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BACULO

Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Fevereiro de 2018

Espiritualidade | Comunhão | Catequese | Evangelismo

Discipulado
para a vida!
SUMÁRIO
3 Trocando Ideias 11
Metanoia
Nossos leitores participam! Exotaçoes sobre o arrependimento.

13


Catecismo Seculo 21:
Qual o proposito da vida?
4


Café com o Bispo
Um bate-papo sobre anglicanismo!
14


Na escola do primeiros cristãos
Discipulado para a vida!

6
Notícias Anglicanas
No Brasil e no Mundo.

7
Discipulado Radical & você!
Alguns pensamentos de John Stott.

8


Discipulado Século 21
Um blog chamado Introspectio Cruz!

9


Identidade e Preconceito
Sobre o Jeito de Ser dos anglicanos!

Contribua com Báculo!


Orientação geral aos escritores A revista o Báculo não apoia nenhuma ideologia ou
partido político, de modo que os escritores devem
evitar tanto quanto possível fomentar debates com
Báculo adere aos formulários anglicanos, e à Decla-
esse viés. Nosso foco é anunciar o Reino de Deus.
ração de Princípios da Free Church of England.
Desse modo é necessário que os escritores tenham
em mente que seus textos passarão por um Conse-
lho Editorial e podem ser sugeridas alterações pontu-
Orientações técnicas aos escrito-
ais em textos que não representem o ethos anglicano. res
Áreas de interesse Há vários estilos de escrita: disertação, ensaio, entre-
vista, poesia, crônicas, anedotas, e assim por dian-
Liturgia, Espiritualidade, Pregação, Relacionamen- te. Procure ser criativo. Que tal entrevistar a pes-
tos, Profisssão, Sexualidade, Teologia Bíblica, Te- soa mais idosa da sua paróquia e enviar para nós?
ologia Sistemática, História da Igreja, Evangelis-
mo e temas de interesse para a vida da Igreja hoje. Sempre identifique a versão da Bíblia que você usa.
Nós recomendamos o uso da Almeida Século 21.

Diretor Geral: Reverendíssimo Bispo Josep Rossello. Editor Chefe: Marcelo Le-
mos (Registro: MG08183JP). Conselho Editorial (2017-2018): Bispo Josep Rossello (SP),
Marcelo Lemos (MG), Rev. Diego de Araujo Viana (RJ), Dr. Guilherme Braun Jr (Alema-
nha). Projeto Gráfico: Marcelo Lemos. Colaboraram nesta edição: Bispo Josep Ros-
sello, Rev. Rogerio Assis, Rev. Marcelo Lemos, Rev. Marcos Bessa. VOCÊ TAMBÉM PODE AJU-
DAR COM FOTOS, ARTIGOS, COMENTÁRIOS, DICAS: marcelolemosramos@gmail.com.
Esta publicação está comprometida com os formulários anglicanos, e adota a Declaração de Princípios
da Free Church of England, também chamada no Brasil por Igreja Anglicana Reformada do Brasil.
SITE DA IGREJA NO BRASIL: www.igrejaanglicana.com.br. SITE DA IGREJA NA INGLA-
TERRA: www.fcofe.org.uk. DESEJA SABER MAIS SOBRE O ANGLICANISMO REFOR-
MADO ESCREVA PARA NOSSO ESCRITORIO NACIONAL: contato@igrejaanglicana.com

O Báculo | Página 2
Trocando Ideias!
Cartas, opinião, sugestões e histórias dos nossos leitores!

“Gostei muito do comentário sobre o Adventismo


(Báculo Janeiro, 2018). Muito bom também o
texto no final da revista. A citação de Atanásio é
notável” .

Márcio, Oitava IPB de Belo Horizonte.

Pergunta do Leitor

“Qual livro ou parte da Bíblia cita a Quaresma?”- Elton, evangélico, São Paulo, SP.

Em nenhum lugar das Escrituras é ordenado um período de Quarenta dias dedicado ao jejum, a oração, ao arrependimen-
to etc.. Estes exercícios espirituais, na verdade, devem estar presentes ao longo de toda a caminhada cristã. No entanto,
de modo didático, a Igreja tem historicamente estabelecido esse tempo quaresmal, para nos ensinar o valor de uma vida
mais proxima de Deus. “Será que é preciso um tempo de 40 dias para aprendermos e praticamos certos exercícios espi-
rituais, como a confissão?”- pergunta o Rev. Marcelo Lemos, no texto Quaresma para evangélicos (blog Olhar Anglica-
no)- “Não! Será que quando dedicamos uma quantidade de dias a tais exercícios podemos deixá-los de lado no restante
do ano? Também não! Com a Quaresma o que a Igreja pretende é nos ensinar, não nos prender numa caixinha ritualista”.

E porque 40 dias? É uma referência a dois episódios bíblicos. Primeiro, Moisés que durante quarenta dias esteve em profunda
comunhão com Deus no Sinai, mas principalmente o exemplo de Jesus Cristo, que foi tentado no Deserto da Judeia por qua-
renta dias, dedicando-se em todo o tempo a jejuar e falar com Deus.

Em um dia histórico, a Free Church of England (FCE) recebeu


um ministro brasileiro como pároco de uma de suas Igrejas na
Inglaterra. Alguns leitores perguntam qual seria a novidade,
já que a Igreja Anglicana Reformada faz parte da FCE. A no-
vidade reside no fato de ser nosso irmão Jônatas Bragatto o
primeiro brasileiro recebido como clérigo na Inglaterra, e tam-
bém no fato de uma Igreja de missão, como a Brasileira, estar
empenhada em fomentar a pregação do Evangelho alem das
fronteiras do Brasil.

Engajamento Online

A Báculo de Janeiro trouxe alguns da- - especialmente - clicar no botão com- Pessoas Alcançadas:
dos sobre o engajamento dos internau- partilhar. Essa simples ação permite que Queda de -4 %
tas na página oficial da Igreja no Face- a publicação apareça na tela de dezenas
book. De Janeiro ate Fevereiro houve ou centenas de pessoas imediatamente. Envolvimento com a publicação:
uma considerável queda em alguns Crescimento de 97 %
resultados alcançados na rede social, o
que nos leva a reforçar o apelo do bis- Visualizações da Página: Seguidores da Página:
po Josep Rossello para que todos que Crescimento de 19% Queda de - 26 %
têm acesso à essa plataforma ajudem a
impulsionar a página, um jeito simples Prévias da Página: No próximo mês publicaremos as esta-
e rápido de promover o Reino de Deus. Crescimento de 10% tísticas para o período seguinte. Lem-
Alguns indicadores, como “Prévias da bre-se: o sucesso desse trabalho de-
Página” e “Pessoas Alcançadas”, de- Curtidas na Página: pende de você!
pendem exclusivamente de cada mem- Queda de - 31%
bro da Igreja curtir as publicações e

O Báculo | Página 3
Café com o Bispo

@Reset
Um bate-papo para saber mais sobre o Anglicanismo!

O maior desafio da Visão 2020 é alcançar 2000 membros comungantes. Se alcança-


mos este alvo, possivelmente a maior parte da visão terá sido cumprida. Por isso, preci-
samos acreditar nesta visão e nos centrar no fazer discípulos que fazem discípulos. Oração
é urgente, para que Deus nos dê mais líderes e nos oriente a cada passo, a fim de que al-
cancemos o alvo desejado em Cristo, para a glória de Deus, pelo poder do Espírito Santo.
= Reverendíssimo Josep Rossello =

No mês de Janeiro, a revista enfatizou missão no Brasil. RESET nos há permitido dar
a importância da evangelização, que foi uma pausa e fazer essa reflexão com maturidade.
um dos temas centrais do Sínodo 2017
(@Reset). Qual o lugar do discipula- Existem muitos métodos e sistemas de cresci-
do na missão evangelizadora da Igreja? mento em pequenos grupos e células, alguns
são interessante e outros, certas metodolo-
Eu gostaria fazer uma colocação diferente, se me gias, me preocupam. Como eu não acredito que
permite. A missão evangelizadora da Igreja é par- os fins justificam os meios, digo que se deve
te do discipulado, não o contrário. Nosso chama- criar grupos focados na palavra, oração e co-
do é para fazer discípulos, e isso começa com a munhão. Lembro que um dos primeiros lemas
proclamação e anúncio das Boas Novas de Jesus da Free Church no Brasil foi UMA IGRE-
Cristo. Portanto, muita ênfase é colocada sobre JA DE PALAVRA, ORAÇÃO E COMUNHÃO.
a evangelização sem perceber que ela é uma pri-
meira fase de um processo mais longo e comple- A ideia do grupo de crescimento é trazer desenvol-
xo. Precisamos considerar o que é um discípulo vimento espiritual para aqueles que participam do
de Cristo, para ter certeza de que todo o proces- grupo e, como resultado de tal crescimento pesso-
so é feito de forma adequada para atingir o alvo al, possamos ver crescimento do número de pes-
de fazer discipulos de Cristo em todas as nações. soas sendo feitas discipulos de Cristo. E eu gosto
da definição de discipulo do Cônego Jon Shuler,
A evangelização nos primeiro séculos seguia “um discipulo é aquele que faz outro discipulo”.
métodos de catequese, em vez de enfatizar a
conversão pontual. Era compreendida como Então, estes grupos acontecem em qualquer lugar,
um longo processo que podia chegar a vários sendo geralmente em casas. Eles têm um tempo
anos. Isto é impensavel hoje em dia, no en- de oração, estudo da Palavra de Deus e comunhão
tanto, era a norma nos primeiros séculos. E os entre os irmãos. Isto permite ter um tempo jun-
resultados estão aí. Eles conseguiram resis- tos durante a semana, ainda que o tempo se torne
tir as heresias, as perseguições e as tentações cada vez mais um bem precioso em nossas vidas.
de divisões; se mantiveram focados em Crsito,
mesmo com todas as limitações existentes na- As pessoas que desejam iniciar um grupo
quela época comparadas com os nossos dias. de crescimento precisam saber o que an-
tes de tomar essa decisão?
A Free Church está iniciando grupos de
crescimento em várias cidades brasileiras.
ORAR, depois orar mais, e finalmente, orar.
O senhor poderia nos falar um pouco so-
bre esse trabalho?
Outra questão que exige discernimento é a mo-
Os Grupos de Crescimento têm sua origem nos tivação por trás do querer criar um grupo de
grupos do Projeto Conexão do inicio da IARB. crescimento. Se a motivação é errada, os re-
Aquela proposta não teve a resposta esperada, sultados podem ser diferentes do esperado.
ainda que tenha havido muito interesse. Com o
tempo, temos considerado olhar os primeiros As pessoas que desejam começar um Grupo
anos da Free Church no Brasil (IARB) e ver o que de Crescimento (CG) precisam amar as pesso-
temos abandonado durante a caminhada, coisas as, onde elas estão. As pessoas não vão chegar
que faziam parte do propósito de Deus para a como coisas prontas, certinhas e sem proble-

O Báculo | Página 4
#discípulos seja apenas devaneios romanticos de um sonhador...

Quais leituras o senhor recomendaria para


aqueles que desejam aprofundar seus co-
nhecimentos a respeito do discipulado?

mas. As pessoas chegam cada uma de um jeito, com Quatro livros são fundamentais: “Discipulado Radi-
suas necessidades e conflitos. Precisamos amar todas cal”, de John Stott; “Cristianismo Puro e Simples”, de
elas, ser pacientes com elas, e ensinar a Palavra de C.S. Lewis; “A Treliça e a Videira”, de Colin Marshall
Deus. Se o líder do GC não gosta de pessoas, então e Tony Payne; e “Vida Cristã ao alcance de todos”, por
não adianta tentar, não vai dar para frente! Porque Mark Water.
GC se trata de comunhão, vida e partilha em Cristo.
A meta do Projeto 20/20 é alcançável?
Uma vez que tenha certeza da vontade de Deus, da
motivação correta e do amor pelas pessoas, existem Sinceramente, não sei se seremos capazes de alcan-
alguns aspectos práticos a ser decididos, como lugar, çar a cifra 20 paróquias em 2020. Temos plantado
dia e horário. A Free Church no Brasil provê todos os quase 40 novas igrejas nos últimos oito anos, porém
estudos e treinamentos essenciais para começar o GC. nem todas prosperaram com o tempo. Nossa experi-
ência é que se uma igreja não consegue um mínimo
Idealmente, seria bom começar com um grupo de 4 ca- de pessoas após dois anos, a possibilidade é que tal
sais, se é possível. Este número dá uma boa base para de- igreja acabe fechando, até por causa do desanimo do
senvolver e fortalecer o GC logo nas primeiras semanas. líder. Inclusive, muitas vezes o próprio líder acaba
saindo da IARB. Por outro lado, existem seis igrejas
Os grupos de crescimento estão recebendo que já não estão mais conosco, mas são frutos do
muitas pessoas que começam a caminhar no nosso trabalho de plantação de igrejas. Eu ficou feliz
anglicanismo. O que tais pessoas podem es- com a prosperidade delas, ainda que ficou triste por
perar do discípulado na Free Church? tais irmãos queridos não estarem mais conosco.

A Free Church compreende que o discipula- Agora, o alvo é estabelecer 20 paróquias. Isto signi-
do é um estilo de vida formado por três coisas, fica igrejas fortes e saúdaveis, capazes de plantar ou-
as Escrituras, o Culto e a Santa Igreja de Cristo. tras igrejas. Isto não sei se seremos capazes, temos
três anos até final de 2020. Porém, precisamos se-
Não pretendemos ter o melhor sistema, nem ser a guir acreditando que este é o proposito de Deus para
melhor igreja, porém afirmamos e confessamos que a nossa igreja em sua primeira década de existência.
somos parte da Igreja que Jesus fundou há 2000
anos atrás. E o discipulado se desenvolve a partir da Temos tido muitas limitações e lutas, as quais te-
própria experiência da Igreja de Cristo, através da mos enfrentado com coragem. Nos faltas recursos
tradição anglicana. Isto se reflete da melhor forma financeiros, e também humanos. Também nos falta,
por meio do Livro de Oração Comum. O LOC é uma por enquanto, um seminário teológico. Some a isso
ferramenta incrível de discipulado, mas tem sido as muitas pessoas se diziam nossos amigos, mas na
pouco usada até agora. A Free Church está aprenden- Hora H viraram as costas e nos perseguiram aberta-
do a usar tudo o que o LOC é para fazer discipulos, mente- o que levou algumas pessoas a abandonarem
com um método único na história da Igreja Cristã. projetos, mas apesar de tais desafios temos perseve-
rado.
Não tenho todas as respostas sobre esse tema,
mas, tudo indica que temos um tesouro em nos- Neste momento temos mais de 25 congregações en-
sas mãos, pouco usado de forma adequada nas tre Brasil e Venezuela. Em 2009, eramos apenas uma
últimas decadas, não obstante o discípulado ter pequena congregação local reunida em uma casa, e
sido o propósito que levou o arcebispo Cranmer um grupo disperso de 30 pessoas pelo Brasil. A IARB
a criar o LOC: para pregar e ensinar as Escritu- era um sonho do Bispo Francisco Buzzo e eu; uma
ras a uma nação que se encontrava na escuridão. resposta ao chamado de Deus para as nossas vidas.
Isto é incrível, mas, também cometemos muitos erros
Imaginem o que isto significaria, ou seja, se toda uma no caminho e os resultados poderiam ser melhores
nação cultuasse ao Senhor através do LOC, orasse a hoje.
Deus e meditasse nas Escrituras de forma expositiva e
sistematica, diariamente. Talvez, experimentasse uma Dito isso, vou trabalhar cada dia para alcançar a Vi-
verdadeira revolução espiritual de porporções nunca são 2020. Cabe a Deus nos dar o crescimento e nos
vista até agora. Creio ser possível, mesmo que talvez permitir seguir sonhando a cada dia.

O Báculo | Página 5
Notícias Anglicanas
Mais notícias no site da Igreja no Brasil: igrejaanglicana.com.br

Grupo de Crescimento em BH.

Fevereiro marca o início dos trabalhos do Gru-


po de Crescimento na cidade de Belo Horizon-
te, capital de Minas Gerais. O grupo começou
agregando pessoas interessadas em aprender
mais do Evangelho e da tradição anglicana, e
seu objetivo é futuramente plantar uma nova Em busca da unidade: diante do avanço do
Igreja. Seria a primeira paróquia da Free Chur- liberalismo dentro da Igreja da Inglaterra, já
ch em Belo Horizonte. Os trabalhos estão sob não faz sentido que grupos de cristãos evan-
a responsabilidade do Rev. Marcelo Lemos, gélicos e conservadores continuem separados.
presbítero (marcelolemosramos@gmail.com).

Quarta-Feira de Cinzas.
Reino Unido e no mundo, e tem direito a sucessão
A Comunidade Anglicana Santo Agostinho, em um bom número de paróquias (uma centena
na capital paulista, celebrou a Quarta-feira de pelo menos). Essa união marca um importante
Cinzas, data que marca o início da Quaresma. passo na luta de conservadores e evangélicos
contra o liberalismo teologico que varre a Igreja,
Um convite à Quaresma. além de responder àqueles que dizem que os cris-
tãos ortodoxos estavam se fragmentando. David
Este ano os anglicanos reformados estão vivendo Banting, membro do sínodo geral da Igreja da
intensamente o período da Quaresma. O Bispo Jo- Inglaterra, e ex-presidente do Reform, comenta
sep Rossello tem publicado diariamente devocio- que as divisões entre evangélicos conservadores
nais e reflexões baseadas nos 39 Artigos de Reli- “são um tanto escandalosas ou irresponsáveis”.
gião, que podem ser lidos no blog Café com o Bispo.
Também o Rev. Marcelo Lemos, do grupo de cres- Igreja Anglicana no Canada a beira do co-
cimento de Belo Horizonte, tem publicado arti- lapso financeiro?
gos e reflexões em outro blog, o Olhar Anglicano.
Segundo notícia do VirtueOnline isso pode sim
Igreja Nova Esperança. acontecer. O portal associa a grave crise finan-
ceira dessa província da Comunhão Anglicana a
“Retomamos neste Domingo as celebrações men- uma sistematica adesão a valores contrários ao
sais da Igreja Anglicana Nova Esperança” - informa Evangelho, como a pansexualidade, o que torna a
o Rev. Rogério Assis, a respeito do fim do recesso mensagem da mesma irrelevante para a socieda-
de Janeiro. Os cultos da Igreja voltam a acontecer de de hoje. “A Igreja Anglicana do Canadá” - diz
“todo terceiro Domingo, às 10:00”. As reuniões o artigo - “está em uma missão kamikaze de auto-
da Igreja acontecem na capela do Horto Florestal, destruição, com sua pública missão de fomentar
Rua Mamud Rahd, 973, no Parque Tremembé. a pansexualidade e, por sua decisão não decla-
rada de sufocar e destruir sua ala ortodoxa”. O
Anglicanos conservadores constrõem a site dá como exemplo dessa tentativa de destruir
unidade. os evangélicos do Canadá a recente demissão do
Bispo eleito de Caledônia, o Reverendíssimo Ja-
Três dos mais importantes grupos de anglicanos cob Worley, demitido por meio de um telefonema
conservadores da Igreja da Inglaterra estão dan- e uma carta, sem que fosse apresentado, segun-
do passos firmes rumo a unidade. Os grupos Re- do o site, nenhum motivo específico. Qual teria
form e Fellowship of Word an Spirit passarão a sido, então, o pecado do bispo evangélico? É que
trabalhar sob a bandeira da Church Society, grupo ele já esteve associado a AMia (Missão Anglica-
anglicano tradicional liderado pelo Rev. Dr. Lee na na América), “uma heresia imperdoável, de
Gatiss. Church Society é hoje uma das principais acordo com os bispos revisionistas do Canadá”.
vozes em prol do anglicanismo conservador no

O Báculo | Página 6
Discipulado
Radical! & você!
No Café com o Bispo publicado nesta edição, o Bispo Josep Rossello indica
alguns livros sobre discipulado (pg. 5). Um deles é o livro “Discipulo Radical”,
do Rev. John Stott. Na obra, o autor alerta para a seriedade do discipulado, e
por isso nos convida à uma adesão radical aos preceitos de Jesus: “nós, que
afirmamos ser discípulos do Senhor Jesus, não o provoquemos a dizer: ‘Por
que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?’ (Lc. 6:46). O
discipulado genuíno é um discipulado sincero”. Selecionamos aqui algumas pa-
lavras que, para o autor, definem o discipulado que Cristo espera que vivamos.

Inconformismo.

O discipulo radical precisa ser um cristão inconformado, ou seja, um cristão


que não se conforma com o mundo a sua volta. A palavra “conformar” vem
da ideia de tomar a forma de algo, como um bolo toma a aparência da forma
na qual é colocado. “No Sermão do Monte, Jesus fala dos hipócritas e pa-
gãos e acrescenta: ‘Não vos assemelheis, pois, a eles’ (Mt. 6:8). O apóstolo
Paulo escreve aos romanos: ‘Não vos conformeis com este século, mas
transformái-vos pela renovação da vossa mente’ (Rm. 12:2)” (John Stott).

Semelhança com Cristo.

Um dos capítulos mais densos do livro de John Stott é o que fala sobre o
cristão precisar ser semelhante a Cristo. Humildes como Cristo, amorosos
como Cristo, sofredores como Cristo, e assim por diante. Para o autor, um
dos problemas hoje é que nós falamos que seguimos a Jesus, mas não
imitamos o seu exemplo. “Um professor hindu, identificando um dos alunos
como cristão, disse: ‘Se vocês, cristãos, vivessem como Jesus Cristo, a Ín-
dia estaria aos seus pés amanhã’. Outro exemplo é o do reverendo Iskandar
Jadeed, um ex-mulçumano árabe, que disse: ‘Se todos os cristãos fossem
cristãos, hoje não haveria mais islamismo’” (John Stott).

Cuidado com a criação.

John Stott demonsta que para ser discípulo de Jesus é preciso considerar
também “os nossos deveres para com Deus e nosso próximo”, e além dis-
so, para com o “meio ambiente”. Nesta edição da revista, nosso estudo so-
bre o Catecismo também aborda esse aspecto da fé cristã, especificamente
do nosso cuidado para com os mais necessitados (pg. 13). Sobre o cuidado
com a criação, o autor defende que “não significa tratá-la com veneração,
como se ela fosse Deus, nem tratá-la com arrogância, como se nós fosse-
mos Deus”. Ou seja, devemos desfrutar da natureza, e ao mesmo tempo
cuidar dela, pois não somos seus donos e sim mordomos daquilo que per-
tence ao Criador. Não é interessante pensar que a forma como tratamos o
nosso lixo, a nossa água, os nossos rios e animais, também tem muito a
dizer sobre o quanto realmente somos discípulos de Jesus?

O Báculo | Página 7
Discipulado no Século 21

O
que é ser discípulo? Essa foi a pergunta do da Cruz de Cristo. Ou seja, a profunda consciência
Bispo Josep Rossello em uma das oficinas do do perdão imerecido que recebemos, e o que esta
Sínodo 2017 (mais informações a respeito do consciência significa para nós. Confesso que para
Sínodo Reset na revista Báculo, edição de Janeiro). mim é expor a nueza da alma diante de Cristo e ten-
tar escrever com o máximo de honestidade possível.
Ser discípulo é seguir os passos do Mestre Jesus,
em todas as áreas da vida. A essência do discipulado O desafio inicial estava meramente na aceitação, o
não muda. Seguir os passos de Cristo é nossa missão que de fato me surpreendeu. Não fiz nenhuma gran-
hoje, assim como foi a missão dos primeiros discípu- de divulgação, apenas partilhei entre amigos e irmãos
los, lá na Galiléia. E esta foi justamente a proposta do meu círculo de amizade e o retorno foi muito bom.
do Reverendo Marco Cicco quando criou o blog In- Tive noção do alcance quando abri o estatística do
trospectio Cruz (http://introspectiocrux.com.br). blogger e tinha mais de mil acessos em duas horas.

Trata-se de uma proposta singular, e bastante ne- O desafio permanece. Tenho conversado mais de
cessária para o mundo de hoje, como veremos no perto com alguns irmãos, ensaiando talvez um en-
depoimento do próprio idealizador do projeto! contro temático com irmãos - inicialmente num
café, ou até mesmo em um ambiente maior; pois
“A proposta deste blog” - explica o Rev. Cicco - “surgiu o retorno deste modesto trabalho coloca em evi-
da constatação de que muitos têm buscado muito co- dência a preocupação de outros irmãos com
nhecimento, contudo, geralmente pelo conhecimento este assunto, e também a necessidade de culti-
em si mesmo. Nestes tempos “facebookianos” conhe- varmos uma vida de espiritualidade na prática.
cemos muitos “teólogos” que decoram livros mas que
tal conhecimento dos livros não produz piedade, hu- Espero e oro para que mais irmãos que entendam o
mildade, mansidão, etc. Na verdade, temos mais mal viés deste projeto tão singelo queiram ajudar e que
exemplos do que bons exemplos neste cenário virtual. possam contribuir com suas meditações e refle-
xões também. E que o Senhor continue conduzindo
A intenção, portanto, sempre foi de oferecer reflexões estes pequenos e significativos passos que damos
breves, com homeopáticas doses teológicas, mas ten- com objetivo de ser mais parecidos com Cristo”.
do como foco a busca por uma espiritualidade refor-
mada sadia, e uma reflexão que motiva a ação cristã. E aí? Gostou da ideia do Introxpectio Cruz? Aprovei-
te que estamos vivenciando mais um tempo Quares-
O nome Intospectio Crux deixa clara a motivação mal para conhecer de perto o projeto, e começar ou
das reflexões: Introspecções, pensamentos, refle- aprimorar sua prática de meditar na Palavra de Deus!
xões, meditações feitas diante da Obra de Redenção

O Báculo | Página 8
nt i d a d e
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Rev. Ma

E
thos é jeito de ser. Diz respeito, segun- nos como um meio-termo entre a Igreja de Roma e
do os dicionários, ao conjunto de costumes a Igreja de Genebra, quando talvez, preferíssemos
e hábitos fundamentais de um grupo, ou ser comparados com a Igreja de Wittemberg, de Lu-
seja, fala de idendidade e de auto-compreensão. tero (igualmente incompreendida por muitos da-
queles que se entendem herdeiros atuais do grande
Desde que passei a trilhar nos caminhos da tradição reformador alemão). Mas, que há de tão ruim em
anglicana ouço falar de ethos. E sempre me perguntei ser visto como um meio-termo entre Roma e Gene-
o por quê disso ser tão importante para nós. Seria o bra? Haveria mal algum não fosse por um detalhe:
caso se sermos a única tradição cristã com ethos? Im- esse meio-termo é visto, geralmente, como sinônimo
possível. Certamente há um ethos católico romano, de covardia, de estar em cima do muro, ou pior, de
um ethos luterano, e sem dúvida, há inclusive ethos apostasia. É aqui que a identidade anglicana cos-
menos evidentes, como o assembleiano-pentecostal. tuma se encontrar com a carranca do preconceito.
A respeito deste último, aliás, sua identidade e jeito de
ser carrega o grande peso de usos e costumes no míni- Mas é necessário reconhecer que não se trata de um
mo controversos. Apesar disso tudo, ninguém parece preconceito contra o anglicanismo em si, mas con-
valorizar mais o “jeito de ser” do que o anglicanismo. tra a própria tradição cristã. Observe os comentá-
rios abaixo. Eles revelam desde simples discordân-
Há nisso, provavelmente, uma herança histórica. cias à pobreza teológica e o mais raso preconceito,
Porque a Reforma Inglêsa foi, em vários aspectos, no entanto, tem algo bem curioso a respeito deles:
diferente de outras Reformas ocorridas na Euro-
pa - especialmente se comparada as reformas calvi- “A experiência ou a simpatia das pessoas não são su-
nistas, mais próximas dos anseios de Genebra. En- ficientes para apoiar essa prática”. “Expulsa esse ca-
quanto muitos desejavam uma Igreja “puritana”, tolicismo. Se liberta!”. “Depois reclamam do didiMa-
despida de toda História e Tradição, os anglicanos cêdo e seus amuletos simbólicos”. “Com certeza essa
optaram por reformar a Igreja desfazendo-se apenas Igreja não é Presbiteriana do Brasil”. “Sou presbite-
daquilo que era realmente necessário. Rejeitaram o riano, mas se começar com essa palhaçada, não fica-
Papado, a veneração aos santos, o uso liturgico das rei”. “Mudou radicalmente e deixou o caminho que a
imagens, dentre outras coisas que os 39 Artigos de Bíblia ensina”. “Uso pagão meu irmão, vai estudar!”.
Religião chamam de “erro”. Mas preservaram gran- “Sou pastor presbiteriano. Acho coisa de quem não
de parte do legado espiritual e liturgico da Igreja de tem o que fazer”. “Macumbaria dentro das Igrejas”.
sempre, como a Liturgia, o Calendário Cristão, as
Vestes, o Episcopado Histórico, dentre outras coi- O curioso é que nenhuma dessas opiniões foi dirigida
sas. Essa atitude foi moldando o ethos, o “jeito de contra o anglicanismo, mas sim à uma congregação
ser” dos anglicanos, para os quais reformar não é re- presbiteriana, denominação na qual, geralmente, o
construir, mas desfazer-se do excesso de bagagem. culto é desprovido de boa parte da “pompa” que os
anglicanos (e outros cristãos) valorizam. O que gerou
O estranhamento de muitos evangélicos frente à tra- tais comentários foi a Igreja Presbiteriana de Copa-
dição anglicana é um reflexo atual desse debate que cabana (RJ) ter publido uma foto referente a Liturgia
já dura 500 anos. Porque muitos vêem os anglica- da Coroa (ou Guirlanda). Evidentemente houve tam-

O Báculo | Página 9
bém manifestações positivas. “Quando bem utiliza- Não é minha intenção introduzir um novo tópico, mas
das, essas ferramentas podem ser bençãos na Igreja”, se essas observações estiverem corretas, cabe dizer
escreveu alguém. E outra pessoa ponderou que “Para que aquilo que em outros as vezes desperta o precon-
muitos tudo é catolicismo romano. Nunca estudaram ceito, em nós deve fomentar o diálogo e o discipulado.
patrística ou algo relacionado a Igreja Primitiva”.
Na sequencia de fotos a seguir, o leitor pode ver
Essa divergência de opiniões, todas dentro de uma imagens das mais diversas tradições evangéli-
mesma tradição, sugerem uma lacuna cultural de- cas, todas elas fazendo uso de elementos litúrgi-
sagregadora. Mas não é uma lacuna intransponível. cos, como enfase nas vestes. Importa demonstrar
Na minha experiência pessoal tenho encontrado ao publico brasileiro que, se no Brasil os evangéli-
evangélicos dos mais variados com genuíno interes- cos litúrgicos parecem minoria, não estamos sozi-
se pelo legado da Igreja. Estão entre nossos irmãos nhos em se tratando da Igreja como um todo. Mui-
batistas, renovados, pentecostais e assembleianos. to do preconceito que a Igreja histórica sofre no
Um dos nossos companheiros, o Pastor Djalma dos Brasil esta enraizado na falta de conhecimento.
Anjos, tem encontrado nas relações inter-confessio-
nais um meio de transpor barreiras e facilitar a evan- Foto maior: Anglicanos. Fotos no sentido horá-
gelização no Estado da Bahia. E talvez o caminho rio: Luteranos, Metodistas, Presbiterianos (Igre-
não seja o enfrentamento e o debate, mas o diálogo. ja Presbiteriana de Copacabana), e Batistas.

O diálogo, aliás, é uma das características do ethos an-


glicano. Não é o diálogo entre Genebra e Roma, entre
Wittemberg e Antioquia, que imprime no anglicanis-
mo seu jeito especial de ser? Não é o diálogo que nos
permite conviver, dentro da mesma Igreja, com evan-
gelicais, reformados, carismáticos e high churches?

O Báculo | Página 10
A
ssim, deixando os aspectos elementares do Jesus começou o seu ministério pregando o arre-
ensino de Cristo, prossigamos para o aper- pendimento, “...” (Marcos 1,15). Os seus discípu-
feiçoamento, não lançando de novo o alicerce los, os apóstolos, também pregaram o arrepen-
do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, dimento, “...” (Atos 2,38). “...” (Atos 3,19). “...”
ensino sobre batismos, imposição de mãos, ressur- (Atos 17,30). “...” (Atos 20,21). (Os textos fal-
reição dos mortos e juízo eterno” (Hebreos 6,1-2). tantes entre as aspas (“...”) são incentivo ao lei-
tor, para que leia em sua própria Bíblia- N.E.).
A vida cristã começa com o arrependimento (gr. meta-
noia), que significa literalmente a “mudança de men- O arrependimento não é arrependimento se não vai
talidade”. Em outras palavras, isto leva a uma nova ati- acompanhado de um desejo de emenda das ações an-
tude para com Deus e as outras pessoas ao nosso redor. teriores. Por emenda, me refiro àquela ação interior
pela qual reconhecemos nossa culpa pessoal das in-
O texto, de fato, enfatiza um tipo particular de arre- justiças feitas contra o próximo e decidimos retificar
pendimento. Este é o “arrependimento das obras mor- o estilo de vida que nos levou a fazer tal ação. A tradi-
tas.” A questão a ser respondida é, portanto, o que são ção profética de Israel nos fala nos seguintes termos,
as obras mortas? Se trata de ações que trazem a mor- “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos
te; em outras palavras, ações imorais, egoístas e in- atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal.
justas. “Há caminho que parece certo ao homem, mas Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai
no final conduz à morte” (Provérbios 14:12; 16:25). o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das
viúvas. Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda
No Antigo Testamento, encontramos que uma das que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se
ações mais terrível para um judeu era tocar um ca- tornarão brancos como a neve; ainda que sejam ver-
dáver, porque era uma das ações consideradas mais melhos como o carmesim, se tornarão como a bran-
impuras. Esta ação o deixava em uma situação de im- ca lã” (Isaías 1,16ss). Este texto de Isaías nos ajuda
pureza ritual e, portanto, impedia o acesso ao culto a compreender o significado do verdadeiro arrepen-
do Deus vivo até que ele pudesse ser purificado no- dimento que vai acompanhado da verdadeira emen-
vamente. Inclusive poderia ser banido do meio do da: cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem.
povo de Israel (Número 19,13). Nosso texto bíblico
nos ajuda a compreender que por obras mortas po- O termo grego para “arrependimento” é meta-
demos considerar aquelas que contaminam o cará- nóia, tendo o significado de uma mudança de ati-
ter e nos apartam da presença de Deus. Sendo a pior tude para como os outros, a partir de uma mu-
expressão das obras mortas, aquela que se opõe ao dança de conduta e um novo estilo de vida1.
Deus vivo e exalta os ídolos ao lugar que somente
cabe a Deus, portanto designando aos ídolos a gló- Matinho Lutero escreveu nas 95 Teses que “to-
ria, honra e poder pertencentes apenas ao Senhor. davia não quer que apenas se entenda o arre-
pendimento interno; o arrependimento inter-
no nem mesmo é arrependimento quando não
produz toda sorte de modificações da carne.”

João Calvino explica nestes termos: “O arrependi-


mento é uma verdadeira conversão da nossa vida para
servir a Deus e para seguir o caminho por ele indica-
do. Procede de um legítimo temor de Deus, não fingi-
do [Ex 18], e consiste na mortificação da nossa carne e
do nosso velho homem, e na vivificação do Espírito”2.

= Reverendíssimo Josep Rossello =

O Báculo | Página 11
Isto nos leva a perceber que, talvez, o termo arrepen-
dimento seja limitado para traduzir todo o significa-
do de metanoia ao português. Seria mais conveniente
usar o termo “conversão” ou “mudança de caráter.”
Uma obra impossível sem a obra do Espírito San-
to, portanto, metanoia é usado como referência à
perfeita obra de Deus que nos leva a perceber nosso
próximo com outros olhos, expressando assim a mu-
dança profunda realizada na mente, no coração e na
vida pelo Espírito de Deus3. Porque a Deus se chega
através do descobrimento da condição a qual esta-
mos envolvidos como humanidade. Não se chega a
Deus sem abrir os olhos para a realidade presente na
sociedade. São João explica com clareza esta realida-
de quando ao escrever que “se alguém declarar: “Eu
amo a Deus!”, porém odiar a seu irmão, é mentiroso,
porquanto quem não ama seu irmão, a quem vê, não
pode amar a Deus, a quem não enxerga” (1 João 4,20).

Tudo isso nos leva a considerar tudo que metanóia


envolve. Talvez, seja adequado dizer que é uma mu-
dança de paradigma de tal magnitude que deva ser
considerado uma verdadeira revolução espiritual. O
encontro com o Senhor é um convite para nos mudar
como pessoas. Nos chama pelo nome a cada um de
nós, e nos desafia a perceber que somos agora dEle,
“...” (Isaías 43:1). No arrependimento, portanto,
Deus faz um chamado à acabar com as injustiças hu-
manas e a maldade, frutos da queda do homem e as
estruturas ímpias construídas após a queda. É, ain-
da, um convite à perceber e viver a maior das aven-
turas possíveis, e re-imaginar o futuro no presente.

Não devemos pensar que o arrependimento é somente


uma emoção pontual, contudo, também seria um gra-
ve erro considerar que as emoções não formam parte
da vida cristã e do estilo de vida ao qual temos sido
chamados pela obra do Espírito Santo. O arrependi-
mento que é fruto do medo do castigo, estará mais
próximo do egoísmo que do próprio arrependimen-
to. “A tristeza segundo Deus opera arrependimento
para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a
tristeza do mundo opera a morte” (2 Corintios 7: 10).

“Não ignoro que, com o nome de arrependimen-


to, abrange-se a conversão completa, da qual a fé
é uma das partes componentes. Mas, quando fo-
rem explicadas a natureza e a propriedade dele, fi-
cará patente em que sentido se diz isso. A palavra
hebraica para significar arrependimento quer di-
zer conversão; a dos gregos significa mudança de
conselho ou propósito e de vontade e, de fato, a re-
alidade não corresponde mal a esses vocábulos.
Sim, pois, em suma, arrependimento significa que
nos retiramos de nós mesmos e nos convertemos a
Deus, e, tendo abandonado a nossa primeira forma
de pensar e de que querer, assumimos uma nova”4.

O Báculo | Página 12
Catequese

Qual é o propó-
sito da
VIDA?
“Não maltratem nem
oprimam o estrangeiro”

Enquanto muitos brasileiros deixam


o Brasil em busca do sonho de viver

S
em países melhor desenvolvidos, uma e alguém diz: Eu amo a Deus, e 2. Amar aos outros!
multidão cada vez mais crescente de odeia a seu irmão, é mentiroso.
refugiados chega ao Brasil em busca
Pois quem não ama a seu irmão, Em seu comentário sobre Lucas 10:37,
da mera sobrevivência.
ao qual viu, como pode amar a Deus, a Wesley fala também do nosso amor pe-
quem não viu?”. los nossos semelhantes, mas por todos
José Ramírez Contreras, um jardi- eles, e não apenas por aqueles de quem
neiro que chegou a Roraima vindo de A terceira pergunta do nosso catecismo é gostamos, o que o pregador anglicano
San Cristóbal, no estado venezuelano “Qual é o propósito da vida?”. A resposta chama de egoísmo: “Vamos e façamos
de Táchira, é mais um dos quase 800 é “amar a Deus, como Ele nos amou, e o mesmo a todos os homens como o
refugiados que entram no Brasil dia- amar ao próximo como a mim mesmo”. nosso próximo que necessita de nossa
riamente. Se em seu país tinha uma
assistência. Renunciemos à teimosia e
profissão, pelo menos até antes da cri-
De fato, este é o ensino do próprio Se- à parcialidade que tomam o nosso co-
se atual destruir a economia, no Brasil
precisa da ajuda de terceiros para con-
nhor Jesus, que disse “Amarás o Se- ração insensível a toda a raça humana,
seguir sobreviver mais um dia. nhor teu Deus de todo o coração, de exceto a um pequeno número, cujos
toda tua alma e mente. Este é o pri- sentimentos e práticas são semelhantes
meiro e grande mandamento. E o se- aos nossos, de modo que o nosso amor
Se é papel dos políticos pensar em gundo, semelhante a este, é: Amarás para eles é o reflexo do nosso egoísmo.
formas para tornar a estadia dessas a teu próximo como a ti mesmo. Des- Com mente honestamente aberta, lem-
pessoas em nosso País coisa viável e tes dois mandamentos depende toda bremo-nos sempre da bondade que deve
segura - para eles e para os próprios a Lei os Profetas”. Compare as seguin- existir entre os homens, e cultivemos
brasileiros -, o papel da Igreja é aco-
tes passagens bíbicas: Deut. 6:5; Lev. aquele instinto feliz pelo qual, na consti-
lher todos os necessitados. Ódio, pre-
conceito, discriminação e xenofobia
18:19; S. Marcos 12:30; S. Lucas 10:27. tuição original da nossa natureza, Deus
não tem lugar na vida daqueles dis- ligou-nos fortemente uns aos outros”.
postos a serem discípulos de Jesus. 1.Amar a Deus!
Até porque os cristãos são chamados Seguir a Cristo, um discipulado para toda
no Novo Testamento de “peregrinos” Do nosso amor para com Deus John a vida, e para todas as áreas da vida. Isso
(I Pedro 2:11), ou seja, “imigrantes” Wesley disse em um de seus sermões: explica o resumo que Jesus fez da Lei:
que estão vivendo em um mundo que “Oh! esteja o vosso coração bem para amar a Deus sobre todas as coisas, e ao
lhes é estranho, e muitas vezes hostil.
com Deus! Procurai a felicidade nele e próximo como a si mesmo. Quando ama-
A nossa verdadeira Pátria está, diz o
somente nele. Não vos apegueis ao pó! mos a Deus, amamos aos nossos seme-
mesmo apóstolo, “nos céus”.
“A terra não é o vosso lugar “. Não abu- lhantes. Isso reflete em nossas relações
seis no uso que fazeis do mundo; usai-o pessoais, familiares, em nossos negócios,
“Não maltratem nem oprimam o es- e tende prazer em Deus. Tende tão pou- e assim por diante. A ideia de ser cristão
trangeiro, pois vocês foram estran- co a pego às coisas aqui de baixo como na Igreja, mas não fora dela, não tem lu-
geiros no Egito. Não prejudiquem se fôsseis pobres mendigos. Sede bons gar no conceito cristão de discipulado.
as viúvas nem os órfãos; porque se o mordomos dos variadíssimos dons de
fizerem, e eles clamarem a mim, eu Deus, para que quando fordes chama-
certamente atenderei ao seu clamor.
dos a dar contas da vossa mordomia, Leituras sugeridas pelo catecismo:
Com grande ira matarei vocês à espa-
Ele possa dizer: “Bem está servo bom João 17.26; Mateus 22.37- 39; João
da; suas mulheres ficarão viúvas e seus
filhos, órfãos” (Êx 22.21-24). e fiel, entra no gozo do teu Senhor”(- 15.12- 17.
Sobre a riqueza, II, 12 (J, VII, 221-22).

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Na escola dos primeiros cristãos

Rev. Marcelo Lemos

Q
uando o assunto é discipulado, os evangéli- Veja-se o exemplo de Orígenes, de quem Eusébio de
cos poderiam aprender muito com os cris- Cesareia diz que começou a dirigir a escola de cate-
tãos antigos. Com São João Crisóstomo, por quese de Alexandria quando tinha apenas 18 anos,
exemplo, de quem herdamos uma série de cateque- e que alcançou grande renome, “pois, não os assis-
ses batismais. Crisóstomo era um grande orador, e tia apenas na prisão nem só quando interrogados
tinha apreço especial por preparar os novos conver- e condenados, mas ainda depois da sentença final,
tidos para o Santo Batismo. Em seu tempo, pregou com a maior audácia e expondo-se ao perigo, fica-
contra o paganismo, conclamando as pessoas à uma va junto deles ao serem os santos mártires levados
vida nos caminhos do Senhor. Ele acreditava que para a morte. Assim, quando ele avançava corajo-
“basta um só homem para reformar todo um povo”. samente e com grande ousadia saudava os márti-
res com um beijo, acontecia freqüentemente que
A catequese dos primeiros cristãos foi tão bem-su- o povo pagão que os cercava se enfurecia e estava
cedida devido a sua piedade e comprometimento. a ponto de se precipitar sobre ele, mas estendia-se
Os temas doutrinários eram importantes: logo após a mão de Deus para socorrê-lo e fazer com que mi-
a era apostólica, deu-se início a era dos apologis- lagrosamente escapasse” (CESAREIA, Eusébio de;
tas, marcada, segundo o historiador da Igreja Da- História Eclesiástica; Patrística Vol. 15, Paulus).
niel Rops pelo esforço de se explicar racionalmente
a tradição cristã (História da Igreja, Volume I, pg. É possível comparar o discipulado daqueles cristãos
276). A catequese era profunda e sólida, como po- como a prática comum de hoje? Se para nós o disci-
demos ver pelas homilias iniciáticas de São Basí- pulado é algo professoral, de cima pra baixo, naqueles
lio Magno; por exemplo, sua homilia sobre as ori- dias era uma coisa orgânica, viva. Eram também pro-
gens do homem, que o autor mesmo classifica como fessores de doutrina, teologia e moral, mas não limita-
“ugente e muito proveitosa para vossa iniciação” vam-se a passar aos discípulos um conjunto de enun-
(Basílio de Cesareia, Patrística Vol. 12; Ed. Paulus). ciados. Ser um discipulador era um compromisso de
viver junto, caminhar junto, sofrer junto, padecer e
Entretanto, a catequese não se resumia ao intelecto, morrer junto se preciso. Em outras palavras, o disci-
abrangia a vida como um todo. A fé cristã não era apre- pulado não era uma função, mas um estilo de vida.
sentada como um mero novo conjunto de crenças,
mas principalmente como um novo viver. O discípula- Quanto temos regredido em nosso discipula-
do não tinha como objetivo somente a formação dou- do? No ensino teológico, ou pecamos por ex-
trinária, era também um discipulado para a vida. Um cesso de racionalidade, ou pela atitude anti-
discipulado no qual o novo convertido não era deixado -intelectual. Na prática da vida, raramente
a sós em seu dia a dia, antes, era acompanhado passo conseguimos visualizar a ligação entre nossos enor-
a passo, como um recém chegado à família de Deus. mes livros dogmáticos e a vida do homem comum.

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