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Redes Industriais

Jorge Augusto Pessatto Mondadori


© 2016 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Editoração
Produção de Materiais Didáticos

Capa
Toninho Cartoon

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE


Sobre os autores
Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Olá, meu nome é Jorge Augusto Mondadori e desenvolvi este ma-


terial para lhe auxiliar no aprendizado relacionado a redes indus-
triais. Sou engenheiro de controle e automação; nessa profissão,
trabalhei durante os anos de 2008 a 2012 com projeto e execução
de sistemas de automação industrial por todo o país, nas mais di-
versas fábricas e indústrias. Minhas especialidades relacionadas à
automação são o desenvolvimento de lógica de controle, projeto de
redes industriais e elaboração de sistemas de aquisição de dados
e controle industrial.

Em paralelo ao trabalho de engenheiro, sempre tive aptidão para


ministrar aulas, desde a graduação, atuando como monitor e pro-
fessor de cursinhos pré-vestibular. Em 2012, ingressei no Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial no Paraná, no qual, hoje, co-
ordeno o curso de pós-graduação em Engenharia de Automação
Industrial e ministro aulas no curso técnico. De 2013 a 2015, fiz
pós-graduação que me titulou mestre em Engenharia mecânica e
Aeronáutica, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José
dos Campos.

Atualmente, faço doutorado em Pesquisa Operacional, um ramo


da área de Engenharia de Produção que trabalha otimização
de processos, sistemas de gestão e tomada de decisão, em um
programa conjunto do ITA com a Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP).
Sumário
Capítulo 1 Introdução à comunicação digital...................................9
1.1 Histórico das comunicações............................................................................. 11
1.2 Conceitos básicos............................................................................................. 13
1.3 Modulação e conversão de sinais.................................................................... 15
1.4 Histórico dos sistemas de controle................................................................... 23
1.5 Importância da aplicação de redes industriais................................................. 26

Capítulo 2 Introdução às redes industriais.......................................29


2.1 Comunicação Industrial.................................................................................... 31
2.2 Modelo OSI/ISO................................................................................................ 33
2.3 Topologias física e lógica.................................................................................. 36
2.4 Normas que padronizam a comunicação industrial......................................... 42

Capítulo 3 Interfaces industriais de comunicação serial..................51


3.1 Interfaces seriais industriais............................................................................. 53
3.1.1 Classificação das interfaces quanto ao sincronismo.............................. 53
3.1.2 Classificação das interfaces quanto ao fluxo de dados......................... 57
3.1.3 Classificação das interfaces quanto à referência................................... 59
3.1.4 A interface serial RS-232......................................................................... 61
3.1.5 A interface serial RS-422......................................................................... 64
3.1.6 A interface serial RS-485......................................................................... 65
3.1.7 A interface USB....................................................................................... 69
3.1.8 Introdução à ethernet.............................................................................. 71

Capítulo 4 Meios físicos de transporte de dados.............................75


4.1 Cabo coaxial..................................................................................................... 76
4.1.1 Cabo UTP................................................................................................ 79
4.1.2 Cabo STP................................................................................................ 83
4.1.3 Fibra ótica................................................................................................ 84
4.1.4 Fibra ótica multimodo.............................................................................. 85
4.1.5 Fibra ótica monomodo............................................................................ 86
4.1.6 Meios de comunicação sem fio.............................................................. 87

Capítulo 5 Protocolos de comunicação industrial i...........................97


5.1 Desenvolvimento.............................................................................................. 99
5.2 Protocolo MODBUS.......................................................................................... 100
5.3 Protocolo AS-i (Actuator Sensor Interface)...................................................... 105
5.4 Protocolo IO-link............................................................................................... 107
5.5 Protocolo Hart................................................................................................... 110
5.6 Protocolo CANopen.......................................................................................... 112
5.7 Protocolo PROFIBUS-PA.................................................................................. 116

Capítulo 6 Protocolos de comunicação industrial ii..........................123


6.1 DeviceNET........................................................................................................ 125
6.2 PROFIBUS-DP................................................................................................. 130
6.3 MODBUS TCP.................................................................................................. 133
6.4 PROFINET........................................................................................................ 134
6.5 Ethernet/IP........................................................................................................ 138
6.6 PowerLink......................................................................................................... 140
6.7 EtherCAT........................................................................................................... 143

Capítulo 7 Protocolos de comunicação residencial.........................149


7.1 Desenvolvimento.............................................................................................. 151
7.2 Protocolo lon..................................................................................................... 152
7.3 Protocolo x10.................................................................................................... 156
7.4 Protocolo knx.................................................................................................... 161
7.5 Protocolo BACnet............................................................................................. 164
7.6 Protocolo EnOcean........................................................................................... 165
7.7 Aplicações open-source.................................................................................... 167

Capítulo 8 Opc (conexão embarcada de objetos para


controle de processos).......................................................................173
8.1 OPC DA (Data Access)..................................................................................... 175
8.2 OPC UA (Unified Architecture)......................................................................... 193

CONCLUSÃO....................................................................................196

REFERÊNCIAS.................................................................................200
Apresentação
A disciplina de Redes Industriais utiliza como base as principais
normas da Comissão Internacional de Eletrotécnica (IEC) e regu-
lamentação do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
(IEEE). O conhecimento aprofundado é fundamental para enge-
nheiros que atuam no ramo industrial em processos automatiza-
dos, desde automação de sistemas de geração, subestações e
processos de fabricação, culminando nos conhecimentos de auto-
mação residencial, melhorando o conforto e o bem-estar dentro de
casas e apartamentos modernos.

Nesta disciplina, estudaremos os pontos fundamentais para a apli-


cação de redes industriais em projetos voltados para automação e
aquisição de dados. O Capítulo 1 trata, especificamente, da introdu-
ção a tecnologias de comunicação. No Capítulo 2, estudaremos as
normas técnicas principais aplicadas nos protocolos e nas interfaces.
O Capítulo 3 versa sobre o uso das interfaces seriais de comunicação
e os modos de comunicação. O Capítulo 4 apresenta os meios físicos
mais comuns que são utilizados e as características principais desses
meios. Os Capítulos 5 e 6 tratam da aplicação e da padronização de
protocolos de comunicação voltados para aplicações industriais. O
Capítulo 7 apresenta os protocolos de comunicação voltados a proje-
tos de automação predial e residencial. Por fim, o Capítulo 8 aborda
a aplicação da tecnologia de objetos embarcados OPC.

Aproveite este material, em conjunto com as demais ferramentas


de apoio didático. Busque sempre mais informações por meio dos
links apresentados e das referências bibliográficas. Desejo a você
bons estudos!
Introdução à comunicação
Capítulo
1
digital

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Este capítulo introduz conceitos
de comunicação de dados pela essência e por histórico.
Além disso, faz conexão com demais áreas do estudo das
engenharias elétrica e eletrônica, como eletrônica analógica,
digital e sistemas de geração e modulação de sinais.
O conhecimento deste capítulo permitirá que, posteriormente
você entenda as origens dos principais protocolos de
comunicação industrial e de atual desenvolvimento. O
tempo em que estudamos, atualmente, torna os sistemas
mais modernos em obsolescência rápida; por essa razão,
precisamos fundamentar muito bem as origens e o andamento
dessa evolução.
Convido você a conhecer esse histórico, relembrar alguns
conceitos de disciplinas passadas e associar o conhecimento
ao mercado de trabalho atual. Pense que, há apenas meio
século atrás, receber um sinal de televisão dentro de casa
era um artigo de luxo; hoje, porém, contratamos serviços por
demanda em um aparelho que cabe no nosso bolso e se
torna ultrapassado de ano em ano.
Vivemos a era da televisão digital, e os protocolos de
comunicação também evoluíram de forma semelhante. Os
sistemas de controle partiram de painéis gigantes de lógica
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de relés para controladores compactos que se comunicam


com dispositivos atuadores dentro de um centro de controle
e comando fechado em uma pequena sala.
Vamos, agora, aprender mais a respeito desse tema. Bons
estudos!

Objetivos
• Apresentar os conceitos do processo de comunicação.
• Proporcionar uma visão geral dos sistemas de
comunicação.
• Caracterizar a comunicação em modulação e digitalização
de sinais.
• Estudar os conceitos de ruído em sistemas analógicos e
digitais.
• Explicar os métodos de conversão digital de dados.
• Contextualizar a informação com a comunicação.

Esquema
● História da comunicação
o Surgimento da eletrônica
o Aplicações iniciais da Internet
● Conceitos básicos de comunicação
o Transmissor e receptor
o Mensagem e protocolo
o Ruído na comunicação
● Modulação de sinais
o Sinal e portadora analógicos
o Sinal digital e portadora analógica
o Digitalização de sinais analógicos e Teorema
de Nyquist
● Histórico de controle industrial
o Lógica de controle
o Sistema Digital de Controle Distribuído
o Necessidade de comunicação industrial
● Importância de protocolos de comunicação industrial
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1.1 Histórico das comunicações

Querido(a) aluno(a), a comunicação e a transmissão de informa-


ções foi extremamente necessária para a evolução do ser huma-
no desde seu surgimento no planeta. O conhecimento é passado
adiante, permitindo que erros fossem minimizados e acertos con-
tinuassem presentes nas mais diversas atividades. Assim como
acontece em uma sala de aula, mesmo que virtual, o professor
faz o papel de fonte de informações, passando essas informações
aos alunos, receptores da comunicação, para que construam um
conhecimento sólido acerca de qualquer assunto.

Figura 1.1 - Comunicação

Fonte: Elaborada pelo autor.

Diante de diversos possíveis cenários catastróficos que o ser huma-


no pode viver no futuro, o maior medo é a perda de comunicação.
Independente da forma como aconteça, a falta de comunicação ces-
sa a transferência de conhecimento, impedindo que a informação
trafegue e sistemas logísticos se comportem de forma planejada.

A dispersão geográfica da população tornou a necessidade da co-


municação fundamental para a sobrevivência de nossa espécie.
Isso fez com que fossem desenvolvidos métodos cada vez mais
eficazes para disseminar notícias, informações e conhecimento.
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Em 1838, Samuel Morse revolucionou o conceito de comunicação


com a criação do telégrafo, em um mundo que utilizava apenas
transporte de cartas (sem citar métodos rudimentares, como sinais
de fumaça e pombos-correio) para enviar informações. Essa inven-
ção permitia que caracteres codificados fossem enviados por meio
de impulsos elétricos e fossem decodificados pelo receptor para
compreensão da mensagem.

A partir do desenvolvimento da transmissão de informação por si-


nais elétricos e eletromagnéticos, houve a criação de outros siste-
mas de comunicação, como telefone, rádio e televisor; sistemas
esses que ainda fazem parte do nosso dia a dia e evoluíram em
conjunto com a eletrônica analógica e digital.

Seguindo essa trajetória evolutiva, os computadores surgiram como


forma de processamento e armazenamento de dados no início da
década de 1950. A motivação inicial era a presente ameaça que a
Guerra Fria causava. Naquele momento, era necessário o surgi-
mento de um sistema de comunicação eficiente entre bases mili-
tares para transporte de informações codificadas. O Departamento
de Defesa dos Estados Unidos da América desenvolveu, então,
a ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network),
que, posteriormente, fundiu-se com a NSFNET (National Science
Foundation Network), que administrava o tráfego de informações
científicas na década de 1970. Como em 1990 a Europa já havia
estabelecido suas redes de conexão digital EuropaNET e EBONE,
todas foram unidas para formar o que hoje conhecemos como uma
ligação inter-redes, ou INTERNET.
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1.2 Conceitos básicos

Para que a comunicação seja efetiva, caro(a) aluno(a), alguns itens


devem estar presentes. Estabelecemos, aqui, alguns conceitos
que permitirão nosso entendimento de redes industriais, conforme
avançarmos o estudo:

• Mensagem - trata-se da informação que será enviada por al-


gum canal de comunicação. Pode ser formada por apenas
um bit (relembre: é a menor unidade de dado da eletrônica
digital), representando o estado atual de um dispositivo, até
Gigabytes (bilhões de bits) de um filme.

• Canal ou meio - a informação precisa trafegar de alguma


forma. O meio físico ou canal de comunicação garante essa
transferência. Podemos citar, brevemente, cabos, fibras e, até
mesmo, a atmosfera.

• Protocolo - o protocolo é a linguagem comum entre os agen-


tes da comunicação. Podemos defini-lo como um conjunto de
regras que ordenam a comunicação. Acontece de forma se-
melhante ao nosso idioma, se não dominarmos corretamente,
podem ocorrer falhas no processo.

• Transmissor - é o dispositivo que envia a informação ou o


conjunto de dados, seguindo as regras do protocolo de
comunicação.

• Receptor - é o dispositivo ou sistema que recebe a informa-


ção e a converte para uma forma inteligível, por meio do pro-
tocolo de comunicação.
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Figura 1. 2 - Conceitos da comunicação

Fonte: Elaborada pelo autor.

Durante o processo de envio de informações, podem acontecer


ruídos de diversas características. Imagine que, ao estudar, seu
vizinho esteja utilizando uma furadeira para pendurar um quadro.
Esse sinal que se interpõe ao sinal original causa uma falha no en-
tendimento da mensagem e pode ser caracterizado por dois gran-
des grupos: os ruídos externos, que são causados externamente
à natureza da comunicação, e os ruídos internos, causados pe-
los próprios componentes e materiais que constituem meio físico,
transmissor e receptor. O ruído tem diversas características. O ruí-
do externo pode ser caracterizado como:

• gerado pelo homem - nossas atitudes, instalações elétricas, a


forma que alteramos o meio geram distúrbios na comunicação.

• atmosférico - está relacionado ao clima e ao tempo em deter-


minada região. Tem característica estática e pode acontecer
devido a descargas atmosféricas, por exemplo.

• interestelar - por incrível que pareça, radiações cósmicas


interferem na nossa comunicação, influenciando sinais de
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transmissão e recepção de satélites. Caso tenha interesse


em saber mais, pode pesquisar acerca das constantes tem-
pestades solares que assombraram o setor de telecomunica-
ções em 2012.

• radial - a característica desse ruído é eletromagnética, que


interfere nas linhas de campo de determinado sinal.

• não aleatório - ruído que pode ser detectado facilmente, bem


como sua fonte. A sua origem pode ser por ressonância, mo-
tores, contatos com defeito em instalações, falha de aterra-
mento etc.

• aleatório - é de difícil detecção de fonte, podendo acontecer


de maneira aleatória na comunicação, prejudicando, de forma
esporádica, o recebimento de dados.

• térmico - causado por efeito de aquecimento em materiais


dos componentes e meios físicos. Ao alterar a temperatura
de um sistema, sua impedância pode ser alterada, gerando
queda de qualidade do sinal.

Assim, o estudo de ruídos é uma das principais áreas em que você


deverá se aprofundar ao entrar no mercado das telecomunicações.

1.3 Modulação e conversão de sinais

Imagine você, prezado(a) aluno(a), ministrando uma palestra. Ao


falar por um microfone, você atua como transmissor da mensa-
gem, e o microfone, como receptor. Nesse momento, um elemento
sensor é ativado e converte as ondas mecânicas emitidas por sua
voz para sinais elétricos. Ao enviar para o sistema distribuído de
som, o microfone atua como transmissor, e as caixas de som, como
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receptores; posteriormente, o mesmo fluxo segue dos alto-falan-


tes para a plateia. Nessa simples analogia, vemos uma série de
conversões de sinais, mecânicos para elétricos, depois, para me-
cânicos novamente. A comunicação, em geral, ocorre de maneira
semelhante, e não é diferente nos sistemas industriais.

Para compreendermos como a comunicação, de fato, ocor-


re, precisamos consolidar os conceitos de modulação de sinais.
Provavelmente, você já ouviu falar de ondas AM e FM, talvez, até
tenha cursado uma disciplina de sinais e sistemas. Lembrando da
física, vemos que ondas de transmissão de rádio têm característi-
cas eletromagnéticas, e precisamos inserir essas informações den-
tro de ondas portadoras (que carregam a informação).

A modulação AM altera a amplitude da onda por meio da portado-


ra, daí seu nome Amplitude Modulation. O importante, nesse mo-
mento, é entender que usamos a portadora para inserir um sinal
modulante e mantemos a frequência e a fase constantes. A onda
resultante, então, é o somatório de amplitude das ondas de sinal e
da moduladora.

No caso da Frequency Modulation (FM), a frequência original do


sinal é alterada pela portadora. Por ter mais energia e comprimento
de onda menor, garante que sinais maiores possam ser inseridos.
Assim, sistemas analógicos de rádio de alta qualidade e televisão
(UHF - Ultra High Frequency - e VHF - Very High Frequency) são
gerados dessa forma.

Em uma comparação breve, podemos concluir que ondas AM via-


jam mais longe (lembre do radinho de pilha que recebe o jogo de
qualquer lugar que seja transmitido), e as ondas FM abrangem áre-
as menores com maior qualidade (por essa razão, uma emissora de
rádio nacional FM precisa de uma base em cada cidade que atua).
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Reflita
Embora as comunicações industriais sejam feitas, em sua
maior parte, utilizando sinais digitais, é importante saber como
utilizar sinais analógicos para casos em que a comunicação
seja de difícil acesso. Alguns sensores e atuadores industriais podem
estar em locais remotos, e equipamentos específicos de rádio são
empregados. A telemetria será abordada de forma mais aprofundada
nos estudos dos protocolos industriais, porém precisamos refletir
acerca da necessidade dela desde já, para não cairmos no erro de
conhecermos apenas sinais digitais.

Além das portadoras, a forma de comunicação que você mais en-


contrará no seu dia a dia profissional será a comunicação digital.
Nyquist desenvolveu um teorema de amostragem de sinais que
trata da digitalização. De forma simplificada, o modulador digital co-
leta a medição em diversos instantes, construindo o espectro digital
da onda. Esse teorema determina que:

• uma função a ser amostrada que tem frequências superiores


a fm[Hz] será totalmente definida por suas amplitudes quando
obtidas em intervalos regulares menores que ½*fm segundos.

• um sinal limitado em faixa que não possua componentes es-


pectrais acima de fm[Hz] é determinado apenas por seus va-
lores obtidos por meio de intervalos regulares menores que
½*fm.

Sendo assim, o cálculo para determinar a amostragem é feito pela


expansão da transformada de Fourier no sinal original.
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Saiba mais
Para verificar a demonstração do teorema de Nyquist, sugiro
que você busque livros que tratem da disciplina de Sistemas de
Controle. Esses livros abordam a transformada de Laplace para
representar funções no domínio da frequência e descrevem o pro-
cesso de discretização de sinais utilizando o teorema citado.

Um sinal digital, para ser transmitido, precisa ser modulado pelo


transmissor e demodulado pelo receptor. Nesse momento, tal-
vez, você esteja pensando no dispositivo MODEM (MODulador -
DEModulador), utilizado na era da telefonia analógica para cone-
xão com a internet. É necessário que todo ponto de acesso (nossos
computadores) possua um MODEM, e uma chamada telefônica é
feita a uma central, chamada servidor ou provedor de serviço, que
faz nossa conexão com o mundo externo.

Em comunicações industriais, esse conceito já está embarcado


nos dispositivos, porém várias usinas e subestações antigas ain-
da utilizam essa forma de comunicação. Vamos discutir um pouco
mais acerca das portadoras analógicas que utilizam sinais digitais
para sua transmissão.

A modulação ASK (amplitude shift keying) insere, em nível lógico


nulo (o “zero” da eletrônica digital), um sinal analógico de ampli-
tude baixa, em comparação ao nível lógico alto (o “um” da eletrô-
nica digital). A Figura 1.3 representa o envio da informação digital
00110100010.
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Figura 1.3 - Sinal modulado ASK

Fonte: Oppenheim; Shafer (1999, p. 163).

Como um sinal enviado representando o valor “zero” tem ausência


de amplitude, podemos, concluir que um ruído que eleve a tensão
desse sinal seja interpretado como um valor “um”, ou seja, a mo-
dulação ASK é muito sensível a ruídos eletromagnéticos causados
por indução e estática.

Outra forma de modulação de sinais digitais por portadoras ana-


lógicas é a FSK (Frequency Shift Keying). Como seu nome suge-
re, a modulação ocorre na alteração da frequência da portadora
conforme o sinal digital portado, assim, a frequência será maior
quando tivermos o nível lógico “um”, e menor quando o nível lógico
for “zero”. A Figura 1.4 demonstra o uso da FSK no mesmo sinal
00110100010 da Figura 1.3.
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Figura 1.4 - Sinal modulado FSK

Fonte: Oppenheim; Shafer (1999. p. 165).

A última forma de modulação é a PSK (Phase Shift Keying), que


altera a fase de uma onda toda vez que o sinal troca de “zero” para
“um” ou de “um” para “zero”. Permanecendo a frequência e a am-
plitude da onda constantes. Assim, o mesmo sinal apresentado nas
Figuras 1.3 e 1.4 é representado pela portadora PSK na Figura 1.5.

Figura 1.5 - Sinal modulado PSK

Fonte: Oppenheim; Shafer (1999. p. 169).


UNIUBE 23

Os conceitos de velocidade de modulação e de demodulação in-


terferem até hoje no nosso uso de telefonia móvel e internet. A
velocidade de comunicação é definida na unidade de processa-
mento de dados por unidade de tempo, e a mais comum é a bps
(bits por segundo).

Fazendo uma analogia com nossas conexões digitais residenciais,


suponhamos que um serviço de streaming de vídeo, contratado
por você, envie um capítulo de série para você de 1 gigabyte de
informações. Você pretende baixar toda a informação para evitar
aquelas travadas indesejadas durante seu momento de lazer, en-
tão, dispõe de uma conexão constante de 5 Mbps (banda larga).
Quanto tempo você, prezado(a) aluno(a), levará para baixar esse
episódio completo?

1 gigabyte é, aproximadamente, 8 gigabits (8 bilhões de bits). Sua


conexão permite 5 milhões de bits por segundo. Então, você preci-
sará de, aproximadamente, 1600 segundos, ou 0,44h para baixar
completamente o episódio.

No próximo capítulo, discutiremos as interfaces seriais de comunica-


ção, porém convém introduzir mais um conceito e algumas informa-
ções importantes relacionadas à função do engenheiro eletricista.

A velocidade de comunicação é, muitas vezes, denominada baud


rate; este será o termo utilizado durante o estudo de protocolos de
comunicação industrial. No início do desenvolvimento das comuni-
cações digitais, as velocidades foram padronizadas pelas limitações
da eletrônica da época. Então, é comum utilizarmos valores apre-
sentados a padrões internacionais. Os valores mais comuns de baud
rate ou bits por segundo são: 300, 1200, 2400, 4800, 9600, 14400,
28800 (28K), 33600, 56000 (56K), 115200 e 25000. O termo baud
rate, em termos práticos, é a velocidade, contudo a definição é a
24 UNIUBE

taxa de modulação digital dos dados expressa em bits por segundo.


Por curiosidade, a velocidade de um exímio operador de telégrafo
na guerra era de 50 a 60 bits por segundo utilizando o código Morse.

Faço essa contextualização a você pois uma das formas de aqui-


sição de dados de medidores das concessionárias de energia
elétrica é a saída do usuário, que utiliza a norma ABNT CODI. A
saída do usuário para todo o território nacional tem um protocolo
específico da ABNT (acerca do qual discutiremos no Capítulo 4)
e sua velocidade padrão é de 110bps. Você deve ter percebido,
caro(a) aluno(a), que esse valor não é um valor padrão internacio-
nal. Devemos, então, nos atentar ao implementarmos sistemas de
comunicação em entradas de serviço e postos de transformação.
Mais sério ainda será o uso dessa comunicação em sistemas de
controle e proteção, como relés inteligentes em subestações e con-
troladores de demanda em setores industriais.

Essa mesma saída do usuário deve ser utilizada por meio de aco-
plador óptico para proteger o medidor e a instalação elétrica, e a
concessionária pode utilizá-la para fazer telemedição sem a neces-
sidade de enviar leituristas para pontos remotos de fornecimento.

IMPORTANTE!
A eficiência energética começa conhecendo características de con-
sumo, demanda, fator de potência e frequências harmônicas pre-
sentes na instalação. Os dados coletados conforme a NBR14522
podem ser utilizados para antecipar a fatura de energia e corrigir
problemas de instalação. Busque na internet e em companhias de
engenharia elétrica softwares de gerenciamento de energia. Você
verá que os mais completos contemplam o uso da saída do usuário
dos medidores de energia.
UNIUBE 25

1.4 Histórico dos sistemas de controle

Com a evolução de sistemas eletrônicos, microcontroladores e


processadores foram desenvolvidos, permitindo substituir lógica
de relés por meio da programação desses. Esses sistemas eram
utilizados para lógicas de controle discreto, quando as variáveis de
controle representam apenas valores discretos (também chama-
dos de booleanos, “zero” e “um”). Para controle que envolvia sinais
analógicas, foram utilizadas placas dedicadas, que tinham amplifi-
cadores operacionais configurados como comparadores, somado-
res, subtratores, integradores e derivadores de sinal.

Esses Controladores Lógicos Programáveis (CLP) eram instalados


nos painéis elétricos e ficavam responsáveis por executar a lógica de
controle (Figura 1.6), atualizando as saídas para atuadores conforme
a alteração recebida pelas entradas. Junto com a evolução desses
sistemas de controle, as indústrias aumentaram sua área de fabrica-
ção e surgiu a necessidade de implementar esses controles distribuí-
dos para mantê-los mais próximos aos dispositivos de processo.

Figura 1.6 - Ciclo contínuo de varredura de um CLP

Fonte: Elaborada pelo autor.

Imagine, então, caro(a) aluno(a), que vários controladores indivi-


duais estavam disponíveis para controlar sistemas isolados. Não
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mais havia um sistema de controle digital central. Agora, o controle


era chamado SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído).

A comunicação, quando necessária, era feita por meio de chicotes


de cabos de múltiplas vias de um sistema para outro. Isso tornou
a prática muito cara, visto que cada vez mais a informação era ne-
cessária para interconectar computadores de processos isolados.

Na década de 1960, surgiram os sinais analógicos para controle de


processos utilizando transmissores (converte o sinal de um sensor
para algo que o controlador consiga interpretar) de 4mA a 20mA e
0V a 10V. Placas dedicadas para controle proporcional e analógi-
co começaram, então, a ser integradas na programação dos CLP.
O circuito eletrônico da Figura 1.7 representa a lógica de controle
proporcional utilizando amplificadores operacionais.

Figura 1.7 - Esquema de uma placa de controle PID

Fonte: Meyrath (2005, p.6 ).


UNIUBE 27

Para reduzir os custos de hardware da implementação desse mo-


delo de controle, começou-se a desenvolver, em 1980, os primeiros
protocolos de comunicação industrial. Ainda eram representados
por sinais digitais enviados sem uma organização específica de or-
dem ou quantidade de dados por pacotes. Eram de propriedade do
desenvolvedor do código, então, equipamentos desenvolvidos por
outros fabricantes ou, até mesmo, programados por engenheiros
diferentes não conseguiam comunicar-se entre si.

Outra razão que impulsionou o surgimento das redes industriais foi


o conceito de manufatura integrada (diagramado na Figura 1.8).
Era obrigatório para controle de qualidade e de processo que os
dados de fabricação fossem coletados e armazenados em bancos
de dados para análises quantitativas e estatísticas.

Figura 1.8 - Estrutura da manufatura integrada de volume de informações

Fonte: Elaborada pelo autor.


28 UNIUBE

1.5 Importância da aplicação de redes industriais

De acordo a seção anterior, entendemos que os sistemas de co-


municação digital evoluíram em conjunto com a complexidade dos
processos. No decorrer desta unidade curricular, detalharemos,
juntos, aspectos que caracterizam interfaces seriais e protocolos
de comunicação.

As redes industriais, hoje, estão integradas a sistemas de automa-


ção, desde automação residencial até processos que exigem sin-
cronia em tempo real (real time processes). Então, o estudo desse
tema é algo fundamental para ampliação e o desenvolvimento de
novos projetos.

Conforme veremos nos capítulos a seguir, as redes industriais


estão em todos os lugares, talvez não tão visíveis, mas sempre
presentes. Existem protocolos de comunicação para: sensores
e atuadores inteligentes; sistemas de supervisão e interfaces de
operação de máquinas, que utilizam comunicação constante; apli-
cações residenciais, que têm seus protocolos dedicados; e, até
mesmo, nossos aparelhos celulares, que implementam alguns pro-
tocolos industriais para que possamos coletar dados de fabricação
diretamente para qualquer sistema.

Além disso, visualizamos um cenário a curto prazo com a nova


revolução industrial, que está sendo chamada de Indústria 4.0.
Recomendo a você que busque sempre novas informações acerca
desse conceito, e não se prenda a definições rígidas, pois as diver-
sas escolas (alemã, americana, australiana, francesa, italiana, bra-
sileira) divergem em vários aspectos. As únicas coisas que todas
elas têm em comum são: eficiência energética no processo indus-
trial, na coleta de dados e na comunicação no chão de fábrica. A
UNIUBE 29

escola alemã defende que monitorar máquinas garante um grande


ganho em relação à manutenção do processo, os norte-america-
nos defendem que a maior importância é conhecer o estado da pro-
dução com rastreabilidade cada vez mais curta. Nós ainda estamos
criando nossa definição de indústria 4.0 conforme nossa realidade
produtiva. Sem dúvida, esse novo conceito abordará comunicação
entre dispositivos e tratamento de dados.

Para conhecer os sistemas produtivos, é necessário inserir bancos


de dados, outro ponto para o qual as redes industriais dão suporte.
Integração de sistemas ERP é prioritária para que administradores
possam fazer tomada de decisão de maneira assertiva. Quando
as informações estão disponíveis, utilizar os conceitos de business
intelligence fica muito mais confiável.

Outro ponto de disrupção é o surgimento da internet das coisas


(IoT - Internet of Things). Esse conceito abrange o uso de inte-
ligência computacional e programação em diversos dispositivos,
podendo esses ser industriais ou de uso mais comum. Como os
protocolos industriais sem fio são otimizados para utilizar a menor
quantidade de energia e processamento, eles foram adotados em
diversas aplicações com microcontroladores inseridos em chão de
fábrica para interconexão de máquinas.

Sintetizando…
Podemos, então, consolidar a informação e afirmar que uma rede
industrial é o conjunto de meio físico, protocolo e dispositivos inter-
conectados que compartilham informação com graus de importância
pré-estabelecidos conforme a aplicação. Esses componentes serão
estudados de forma aprofundada nos próximos capítulos.
30 UNIUBE

Considerações finais
Neste capítulo, aprendemos um pouco da história das comunica-
ções, da forma de tratamento de dados e dos conceitos básicos
que nos orientarão durante o processo de aprendizado desse tema.

É importante salientar que os termos apresentados neste capítulo


nos acompanharão até a finalização da disciplina, portanto, sugiro
que, nesse momento, anote os pontos importantes e se aprofunde
no tema.

A seguir, caro(a) aluno(a), faça as atividades complementares dispo-


níveis para se preparar para o próximo capítulo. Além das atividades,
consulte as bibliografias recomendadas e consultadas que estão
apresentadas. Para aprender mais, recomendo a leitura de manu-
ais técnicos de fabricantes de controladores industriais; comumente,
esses manuais apresentam conceitos importantes para aplicação.

No próximo capítulo, estudaremos mais detalhadamente a comu-


nicação digital e suas características fundamentais. Veremos os
modelos padronizados e discutiremos as normas nacionais e inter-
nacionais que regulamentam comunicações industriais.

Bons estudos! Até a próxima!


UNIUBE 31

Introdução às redes
Capítulo
2
industriais

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a). Neste capítulo, você estudará os concei-
tos de redes de computador e o modelo implementado interna-
cionalmente pela ISO (International Standard Organization), a
partir do qual moldaremos todos os futuros protocolos indus-
triais. Faremos algumas analogias didáticas a respeito des-
se formato, mas utilizaremos como principal recurso didáti-
co o modelo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet
Protocol), por implementar, de forma bem distinta, camadas
do modelo OSI (Open System Interconnection).
Serão apresentadas as topologias utilizadas no ambiente
de redes locais e industriais, fazendo um comparativo entre
elas, para que possamos adotar aquela que mais convém a
nossa aplicação diária. Aprenderemos, mais detalhadamen-
te, as características de ligação de dados e de objetos de
rede e veremos quais normas são implementadas no estudo
de protocolos industriais entre serviço e aplicação.
Os modelos internacionais fornecem base para aplicação das
rede de comunicação e para o desenvolvimentos de novos
protocolos. Precisamos entender como esse processo funcio-
na, pois o estudo das redes industriais é dinâmico e se atualiza
constantemente, trazendo novidades. Os protocolos e as apli-
cações atuais não somem, porém novos projetos, controladores
32 UNIUBE

e softwares inteligentes necessitam de protocolos mais desen-


volvidos e, em alguns casos, específicos ou proprietários.
Vamos desenvolver nosso conhecimento a respeito desse
tema nos próximos tópicos. Bons estudos!

Objetivos
• Apresentar conceitos padronizados de comunicação
industrial.
• Comentar as normas técnicas para aplicação de redes.
• Conceituar o padrão de comunicação aberta fornecido
pela ISO.
• Estabelecer a formatação para protocolo TCP/IP.
• Introduzir os conceitos de interfaces seriais.

Esquema
● Comunicação paralela versus serial
● Topologias de comunicação
o Estrela
o Anel
o Barramento
o Árvore
o Mista
● O modelo OSI/ISO
o As sete camadas do modelo OSI
o O protocolo TCP/IP
● Normas implementadas em projetos de redes indus-
triais
o IEC 61131, IEC 61131-5
o IEC 61158
o IEC 61784
● Meios físicos e a IEC 61918
● Norma brasileira para implementação de cabeamento
estruturado
ABNT 14522 para leitura de medidores do Grupo A de tari-
fação
UNIUBE 33

2.1 Comunicação Industrial

Conforme vimos no Capítulo 1, a evolução na quantidade de infor-


mações gerou a necessidade de uma forma de comunicação mais
eficiente que enviar cada dado por um meio físico dedicado. Essa
forma de comunicação é chamada interface paralela e permite o
envio de informações de maneira simultânea.

A comunicação paralela ainda é utilizada em sistemas de automa-


ção rudimentares. Um exemplo, para imaginarmos essa situação,
é uma mesa de operações com vários botões para acionar moto-
res e com a mesma quantidade de lâmpadas como retorno de es-
tado ligado/desligado desses motores. Se cada informação dessa
mesa (acionamento e retorno) for enviada ao painel de coman-
do por meio de uma via, ou condutor dedicado, caracteriza-se a
comunicação paralela. A Figura 2.1 representa uma simplificação
desse tipo de comunicação.

Figura 2.1 - Comunicação paralela

Fonte: Elaborada pelo autor.


34 UNIUBE

Esse exemplo de comunicação garante alta velocidade de infor-


mação, bastando apenas que o acionamento aconteça. Em con-
trapartida, para cada entrada e saída do painel de comando, uma
interface deve ser dedicada, bem como um elemento condutor.
Essas características se tornam custosas em termos de materiais
elétricos e eletrônicos.

A evolução da eletrônica permite que um trem de informações seja


enviado, conforme vimos no tópico de digitalização de sinais por
meio de portadoras. A Figura 2.2 representa a comunicação serial
de dados como exemplo.

Figura 2.2 - Comunicação serial

Fonte: Elaborada pelo autor.

Relembrando
Os controladores industriais eram individuais e controlavam pro-
cessos específicos por meio de placas dedicadas. A comunicação
serial forneceu as ferramentas importantes para que surgissem os
protocolos de comunicação. Assim, os SDCD, que estudamos no
Capítulo 1, se tornaram realidade.
UNIUBE 35

2.2 Modelo OSI/ISO

A ISO é a organização que estabelece padrões em diversos setores,


inclusive nas comunicações digitais. O modelo OSI permite uma
forma aberta de comunicação digital, que orienta a implementação
dos protocolos. Caro(a) aluno(a), é importante saber, nesse mo-
mento, que as recomendações do modelo OSI são apenas orienta-
tivas, e não obrigatórias. Ao estudar os protocolos de comunicação
industrial nos capítulos posteriores, você notará que nem todas as
camadas explicadas a seguir estão presentes. O modelo protocolo
de transferência de dados de internet TCP/IP que será apresenta-
do em breve é um exemplo de não implementação completa.

As camadas do modelo OSI/ISO são úteis para determinar a li-


gação fim a fim entre aplicações dos dispositivos interconectados.
São sete camadas no total:

1. Camada física - determina ao protocolo as características


físicas (elétricas, eletrônicas e mecânicas) de aplicação.
Exemplos: as interfaces, os conectores padronizados, o ca-
beamento e, além disso, a forma como esses elementos de-
vem estar dispostos e instalados.

2. Camada de enlace: garante a detecção de erros; caso es-


ses ocorreram, tem diretrizes para correção. Ela também é
responsável pelo fluxo de informação da rede, evitando que
muitas mensagens sejam enviadas sem que o receptor consi-
ga traduzi-las. Outra função importante em meios físicos com-
partilhados é o gerenciamento de acesso ao meio físico da
camada inferior (física).

3. Camada de rede - imagine uma rede toda interconectada,


qual caminho a mensagem deve seguir? A camada de rede
36 UNIUBE

determina o roteamento dos dados e tem algoritmos distintos


para encontrar o caminho mais econômico ou mais rápido,
conforme a situação.

4. Camada de transporte - garante que a mensagem saia do


transmissor e chegue, de forma íntegra, ao receptor. Ela que
estabelece, de fato, a conexão entre dois dispositivos inter-
ligados em uma rede. Toda vez que você se conecta a um
serviço na internet, a camada de transporte mantém essa co-
nexão ativa pelo tempo que for necessário para recebimento
e envio de dados.

5. Camada de sessão - trata do fluxo de informações grandes,


com muitos dados agregados. Caso uma informação, ao ser
transferida, esteja corrompida, ou a conexão termine por
algum motivo não previsto, a camada de sessão consegue
restabelecer a comunicação a partir do ponto em que houve
o problema. É essa camada que verifica constantemente o
carregamento de vídeos e músicas em tempo real na inter-
net, por exemplo; são informações grandes que precisam de
garantia entre envio e recebimento, para que haja qualidade.

6. Camada de apresentação - é a grande tradutora de dados.


Para nós, um conjunto de informações em binário ou hexa-
decimal faz pouco sentido. Uma imagem, por sua vez, está
muito mais próxima do nosso entendimento. Para que a apli-
cação sendo utilizada converta os dados que nós humanos
conseguimos entender para a linguagem que a máquina con-
segue transmitir e receber, é necessária uma conversão. Para
isso, temos a camada de apresentação.

7. Camada de aplicação - está mais próxima do nosso enten-


dimento. Aqui, estão definidos os aplicativos, como web
UNIUBE 37

browser, correio eletrônico, sistemas de supervisão e interfa-


ces de programação.

Todos esses conceitos são muito novos para quem nunca estudou
redes. Vamos fazer um exercício de analogia: acesse seu canal fa-
vorito no YouTube. O modelo TCP/IP é aquele que fornece a base
para o uso da internet. Agora, juntos, entenderemos cada camada
do modelo OSI/ISO.

Seu web browser representa a camada de aplicação, carrega a in-


terface visual do YouTube, os links, as imagens e os elementos de
controle. A camada de apresentação está convertendo uma série
de dados digitais nessas interfaces e, ao inserir um dado no site,
ela converte esse dado em informação digital novamente. Assim,
ela passa esses dados à camada de sessão que verificará o envio
de informações, se os pacotes (pedacinhos do vídeo) foram rece-
bidos na ordem correta, se os pacotes de áudio estão em sincronia
com os de vídeo etc. Tudo isso só é possível pois a camada de
transporte estabeleceu um link virtual direto entre o seu computa-
dor ou celular e o servidor do site. Esses dados precisam seguir um
caminho desde seu aparelho até o servidor (localizado nos Estados
Unidos); essa rota de informações foi determinada pela camada de
rede, fazendo com que você se conecte a diversos pontos até obter
a informação desejada. Para gerenciamento desse meio, a cama-
da de enlace verifica a disponibilidade dos cabos, as interfaces e as
antenas, evitando que a informação sofra eco ou carregue dados
desnecessários. Por fim, o cabo, a antena de seu roteador wi-fi, o
ar pelo qual trafegam as ondas eletromagnéticas estabelecem a
camada física.

O protocolo TCP/IP é utilizado em redes locais de computadores e


na internet. Ele não implementa detalhadamente as sete camadas
38 UNIUBE

do modelo conforme apresentado no exemplo do Youtube, mas seu


estudo é importante, pois estabelece o modelo para protocolos in-
dustriais que têm a base da ethernet. A ethernet é a implementação
da camada de enlace no protocolo TCP/IP, assim, podemos con-
cluir que todos os protocolos oriundos desse modelo compartilham
a camada física e os mesmos métodos para detecção de erros.

Quadro 2.1 - Camadas OSI e o modelo TCP/IP

Camada TCP/IP
DNS, BitTorrent, STP,HTTP, SMTP
Aplicação
IMAP (camadas 5 a 7 do OSI)
Transporte TCP, UDP, SCTP

Rede IP (v4 e v6), IPSec, ARP

Enlace Token Ring, Frame Relay, Ethernet, 802.11

Física USB, MODEM, Cabo de rede, Bluetooth

Fonte: Elaborado pelo autor.

Saiba mais
No site internacional da ISO, <https://www.iso.org/ics/35.100/x/>, é
possível adquirir a norma que padroniza as comunicações abertas
entre dispositivos de forma digital. Alguns capítulos da norma são
gratuitos pelo próprio site, bastando fazer cadastro.

2.3 Topologias física e lógica

Prezado(a) aluno(a), a partir do exposto, você já viu como a comu-


nicação se comporta desde a aplicação do usuário até o envio físico
UNIUBE 39

de informações. Já estudou, também, como ocorre a modulação e


a transformação do sinal digital e já foi possível entender os con-
ceitos de comunicação entre diversos dispositivos. Construiremos,
agora, as topologias mais comuns utilizadas em rede e apontare-
mos qual é a mais efetiva para comunicações industriais.

A diferença entre topologia física e lógica é apresentada da seguin-


te maneira: a física é a forma real como os dispositivos estão inter-
conectados pelo meio físico, a disposição das interfaces de entrada
e de saída e as características dessa conexão. Quando falamos
de topologia lógica, a física se torna invisível, e o que importa é a
forma como os controladores enxergam o meio e o acessam me-
diante as camadas dois e três do modelo.

Antes de estudarmos, padronizaremos conceitos muito importan-


tes: os modelos de comunicação mestre e escravo. O mestre é
único na rede e representa o ponto central que define a ordem
da comunicação (veremos mais pra frente que podemos ter vários
mestres na rede, mas ignoramos esse ponto por simplificação); ele
define quem acessa o meio e em que momento. O escravo é um
terminal na rede que apenas responde após o mestre entrar em
contato com ele, também é chamado de RTU (Remote Terminal
Unit) e é considerado um dispositivo passivo e “burro”, ou seja, sem
processamento de dados.

Outra forma importante de organização (mais comum em internet


do que em redes industriais) são os conceitos de cliente e de ser-
vidor. A comunicação ocorre quando o cliente solicita alguma infor-
mação, fazendo o papel do mestre na rede, e o servidor responde
apenas quando solicitado, fazendo o papel do escravo. Essa dife-
rença faz muito mais sentido quando estudamos os protocolos de
base ethernet, que compartilham características do modelo TCP/IP.
40 UNIUBE

A primeira topologia que vemos é a em estrela. Ela surgiu como


característica inicial para redes de comunicações locais entre esta-
ções de trabalho e orientadas por um computador central. O mestre
fica no centro da rede e os escravos dispostos ao redor, cada um
com uma interface física totalmente dedicada à comunicação dire-
ta. Isso permite diferentes velocidades de transmissão e protocolos
ao mesmo tempo (desde que o mestre seja capaz de processar).
Em comunicações industriais, é apenas vista em funções de ga-
teways entre protocolos distintos. A Figura 2.3 representa a topolo-
gia em estrela e sua principal vantagem é a fácil detecção de falha
em uma das pontas da topologia, sendo possível isolar o defeito.

Figura 2.3 - Topologia em estrela

Fonte: Elaborada pelo autor.

A topologia em anel utiliza diversas interfaces interconectadas ao


meio diretamente. Nesse tipo de topologia, há aplicações com múl-
tiplos mestres. A Figura 2.4 representa apenas um mestre e vários
escravos na rede. A camada de enlace define a ordem de acesso
das interfaces. Cada dispositivo acessa o meio uma vez apenas.
O problema nessa topologia é que, se uma interface falhar, toda a
UNIUBE 41

comunicação termina. A vantagem é que, se houver interfaces inte-


ligentes, elas podem, automaticamente, retirar da rede mensagens
duplicadas, otimizando o fluxo e a velocidade.

Figura 2.4 - Topologia em anel

Fonte: Elaborada pelo autor.

Sem dúvida, caro(a) aluno(a), a topologia mais presente em co-


municações industriais é a barramento (bus). Nessa topologia, as
interfaces de comunicação compartilham o mesmo meio físico, e
o gerenciamento de informações é feito pelo mestre. Ele acessa o
meio, solicitando resposta de cada escravo mediante seu endereço
individual. Uma representação física está na Figura 2.5, e a ligação
correta destes dispositivos é feita por uma conexão chamada daisy
chain, representada na Figura 2.6.
42 UNIUBE

Figura 2.5 - Topologia barramento

Fonte: Elaborada pelo autor.

Há problemas de comunicação apenas quando o barramento é


rompido, porém esse barramento é de baixo custo de instalação e
aplicação. Você verá, também, que diversos protocolos têm em seu
nome essa definição, alguns exemplos são: MODBUS, Foundation
Fieldbus e Profibus.

Figura 2.6 - Conexão Daisy Chain

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 43

Por fim, a topologia em árvore encerra nosso estudo de topologias


físicas. Ela tem como característica um ramo central de dados e
ramais (galhos da árvore) que interconecta interfaces para aces-
so dos terminais remotos. Esse tipo de topologia é largamente uti-
lizado em redes locais de computadores e acesso à internet. As
interfaces são as estações de acesso e roteamento que fornecem
acesso ao meio físico para transporte de informações.

Figura 2.6 - Topologia em árvore

Fonte: Elaborada pelo autor.

Existe, ainda, a topologia mista, que mistura uma ou mais topo-


logias descritas anteriormente para situações em que seja mais
conveniente que a comunicação trafegue por protocolos distintos.
Geralmente, os protocolos recomendam alguma topologia, porém
quem define a configuração de software de acesso ao meio é o
programador do sistema.
44 UNIUBE

Sintetizando...
Quadro 2.2 - Resumo das topologias

TOPOLOGIA VANTAGENS DESVANTAGENS

Tolerância a falhas, fácil acres-


Maior custo para instalação
Estrela centar terminais, monitoramen-
de cabos e interfaces.
to central e maior velocidade.
Requer menos cabos que Dificuldade de isolar pro-
Anel a estrela, tem desempe- blemas devido ao compar-
nho uniforme e previsível. tilhamento de interfaces.
Simples e fácil de instalar,
Tempo alto de propa-
fácil entendimento físico
Árvore gação, necessita de re-
e lógico, os dados trafe-
gras de roteamento.
gam em dois sentidos.
Rede lenta em períodos
Barramento Semelhante à árvore. de uso intenso, é difícil
isolar problemas na rede.
Fonte: Elaborado pelo autor.

2.4 Normas que padronizam a comunicação industrial

Vimos que a ISO forneceu o Modelo OSI de camadas em 1984, po-


rém as regras de implementação de protocolos industriais apenas
apareceram posteriormente, apresentadas pela IEC (International
Electrotechnical Commission), em conjunto com orientações do
IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers). As normas
da IEC e do IEEE utilizam um modelo modificado do OSI, chamado
EPA (Enhanced Performance Architecture - Arquitetura de perfor-
mance aprimorada). Nesse modelo, a camada um (física) perma-
nece, as camadas dois a quatro são chamadas Data Link (Enlace
de dados) e as camadas cinco a sete são chamadas camada de
aplicação. O funcionamento fundamental permanece o mesmo,
UNIUBE 45

visto que as camadas dois a quatro do modelo OSI tratam individu-


almente do enlace, do acesso e do transporte pelo meio.

A norma IEC 61131 implementa as diretrizes para programação de


controladores lógicos programáveis, bem como instalação física e
critérios de compatibilidade eletromagnética. A parte três da norma
(61131-3) aborda, especificamente, as linguagens de programação
padronizadas, mas, para a comunicação industrial, o que importa
é a parte cinco. Durante o desenvolvimento da norma, reservou-se
essa seção para tratar dos protocolos que estavam surgindo, po-
rém devido a grande quantidade de fabricantes engajados no de-
senvolvimento, apenas foi estabelecido como os blocos funcionais
se comportam como elementos de programação e comunicação.
Para fins de implementação e definição dos protocolos, postergou-
se o desenvolvimento para a norma IEC 61158.

Ampliando o conhecimento
A melhor forma de aprender a programar controladores é colocar a mão
na massa. Caso seja do seu interesse, utilize o software Codesys, de-
senvolvido pela empresa 3S. Vários fabricantes (mais de 400) utilizam
o Codesys para programação de CLP e você pode baixá-lo gratuita-
mente, mediante cadastro no site oficial da 3S: <https://store.codesys.
com/>. O software permite a programação e a simulação por meio das
cinco linguagens padronizadas pela IEC e da comunicação em rede,
conforme a norma IEC 61158. Um controlador industrial para uso didá-
tico é muito caro, e esse custo eleva-se mais ainda quando precisamos
acrescentar elementos de redes. A 3S desenvolveu um pacote de pro-
gramação para a plataforma de desenvolvimento Raspberry Pi, permi-
tindo utilizá-la como controlador e ponto remoto em vários protocolos
implementados pelas normas. Vale a pena conferir e estudar!
46 UNIUBE

No ano 2000, a IEC publicou a primeira versão da norma 61158, tra-


tando, especificamente, dos métodos e das boas práticas para pro-
jetos e aplicação de redes de comunicação industrial. Vamos discu-
tir todas as partes dessa norma, apontando algumas características
da norma 61784, que versa sobre protocolos de base ethernet.

A primeira parte da norma (61158-1) explica a estrutura e o con-


teúdo das outras partes e como aliar seu texto à norma 61784,
descrevendo as novidades para cada atualização e descrevendo
conceitos genéricos (que já vimos no decorrer deste texto) para
aplicações industriais. Talvez, a bibliografia mais completa acerca
do assunto seja o próprio documento da IEC, porém é de difícil
acesso (caro) e complexo para entendimento inicial.

A IEC 61158-2 determina as partes fundamentais e necessárias


para o uso de redes industriais. Em conjunto com a camada 1 do
modelo OSI, define as características de meios físicos e interfaces
para os protocolos de comunicação. Dentre as características de-
finidas, há: cabo coaxial, par trançado, tecnologia sem fios e fibra
óptica. Citam-se, também, os critérios de desempenho de tempo
em comunicações síncronas e assíncronas, bem como as veloci-
dades padronizadas e características do sinal. Conectores, diviso-
res de sinal, acopladores, conversores, terminadores e regras para
aterramento de dados também estão presentes detalhadamente
nessa parte da norma.

A terceira parte da norma estabelece as características de data link


(as camadas dois a quatro do modelo OSI) para os protocolos de
comunicação industrial. Ela é subdividida em 12 partes e define os
serviços implementados pelas camadas. Os serviços podem ser
orientados pelo modo de conexão dos agentes de comunicação, pela
ausência de conexão fim a fim (utilizando variáveis de rede) e por
UNIUBE 47

tempo ou cronograma de execução de etapas de comunicação. Na


sequência, a norma 61158-4 ainda tratará do data link, porém orien-
tada aos protocolos em si, e não aos serviços presentes; define como
conexões são estabelecidas e finalizadas, apresenta o conceito de
aplicação de handshake (quando o mestre solicita conexão ao escra-
vo) e determina como ocorre a comunicação no meio físico, quando
múltiplos mestres estão presentes em um barramento de dados.

As partes cinco e seis se comportam de forma semelhante às três


e quatro, uma tratando de serviços e outra de protocolos. Porém o
foco nessas duas últimas partes da norma é a aplicação e a progra-
mação, e não mais o data link.

Também subdividida em 12 partes, a IEC 61158-5 apresenta os


termos padronizados e as especificações da camada de aplicação
aos serviços. Esses serviços definem que tipo de dados são trans-
mitidos e como ocorre a conversão entre diversos tipos. Algumas
normas auxiliares compõem esses conceitos, publicadas em con-
junto com a ISO: ISO/IEC 7498, ISO/IEC 8822, ISO/IEC 9545 e
ISO/IEC 8824. É a partir desse ponto do estudo que enxergamos
as variáveis do processo como objetos da comunicação; esse ter-
mo será utilizado por diversos protocolos. Finalmente orientado
aos protocolos, a parte seis da norma apresenta a codificação de
dados que permite a interoperabilidade entre diferente dispositivos,
como selecionar as camadas de data link orientadas ao protocolo e
à aplicação. Em conjunto com a norma IEC 61131 partes 3 e 5, são
definidos blocos funcionais para comunicação específica aos pro-
tocolos, que, em um primeiro momento, eram generalizados para
qualquer comunicação industrial.

Acerca da norma IEC 61784, podemos esperar as características


de perfis específicos de comunicação dos protocolos apresentados
48 UNIUBE

na norma 61158. Podemos citar os seguintes protocolos de acordo


com essas normas: A-bus, Arcnet, Arinc 625, ASI, Batibus, Bitbus,
CAN, ControlNet, DeviceNet, DIN V 43322, DIN 66348, FAIS,
EIB, Ethernet, Factor, Foundation Fieldbus, FIP, Hart, IEEE 1118,
Instabus, Interbus-S, ISA SP50, IsiBus, IHS, ISP, J-1708, J-1850,
LAC, LON, MAP, Master FB, MB90, MIL 1553, MODBUS, MVB,
Parterbus, P-net, Probus, PDV, SERCOS, SDS, Sigma-i, Spabus,
Suconet, VAN, WorldFIP e ZB10.

Logicamente, apenas um curso de redes é insuficiente para estu-


dar todos os protocolos, assim, focaremos naqueles que mais são
aplicados nos contextos industriais. Ainda acerca da IEC 61784,
precisamos dar importância à característica de ser implementada
de maneira aplicada a processos de manufatura e controle de pro-
cessos. A segunda parte da norma foca em protocolos RTE, que
definem comunicação Real Time Ethernet como Profinet, Ethercat,
Powerlink e Ethernet/IP.

A terceira parte da norma aborda as regras gerais e a definição de


perfis para redes industriais de segurança. Esses perfis são utiliza-
dos como controle de segurança de máquinas e processos, atuan-
do, principalmente, em normas regulamentadoras, como a NR12.
Determina, também, quais são os limiares de compatibilidade ele-
tromagnética das redes para serem aplicados em ambientes com
atmosfera classificada.

Por fim, caro(a) aluno(a), há a norma que orienta o uso de infraes-


truturas de rede em projetos industriais. A norma IEC 61918 trata
do uso de cabos metálicos, fibras ópticas e cabeamento estrutura-
do para redes sem fio. Como todas as outras normas, apresenta
as características de compatibilidade eletromagnética e segurança,
UNIUBE 49

mas vai além: apresenta os requisitos e as capacidades que de-


terminada instalação deve atender. Os conectores e terminadores
de rede também são apresentados e normatizados. Por ser uma
norma voltada para meios físicos, ela não comenta as camadas
de data link dos protocolos. As formas de implementação e as ca-
racterísticas mecânicas discutiremos em um capítulo dedicado ao
projeto de redes industriais.

Como redes industriais dependem do uso de controladores progra-


máveis. A norma IEC 61918 apresenta a implementação desses
controladores, desde a instalação física deles (de acordo, também,
com a 61131), passando por uso geral de cabos, por interfaces, até
estabelecer o roteamento, conforme atendimento à norma ISO/IEC
24702; aborda, ainda, como terminadores e conectores pelo lado
do controlador devem ser instalados e, principalmente, as tecnolo-
gias que determinam aterramento e equipotencialização.

Uma vez feitas as instalações, a norma prevê quais são as tecnolo-


gias para certificação de pontos de rede, verificação e emissão de
laudos e relatórios técnicos de desempenho da rede. Esses testes
são implementados em redes de característica serial, em interfaces
comuns e nas redes de base ethernet (por meio dos protocolos RTE).

Discutimos, aqui, apenas normas internacionais para uso de re-


des industriais, devido à ausência de normativa nacional. Como
referência para projetos, podemos utilizar em protocolos de rede
comercial e predial a norma ABNT NBR 14565, que estabelece os
critérios mínimos para projeto de rede interna. Essa norma é uma
evolução da norma NBR 13300, que trata de redes telefônicas em
ambientes internos. Como a maioria dos dispositivos de automa-
ção industrial não tem representação oficial no Brasil, recomenda-
se o uso de normas da IEC.
50 UNIUBE

Pensando em aplicações de análise e gerenciamento de energia,


citamos, no Capítulo 1, a NBR 14522. Essa norma apresenta a for-
ma padronizada para Intercâmbio de Informações para Sistemas
de Medição de Energia. A implementação dessa norma garante
que um dispositivo seja capaz de receber leituras e enviar coman-
dos compatíveis com medidores de faturamento, especialmente do
Grupo A convencional e horo-sazonal.

Ampliando o conhecimento
Querido(a) aluno(a), procure as normas técnicas da concessionária de
energia de seu estado e de estados vizinhos. Essas normas estarão
disponíveis para download no próprio site da distribuidora, de forma
gratuita, e trarão alguns pontos da norma NBR 14522 (esta tem custo
para acesso) com relação ao funcionamento da telemetria e de saída
do usuário.
UNIUBE 51

Considerações finais
Neste capítulo, discutimos as características que tornaram a tecno-
logia em barramento a principal utilizada em comunicações indus-
triais. Foi a grande economia em interfaces seriais, que se desen-
volveu em conjunto com a eletrônica, que forneceu aos fabricantes
a possibilidade de criação de diversos protocolos de comunicação.

Em conjunto com essa evolução, estudamos as topologias e o


modelo tradicional proposto pela ISO para interconexão de siste-
mas abertos. A partir desse conhecimento, pudemos interpretar as
normas publicadas para aplicação prática de sistemas de redes
industriais.

As normas, em sua maioria, são internacionais e implementam ca-


racterísticas nas três camadas principais de protocolos industriais:
física, laço de dados e aplicação. As normas que tratam do meio
físico orientam o usuário em termos de instalação e compatibilida-
de eletromagnética e de aterramento. As normas de laço de da-
dos orientam a como garantir que a aplicação desenvolvida com
base na programação conseguirá acessar o meio. Por fim, vimos
as orientações relacionadas à aplicação e ao desenvolvimento da
estrutura de dados e de compartilhamento de variáveis.

No próximo capítulo, citaremos, brevemente, as mesmas normas,


porém com um foco muito mais aplicado às interfaces seriais mais
comuns, a suas características mecânicas e elétricas.

Aproveite este momento, caro(a) aluno(a), para fazer as atividade


e compreender mais. Até breve! Bons estudos!
Interfaces industriais de
Capítulo
3
comunicação serial

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Olá, caro(a) aluno(a)! Nos capítulos anteriores, discutimos os
conceitos fundamentais para a comunicação digital. A partir
de agora, construiremos o conhecimento de maneira cada
vez mais aprofundada acerca das redes industriais. Este
capítulo apresentará a você as interfaces de comunicação
serial, uma vez que já compreendemos o quão custosa é
uma comunicação paralela.
As interfaces de comunicação serial têm características
individuais de níveis de tensão, aplicabilidade, padronização
de conectores e protocolos que as implementam. Esses
serão os pontos abordados neste capítulo.
Inicialmente, classificaremos as interfaces seriais quanto
a algumas características comuns entre elas, para, então,
posteriormente, identificá-las individualmente. Além dos itens
citados, compararemos as interfaces, para que possamos
escolher a mais adequada para uso e aplicação conforme as
normas discutidas no Capítulo 2. Vale a pena comentar que
algumas interfaces discutidas aqui não são mais utilizadas
em projetos novos, porém ainda as encontramos em projetos
de instalações industriais em operação.
Quando conveniente, farei uma breve menção aos meios
físicos implementados em conjunto com as interfaces, mas
lembro que esse tópico será tratado com profundidade no
próximo capítulo.
Convido você a me acompanhar e aprender mais a respeito
das comunicações industriais. Bons estudos!

Objetivos
• Apresentar as interfaces seriais mais comuns na
comunicação industrial.
• Classificar as interfaces seriais quanto as suas
características comuns.
• Classificar as interfaces seriais quanto as suas
particularidades.
• Discutir níveis de tensão e padrão de aplicação.
• Determinar conectores e características físicas quanto
às normas vigentes.

Esquema
• Introdução às interfaces seriais
• Classificação das interfaces seriais
• Sincronismo
• Fluxo
• Balanceamento
• Interfaces seriais
• RS-232
• RS-422
• RS-423
• RS-485
• USB
• Introdução à ethernet
UNIUBE 55

3.1 Interfaces seriais industriais

A necessidade de transmissão de dados de forma rápida utilizando


menos recursos físicos culminou no desenvolvimento das interfa-
ces seriais. Os métodos computacionais de tratamento de dados,
as possibilidades de encapsulamento de informações e aplicação
de portadoras de sinal fizeram com que o software substituísse o
hardware em transmissão de dados. Anteriormente, uma interface
era dedicada para cada sinal, agora, a evolução de processadores
e a complexidade de código substituíram essas interfaces dedica-
das. Esses softwares que organizam a comunicação industrial são
chamados de protocolos e serão discutidos a partir do Capítulo 5.
Além das interfaces, os protocolos são aplicados utilizando meios
físicos específicos, porém isso é característica de norma, e não de
implementação de código.

As interfaces seriais podem ser utilizadas para transmitir da-


dos a longas distâncias em velocidades extremamente rápidas.
Classificamos as interfaces quanto ao sincronismo da comunica-
ção, ao fluxo de dados, à referência do sinal e à impedância. Além
disso, cada padrão de interface serial se diferencia conforme des-
crição de norma técnica internacional. Determinaremos as carac-
terísticas fundamentais para preparar o estudo em meios físicos e
protocolos de comunicação industrial.

3.1.1 Classificação das interfaces quanto ao sincronismo

A comunicação pode ser feita de forma síncrona e assíncrona.


No modo síncrono, existe a necessidade do envio de um sinal de
clock em conjunto com os dados. Esse sinal de clock permite a
56 UNIUBE

decodificação na troca de valor do seu nível de tensão, fazendo


com que o controlador leia o sinal concomitante ao dado. A Figura
3.1 representa o modo síncrono de comunicação, bem como
um exemplo de decodificação de sinal para determinado clock.
Podemos fazer uma analogia entre a conversão desses dados e
os registradores de deslocamento que estudamos em eletrônica
digital. Essa forma de comunicação também pode ser utilizada por
multiplexadores para envio de dados de distintos canais.

Figura 3.1 - Comunicação serial síncrona e decodificação por clock

Fonte: Elaborada pelo autor.

Relembrando
Embora nesse momento estejamos tratando apenas de sinais di-
gitais na interface serial, o conceito que definimos anteriormente
em comunicação por MODEM será muito importante. A velocidade
é um parâmetro importante e é definida pelo termo baud rate que
utiliza a unidade bps (bits por segundo) como taxa de transferência.
UNIUBE 57

Enquanto a comunicação síncrona exige um condutor dedicado


para envio do sinal de decodificação clock, a comunicação assín-
crona determina o uso de geração de sinal interna. Os microcon-
troladores e os microprocessadores de comunicação enviam a
informação codificada pelo baud rate local, e o receptor deve deco-
dificar da mesma forma. A Figura 3.2 apresenta como exemplo uma
comunicação assíncrona. Alguns cuidados devem ser tomados:

• em uma rede assíncrona, o clock interno deve ser garantido


e constante.

• a referência, embora isolada nos dispositivos, deve manter a


característica de equipotencial, ou seja, a mesma referência
de aterramento.

• o acesso ao meio de transmissão deve ser definido por proto-


colo específico e comum entre os dispositivos.

• é necessário estabelecer um bit de início e outro de parada na


transmissão, para que o receptor saiba quando está receben-
do e quando a comunicação cessou.

Figura 3.2 - Comunicação serial assíncrona

Fonte: Elaborada pelo autor.


58 UNIUBE

Como estabelecemos o funcionamento da rede por bit de início e


fim, também precisamos determinar qual a quantidade de bits é
enviada por vez. Esse parâmetro é chamado de data bits, e o seu
valor mais comum é de 8 bits ou um byte por vez. Como erros po-
dem acontecer e pacotes serem perdidos nessa distância maior de
comunicação, geralmente códigos de detecção de erros são imple-
mentados nos protocolos. Esses códigos são chamados de CRC
(Cyclic Redundancy Check) e são úteis, inclusive, em transferência
de dados compactados (arquivos .zip e .rar, por exemplo). Todas
essas características fazem com que o hardware da comunicação
assíncrona seja muito mais simples de ser implementado.

Podemos, prezado(a) aluno(a), tirar algumas conclusões em rela-


ção ao sincronismo de uma interface serial. A comunicação sín-
crona é mais eficiente, pois apenas precisamos enviar o trem de
pulsos em conjunto com o sinal de clock para decodificação, com o
preço de termos que dedicar uma interface para esse sinal. Embora
na comunicação assíncrona um protocolo de início e parada seja
necessário, a comunicação é mais barata e, tomando os devidos
cuidados, ela é efetiva. Em redes industriais, temos a comunica-
ção assíncrona mais aplicada para distâncias maiores entre dis-
positivos. Além disso, os protocolos definem as regras, e diversos
fabricantes podem desenvolver equipamentos que se comuniquem
entre si. Para comunicação interna entre placas e módulos de en-
trada e saída, a comunicação síncrona é mais comum, e o protoco-
lo ocorre de forma proprietária. Podemos fazer uma analogia com
placas de computadores, que atingem velocidades enormes de co-
dificação e decodificação, como as memórias RAM e os elementos
de armazenagem SSD.
UNIUBE 59

3.1.2 Classificação das interfaces quanto ao fluxo de dados

Uma vez que definimos o sincronismo da comunicação, precisa-


mos orientar a comunicação em relação ao fluxo. Esse fluxo pode
ser unidirecional, bidirecional alternado e bidirecional simultâneo.
Nesse momento, você deve perceber que o fluxo de dados pode
variar para comunicações paralelas ou seriais e, também, indepen-
de de sincronismo. As características que estamos discutindo são
independentes e mais comuns em alguns tipos de interfaces.

Ao fluxo de dados unidirecional damos o nome de simplex. Embora


não seja comum em comunicações industriais, a comunicação sim-
plex ocorre com frequência em sistemas de comunicação em que
a informação parte apenas de um transmissor para um receptor.
Exemplos de comunicação simplex são a televisão e o rádio. A sa-
ída do usuário (já discutida nos capítulos anteriores) é implemen-
tada pela norma ABNT NBR 14522, e sua leitura cíclica de valores
definidos pelo protocolo ABNT CODI ocorre de modo unidirecio-
nal do medidor para os controladores. Para exemplificar o fluxo, a
Figura 3.3 é apresentada. Note que sempre utilizaremos o termo Tx
para transmissor e Rx para receptor daqui para frente.

Figura 3.3 - Comunicação unidirecional ou simplex

Fonte: Elaborada pelo autor.


60 UNIUBE

Quando utilizamos a comunicação bidirecional alternada, o mes-


mo meio físico permite que ambos os equipamentos se comportem
como transmissor e receptor. Esse modo de comunicação é cha-
mado de half-duplex e é a forma mais comum de fluxo em redes
industriais. A razão é que a maioria dos protocolos implementam o
modelo mestre-escravo, então, o meio físico pode ser compartilha-
do para a comunicação em uma topologia física de barramento. A
Figura 3.4 apresenta o modo de comunicação half-duplex.

Figura 3.4 - Comunicação bidirecional alternada ou half-duplex

Fonte: Elaborada pelo autor.

Por fim, há a comunicação bidirecional simultânea, chamada duplex


ou, mais comumente, full-duplex. Nessa configuração, um meio fí-
sico é dedicado a um sentido da comunicação, e outro separado é
dedicado a outro. A Figura 3.5 apresenta esse modelo de comuni-
cação. Embora seja a interface mais cara para implementação de
hardware, esse modo de comunicação está cada vez mais presen-
te nos perfis de redes RTE (Real Time Ethernet). A interface full-
duplex é amplamente utilizada em sensores e controladores de se-
gurança utilizados para atender normas e padrões internacionais.
UNIUBE 61

Ao implementar a segurança para a norma regulamentadora NR12


de máquinas e equipamentos, exige-se alto desempenho da rede,
e o modo de comunicação full-duplex é fundamental.

Figura 3.5 - Comunicação bidirecional simultânea, duplex ou full-duplex

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.1.3 Classificação das interfaces quanto à referência

A referência do sinal determina o nível de tensão para sinais iguais


a “zero” ou “um” durante a comunicação digital. A implementação
em relação à referência (também chamada de “terra”) pode ser fei-
ta de forma balanceada ou desbalanceada - discutiremos essas
abordagens a seguir.

Quando utilizamos o modo desbalanceado para half-duplex, preci-


samos de apenas 2 condutores, um para interligar as malhas e ou-
tro para trafegar o sinal. De forma semelhante, em comunicações
full-duplex, precisamos de apenas três condutores, um para cada
fluxo e outro para interligar as malhas. A Figura 3.6 representa a
comunicação desbalanceada.
62 UNIUBE

Figura 3.6 - Comunicação desbalanceada

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao aplicarmos o uso de rede balanceada, devemos isolar o ater-


ramento da rede; teremos para comunicação half-duplex dois con-
dutores, um para envio da informação e outro com o sinal invertido
como referência. A Figura 3.7 apresenta a comunicação balancea-
da. Caso haja um ruído que altere a característica do sinal, alterar-
se-á a característica do sinal de referência invertido, e, ainda assim
o receptor conseguirá decodificar a mensagem. Além dessas ca-
racterísticas, a comunicação balanceada exige que um resistor de
terminação seja colocado na rede entre o sinal e a referência, cau-
sando um casamento de impedância e eliminando ecos na rede.

Figura 3.7 - Comunicação balanceada

Fonte: Elaborada pelo autor.


UNIUBE 63

Prezado(a) aluno(a), o uso de redes desbalanceadas não é muito


comum na indústria, pela característica de ruídos eletromagnéticos
nessas instalações. A aplicação dessas redes deve prever calhas
e eletrodutos individuais e outros cuidados que serão discutidos no
capítulo de projetos.

Reflita
Já definimos as características das interfaces seriais que
utilizamos em comunicações por protocolos de redes in-
dustriais. Algumas interfaces têm características bem
distintas das outras. É importante refletir acerca das informações
anteriores, pois determinaremos as interfaces conforme as clas-
sificações estudadas. Os padrões de interfaces seriais são defini-
dos pela Associação Internacional de Eletrônica e pela Associação
Internacional de Telecomunicações, portanto, são citados pela nor-
ma IEC 61158, que estudamos em capítulos anteriores.

3.1.4 A interface serial RS-232

Esse padrão de interface serial sem dúvida é o mais conheci-


do pelas pessoas e foi utilizado em diversos dispositivos. Criado
em 1969, com o objetivo de interconectar MODEMs, foi ampla-
mente utilizado para conectar computadores a seus periféricos.
Podemos citar como exemplos os antigos mouses e controlado-
res para videojogos. Era muito comum que computadores tives-
sem portas de comunicação (portas COM) para conectar esses
dispositivos por meio de um conector padronizado de nove pinos,
também chamado DB-9, como demonstrado na Figura 3.8. Outro
64 UNIUBE

padrão também era utilizado, o DB-25, este de 25 pinos, utilizado


em comunicações paralelas.

Figura 3.8 - Conversor de conectores DB-9 e DB-25

Fonte: adaptada de Gold… (on-line).

A interface RS-232, para qualquer conector, tem como característi-


ca ser uma rede desbalanceada, que permite apenas dois dispositi-
vos conectados em rede, com distância máxima de 15 metros para
operação normal, limitando sua operação à velocidade de 20kbps.
Os níveis de transmissão de tensão de dados utilizam -5V a -15V,
tendo uma sensibilidade para detecção de nível lógico em 3V para
cima ou para baixo. Os níveis lógicos “zero” são apresentados pela
interface por sinal invertido de +5V a +15V, além disso, dependen-
do do protocolo, permite a comunicação full-duplex. Os níveis de
tensão para sinal são, em relação ao signal ground, também cha-
mados de referência.

Em relação à pinagem dos conectores, utilizamos em redes indus-


triais apenas três e em padrão DB-9. Para desenvolvimento de
UNIUBE 65

placas dedicadas à comunicação RS-232, recomenda-se buscar


as informações do componente conversor em sua folha de dados
oficial (datasheets). A Figura 3.9 apresenta o conector DB-9 e as
definições: pino cinco para signal ground, pino três para transmis-
sor (Tx) e pino dois para receptor (Rx).

Figura 3.9 - Pinos do conector DB-9

Fonte: adaptada de Pinagem… (on-line).

Ampliando o conhecimento
Neste estudo, apenas focamos na aplicação de redes industriais e
em quais as necessidades de implementação das interfaces para
tal. Porém você deve ter se questionado a razão de outros pinos
estarem presentes e, inclusive, de utilizar outro conector (DB-25)
com mais pinos para diversas funções. Essas implementações são
descritas na norma ISO 2110 e recomenda-se a leitura para neces-
sidades extras de implementação.
66 UNIUBE

3.1.5 A interface serial RS-422

Essa interface é uma evolução da interface RS-232. Há, como


principal característica, a presença do balanceamento e utilizamos
o mesmo conector DB-9 como padrão. A diferença da pinagem
representada na Figura 3.9 é o uso dos pinos da seguinte forma:
os pinos dois e três são receptor e transmissor, respectivamente,
para nível de referência no balanceamento; os pinos sete e oito
são o transmissor e o receptor, respectivamente, para o sinal de
transmissão. Diferentes conectores podem ser utilizados, como o
DB-25 e o DB-37, conforme aplicação. Em comunicação industrial,
usualmente, utilizam-se conectores parafuso do tipo borne, ou o
conector DB-9.

Ao contrário da interface RS-232, o nível lógico “um” de um sinal


digital é representado por uma tensão positiva entre +2V e +12V,
sua referência, então, terá sinal de -2V a -12V. O nível lógico “zero”
do sinal é representado por 0V para qualquer sinal, seja ele a refe-
rência ou não. Além disso, há a ausência do pino de referência de
forma obrigatória (signal ground). Por norma, a distância máxima,
em altas velocidades de transmissão, é de 1200m (muito mais que
a RS-232), permitindo até 10 dispositivos interconectados em bar-
ramento. Ainda, diferente da RS-232, pinos de controle de acesso
ao meio estão ausentes (ready to send RTS, data set ready DTS,
request to send RTS e clear to send CTS).

Para aplicações em que o balanceamento não é necessário, po-


de-se utilizar a versão não balanceada padronizada por RS-423.
As velocidades máximas de comunicação para RS-422 e RS-423
são 10Mbps e 100Kbps, respectivamente. A velocidade superior da
RS-422 justifica-se pelo uso de balanceamento.
UNIUBE 67

3.1.6 A interface serial RS-485

Essa, sem dúvida, é a interface serial mais utilizada por protocolos


de comunicação industrial. Simples de ser instalada, utiliza ape-
nas um par de fios para transmissão e recepção, que deve ser
compartilhado entre os dispositivos mestre e escravos. O compar-
tilhamento de meio físico tem vantagens e desvantagens. A maior
vantagem é, justamente, a conexão de diversos dispositivos por
meio da conexão Daysi Chain, sem a necessidade de conectores
e interfaces intermediárias como acontecia nas interfaces seriais
RS-232 e RS-422. Além disso, o alcance da transmissão é com-
patível com RS-422, atingindo uma rede de 1200m de comprimen-
to com dispositivos conectados, permitindo, ainda, fácil conversão
para uso de wireless e fibra ótica (assuntos que serão tratados no
próximo capítulo).

Trata-se de uma comunicação half-duplex, portanto, como desvan-


tagem, cada equipamento fará o acesso ao meio de forma separa
e organizada pelo protocolo. O gerenciamento de acesso ao meio,
geralmente, é feito pelo mestre na comunicação, que fará a cone-
xão individual com cada escravo.

Para duplicidade de segurança em relação ao software (protocolo),


exige-se a implementação de sinais de habilitação eletrônicos para
o acesso ao meio, exemplificado na Figura 3.10 pelos pinos DE
e RE (barrado) para acesso aos meios A e B (sinal e referência).
Como o meio físico é compartilhado tanto pelo sinal como pela re-
ferência (cada um em um fio), os circuitos integrados utilizados de-
vem ter como característica a possibilidade de bloqueio de acesso
ao meio, tanto para entrada como para saída.
68 UNIUBE

Figura 3.10 - Controle de acesso ao meio RS-485

Fonte: adaptada de SN75176A… (2015, on-line).

Saiba mais
Para ter mais conhecimento acerca dos circuitos integrados de con-
versão, deve-se procurar os datasheets dos componentes MAX485
e MAX232, que fazem a conversão de níveis de tensão TTL para as
interfaces RS-485 e RS-232. Em redes industriais, utilizamos con-
versores dedicados e de qualidade, mas esses também utilizam os
circuitos integrados. Além do RS-485, sugiro a você, caro(a) alu-
no(a), pesquisar o circuito integrado SN75176 para conversão RS-
485 e RS-422 para TTL.

É importante mencionar que a inserção de resistores nas duas


extremidades do cabeamento da rede RS-485 permite um melhor
casamento de impedâncias no cabo, evitando reflexões do sinal
UNIUBE 69

a ponto de deteriorar a comunicação, conforme apresentado na


Figura 3.11. Esse resistor tem valor de 120 ohms e, comumen-
te, vem acoplado internamente em conectores padronizados ou na
placa dos dispositivos eletrônicos, de acordo com a Figura 3.12.

Figura 3.11 - Esquema de uma rede RS-485

Fonte: adaptada de SN75176A… (2015, on-line).

Figura 3.12 - Conector RS-485 com resistor de ter-

minação (chave do resistor em laranja)

Fonte: adaptada de Phoenix… (on-line).


70 UNIUBE

Ainda referente aos conectores, podemos determinar as pinagens


para o conector DB-9. Os sinais de dados e referência podem ser
chamados, respectivamente: D+ e D-; RS-485+ e RS-485-; D1 e
D0; D e D (Barrado); B e A; e demais representações não norma-
tizadas. Para o conector, o pino cinco é utilizado para GND, o pino
três é o sinal e o pino sete é o sinal invertido de referência. Por ser
uma rede balanceada, não é necessária a ligação do GND, mas se
deve, ainda assim, utilizar o cabeamento adequado e com malha
de blindagem (a ser discutido no próximo capítulo). Vale lembrar
que, comumente, os conectores RS-485 utilizam conexão por pa-
rafuso, como o conversor para USB apresentado na Figura 3.13.

Figura 3.13 - Conversor RS-485 (half ou full duplex) para USB

Fonte: adaptada de Conversor… (on-line).


UNIUBE 71

IMPORTANTE!

Sempre ao implementar uma rede, especialmente RS-485, leia o


manual de operações do equipamento mestre e/ou escravo. Esses
manuais fornecem os dados de pinagem, inclusive, caso haja algu-
ma diferença da norma. Como esses dispositivos são muito difun-
didos e fabricados por diversas marcas (e, muitas vezes, chinesas
sem certificação), várias divergências ocorrem.

3.1.7 A interface USB

A última interface que estudaremos neste capítulo é a Universal


Serial Bus (USB) - Barramento Serial Universal. Embora não seja
utilizada diretamente para comunicação industrial entre dispositi-
vos, é muito utilizada em equipamentos para programação e inser-
ção de periféricos, como câmeras para reconhecimento de padrões
e pen drives para armazenamento de dados.

Foi desenvolvida em 1995 por um grupo de empresas compos-


to por Microsoft, Compaq, Intel, Hewlett-Packard, Lucent, NEC e
Philips, com o objetivo principal de substituir interfaces paralelas
de alta velocidade e dispositivos RS-232. Em comunicações indus-
triais, serve para comunicar sistemas de campo com computadores
e sistemas de supervisão.

Comumente, 4 a 8 dispositivos são ligados por barramento co-


nectados às placas controladores, embora, em teoria, é permitido
conectar até 127 dispositivos em uma única porta. A limitação da
quantidade de dispositivos está na capacidade de fornecimento de
corrente pela placa-mãe, bem como no tratamento de dados pela
velocidade de comunicação.
72 UNIUBE

A característica mais importante presente nessa interface é a pos-


sibilidade de ser plug and play, ou seja, o dispositivo é de fácil
instalação, dependendo, apenas em alguns casos, de instalar um
driver fornecido pelo fabricante do equipamento. Os dispositivos
são endereçados automaticamente em portas de comunicação,
evitando conflitos de uso de barramento. A Figura 3.14 apresenta
os conectores USB A e B para versões 1.0 a 2.0.

Figura 3.14 - Conectores A e B para USB 1.0 a 2.0

Fonte: adaptada de USB… (on-line).

A primeira versão desse padrão, 1.0, atinge taxas de transmissão


de 1,5Mbps. A versão 1.1 atinge velocidade a partir de 1,5 até
12Mbps. Talvez você já tenha passado por algo assim, caro(a)
aluno(a): ao inserir um pen drive em um computador antigo, o sis-
tema operacional (normalmente Windows) avisa que determinado
dispositivo pode atuar em uma velocidade maior. Essa velocidade
superior é representada pela versão 2.0, que foi desenvolvida em
2000, com velocidade máxima de 480Mbps, ou 60MBps (MBytes
por segundo), e mantendo compatibilidade com versões anterio-
res. O desenvolvimento mais recente nessa interface, criado em
2008, foi a versão 3.0, atingindo, pela primeira vez, velocidades
de 5 Gbps. Já em 2013, outra versão aparece no mercado, a
UNIUBE 73

versão 3.1, que utiliza as mesmas pinagens e os mesmos co-


nectores da versão 3.0 (Figura 3.15), mas atingindo velocidades
máximas de 10 Gbps.

Figura 3.15 - Conectores USB 3.0

Fonte: adaptada de USB… (on-line).

3.1.8 Introdução à ethernet

A ethernet está associada às camadas um, dois e três do modelo


OSI/ISO para protocolo TCP/IP. É padronizada pela norma IEEE
802.3 em diversas versões que definem velocidades de 10 Mbps
até 10 Gbps. Por padrão, utiliza cabos coaxiais e pares trançados,
mas é muito comum utilizarmos fibras óticas para transmitir informa-
ções por longa distância e, até mesmo, o ar, no caso de redes wi-fi.

Aqui, tratamos como uma breve introdução o assunto, pois teremos


um capítulo dedicado aos protocolos que utilizam a base ethernet
e a interface não é considerada como serial, embora se comporte
da mesma maneira.
74 UNIUBE

Várias topologias são implementadas, principalmente árvore e


barramento, e têm possibilidades de comunicação full-duplex
para velocidades em protocolos RTE (Real Time Ethernet). Os
conectores mais comuns utilizados em ambientes industriais para
ethernet são os padronizados por fibra ótica e o RJ-45 para par
trançado. Um cuidado deve ser tomado ao visualizarmos um co-
nector RJ-45 (Figura 3.16), pois vários fabricantes estão utilizan-
do esse conector (por sua facilidade de aplicação), inclusive em
interfaces RS-485, e níveis de tensão diferentes podem danificar
componentes eletrônicos.

Figura 3.16 - Conector RJ45

Fonte: Ethernet… (on-line).


UNIUBE 75

Considerações finais
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, tratamos das interfaces seriais.
Retomamos um pouco a diferenciação das interfaces paralelas
e seriais e os conceitos de mestre e escravo. Caracterizamos a
comunicação serial e classificamos as interfaces. Quanto ao flu-
xo de dados, determinamos que pode ser simplex, half-duplex e
full-duplex. Considerando a referência, a rede pode ser, então, ba-
lanceada ou desbalanceada. Quando nos importa o sincronismo,
a interface pode interligar o sinal do clock ou utilizar assincronia
parametrizada por clock interno.

Uma vez que determinamos as características das interfaces, es-


tudamos as principais utilizadas em ambientes de comunicação
industrial. A RS-232 foi a inicial e já está sendo descontinuada, em-
bora várias interfaces de programação ainda a utilizem. As RS-422
e 423, como uma evolução da RS-232, permitem comunicação full
duplex e perdem as características de controle de fluxo de dados,
permitindo mais dispositivos com acesso ao meio. A RS-485 é a
interface mais utilizada por diversos protocolos, com bons níveis de
velocidade e grandes distâncias, com até 32 dispositivos interliga-
dos por daisy chain na rede. Introduzimos, brevemente, o conceito
de ethernet e caracterizamos a interface serial USB para conexão
de conversores e periféricos.

Recomendo, agora, que revise esse conteúdo, pois será base


para o conhecimento no próximo capítulo, no qual estudaremos
os meios físicos de transmissão. Aproveite, também, para fazer as
atividades. Até logo!
Meios físicos de
Capítulo
4
transporte de dados

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Querido(a) aluno(a), para continuar nosso estudo em redes
industriais, complementaremos o estudo da camada física do
modelo OSI/ISO. As interfaces seriais definiram os níveis de
tensão e características de instalação e configuração para a
comunicação entre dispositivos. Neste capítulo, veremos os
meios físicos que transportam a informação durante o processo
de transmissão e recebimento de mensagens digitais.
Podemos definir três grandes grupos para este estudo,
conforme a norma IEC 61158, apresentada no Capítulo 2: os
meios metálicos de transmissão (pares trançados e cabos
coaxiais), as fibras óticas (monomodo e multimodo) e a
transmissão sem fio (radiofrequência, sistemas wireless etc.).
Os protocolos de comunicação padronizados orientam o uso
de meios físicos específicos, porém, como a camada física
é transparente ao data link, basta que nossa implementação
garanta (conforme boas práticas e normas técnicas) que o
sinal seja transmitido de uma interface de transmissão para
outra de recepção, e assim sucessivamente.
Convido você, então, a estudar esse último assunto antes
de nos aprofundarmos nos protocolos de comunicação.
O conhecimento apresentado aqui será fundamental em
aplicações industriais de comunicação digital. Vamos lá!?
Objetivos
• Apresentar os meios físicos de comunicação.
• Diferenciar os diferentes tipos de par metálico e cabo
coaxial.
• Caracterizar as aplicações específicas para cada tipo
de fibra ótica.
• Relacionar a aplicação dos meios físicos com interfaces
de comunicação padronizadas.
• Dimensionar sistemas de cabeamento e estruturas de
redes sem fios.
• Especificar gateways de conversão de interfaces e
meios físicos.

Esquema
• Cabo coaxial
• Cabos par trançado
• Fibra ótica
• Multimodo
• Monomodo
• Rede sem fio
• Wifi
• Rádio
• Bluetooth
• ZigBee

4.1 Cabo coaxial

O primeiro meio físico que estudaremos é o cabo coaxial. Trata-


se de um fio de cobre rígido envolvido por um material isolante
(teflon, nylon e semelhantes). O material isolante é envolvido por
UNIUBE 79

uma malha condutora trançada, que é, geralmente, chamada de


blindagem (shield). Essa malha condutora pode ser também cons-
tituída de uma folha de metal (foil) envolvendo todo o cabo. Com o
objetivo de proteger a malha de blindagem, outra camada isolante
externa é colocada, geralmente de material plástico PVC. Essa últi-
ma camada fornece rigidez mecânica e garante que a capacitância
no cabo permaneça a mesma por todo seu comprimento, evitando
que a malha se comporte como uma antena (quando não se deseja
que isso aconteça).

Como é um cabo isolado, esse meio físico tem excelente imunidade


a ruídos eletromagnéticos presentes na indústria. Pode ser usado
para transmissões longas também, atingindo taxas de transmissão
de 2 Gbps a 1Km de distância. A Figura 4.1 apresenta um exemplo
de cabo coaxial comum.

Figura 4.1 - Composição do cabo coaxial

Fonte: adaptada de Cabos… (2015, on-line).

Para evitar reflexões de sinal, alguns cuidados devem ser toma-


dos na instalação e na conexão de componentes. Outro problema
80 UNIUBE

do uso desse tipo de meio físico é que sua rigidez compromete a


maleabilidade do cabo, sendo mais complicado utilizar eletrodutos
com espaço apertado. Deve-se fazer uma escolha entre a quali-
dade do cabo e a aplicação, cabos de menor qualidade são mais
maleáveis, porém a velocidade de transmissão é comprometida.

Utilizado em basicamente dois padrões de impedância por metro,


o primeiro padrão de 50 ohms é utilizado para comunicações digi-
tais, enquanto o segundo (75 ohms) é utilizado para transmissão
de sinais de TV. As características elétricas permitem suportar ve-
locidades comuns de megabits por segundo sem necessidade de
regeneração de sinal, sem ocorrer distorções ou ecos.

Em uma breve comparação ao par trançado (próximo assunto des-


te capítulo), o cabo coaxial tem imunidade a ruído muito superior,
porém o custo do cabo e, principalmente, das interfaces torna o
cabo par trançado mais viável para a maioria das aplicações.

Você pode encontrar, aluno(a), o cabo coaxial em diversas aplica-


ções diárias. Em instalações antigas de ethernet ainda é possível
encontrar, assim como em instalações de tv a cabo, sinais de ante-
na de operadoras por satélite e, principalmente, em interligação de
câmeras em circuitos internos de tv e monitoramento.

O padrão de conector utilizado para transmissão é o BNC, repre-


sentado na Figura 4.2, e problemas de falta de cuidado na ligação
do conector podem comprometer toda a rede, por isso, recomenda-
se cuidado dobrado na instalação desses conectores.
UNIUBE 81

Figura 4.2 - Conector BNC

Fonte: adaptada de RadioShack… (on-line).

4.1.1 Cabo UTP

O cabo UTP (Unshielded Twisted Pair), sem dúvida, é o mais uti-


lizado para comunicação em uma rede interna (Intranet). Ou seja,
esse cabo é utilizado em redes locais para comunicação comercial
e residencial. Ele é composto de quatro pares trançados entre si,
podendo ser encontrado em diversas cores. Essa diversidade de
cores é utilizada para a segregação das redes, facilitando a identifi-
cação de cada rede. Muito provavelmente, você já se deparou com
um desses. São cabos de baixo custo e que têm uma boa imunida-
de aos ruídos leves, pois a cada torção do cabo em 90 graus anu-
la-se o campo eletromagnético gerado pela circulação da corrente.

UTP significa Unshielded Twisted Pair, ou, em português, Par


Trançado e Sem Blindagem. Então, ao contrário do cabo coaxial, o
cabo UTP não têm malha de blindagem entre os pares ou no con-
junto deles. A forma mais comum de cabo contém 4 pares, como
apresentado na Figura 4.3, e é utilizada para diversos protocolos
de comunicação, inclusive o TCP/IP, com diversos conectores,
desde DB-9 até RJ-45.
82 UNIUBE

Figura 4.3 - Cabo de rede ethernet com 4 pares trançados

Fonte: adaptada de GigaLan… (on-line).

Cabos de pares trançados podem ser utilizados para velocidades


acima de 1 Gbps a algumas dezenas de metros, para distâncias
maiores, utilizam-se taxas de transmissão menores. As aplicações
vão desde telefonia até comunicações paralelas. Os cabos podem
ter quantidades diversas de pares, de um a dez pares, com diver-
sas características de dimensões e seção transversal. Referente
à área do condutor, os pares trançados utilizam a American Wire
Gauge (AWG) para padronização de bitolas. Para comunicação in-
dustrial, esses valores variam de 20 a 28 AWG. O Quadro 4.1 apre-
senta a relação entre a medida em AWG e a seção do fio em mm².
UNIUBE 83

Quadro 4.1 - Medidas AWG

AWG Diâmetro (mm) Área (mm²)


14 1.63 2
16 1.29 1.3
18 1.02 0.82
20 8.81 0.5
22 0.64 0.33
24 0.51 0.2
25 0.45 0.16
26 0.41 0.13
27 0.36 0.096
28 0.33 0.08
30 0.25 0.049

Fonte: adaptado de Wire… (on-line).

Dicas
Há tabelas que mostram as medições em AWG, desde bitola 0000
até 40. Vale a pena saber que, quanto maior o AWG, menor a se-
ção do fio. Como dica de bolso (literalmente), existem aplicativos
de smartphone com essas tabelas. Indica-se o ElectroDroid para
Sistema Operacional Android, que tem, além de calculadoras de
conversão, a pinagem para diversas interfaces de comunicação.
Vale a pena conferir!

A quantidade de torções no cabo por metro determina a categoria e


a possibilidade de uso em frequências superiores. Cabos de cate-
goria 3 permitem transmissões de até 16Mbps, as categorias 5 e 5e
são utilizadas para velocidades de 100Mbps e, atualmente, são as
84 UNIUBE

mais encontradas em redes locais. Os protocolos de comunicação


industrial costumam normatizar as categorias e utilizam categoria 6
para 250Mhz e 7 para 600Mhz.

Outros cabos par trançado flexíveis podem ser utilizados. O mais


comum no mercado é o “cabo manga” (Figura 4.4), muito utilizado
para comunicações industriais, embora não seja normatizado por
nenhum protocolo. Os protocolos industriais utilizam cabos padrão,
como o cabo Profibus, por exemplo, apresentado na Figura 4.5.

Figura 4.4 - Cabo manga de 1 par

Fonte: adaptada de Cabo… (on-line).

Figura 4.5 - Cabo Profibus

Fonte: adaptada de Profibus… (on-line).


UNIUBE 85

4.1.2 Cabo STP

Outro formato de cabo par trançado é o STP, que significa Shielded


Twisted Pair. Este, caro(a) aluno(a), é o cabo mais utilizado para
os protocolos de comunicação industrial. De forma semelhante aos
cabos coaxiais, o STP tem malha de blindagem externa, isolando os
pares metálicos de interferências eletromagnéticas externas. Isso
aumenta consideravelmente a imunidade a ruídos na comunicação
industrial. Os pares trançados podem ser blindados por par ou to-
dos em conjunto. Além disso, existe a possibilidade da existência
de uma folha metálica chamada foil, que parece um papel alumínio
ao redor do par. O FTP (Foil Twisted Pair) pode ter, também, malha
de blindagem, sendo caracterizado, então, por SFTP. A Figura 4.6
mostra um cabo SFTP.

Figura 4.6 - Cabo SFTP

Fonte: adaptada de Cable… (on-line).


86 UNIUBE

SINTETIZANDO…
Os pares trançados podem ser sem ou com blindagem, podem vir
sozinhos ou em conjunto com demais pares e têm diferentes bito-
las padronizadas pela medida American Wire Gauge. Tanto o foil
quanto a malha de blindagem servem para aumentar a rigidez me-
cânica do cabo e melhorar a imunidade a ruídos. Recomenda-se,
em instalações industriais, sempre utilizar o cabo STP, e a malha
de blindagem deve ser aterrada funcionalmente no conector e no
dispositivo eletrônico de transmissão e recepção de dados.

4.1.3 Fibra ótica

As fibras óticas (antigamente, “ópticas”) são os meios de transmis-


são que atingem as maiores velocidades de transmissão digital de
dados sem necessidade de modulação. Constituídas por dois ma-
teriais com coeficientes de refração distintos, fazem com que um
sinal de luz (daí seu nome, ótica) viaje em grande velocidade por
seu interior. O material interno, também chamado núcleo, é feito de
um material menos refringente que o externo (chamado cladding), e
isso faz com que a luz sofra reflexão sempre para o interior da fibra.

As fibras óticas mais modernas permitem que a luz trafegue a ve-


locidades de 50Tbps (Terabits por segundo), porém a limitação de
conversão eletrônica de sinais elétricos em luz limita essa velocida-
de em poucas dezenas de Gbps.

Na ponta de transmissão, utiliza-se uma fonte de luz, que pulsa a


cada bit emitido. De forma semelhante, na recepção, um elemento
fotossensível é capaz de detectar a presença de luz, permitindo
que seja convertida a informação em sinal elétrico.
UNIUBE 87

Duas fontes de luz são utilizadas. A mais barata é o LED (Light


Emitting Diode), composta de semicondutores que, ao receber cer-
to nível de tensão, emitem brilho. O LED Laser, também chamado
ILD (Injection Laser Diode), é mais caro, mas consegue emitir um
comprimento de onda de maior frequência, fazendo com que a luz
viaje a maiores distâncias, com menor atenuação. A principal van-
tagem para o uso do LED, além do custo, é sua maior vida útil de
aplicação.

Outra característica para desempenho da fibra ótica é sua qualida-


de de núcleo. As fibras fabricadas em vidro têm melhor desempe-
nho em comparação àquelas feitas de materiais poliméricos. Por
consequência, uma fibra de melhor qualidade tem um custo consi-
deravelmente maior que outras.

4.1.4 Fibra ótica multimodo

A fibra multimodo é dividida em dois tipos: de índice degrau e de


índice gradual. O índice degrau é de menor qualidade e faz com
que a reflexão entre o núcleo e o cladding resulte em uma variação
abrupta e aumente a atenuação (maior de 5dB/Km). Essas fibras
têm diâmetro entre 50 e 400 micrometros.

Para fibras com índice gradual, o índice de reflexão é maior, fazen-


do com que a luz faça curva dentro da fibra e o diâmetro da fibra
seja inferior a 50 micrometros. A taxa de atenuação é padronizada
em 3dB/Km, permitindo seu uso em sinais de telecomunicações a
longas distâncias. A Figura 4.7 compara essas duas fibras óticas e
os feixes de luz em seu interior.
88 UNIUBE

Figura 4.7 - Comparação entre fibras multimodo

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.1.5 Fibra ótica monomodo

Para fibras óticas monomodo, utiliza-se apenas ILD como fonte


de luz, isso garante que a amplitude da onda seja menor e de
menor frequência. Seu núcleo é de apenas 8 micrometros, e
a atenuação é padronizada entre 0,2 e 0,7 dB/Km. Apesar do
custo da fibra monomodo ser semelhante ao da multimodo, os
equipamentos e conversores, geralmente, são mais caros. Pelo
tamanho da fibra e do feixe de luz, não ocorre reflexão entre o
núcleo e o cladding, fazendo com que a atenuação seja menor,
conforme a Figura 4.8.
UNIUBE 89

Figura 4.8 - Representação da fibra monomodo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ampliando o conhecimento
Procure conhecer dispositivos e conectores para empregar o uso
de fibras óticas. Recomendo uma profunda investigação em catá-
logos de empresas de TI, como a CISCO. Além disso, indica-se a
leitura da norma ABNT NBR 14433, que padroniza conectores e
conversores de fibras óticas.

4.1.6 Meios de comunicação sem fio

Diversas tecnologias podem ser empregadas para a transmissão


de dados sem fio. As mais comuns em nossos ambientes residen-
ciais, comerciais e industriais são infravermelho, radiofrequência,
wi-fi e bluetooth.
90 UNIUBE

Começando pelo infravermelho, vemos que é a tecnologia mais


barata a ser empregada. Utilizada em nossos equipamentos do-
mésticos como ar condicionado e televisores, permite o envio e o
recebimento de sinais digitais por ondas de luz. Não vemos a luz do
infravermelho, pois ela está em uma frequência abaixo do espec-
tro do vermelho, a última cor visível do espectro (daí seu nome). A
comunicação ocorre entre dois dispositivos, um LED infravermelho,
que pulsa na frequência do sinal, e um transistor receptor de luz,
que recebe a luz pulsada. O elemento que controla esses pulsos é
um software embarcado nos nosso controles remotos e, até mes-
mo, nos smartphones. Pela necessidade de luz guiada para seu
uso e ocorrência de reflexão e interferência por outras fontes de
luz, não é muito utilizado em comunicações industriais.

A utilização por radiofrequência é muito comum para coleta de da-


dos e acionamentos a grande distância. Tratam-se de ondas ele-
tromagnéticas que modulam sinais digitais por meio das portado-
ras ASK, PSK e FSK, já estudadas no primeiro capítulo. Os mais
diversos protocolos são utilizados, porém existe a necessidade de
implantar o uso de antenas dedicadas para emissão e recepção, e
é desejável que a direção seja guiada (orientada do início ao fim).

Para ambientes externos, a comunicação por radiofrequência é


ideal e permite conectar controladores a sensores por meio de uma
topologia amorfa chamada mesh. Logicamente, essa topologia se
comporta como um barramento, porém os dispositivos ficam dis-
postos conforme necessidade e sem padrão de conexão disponível.
Um dos instrumentos dispostos deve se comportar como gateway,
concentrando as informações daqueles ao seu redor e enviando in-
formações por solicitação do mestre. Vista dessa forma, a conexão
entre os dispositivos tem a aparência de uma topologia em estrela.
UNIUBE 91

Os dispositivos precisam de uma interface para se comunicarem, e


esse é o papel da antena. Por definição, uma antena é um elemento
capaz de transmitir ou de receber energia eletromagnética. Formada
de metal, uma antena apresenta características importantes, como:

• ganho - depende da diretividade e da eficiência da antena.

• relação frente-costas - comparação entre a potência do feixe


principal em relação à parte traseira da antena. É importante
para a verificação de interferência ou a captação de outros
sinais pela antena.

• impedância - é representada pela resistência e pela reatân-


cia. Antenas VHF e UHF (Very High Frequency e Ultra High
Frequency) têm impedância de 75 ohms, enquanto antenas
de celular e micro-ondas têm impedância de 50 ohms.

• largura de banda - faixa de frequência em que a antena pode


operar com alto rendimento.

Apesar de também ser um sinal de radiofrequência, a implementa-


ção de wi-fi é vista de forma separada. Opera com sinal de 2,4GHz
e permite a comunicação de dispositivos industriais por meio de ro-
teadores utilizando protocolos RTE (Real Time Ethernet). Permite,
principalmente, a interconexão transparente entre pares trançados
de difícil acesso. Além disso, facilita a programação de controlado-
res em salas e painéis de comando elétrico. A Figura 4.9 apresenta
um roteador wi-fi industrial, note as diferenças, como a carcaça me-
tálica e o componente de metal ao redor do conector RJ-45 fêmea.
Essas características específicas para ambientes industriais são
padronizadas pela norma IEC 61158, já apresentada no capítulo 2.
92 UNIUBE

Figura 4.9 - Roteador sem fio industrial

Fonte: adaptada de Ethernet… (on-line).

Para conversão de sinais ethernet e de outras interfaces seriais,


utiliza-se o bluetooth. Desenvolvido para ser uma interface sem fio
para dispositivos pessoais em uma rede de curtas distâncias e bai-
xo custo, rapidamente os fabricantes de controladores industriais
adotaram seu padrão para sistemas de conversão e microrredes
de sensores. Dependendo de sua versão, pode conectar de 8 a
16 dispositivos em um gateway; é padronizado pela norma IEEE
802.15.1, tendo como característica uma variação de espectro para
evitar interferência de 2,4 a 2,485 GHz e comunicação full duplex.

As faixas 1, 2 e 3 dos bluetooth atingem distâncias de 1, 10 e 100


metros, respectivamente, com velocidades configuráveis de 1 a 3
Mbps. A Figura 4.10 apresenta um conversor de interface RS-485
para bluetooth. Esses dispositivos ficam transparentes ao protoco-
lo de comunicação, apenas sendo necessário verificar as faixas de
operação de acordo com o protocolo.
UNIUBE 93

Figura 4.10 - Conversor RS-485 para Bluetooth

Fonte: adaptada de AirCable… (on-line).

Saiba mais
Para saber mais acerca de aplicações bluetooth em automação in-
dustrial e redes de robôs industriais, a melhor fonte de informações
é o site oficial <www.bluetooth.com>. Nesse site, você encontrará
estudos de casos, fabricantes de dispositivos, orientações sobre a
norma etc. Por ser um assunto sempre atual e de rápida atualiza-
ção, vale a pena ficar atento.

De forma semelhante ao bluetooth, o zigbee utiliza dispositivos


que consomem pouca energia e têm como característica de to-
pologia o mesh, uma rede amorfa. Diferente do bluetooth, os
94 UNIUBE

dispositivos podem assumir papéis automaticamente, conforme


necessidade da rede, seja como escravo, como gateway ou con-
centrador de dados.

Padronizado pela norma IEEE 802.15.4, o zigbee atinge velocida-


des inferiores ao bluetooth a distâncias também menores. Os dis-
positivos mais modernos trabalham com velocidades de 250 Kbps
à distância de, no máximo, 70 metros, sem interferências no cami-
nho. Por outro lado, a principal vantagem do uso do zigbee está
na eficiência do uso de energia. O protocolo implementado pode
gerenciar o desempenho de consumo de energia. Dessa forma,
alguns dispositivos podem atuar durante anos (5 a 10) sem a ne-
cessidade de troca de baterias (os bluetooth precisam de troca de
6 meses a 2 anos). Além disso, o custo de implementação de uma
rede industrial (cito industrial pois redes domésticas e pessoais não
se comportam da mesma maneira) tende a ser mais barato com
zigbee. Existem dispositivos de comando que não necessitam de
bateria, o próprio centelhamento do contato gera a energia neces-
sária para transmissão de dados. Apresentado na Figura 4.12, o
botão zigbee da Schneider não exige fios força nem comando, ten-
do bateria ausente também.
UNIUBE 95

Figura 4.11 - Botão ZigBee Harmony 22mm

Fonte: adaptada de Harmony… (on-line).

Demais aplicações são desenvolvidas com esse tipo de rede, como


sensores inteligentes de monitoramento em tempo real para áreas
em que não há possibilidade de instalação elétrica. Métodos de apli-
cação zigbee são desenvolvidos diariamente para controle de incên-
dio em florestas grandes, para minimizar o impacto de um acidente.

Aplicações em engenharia elétrica são feitas em pontos de medi-


ção e monitoramento de energia elétrica em linhas de transmissão
e subestações. Por permitir baixo custo, distância relativamente
grande e ausência de fonte de alimentação, faz-se uma rede de
interligação e com monitoramento em tempo real, sem a necessi-
dade de aplicação de rádio ou sistemas mais custosos.
96 UNIUBE

Considerações finais
Neste capítulo, caro(a) aluno(a), concluímos a camada física es-
tudada no modelo OSI da ISO. Já determinamos, anteriormente,
as interfaces seriais e estudamos, neste capítulo, quais os meios
físicos mais utilizados.

Embora dependa da aplicação específica, o meio físico mais co-


mumente utilizado é o par trançado, pela grande variedade e dis-
ponibilidade. Além disso, as próprias interfaces de comunicação
padronizam pares trançados, apresentando outros meios apenas
por interfaces de conversão para aplicações específicas.

Em relação ao cabo coaxial, podemos concluir que, embora muito


utilizado no passado para redes em diversas topologias, atualmen-
te, em redes industriais, ele busca atender, prioritariamente, sis-
temas de tv internos e coleta de imagens de forma automatizada,
pelo baixo custo dos cabos de par trançado no mercado.

As fibras óticas oferecem uma robustez à interferência eletromag-


nética que nenhum outro meio consegue atingir. Tendo como limi-
tante o custo dos sistemas eletrônicos de conversão, são mais uti-
lizadas para ramais de longas distâncias, em que uma quantidade
muito grande de dados foi previamente concentrada.

Diversas tecnologias sem fio foram apresentadas. Focando em


aplicações industriais, podem-se citar a telemetria por rádio e as
redes de sensores, em que bluetooth e zigbee lideram o mercado.
Devemos lembrar que são apenas padronizações de meio físico,
alguns protocolos são desenvolvidos, especificamente, para es-
sas redes, mas conversores de meio físico para vários protocolos
podem ser aplicados livremente, desde que respeitando as nor-
mas vigentes.
UNIUBE 97

Convido você a fazer as atividades deste capítulo e a buscar mais


informações nas bibliografias base e recomendadas. Fique, tam-
bém, sempre atento às atualizações nesses temas e nas normas,
sendo exigidas instalações adequadas em projetos apresentados
às concessionárias.
Protocolos de
Capítulo
5
comunicação industrial I

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, iniciaremos o estudo
de protocolos de comunicação industrial. Os protocolos
industriais utilizam os fundamentos de redes, já estudados em
capítulos anteriores, para definir as regras da comunicação
digital. Imagine que, se não houvesse um padrão a seguir, a
comunicação em sua essência seria uma tragédia.
Uma vez que já determinamos as características das
interfaces de comunicação e quais meios físicos podem ser
utilizados, conheceremos, agora, as formas de software que
são implementadas em comunicações industriais.
Alguns protocolos têm usos específicos, como a coleta de
dados de processo, enquanto outros são bem generalistas,
podendo ser usados nas mais diversas situações. Neste
primeiro capítulo de protocolos, trataremos de protocolos de
nível mais baixo, que estão mais próximos dos elementos
sensores e atuadores. Esses protocolos estão na base da
pirâmide apresentada no primeiro capítulo e tratam de uma
quantidade muito grande de dados de pequeno tamanho.
Os protocolos acerca dos quais trataremos neste capítulo
são: Modbus RTU (ASCII e Plus de forma breve), AS-i, IO-
link, Hart, CANopen e Profibus-PA. Nos próximos capítulos,
serão estudados os protocolos DeviceNET, Modbus TCP,
Profibus-DP, Profinet, Ethernet/IP e Ethercat.
O estudo desses protocolos irá, eventualmente, culminar na
agregação deles, ou na aplicação de softwares de controle,
supervisão e aquisição de dados (sistemas SCADA), e,
também, no desenvolvimento de sistemas que utilizam
tecnologia OPC.
Apresentarei os protocolos, as regras para aplicação e os
dispositivos que podem ser utilizados tanto para aplicações
didáticas (sem confiabilidade industrial) quanto para utilização
na indústria.
Convido você, agora, a me acompanhar neste estudo
que, certamente, fará com que cada vez mais o ciclo das
comunicações se feche e fique mais interessante. Bons estudos!

Objetivos
• Apresentar os protocolos de comunicação serial de
campo.
• Estabelecer as regras para aplicação de cada protocolo
proposto.
• Determinar práticas didáticas e industriais.
• Exemplificar situações para escolha de protocolo.

Esquema
• Protocolo MODBUS
• Protocolo AS-i
• Protocolo IO-link e a norma IEC 61131
• Protocolo HART
• Protocolo CAN e CANopen
• Protocolo PROFIBUS
• PROFIBUS-PA e a IEC 61158-2
UNIUBE 101

5.1 Desenvolvimento

Prezado(a) aluno(a), em paralelo à evolução das redes locais de


computadores, os fabricantes de dispositivos de controle indus-
trial desenvolveram seus protocolos. Nas décadas de 1970, 1980
e 1990, praticamente cada fabricante detinha direito sobre seu
protocolo proprietário, que impedia a interconexão de dispositivos
de diversas marcas. Conforme o tempo passou, esses fabrican-
tes abriram seus protocolos de comunicação e uma nova era de
comunicação industrial começou. Os protocolos estudados neste
capítulo são, em sua maioria, completamente abertos, mesmo que
desenvolvidos por um fabricante específico.

Em geral, os protocolos de comunicação industrial são denomina-


dos Fieldbus (barramento de campo), pois percorrem o ambien-
te industrial coletando dados e alterando estado de atuadores. As
velocidades são definidas em bits por segundo (e seus múltiplos),
e as arquiteturas distribuídas de controle industrial devem ter as
seguintes características:

• baixo custo dos sistemas padronizados, abertos, modulares,


de arquitetura simples e independentes de fabricantes.

• resposta em tempo real, caracterizada por pequenos tempos


de resposta e alta velocidade no tráfego de informações.

• rápido acesso randômico a todos os dados do processo, ade-


quada operação do sistema, mesmo em condições de sobre-
carga. Reconhecimento de falha e reconfiguração.

• elevada confiabilidade pela redundância estrutural e tolerân-


cia a falhas em computes que desempenham funções de con-
trole de nível hierárquico alto.
102 UNIUBE

Os objetivos de abertura dos protocolos pelos fabricantes eram (e


ainda se mantêm):

• interoperabilidade - capacidade dos sistemas abertos de tro-


carem informações entre eles, mesmo que fornecidos por fa-
bricantes diferentes.

• interconectividade - maneira como os controladores de fabri-


cantes distintos podem se conectar.

• portabilidade - capacidade de um software de rodar em plata-


formas diferentes.

5.2 Protocolo MODBUS

Esse foi o primeiro protocolo aberto padronizado nos Estados Unidos


como barramento de campo aberto. Desenvolvido pela empresa
MODICON, hoje ,propriedade da Schneider Electric, atua no modelo
mestre-escravo e tem diversas versões de aplicação. Neste momen-
to, trataremos apenas da versão mais comum, que é o MODBUS
RTU (Remote Terminal Unit - Unidade de terminal remoto).

O modelo mestre-escravo faz com que o gerenciamento de acesso


ao meio seja feito por apenas um dispositivo, que, por meio de suas
mensagens (datagramas), solicita informações aos outros disposi-
tivos, mediante uma técnica denominada polling (questionamentos
por demanda).

Diversas interfaces e meios físicos podem ser utilizados, porém a


forma mais comum de aplicação é por meio de par trançado na in-
terface serial RS-485. Por ser tão comum em ambientes industriais,
comumente a interface é confundida com o nome do protocolo.
UNIUBE 103

A rede half-duplex, que interliga todos os dispositivos, tem caracte-


rística de barramento e cada endereço de escravo deve ser único,
para evitar conflitos de acesso ao meio. Quando o mestre solicita
informação a um escravo, todos “escutam” a mensagem, porém
somente aquele com o endereço designado responderá à solicita-
ção do mestre. Os endereços, conforme a organização internacio-
nal MODBUS, vão de 1 até 247.

Para que a comunicação seja efetiva, caro(a) aluno(a), uma forma


organizada de pergunta e resposta deve ser estabelecida. O pro-
tocolo MODBUS codifica sua mensagem por meio de caracteres
hexadecimais, compondo a mensagem em tamanhos entre alguns
bytes de dados e centenas (máximo de 256 bytes por mensagem).

O pacote de informações enviado pelo mestre para a rede é feito


da seguinte forma:
• um byte para o endereço do escravo (1 a 247, ou 0 para
broadcast).

• um byte para a função a ser executada (que pode ser de lei-


tura ou escrita).

• dois bytes contendo o endereço da memória a ser lida ou es-


crita pelo mestre no escravo.

• dois bytes que designam o número de informações a serem


escritas ou lidas (dois bytes formam uma word, que, em hexa-
decimal, vão de 0000 a FFFF).

• dados (caso seja uma função de escrita) a serem escritos.

• uma word (dois bytes) de controle, calculada por algoritmo


CRC de 16 bits.
104 UNIUBE

Ao receber a solicitação do mestre, o escravo responderá de forma


semelhante:

• um byte para o endereço do escravo solicitado.

• um byte para a função realizada.

• dois bytes contendo o endereço da memória que foi lida ou


escrita.

• dados solicitados ou escritos.

• uma word (dois bytes) de controle, calculada por algoritmo


CRC de 16 bits.

Agora que sabemos o formato do datagrama do protocolo MODBUS, de-


finiremos as principais funções utilizadas para leitura e escrita de dados:

1. Read coil status - leitura de operandos de saída do escravo


(para bits).

2. Read input status - leitura de operandos de entrada do escra-


vo (para bits).

3. Read holding register - leitura de operandos internos do es-


cravo (estes podem ser parâmetros internos configuráveis de
um dispositivo).

4. Read input register - leitura de operandos de entrada do es-


cravo (estes são registradores que armazenam dados do tipo
word)
UNIUBE 105

5. Force single coil - escreve em um operando de saída (um bit).

6. Force single register - escreve em um operando interno (uma


word).

7. Force multiple coils - escreve em múltiplos operandos de sa-


ída (vários bits).

8. Force multiple registers - escreve em múltiplos operandos in-


ternos (várias words).

Saiba mais
Para conhecer as demais funções do protocolo MODBUS, busque
essa informação no site <www.modbus.org>, o site oficial da orga-
nização internacional que padroniza o MODBUS.

Os endereços dos registradores para aplicações MODBUS são


sempre fornecidos pelos fabricantes, em manuais chamados de
“Tabela de registradores” ou “Communication Variables”. Esses en-
dereços também são padronizados pela norma, mas, por ser um
protocolo muito difundido, o padrão, muitas vezes, não é seguido;
mesmo assim, é importante saber:

Coils: 00001 a 09999.

Inputs: 10001 a 19999.

Input registers: 30001 a 39999.


106 UNIUBE

Holding registers: 40001 a 49999.

Um ponto que devemos cuidar é que, em diversas tabelas de re-


gistradores, os endereços começam em 0, ao invés de 1. Então,
deve-se conhecer o manual dos dispositivos e saber que existe
esse offset nos dados.

Dicas
Para desenvolver atividades didáticas e aplicações industriais,
existem diversos simuladores MODBUS para baixar. Recomendo
o MODBUS Poll, de uso grátis por 30 dias, e o MODBUS Simulator
da empresa Elipse, que desenvolve plataformas de criação de sis-
temas SCADA.

Existem algumas regras de temporização a serem respeitadas no


uso do protocolo. O tempo de linha inativa entre bytes de uma
mesma mensagem não pode exceder 1,5 tempos de byte. Por
exemplo, para uma taxa de 9600 bps, considerando dados de 11
bits (start bit, 8 bits de dados, paridade e stop bits), o tempo de
byte é de, aproximadamente, 1,145 ms. Ou seja, 1,5 tempo de
byte seria 1,72 ms.

Entre duas mensagens consecutivas, deve existir um tempo míni-


mo de inatividade na linha de 3,5 tempos de byte. Essas regras au-
xiliam a detecção do início e do fim de mensagens, evitando ecos
na linha ou mensagens sobrepostas.
UNIUBE 107

5.3 Protocolo AS-i (Actuator Sensor Interface)

Esse protocolo, prezado(a) aluno(a), foi desenvolvido com o obje-


tivo de trafegar, principalmente, informações discretas, representa-
das por bits de informação, como status de ligado/desligado para
sensores e atuadores.

Esse protocolo tem como principais características: a alimentação


trafega em conjunto com os dados no mesmo par de fios; permite
derivações a qualquer momento, mesmo com a rede energizada;
permite uso de diversas topologias, embora a mais comum seja
barramento; cada escravo possui, no máximo, 4 bits de informação
(podendo ser 4 entradas e 4 saídas em conjunto); opera com velo-
cidade fixa entre todos os dispositivos em 167,5 Kbps; tem três ver-
sões, um, dois e três (AS-i 2.0, AS-i 2.1 e AS-i 3.0, respectivamente).

O protocolo AS-i opera em comprimento máximo de 100 metros


por trecho e consome, em toda a rede, no máximo, 4 ampéres de
corrente. Instalando dois repetidores, atinge 300 metros. Por meio
de terminadores de rede, pode-se duplicar cada trecho para 200
metros, total de 600 metros para 2 repetidores.

Uma rede AS-i deve ser composta, obrigatoriamente, de: controla-


dor (mestre da rede), escravos (sensores, atuadores e módulos de
entrada e saída), cabo AS-i e fonte AS-i. Opcionalmente, conforme
aplicação, podem-se utilizar conversores de protocolos (gateways),
repetidores de rede, derivadores e expansor de fonte.

Dentre os benefícios da rede AS-i, podemos citar: economia de


hardware de interfaces I/O; instalação simples e segura com me-
nos conexões (alimentação junto com rede); baixo custo por es-
cravo instalado; baixo tempo de manutenção; padrão internacional
aberto padronizado pela IEC 62026 parte 2.
108 UNIUBE

Por outro lado, as informações trafegadas se limitam a 4 bits por


escravo e não há a possibilidade de se utilizarem múltiplos mes-
tres sem gateways. Apenas 31 escravos podem ser conectados na
versão 2.0, e 62 nas versões 2.1 e 3.0. Com o tamanho de rede
limitado a 62 dispositivos, o tempo de ciclo de rede é de 20ms para
a versão 3.0.

A fonte de alimentação da rede deve ser conectada ao mestre e aos


escravos por meio de barramento. A tensão é padronizada entre
26,5V e 31,6 V, podendo ser instalada em qualquer ponto na rede,
preferencialmente no ponto que consome mais corrente. A Figura
5.1 apresenta um exemplo de rede AS-i com mestre, escravos e
fonte. O cabo amarelo é o padrão da rede AS-i, sua secção trans-
versal é apresentada na Figura 5.2. A solicitação de informações é
semelhante ao MODBUS, feita de maneira cíclica por polling.

Figura 5.1 - Barramento AS-i

Fonte: adaptada de AS-i (on-line).


UNIUBE 109

Figura 5.2 - Cabo AS-i

Fonte: adaptada de ASI-BUS (on-line).

5.4 Protocolo IO-link

A primeira tecnologia padronizada para redes de sensores e atu-


adores foi o protocolo IO-link. Essa rede é a única completamente
prevista na norma IEC 61131, pelo capítulo 9. Trata-se de uma rede
implementada por apenas três fios, sem a necessidade de alimen-
tações externas por fontes dedicadas.

Por ser uma rede que utiliza cabo UTP, sua distância máxima para
aplicações é de 20 metros apenas. Por essa razão, é uma rede que
fica internamente em painéis elétricos ou depende de remotas de
outras redes atuando como gateways no chão de fábrica.

As conexões podem ser feitas por meio de conectores M5, M8 e


M12. Diferentemente da rede AS-i, além de sinais discretos, traba-
lha com sensores analógicos, com resoluções de 8, 12 e 16 bits de
informação.

A velocidade da rede também é superior à da AS-i, trabalhando


como padrão com 230Kbps. O usuário também pode utilizar dados
110 UNIUBE

maiores, de até 32 bytes por pacote de dados, e não apenas 4 bits


como padronizado pela AS-i.

Como vantagens principais, podem ser citados:

• instalação simplificada, substituindo interfaces de entradas e


saídas dedicadas.

• substituição de cabos para sensores analógicos.

• cabos e interfaces padronizados por apenas um tipo.

• armazenamento de parametrização dos escravos pelos mes-


tres de rede.

• ferramentas computacionais para auxílio de endereçamento


e diagnóstico.

• detecção de rompimento de cabos.

• facilidade de atualização de máquinas e dispositivos.

Por ser um protocolo de comunicação padronizado internacional-


mente, não dependeu de nenhum fabricante para ser desenvol-
vido. Isso fez com que diversos fabricantes vissem vantagem no
desenvolvimento dele. Existem gateways disponíveis para os mais
variados protocolos de comunicação, como apresentado na Figura
5.3, que representa uma rede Profinet/Profibus com mestre IO-link
para leitura dos sensores e acionamento dos atuadores.
UNIUBE 111

Figura 5.3 - Rede Profibus/IO-link

Fonte: adaptada de FAQ… (on-line).

Os próprios softwares dos fabricantes de gateways tem aplicações


específicas para a parametrização e o endereçamento de rede. Os
diagnósticos ficam disponíveis de forma transparente na rede, per-
mitindo fácil manutenção e troca de equipamentos defeituosos o
mais rápido possível, diminuindo drasticamente o tempo de parada
de processo. Talvez a única desvantagem seja o maior custo inicial
de aplicação, exigindo que os sensores e os atuadores tenham a
tecnologia. Sensores analógicos com tecnologia IO-link tendem a
ser consideravelmente mais caros que os tradicionais, que podem
ser conectados a outras redes industriais de forma tradicional.
112 UNIUBE

5.5 Protocolo Hart

Esse protocolo foi desenvolvido na década de 1980 pela empre-


sa Rosemount e sua sigla significa Highway Addressable Remote
Transducer. É utilizado como uma rede de transmissão de dados de
processo para grandes distâncias em alta fidelidade de informação.
Trata-se também, caro(a) aluno(a), de um protocolo aberto, orga-
nizado por uma fundação que administra os padrões protocolares.

Saiba mais
Assim como em relação a outros protocolos, a melhor fonte de in-
formações é o site oficial da fundação HCF, que padroniza o HART.
Acesse o site em: <http://www.hartcomm2.org/>, para saber mais
sobre o protocolo.

Crescendo cada vez mais em popularidade e reconhecimento da


indústria, atualmente, mais de 70% dos sensores inteligentes apli-
cados na indústria utilizam o protocolo HART. Ele proporciona,
além do sinal digital para comunicação, o sinal analógico de medi-
ção 4-20mA. Ou seja, como maior vantagem, permite a utilização
da comunicação para dispositivos que já estão instalados.

Referente, então, a sua camada física, o sinal digital e analógico


trafega em conjunto por um cabeamento de cobre e corrente de 4 a
20mA. Demais características são definidas por normas e padrões
para instalações elétricas.

A camada de enlace de dados é responsável pela confiabilidade da


transferência dos dados pelo canal. Essa camada organiza o fluxo
UNIUBE 113

de dados em pacotes, adiciona elementos de detecção de erro, co-


difica os dados e executa controle de acesso ao meio, asseguran-
do a ordem do acesso ao canal de comunicação por dispositivos
mestre e escravo.

As informações se organizam dentro de oito bits, que se agrupam


em mensagens. Assim como outros protocolos, o HART trabalha
no modelo mestre-escravo. Finalmente, a camada de aplicação
(ele não implementa as camadas de 3 a 6 do modelo OSI) defi-
ne comandos, respostas, dados digitais e estado das informações
apoiadas pelo protocolo.

Os dispositivos inteligentes do HART têm de 35 a 40 dados padrão:


estado de dispositivo; diagnóstico de alerta; variável de processo;
unidade de medida; laço de corrente e alcance; parâmetros de
configuração básicos; fabricante e etiqueta de dispositivo.

Os comandos padrão são de fácil acesso, isso significa que um


arquivo de configuração e descrição do dispositivo é dispensá-
vel. Além disso, o protocolo emite mensagens de advertência pe-
rante um problema de dispositivo e, caso uma mudança ocorra
no dispositivo, a detecção é instantânea. Semelhante ao IO-link
e AS-i, a instalação é fácil e de tempo reduzido, a manutenção
também é facilitada pelos diagnósticos e baixo custo adicional
por fabricante na rede.

No modo request/response, o protocolo faz de 2 a 3 atualizações


por segundo. No modo estouro (opcional), ocorrem 3 ou 4 atualiza-
ções por segundo. A estrutura da informação é dada por 1 start bit,
8 bits de dados, 1 bit de paridade e 1 bit de parada.

Como mencionado anteriormente, o sinal digital é modulado por


meio da técnica FSK, dentro de um sinal de corrente de 4 a 20mA.
114 UNIUBE

A frequência para nível lógico 0 é de 2,2KHz e para nível lógico 1 é


de 1,2KHz. A Figura 5.4a apresenta um barramento hart, e a 5.4b
apresenta o sinal modulado dentro de 4 a 20 mA.

Figura 5.4a e 5.4b - (a) Barramento HART e (b) Sinal modulado por FSK

Fonte: adaptada de HART 7… (on-line).

5.6 Protocolo CANopen

Dentre diversos protocolos CAN (Controller Area Network), o


CANopen é de camada mais alta. Trata-se de uma rede embarcada
padronizada com capacidade de configuração flexível.

Inicialmente, foi desenvolvido como barramento CAN ou CANbus


pela Bosh, para comunicação interna veicular. Com o aumento de
UNIUBE 115

dispositivos e sensores para controle, a grossura dos chicotes de


sinal atrapalhavam a fabricação e a manutenção. Posteriormente,
a CANopen foi passada para o grupo internacional CiA (CAN in
Automation) de usuários e fabricantes.

O protocolo CANopen facilita a programação para o desenvolvedor


de procedimentos, pois já tem funções específicas para padroniza-
ção dos dados. Além disso, cada desenvolvedor fornece um pacote
de informações ao usuário por meio de um arquivo de descrição, que
contém todas as variáveis de processo e de serviço para acesso aos
parâmetros. Não é somente esse protocolo que utiliza essa função,
os protocolos DeviceNET e Profibus-DP também fornecem arquivos
de descrição. Trataremos desses protocolos mais para frente.

Os arquivos de descrição criam uma pilha de informações relacio-


nadas ao protocolo CANopen. Cada elemento da pilha consiste em
uma função diferente para finalidades particulares:

• PDO (Process Data Object) - transmite os dados da aplica-


ção. Essa informação é transmitida sem sobreposição de pro-
tocolo, para todos os elementos, por difusão.

• SDO (Service Data Object) - utilizado para acesso aos parâ-


metros do equipamento. Essa informação é direcionada ape-
nas ao escravo cuja informação for relevante.

• EC (Error Control) - verifica se cada um dos escravos está


trabalhando de forma adequada, conforme o protocolo
estabelecido.

• Network Management - controla a rede diretamente na comu-


nicação e de modo indireto para o comportamento do sistema.
116 UNIUBE

Os arquivos de descrição que formam um dicionário de endereça-


mento seguem o padrão descrito no Quadro 5.1, com índices (em
valores hexadecimais) e suas respectivas descrições.

Quadro 5.1 - Áreas de endereçamento do protocolo CANopen

Índice Descrição
0000h Reservado
0001h-025Fh Tipo de dados
0260h-0FFFh Reservado
1000h-1FFFh Área de comunicação de objetos
2000h-5FFFh Área do fabricante dos objetos
Área específica dos arquivos do
6000h-9FFFh
dispositivo
Área específica das interfaces
A000h-BFFFh
do dispositivo
C000h-FFFFh Reservado

Fonte: Elaborado pelo autor.

Cada PDO é transmitido por seu respectivo nó e tem um único


identificador. Porém ele pode ser recebido por mais de um nó na
rede. O envio pode ser orientado por uma interrupção ou de forma
temporizada internamente no equipamento. Além desses modos,
é comum que ocorra o disparo por uma requisição externa ou por
solicitação de sincronia recebida.

De forma semelhante ao MODBUS, os objetos PDO têm um ma-


peamento padrão descrito não na tabela de registradores, mas em
seu dicionário. Seu mapeamento define os objetos de aplicação
UNIUBE 117

que são transmitidos e descreve a sequência e o tamanho dos ob-


jetos mapeados.

Já um SDO é um serviço que lê os valores das entradas ou escre-


ve valores internamente no dicionário de objetos. Enquanto o PDO
transmite pacotes de 8 bits, o SDO pode enviar qualquer tamanho
de mensagem. O primeiro byte do primeiro segmento de informa-
ções contém a informação necessária para fazer o controle do flu-
xo, para eliminar o problema de frames (ou datagramas, ou men-
sagens) recebidos de forma duplicada. Os próximos três bytes do
primeiro segmento informam o índice e os subíndices do registro
contido no dicionário. Dando sequência, os próximos bytes definem
controle e, posteriormente, até sete bytes ficam disponíveis para
dados do usuário trafegarem na rede.

Reflita
É importante entender, caro(a) aluno(a), que já estabelece-
mos os elementos fundamentais de comunicação de envio
e recebimento de mensagem. Os mestres e escravos da
rede utilizam mais frequentemente apenas PDO e SDO para tráfe-
go de dados importantes. Na sequência, veremos alguns objetos
especiais de controle que são implementados pelo protocolo, mas
não se fazem presentes diariamente nas aplicações.

O objeto de sincronização (Sync) é definido pelo ciclo periódico


da comunicação e faz, como seu nome diz, a sincronização dos
dados na rede. Um objeto Sync não envia dados, mas organiza a
comunicação. Imagine, no início da comunicação, como pode ser
complicado para um protocolo estabelecer as mesmas taxas de
118 UNIUBE

transmissão. O objeto Sync cuida desse ponto e mantém a sincro-


nia durante todo o processo de envio e recebimento.

Em uma situação de erro interno do equipamento, é enviada uma


mensagem de emergência. Essa mensagem define o objeto de
emergência Emcy. Dessa forma, a detecção de falhas na rede é
instantânea e é possível determinar qual dos dispositivos entrou
em erro. Após a estabilização da situação, a mensagem de erro
para de ser enviada para a rede de forma automática. Deve-se,
então, caso seja conveniente, armazenar o momento e o código
desta falha para posterior diagnóstico.

O objeto time stamp (Time) envia a informação de tempo real em


que o evento ocorre, ou seja, informa o momento (hora do dia) em
que a mensagem foi enviada e recebida.

Para gerenciamento da rede, três mensagens podem ser utiliza-


das. O boot-up inicia todas as configurações da rede quando o dis-
positivo é ligado. O heartbeat verifica periodicamente a presença
dos dispositivos na rede, mesmo que esses não estejam enviando
ou recebendo PDO e SDO. Por fim, a mensagem NMT contém in-
formações que forçam os escravos a alterarem seus estados entre
Inicialização, Pré-operação, Operacional e Preparado para operar.

5.7 Protocolo PROFIBUS-PA

Continuando nosso estudo em protocolos voltados para cam-


po industrial, estudaremos, agora, o protocolo PROFIBUS-PA.
PROFIBUS vem do termo inglês PROcess FIeldBUS e tem três
versões de aplicação: DP, PA e FMS. Estudaremos, neste capí-
tulo, apenas a versão PA (no próximo, veremos os modos DP e
UNIUBE 119

PROFINET). A padronização é feita pelas normas EN 50170 e


EN50254, além da norma IEC 61158-2.

O PROFIBUS-PA é utilizado para a automação de processos


(PA = Process Automation) e é menos utilizado que a versão DP.
Desenvolvido para operar de forma semelhante ao protocolo HART,
trabalha com velocidade fixa de 31,25Kbps e leva vantagem pe-
rante o modo DP, pois permite a configuração e a parametrização
integradas no instrumento. A interface física para aplicações PA é a
Manchester, que veremos adiante.

Fazendo a analogia ao modelo OSI, o PROFIBUS-PA implementa


as camadas física, data link e aplicação. A camada de aplicação
utiliza os blocos funcionais específicos para cada escravo no cam-
po. O modo de comunicação é mestre-escravo, com a possibilida-
de de leitura, escrita e parametrização de módulos remotos pelo
gerenciador da rede.

A tecnologia que é empregada para esse protocolo é a MBP (codi-


ficação Manchester e Bus Powered), de acordo com a especifica-
ção IEC 61158-2. De forma semelhante à rede AS-i, a alimentação
dos dispositivos é feita pelo mesmo par condutor em que a infor-
mação trafega. Essa tecnologia de comunicação síncrona é muito
utilizada em processos de automação que demandam aplicações
intrinsecamente seguras, como ambientes explosivos e/ou agressi-
vos, podendo ser relacionados às áreas químicas, petroquímicas e
sucroalcooleiras; a Figura 5.5 apresenta um escravo PA para área
classificada. A alimentação pode variar entre tipos de dispositivos
9V e 32V. Apenas 31 módulos escravos podem ser conectados ao
mestre, podendo este ser um Coupler ou um Link.
120 UNIUBE

Figura 5.5 - Transmissor de pressão para área classificada

Fonte: adaptada de LD300Series... (on-line).

O Coupler é um dispositivo que, interligado ao PROFIBUS-DP, atua


como mestre no PA, mas não interfere em endereçamento. É um
dispositivo “burro” e responde ao DP como um escravo, trabalhan-
do na mesma taxa de transmissão da rede configurada.

O Link é um gateway, convertendo as versões entre DP e PA, po-


dendo atuar em taxa de transmissão diferente na rede e, também,
sendo um mestre para a PA.

Sem repetidores de sinal, caro(a) aluno(a), a distância máxima


para o PA é 1900 metros e, para o uso de repetidores, essa dis-
tância aumenta em ramos de 1900 metros para um máximo de 4
UNIUBE 121

repetidores. O condutor padrão é AWG 18, e o par deve ser blinda-


do com malha aterrada.

IMPORTANTE!
Como o PROFIBUS-PA é utilizado para áreas classificadas, é im-
portante conhecer as características específicas para cada apli-
cação. O Quadro 5.2 apresenta um resumo das características
para áreas classificadas, considerando um consumo de 10mA
por dispositivo.

Quadro 5.2 - Características para área classificada

N. DE
TIPO ÁREA ALIMENTAÇÃO I MÁX P MÁX
DISP.
EEX ia/ib
I 13,5V 110mA 1,8W 8
IIC
EEX ib
II 13,5V 110mA 1,8W 8
IIC
Eex ib
III 13,5V 250mA 4,2W 22
IIB
N ã o
IV 24V 500mA 12W 32
seguro

Fonte: Cassiolato (on-line).


122 UNIUBE

Da mesma forma que nas outras redes, é utilizado um terminador


de rede para casar a impedância da rede com os dispositivos. Para
cada trecho de rede PA (com a possibilidade de ter internamente
em Couplers e Links) deve ser inserido um circuito RC em série,
com resistor de 100 ohms e capacitor de 1 micro Farad.

Considerações finais
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo, começamos nosso estudo
acerca dos protocolos de comunicação industrial. Os protocolos
são as regras de software e aplicação que determinam as caracte-
rísticas das redes industriais.

Iniciamos o estudo com a rede MODBUS, que foi o primeiro proto-


colo aberto e é um dos mais difundidos nos ambientes de controle
de variáveis remotas em campo. Para se ter ideia de sua vasta
aplicação, a implementação de seu algoritmo é aplicada até em
sistemas de ar condicionado split. Conceituamos as funções desse
protocolo e seu datagrama de mensagem entre mestre e escravos.
Esse conhecimento será fundamental para o estudo de sua versão
TCP no próximo capítulo.

Continuando, vimos as características da primeira rede de disposi-


tivos discretos de campo, a rede AS-i. Determinamos como ocorre
a alimentação dos dispositivos e a transmissão dos dados em con-
junto. Caracterizamos os pacotes de 4 bits por escravo e a configu-
ração de conectores e cabos.

Estudamos o único protocolo previsto pela norma IEC 61131. Em


capítulos anteriores, vimos que a parte 4 trata de comunicação ge-
nérica, e demais protocolos ficaram para a norma IEC 61158. A
UNIUBE 123

rede IO-link se integra totalmente à programação de controladores


lógicos como dispositivos de entradas e saídas.

A primeira rede para sensores industriais foi apresentada na seção


sobre o protocolo HART, que tem funções específicas para o trata-
mento e a coleta de dados diretamente do ambiente de produção,
por meio da modulação de sinais utilizando a técnica FSK em seu
sinal analógico de processo 4 a 20 mA.

Estudamos a evolução da rede CANbus para sensores e atuadores


de veículos no protocolo aberto CANopen, que define o dicionário
de dispositivos por meio de seus arquivos de configuração EDS.
Principalmente, entendemos o funcionamento das palavras de da-
dos PDO e os objetos de serviço SDO.

Por fim, iniciamos o estudo de uma das redes mais aplicadas em


ambientes industriais para controle de dispositivos de processos, o
PROFIBUS-PA, que faz parte de uma família maior de protocolos.
O conhecimento do PA servirá de base para o estudo do DP e da
rede PROFINET no próximo capítulo. Vimos, também, as caracte-
rísticas de sinais para aplicações em áreas classificadas.

No próximo capítulo, veremos outros protocolos de comunicação,


dando um foco maior para aqueles que são implementados com
base na Ethernet. Convido você a fazer as atividades propostas e
a refletir sobre o tema. Recomendo, também, buscar mais informa-
ções nos sites oficiais das fundações e organizações, para apren-
der mais sobre os estudos de caso disponíveis. Bons estudos!
Protocolos de
Capítulo
6
comunicação industrial II

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Caro(a) aluno(a), no capítulo anterior, começamos o estudo
dos protocolos de comunicação industrial. O foco era nos
protocolos de campo, para leitura de dados de processo e
controle industrial. Neste capítulo, continuaremos abordando
as características dos principais protocolos de redes, porém,
subiremos um pouco mais na pirâmide de complexidade.
Os protocolos MODBUS RTU e CANopen fazem parte da
transição entre o barramento de campo e de controladores.
Eles foram apresentados, no capítulo anterior, pelas suas
características particulares, mas entenda que eles também
fazem parte deste grupo.
Assim, neste capítulo, abordaremos a rede DeviceNET,
que se assemelha muito ao protocolo CANopen em nível
de controladores; também, o protocolo PROFIBUS-DP,
que atua como um mestre para redes PA em um nível
também superior. O protocolo MODBUS TCP será visto na
sequência, implementado da mesma forma que RTU, porém
iniciando o estudo de protocolos base ethernet industrial.
Dando sequência, veremos a rede PROFINET, que substitui
o PROFIBUS-FMS como rede para gerenciamento de dados
e comunicação em tempo real. O estudo continua com a
Ethernet/IP, que é uma evolução do protocolo DeviceNET,
o POWERLINK, como uma evolução do CANopen, por fim, o
protocolo EtherCAT.
As características estudadas permanecem em regras, funções,
meios físicos e formas de implementação. Nesse momento,
trataremos da interconexão por meio de gateways, visto que
os sistemas passam a ser gerenciadores de rede fazendo
comunicação com aplicações de alto nível, como sistemas
SCADA e ERP.
Este capítulo também nos prepara para o estudo aprofundado
de sistemas de comunicação por ethernet em protocolo
TCP/IP (já comparado com o modelo OSI), culminando no
desenvolvimento de aplicações OPC.
Convido você, agora, a aprender mais sobre os protocolos
de comunicação, sempre fazendo uma conexão com
os capítulos de interface e meios físicos, bem como
relembrando, constantemente, o capítulo inicial de protocolos
de comunicação. Bons estudos!

Objetivos
• Apresentar os protocolos industriais restantes mais
aplicados.
• Estudar os protocolos CIP DeviceNet e Ehternet/IP.
• Complementar o estudo da rede PROFIBUS PA com DP
e PROFINET.
• Compreender o uso de protocolos industriais em rede
ethernet.
Esquema

• Protocolos CIP
• DeviceNet
• Ethernet/IP
• Protocolos PROFIBUS
• DP
• PROFINET
• CAN
• POWERLINK
• DeviceNet
• MODBUS TCP
• EtherCAT

6.1 DeviceNET

O protocolo DeviceNet está presente em sistemas de automação des-


de meados da década de 1990. O DeviceNet é um membro de uma
família de redes que implementa o Common Industrial Protocol (CIP)
nas suas camadas superiores. O CIP engloba um conjunto abrangen-
te de mensagens e serviços para uma variedade de aplicações de
automação industrial, incluindo controle, segurança, sincronização,
movimento, configuração, diagnóstico e informações. Como se trata
de um protocolo aberto, independente de quaisquer fabricantes, é
suportado por centenas de fornecedores. Fornece aos usuários uma
arquitetura de comunicação unificada no chão de fábrica.

A rede DeviceNet adapta CIP à tecnologia CAN, que é a mesma tec-


nologia de rede usada em veículos automotores para comunicação
128 UNIUBE

entre dispositivos inteligentes, e fornece base para o protocolo


CANopen, já estudado. O protocolo DeviceNet fornece aos usuá-
rios a capacidade de distribuir e gerenciar dispositivos simples ao
longo de sua arquitetura de forma econômica.

O protocolo DeviceNet oferece várias vantagens para o desenvol-


vimento de aplicações em automação industrial:

• os serviços mestre-escravo permitem controle, configuração


e coleta de dados simultaneamente de dispositivos inteligen-
tes em uma única rede.

• suporte para até 64 nós e taxas de transmissão até 500Kbps.

• camada física robusta, resistente a alto nível de ruído eletro-


magnético e outros ambientes agressivos.

• transmite o sinal de dados, enquanto fornece ao usuário uma


arquitetura de rede flexível, que oferece várias taxas de trans-
missão (125, 250 e 500 kbps) em barramentos com distâncias
de até 500 metros (125 kbps).

• alimentação (24 Vdc, 8 Amps) e sinal no mesmo fio com a


capacidade de remover e substituir nós de rede em qualquer
ponto da rede sem interrupção.

• as opções de instalação robustas incluem um cabo par tran-


çado que permite topologias de cabeamento flexíveis, incluin-
do Daisy Chain e cabos flat, com opções de conector terminal
parafuso e com cabo (IP20) e plugues (IP67) ou cabo flat com
conectores de derivação (IP67).
UNIUBE 129

A infraestrutura de rede DeviceNet é passiva, tornando a funciona-


lidade do nó independente da localização física, o que torna a rede
tolerante a falhas de nó ausente. Embora a infraestrutura de rede
seja passiva, a rede pode transmitir a alimentação do dispositivo
em conjunto com o cabo de dados. Essa característica é extre-
mamente valiosa para dispositivos com pequeno tamanho físico e
requisitos de energia, em que a DeviceNet simplifica o número dos
componentes e das conexões necessário do sistema.

Para diminuir ainda mais a complexidade, os sistemas DeviceNet


exigem apenas um ponto de conexão para a configuração de con-
trole. Isso ocorre porque o protocolo oferece suporte a entradas e
saídas, aquelas que tipicamente contêm informações de controle
críticas no tempo e aquelas em que os dados de campo contêm
tanto informações de protocolo quanto solicitações de serviço. Os
sistemas DeviceNet podem ser configurados para operarem em
um controle mestre-escravo ou distribuídos utilizando arquiteturas
de comunicação ponto a ponto.

A camada física permite diversos usos de topologia com derivação


de barramento inclusive. A forma mais comum é utilizar pares tran-
çados separados em um mesmo cabo para alimentação e trans-
missão de dados, fazendo conexão Daysi Chain para ambos os
pares. A Figura 6.1(a) mostra um conector parafuso com grau de
proteção IP20, a (b) mostra conectores IP67 para cabos tradicio-
nais, e a (c), conectores IP67 para cabos flat:
130 UNIUBE

Figura 6.1 - Conectores padronizados DeviceNet

Fonte: adaptada de DeviceNet (2016, on-line).

O Quadro 6.1 estabelece a distância máxima normatizada para


a rede DeviceNet para cada tipo de cabo em função da taxa de
comunicação.

Quadro 6.1 - Distâncias máximas em função de tipo de cabo e velocidade

DeviceNet

TIPO DE CABO 125 kbps 250 kbps 500 kbps


Cabo padrão 2 pares
500 m 250 m 100 m
(Thick cable)
Cabo padrão 2 pares
100 m 100 m 100 m
(Thin cable)
Cabo flat 420 m 200 m 75 m
UNIUBE 131

Comprimento máximo
6m 6m 6m
de derivação
Comprimento má-
ximo de derivações 156 m 78 m 39 m
acumuladas

Fonte: DeviceNet (2016, on-line).

Por fim, o datagrama da rede DeviceNet, que estabelece o tráfego


de informações do mestre e dos escravos, é composto por: 1 bit de
início; 11 bits de endereço; 1 bit reservado; 6 bits para controle de
barramento; 0 a 8 bytes de dados; 15 bits para checagem CRC; 1
bit para finalização de checagem CRC; 1 bit de reconhecimento; 1
bit para finalização de reconhecimento; 7 bits para finalização de
datagrama; 3 ou mais bits de intervalo para o próximo datagrama
ser enviado.

Saiba mais
Para maiores informações acerca do protocolo DeviceNet, reco-
mendo a você, querido(a) aluno(a), o site oficial de redes CIP, dis-
ponível em <www.odva.org>. O mesmo site pode ser consultado
para redes Ethernet/IP, ControlNet e CompoNet.
132 UNIUBE

6.2 PROFIBUS-DP

O protocolo PROFIBUS-DP (Decentralized Peripherals) atua em


nível de controladores industriais, enquanto a versão PA (estudada
no capítulo anterior) atua no nível de transmissores e atuadores
em campo. Executa a função de tecnologia de comunicação, cole-
tando dados de sistemas de controle de motores, de identificação,
gateway para demais protocolos e para coleta de dados de pontos
remotos de entradas e saídas.

Assim como vários outros protocolos de comunicação industrial, o


PROFIBUS-DP implementa apenas as camadas um, dois e sete do
modelo OSI. Sua padronização é prevista pela norma IEC 61158 e
IEC 61784.

Dois meios físicos são utilizados para PROFIBUS-DP: cabo par


trançado utilizando interface RS-485 e fibra ótica. Para RS-485,
utilizam-se taxas de transmissão entre 9,6 kbps e 12 Mbps, cabo
padrão STP e um máximo de 32 dispositivos conectados por
segmento de rede. A quantidade de dispositivos pode atingir até
126 na rede, utilizando um máximo de 9 repetidores que se-
jam capazes de fazer o condicionamento de sinal. A Figura 6.2
apresenta um conector PROFIBUS-DP padrão com resistor de
terminação. Diferente do protocolo MODBUS, que utiliza a mes-
ma interface serial, é necessário um processador dedicado ao
protocolo para implementar a codificação NRZ (Non Return to
Zero). A topologia aplicada deve ser barramento com obrigato-
riedade de uso de terminador de rede no último dispositivo, por
se tratar de uma rede balanceada.
UNIUBE 133

Figura 6.2 - Conector padrão DB9 para PROFIBUS com resistor de terminação

Fonte: Siemens... (on-line).

Para o uso em fibra ótica, a diferença é o meio físico (pois será usa-
da a fibra ao invés do par) e a possibilidade de uso de topologias
estrela e anel, desde que interfaces dedicadas estejam disponí-
veis. Além disso, não há limite para uso de repetidores, desde que
esses possam evitar atraso de comunicação e façam recondiciona-
mento de sinal.

O protocolo PROFIBUS-DP trabalha com três níveis de performan-


ce, V0, V1 e V2. A forma DP-V0 fornece as funções básicas para
comunicação, incluindo tráfego cíclico de dados e alguns diagnós-
ticos de falha por excesso de temperatura em dispositivo e curto
circuito de saída. É a forma mais comum de comunicação e fornece
134 UNIUBE

seus dados e configurações de dispositivo por meio de arquivo


GSD (General Station Description), que pode ser importado para o
ambiente de engenharia e desenvolvimento.

O modo V1, além das características de V0, permite a comunica-


ção de computadores com os escravos, além de apenas a comu-
nicação de controlador com os escravos. Fornece funções de co-
municação e controle por meio de blocos de função dedicados e
em conformidade com a norma IEC 61131. Talvez a função mais
importante é o uso de alarmes em rede e comunicação à prova de
falhas (Fail-Safe Communication PROFIsafe).

Já o modo DP-V2, caro(a) aluno(a), é a versão mais sofisticada,


trazendo a possibilidade de integração do protocolo HART para o
processo (não apenas PA) e a utilização de modo multimestre em
rede para redundância. No caso de falha de um controlador, o outro
automaticamente assume suas funções em tempo real.

A camada de enlace de dados (data link) permite o uso de palavras


de comunicação cíclicas ou acíclicas. Comumente utilizadas para
leitura de dados em tempo real, as palavras cíclicas são enviadas
ao mestre sem a necessidade de solicitação, ao contrário dos mé-
todos polling, vistos em outros protocolos. Para a leitura de outras
variáveis de processo, palavras acíclicas podem ser utilizadas, e
essas, sim, dependerão de eventos (alarmes, por exemplo) e/ou
solicitação do mestre da rede.

O protocolo PROFIBUS-DP é utilizado por diversos fabricantes


para sistemas de controle de campo e permite integração transpa-
rente com protocolos PA, IO-link e PROFINET. Para gateways de
protocolos, que não fazem parte da DP-V0, os fabricantes forne-
cem o arquivo EDD (Electronic Device Description), que apresenta
UNIUBE 135

todas as palavras de dados disponíveis para aplicação nos blocos


de função em V1 e V2.

6.3 MODBUS TCP

O primeiro protocolo com base em ethernet industrial que estuda-


remos será o MODBUS TCP. As funções e o modo de aplicação
são os mesmos do MODBUS RTU. A diferença para esse proto-
colo é o formato de comunicação, que, ao invés de ser mestre
-escravo, passa a ser cliente-servidor. O cliente faz o papel de
mestre nessa rede, e o escravo que responde às solicitações de
transferência é o servidor.

O tamanho máximo dos datagramas permanecem em 220 bytes, e


a necessidade de endereçamento de escravos se mantém confor-
me a versão serial. A diferença principal está na aplicação da ca-
mada física ethernet (conforme IEEE 802.3). Os dados são, então,
encapsulados em formato binário, sendo mais fácil implementar
aplicações com conversão binária para decimal, sem a necessida-
de de trabalhar com valores hexadecimais nos registradores.

Além disso, a interface acrescenta ao protocolo a necessidade de


endereçamento por IP (Internet Protocol). Cada dispositivo para
acesso ao meio precisa utilizar o endereço IP, e cada elemento
pode ter diversos escravos configurados em seu interior. Assim, o
protocolo MODBUS TCP facilita aplicações de gateway para siste-
mas SCADA que utilizam o MODBUS RTU em campo.
136 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Você pode, caro(a) aluno(a), desenvolver uma atividade prática
de comunicação de MODBUS TCP utilizando seu computador
como servidor e qualquer dispositivo Android como mestre. Utilize
a plataforma Elipse E3 com o driver de comunicação MODBUS
SLAVE. No cliente (dispositivo Android), utilize o aplicativo gra-
tuito DROIDbus. Para maiores informações, acesse o site <kb.
elipse.com.br>, lá há detalhamento da comunicação para a plata-
forma Elipse E3.

6.4 PROFINET

Como a rede PROFIBUS (tanto DP quanto PA) refere-se a protoco-


los muito bem estabelecidos, o protocolo PROFINET trata de sua
evolução em relação às aplicações de Ethernet Industrial.

As implementações, nessa tecnologia, permitem o acesso de todas


as estações remotas na rede ao mesmo tempo. Dessa forma, a
rede pode ser utilizada de uma maneira muito mais eficiente, com
a possibilidade de vários mestres controlando escravos, atuando
conforme a IEC 61131 e 61158. A rede implementa comunicação
full-duplex na operação de sua camada de enlace de dados e, alia-
da a um sistema operacional em tempo real, garante comunicação
veloz de operação em taxas de até 100 Mbps.

Em conformidade com a rede PROFIBUS, o PROFINET mantém


o acesso aos dados de entrada e saída por endereçamento lógico,
permite o armazenamento de dados e parâmetros e executa diag-
nóstico de sistemas por evento. Assim, a familiaridade do uso de
redes anteriores garante a aplicação de forma concisa.
UNIUBE 137

Como utiliza a base de ethernet, equipamentos comuns e indus-


triais podem estar presentes na mesma rede, utilizando a mesma
faixa de IP disponível, inclusive com a possibilidade de se utilizar
endereçamento DHCP.

A rede PROFINET também garante a interconectividade de dispo-


sitivos de diversos fabricantes por meio de seus arquivos GSDML
(General Station Description Markup Language) e de redes como
PROFIBUS DP, PA, HART, IO-link e AS-i de forma transparente.
As possíveis topologias de aplicação para a PROFINET são barra-
mento ou árvore.

Os dispositivos (PROFINET devices), comumente, possuem inter-


namente um switch para comunicação e, no mínimo, duas portas
ethernet estarão disponíveis para entrada e saída da rede. Cada
equipamento terá associado a sua interface um endereço MAC
(com conjunto de valores hexadecimais fixos de fábrica), um ende-
reço IP na rede e um nome descritivo.

Os meios físicos de implementação podem ser par trançado (4


pares STP mínimo CAT5), conforme ISO 60603-7, e conector RJ-
45 ou fibra ótica polimérica, conforme a norma ISO/IEC 60793-2.
Os conectores padrões para fibra ótica são o SCRJ45 padrão da
IEC 61754-24, conhecido no mercado como conversor de mídia
para fibra ótica, o BFOC (Bayonet Fiber Optic Connector) e o SC
(Subscriber Connector), ambos padronizados pela IEC 60874 . A
Figura 6.3 (a) demonstra o SCRJ45, a (b), o BFOC e a (c), o SC.
138 UNIUBE

Figura 6.3 - Conectores para fibra ótica em PROFINET

Fonte: adaptada de VIP-3/SC/RJ45… (on-line); ST II… (on-line); Phoenix… (on-line).

Em ambientes sem fio, a mesma padronização de ethernet é utili-


zada, a IEEE 802.11, ou wi-fi. Em qualquer configuração (a, b, g ou
n), a comunicação wireless será feita de modo half-duplex.

Além dos conectores RJ45, pode-se utilizar plugues M12. O Quadro


6.2 apresenta as conexões para cabo padrão (STP CAT5) e para
cabo de transferência cruzada (também chamado cross over cab-
le), que é utilizado entre dois mestres para comunicação e progra-
mação. Para conectores RJ45, segue-se a regra padrão Ethernet
EIA/TIA 568a e 568b, para patch cord e cross over cable. A Figura
6.4 mostra os conectores M12 para PROFINET, o cabo verde é
utilizado como padrão.
UNIUBE 139

Quadro 6.2 - Atribuição de pinos para conector M12 na PROFINET

Plugue padrão
Plugue mestre Plugue cross
(mestre)
Cor Cor Cor
Pino Pino Pino
(PROFINET) (PROFINET) (PROFINET)
1 Branco 1 Amarelo 1 Branco
2 Amarelo 2 Branco 2 Amarelo
3 Azul 3 Laranja 3 Azul
4 Laranja 4 Azul 4 Laranja

Fonte: PROFINET (2007, on-line).

Figura 6.4 - Conector M12 PROFINET

Fonte: Connection… (on-line).


140 UNIUBE

6.5 Ethernet/IP

Assim como o protocolo DeviceNet, a rede Ethernet/IP também


faz parte da família de protocolos CIP. Então ocorre a adaptação
do protocolo comum industrial para a Ethernet Industrial. Como
PROFIBUS está para PROFINET, DeviceNet está para Ethernet/
IP. Este protocolo permite a integração de dispositivos industriais
em mesma rede local conjunto à dispositivos TCP/IP.

O protocolo Ethernet/IP tem como vantagens a manutenção do


modelo mestre-escravo, permitindo controlar, configurar e adquirir
dados de dispositivos inteligentes em campo. Além disso, é com-
patível com os padrões de protocolos ethernet, como HTTP, FTP,
SNMP e DHCP, isso permite, também, a integração à comunicação
distribuída por meio de OPC.

A arquitetura de rede conforme ethernet permite velocidades


que dependem apenas de meio físico, atingindo velocidades de
100Mbps até taxas superiores a 1 Gbps. Podendo utilizar cabos
par-trançado com conectores RJ45 e M12, fibras óticas e redes
wireless. As possíveis topologias são estrela, barramento e anel.

As aplicações de comunicação real time são suportadas por meio


da função QuickConnect e da possibilidade de sincronização de
dados pelo padrão CIP Sync. Dessa forma, eixos podem traba-
lhar em sincronia com grandes velocidades de rotação em tecno-
logia Motion.

A rede Ethernet/IP permite o mesmo uso do datagrama padrão CIP


utilizado pela DeviceNet, porém com a possibilidade de comunica-
ção full-duplex, enviando e recebendo dados ao mesmo tempo. A
diferença do datagrama em relação ao protocolo TCP/IP é a possi-
bilidade de não somente destinar mensagens por endereço Internet
UNIUBE 141

Protocol, mas também o uso do MAC de cada dispositivo da rede,


que é único por fábrica.

Para comunicação em tempo real, suporta, ainda, o uso do proto-


colo UDP sobre IP, que não tem garantia de entrega dos dados,
enviando um pacote subsequente ao outro. Caso um pacote UDP
sofra alguma falha no recebimento, o elemento pode solicitar o pa-
cote novamente.

Cada dispositivo exerce seu papel na rede, o qual pode ser de três
tipos distintos, com funções básicas:

• Messaging Class: permite o tráfego de informações por re-


quisição e demanda. São dispositivos para configurar ou
programar Interfaces Homem-Máquina, sistemas SCADA,
controladores industriais e aplicações que não dependam de
comunicação em tempo real de entradas e saídas. Fornece
base para configuração de rede e ferramentas de diagnóstico.

• Scanner Class: faz o papel de mestre na rede. Os scanners


são controladores, computadores e sistemas inteligentes ca-
pazes de enviar e solicitar dados de dispositivos por meio de
comunicação em tempo real. Durante a comunicação com o
adapter, o scanner fecha a comunicação ponto a ponto para
que seja efetiva.

• Adapter Class: é o escravo na rede Ethernet/IP. Envia e re-


cebe dados por solicitação do Scanner ou messaging; essas
mensagens podem ser em tempo real ou não. Remotas de
entradas e saídas, sensores, robôs industriais e outros con-
troladores fazem parte dessa classe.
142 UNIUBE

RELEMBRANDO
Já vimos, em capítulos anteriores, a possibilidade de uso do softwa-
re Codesys da 3S para aplicações utilizando a ferramenta didática
Raspberry Pi. O Codesys permite que você, caro(a) aluno(a), pro-
grame e configure uma placa didática tanto como Scanner, quanto
como Adapter.

6.6 PowerLink

A rede Ethernet POWERLINK é mais um perfil de comunicação


voltado para a Ethernet em tempo real. Estende ao IEEE 802.3
funcionalidades de transferência de dados com previsão temporal
de dados e sincronização precisa. O protocolo de comunicação é
voltado para aplicações de controle industrial e de sincronização
de eixos em movimento. É importante lembrar que nenhum desses
protocolos RTE removem os princípios básicos da comunicação
ethernet, apenas introduzem as funções de comunicação industrial.

Dentre os mecanismos introduzidos pelo POWERLINK, estão: a


transmissão de dados com controle crítico de tempo em ciclos iso-
síncronos (sempre ao mesmo tempo); sincronia de múltiplos nós
de rede com grande acurácia; manutenção de serviços assíncro-
nos por eventos ou solicitação. As informações assíncronas po-
dem, então, ser enviadas por protocolos de transferência, como
TCP ou UDP, bem como utilizando serviços HTTP, FTP e outros.

Para engenheiros que trabalham com automação, o POWERLINK


não exige grande conhecimento da rede ethernet em si, permite até
240 nós interconectados em tempo real para cada sub-rede. A garan-
tia de comunicação determinística é inferior a 100 microssegundos
UNIUBE 143

por ciclos, garantindo um atraso inferior a 1 microssegundo para


todo o conjunto de dados de toda a sub-rede.

O POWERLINK tem (assim como os outros protocolos base


Ethernet estudados) interoperabilidade com outros protocolos. A
interoperabilidade, nesse protocolo, está direcionada ao protoco-
lo CANopen, estudado no capítulo anterior, conforme a norma EN
50325-4. Insere a possibilidade de aplicação ponto a ponto de e
para qualquer nó na rede. Permite a inserção e a remoção de dis-
positivos na rede sem interromper a comunicação dos demais.

Enquanto os demais protocolos exigiam o uso de equipamentos


como roteadores e switches, o protocolo POWERLINK é o único
que aceita (por norma) o uso de dispositivos derivadores hub. O
padrão IEEE apenas prevê um acréscimo de 70 nanossegundos
para cada porta de hub conectada na rede. Isso é possível inclu-
sive devido à garantia de uso de redes full-duplex ponto a ponto.

Tanto conectores RJ45 quanto M12 podem ser utilizados para co-
municação full-duplex. A pinagem utilizada para RJ45 é a mesma
definida pela EIA/TIA T568B:

• Pino 1 Branco/Laranja: Rx+

• Pino 2 Laranja: Rx-

• Pino 3 Branco/Verde: Tx+

• Pino 6 Verde: Tx-


144 UNIUBE

Para conectores M12 (4 pinos), a conexão é feita conforme IEC


61076-2:

• Pino 1: Azul/Amarelo: Tx+

• Pino 2: Amarelo/Branco: Rx+

• Pino 3: Branco/Laranja: Tx-

• Pino 4: Laranja/Azul: Rx-

No caso de necessidade de comunicação cross-over, deve-se in-


terligar o Tx+ ao Rx+, o Tx- ao Rx-, o Rx+ ao Tx+ e Rx- ao Tx-.
A mesma regra segue para interoperabilidade de conexão entre
RJ45 e M12.

RELEMBRANDO
O protocolo Ethernet POWERLINK utiliza as mesmas caracterís-
ticas de dicionário, palavras de dados e serviços que o protocolo
CANopen. Incentivo você, aluno(a), a voltar ao capítulo anterior,
no qual discutimos as características do arquivo EDS e as informa-
ções sobre PDO e SDO, para relembrar essas definições.
UNIUBE 145

6.7 EtherCAT

O último protocolo com base na IEEE 802.3 que estudaremos é o


EtherCAT. Desenvolvido posteriormente aos outros já vistos, trata
a ethernet como um barramento de campo de fato, atendendo a
sistemas remotos de automação de uma forma mais transparente.
O desenvolvimento desse sistema foi liderado pela Beckhoff para
sistemas que exigem sincronismo de precisão, como sistemas ro-
bóticos e de manufatura integrada.

Com a evolução de controladores programáveis para sistemas


computacionais, que utilizam hardware de computadores conven-
cionais, o desenvolvimento da rede EtherCAT focou nos seguintes
objetivos de controle industrial:
• possibilidade de aplicação com qualquer dispositivo ou placa
que atenda à ethernet comum. Desde microcontroladores 16
bits até computadores com processadores de 3GHz, qualquer
um deve ter a disponibilidade de aplicar o EtherCAT como
mestre na rede por meio de software embarcado.

• conformidade com Ethernet e coexistência das rede na mes-


ma infraestrutura.

• nós complexos ou simples (com grande ou pequena quanti-


dade de dados) devem ocupar a mesma taxa de transferência
e possibilidade de sincronia.

• disponibilizar o máximo de banda de comunicação para dis-


positivos EtherCAT.

• tempos de ciclo para a rede completa inferior a 100


microssegundos.

• controle e transferência de dados determinísticos.


146 UNIUBE

Na visão da rede ethernet, o protocolo EtherCAT e seu barramento


completo se comportam como um dispositivo passivo na rede, envian-
do e recebendo datagramas conforme o próprio padrão IEEE 802.3.
Ao invés de possuir um controlador ethernet, o barramento tem um
grande número de dispositivos escravos na EtherCAT. A mensagem
trafega por toda a rede, e o último escravo no barramento reenvia o
último datagrama para o mestre, fazendo com que o sistema se com-
porte como uma malha de controle e feedback de dados.

A estrutura dos dados do EtherCAT se mescla ao datagrama ether-


net e é composta da seguinte forma:

• 14 bytes de cabeçalho ethernet.

• 2 bytes de cabeçalho EtherCAT

• 10+n+2 bytes de comando de cabeçalho EtherCAT, em que n


é o número de bytes de dados transferidos.

• 10+m+2 bytes de comando de dados EtherCAT, sendo que M


é o número de bytes de comandos executados.

• 4 bytes de checagem de erro CRC.

• entre os bytes de cabeçalho Ethernet e EtherCAT, 20 bytes do


cabeçalho IP podem ser inseridos opcionalmente.

Em relação ao meio físico, utilizam-se tanto par trançado STP


CAT5 como fibra ótica de núcleo polimérico conforme a Ethernet.
Entretanto, caro(a) aluno(a), a norma diferencia o barramento
EtherCAT por limitação de segmentos de cabos entre dispositivos.
UNIUBE 147

Para STP, utilizam-se, no máximo, 10m entre dispositivos, e 100m


para fibra. Por ponto de instalação, isso encarece muito o sistema,
porém o atraso de informações é zero.

A topologia de rede EtherCAT é um barramento, mas com interfa-


ces dedicadas e full-duplex, fazendo com que ela se pareça com
um anel aberto. Cada dispositivo escravo na rede tem, obrigatoria-
mente, 2 interfaces, uma para entrada de dados e outra para saída.
A Figura 6.5 apresenta um barramento típico EtherCAT.

Figura 6.5 - Barramento EtherCAT

Fonte: adaptada de Beckoff… (on-line).


148 UNIUBE

SINTETIZANDO...
A rede EtherCAT trabalha em operação conjunta com a ethernet,
porém com a diferença de se comportar como um barramento. Ao
contrário de outros protocolos de base ethernet, não utiliza switches
e roteadores, cabendo a cada dispositivo na rede atuar como inter-
faces de entrada e saída de dados. Isso faz com que os endereços
não sejam apenas atribuídos como IP, mas endereçamento lógico
dedicado à rede. É importante saber que, caso um escravo seja
conectado ao mestre por meio de um roteador tradicional ethernet,
ele irá se comunicar, embora não seja comum essa prática.

Considerações finais
Neste capítulo, estudados a sequência dos protocolos de comu-
nicação industrial. Vários outros protocolos de comunicação são
padronizados pela IEC 61158, mas tratamos dos mais comuns e
com mais nós disponíveis conforme pesquisas da IEC e da IEEE.

O protocolo DeviceNet se caracteriza como um barramento de


campo muito similar ao protocolo CANopen, diferenciando-se por
fazer parte de um grupo muito específico de protocolos, o CIP.
Em conjunto com o DeviceNet, temos o Ethernet/IP. É muito co-
mum, então, ao trabalharmos com fabricantes específicos, que
esses forneçam sempre os protocolos comuns de forma casada
em seus dispositivos.

Vimos, também, o protocolo PROFIBUS-DP, que complementa


nosso estudo anterior do protocolo PROFIBUS-PA. Neste capítu-
lo, o foco foi dado em equipamentos descentralizados, e não ape-
nas em controle de processos industriais. Em conjunto, estudamos
o protocolo PROFINET, que, anteriormente, era conhecido como
UNIUBE 149

PROFIBUS-FMS (mas esse termo caiu em desuso e foi retirado


das normas).

De forma análoga aos protocolos de base ethernet, estudamos o


MODBUS TCP, que apenas implementa a camada física e de enla-
ce de dados da rede ethernet, mantendo todas as demais caracte-
rísticas do protocolo MODBUS RTU.

O protocolo POWERLINK trouxe os avanços e as possibilidades da


ethernet industrial para o uso conjunto ao protocolo CANopen; isso
faz com que a operação de palavras de dados e de serviços (PDO
e SDO) seja transmitida em rede full-duplex com maior confiabilida-
de para aplicações do tipo motion.

Finalmente, terminamos o estudo dos protocolos industriais com


o EtherCAT, que faz a ethernet tradicional se comportar como um
barramento de informações, garantindo sincronização e mínimo
atraso nas respostas, comumente aplicado em sistemas que en-
volvem servoacionamentos e controles robóticos com integração
aos dispositivos tradicionais em ambientes de fabricação.

Querido(a) aluno(a), neste momento, resolva as atividades propos-


tas. No próximo capítulo, estudaremos os protocolos de comunica-
ção voltados para projetos em automação residencial. Em conjunto
com esses protocolos, estudaremos versões dos protocolos indus-
triais aplicados especificamente para barramentos de comunicação
dentro de painéis elétricos. Bons estudos!
Protocolos de
Capítulo
7
comunicação residencial

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Caro(a) aluno(a), no capítulo anterior, terminamos o estudo
em protocolos de comunicação industrial. O assunto deste
capítulo será voltado para tecnologias de comunicação e
controle predial e industrial.
Protocolos de comunicação industrial podem ser utilizados
para empregar as técnicas de automação residencial,
porém, pela robustez e pelas características de instrumentos
mais comuns, não são recomendados. Talvez, o protocolo
industrial mais utilizado para aplicações prediais seja o
MODBUS, pela fácil implementação de algoritmo e eletrônica.
Para tanto, os protocolos de automação e comunicação
predial foram desenvolvidos. Alguns deles tiveram origem
em meio aos protocolos de automação industrial, como
o BACnet, para integrar as áreas produtivas industriais e
administrativas prediais. Outros permitem o uso de técnicas
para monitoramento de subestações e setores de controle de
tecnologia da informação.
Os protocolos que estudaremos neste capítulo, com suas
características principais, são: LONtalk, X10, KNX, BACnet e
EnOcean. Discutiremos os meios de transmissão de dados e
como eles trafegam pela rede. Também, as características de
rádio e as aplicações em ambientes prediais e residenciais.
Apontaremos as vantagens dos protocolos prediais com o
objetivo de desenvolver capacidade na escolha de protocolos
para projetos de casas inteligentes, seguras e confortáveis.
Por último, serão brevemente apresentadas duas plataformas
de código e hardware livre para implementação de automação.
Essas tecnologias implementam o uso de diversos protocolos,
cada um voltado a aplicações específicas, porém com a
possibilidade, inclusive, de atuarem como gateways.
Convido você, prezado(a) aluno(a), a estudar este capítulo
e a sempre buscar informações além dele, pois a área
de automação residencial é muito dinâmica e se altera
constantemente para facilitar a aplicação e baratear seus
custos. Bons estudos!

Objetivos
• Conceitualizar automação residencial.
• Introduzir os protocolos de comunicação predial.
• Apresentar os protocolos LONtalk, X10, KNX, BACnet
e EnOcean.
• Apresentar a plataforma aberta Home-Assistant.
• Apresentar a plataforma de desenvolvimento on-line
Node-RED.

Esquema
• Automação predial e residencial
• Tecnologia LON
• LONworks
• LONtalk
• Protocolo X10
• Forma de codificação em linha
• EIBA
• EIB
• KNX
• BACnet
• EnOcean
• Aplicações open-source
• Home-Assistant
• Node-RED

7.1 Desenvolvimento

A domótica (palavra originada de domus, significa casa, mais infor-


mática) é o ramo da automação que desenvolve sistemas de con-
trole residenciais. Com desenvolvimento pleno desde a década de
1970, já utilizou diversos dispositivos para controle, como controles
remotos infravermelhos e programação por detectores de presença
e temporizadores. Atualmente, a automação residencial é um obje-
to de desejo de várias pessoas, permitindo o controle de dispositi-
vos em casa, por meio de um dispositivo móvel (tablet, smartphone
e computadores) de qualquer lugar do mundo.

As aplicações vem a favor dos novos conceitos de internet das


coisas (IoT - Internet of Things), que permite o controle de pra-
ticamente qualquer dispositivo residencial, como lâmpadas, apa-
relhos domésticos, tomadas de energia, sistemas de controle de
temperatura e luminosidade. Esses dispositivos são conectados a
um controlador central, este, aos equipamentos de interface (nos-
sos aparelhos celulares, por exemplo). Pensando na segurança da
residência, podem ser integrados ao sistema: alarmes, detectores
de fumaça, sensores de portas e janelas e câmeras de segurança.
154 UNIUBE

Até pouco tempo atrás, controladores residenciais somente eram


encontrados em grandes edifícios comerciais ou presentes em
casas de luxo. Geralmente, esses sistemas apenas controlavam
iluminação e sistemas de climatização, com possível integração a
televisores e equipamentos de som.

Com a vasta disponibilidade de redes sem fio e barateamento de


custos de placas de desenvolvimento, diversas soluções aponta-
ram no mercado. Essas soluções podem ser desenvolvidas por
hobistas ou por grandes empresas do ramo de materiais elétricos.

Independente do fabricante ou do modo de comunicação, um pro-


tocolo deve estar presente entre os dispositivos e o controlador.
Nosso estudo, prezado(a) aluno(a), é baseado apenas nos pro-
tocolos. Impossível não citarmos alguns fabricantes para melhor
exemplificar as aplicações viáveis.

7.2 Protocolo lon

Tratando-se de uma rede operacional local (LON - Local Operating


Network), essa tecnologia permitiu que uma nova geração de pro-
dutos inteligente, baratos e que comunicam dados entre si fosse
desenvolvida. Os dispositivos inteligentes são capazes de ter fun-
ções sensoriais embarcadas, permitindo o processamento e a co-
municação de dados em uma ampla rede.

Voltado para bens de consumo eletrônicos e para o controle de


edifícios comerciais e residenciais, o LONWORKS permite a inser-
ção de inteligência em controle de iluminação e diversos elementos
aliados a uma central de segurança.
UNIUBE 155

Os elementos principais de LONWORKS são:

• Uso do protocolo LonTalk.

• Disponibilidade de chips neurais.

• Utilização de transceptores.

• Administração de rede em cadeia.

• Software de desenvolvimento e aplicação.

O protocolo LonTalk é um conjunto de serviços que apoia a comu-


nicação fiel entre os nós na rede e faz uso eficiente dos meios de
comunicação. Podemos citar três benefícios primários referentes
à aplicação do protocolo: fornece confiabilidade na informação
entre dispositivos de diferentes fabricantes; provê flexibilidade,
selecionando e configurando nós para reconhecer uma aplicação
específica; assegura o comportamento da rede, dentro de qual-
quer condição.

Desenvolvido para aplicações que envolvem sensoriamento, mo-


nitoração, controle e funções de identificação, as características
principais do protocolo são:

• confiabilidade - reconhecimento fim a fim. Quando esse servi-


ço é utilizado, um nó que envia uma mensagem espera um re-
conhecimento de todos os receptores intencionais e retrans-
mite, automaticamente, a mensagem, a menos que todos os
receptores acusem o recebimento.
156 UNIUBE

• variedade de meios físicos para comunicação - o protocolo


permite uma variedade grande de meios físicos de forma pa-
dronizada. Dentre esses meios, estão transmissão sem fio,
par trançado STP, linha de força, radiofrequência, cabo co-
axial e fibra ótica.

• tempo de resposta - utiliza um algoritmo de predição de coli-


são de dados proprietário que permite a um canal elevar sua
capacidade ao máximo, ao invés de ter seu processamento
degradado devido a colisões.

• baixo custo - muitos nós da rede são dispositivos simples,


como interruptores, sensores de temperatura e controles re-
motos. Esses dispositivos não podem ser caros, para não
limitarem a aplicação. A implementação do protocolo utiliza
um chip único e barato de tecnologia VLSI (Very Large Scale
Integration).

• interoperabilidade - a meta inicial do protocolo era projetar


produtos que podem interagir um com o outro. Provê, então,
aplicações comuns que asseguram a interoperabilidade usan-
do conceitos de chamada e variáveis de rede e tipo.

É o único protocolo de controle que implementa as sete camadas


estruturadas pelo modelo OSI da ISO para protocolos abertos. Os
quatro serviços do protocolo são descritos conforme:

1. unacknowledged - é o serviço de mensagem usado. Nesse


modo, os nós do sistema enviam mensagens para a rede
sempre que a aplicação local determinar. O nó que enviou a
mensagem não escuta respostas dos nós que receberam.
UNIUBE 157

2. unacknowledged/repeated - esse serviço é semelhante ao


serviço de reconhecimento, mas, caso não receba confirma-
ção de recebimento do receptor, a mensagem é enviada em
número de tempo determinado na hora de instalação do nó
de rede.

3. acknowledged - reconhecimento do serviço usado quando


o recebimento de uma mensagem em seu destino é crítico.

4. priority - permite a alocação de aberturas de tempo de prio-


ridade em determinado canal e melhora o tempo de resposta
de pacotes críticos.

Três tipos de transceptores são utilizados comumente em rede


LON. O transceptor de par trançado a 78 kbps permite construir
redes de até 1400 metros, provendo isolamento por meio de cabo
STP e rejeição de ruído. O transceptor de par trançado de 1,25Mbps
permite apenas 130 metros de rede, e a característica do STP tam-
bém garante isolamento e rejeição de ruído. O transceptor de linha
de força permite a utilização da rede elétrica como meio de trans-
missão, reduzindo o custo de instalação. Além disso, a forma de
modulação do sinal em conjunto com a frequência da rede garante
comunicação de dados fiel para até 2000 metros.

A norma que fornece diretrizes para desenvolvimento de disposi-


tivos LON e aplicação da rede é a EN 14908. Para entendimento
da rede, a Figura 7.1 apresenta uma rede utilizando a tecnologia
LON e o protocolo LonTalk. A aplicação da figura é voltada para a
redução do consumo energético.
158 UNIUBE

Figura 7.1 - Rede LON

Fonte: adaptada de Honeywell (2003, on-line).

7.3 Protocolo X10

Desenvolvido no ano 1975 pela Pico Electronics, o protocolo X10 é


um dos modos de comunicação para dispositivos residenciais mais
utilizados ao redor do mundo. Permitindo que diversos produtos
compatíveis se comuniquem por meio da rede elétrica, não exige
nenhuma instalação adicional de meio físico.

Implementa a possibilidade de endereçamento de até 256 disposi-


tivos, é um protocolo que permite o uso do mesmo endereço para
mais de um dispositivo. Essa facilidade permite que, por exemplo,
mais de uma lâmpada seja acionada ao mesmo tempo.
UNIUBE 159

O sinal de informação entre o emissor e o receptor é modulado com


a frequência da rede, sincronizando os dados com a passagem
pelo zero da rede elétrica. Uma transmissão completa é realizada
em 11 ciclos da rede. Os dois primeiros ciclos representam o início
da transmissão. Os próximos quatro ciclos representam o código
da casa, e os cinco ciclos restantes representam o number code,
ou código de função (ligado ou desligado). O bloco completo (de 11
ciclos) deve ser transmitido em grupos de 2 ciclos, com 3 ciclos da
rede entre cada grupo de dois códigos, sendo a única exceção os
códigos de bright e dim (para variação de intensidade luminosa),
que são transmitidos continuamente sem intervalos entre os códi-
gos. A Figura 7.2 demonstra o envio de sinal modulado pela rede
elétrica em 60 hz. Os pontos verdes indicam bit 0 ou 1, e a modu-
lação é feita por leves distorções no próprio sinal da rede, sempre
na detecção do zero da onda senoidal.

Figura 7.2 - Sinal X10 modulado sobre 60Hz

Fonte: adaptada de X10… (on-line).


160 UNIUBE

Na Figura 7.2, os códigos do primeiro quadro representam as letras


do código da casa. Os códigos do segundo quadro representam o
número dos dispositivos (lâmpadas, tomadas, ventiladores, demais
aparelhos) presentes na casa. O Quadro 7.1 apresenta algumas
funções disponíveis para serem executadas nos dispositivos.

Quadro 7.1 - Funções do X10

Código Função Descrição


Todos os dispositivos Desliga todos os dispositivos
0000
desligados na casa designada
Todas as lâmpadas Liga todos os elementos de
0001
ligadas iluminação
Todas as lâmpadas Desliga todos os elementos
0110
desligadas de iluminação
0010 Ligar dispositivo Liga um dispositivo na rede
Desliga um dispositivo na
0011 Desligar dispositivo
rede
Diminuir intensidade de Diminui a intensidade de uma
0100
dispositivo luz em um patamar
Aumentar intensidade Aumenta a intensidade de
0101
do dispositivo uma luz em um patamar

Fonte: adaptado de de Standard… (on-line).

Para disponibilizar melhor acesso aos dispositivos e evitar interfe-


rência, o protocolo também permite a implementação de comuni-
cação sem fio por rádio e regras próprias. O sistema opera na faixa
de 310 MHz e 433.92 MHz, dependendo do fabricante e do local
(América ou Europa). Dessa forma, recomenda-se a aplicação, no
UNIUBE 161

Brasil, de dispositivos fabricados na América, pois a rede é 60 Hz


para dispositivos instalados na linha e compatibilidade com rádio.
Os dispositivos que, geralmente, empregam funções de rádio são
os controladores, os alarmes de segurança de portas e janelas, os
emissores infravermelhos para controle de campainhas e televiso-
res e as teclas (interruptores) inteligentes.

Existem, também, dispositivios que convertem a rede X10 para ou-


tros protocolos, como o protocolo KNX. A Figura 7.3 apresenta um
desses conversores de protocolo.

Figura 7.3 - Controlador X10 e KNX com funções de conversão de protocolo

Fonte: CYCLONE… (2016, on-line).

Algumas desvantagens relacionadas ao protocolo X10 causaram


o desenvolvimento de protocolos mais avançados. Algumas de-
las são:
162 UNIUBE

• compatibilidade - alguns dispositivos que não apresentam


carga resistiva ou são de baixa potência podem não funcio-
nar, dependendo de características eletrônicas. Lâmpadas
fluorescentes comuns também não podem ter sua intensida-
de luminosa alterada como esperado.

• perda de comandos - por transmitir um comando por vez, en-


viando, primeiramente, o endereço e, posteriormente, a fun-
ção, dois sinais enviados ao mesmo tempo por controladores
distintos podem colidir, e o sinal se transforma em algo indese-
jado. Alguns controladores inteligentes fazem gerenciamento
de dados, mas são mais caros e pouco agregam à rede.

• velocidade - o protocolo é lento e depende de quase um se-


gundo completo para enviar uma informação a apenas um
dispositivo. Outras redes são bem mais rápidas e configurá-
veis em termos de velocidade. A velocidade do X10 é limitada
pela frequência da rede elétrica.

• funcionalidade limitada - o protocolo exige controladores e


funções estendidas para funções de alteração de intensidade
luminosa rápida, por exemplo. Os módulos mais baratos ape-
nas implementam as funções básicas, necessitando ajustes
técnicos que podem ser esteticamente indesejáveis e de ve-
locidade baixa de execução.

• interferência e ausência de criptografia - caso duas residên-


cias compartilhem a mesma rede de alimentação elétrica (si-
tuação incomum para casa, porém não para escritórios), dis-
positivos endereçados com o mesmo número podem sofrer
alteração de dados pelo controlador vizinho. Para casos de
sinais RF, ainda podem existir sinais que interferem na funcio-
nalidade de dispositivos X10.
UNIUBE 163

Saiba mais
Para saber mais acerca da aplicação do protocolo X10 e do desen-
volvimento de dispositivos, o melhor lugar para obter informações
é a base de conhecimento dos desenvolvedores do protocolo, intei-
ramente disponível no site <http://kbase.x10.com>.

7.4 Protocolo knx

Com a flexibilidade no acréscimo de demanda, a facilidade de ins-


talação e a redução do consumo de energia, novos sistemas de
administração predial foram desenvolvidos. A tecnologia de barra-
mento foi usada para unificar os vários fabricantes na European
Installation Bus Association (EIBA). Os membros da associação
garantem a compatibilidade dos dispositivos, que permite empre-
gar o EIB de vários fabricantes dentro da mesma instalação. Um
desses protocolos integrados é o KNX, porém trataremos breve-
mente dos conceitos EIB, visto que outros protocolos podem ser
integrados (como o INSTABUS, utilizado pela SIEMENS).

O EIB permite controlar e monitorar tarefas operacionais e procedi-


mentos por um cabo que é compartilhado como barramento entre
os dispositivos. Assim, a alimentação pode ser feita pelo mesmo
cabo que envia o sinal para as estações a serem controladas. Além
da redução de cabos de rede, outras vantagens de implementar os
protocolos EIB são:

• facilidade de instalação em edificações.

• adicionar modificações e extensões sem esforço.


164 UNIUBE

• reendereçamento prático para os dispositivos, bem como a


alteração de demais parâmetros.

• o sistema pode responder à reestruturação de operação sem


a necessidade de re-programar um único dispositivo.

• a revisão de parâmetros pode ser acionada por um computa-


dor que executa o software padrão para EIB chamado ETS.

Além das estações EIB, o sistema pode integrar tecnologias dis-


tintas de controle predial como o X10, o SICLIMAT X (sistema de
climatização central proprietário) e de telefonia (ISDN). O protocolo
pode ser usado economicamente em casas, hotéis, escolas e de-
mais edifícios comerciais ou funcionais.

O protocolo KNX é um sistema de barramento distribuído, contro-


lado por eventos e utiliza transmissão de dados consecutiva para
controle, monitoramento e tarefas de relatório de eventos. O aces-
so ao meio físico para transmissão assíncrona de dados requer
certos regulamentos. O KNX usa protocolo CSMA/CA, que garante
o controle de colisões sem ter que reduzir a taxa de transmissão
dos dados.

Durante a configuração no software ETS, cada dispositivo recebe


um nome de acordo com sua aplicação e com o grupo a que per-
tence. Podemos exemplificar grupo como sendo um quarto, e as
funções como lâmpada, cortina, aparelho de ar condicionado etc. O
dispositivo remoto responderá, então, a qualquer mensagem des-
tinada a esse endereço, ignorando aquelas que não pertencem ao
grupo identificado na mensagem.
UNIUBE 165

No barramento do KNX (e do EIB), podem ser inseridos até 64 dis-


positivos. Em um único sistema, podem ser colocadas 15 zonas,
e cada zona poderá ter até 12 barramentos (com 64 dispositivos).
Após a configuração do sistema, outros sistemas ainda podem ser
interconectados por protocolos distintos.

Cada um dos barramentos necessita de uma alimentação própria,


isso garante que, caso um barramento falhe, os demais continuem
operando normalmente. A alimentação promove segurança pela bai-
xa tensão de linha em 24 Vcc. As cargas são alimentadas com cor-
rente elétrica máxima de 640 mA, e essa corrente dependerá dos
dispositivos conectados. O tamanho do barramento não deve exce-
der 1000 m e nenhum dispositivo deve estar afastado mais de 350
m da unidade de alimentação mais próxima. As conexões ao bar-
ramento são feitas por contatos de pressão (conectores vampiros,
como no caso do protocolo AS-i) ou por blocos de conexão (termi-
nais com parafusos) sem a necessidade de terminadores de rede.

Ampliando o conhecimento
Para saber mais sobre o protocolo KNX e aprender a utilizar o sof-
tware, uma versão demo pode ser baixada gratuitamente no site
da própria organização internacional <www.knx.org>. Além disso, o
site dispõe de materiais técnicos para aplicação e desenvolvimento
de projetos.
166 UNIUBE

7.5 Protocolo BACnet

A rede BACnet foi desenvolvida em 1987 por um grupo de en-


genheiros industriais, para que protocolos de comunicação pu-
dessem ter interoperabilidade com equipamentos de automação
predial. Orientados pela ASHRAE (American Society of Heating,
Refrigerating and Air Conditioning Engineers), os engenheiros tive-
ram normatização finalizada em 1995, o que atrasou o processo de
implementação em sistemas prediais.

Esse protocolo utiliza as camadas de aplicação, rede, enlace e fí-


sica conforme o modelo OSI/ISO. Os dispositivos da rede BACnet
são formados por um conjunto de propriedades. As propriedades
fornecem o meio de acessar os dados de um objeto sem a neces-
sidade de conhecer os detalhes internos do dispositivo. Cada pro-
priedade tem o valor de um tipo de dado específico, e cada objeto
contém, no mínimo, 3 propriedades:

• identificadores de objeto - um número de 32 bits, que identifica


o objeto BACnet dentro de um elemento conectado na rede.

• nome de objeto - texto que identifica um objeto dentro do ele-


mento conectado na rede.

• tipo de objeto - definição de valor do objeto, valores discretos


(binários), analógicos etc.

Outras propriedades podem ser adicionadas ao objeto conforme


a necessidade. O padrão BACnet determina um certo número de
tipos de objetos, porém cada fabricante pode definir seus tipos pro-
prietários. O problema desse tipo de implementação individual é a
falta de interoperabilidade do protocolo com fabricantes distintos.
UNIUBE 167

7.6 Protocolo EnOcean

O padrão EnOcean é uma rede de dispositivos sem fio, padronizada


para uso em automação predial e residencial. Os dispositivos po-
dem ser sensores, controladores e atuadores que utilizam um sinal
de rádio de extrema baixa potência para melhor uso de sua ener-
gia. Desenvolvidos para não utilizar nenhum tipo de cabeamento
nem baterias, permitem o emprego de tecnologia para economia
de tempo e manutenção, em conjunto com conceito de eficiência
energética e baixo custo de operação e investimento de instalação.

A padronização do EnOcean é feita pela ISO, por meio da norma


IEC 14543-3-1, e o sinal de rádio trafega em frequências inferiores
a 1 GHz, com a garantia de que dispositivos a 30 metros de dis-
tância possam se comunicar. Os produtos de diversos fabricantes
podem ser operados em conjunto. Equipamentos produzidos na
Europa e na China utilizam 868 MHz de frequência, na América do
Norte, 902 MHz e, no Japão, 928 MHz.

Para que os dispositivos não precisem de alimentação externa, ou


de baterias, eles geram a própria energia por meio de fenômenos
físicos associados as suas funções. Sensores de temperatura, por
exemplo, utilizam o fenômeno Seeback de termopares, para gerar
tensões na ordem de mV e alimentar o circuito de transmissão de
dados. A energia pode ser proveniente de calor, luz ou, até mesmo,
movimentos ou alteração de dimensão do sensor.

Com o crescimento da necessidade de edifícios sustentáveis, a


rede EnOcean cresce em conjunto com esse movimento, forne-
cendo, ainda, possibilidade de aquisição de dados e comunicação
programada entre dispositivos. Em protocolos de comunicação
tradicional, um interruptor envia um sinal ao controlador, que, por
168 UNIUBE

sua vez, altera o valor do atuador (uma lâmpada, por exemplo). No


caso do EnOcean, os dispositivos podem ou não estar interconec-
tados por meio de um controlador, e essa conexão pode ser feita
de forma paralela e/ou concorrente.

Existe, também, a possibilidade de enviar dados a um servidor


central, para que dispositivos móveis, como tablets, smartphones
e notebooks tenham acesso aos dados e ao sistema de controle e
acionamento.

Para casos em que os dispositivos estão muito distantes entre si,


existem repetidores de sinal alimentados externamente por meio
de ethernet e fonte externa. A Figura 7.4 apresenta um repetidor de
sinal. Outros dispositivos podem também integrar a rede EnOcean
a outros protocolos, como KNX, BACnet e LON, e a esses damos
o nome de gateways.

Figura 7.4 - Repetidor de rede EnOcean alimentado por ethernet

Fonte: POWER… (on-line).


UNIUBE 169

O protocolo foi desenvolvido com o objetivo de atender a três ca-


racterísticas voltadas à eficiência energética predial:

• alta confiabilidade - com bandas de frequência de operação


livre, garante a comunicação entre dispositivos até 30 metros,
mesmo em ambientes fechados.

• interoperabilidade - as características dos elementos de rede


são padronizadas e garantem que fabricantes forneçam solu-
ções integradas aos sistemas existentes.

• baixo uso de energia - os sensores se alimentam por meio de


suas características construtivas e podem operar em alta taxa
de transmissão de dados (até 125 Kbps).

Ampliando o conhecimento
Assim como nos outros protocolos, existe uma organização com-
posta por fabricantes de dispositivos que estabelece as regras em
conjunto para aplicação do EnOcean. Recomendo a você, preza-
do(a) aluno(a), que visite o site oficial da EnOcean Alliance, para
buscar mais informações a respeito da aplicação dessa tecnologia
tão emergente no cenário de automação residencial. Disponível
em: <www.enocean-alliance.org>.

7.7 Aplicações open-source

Com o desenvolvimento de placas didáticas e de prototipagem de


baixo custo, diversas iniciativas alinhadas à internet das coisas
170 UNIUBE

surgem a todo instante. Esta sessão não abordará conceitos téc-


nicos, apenas apontará a você alguns projetos interessantes para
desenvolvimento próprio. Aqui, também podem surgir ideias inte-
ressantes para desenvolvimento de projetos de conclusão de curso
e atividades extracurriculares. Dessas iniciativas, surgiram diver-
sas soluções comerciais aplicadas em automação residencial.

O Home-Assistant é uma plataforma de automação residencial que


permite ser programada por meio da linguagem de programação
Python. Diversos dispositivos podem ser programados dessa for-
ma, mas vale a pena citar os de baixo custo, que garantem ope-
ração em redes wi-fi, como o arduino, a raspberry pi e o ESP8266
(em especial, NODEMCU). A Figura 7.5 apresenta cada um desses
dispositivos. Além disso, a plataforma Home-Assistant auxilia no
desenvolvimento de aplicação web e de aplicativos para smartpho-
nes. Vale a pena conferir o site em: <https://home-assistant.io/>.

Figura 7.5 - Plataformas de desenvolvimento para Home-Assistant

Fonte: Arduino… (on-line); RASPBERRY… (on-line); KitsGuru… (on-line).


UNIUBE 171

O projeto Node-RED é uma ferramenta de programação aberta, em


fluxo, desenvolvida pela IBM, que transforma a árdua tarefa de pro-
gramação em uma forma visual e um pouco mais intuitiva. O Node-
RED permite que você programe os mesmos dispositivos citados
anteriormente, porém abre um leque muito maior de funções de co-
municação e protocolos. Além disso, permite que dispositivos como
computadores atuem como controladores de dispositivos usados
em internet das coisas. A Figura 7.6 apresenta um fluxo de progra-
mação que utiliza o protocolo MQTT para envio e recebimento de
sinal. Para saber mais, visite o site <https://nodered.org>.

Figura 7.6 - Programação na plataforma Node-RED em browser

Fonte: Weather (2013, on-line).


172 UNIUBE

Considerações finais
Neste capítulo, as aplicações residenciais mais comuns foram
apresentadas. É importante ter em mente que diversos outros pro-
tocolos e tecnologias existem, desenvolvidos por fabricantes para
utilização em seus próprios equipamentos.

Discutimos as características da tecnologia LON, com foco espe-


cial no protocolo de comunicação LONtalk. Posteriormente, estu-
damos as características do protocolo X10, um dos protocolos mais
antigos e que permite empregar a alimentação em conjunto com os
dados codificados na própria onda senoidal de rede elétrica.

Estudamos, também, o protocolo KNX, que é uma evolução pro-


veniente da associação EIB, que integra diversos protocolos e fa-
bricantes de equipamentos de controle predial e residencial. Para
ampliar o conhecimento, recomenda-se, então, estudar os demais
protocolos e o software ETS, que facilita a programação e a inte-
gração de rede para todos os protocolos da EIB.

Desenvolvido, inicialmente, para integrar protocolos de automação


industrial, o BACnet supriu a necessidade de controle nas unida-
des administrativas das indústrias. Por fim, estudamos a tecnologia
EnOcean, que foi desenvolvida, especificamente, para atender à
demanda do apelo ecológico e econômico de edifícios sustentá-
veis. Por se tratar de uma tecnologia em que os equipamentos são
alimentados por si próprios, e os atuadores pela própria linha de
força dos elementos atuadores, pode ser empregada onde o aces-
so a eletrodutos e a utilização de baterias torna a aplicação inviável.

Os protocolos deste capítulo foram escolhidos como objeto de es-


tudo pela vasta implementação atual deles e por possuírem entre
si formas de conversão de dados ou uso de gateways.
UNIUBE 173

Prezado(a) aluno(a), aproveite este momento para fazer as ati-


vidades propostas, aliadas ao conhecimento recém adquirido.
Desenvolva, também, novas competências, buscando mais infor-
mações nos sites oficiais dos protocolos e aplicações de software
e hardware abertos.
OPC (conexão embarcada
Capítulo
8
de objetos para controle
de processos)

Jorge Augusto Pessatto Mondadori

Introdução
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao último capítulo. Já estudamos
vários protocolos de comunicação industrial e predial. Já
vimos, também, como fazer quando a informação digital é
transformada e transportada. Definimos as características de
interfaces seriais e os meios físicos utilizados.
Uma das formas que mais evolui em termos de comunicação
atual é o uso de servidores e clientes OPC. O OPC é uma
sigla do inglês que significa OLE for Process Control;
OLE, por sua vez, significa Object Linking and Embedding.
Então, a tecnologia OPC permite que objetos (variáveis de
processo, ou internas em controladores) sejam conectados
e embarcados entre sistemas, e que isso seja voltado para
controle de processos.
A comunicação no modelo cliente/servidor permite o
desenvolvimento de sistemas de coleta de dados e
armazenamento de forma simplificada e transparente. O
OPC também é muito comum em aplicações de gateway e
pode ser desenvolvido em diversos sistemas operacionais.
Neste capítulo, determinaremos as características do OPC DA
(Data Access) e do OPC UA (Unified Architecture). Veremos
como funciona o compartilhamento de variáveis e como
fazer as configurações necessárias para funcionamento da
tecnologia. Precisaremos de apoio dos capítulos anteriores
para determinarmos quando utilizar interfaces específicas
conforme os protocolos usados.
Apesar de ser uma padronização de mais de dez anos, o OPC
vem sendo cada vez mais utilizado por diversos fabricantes,
mesmo que estes tenham protocolos proprietários. A tecnologia
permite que dispositivos de automação desses fabricantes
tenham suas variáveis acessíveis, sem a necessidade de
abrir a arquitetura eletrônica dos protocolos.
Neste último capítulo, convido você, aluno(a), a aprender
sobre essa tecnologia e a desenvolver novas competências.
Recomendarei alguns softwares e, em alguns momentos,
tratarei o texto como um “tutorial”. Embora não seja obrigatório
o desenvolvimento das atividades, recomendo que execute-as
e, mesmo que você utilize em sua vida profissional softwares
diferentes, tenha em mente que os conceitos básicos serão
os mesmos. Bons estudos!

Objetivos
• Apresentar os conceitos do OPC DA.
• Diferenciar OPC DA de OPC UA.
• Classificar servidor, Grupo e Item dentro do OPC.
• Executar uma aplicação básica entre cliente e servidor.
• Definir características de sistema operacional.

Esquema
• Tecnologia OPC DA
• Servidor
• Grupo
• Item
UNIUBE 177

Configurações de sistema operacional


Configuração de um servidor
Exportação de tags
Configuração de cliente
Importação de tags
OPC UA

8.1 OPC DA (Data Access)

O OPC DA utiliza objetos de comunicação (COM) para fazer a in-


terface entre cliente e servidor. Um cliente pode se conectar a mais
de um servidor por vez, mesmo que de fabricantes distintos, con-
forme Figura 8.1.

Figura 8.1 - Acesso de clientes aos servidores

Fonte: Elaborada pelo autor.


178 UNIUBE

Dicas
Para as atividades práticas, utilizaremos como cliente o Elipse E3,
que é uma plataforma para desenvolvimento de sistema SCADA.
Lembro que qualquer outro que permita a função de OPC cliente
pode ser utilizado. Como servidor, utilizaremos um controlador virtu-
al. O software Codesys da 3S tem um CLP virtual chamado PLCWin
NT. Para baixar uma versão gratuita, com servidor OPC e CLP vir-
tual, recomendo o site da Festo (Fabricante de Equipamentos de
Automação Industrial). Disponível em: <https://www.festo.com/net/
sr_rs/SupportPortal/Downloads/353107/335984/CoDeSys_pbF_
v23942.zip>. Caso você queira utilizar a versão mais atual, a ver-
são 3.5, o CLP virtual será o Codesys CONTROL RTE.

Em nível de aplicação, um servidor OPC é composto dos seguintes


objetos: o servidor, o grupo e o item. O servidor mantém as informa-
ções sobre si e atua como uma pasta para os grupos. O grupo OPC
mantém informações sobre si também e provê mecanismos para
armazenar e organizar de forma lógica os itens. O grupo também
fornece o caminho para que clientes acessem e organizem dados.
Por exemplo, um grupo pode armazenar informações inerentes a
apenas uma área específica do projeto. Os dados contidos em um
grupo podem ser escritos e/ou lidos, exceto em conexões que estão
programadas para não aceitarem algum tipo de execução. O cliente,
então, determina a taxa de envio e de dados por parte do servidor.

Existem dois tipos de grupos, o público e o local (também chamado


de privado). Para múltiplos clientes acessando o servidor, utiliza-se
o grupo público. O grupo local será específico a um cliente confi-
gurado. O grupo também tem a função de armazenar os itens, e
vários podem estar contidos dentro deste, conforme Figura 8.2.
UNIUBE 179

Figura 8.2 - Grupo OPC e seus itens

Fonte: Elaborada pelo autor.

Um item OPC representa a conexão de fonte de dados contida


no servidor. Todo acesso aos itens é feito por meio dos grupos,
porém, por simplificação, podemos “acessar diretamente”, visto
que, em conexões, escolhemos diretamente o item contido no
grupo. A cada item temos, no mínimo, três propriedades: valor,
qualidade e registro de tempo. O valor armazena, de fato, qual
valor está contido na variável item; a qualidade representa esta-
do de conexão ao protocolo que enviou a informação ao servidor
OPC; o registro de tempo guarda o horário em que aquele dado
foi recebido pelo servidor.
180 UNIUBE

IMPORTANTE!
Para aplicações OPC, devemos entender que um item não é a fon-
te dos dados. O item OPC apenas representa a conexão entre a
variável de servidor e a fonte de dados por meio de um protocolo
(e, consequentemente, interface e meio físico). Variáveis (também
chamadas de “tags”) em um sistema existem independentemente
de o cliente estar acessando sua fonte em qualquer momento que
seja. O item OPC, então, deve ser entendido como uma forma de
endereçar à fonte, e não como a fonte física real do dado ao que o
endereço se refere.

O OPC foi desenvolvido para acessar dados de um servidor conec-


tado em rede e suas interfaces podem ser utilizadas em diversos
locais para diversas aplicações. Em níveis mais baixo de informa-
ção, podem coletar dados puros de camadas físicas em sistemas
SCADA ou SDCD. Podem, também, interconectar esses sistemas
a outras aplicações. O design e a arquitetura tornam possíveis a
construção de um servidor OPC que permite uma aplicação cliente
acessar dados de vários servidores OPC de diferentes fabricantes,
em diferentes nós de rede, por meio de objetos únicos. A Figura 8.3
exemplifica algumas possibilidades de aplicação. Assim, também
podemos entender o OPC como um gateways entre diversos pro-
tocolos de comunicação, desde que haja servidores disponíveis.
UNIUBE 181

Figura 8.3 - Aplicações OPC

Fonte: Elaborada pelo autor.

A especificação do OPC determina interfaces do tipo COM. O


Component Object Model é uma plataforma que permite a co-
nexão entre processos internos do computador, trafegando por
dentro do sistema operacional. Especificamente para o OPC,
utiliza-se a DCOM, que é uma extensão do COM para sistemas
distribuídos (Distributed Component Object Model). A tecnologia
DCOM (proprietária da Microsoft) não interfere na comunicação
da aplicação cliente para o servidor, e os dados são configurados
conforme o padrão COM.

O DCOM permite que dados sejam priorizados no processo de


transferência, atribui, também, funcionalidades de controle de aces-
so com foco na segurança dos dados. Para permitir a utilização
do cliente e dos servidores, deve-se liberar o acesso por meio do
aplicativo padrão Windows DCOMcnfg. Também é possível fazer a
182 UNIUBE

liberação por edição direta aos registros, que é o que o software da


Elipse DCOM Wizard faz.

Dicas
Caso você, querido(a) aluno(a), deseje fazer as atividades de co-
municação OPC, deve instalar o Elipse E3, disponível em: <www.
elipse.com.br>. A versão demo é gratuita e poderá ser baixada me-
diante cadastro. Instale a versão “E3 Server, Studio, Viewer com
Demo”. Seu cadastro também permitirá fazer o download do “Elipse
DCOM Wizard”. Aproveite para instalar o Codesys Provided by
FESTO, tomando cuidado para que todos os componentes sejam
instalados. Caso deseje fazer as configurações manualmente, sem
utilizar o DCOM Wizard, siga os passos disponíveis na Knowledge
Base da Elipse: <http://kb.elipse.com.br/pt-br/questions/4139/
Configura%C3%A7%C3%B5es+de+Firewall+e+DCOM+no+
Windows+7+para+aplica%C3%A7%C3%B5es+Elipse> .

Para permitir acesso às portas DCOM, primeiramente, o desen-


volvedor da aplicação deve desabilitar o firewall (que é uma atitu-
de possivelmente imprudente, porém simplifica a tarefa) ou inserir
exceções por meio das configurações do Windows. A Figura 8.4
exemplifica a permissão para aplicativos se comunicarem sem pro-
blemas pelo firewall.
UNIUBE 183

Figura 8.4 - Habilitação de exceções para acesso por firewall

Fonte: Microsoft Windows 10.

Uma vez que o firewall está configurado, as configurações para


cliente e servidor devem ser feitas em relação aos DCOM. Essas
configurações devem ser feitas para todos os clientes OPC que fo-
rem utilizados no projeto de integração de tags. Além disso, o enu-
merador de OPC (que permite ao cliente encontrar os servidores
instalados) também deve ter acesso livre à chamada de servidores.
O software que encontra os servidores disponíveis é o OpcEnum.
Caso você esteja desenvolvendo a atividade de comunicação pro-
posta neste capítulo, você deve utilizar o DCOM Wizard (que fará
as permissões do OpcEnum e dos softwares da Elipse) ou fazer
manualmente para os aplicativos E3run e E3server.

Para atribuir permissões aos DCOM, abra, por meio do comando


Run do Windows, o aplicativo dcomcnfg (Serviços do componente).
184 UNIUBE

O desenvolvedor deverá, nas propriedades do contexto computa-


dor, utilizar a aba “Segurança COM”, editar o padrão de permissão
de acesso e de permissões de inicialização e ativação.

Nas edições de limites, deve-se habilitar a permissão de acesso


local e remoto para os usuários LOGON ANÔNIMO, SYSTEM e
Todos, conforme Figura 8.5.

Figura 8.5 - Configuração de usuário para padrões COM

Fonte: Microsoft Windows 10.

Além da edição dos padrões, para cada cliente OPC e OpcEnum,


deve-se fornecer permissão, para LOGON ANÔNIMO e SYSTEM,
Ativação e Inicialização Local e Remota. A Figura 8.6 mostra essas
edições para o OpcEnum.
UNIUBE 185

Figura 8.6 - Configuração de ativação e inicialização remota

Fonte: Microsoft Windows 10.

Em caso de dúvidas, o desenvolvedor deve sempre buscar infor-


mações junto ao fabricante do cliente OPC.

Os tipos de fontes de dados disponíveis no servidor estão sem-


pre em função da implementação do servidor. Um cliente conecta
ao servidor e comunica por meio de interfaces. Assim, o servidor
fornece funcionalidades para um cliente criar e manipular o grupo
contido no servidor. Esses grupos permitem que o cliente organize
os dados que deseja acessar. Um grupo completo pode ser ativado
ou desativado conforme demanda. Um grupo também possibilita
uma forma para o cliente verificar constantemente se um item foi
inserido ou removido, inclusive recebendo uma notificação quando
alguma alteração ocorrer.
186 UNIUBE

É importante diferenciar o espaço de endereçamento do servidor


de pequenos subconjuntos dentro do espaço de endereçamento.
Algumas vezes, é interessante para um cliente acessar itens em
particular, estando eles em endereçamento padrão, ou mesmo sol-
tos dentro do servidor. O espaço de endereçamento do servidor
pode ser feito:

• de forma fixa.

• configurado inteiramente por fora do ambiente OPC.

• automaticamente configurado na partida de um servidor inte-


ligente, que pode reconhecer sistemas existentes para inter-
faces de hardware previamente instaladas.

• automaticamente configurado pelo servidor, baseado no


nome dos itens exportados.

O OPC DA suporta o conceito de organização por requisição dos


clientes aos grupos contidos no servidor. Para acessar dados de
um servidor, a aplicação cliente deve especificar o seguinte:

• nome do servidor OPC DA (ex. FestoCoDeSys.OPC.02).

• nome da máquina onde está rodando o servidor (utilizaremos


localhost).

• definições de nome de itens (que configuraremos).


UNIUBE 187

Para preparar a comunicação OPC, deve-se configurar o controla-


dor que tem as variáveis. No nosso exemplo, programaremos um
CLP virtual (PLCWinNT). Para preparar a aplicação, cada software
tem seu caminho próprio. No caso do Codesys, foi criada uma apli-
cação utilizando lógica Ladder (LD), com um contato (liga) e uma
bobina (motor). Essas variáveis fazem parte do escopo globo do
programa PLC_PRG. As Figuras 8.7 e 8.8 mostram os passos de
criação desse projeto.

Figura 8.7 - Escolha do PLCWinNT

Fonte: Codesys V2.3 Provided by FESTO.


188 UNIUBE

Aberto o PLCWinNT, é possível enviar o software a ele por meio do


comando Online -> Login e, posteriormente, selecionando a opção
Online -> Run. Para configurar os parâmetros de configuração, de-
ve-se ir em Online -> Communication parameters e adicionar um
novo endereço ao protocolo TCP/IP. Pode-se utilizar o endereço
127.0.0.1 ou o nome localhost.

Figura 8.8 - Programação da lógica simples com duas va-

riáveis booleanas e parâmetros de comunicação

Fonte: Codesys V2.3 Provided by FESTO.


UNIUBE 189

Para alterar valor, clique duas vezes na variável e, ao verificar a


mudança de estado (nesse caso, de FALSE para TRUE), deve-se
pressionar CTRL+F7. A Figura 8.9 mostra o estado logo antes de
alterar e logo após a alteração.

Figura 8.9 - Alteração de uma variável no ambiente Codesys V2.3

Fonte: Codesys V2.3 Provided by FESTO.


190 UNIUBE

Cada software de programação de controladores (seja um CLP ou


mesmo um relé programável como SEPAM) deve ter uma funcio-
nalidade de exportação de variáveis. Para nosso exemplo, vamos
na opção Project -> Options -> Symbol configuration. A configu-
ração de símbolos é, geralmente, o termo utilizado por diversos
fabricantes para acesso de dados aos servidores OPC. Devemos
marcar a opção Dump symbol entries e clicar em Configure symbol
file. Na Figura 8.10 vemos as opções de variáveis a serem expor-
tadas. O grupo do servidor será PLC_PRG, e os itens serão LIGA
e MOTOR. Devemos, também, marcar Export variables of object e
Export data entries.

Figura 8.10 - Criação de grupo e itens OPC

Fonte: Codesys V2.3 Provided by FESTO.

Agora, devemos gerar os arquivos para o OPC entender que são


dados a serem lidos. Para tanto, devemos clicar em Project -
Rebuild all / Online -> Create boot project / Online -> Login. Para
UNIUBE 191

verificar se o arquivo OPC foi criado, veja que foi gerado um arqui-
vo, na pasta em que o uniubeOPC.pro foi salvo, com a extensão
.SYM. Ao abrir esse arquivo com bloco de notas, podemos ver o
detalhamento do padrão OPC DA que foi feito de forma automática
pelo software.

Podemos, agora, de fato, configurar o OPC server. Abriremos o sof-


tware OPC configurator. A Figura 8.11 mostra o uso de single PLC
(pois temos apenas um CLP conectado) e, na aba PLC, devemos
configurar o nome do projeto que salvamos. Na aba connection,
devemos selecionar a mesma conexão feita com o controlador.

Figura 8.11 - Configuração inicial do Codesys OPC configurator

Fonte: Codesys V2.3 Provided by FESTO.

Pronto. O servidor OPC está configurado. Agora, precisamos con-


figurar o lado do cliente. Abra o software Studio da Elipse, crie um
novo Domínio e faça uma nova aplicação em branco. Não tratare-
mos de criação de telas e demais objetos.
192 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Caso você, prezado(a) aluno(a), tenha interesse em aprender a
programar sistemas SCADA com o Elipse E3, no site deles, há tu-
toriais excelentes. Inclusive, esses tutoriais são utilizados em trei-
namentos no centro deles. Recomendo!

Clique com o botão direito em Drivers e OPC, selecione Inserir


Driver de Comunicação OPC em -> projeto criado. A Figura 8.12
mostra essa seleção. A Figura 8.13 apresenta como selecionar o
servidor FestoCodeys.OPC.02.

Figura 8.12 - Criação de OPC inicial

Fonte: Elipse E3.


UNIUBE 193

Figura 8.13 - Seleção do Servidor OPC

Fonte: Elipse E3.

Devemos selecionar no cliente (E3 studio no nosso caso) a op-


ção de rodar o servidor. A Figura 8.14 demonstra os botões para o
exemplo de aplicação deste capítulo. Além disso, podemos buscar
no servidor o grupo e os tags disponíveis para leitura. Ao encontrar,
basta clicar e arrastar os tags disponíveis no servidor e clicar em ok.
A Figura 8.15 mostra os tags comunicando em cor azul. Verifica-se
que a lógica está sendo executada no controlador, quando altera-
mos o LIGA para TRUE, o MOTOR vai para TRUE também.
194 UNIUBE

Figura 8.14 - Acesso de tags OPC

Fonte: Elipse E3.

Figura 8.15 - Tags OPC comunicando no cliente

Fonte: Elipse E3.


UNIUBE 195

Podemos ver, na Figura 8.15, as três principais propriedades das


variáveis OPC, o valor, a qualidade e o registro de tempo (estampa
de tempo). No processo de desenvolvimento, acessamos o servi-
dor por nome e encontramos o grupo que contém os itens também.

Ampliando o conhecimento
Uma das maiores fabricantes de servidores e gateways OPC no
mundo é a Matrikon. Ela dispõe de servidores para os mais va-
riados protocolos e interfaces de comunicação. Seu site tem uma
base vasta de conteúdos que vale a pena ler para ampliar conhe-
cimento sobre aplicações. Caso pretenda se especializar em áreas
de automação de processos, distribuição de energia ou automação
residencial, vale a pena assinar o newsletter dela por e-mail. Site
disponível em: <http://support.matrikon.com/ics/support/default.
asp?deptID=1394&_referrer=>.

8.2 OPC UA (Unified Architecture)

Desenvolvido em 2008, o padrão OPC UA é uma plataforma inde-


pendente que integra todas as funcionalidades das especificações
do OPC DA por meio de um modo de trabalho extensível. Seu de-
sign é feito por múltiplas camadas e tem as seguintes característi-
cas fundamentais:

• equivalência nas funcionalidades - as especificações OPC DA


estão todas implementadas no OPC UA.
196 UNIUBE

• independência de plataforma - pode ser aplicado em micro-


controladores de forma embarcada até infraestrutura em
nuvem.

• segurança: tem funções de criptografia, autenticação e audi-


toria de dados.

• extensibilidade - permite adicionar novas funções sem afetar


as funcionalidades existentes.

• modelagem de dados compreensível - auxilia na definição de


informações complexas.

Considerações finais
Neste capítulo, estudamos as características de aplicação do modo
de comunicação OPC. Embora o foco atual em equipamentos de
automação e seus protocolos ainda seja voltado para a tecnologia
OPC DA, as diferenças de arquitetura unificada do OPC UA possi-
bilita a liberdade de aplicação em diversas plataformas.

Com tecnologias expoentes e aplicações por meio de microcon-


troladores e diversos protocolos abertos, podemos concluir que,
apesar de não extinguir o OPC DA, a tecnologia de arquitetura uni-
ficada irá cada vez mais tomar espaço.

Foram apresentadas as características fundamentais do OPC DA,


o modo como servidores são configurados, quais as características
dos grupos e dos itens e como os itens são definidos por suas três
propriedades fundamentais.
UNIUBE 197

A exemplificação de uma comunicação OPC entre servidor e clien-


te foi feita de forma completa, utilizando o servidor do Codesys
V2.3, que utiliza um controlador virtual. No lado do cliente, usamos
o Elipse E3, que é uma plataforma de desenvolvimento para siste-
mas SCADA.

Nesse momento, é importante ter em mente que, caso você não


tenha executado as atividades em conjunto com o andamento do
capítulo, os princípios apresentados valem para qualquer cliente e
servidor OPC, tanto em tecnologia DA quanto UA.

Convido você a fazer as atividades e a buscar novas informações


nos links da web apresentados neste capítulo. Bons estudos!
198 UNIUBE

CONCLUSÃO

Chegamos ao fim do material de Redes Industriais. Como você


pode ver, prezado(a) aluno(a), é um tema muito atual, em cons-
tante evolução. Outro ponto muito importante de atenção é o es-
tudo das normas IEC e das recomendações IEEE para aplicação.
Vimos, neste livro, que as normas ABNT ainda não evoluem em
conjunto, porém, na sua atividade de engenheiro, você deve sem-
pre buscar apoio em normas internacionais, visto que a maioria dos
equipamentos de automação é importada.

Tivemos a oportunidade de estudar os principais meios físicos de


comunicação, focando, principalmente, nas redes sem fios, cabos
de par trançado e fibras óticas. Aliamos o uso desses meios físicos
a interfaces de comunicação serial adequadas e, novamente, vi-
mos a relação com as normas técnicas internacionais.

Uma vez que fundamentamos a base das comunicações indus-


triais, estudamos os principais protocolos de comunicação serial,
as rede de sensores e os protocolos de comunicação industrial
com base na infraestrutura robusta ethernet. Sem dúvida, os pro-
tocolos em mais constante desenvolvimento são aqueles que for-
necem comunicação em tempo real, com sincronização dos dados
para aplicações seguras.

Pensando na possibilidade de aplicação em projetos de edifícios


inteligentes, casas e apartamentos mais seguros e confortáveis, e
no foco em eficiência energética dos sistemas de automação, vi-
mos os principais protocolos de comunicação predial e residencial,
bem como alguns de seus componentes e as possibilidades de
interoperabilidade entre eles.
UNIUBE 199

Por fim, estudamos um dos modos de comunicação e aquisição de


dados que mais desponta em aplicações de automação, a tecno-
logia de envio de dados embarcados para controle de processos
OPC. Para melhor fundamentar o uso dos servidores e clientes
OPC, uma pequena aplicação foi desenvolvida; espero que você a
tenha executado junto com a leitura.

Espero que, ao chegar ao fim desta leitura, este material faça dife-
rença em sua vida profissional. Para se manter atualizado acerca
desse tema, sempre busque informações oficiais nos sites das or-
ganizações. Tenha o costume, como engenheiro(a) eletricista, de
estudar as normas técnicas nacionais e as adaptações das normas
internacionais. Desejo todo o sucesso em sua carreira profissional.
Um abraço!

Jorge Augusto Pessatto Mondadori


200 UNIUBE

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