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Parceria:

denominação códice
Fazenda Santana AVI – F02 – Can

localização
saindo de Duas Barras em direção a Cordeiro, pela RJ-116, próxima ao centro urbano de Monerat

município
Cantagalo

época de construção
século XIX

estado de conservação
detalhamento no corpo da ficha

uso atual / original


residencial / fazenda de gado

proteção existente / proposta


nenhuma

proprietário
particular
fonte: IBGE - Cordeiro

Fazenda Santana, vista da casa-sede

coordenador / data Alexandre Quintella – jun 2010


revisão / data
equipe Alexandre Quintella e Élito José Paschoalino
Thalita Fonseca – out 2010
histórico Roberto Grey

233
situação
imagens geradas pelo Google Pro 2009

RJ 176
RJ 170
ALÉM
ALÉM
PARAÍBA
PARAÍBA
ITAOCARA
ITAOCARA
RJ 160

CANTAGALO
CANTAGALO

Fazenda
Fazenda RJ 172
Três
Três Barras
Barras RJ 164
RJ 152
MACUCO
MACUCO

FAZENDA
SANTANA

Fazenda
Penedo CORDEIRO
CORDEIRO Fazenda
Fazenda
Ribeirão
Ribeirão
Dourado
Dourado
Fazenda
Atalaia

DUAS
DUAS BARRAS
BARRAS

Fazenda
Fazenda S.
S. J.
J. Fazenda
Fazenda Bom
Bom
Monnerat
Monnerat
RJ 116
Sucesso
Sucesso

Fazenda
Fazenda
Nova
Nova Era
Era

Fazenda
Riachuelo

Fazenda
Fazenda
Rancharia
Rancharia
RJ 144 do Sul
RJ 152

SUMIDOURO
SUMIDOURO
RJ 116

NOVA
NOVA BOM JARDIM
FRIBURGO
FRIBURGO
RJ 148

situação

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situação e ambiência

Um dos caminhos de acesso à Fazenda Santana inicia-se a partir do trevo para a entrada da cidade de Duas
Barras. Continuando o trajeto pela via asfaltada da RJ-116, chega-se ao centro urbano de Monnerat. Em frente
à antiga estação de trem, hoje terminal rodoviário, segue-se uma estrada por onde passava o leito da ferrovia,
que conserva ainda uma antiga ponte de ferro (f01).
Mais à frente, o percurso passa pelo Clube dos Cem, bastante conhecido na região, onde 1 km adiante, à
esquerda, está a entrada para o pesqueiro do Celmo; percorrendo mais 6 km – sempre pelo lado direito da
estrada – se alcança a Fazenda Santana.
A grandiosidade da propriedade se deixa perceber pelo muro fronteiriço que margeia a estrada, estendendo-se
de um extremo ao outro em toda sua porção frontal. Este muro foi edificado para nivelar o terreno em frente à
fazenda, onde ficava o terreiro de café e hoje se destaca um pomar com dezenas de mangueiras (f02).

01

02

235
descrição arquitetônica

A Fazenda Santana foi, no passado, um grande centro produtivo da agroindústria cafeeira (f03), e os alicerces
e ruínas remanescentes das antigas edificações podem ser encontrados por toda a propriedade (f04).
O terreno se apresenta em dois grandes níveis (f05), separados por um muro de contenção com aproximadamente
4 m de altura e 200 m de comprimento (f06). Nele foram instaladas diversas canaletas em pedra lavrada
na parte superior do terreno (f07) para o perfeito escoamento das águas da chuva, evitando assim maiores
esforços contra o arrimo, e mantendo mais seco o solo onde está edificada a maioria dos prédios.
O conjunto arquitetônico tem como característica um bloco maciço frontal que se projeta à frente dos demais
e abriga a parte social, seguido por um corpo posterior cuja planta se desenvolve em torno de um pátio central
que serve exclusivamente à parte íntima da residência (f08 e f09).
Tal configuração propicia uma melhor ventilação e iluminação natural aos ambientes adjacentes onde estão
distribuídos os dormitórios e instalações de serviços, como também confere momentos contemplativos para
aqueles que ali se hospedavam. Esse mesmo partido foi adotado nas demais instalações que formavam o
grande complexo.
A bela casa-sede, em estilo eclético (ver folha de rosto) foi edificada sobre porões altos em sua porção frontal
– criando um pavimento térreo habitável –, resultando, portanto, em 2 pavimentos, ficando a área posterior
restante assentada sobre o nível mais elevado.
Suas fachadas são envolvidas por um generoso avarandado em forma de “U”, apoiado sobre esbeltas colunas
de alvenaria que exibem base e capitéis e contribuem para dar ao casarão certa leveza e elegância (f10 e f11).
Sob o piso do avarandado, observa-se a estrutura aparente das peças de madeira do assoalho.

03

05

04

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descrição arquitetônica

06 07

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08

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11

237
descrição arquitetônica

Externamente, acompanhando seu perímetro, o acabamento do piso é adornado com um maravilhoso rendado
de lambrequins (f12 e f13). Destacam-se, ainda, na composição da varanda: o gradil de ferro batido entremeado
pelas delgadas colunas em ferro fundido que sustentam o telhado (f14 e f15); e as paredes de alvenaria
decoradas com pinturas e afrescos (f16).
Para a varanda do térreo se abre um grande salão que, internamente, dá acesso a uma circulação que se
distribui lateralmente para dois quartos de tamanhos distintos; aos fundos, um hall de serviço exibe uma escada
que conduz ao pavimento nobre (f17 e f18). Mais ao fundo, há um grande porão (f19 e f20) delimitado por um
muro de arrimo em pedra que vai de um extremo ao outro da propriedade, ligando a residência ao engenho.

12 13

14 15

238
descrição arquitetônica

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239
descrição arquitetônica

Originalmente, uma edificação com dois pavimentos fazia essa ligação (f21 e f22). Ao nível do primeiro pavimento
havia uma longa varanda coberta (f23), e no andar superior, havia inúmeros cômodos com os mais diversos
usos. Mais ao fundo do terreno, já no nível superior, havia outra edificação de igual tamanho e ao centro, um
jardim com chafariz.
A escada interna, anteriormente mencionada, chega ao pavimento superior em um corredor que dá acesso ao
salão principal da casa e a mais três cômodos (f24), sendo provavelmente um quarto para hóspedes ilustres,
uma capela e um escritório, todos se abrindo para o avarandado com colunas e gradil de ferro (f25).
A sala ainda conserva o papel de parede importado da França (f26), como também a pintura original da barra,
com motivos florais sobre fundo imitativo de madeira (f27). As portas são dotadas de almofadas em madeira
maciça na parte baixa, vidro tipo fantasia ao centro, e veneziana na parte superior, tendo internamente um
postigo almofadado também em madeira maciça (f28).

21

22 23

240
descrição arquitetônica

24 25

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28

241
descrição arquitetônica

O partido adotado nesta planta é um exemplo de divisão em setores: o de receber e o de viver, muito característico
da morada brasileira do século XIX. Uma segunda circulação, fechada com portas em suas extremidades
(f29), conduz à intimidade da grande sala de jantar (f30), a partir de onde se acessam três quartos de mesmo
tamanho e a sala de almoço (f31), esta com vista para o jardim interno (f32).
Uma porta lateral na sala de almoço retorna o fluxo para o avarandado e outra porta leva ao quarto maior (f33),
que, acredita-se, pertenceu ao barão de Cantagalo e que até hoje conserva seu mobiliário original. Da sala de
almoço parte uma varanda que contorna o jardim interno (f34) e para onde se voltam cozinha, copa, despensa
e aposentos dos empregados da casa.
Outra ligação entre pavimentos ocorre externamente, através de escada de feitura recente, pela lateral da casa-
sede (f35), através de uma pequena varanda ligada a uma circulação, junto ao setor de serviço.

29

30

242
descrição arquitetônica

31 32

33

34 35

243
descrição arquitetônica

No passado, era produzido nessa estância todo o necessário ao abastecimento da propriedade, sendo o
excedente vendido no mercado local. Santana produzia, além do café – que chegou a possuir 1 milhão e 500
mil pés –, arroz, cana, gado Zebú, tendo ainda reprodutores puros de carneiros e suínos da raça inglesa.
O engenho com moenda de cana (f36, f37 e f38) permitia a produção de rapadura, melado e aguardente
destilada em alambique próprio.
A edificação, com pés direitos generosos em ambos os pavimentos, abrigava, no térreo, a casa de farinha e
polvilho (f39) e, no pavimento superior, as oficinas (f40 e f41).

36

37 38

244
descrição arquitetônica

39

41

40

245
descrição arquitetônica

Havia ainda uma tradicional fábrica de laticínios que produzia manteiga enlatada e requeijão de altíssima
qualidade. As oficinas ainda guardam alguns dos maquinários utilizados na época, sendo vez ou outra, utilizados
em pequenos serviços (f42 e f43).
A queda d’água que fazia funcionar o moinho já não existe mais. Entretanto, a sua singela construção permanece
e o veio d’água restante ainda abastece um pequeno açude (f44).
Infelizmente, muito pouco restou daquele imenso complexo produtivo frente à sua imponência original – a
sede, parte da casa de farinha, o engenho, o moinho, e uma verdadeira muralha em blocos de pedras –, mas,
certamente, o suficiente para oferecer uma noção de sua grandeza no passado.

42 43

44

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detalhamento do estado de conservação

O atual proprietário não tem medido esforços para restaurar as estruturas que permaneceram na fazenda,
cuidando em manter a originalidade dos elementos que a compõem. Mesmo quando há necessidade de substituir
uma peça do madeiramento ocasionalmente atacada por cupins, esta substituição é realizada por outra de
idade aproximada, adquirida de demolições de casarões antigos da região. Os trabalhos de recuperação vêm
sendo empreendidos ao longo de anos e visam se estender à restauração dos jardins.
É preciso, no entanto, ressalvar que as intervenções devem ser feitas com parcimônia, sem, no entanto,
introduzir ou utilizar, nas edificações e/ou ambientes históricos que compõem o conjunto, elementos que
pareçam originais, mas que não o sejam de fato.

247
representação gráfica
representação gráfica

FAZENDA SANTANA

pedra

MOINHO

PAIOL

açude

canaleta ca
na
l
pátio

canaleta
muro muro
SEDE ruinas antigos depositos
canaleta
ENGENHO

ANTIGO TERREIRO DE CAFÉ

estrada

estrada

entrada

Implantação
1
escala: 1/1750
0 5 10 40

Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense AVI - F02 - Can 1 /4


equipe: desenhista: revisão: data:

Alexandre Quintella / Marcio T. V. de Moraes Alexandre Quintella Francyla Bousquet jun 2010

248
representação
representaçãográfica
gráfica

FAZENDA SANTANA

muro em pedra

PO PO
8.60

ruínas antigos depósitos

canaleta

s 8.95
s
s

H H

Q CI Q
15.70

VA VA

SAL

14.77

Planta Baixa da Sede - Térreo


1
escala: 1/250
0 1 5 10

CI - circulação Q - quarto SAL - salão alvenaria existente


H - hall PO - porão VA - varanda alvenaria demolida

Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense AVI - F03 - Can 2 /4


equipe: desenhista: revisão: data:

Alexandre Quintella/ Élito José Paschoalino Alexandre Quintella Francyla Bousquet jun 2010

249
representação gráfica
representação gráfica

FAZENDA SANTANA

13.50

4.50
DE
Q AS

4.60

7.35

Q
COZ

14.20

28.00
S/U

PI CI

WC
WC DES
canaleta

WC
Q
VA

CI
muro em pedra

E
Q Q Q
37.20

SA ruínas antigos depósitos

Q
SJ s

2.85 canaleta
6.05
s

CA CI Q

CI E
15.90

SAL

VA

14.97

Planta Baixa da Sede - 1º Pavto.


1
escala: 1/250
0 1 5 10

AS - área de serviço CO - copa DES - despensa Q - quarto S/U - sem uso alvenaria existente
CA - capela COZ - cozinha E - escritório SAL - salão VA - varanda
alvenaria demolida
CI - circulação DE - depósito PI - pátio interno SJ - sala de jantar WC - banheiro

Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense AVI - F03 - Can 3 /4


equipe: desenhista: revisão: data:

Alexandre Quintella / Élito José Paschoalino Alexandre Quintella Francyla Bousquet jun 2010

250
representação
representaçãográfica
gráfica

FAZENDA SANTANA

canaleta
28.23

3.85
VA VA VA

d
13.03

ruínas antigos depósitos DE DE DE

9.18
22.97
canaleta

chaminé

Planta Baixa Engenho - 1º Pavto.


2
escala: 1/250

22.97

MO

ruínas antigos depósitos CF

13.77

ENG

9.20

Planta Baixa Engenho - Térreo


1
escala: 1/250

CF - casa de farinha ENG - engenho VA - varanda alvenaria existente


DE - depósito MO - moenda alvenaria demolida

Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense AVI - F03 - Can 4 /4


equipe: desenhista: revisão: data:

Alexandre Quintella/ Élito José Paschoalino Alexandre Quintella Francyla Bousquet jun 2010

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histórico

Augusto de Souza Brandão, agraciado com o título de segundo barão de Cantagalo, em 1833, era médico,
coronel da Guarda Nacional e comerciante. Foi presidente da Câmara em 1879, vereador e juiz da paz entre
1854 e 85, além de chefe do Partido Liberal. Em 1857 resolveu adquirir uma grande fazenda de cultivo de café,
a Fazenda de Sant’Anna, em Cantagalo, com 800 alqueires fluminenses, que acabou se tornando, sob sua
administração, uma das maiores unidades produtoras do mundo. Nela, o barão de Cantagalo chegou a ter um
milhão e quinhentos mil pés de café em produção.
Contudo, devido à crise da abolição da escravatura e a outros fatores, o barão se endividou a tal ponto com
os bancos que a Sant’Anna foi a leilão em praça pública, em 1900, sendo arrematado pela firma exportadora
de café Monnerat & Cia, de José Hegdon Monnerat, para seu sobrinho e genro, o coronel Sebastião Monnerat
Lutterbach, que exercera a Presidência da Câmara de Duas Barras e Cantagalo. Este já possuía a Fazenda
do Sossego, de 400 alqueires, também em Cantagalo, destinada exclusivamente à criação de bovinos da raça
Guzerat, atividade pioneira no Brasil da parte da família Lutterbach, cujo livro de registro da raça, com data de
1876, é o mais antigo do país. Diz-se, na família, que um dos motivos dessa compra era que José Monnerat
desejava ter a filha perto dele.
Sob a administração do coronel Sebastião, a produção da Fazenda de Sant’Anna se diversificou. Continuou
com o café, mas passou a produzir também cereais e cana, moída e beneficiada em seu grande engenho. Além
disso, contava com um rebanho bovino de 500 cabeças de Guzerat leiteiro, cujo leite era transformado em
manteiga e requeijão da marca Sant’Anna, famosa na época. Era um imensa unidade produtiva, cuja produção
era escoada pelos trens da Leopoldina, que paravam na Chave de Sant’Anna, a 4 quilômetros de distância da
sede.
A fazenda manteve-se na família e pertence hoje ao bisneto do coronel Sebastião, que busca não só reformar
como restaurar a sede e todos os prédios restantes da fazenda, mantendo-a produtiva.

Bibliografia:

FERREIRA, Marieta de Moraes. História de Família: Casamentos, Alianças e Fortunas. Léo Christiano Editorial, 2008.

Genealogia Fluminense, Cantagalo, no Google.

Livros de registro Paroquial de Terras de 1855-56 do Município de Cantagallo, no Arquivo Estadual (internet).

Entrevista com Sr. Bento Luís Lisboa.

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