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O estudo que se apresenta tem como principal objetivo investigar o que sabem os
educadores a respeito do trabalho com regras na educação infantil como intervenção adequada
para favorecer o desenvolvimento moral da criança. Os objetivos específicos são: realizar a
comparação das práticas educativas de professores de uma sala de educação infantil com
relação a: tipos de regras trabalhadas por elas com seus alunos; estratégias de intervenção
junto às crianças no que diz respeito a essas regras; e investigar o tipo de ambiente sócio-
moral construído pelas professoras. Essa linha de pesquisa tem como base os estudos que Jean
Piaget realizou em seu livro “O juízo moral da criança” (1932/1996).
Segundo os estudos de Jean Piaget (1932/1996) sobre o desenvolvimento da
moralidade na criança, a participação dos adultos é imprescindível para que os alunos tenham
a oportunidade de se tornarem adultos autônomos, ou seja, desenvolverem-se moralmente, de
modo que tornem pessoas capazes de agir bem, em relação a si mesmos e aos outros.
Com isso, para que uma criança possa se desenvolver moralmente é necessário que ela
vivencie um processo educativo consciente por parte dos seus professores, ou seja, o educador
precisa saber que a criança pequena não sabe nada sobre o que seja certo ou o que seja errado.
Cabe então ao professor providenciar na sala de aula, espaço e situações para que as crianças
participem da elaboração de regras de boa convivência, para que compreendam o porquê
dessas regras, isto é, as crianças precisam entender para que elas servem, e principalmente,
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Acadêmica do 3o ano do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá.
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Professora Doutora da Universidade Estadual de Maringá.
[...] significa ser governado por outros, fora de nós; [...] Por outro lado,
quando decidimos seguir certas regras, normas e leis por vontade própria,
independente das conseqüências externas imediatas, estaremos sendo
autônomos (MENIN, 1996, p.40).
Diante disso, temos que na fase da heteronomia, a criança avalia aquilo que é bom ou
ruim por meio da obediência às regras, sendo que as mesmas devem ser cumpridas como são
colocadas e as crianças não aprendem a pensar sobre a razão delas existirem, além disso, a
criança avalia os atos com base neste mesmo critério.
Já para aquelas crianças que se encontram na fase da autonomia, estas entendem que
as regras não são sagradas, podendo ser alteradas e modificadas conforme a necessidade, além
Além disso, como o nosso objetivo é formar indivíduos com capacidade de pensarem
por si mesmos, é preciso ensinar para as crianças a obedecerem às regras e não aos adultos.
Para que a regra seja aceita e vivenciada pelo indivíduo é necessário que estas sejam
justificadas por seus princípios, de modo a terem origem em certo valor. Um exemplo disso é
quando se estabelece que seja preciso arrumar a cama assim que acordar, o motivo que se deu
para a construção dessa regra é devido à necessidade de manter o quarto limpo e organizado,
por fim, como valor desta regra: organização.
Quando fomos a campo investigar o que realmente os professores sabiam sobre regras
e o desenvolvimento moral, pudemos perceber que em alguns casos os professores não
conhecem os estudos de Piaget aqui apresentados, embora ajam de modo a construir um
ambiente sócio-moral favorável ao desenvolvimento autônomo das crianças. Entretanto,
talvez por não conhecerem os estudos, esses professores acabam recorrendo para a postura de
autoridade quando não são capazes de ajudar os alunos a solucionar os problemas.
Esse estudo3 foi realizado em uma única sala de aula de educação infantil, com
crianças que permanecem na escola em período integral. Portanto, as crianças convivem em
um período com uma professora e noutro como outra professora. São participantes desse
estudo, portanto, 18 crianças com faixa etária de 3 a 3 anos e 6 meses e duas professoras.
Trata-se, portanto, de um estudo de caso.
A pesquisa foi realizada no ambiente escolar de uma escola de educação infantil
pública, em Maringá/PR, através de observação sistematizada da pesquisadora, durante uma
semana e da utilização de um instrumento de pesquisa, que orientou as observações.
O instrumento utilizado para caracterizar o ambiente sócio-moral, se configura em
uma ficha de observação – a apresentada abaixo. Para cada item da ficha são atribuídas
respostas objetivas entre sim, não, e, às vezes, de propostas mais coercitivas a propostas de
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Este é um resumo estendido do Projeto de Iniciação Científica realizado pela acadêmica Maryelle Raiane
Pereira com orientação da professora Luciana Maria Caetano.
professor – opiniões.
18) Cumpre regras sem necessidade de ser S N AV
aluno lembrado.
19) Respeita a opinião do colega. S N AV
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LUKJANENKO, Maria F. S. P. Um estudo sobre a relação entre o julgamento do professor e o ambiente
escolar por ele proporcionado. Dissertação de Mestrado. Campinas, SP, Faculdade de Educação, Unicamp,
1995.
REFERÊNCIAS
CAETANO, L. M. (2011). É possível educar sem palmadas? São Paulo: Editoras Paulinas.
PIAGET, J. O juízo moral na criança. Tradução de Elzon Leonardon, 2. ed. São Paulo:
Summus, 1932/1994, 302 p.