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Atualização
sobre Sarampo
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Atualização sobre Sarampo
Figura 1. Situação global do Sarampo, 2018 (Taxas de incidência por milhão de habitantes).
Em relação aos 200 casos confirmados no anos de idade, representando 50% dos casos
estado de Roraima, 133 (66,5%) são venezue- (figura 2).
lanos, 65 (32,5%) são brasileiros, 1 caso é pro- Dos 317 casos confirmados no estado do
cedente da Guiana Inglesa e 1 da Argentina. A Amazonas, todos são brasileiros com 50% de-
faixa etária mais acometida pela doença em les concentrados na faixa etária de seis meses
brasileiros foi de seis meses a quatro anos de a quatro anos de idade (figura 3). O genótipo
idade, representado 57% dos casos. Já na po- identificado nos casos confirmados no estado
pulação venezuelana, o maior número de casos do Amazonas foi o D8, idêntico ao genótipo que
está concentrado na população de um a nove está em circulação em Roraima e Venezuela.
Figura 2. Distribuição dos casos notificados de sarampo, por data de início do exantema e classificação.
Roraima, 2018.
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Figura 3. Distribuição dos casos notificados de sarampo, por data de início do exantema e classificação.
Amazonas, 2018
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sofaríngea e urina) para a realização do diag- nais e sintomas de sarampo ou rubéola fique
nóstico laboratorial, de acordo com o proto- em casa até o final do período de transmis-
colo específico do laboratório de referência sibilidade das doenças (até sete dias após
para estas doenças no Estado de São Paulo, o aparecimento do exantema). Em caso de
Instituto Adolfo Lutz (IAL). A confirmação internação, o paciente deve ser isolado com
diagnóstica deve ser feita por meio de soro- precaução para aerossóis (máscara N95).
logia e isolamento viral. As amostras devem
4. adotar as medidas de controle (bloqueio va-
ser encaminhadas para o IAL que é o labora-
cinal seletivo frente aos casos suspeitos) e
tório de referência para São Paulo.
sua ampliação na presença de sorologia IgM
Coleta, quantidade, técnica de coleta e con- reagente.
servação:
– Sorologia: O material a ser colhido é san-
gue venoso, na quantidade de 5 a 10 ml. O
Recomendações
sangue deve ser colhido de forma assépti-
ca em tubo de vacutainer®, com capacida-
de para 10 ml, seco, sem anticoagulante. Frente a esta situação, com casos de saram-
po importados de outras regiões e surtos em
– Isolamento viral/RT-PCR - A norma nacio-
curso nas Américas, a Organização Pan-ameri-
nal vigente preconiza o isolamento viral e/
cana de Saúde (OPAS)/Organização Mundial de
ou RT-PCR nas seguintes amostras bioló-
Saúde (OMS) recomenda que todos os Estados-
gicas: swab de nasofaringe e orofaringe e
-membros reforcem as medidas a seguir desta-
urina.
cadas:
Urina: Coletar de 15 a 100 ml de urina, em
frasco novo e estéril. Coletar de preferência, • Vacinar para manter 95% de cobertura va-
a primeira urina da manhã, após higiene ín- cinal, com homogeneidade nos diversos mu-
tima, desprezando o primeiro jato e coletan- nicípios, para as duas doses da vacina SCR
do o jato médio; não sendo possível obter a contempladas no calendário de rotina; iden-
primeira urina do dia, colher em outra hora. tificar os suscetíveis e efetivar a vacinação.
Após a coleta, colocar a urina em caixa de iso- • São considerados vacinados:
por com gelo reciclável e enviar ao IAL, den- – pessoas de 12 meses a 29 anos que compro-
tro de 6 horas, no máximo, para evitar que o vem duas doses de vacina com componente
crescimento de bactérias diminua a possibi- sarampo/caxumba/rubéola (Vacina Tríplice
lidade de isolamento do vírus. A urina não Viral);
deve ser congelada na unidade.
– pessoas de 30 a 49 anos que comprovem
Secreção nasofaríngea: As secreções naso- uma dose de Tríplice Viral;
faríngeas são coletadas por meio de swab. – profissionais de saúde independentemente
Coletar três swabs (2 narinas e 1 orofaringe) da idade: duas doses de Tríplice Viral.
com swab de rayon e adicioná-los em tubo
cônico de polipropileno de 15ml estéril, tam- • Vacinar profissionais de saúde (médicos, en-
pa de rosca, seco. Cortar as hastes dos swabs fermeiros, dentistas e outros): estes devem ter
para fechar adequadamente o tubo com se- registradas duas doses válidas (acima de um
creção respiratória. Colocar o tubo em caixa ano de idade) da vacina Tríplice Viral-SCR; pro-
de isopor com gelo reciclável e enviar ao IAL fissionais que atuem no setor de turismo, fun-
em 6 horas. cionários de companhias aéreas, de transporte
rodoviário, motoristas de táxi, funcionários de
3. orientar isolamento social: deve ser reforça- hotéis e restaurantes, delegações esportistas,
da a orientação para que o paciente com si- e outros que mantenham contato com os via-
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Caso suspeito de
Quais as principais características clínicas
Sarampo
do Sarampo?
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Como e por quanto tempo o vírus A análise molecular pode ser utilizada para
do sarampo pode ser transmitido? determinar o genótipo do vírus do sarampo cir-
culante. O genótipo é usado para mapear as vias
O sarampo é considerado uma das doenças de transmissão de vírus do sarampo. Os dados
infecciosas com maior contagiosidade. Estima- genéticos podem ajudar a vincular ou não os ca-
-se que praticamente nove em cada 10 pessoas sos e pode sugerir uma fonte para casos impor-
susceptíveis que entrem em contato íntimo com tados. O genótipo é a única maneira de distinguir
um paciente com sarampo irão desenvolver sa- entre a infecção causada pelo vírus do sarampo
rampo. O vírus é transmitido por contato dire- do tipo selvagem e uma erupção causada por
to com gotículas infecciosas ou por via aérea uma vacinação recente do sarampo (Figura 8).
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Fonte: WHO. Manual for the laboratory diagnosis of measles and rubella virus infection, second edition. 2007.
Disponível em: www.who.int/vaccines-documents
Há tratamento para o sarampo? • 50.000 UI por via oral, para lactentes menores
de seis meses de idade
Não existe tratamento específico para o sa-
• 100.000 UI por via oral, para lactentes de seis
rampo. A ribavirina demonstrou atividade in vitro
a onze meses de idade
contra o vírus do sarampo, tendo sido utilizada
experimentalmente em pacientes com quadros • 200.000 UI por via oral, para crianças de
graves de sarampo e em crianças imunocompro- 12 meses de idade ou mais.
metidas. Entretanto, não foram feitos estudos
Além disso, a assistência terapêutica deve
controlados para demonstrar o seu benefício em
incluir: oferta abundante de líquidos, com hidra-
seres humanos, não sendo, portanto, aprovada
tação venosa, se necessário; antitérmicos para o
para uso em pacientes com sarampo.
controle da febre; soro fisiológico para limpeza
A vitamina A mostrou efeito protetor por re- ocular; e tratamento com antimicrobianos nos
duzir as taxas de morbidade e mortalidade pelo casos acompanhados de infecções secundárias
sarampo em países em desenvolvimento. A Or- como por exemplo Otite Média, pneumonias e
ganização Mundial de Saúde recomenda o uso de conjuntivites.
vitamina A em todas as crianças com sarampo.
Quem deve receber a vacina para o sarampo?
A vitamina A deve ser administrada em duas
doses, imediatamente ao diagnóstico e repetida O MS recomenda o uso rotineiro da vacina
no dia seguinte. As doses diárias de idade espe- tríplice viral (SCR - sarampo, caxumba e rubéo-
cíficas recomendadas são: la) aos 12 meses de idade e uma dose da vacina
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tetra viral (SCRV - sarampo, rubéola, caxumba e mendam como rotina nas crianças, duas doses da
varicela) aos 15 meses de idade. vacina sarampo, caxumba e rubéola, uma aos 12
meses e a segunda quando a criança tiver entre 15
A meta de vacinação contra o sarampo é de
meses e dois anos de idade, junto com a vacina
no mínimo 95%, de forma homogênea em to-
varicela, podendo ser usadas as vacinas separadas
dos os municípios. Em 2017, dados preliminares
(SCR e varicela) ou combinada (tetra viral: SCRV).
apontam que a cobertura no Brasil foi de apenas
84,9% para a primeira dose (tríplice viral- SCR) Crianças maiores, adolescentes e adultos não
e de 71,5% na segunda dose (tetra viral - SCRV). vacinados: duas doses com intervalo mínimo de
Esta situação preocupa as autoridades sanitárias um a dois meses entre as doses.
e traz um iminente risco de que a ocorrência de
A vacina, quando administrada a indivíduos
casos se multiplique rapidamente em nosso país,
susceptíveis expostos a um caso de sarampo, nas
com mortes e hospitalizações associadas. A im-
primeiras 72 horas após a exposição pode abor-
plementação de campanhas de vacinação para
tar a evolução da doença ou minimizar suas ma-
conter o avanço do vírus é a única forma de evi-
nifestações clínicas.
tarmos as desastrosas consequências do retorno
desta doença ao nosso país.
Quais são os possíveis eventos adversos
Recomenda-se uma dose precoce de vacina da vacina?
tríplice viral para crianças de seis a 12 meses de
A presença de febre elevada pode ser obser-
idade que viajem internacionalmente para áreas
vada em aproximadamente 5% a 15% dos va-
de risco ou nas localidades onde estejam ocorren-
cinados, seis a 12 dias após a administração da
do surtos. A dose administrada, nesta faixa etária,
vacina. Na maioria dos casos a febre costuma ce-
não será considerada válida para o calendário de
der em um a dois dias, podendo durar até cinco
vacinação, devendo ser agendada a administração
dias. O aparecimento de rash é descrito por 5%
de dose da vacina tríplice viral para os 12 meses e
dos vacinados. Importante enfatizar que estes
da tetra-viral para os 15 meses de vida.
indivíduos que apresentam febre e rash não são
Trabalhadores de saúde e viajantes interna- considerados contagiosos. A chance de ocorre-
cionais devem obrigatoriamente já ter recebido rem eventos adversos na segunda dose da vacina
duas doses de vacina SCR. é substancialmente menor que na primeira dose.
A ocorrência de crises convulsivas febris foi ob-
O MS recomenda para crianças o esquema
servada em aproximadamente um caso em cada
vacinal com uma dose (tríplice viral-SCR) aos
3.000-4.000 imunizados com a vacina tríplice
12 meses e outra dose (tetra viral- SCRV) aos 15
viral (SCR). Trombocitopenia transitória, nos pri-
meses de idade.
meiros dois meses após a vacinação, foi obser-
Para adolescentes e adultos até 49 anos: vada raramente, em aproximadamente um caso
para cada 20.000-40.000 vacinados. A decisão de
• Até os 29 anos – duas doses, podendo ser do-
revacinar indivíduos que previamente apresen-
ses da vacina tríplice ou da tetra viral
taram trombocitopenia deve ser feita individual-
• Dos 30 aos 49 anos – dose única, podendo ser mente e baseada no status imune do indivíduo e
da vacina tríplice ou tetra viral. no balanço dos riscos/benefícios da vacinação.
Aqueles indivíduos que já receberam duas
doses da vacina tríplice ou da vacina tetra viral, Quais são as contraindicações da vacina contra
durante a vida, não precisam mais receber novas o sarampo?
doses da vacina.
Em princípio as seguintes condições carac-
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a terizam situações em que a vacina sarampo não
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) reco- deve ser realizada:
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• Lactentes com menos de seis meses de idade • No caso de pacientes transplantados de célu-
las-tronco hematopoiéticas, a vacina poderá
• Pacientes imunocomprometidos. Nos casos
ser realizada 12 a 24 meses após transplante.
de pacientes em uso de corticoesteroides,
considera-se imunossupressora qualquer do-
sagem ≥ 2 mg/Kg de peso ou ≥ 20 mg/dia de Quais são os critérios para indicar
prednisona ou equivalente para os com mais hospitalização?
de 10 Kg, por pelo menos 14 dias. Após a in-
A hospitalização deve ser indicada nos casos
terrupção do uso de corticoesteroides, deve-
de crianças menores de seis meses, desnutridos
-se aguardar quatro semanas para a realiza-
graves, gestantes, pacientes com imunodeficiên-
ção da vacinação.
cia ou que apresentem um ou mais dos seguintes
• Pessoas que vivem com HIV/AIDS e que apre- sinais de gravidade ou condições clínicas:
sentem evidência de imunossupressão grave,
• Desidratação
definida em crianças de um a 13 anos por
uma porcentagem de linfócitos T CD4 < 15% • Vômitos persistentes
e em adolescentes ≥ 14 anos por uma conta- • Diarreia significativa
gem de linfócitos T CD4 < 200 linfócitos/mm3
• Incapacidade para ingerir líquidos e alimentos
• Pessoas com história de reações anafiláticas
• Presença de grande quantidade de úlceras na
em dose anterior de vacina de sarampo não
cavidade oral
devem ser revacinadas. As vacinas de sarampo
• Desconforto respiratório
em uso no Brasil são produzidas em cultura de
células de embrião de galinha e não contém • Estridor
quantidades significativas de ovoalbumina, à • Pneumonia
exceção da vacina produzida pelo laboratório
• Convulsão
Serum Institute of India, que contém lactoal-
bumina hidrolisada, estando contraindicada • Déficit motor
em pacientes com alergia ao leite de vaca. • Alteração sensorial
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dir em aplicações de até 5 mL entre grupos próximos 15 minutos e depois para 2–2,5 mL/
musculares diferentes). A IGEV deve ser pre- min (cerca de 40–50 gotas/min).
ferencialmente utilizada para gestantes sem
evidência de imunidade contra o sarampo e
Adolescentes e adultos que não têm certeza
em indivíduos com imunodeficiência grave,
se foram vacinados no passado ou se tiveram a
independente de seu histórico vacinal e imu-
doença podem ser vacinados?
nológico, na dose de 400 mg/kg EV, infundida
a uma velocidade de 0,5 –1 mL/min (cerca de Sim. Na dúvida, quando não houver registro
10–20 gotas/min). Se nenhum efeito indese- de doses aplicadas previamente, esses indivídu-
jável ocorrer dentro de 15 minutos, a velo- os devem ser considerados como não vacinados
cidade de infusão pode ser aumentada para e receber o esquema para a idade. Eventuais do-
1–1,5 mL/min (cerca de 20 30 gotas/min) nos ses adicionais não trazem maior risco.
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
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