Assista ao vídeo a seguir para conhecer os assuntos que serão
trabalhados nesta aula.
Introdução
Neste encontro tentaremos entender a evolução que houve dentro da
Contabilidade de Custos, o que consequentemente permitiu um grande avanço na Contabilidade Gerencial.
Bons estudos!
Custeio ABC
Desde os anos 1980 as empresas, graças à competição, vêm modificando
a sua estrutura operacional para melhor adequação às constantes mudanças. Megliorini (2011) cita que, para essa melhoria, foram desenvolvidas novas tecnologias de produção e de gestão.
Até a década de 1980, os principais fatores de produção eram somente
a matéria-prima e a mão de obra direta. Esse raciocínio era válido até o momento em que os custos indiretos de produção não afetavam de forma significativa o custo dos produtos, sendo rateados e atribuídos de forma mais simples por serem menos representativos em comparação com os custos diretos de produção.
Além disso, a grande diversidade de produtos e modelos fabricados na
mesma planta também é um fator que exige melhor alocação dos custos indiretos de fabricação.
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Entretanto, com a utilização da tecnologia e a diversificação das técnicas de produção, houve um aumento dos custos indiretos de produção e diminuição da mão de obra direta, fazendo com que esses custos indiretos de produção passassem a ter participação cada vez maior nos produtos.
A inversão da representatividade dos custos indiretos de fabricação, se
comparados aos custos diretos de fabricação, tem impacto no custo dos produtos, quando se considera que os custos indiretos de fabricação são apropriados aos produtos por meio de rateios que carregam a subjetividade da escolha do critério para a alocação dos custos. Assim, os métodos mais tradicionais de custeio já não atendem às necessidades de informação dos gestores (MEGLIORINI, 2011). Desse modo, foram desenvolvidos novos métodos de apuração dos custos.
Para saber mais sobre o custeio ABC e o seu surgimento, assista ao vídeo a seguir. Confira!
Martins (2003) afirma que o custeio baseado em atividade, conhecido
como ABC (activity-based costing), é uma metodologia de custeio criada para reduzir de forma sensível as distorções provocadas pelos rateios feitos de forma arbitrária pela subjetividade dos critérios estabelecidos.
Já Megliorini (2011) afirma que o ABC permite a apuração dos custos
partindo da filosofia de que os recursos utilizados pelas empresas são consumidos pelas atividades executadas e os produtos ou serviços resultam das atividades que requerem esses recursos. Dessa forma, os custos indiretos de fabricação são apropriados, inicialmente, às atividades e, em uma etapa seguinte, aos produtos e serviços ou a outros objetos de custeio que demandaram tais atividades.
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O ABC pode ser definido como um método de custeamento que identifica um conjunto de eventos para cada acontecimento ou transação dentro da atividade. Essas transações podem ser definidas por atividades que ocorrem dentro da empresa, com os custos indiretos sendo alocados aos produtos e serviços na base do número desses eventos ou transações que o produto ou serviço gera ou consome com recurso (PADOVEZE, 2004).
Entenda um pouco mais sobre o custeio ABC assistindo ao vídeo a seguir.
Não deixe de conferir!
Etapas do Custeio ABC
A base utilizada para o ABC é apropriar os custos indiretos às
atividades, uma vez que estas são as geradoras dos custos. Dessa forma, cada um dos custos indiretos de fabricação deverá ser relacionado às suas respectivas atividades, por meio de direcionadores de custos que melhor representam as formas de consumo desses recursos, e depois apropriados aos produtos, de acordo com os direcionadores de atividade adequados.
Para que seja possível o entendimento de como funciona o ABC,
inicialmente é preciso entender alguns conceitos envolvidos com esse tipo de custeio.
Martins (2003) afirma que o primeiro conceito é o de direcionador de
custos, que é o fator responsável por determinar o custo de uma atividade. Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, pode-se afirmar que direcionador é a verdadeira causa dos seus custos.
Assim, para o custeio de produtos, um direcionador deve ser o fator que
irá determinar ou ainda influenciar a maneira como os produtos “consomem” as atividades. Dessa forma, um direcionador é uma base utilizada para atribuir
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custos das atividades aos produtos. Em um segundo momento, é preciso definir como os produtos “consomem” as atividades, o que serve para custeá- los, indicando a relação entre as atividades e os produtos (MARTINS, 2003).
Veja, no vídeo a seguir, as atividades relacionadas aos custos indiretos.
Não deixe de assistir!
Alguns exemplos de direcionadores podem ser vistos a seguir:
Departamentos Atividades Direcionadores Compras Comprar materiais Número de pedidos Desenvolver fornecedores Número de fornecedores Almoxarifado Receber materiais Número de recebimentos Movimentar materiais Número de requisições Montagem Preparar máquinas Tempo de preparação Montar conjuntos Tempo de montagem Pintura Preparar máquinas Tempo de preparação Pintar conjuntos montados Tempo de pintura Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
O Departamento de Compras, por exemplo, é responsável pela compra de
materiais e o desenvolvimento de fornecedores, ou seja, pesquisa de melhores preços, prazos, descontos entre outros, e essas atividades deverão ser valoradas – seu custo deverá ser reconhecido, por exemplo, pelo número de pedidos que o departamento de compras faz e o número de fornecedores pesquisados e cadastrados.
O ABC tenta, dentro dos departamentos, alocar os valores e, dentro disso,
mostrar uma forma de como esses valores podem ser mensurados de forma concreta. O almoxarifado, por sua vez, recebe e movimenta os materiais, e isso gera custos que podem ser mensurados pelo número de recebimentos de materiais e requisições de materiais pelos outros departamentos das empresas. Esse raciocínio pode ser empregado em todos os departamentos,
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sempre lembrando que os custos deverão ser baseados em atividades e essas atividades em direcionadores.
Na montagem, por sua vez, as principais atividades são as de preparar
as máquinas para o trabalho e de montar os conjuntos de produtos. Dessa forma, possíveis direcionadores podem ser o tempo de preparação e o tempo de montagem dos produtos que passam por esse departamento. O departamento de pintura, por exemplo, congrega a preparação das máquinas e a pintura dos conjuntos montados, medidos pela preparação dessas máquinas em horas e pelo tempo de pintura que levam.
Megliorini (2011, p. 190) afirma que o ABC deve ser realizado na
seguinte ordem:
1. Apropriação direta, quando é possível identificar o recurso como uma atividade
específica;
2. Rastreamento por meio de direcionadores que melhor representam a
relação entre o recurso e a atividade;
3. Rateio quando não houver condições de apropriação direta nem por
rastreamento. Efetua-se o rateio considerando uma base que seja adequada. O autor ainda evidencia de forma gráfica um modelo de custeio ABC de dois estágios para a determinação do custo dos produtos:
Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
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Nota-se, com a figura, que é possível entender que tanto os materiais diretos quanto a mão de obra direta deverão ser apropriados de forma direta pelos produtos. Já um custo indireto que já esteja identificado e outro possível custo indireto deverão ser apropriados por meio de direcionadores de atividades, que serão medidos por meio de direcionadores de recursos e, após essa identificação e distribuição, é necessário alocar os valores aos produtos.
No vídeo a seguir, a professora Tatiane falará sobre a ordem do custeio
ABC. Confira!
A seguir, veja um exemplo de uma empresa que possui dois produtos X
e Y e faz a aplicação do custeio ABC demonstrando como funcionam os direcionadores para a alocação dos custos:
Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
A matéria-prima, assim como a mão de obra direta, é alocada aos produtos
diretamente. Já os custos indiretos de produção são apropriados aos departamentos, depois às atividades e, por fim, aos produtos. Desse modo, a apropriação dos custos indiretos de produção pelos departamentos ocorre da seguinte forma:
O primeiro passo nesse caso foi atribuir os custos de cada departamento
às respectivas atividades, rastreadas por meio de direcionadores ou rateios. Dessa forma, os consumos foram assim identificados: COMPRAS ALMOXARI FADO MONTAGEM PI NTURA COMPRAR DESENVOLVER RECEBER DESENVOLVER PREPARAR MONTAR PREPARAR PI NTAR RECURSOS MATERI AI S FORNECEDORES MATERI AI S MATERI AI S MÁQUI NAS CONJUNTOS MÁQUI NAS CONJUNTOS DEPRECI AÇÃO 0,90 0,10 0,30 0,70 0,10 0,90 0,10 0,90 ALUGUEL 0,50 0,50 0,80 0,20 - 1,00 - 1,00 MÃO-DE-OBRA 0,70 0,30 0,40 0,60 0,50 0,50 0,50 0,50 MATERI AI S DIVERSOS 0,60 0,40 0,50 0,50 0,20 0,80 0,30 0,70 MANUTENÇÃO 0,20 0,80 0,20 0,80 Fonte: Adaptado de Megliorini (2011). Assim, os custos dos departamentos foram apropriados de acordo com as atividades. Desse modo, no departamento de compras a depreciação foi atribuída, com taxa de 90%, à atividade de comprar materiais; e, com 10%, para o desenvolvimento de fornecedores. COMPRAS ALMOXARI FADO MONTAGEM PI NTURA COMPRAR DESENVOLVER RECEBER DESENVOLVER PREPARAR MONTAR PREPARAR PI NTAR ATI VI DADES/RECURSOS MATERI AI S FORNECEDORES MATERI AI S MATERI AI S MÁQUI NAS CONJUNTOS MÁQUI NAS CONJUNTOS DEPRECI AÇÃO 18.000,00 2.000,00 4.500,00 10.500,00 8.500,00 76.500,00 3.000,00 27.000,00 ALUGUEL 2.500,00 2.500,00 8.000,00 2.000,00 - 50.000,00 - 25.000,00 MÃO-DE-OBRA 28.000,00 12.000,00 10.000,00 15.000,00 52.500,00 52.500,00 15.000,00 15.000,00 MATERI AI S DI VERSOS 3.000,00 2.000,00 2.500,00 2.500,00 14.000,00 56.000,00 12.000,00 28.000,00 MANUTENÇÃO - - - - 8.000,00 32.000,00 8.000,00 32.000,00 TOTAL 51.500,00 18.500,00 25.000,00 30.000,00 83.000,00 267.000,00 38.000,00 127.000,00 Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
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Agora, em um segundo momento, é necessário estabelecer os custos aos produtos conforme o consumo de atividades requerido por eles. Dessa forma, os direcionadores foram apresentados da seguinte forma: ATI VI DADES PRODUTO X PRODUTO Y TOTAL COMPRAR MATERI AI S 33.475,00 18.025,00 51.500,00 DESENVOLVER FORNECEDORES 7.400,00 11.100,00 18.500,00 RECEBER MATERI AI S 15.625,00 9.375,00 25.000,00 DESENVOLVER MATERI AI S 18.750,00 11.250,00 30.000,00 PREPARAR MÁQUI NAS 49.800,00 33.200,00 83.000,00 MONTAR CONJUNTOS 149.520,00 117.480,00 267.000,00 PREPARAR MÁQUI NAS 21.375,00 16.625,00 38.000,00 PI NTAR CONJUNTOS 80.000,00 47.000,00 127.000,00 TOTAL 375.945,00 264.055,00 640.000,00
Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
Sendo assim, os custos que, inicialmente, foram distribuídos por
departamento, depois passaram pela distribuição por nível de atividade nesses departamentos e, por fim, foram distribuídos aos produtos. No entanto, ainda é preciso demonstrar o valor final do custo total dos dois produtos, lembrando que ele é formado por custos diretos e indiretos. CUSTOS PRODUTO X PRODUTO Y TOTAL DIRETOS 95.000,00 120.000,00 215.000,00 INDIRETOS 375.945,00 264.055,00 640.000,00 TOTAL 470.945,00 384.055,00 855.000,00 Fonte: Adaptado de Megliorini (2011).
Desse modo, os custos identificados ou diretos de A montam um total de
R$ 95.000,00, e os indiretos encontrados pelo custeio ABC totalizam R$ 375.945,00. Isso faz com que o custo total do produto A seja de R$ 470.945,00, já o produto B consumiu R$120.000,00 de custos diretos e R$ 264.055,00 de custos indiretos atribuídos pelo custeio ABC, totalizando um montante de R$ 384.055,00.
O ABC apresenta, como uma de suas principais vantagens, uma
distribuição dos custos indiretos de fabricação de forma mais acurada (PADOVEZE, 2004). O autor citado ainda evidencia que outra vantagem é auxiliar no processo de controle de custos.
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Você pode entender mais sobre o custeio ABC lendo o artigo disponível no link a seguir: <http://www.iepg.unifei.edu.br/edson/download/Artguilacongbra02.pdf>
Síntese
No vídeo a seguir, a professora Tatiane fará uma retomada dos pontos
mais importantes estudados nesta aula. Não perca!
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1. Megliorini (2011) afirma que o ABC tem uma ordem para ser realizado. Marque a seguir a ordem correta:
a. Apropriação indireta e rateio.
b. Rastreamento e rateio.
c. Apropriação direta, rastreamento por meio de direcionadores e rateio.
d. Rastreamento com direcionadores e apropriação indireta.
2. Partindo da seguinte afirmação: “um direcionador é uma base utilizada para
atribuir custos das atividades aos produtos”, localize a atividade que está corretamente alinhada com um direcionador:
a. Compras – horas máquina.
b. Energia – ordens de compra.
c. Manutenção – quantidade de itens estocados.
d. Depreciação – horas máquina.
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Referências
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de
informação contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.