Barbaresco, Giacosa
própria vinha em 1982, com 25 hectares. Sua vinícola é lembrado por seu manejo da uva indígena Arneis,
de Falletto em Serralunga d’Alba passaria a se tornar transformando-a em grandes brancos de Roero.
um dos melhores crus do Langhe. Desde 1982, sua filha, Bruna, o auxilia na vinícola
Seus colegas lembram dele como um homem e é a responsável por continuar o legado do pai a partir
de poucas palavras e solitário, mas um profundo de agora.
Aposentadoria
em Romanée-Conti
Enólogo Bernard Noblet deixou o cargo no fim de janeiro
Depois de 32 anos à frente da enologia do mítico Domaine de la Romanée-
Conti, Bernard Noblet decidiu se aposentar no começo de 2018. Ele foi
enólogo de Romanée-Conti desde 1986, mas começou a trabalhar para o
produtor em 1978.
Ele assumiu o posto de enólogo de seu pai, André Noblet, que desde
SAFRA INESQUECÍVEL
1946 era responsável pelos vinhos da empresa. Bernard Noblet testemunhou
Os vinhos da safra 2015 do
Domaine de la Romanée-Conti aumentos impressionantes no preço dos vinhos de Romanée-Conti, que
estão chegando ao mercado e cresceu em cerca de três mil por cento nas últimas duas décadas, de acordo
Aubert de Villaine, um dos donos com dados Liv-ex.
da propriedade, afirmou: “Para mim,
2015 é fora do comum em qualidade. Ele será substituído por Alexandre Bernier, que o acompanhou nos
Já fiz mais de 50 colheitas, mas esta últimos anos. “Tudo foi planejado nesses últimos três ou quatro anos, com
é a mais notável da minha carreira. Alexandre Bernier trabalhando junto com Bernard Noblet numa evolução
Os vinhos têm fruta, estrutura,
sensualidade; e essa perfeita”, afirmou um representante da empresa.
combinação é muito
rara”.
Champagne pornô
Descendente de casa de Champagne se
indignou quando a marca lançou vinho
vinculado à estrela do entretenimento adulto
Quando em novembro do ano passado a casa
de Champagne Charles de Cazanove lançou a
cuvée Clara Morgane, o conde Loïc Chiroussot
de Bigault de Cazanove, de 67 anos, descendente
direto de Charles de Cazanove, sentiu-se
insultado. O nome de sua família estava sendo
associado ao de uma cantora e ex-atriz pornô.
“É simplesmente escandaloso. Como você
pode associar o nome ilustre da minha família
com o de Clara Morgane? É inconcebível.
Meus antepassados estão se revirando em seus
túmulos”, afirmou o sexagenário, indignado com
os rumos que a empresa fundada por sua família
Mercado de – mas não mais sob sua tutela – estaria tomando.
Já a celebridade não se sentiu incomodada
colecionadores com a ira do homem. “Charles de Cazanove
é uma grande casa de Champagne com a
Levantamento mostra que leilões de vinho
qual estou orgulhosa de me associar. Este
superaram a marca de US$ 371 milhões em 2017
Sr. Chiroussot deveria ter perguntado o que
Ainda falta muito para o de US$ 3.285. Hong Kong desejavam seus antepassados antes que seu
mercado dos leilões de vinho subiu 7%, indo para US$ nome fosse vendido. Imagino que sua birra o
voltar à marca atingida em 98 milhões com um preço tenha impedido de provar nosso delicioso néctar.
2011, quando acumulou por lote de US$ 5.643. Os Gostaria de lhe enviar uma garrafa para que ele
US$ 478 milhões em vendas, valores na internet cresceram possa experimentar
mas os números de 2017 são 35,3%, indo para US$ 54 em um momento
promissores e mostram que o milhões. O único mercado de libertação
mercado de colecionadores que apresentou queda foi o emocional”, afirmou.
está aquecido. Reino Unido, com baixa de Chiroussot
Em 2017, o total de vendas 11%, ficando em US$ 34,1 chegou a processar
em leilões de vinhos no mundo milhões. Os principais players a empresa, mas
(dados dos mercados dos foram as casas Acker Merrall durante a audiência
Estados Unidos, Reino Unido & Condit e Zachys, com marcada para dia 9 de
e Hong Kong, além das vendas US$ 80,3 milhões e US$ 79,3 janeiro, nenhuma das
on-line) aumentaram 9,6% milhões, respectivamente, partes compareceu
para US$ 371,1 milhões, frente apresentando crescimento ao tribunal o que
a US$ 338,7 milhões em 2016. de mais de 20% no ano. A fez com que a causa
As vendas norte- Sotheby’s vem em terceiro fosse simplesmente
americanas subiram 10%, lugar com US$ 63,8 milhões, abandonada. Teria
indo para US$ 185 milhões, mas uma queda de 14% em o homem cedido
com um preço médio por lote relação ao ano anterior. aos encantos do
Champagne?
Centenário
Cos d’Estournel vai lançar uma cuvée
de luxo de vinhas de 100 anos
O valor
de uma medalha
Estudo revela a porcentagem de aumento de preço
de um vinho que ganha medalha em um concurso
VINHO COM
METEORITO
Em 2012, Ian Hutcheon, um
astrônomo inglês trabalhando
no Chile, lançou o primeiro vinho
feito com infusão de um meteorito.
Oportunamente chamado de
Meteorito, o Cabernet de Cachapoal
envelheceu com um meteorito de
4,5 bilhões de anos do cinturão
de asteroides entre Marte e
Júpiter.
O inverno chegou
A Montegrappa produziu uma caneta Planetário
tinteiro em edição limitada com arte Baseado no modelo
inspirada na série Game of Thrones. Midnight Planetarium, a
Apenas 300 unidades foram feitas. Van Cleef & Arpels lançou u
€ 3.900 a versão Lady Arpelss
www.montegrappa.com Planétarium. Sim, além dass
horas, ele mostra a rotação
dos planetas (Mercúrio,
Vênus, Terra – e a lua)) ao
redor do sol. Feito em ouro
branco com diam mantes.
US$ 330.000
www.vancleefarpels.com
Esporte
Inspirado na versão GT430, a Lotus, em
comemoração aos 70 anos da marca, lançou o
Evora GT410 Sport. Com motor de 3.5 litros V6, ele
faz de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos e atinge uma
velocidade máxima de 305 km/h.
£ 85.900
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Som limpo
A Grovemade, em colaboração
com o designer industrial
Joey Roth, criou o Grovemade
Walnut Speaker System, que
se aproveita das propriedades
acústicas superiores da
madeira para criar som claro e
matizado.
US$ 599
www.grovemade.com
Q
uantas vezes você olha para uma último caso, apenas a base do vidro fica em con-
coisa e se pergunta: “Será que é tato com a água e o gelo, impedindo um resfria-
tudo isso mesmo? Como nin- mento perfeito e exigindo aquela virada disfarça-
guém pensou nisso antes?” E foi da da garrafa de cabeça para baixo para misturar.
assim que decidimos testar o bal- Conversando com Meireles, descobrimos
de perfeito, invenção do irrequie- que foi sofrendo com as opções existentes que o
to Almir Meireles. Nestes anos e anos degustan- empresário, amante de vinhos (e agora inventor)
do por todo o mundo, achamos que já havíamos decidiu criar o “balde ideal”. Ele afirma que o
visto todos os designs possíveis de balde de gelo e processo foi longo e, em sua mente, o balde pre-
nos conformado com a ideia de que resfriar garra- cisava acomodar pelo menos quatro garrafas e ter
fas de vinho neles requer alguma prática e certas os seguintes atributos: uma base total maior que
manhas. Mas, uma vez que paramos para refletir, a boca; uma altura aproveitável capaz de garantir
fica claro que o que usamos até hoje não era mes- uma boa cobertura da superfície das garrafas pelo
mo o balde ideal. Apesar de os modelos serem gelo e pela água; evitar, no caso de apenas uma
os mais diversos, é difícil encontrar um que real- garrafa, que ela corra o risco de tombar e encher
mente atenda o enófilo, “sem falhas”. Vejamos: de água; não ser muito grande; ser leve, mas re-
Há baldes pequenos para uma única garrafa. sistente; ser de fácil transporte mesmo quando
Se você errar na quantidade de gelo e água, é cheio; economizar água e gelo; e ter um design
melhor se armar de algo para enxugar os possíveis elegante – que ficou a cargo do arquiteto Ricardo
transbordamentos. Passamos então para os bal- Gusmão.
des maiores, com capacidade para mais de uma Devido ao formato do “Balde Ideal”, ou “iD Buc-
garrafa. Na maioria deles, se colocamos apenas ket”, ele acomoda de uma a quatro garrafas de base
uma garrafa para resfriar, o que ocorre? O garga- larga, como Champagne, por exemplo, e mesmo
lo mergulha no gelo. Se o vinho estiver aberto, com apenas uma, ela nunca tomba. Garrafas acomo-
fatalmente corre o risco de “se afogar”. Daí, ou dadas, água e gelo ficam em um nível capaz de res-
você coloca um salva-vidas para ficar de olho na friar de maneira mais uniforme, segundo Meireles,
garrafa, ou coloca pouco gelo e água, mas, nesse com maior aproveitamento do gelo. O diâmetro da
base do balde ideal tem 28 cm e a boca, 20. O vo- evitado e o enófilo tem uma preocupação a me-
lume de gelo e água necessário é aproximadamente nos ao desfrutar seu vinho. Além disso, o design
dois terços quando comparado com baldes que aco- faz com que se utilize menos gelo e os pontos de
modam quantidades similares de garrafas. apoio na base auxiliam na hora do transporte –
caso seja necessário mover o balde quando cheio.
Avaliação Outro ponto positivo são as dimensões, reduzi-
O balde de Meireles ainda está sendo produzido das quando se compara com outros baldes com
de forma artesanal e sob encomenda, mas ADE- capacidade similar de garrafas, especialmente as
GA decidiu colocá-lo à prova. E podemos dizer “champanheiras”. Se fosse um vinho, receberia
que o resultado acompanhou o que foi “prometi- 100 pontos de ADEGA. Agora, basta entrar em
do”. Ele acomodou bem quatro garrafas, manten- volume de produção para se tornar acessível em
do o nível de gelo e água em uma altura suficiente termos de preço e distribuição. Tudo para que
para que elas resfriassem por inteiro e uniforme- “em 10 anos – como brinca Meireles – o mundo
mente. O grande teste, o do possível emborca- do vinho se divida entre os que têm o balde ideal
mento do gargalo de uma garrafa sozinha dentro e os que não têm”. Se tiver interesse, pode conhe-
d’água, foi bem-sucedido. Realmente, esse risco é cer em: www.baldeideal.com.br
Harmonização
HARDCORE Sugerimos vinhos para combinar com os
pratos do chef Henrique Fogaça
P
resença. É impossível deixar de seus pratos também têm toques de delicade-
notar o estilo de Henrique Fogaça za. Por exemplo, o chef tem preferência por
em seus empreendimentos. Mes- cerveja, isso é inegável, mas, nos vinhos, seu
mo no mais recente, o elegante e gosto não é pelos tintos pesadões como al-
de certa forma discreto Sal Gastro- guns poderiam supor, mas por “brancos fru-
nomia, aberto no fim de 2017 dentro do Shop- tados”, admite.
ping Cidade Jardim, a marca de rock’n’roll As receitas têm, sim, presença, sabores
hardcore, típica dele, está presente. marcantes, crocância, contrastes, mas com
Ao visualizar a figura do chef, repleto de ta- aquele tom de elegância “no limite” e é por
tuagens pelo corpo e com uma impostação de isso que as possibilidades de harmonização
voz geralmente em tom grave, pode-se pensar não se restringem somente a “coisas pesa-
que toda a sua comida segue o padrão de tons das”. De verdadeiramente hardcore, o tama-
máximos. E quando pensamos em comidas nho da porção – sempre bem servida.
“extremas” o amante do vinho já logo imagina Essa foi a tarefa de ADEGA em meados
que não deve ser fácil propor harmonizações, de janeiro em um almoço no novo endere-
especialmente com vinhos mais sutis. ço de Fogaça. O chef propôs preparar quatro
Mas engana-se quem se deixa levar pelas pratos emblemáticos de seu cardápio e nos-
aparências. A culinária do Sal Gastronomia so time selecionou quatro rótulos para fazer
não é hardcore strictu sensu. Assim como frente à culinária de Fogaça. Um exercício
Fogaça também tem seu lado mais suave, divertido e repleto de descobertas.
vinho e prato
nhoque de mandioquinha Vinho e prato têm algumas
acompanhado com ragu similaridades
de javali com vinho tinto Boa interação entre vinho
encorpado. e prato
Prato ou vinho ganham na
combinação
Prato e vinho ganham
com a combinação
AD 92 pontos AD 93 pontos
MIRAVAL ROSÉ 2016 MEYER-NÄKEL SPÄTBURGUNDER “S” 2009
Jolie-Pitt & Perrin, Provence, França (World Wine Meyer-Näkel, Ahr, Alemanha (Decanter R$
R$ 210). Rosé composto de Cinsault, Grenache, 297). Tinto elaborado exclusivamente a
Syrah e Rolle, com estágio de 10% do vinho em partir de Spätburgunder (Pinot Noir), com
barricas de carvalho francês por breve período. estágio de 12 meses em barricas de carvalho
Sempre consistente, esta é uma excelente versão 50% novas. Num estilo mais corpulento e
desse rosado. Mostra aromas de pêssegos e carnudo, mostra perfil de frutas vermelhas
morangos mais frescos, bem como agradáveis mais maduras como groselhas e cerejas
notas florais, herbáceas e minerais. Impressiona seguidas de notas florais, de lavanda, de
pela excelente textura, tem gostosa acidez e especiarias doces e de cinzas, que se
final persistente, com toques florais e de mel. confirmam na boca. Chama atenção pelos
Surpreende pela estrutura e corpo sem perder taninos de textura sedosa acompanhados
a elegância, tudo num contexto de frescor e de vibrante acidez. Tem final persistente,
mineralidade, que traz vibração e eletricidade ao com toques defumados e de sangue. Álcool
conjunto. Álcool 13%. EM 13,5%. EM
AD 92 pontos AD 92 pontos
RENATO CORINO BAROLO 2010 RESERVE DE LA COMTESSE LALANDE 2007
Renato Corino, Piemonte, Itália Château Pichon Longueville Comtesse de
(Grand Cru US$ 133). Tinto elaborado Lalande, Bordeaux, França (Clarets R$ 530).
exclusivamente a partir de uvas Nebbiolo Tinto composto de Cabernet Sauvignon,
advindas de La Morra e Serralunga Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec,
d’Alba, com estágio de 24 meses em com estágio em barricas de carvalho. Mostra
barris de carvalho. Apresenta sedutoras cativantes notas de cassis e de alcaçuz que
notas florais e de especiarias doces que envolvem os toques florais, minerais e de
acompanham as frutas vermelhas, tudo especiarias doces. Está no auge e seguramente
em meio a muita tipicidade, taninos de esse tempo a mais na garrafa lhe fez muitíssimo
excelente textura lembrando giz, gostosa bem, mas deve se manter assim por mais cinco
acidez e final persistente, com toques de anos, pelo menos. Surpreende pela qualidade e
ferro e de ervas secas. Álcool 15%. EM pelo equilíbrio do conjunto, fazendo jus à fama
de seu irmão mais velho. Álcool 13%. EM
EMULADORES
Para você que gosta de um estilo de vinho, confira alternativas
interessantes que acompanharão o seu paladar evitando a monotonia
91 pontos Tempranillo, sem passagem por madeira. No estilo Variedades como País,
do Chile, e Criolla, da
NICOSIA ETNA ROSSO 2013 Jovén, é cheio de tipicidade, mostra a Tempranillo Argentina, têm frescor
Nicosia, Sicília, Itália (Italiamais R$ 150). Tinto sem interferências, com seu lado cativante de que lembra o Pinot Noir
elaborado a partir de 80% Nerello Mascalese cerejas, de flores e de especiarias doces, além
e 20% Nerello Cappuccio, sem passagem por de agradáveis toques minerais e herbáceos. Um
madeira. Cerejas e morangos frescos aparecem vinho gostoso de beber e fácil de agradar. EM
em abundância tanto no nariz quanto na boca,
depois surgem notas florais, minerais, de ervas • Quer emuladores pouco prováveis da Pinot?
secas e de especiarias. Suculento e uma delícia de Experimente os vinhos feitos com as variedades
beber, tem taninos de boa textura, acidez vibrante País, no Chile, ou Criolla, na Argentina. São
e final persistente, com toques minerais e de uvas locais – diz-se que as primeiras trazidas da
frutas vermelhas ácidas, que o tornam ainda mais Europa – que geram vinhos repletos de frescor
gastronômico. EM de fruta, com taninos aveludados.
• Na mesma linha, podemos ainda sugerir vinhos • Outra fonte de alternativas ao Pinot, seguindo
de Tempranillo, mas agora – diferentemente esse estilo de frescor de fruta, é a Itália. Pode-
do caso da Cabernet – da região de Rioja, e, -se começar com os famosos Sangiovese da re-
de preferência, de estilo Jovén (com pouca pas- gião de Chianti – sem ser os Riserva –, Rosso
sagem por madeira). Outra opção espanhola di Montalcino, passando pelo Piemonte, com
seria um Garnacha da região de Gredos. os Nebbiolo menos pretenciosos e imponentes,
e chegando até o Vêneto, com os Bardolino e
AD 89 pontos Valpolicella.
CS TEMPRANILLO 2015
Carlos Serres, Rioja, Espanha (La Pastina R$ 51). AD 90 pontos
A vinícola foi fundada em 1896 por Carlos Serres DA VINCI ROSSO DI MONTALCINO 2011
e elabora este tinto exclusivamente a partir de Cantine Leonardo Da Vinci, Toscana, Itália (Cantu
AD 90 pontos
KELMAN ENCRUZADO 2013
Kelman, Dão, Portugal (Portus R$ 165). Branco
elaborado exclusivamente a partir de Encruzado, Blends brancos do
com fermentação malolática e posterior estágio Viognier advindas do vinhedo Vista do Bosque, Alentejo e do Douro
podem “se corresponder”
de 10 meses em barricas de carvalho francês. com estágio de 10 meses em barris de carvalho com alguns Chardonnay
Acanhado no nariz, mostra aromas de frutas francês de 300 e 600 litros. Surpreende pela tensão mais encorpados
brancas e de caroço acompanhados de notas e frescor do conjunto. De boa tipicidade, mostra
florais, tostadas e de especiarias doces, que se frutas tropicais e de caroço envoltas por notas
confirmam na boca. Encorpado, tem boa textura, florais e de especiarias, sempre num contexto de
acidez refrescante e final cheio, com toques bom volume de boca e gostosa acidez. EM
minerais e amanteigados. EM
• Para quem gosta de Chardonnay mais encorpa-
• Seguindo a mesma ideia, de vinhos brancos ri- do, com tons tostados e melados, costumeiros da
cos, com corpo e fruta, não se pode esquecer passagem por barrica, pode encontrar alternativas
da casta Viognier e seus exemplares da região também em Portugal. Desta vez, blends do Dou-
do Rhône, e, em alguns casos (principalmente ro ou do Alentejo, com seus Antão Vaz, muitas
em Bordeaux), da Sémillon. vezes complementados por Arinto e Roupeiro.
AD 90 pontos AD 91 pontos
GUASPARI VIOGNIER VISTA DO BOSQUE 2015 PÊRA-MANCA BRANCO 2009
Guaspari, Espírito Santo do Pinhal, Brasil (R$ 138). Fundação Eugênio de Almeida, Alentejo,
Branco elaborado exclusivamente a partir de uvas Portugal (Adega Alentejana R$ 460). Branco
AD 91 pontos
QUINTA DO AMEAL CLÁSSICO LOUREIRO 2014
Quinta do Ameal, Minho, Portugal (Qualimpor R$
128). Este branco é composto de 90% Loureiro e
10% Arinto, com estágio entre três e seis meses
em tanques de inox. Impressiona pela tensão
do conjunto. Cheio de frescor e de intensidade,
mostra frutas cítricas em profusão, gostosa textura
e final profundo e untuoso, com toques salinos,
florais e de mel. EM
Uma das variedades que
costuma “imitar” o estilo
• Já se seu gosto tende a ir mais para o caráter gio, especialmente quando não há passagem da Sauvignon Blanc em
herbáceo e a estrutura, experimente algum por madeira. Pode-se encontrar diversos bons diversos aspectos é a
exemplar de Verdelho, ou Verdejo – aqui prin- exemplares mundo afora. Outras alternativas Pinot Grigio
V
ocê já foi a um grande evento de Sendo assim, com o calendário de eventos
degustação de vinhos? Uma feira começando a tomar forma nesse início de ano,
de alguma importadora talvez? que tal nos prepararmos para aproveitar ao máxi-
Assim que o ano começa, dá-se mo de um grande evento de degustação? Muitos
início também a um circuito de “iniciantes”, às vezes, se frustram nesses eventos,
diversos eventos (jantares temáticos, apresenta- pois vão com expectativas enormes, mas sem um
ções de produtores, feiras de importadores etc.) “plano de ataque”. Muitas vezes, saem decepcio-
que os enófilos, especialmente as pessoas do tra- nados consigo mesmos por não terem provado
de, costumam acompanhar. Mas você vai dizer: todos os vinhos à disposição, ou ainda não terem
“esses eventos são todos fechados para quem é do conseguido desfrutar de alguns vinhos como pre-
próprio mercado”. Engana-se. Grande parte tam- tendiam. Para que isso não ocorra, elaboramos
bém é aberto ao público consumidor. um “manual” para lhe ajudar. Mesmo que você
É verdade que as grandes feiras internacio- não seja um “iniciante” nesses eventos, algumas
nais, por exemplo, são dirigidas ao business e os das dicas a seguir provavelmente vão fazer com
produtores lá presentes querem apresentar seus que você tenha uma experiência ainda melhor
vinhos para potenciais revendedores. No entanto, em eventos de grande porte.
cada vez mais se vê uma abertura ao consumidor.
E, quando falamos de eventos no Brasil, especial- Preparativos
mente as feiras de importadores (cada vez mais fre- Vamos começar com os preparativos pré-degus-
quentes) e grandes provas e apresentações, como o tação. Primeiramente, pense em ir de táxi. Se
lançamento do Guia Descorchados, por exemplo, você pretende provar uma enorme quantidade
vemos que o consumidor tem prioridade. de rótulos, mesmo que durante um longo perío-
Nessas ocasiões, os produtores costumam já do de tempo, é provável que, ao final, não esteja
ter um representante oficial no país e estão lá em perfeitas condições para dirigir. E, com as res-
para promover seus vinhos entre os enófilos “co- trições da lei seca, por mais moderadamente que
muns”. Eles sabem que cada um que conquis- você beba, será autuado. Isto posto, lembre-se de
tarem com alguns poucos goles de seus vinhos chegar bem alimentado e bem-disposto. Muitos
pode significar vendas diretas ou a garantia de eventos servem canapés e comidinhas leves, mas
uma nova importação. É uma ação de marketing assegure-se de chegar devidamente alimentado,
direta e poderosa de que nenhum produtor do pois degustar de estômago vazio não lhe fará bem.
mundo tem se furtado ultimamente. Uma boa Evite também esses eventos caso esteja doente.
relação com o cliente é quase tão importante Um resfriado, por exemplo, limita as sensações
divulgação Prowein
Etiqueta
Nesses eventos, raramente você está sozinho na “tempinho a sós” com algum produtor. Então,
hora de provar um vinho. Ao mesmo tempo que se você pretende provar algum rótulo específico
Se quiser
você está em um estande de um produtor, pode “com tempo”, vá direto nele. Se você quer saber “privacidade”,
haver diversas pessoas ao seu lado, amontoando- mais sobre um rótulo, vá direto conversar com o chegue cedo,
-se para provar uma taça e ouvir um pouco do produtor. E, sim, se houver algum grande ícone
que esse produtor tem a dizer sobre seus rótulos. sendo oferecido e você quer um gole, é melhor
mas, ainda
Sendo o vinho uma das coisas mais civilizadas chegar cedo, pois, no fim do dia, talvez não haja assim, lembre-
do mundo, segundo Ernest Hemingway, é preci-
so senso de civilidade nesses momentos e todos
mais nenhuma garrafa disponível. se de não
precisam saber esperar a sua vez. Lembre-se, o Não vá para provar de tudo um pouco monopolizar
produtor não está lá apenas para servir o vinho, A não ser que a degustação não apresente de- as atenções
ele está lá para apresentar o vinho. É diferente. zenas de rótulos e você não seja um degustador
Portanto, não estique a taça esperando simples- profissional, não vá para o evento pensando em
mente que ele lhe sirva. Seja cortês, pergunte se provar tudo o que estiver por lá. Se houver, por
pode provar algo ou então o que ele sugere. E, exemplo, 20 produtores, cada um com cinco ró-
sabendo que você não está lá sozinho, mas com tulos diferentes, pense em provar um ou dois de
diversas pessoas ao seu redor, não monopolize o cada, com calma, realmente apreciando o que
produtor. Faça perguntas diretas, ouça o que ele estiver em sua taça.
tem a dizer, agradeça e deixe a fila andar.
Cuspa
Quem cedo madruga Alguns podem até achar um pouco nojento, mas
Grandes eventos costumam atrair muitos pro- aqueles baldes que ficam nas mesas em que os
dutores e muita gente interessada em provar produtores apresentam seus vinhos são, sim, para
seus vinhos. Se você pensa em ter um pouco cuspir vinho. Apesar de a quantidade de bebida
de “privacidade” para degustar alguns rótulos, servida ser bem pequena, não se pode negligen-
planeje chegar cedo. Quanto mais tempo passa, ciar o montante de vinho que se pode ingerir
mais pessoas se acumulam e mais difícil ter um durante toda uma tarde de degustação. Se você
Menos é mais
Novamente, não se desespere para provar de tudo
um pouco. Por mais treinado que seu paladar seja,
ele não vai conseguir apreciar devidamente tudo
o que você colocar na boca. Então, vá preparado
e consciente. Não é uma competição de quem
bebeu mais e melhor. Não se sinta pressionado
se ouvir algo como: “Já provei todos os vinhos
da fileira da direita, agora só faltam os da esquer-
da”. Ou então: “Você já provou aquele produtor?
Você tem que provar. Como assim ainda não foi
divulgação Prowein
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CONTEÚDO DE VINHOS DO
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CURIOSIDADES | p o r ARNALDO GRIZZO
O vinho dos
glutões de
DANTE A história do Vernaccia de San Gimignano,
citado na Divina Comédia
A
meio caminho entre Florença e Sie- No segundo conto da décima e última jornada
na, ao leste, pode-se ver ao longe as do Decamerão, Boccaccio fala sobre as proprieda-
altas torres de uma cidadela que se des medicinais do “Vernaccia di Corniglia”, capaz
destaca por seus prédios medievais de curar o abade de Cluny de seus problemas es-
(e mais recentemente pelo gelato, tomacais. Estamos no século XIV e o vinho que
dito o melhor da Itália, quiçá do mundo). Por isso, originalmente seria de San Gimignano já era “re-
San Gimignano é um dos pontos turísticos mais plicado” em outros locais, como na Ligúria, espe-
atrativos da Toscana. Do alto de suas torres, pode- cialmente na região de Cinque Terre (Corniglia)
-se observar os vales verdejantes que rodeiam toda e também na Lombardia, com o Vernaccia di
a cidade. Cellatica, ou ainda na Calábria, com o Vernaccia
Se hoje ela recebe milhares de turistas du- di Santo Noceto. Na verdade, acredita-se que o
rante o ano, na Idade Média ela também foi um nome Vernaccia derive de Vernazza, uma comu-
polo de atração. Acredita-se que San Gimignano na das Cinque Terre.
era um ponto importante para os peregrinos que
iam a Roma, especialmente devido à produção de Reis, papas e glutões
açafrão e também de seu vinho, o então famoso Sabe-se que Vernaccia di San Gimignano já era
Vernaccia di San Gimignano. popular no século XIII. Os primeiros registros de
Esse vinho branco, originalmente produzido nas pagamentos de impostos sobre a venda do vinho
colinas da cidade, tornou-se famoso não somente na na cidade são de 1276. E o vinho deveria ser mes-
Itália, mas em boa parte da Europa na época, tanto mo famoso, pois outra obra marcante da literatura
que aparece citado por importantes autores como ocidental cita-o. Em sua jornada do inferno ao
Giovanni Boccaccio e Dante Alighieri, em suas obras- paraíso guiada pelo poeta Virgílio, Dante esbarra
-primas, como o Decamerão e a Divina Comédia. com um pecador no purgatório.
Pintura e primazia
A fama do vinho de San Gimignano era tama-
nha que não se restringiu à literatura, aparecen-
do também em trabalho de Giorgio Vasari, que Em sua passagem pelo
pintou a “Alegoria de San Gimignano e Colle Purgatório, Dante e Virgílio
encontram o papa Martinho
Val d’Elsa” no salão do Palazzo Vecchio em Flo- durante o começo do século XX, mas somente
IV, que está sendo purgado
rença. Nela está retratado um sátiro que bebe na década de 1960 é que as vinhas começaram a por seu gosto por enguias do
Vernaccia. ser replantadas. Devido muito à sua história, em lago Bolsena e por Vernaccia
Já no século XVII, uma das obras mais famo- 1966 ele se tornou o primeiro vinho italiano a
sas sobre os vinhos toscanos, “Bacco in Toscana”, obter a Denominação de Origem Controlada.
de Francesco Redi, também trata do Vernaccia. Se antes o Vernaccia di San Gimignano era um
“Se houver alguém que não gosta do Vernaccia vinho doce, atualmente é um branco seco, de boa
colhido em Pietrafitta, interdito, amaldiçoado, acidez, com tons florais e minerais. A região possui
fuja da minha vista e o sofrimento sempre engu- 1.900 hectares de vinhas, sendo que 720 são desti-
la”, dizem os versos. nados à produção de Vernaccia di San Gimignano
Nos anos seguintes, porém, o Vernaccia min- e 450 para a produção de San Gimignano. O res-
guou. Desaparecendo dos vinhedos toscanos, fi- tante é dedicado à produção de Chianti, Chianti
cando restrito a algumas poucas propriedades em Colli Senesi e IGT Toscana. Hoje existem cerca
que os donos mantinham juntamente com outras 170 vinícolas que tentam devolver o Vernaccia ao
variedades. Houve tentativas de renascimento posto de vinho célebre.
No seu
devido lugar Nos últimos anos, os brancos da DOCG Vernaccia
de San Gimignano estão cada vez mais consistentes,
justificando a fama que tiveram no passado
N
as últimas décadas, ofuscado pelos
nobres vinhos de Chianti Classico e
Brunello di Montalcino, o Vernaccia
de San Gimignano, um dos vinhos
mais reputados da Idade Média, vem
buscando novamente ocupar o lugar de destaque que
tanto merece, pelo menos pelos ótimos rótulos que
provamos recentemente. Apesar de não ter a preten-
são de ser o melhor branco da Itália, considerando os
cuidados cada vez maiores dedicados tanto aos vinhe-
dos quanto ao processo de vinificação, seguramente
tem potencial para estar entre os melhores, principal-
mente quando pensamos em vinhos frescos, vibran-
tes, com bom volume de boca, gostosa textura e um
caráter especialmente gastronômico.
A uva Vernaccia di San Gimignano é única e é cul-
tivada praticamente só na Toscana (parte central em
direção ao sudoeste de Florença), não tendo relação
com outras uvas homônimas. As normas da DOCG
permitem uma pequena porcentagem de outras uvas
como Chardonnay, Trebbiano Toscano e Sauvignon
Blanc, mas poucos produtores têm o costume de fazer
isso, temerosos de mascarar as características marcan-
tes da Vernaccia.
CURIOSIDADE Existem três categorias de Vernaccia di San Gi- sistência” e “caráter”, principalmente nas catego-
Vernaccia de San mignano: Annata, Selezione e Riserva. A primeira rias Annata e Selezione. Ou seja, encontramos
Gimignano foi a é a mais comum e geralmente não tem nenhuma um nível médio alto, algo até surpreendente para
primeira DOC da
Itália em 1966,
passagem por madeira. Já a segunda, pode ser uma sua faixa de preço (vendidos na Europa e Estados
exatamente no seleção de vinhedo ou da vinícola, algumas podem Unidos geralmente abaixo de US$ 15). Quanto
mesmo ano em que ter mais tempo de contato com as peles e/ou fer- à categoria Riserva, a disparidade de estilos é um
os italianos criaram mentação/estágio em madeira. Por fim, a terceira pouco maior (às vezes, a madeira ofusca o frescor
essa classificação
para enaltecer a categoria, os Riserva, têm que obrigatoriamente en- e a tensão, tornando o vinho “pesado”), mas nada
qualidade de seus velhecer por um ano (em 2018 serão lançados os comparado aos variados estilos de Chardonnay
melhores vinhos. Riserva 2016, por exemplo) e, na maioria das vezes, ou de Sauvignon Blanc, por exemplo.
Em 1993, Vernaccia
di San Gimignano são fermentados e/ou estagiados em madeira. Quanto ao estilo predominante dos vinhos de
ganhou o status de ADEGA está desde 2016 acompanhando Vernaccia di San Gimignano, os que se mostra-
DOCG. Nesse caso, mais detalhadamente os progressos dos brancos ram melhor foram aqueles que, independente-
a primeira DOCG da
Itália foi a de Brunello
da região de San Gimignano. Nos anos 2016 e mente da categoria, conseguiram revelar harmo-
di Montalcino em 2017, visitamos essa bucólica cidade por três ve- nicamente o que essa uva tem de melhor: acidez
1980. zes distintas e degustamos durante essas viagens vibrante, textura adstringente que traz sustenta-
mais de 200 Vernaccia de San Gimignano dos ção ao meio de boca, além de final com aspec-
mais diversos produtores, tanto de safras recentes tos salinos e de cascas de frutos secos, que alguns
(a maioria), quanto de safras mais antigas e as pa- associam a um leve amargor, geralmente seme-
lavras para definir nossas impressões foram “con- lhante ao de quando comemos nozes.
Pavilhão da Música,
projeto do consagrado
arquiteto Frank O. Gehry
Vinícola-
A
o olhar pela fachada em direção à como também permite um deslumbre aos olhos
lâmina d’água logo se vê uma das dos visitantes que se deparam com mais de 20
famosas aranhas da mundialmente obras e instalações magníficas, sem contar as ex- museu conta
famosa Louise Bourgeois. Desvian- posições temporárias em seus pavilhões. com mais de
do um pouco o olhar para outra O museu-vinícola, mantido por um grupo de
posição vê-se um dos conhecidos móbiles de Ale- investimentos irlandês, contempla o mundo viti-
20 obras e
xander Calder. Andando um pouco, sobre uma vinícola associando completamente o elemento instalações,
leve colina, uma instalação de ninguém menos da arte e da cultura através de obras que vão sen- além de
que Frank Owen Gehry. No meio de algumas do acrescidas ao “catálogo” do local.
árvores, uma intervenção do escultor brasileiro abrigar
Tunga. A cada passo, cada olhar, uma surpresa. Do vinho à arte exposições
Pode-se pensar que tudo isso, mais uma série
de prédios e outras obras projetadas simplesmente
Começando pelo vinho, deve-se dizer que os ró-
tulos são produzidos desde 2008 em dois grandes
temporárias
pelo mestre japonês Tadao Ando, além das estru- edifícios contemporâneos concebidos por Jean
turas do premiado arquiteto francês Jean Nouvel, Nouvel. Eles possuem forma esférica e, de cer-
fazem parte de um grande museu à céu aberto, no ta forma, lembram estufas ou antigos armazéns
estilo do Instituto Inhotim, de Minas Gerais, mas agrícolas que ainda hoje podem ser vistos nessa
não. Tudo isso faz parte do Château La Coste. região do sul da França.
Uma vinícola, à princípio, o Château La Cos- Cada edifício tem 10 metros de altura e é fei-
te fica na comuna de Le Puy-Sainte-Réparad, to de alumínio ondulado. O menor e aberto em
não muito distante de Aix-en-Provence e possui um dos lados serve para a recepção das uvas, a
cerca de 200 hectares de terras onde produz não seleção manual e contém três grandes prensas.
Andrew Pattman
somente belos vinhos (brancos, tintos e rosés) O maior, que tem a fachada frontal vedada por
uma série de viseiras, fica com parte de engarra- “V” abriga a recepção e uma livraria, enquanto Os passeios
que a outra inclui um restaurante com vista para
famento e o estoque. As barricas ficam guardadas
16 metros abaixo do solo. a água e as vinhas.
costumam
As paredes são feitas de concreto simples e durar cerca
Inspiração em Cézanne liso marcadas por uma série de pontos cônicos de duas
Além da vinícola, o Château La Coste tem ver- e organizadas em proporções estilo tatame. Isso
dadeiramente um centro de arte. Este centro cria linhas geométricas intrigantes. Há uma inte-
horas e
foi concebido por Tadao Ando. O prédio adota ração entre espaços internos e externos, além da custam 15
muitos dos elementos que caracterizam a obra
do mestre japonês, dando voz à luz natural e à
integração com a paisagem, tudo isso destacado
pela colunata que desaparece entre o prédio e as
euros
natureza em si. Logo à frente do edifício há uma videiras. “O que tentei fazer aqui, por causa da
lâmina d’água “infinita” que esconde o estacio- presença de Cézanne em Aix, foi criar novos tra-
namento subterrâneo e serve de palco para o ní- balhos próximos da natureza. Eu queria capturar
vel superior que tem forma de V. Ele é margeado o mesmo espírito, muito humilde, de uma pintu-
por elevações inteiras de vidro e uma das alas do ra de Cézanne”, afirmou Ando.
Museu contemporâneo
Em meio a tudo isso, artistas e arquitetos foram os diversos artistas e arquitetos que deixaram sua
convidados a visitar o château e encorajados a es- marca por lá estão Paul Matisse (neto de Henry
colher um lugar na paisagem que lhes inspirasse. Matisse), com seu sino de meditação, cujas ba-
Mais que isso, eles tiveram a liberdade de criar daladas soam por 10 minutos, além do japonês
um trabalho para compor com o local. “O Châ- Hiroshi Sugimoto com seu Modelo Matemático,
teau La Coste continuará evoluindo à medida Tom Shannon com a sua “Gota”, e outros diversos
que novos projetos e instalações forem desenvol- trabalhos “fixos” de Tracey Emin, Liam Gillick,
vidas”, afirma o site da vinícola. Larry Neufeld, Jean-Michel Othoniel, Richard
Como um museu, o Château La Coste cobra Serra, Lee Ufan, Michael Stipe, Franz West etc.
entrada (15 euros) e, como uma vinícola, também isso ainda sem contar as exposições temporárias
cobra pelas degustações (12 euros). A organização que ocorrem no pavilhão de exposições projetado
recomenda agendar as visitas e afirma que os pas- pelo italiano Renzo Piano. Nunca vinho e arte fi-
seios costumam durar cerca de duas horas. Entre zeram tanto sentido juntos.
FAUX-PAS 2006
Obra de Franz West
LA GRANDE
CROIX
ROUGE
2007-2008
Obra de
Jean-Michel
Othoniel
CHAPEL
Obra de
Tadao Ando
PSICOPOMPOS
2011 OAK ROOM 2009
Obra do brasileiro Obra de Andy Goldsworthy
Tunga
fotos: Andrew Pattman
CALIX MEUS
INEBRIANS 2009
Obra de Guggi
MEDITATION
BELL 2012
Obra de Paul
Matisse
DROP 2009
Obra de Tom Shannon
Tom Shannon
CAVE
Para esta edição, a
C A D E R N O D E AVA L I A Ç Ã O D E ADEGA
Tabela de avaliação
equipe de avaliadores Classificação Pontos
de ADEGA provou Extraordinário 95 A 100
mais de 2.000 Excelente 91 A 94
vinhos, dos quais Ótimo 89 A 90
selecionamos 82, Muito Bom 87 A 88
que estão em nossas
Bom 85 A 86
páginas
Regular 82 A 84
Avaliações por Fraco ABAIXO DE 82
Editor de vinho:
Evolução
Eduardo Milan (EM)
= Beber
Beto Duarte (BD), = Beber ou Guardar
Christian Burgos (CB), = Guardar
Christiane Miguez (CM),
Observações
Guilherme Velloso (GV),
= BEST BUY - Melhor custo-benefício
João Paulo Gentille (JPG),
Os preços são aproximados no varejo e
O
Juliana Trombeta Reis (JTR) sujeitos à variação.
e Mauricio Leme (MSL) = Vinhos degustados em ocasiões
especiais – lançamentos e raridades –
www.oMelhorVinho.com.br
e, portanto, não às cegas.
Hora do saca-rolha
ESPUMANTES
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edição da Revista ADEGA
OS
DE
CASA MARIN LITORAL 92pts
VINEYARD SYRAH 2014 Neste Platinum, a seleção engloba exempla-
Casa Marin / Vinci (US$ 57) AD res de Sangiovese, de Tempranillo e de Syrah,
REGIÃO/PAÍS: San Antonio, Chile
92 pts
AD
91
que vão mexer com sua cabeça. Da Tosca-
pts na, na Itália, conseguimos trazer o Rosso di
Tinto elaborado exclusivamente a partir de
uvas Syrah, com fermentação espontânea Montalcino da Casanova di Neri, melhor
e estágio de 16 meses em barricas usadas que muitos Brunello disponíveis no merca-
de carvalho francês. Tenso, estruturado e do. Já da Espanha, pinçamos o El Vínculo,
refrescante, mostra muita fruta vermelha um Tempranillo da região de La Mancha,
madura escoltada por ótima acidez e de autoria dos mesmos criadores do mítico
taninos cheios de textura, que convidam a Pesquera, de Ribera del Duero. Da Península
AD
OCKUWOIQNG6GOƒPCNRGTUKUVGPVGEQO
toques minerais, de ervas e de sangue. 92
pts
Ibérica, partimos diretamente para o vale de
Álcool 12%. EM San Antonio, no Chile, onde escolhemos o
Casa Marin, um Syrah de clima frio, cheio de
tipicidade e de frutas negras frescas.
CASANOVA DI NERI
ROSSO DI MONTALCINO 2015
Casanova di Neri / Grand Cru (R$ 239)
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália
GO VOCÊ
SABIA QUE...
estudos de DNA
comprovaram que a Primitivo,
também conhecida como
Zinfandel nos Estados Unidos,
No Grand Gold deste mês, escolhemos tem origem na Croácia e é
tintos de respeito, de produtores muito idêntica à variedade ancestral AD
e quase extinta Crljenak
conceituados em seus países. Nossa via-
Kastelanski? 90
pts AD
gem começa na Puglia, de onde vem
o Papale Primitivo, uma interpretação 92
pts
HERDEIRA DE CATENA
La Posta é um dos projetos
pessoais de Laura, filha do
mítico Nicolás Catena. Neste
projeto, os nomes dos vinhos são
uma homenagem às famílias
proprietárias dos vinhedos.
ARMANDO BONARDA 2016 PAPALE PRIMITIVO GREY SINGLE BLOCK LAS TERRAZAS
La Posta / Vinci (US$ 24) DI MANDURIA 2015 VINEYARD PINOT NOIR 2015
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina Varvaglione / Domno (R$ 129) Ventisquero / Cantu (R$ 140)
REGIÃO/PAÍS: Puglia, Itália REGIÃO/PAÍS: Leyda, Chile
La Posta é propriedade de Laura
%CVGPC ƒNJC FQ XKUKQPȄTKQ 0KEQNȄU Tinto elaborado exclusivamente a Tinto elaborado exclusivamente a partir
Catena, e elabora este tinto partir de Primitivo, com estágio de de uvas Pinot Noir advindas do vinhedo
exclusivamente a partir de Bonarda, oito meses em barricas de carvalho Las Terrazas, com estágio de 12 meses
com estágio de 10 meses em HTCPEȍU #RTGUGPVC RGTƒN FG HTWVCU em barricas de carvalho francês 15%
barricas de carvalho francês (70%) e negras maduras acompanhadas de novas. Os progressos da Ventisquero
americano (30%). De boa tipicidade, notas florais, de especiarias doces e tanto no Herú quanto no Tara Pinot Noir
segue o estilo mais macio e FG EJQEQNCVG SWG UG EQPƒTOCO PC também são sentidos aqui. Agora, além
estruturado da casa, com sua gostosa boca. Carnudo e macio, tem acidez na da fruta vermelha radiante e vivaz (no
acidez e os taninos de ótima textura OGFKFC VCPKPQU FG DQC VGZVWTC G ƒPCN passado era mais madura) há também
ditando as regras e trazendo equilíbrio médio/longo, com toques de tabaco e de força de taninos e de acidez, que trazem
ao conjunto. Álcool 13%. EM alcaçuz. Álcool 14%. EM sustentação e tensão ao vinho. Álcool
13%. EM
BE ADEG
LU A
C
AD
SUL DA FRANÇA
A região do Laguedoc-Roussillon possui
89 AD
DA PUGLIA
A Negroamaro, também muito
cultivada na Puglia, assim como a
Primitivo, é muito menos conhecida
por aqui e costuma dar tintos de cor
escura, de grande estrutura, complexi-
dade aromática e de grande vocação
gastronômica.
BE ADE
LU A
C
SILVER
AD Tinto composto de 95% Sangiovese e 5% Merlot, sem passagem por madeira. Mostra
89
pts
as típicas cerejas da Sangiovese acompanhadas de notas florais, terrosas e de ervas
UGECUSWGUGEQPƒTOCOPQRCNCFCT%JGKQFGHTWVCVGOCEKFG\TGHTGUECPVGVCPKPQU
SWGRGFGOEQOKFCGƒPCNCITCFȄXGNSWGGZKIGOWOUGIWPFQIQNGǩNEQQN'/
AD AD
88
pts
88
pts
SINÔNIMOS
A Tempranillo possui vários
nomes. Em Ribera del Duero é
conhecida por Tinta del País,
já no Alentejo, em Portugal,
é chamada de Aragonez (ou
Aragonês), enquanto no Douro
de Tinta Roriz.
RAINHA ITALIANA
A Sangiovese é a variedade tinta mais planta-
da da Itália, correspondendo a 10% do total
de vinhedos totais cultivados no país da bota.
BE A EG
LU A
C
BRANCO
AD
MIRADOR SELECTION
89
pts
CHARDONNAY 2015
AD
William Cole Vineyards / Viníssimo (R$98)
REGIÃO/PAÍS: Casablanca, Chile
AD
89 90
pts
pts
Entre os brancos escolhidos este mês
Branco elaborado exclusivamente a partir temos estilos variados, desde o mais
de Chardonnay, com breve estágio em leve e aromático até o mais estrutura-
barricas de carvalho francês. Apresenta do e com passagem por madeira. Da
aromas de frutas tropicais e de caroço, Itália, proporcionamos uma aula de
como abacaxi e damasco, além de brancos. Da Úmbria, selecionamos
toques florais e de especiarias doces. No o Tellus Oro, um blend de Char-
palato, é frutado, estruturado, tem acidez donnay e Pinot Bianco, produzido
PCOGFKFCGƒPCNUWEWNGPVQGFGDQC pela Falesco, dos reputados irmãos
persistência. Experimente com peixes Cotarella. De Abruzzo, elegemos
brancos grelhados ou queijos de massa
um blend aromático e refrescante de
mole. Álcool 13,2%. EM
Malvasia e Chardonnay, da Tenuta
Ulisse, recém-chegado ao nosso mer-
SOGNO DI ULISSE
CHARDONNAY MALVASIA 2016 cado. E, do Chile, de Casablanca,
Tenuta Ulisse / Domno (R$ 70) vem o Mirador Selection, um Char-
REGIÃO/PAÍS: Abruzzo, Itália donnay com passagem por madeira
que alia frescor, cremosidade e volu-
Não é a primeira vez que essa me de boca, atributos ideais para ri-
combinação de duas castas com valizar com carne de porco ou peixes
características quase opostas aparece mais gordurosos.
em brancos italianos. A Chardonnay
é a espinha dorsal, aportando fruta,
corpo (médio) e até um toque mineral IRMÃOS
ao conjunto. Já a Malvasia, além Riccardo e Renzo Cotarella
de torná-lo mais redondo em boca, além de proprietários da
contribui principalmente com as notas Falesco, têm outras ocupações.
florais presentes nos aromas. Pode ser Riccardo é um dos enólogos
bebido sozinho ou acompanhar, além de consultores mais requisitados
peixes grelhados, saladas reforçadas, da Itália, enquanto Renzo é
por exemplo, com tiras de frango. Álcool CEO e enólogo-chefe do Grupo
13%. GV
Antinori.
TELLUS ORO 2015
Falesco / Winebrands (R$ 113)
REGIÃO/PAÍS: Lazio, Itália
“Gosto de pensar
que sou uma pessoa “Às vezes, quando reflito
noturna, porque esse sobre todos os vinhos
é o meu trabalho, que bebi, sinto vergonha!
mas agora sou Então eu olho para a taça
pai de três. Estou e penso nos trabalhadores,
tentando me tornar nas vinhas e todas as suas
uma pessoa mais da esperanças e sonhos.
manhã. Não sei se Se eu não bebesse este
vai durar. Eu tenho vinho, eles poderiam
duas escolhas, certo? estar sem trabalho e seus
Ou eu me torno sonhos seriam destruídos.
amargo por levantar Então eu digo para mim
cedo, ou começo a mesmo: ‘É melhor que eu
beber vinho mais beba esse vinho e deixe
cedo e ir para a seus sonhos se tornarem
cama” realidade em vez de ser
Dave Matthews, cantor
egoísta e me preocupar
com meu fígado’”
Jack Handey, humorista
GRANDCRU.COM.BR | 0800-777-8558
e em mais 50 lojas nas principais cidades brasileiras.
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