José Pedro Varela 1847 e o secularismo no Uruguai... o lugar
do conhecimento... A experiencia de Paulo em Atenas frente a uma sociedade que exaltava o conhecimento nos encoraja e nos capacita na missão de compartilhar o evangelho com pessoas com mentes secularizadas. O contexto desta passagem inclui a segunda viagem missionária do apóstolo Paulo, onde depois do concilio de Jerusalém (At. 15), o apóstolo volta para visitar os irmãos aos quais havia anunciado a palavra de Deus, e por direção do Espírito Santo avança com a missão de levar o evangelho aos gentios (At. 16:9-10). Paulo estava acompanhado de Silas que se havia unido a ele depois do desacordo com Barnabé, pelo problema de João Marcos (At. 15:36-40), e também era acompanhado do jovem Timóteo, filho na fé de Paulo (At. 16:1-3, 2 Tim. 2:1). Depois de sua passagem por Tessalônica, devido a perseguição levantada pelos judeus (At. 17:1-10), eles são enviados pelos irmãos a Beréia onde pregam o evangelho e a palavra é recebida com toda avidez (At. 17:11). Quando os judeus de Tessalônica souberam que Paulo estava pregando em Beréia, foram e excitaram o povo contra o apóstolo e seus companheiros. Os irmãos então por providencia divina decidem enviar Paulo a cidade de Atenas, quem estava sozinho e esperava ser reunido aos irmãos (At. 17:13-15). É neste cenário onde encontramos o apóstolo, na cidade de Atenas, em face a um povo intelectual, e ao mesmo tempo profundamente idolatra. F.F. Bruce fornece alguns detalhes da cidade de Atenas em seu comentário: “Ainda que Atenas havia perdido fazia tempo a preeminência política que havia desfrutado em épocas anteriores, ela continuava representando o nível cultural mais alto que se pode alcançar na antiguidade clássica. A escultura, a literatura e a oratória de Atenas nos séculos IV e V a. C., nunca foram superadas. Também na filosofia ocupa lugar de preeminência, sendo a cidade natal de Sócrates e Platão, e o lar adotivo de Aristóteles, Epicuro e Zeno. Em todos estes campos, Atenas mantinha um prestigio inigualado, e sua gloria política como o berço da democracia não se havia opacado completamente. Em consideração ao seu esplendido passado os romanos concederam a Atenas o direito de manter suas próprias instituições como cidade livre e aliada dentro do império Romano.” O zelo pela adoração ao único e verdadeiro Deus gera profunda revolta no apóstolo ao observar tamanha idolatria na cidade. Ao mesmo tempo Paulo sabia que o único meio de levar os homens ao conhecimento do Deus verdadeiro era por meio da proclamação da palavra de Deus. Por isso ele dissertava na sinagoga, e nas praças todos os dias (At. 17:16, 17). Além da idolatria, que é um estado de ignorância espiritual, o apóstolo se encontra com outro desafio que era o profundo interesse pelo conhecimento (At.17:21). Dois grupos filosóficos rivais estavam presente na cidade, epicureus e estóicos, os quais, contendem com ele e o levam ao Areópago para que expusesse sua nova doutrina (At. 17:17:18-20). Epicuro (342-270 a.C.) ensinou que o prazer é o objetivo principal na vida, especialmente a serenidade intelectual que é alcançada pela superação das paixões perturbadoras e medos supersticiosos, especialmente o medo da morte. Ele era um materialista, acreditando que na morte a pessoa deixa de ser e, portanto, não há vida após a morte. Ele acreditava nos deuses, mas ensinou que eles não se envolvem em assuntos humanos. (deísmo) Os estóicos seguiram os ensinamentos de Zenão (332-260 a.C.), que pensavam que o bem está na própria alma, que através sabedoria e restrição liberta uma pessoa das paixões e desejos que perturbam a vida cotidiana. Os estóicos tentaram viver em harmonia com a natureza e colocar grande ênfase na capacidade racional do homem, sua autossuficiência e sua obediência ao dever. Esta ênfase na sua sua própria capacidade também os encheu de orgulho. Eles eram panteístas, quanto Deus como a alma do mundo.
Proposição: Como presentar o evangelho numa sociedade pós
cristã? A experiencia de Paulo em Atenas nos serve de modelo para alcançar pessoas que abraçam o secularismo. O apostolo Paulo nos deixa algumas diretrizes a seguir, devemos conhecer suas necessidades, devemos apresentar- lhes o evangelho genuíno e devemos crer no obrar de Deus.
1. Conhecer as necessidades das pessoas – 22-23
Como vimos Paulo foi a Atenas por uma providencia de Deus e não por um plano pessoal (perseguição), mais enquanto estava ali ele teve duas reações ao que viu, a primeira uma revolta , ficou horrorizado com a idolatria. Uma segunda reação positiva foi de aproveitar as oportunidades para conhecer as pessoas, a cidade e seus pensamentos para poder apresentar-lhes o evangelho. Que tipo de coisa aprendeu deles: Eram profundamente idolatras – v. 16, 22 (10.000 ídolos por 30.000 personas nos dias de Paulo) Eram amantes do conhecimento – 18-21, duas escolas filosóficas, e um lugar onde se reuniam para discutir e julgar as novas correntes de pensamento. Eram ignorantes a respeito do Deus único e verdadeiro – O altar ao Deus desconhecido – v. 23, edificaram um altar para cada deus conhecido, não sabemos ao certo como eram estes altares, mas nos diz o texto que edificaram um extra para que em caso de omissão não recebessem juízo. Paulo aproveita as oportunidades, e presenta o evangelho aos judeus e gentios tementes a Deus, mais também vai a praça (agora = mercado, lugar de ajuntamento), onde estavam os atenienses. Ao ponto que o levam ao areópago um lugar nas colinas de Atenas (colina de Martes) lugar onde se reuniam para um conselho jurídico, para ouvir as novidades. Não precisamos ter medo de pregar o evangelho em num contexto pós cristão, pelo contrário devemos conhecer as pessoas, o que elas pensam e buscar aí pontos para entrar com o evangelho. (o que você está fazendo no Uruguai???...) Por que tanta tristeza, porque tanta depressão e suicídio? Você tem alguns pensamentos sobre Deus, mais como você sabe que seus pensamentos são corretos? Eles não conhecem algo que nós conhecemos... A palavra agnóstico significa o não conhecimento de Deus... Eles não conhecem, mas nós conhecemos. O grande problema no contexto Uruguaio e em todo lugar onde não se conhece a Deus e se apegam as filosofias é que eles não têm respostas para as coisas essências da vida. Eles têm muitas perguntas, mas não possuem respostas que possam responder a necessidade mais profunda da alma. A realidade deles é aquela que Paulo advertiu a Timóteo nos últimos tempos: “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.” (2 Ti 3:7 ARA) Para apresentar o evangelho precisamos conhecer que são as pessoas e o que elas pensam. Foi o que Paulo fez.
2. Presentar o evangelho com toda integridade – 24-31
Diante da ignorância deles a respeito de Deus, o apostolo Paulo passa para aquilo que nós devemos fazer na missão de Deus, que é proclamar a mensagem de Deus, da maneira como Deus nos tem dado. Paulo não mudou sua maneira de ser em Atenas, para ser melhor aceito pelas pessoas. Ele deixa claro sua indignação pela maneira como eles tratam ao Criador e sustentador de todas as coisas. (Mens. Criação, queda, redenção e consumação) Paulo exalta a Deus e humilha aos homens. Paulo começa sua mensagem no Genesis, mostrando que tudo o que foi criado foi criado por Deus. Deus é o criador de todas as coisas, fez o mundo, os céus a terra, tudo foi feito por Ele, sem a ajuda dos homens. Somente Ele e Deus, os homens não são deus, e os homens não podem fazer nada para Deus como se ele precisasse de alguma coisa deles. (25-26) Pelo contrário são os homens que precisam de Deus, pois é Ele quem a todos dá a vida, e é Ele quem sustenta a vida de todos. Não podemos nem sequer manter a nossa própria respiração. (16-18-20 resp./minuto, em uma hora 1.080x, 25.000x em 24 horas), e isso depende de Deus quem tem todos os nossos dias contados, e por isso devemos humilhar-nos diante dele, pois não somos nada sem Ele. Vc já agradeceu a Deus pelo ar...? Não só a vida e a respiração recebemos de Deus, senão tudo mais... A família, o trabalho, a comida, a casa... (crentes e incrédulos). Saborear uma boa comida, ver as maravilhas na natureza, escutar uma boa música, etc... As pessoas precisam aprender isso, tudo que temos provem de Deus. As pessoas precisam ouvir que tudo o que elas têm receberam da parte de Deus, e que negar a Deus e Sua existência apenas revela a arrogância do homem. Pois si Deus quiser Ele pode fazer que um soberbo e arrogante morra apenas engasgando com o próximo bocado de comida. Deus sempre existiu e nunca precisou de nada do homem. Que pode o homem dar a Deus que Ele não tenha, que pode oferecer a Ele que sinta falta? Nada, nada. Servir a Deus é uma graça que Deus ha concedido aos Seus filhos redimidos por Cristo. Não servir a Deus é... No v. 26, Paulo mostra a soberania de Deus sobre a história da humanidade, de um só homem fez todas as raças, e é Ele quem levanta ou derruba as nações. Deus governa os tempos e as ações dos homens, sempre conforme a Sua vontade. O que Paulo está fazendo aqui é confrontar o orgulho humano que mais tarde ele escreve em Romanos 1:18... - dizendo que o homem não conhece a Deus porque na perversão dos homens, eles detêm a verdade pela injustiça, ...e que ainda que não lhes faltou da parte de Deus uma revelação natural por meio da criação, eles tendo conhecimento de Deus não glorificaram a Deus nem lhes deram graças, por isso são indesculpáveis e merecedores da condenação. Nos v. 27-30, Paulo está dizendo, sendo Deus o criador de todas as coisas, o sustentador, de quem dependemos para tudo, havendo deixado claro por meio da criaçao estas verdades, os homens deveriam humilhar-se diante dele, e busca-lo, em lugar de seguir seus propios caminhos. O homem deveria em lugar de arrogancia deveria humilhar-se buscando a Deus, ainda que tateando no escuro, pois Ele em Sua graça se manifestaria a Ele. “Buscarme-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coraçao e serei achado de vos diz o Senhor...” (Jer. 29:16) “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.” (Isa 55:6-7 ARA) v. 29 - Os muitos altares de Atenas expressam claramente a debilidade do homem em encontrar a Deus por seu tato, é necessário que seja assistido pela graça de Deus que ilumina os olhos para que conheça pessoalmente e intimamente o Seu Salvador. Os homens são idolatras de coração. O coração do homem é uma fábrica de ídolos (Joao Calvino) No mundo pós cristão um dos ídolos é o saber, adoram ao conhecimento, ao pensamento humano. Adoram a criatura em lugar do Criador. O problema do homem continua sendo o seu pecado, e não o seu conhecimento equivocado. A razão e o saber o faz tão merecedor da ira quanto o ignorante que não lhe dá glória a Deus, pois ao final todo homem é idolatra, pois cria um deus segunda a sua própria imaginação. (29) Negar a Deus ou não atribuir a glória que é devida somente a Ele, não somente é uma loucura mais também é pecado. Depois de mostrar a Supremacia de Deus e o pecado do homem, Paulo lhes apresenta a condenação merecida pelo pecado e o Redentor, o Salvador providenciado por Deus que é o Cristo Ressuscitado. (18, 30) Agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam. Por quê? Porque é certo que haverá um juízo. Primeiro, ele será universal: Deus há de julgar o mundo. Os vivos e os mortos, os grandes e os pequenos, doutos e indoutos, todos serão incluídos; ninguém escapará. Segundo, ele será justo: há de julgar ... com justiça. A única maneira de um intelectual ser salvo é a única maneira de qualquer pecador ser salvo, arrependendo-se de seu orgulho e de todos seus pecados, e confiando em Jesus Cristo como aquele que suportou sua pena na Cruz. Como Paulo escreve em 1 Coríntios 1:18, “Porque a palavra da cruz é para aqueles que estão perecendo loucura, mas para nós que somos salvo é o poder de Deus”.
3. Confiar que Deus chamará os seus – 32-34
A salvação é obra de Deus. E Deus salva aos pecadores por meio da pregação do evangelho, sejam eles letrados ou iletrados, ricos ou pobres, brancos ou negros, ricos ou pobres, estando numa aldeia ou estando numa cidade. Quer tenha um diploma terciário ou que nunca tenha sentado num banco de escola. Os vs. 32-34, trazem consolo e instrução para nossas vidas a medida que anunciamos o evangelho. Justo González alerta para o fato de que a verdadeira proclamação do evangelho não deve ser medida apenas por seus resultados, mas também, e acima de tudo, por sua fidelidade. Pois muitos dos que nos ouvem escarneceram de nós. Literalmente vão zombar de nós e fazer piadas a respeito de nossa fé. Em outras não houve conversão, não porque as pessoas são intelectuais, senão porque não houve obra de Deus em seus corações. Continuam cegos e ignorantes. Segundo outros fecharam a porta no momento, mais pode ser que em um segundo momento, conforme a vontade de Deus, se de outra oportunidade para voltar a falar do evangelho. Terceiro, Deus nos dará alegria de ver convertidos, ainda entre aqueles que nós possamos pensar que dificilmente se convertam. Dionísio era um dos líderes dos debates no areópago, quem mais tarde segundo Eusébio foi bispo na igreja de Corinto, outros, bispo em Atenas onde foi martirizado. Um segundo nome é Damaris, alguns pensam que era a esposa de Dionísio, mais o texto não nos dá detalhes sobre ela. Independente de quem seja ela e os outros... O que o texto quer mostrar é que Deus se serve da pregação do evangelho em todos os contextos para revelar a estultícia dos incrédulos, a impossibilidade do homem de crer por si mesmo, e a graça de Deus em transformar as vidas daqueles que Ele chama em graça.
Conclusão:
John Stott: O que nos impressiona não é apenas a amplitude
da mensagem de Paulo em Atenas, mas também a profundidade e o poder da sua motivação. Por que, apesar das grandes necessidades e oportunidades dos nossos dias, a igreja continua dormindo em paz, e tantos cristãos são surdos e mudos, surdos diante da comissão de Cristo e amordaçados em relação ao testemunho? Creio ser essa a razão principal: não falamos como Paulo falou porque não sentimos o que Paulo sentiu. Nunca tivemos o paroxismo de indignação que ele teve. O ciúme divino não se agitou em nós. Oramos constantemente, "Santificado seja o teu nome", mas não parece que nos importamos realmente com isso, ou que nos preocupamos com o fato de seu Nome ser tão profanado. Por quê? Precisamos voltar um pouco. Se não falamos como Paulo falou, porque não sentimos como Paulo sentiu, isso se deve ao fato de que não vemos como Paulo viu. Foi nessa ordem: ele viu, ele sentiu, ele falou. Tudo começou com os olhos. Quando Paulo andou pelas ruas de Atenas, ele não se limitou a "reparar" nos ídolos. O verbo grego usado três vezes (vs. 16,22,23) é theoreo ou anatheoreo e significa "observar" ou "considerar". Portanto, ele olhou e olhou, pensou e pensou, até que as chamas da santa indignação se acenderam dentro dele. Pois ele viu homens e mulheres, criados por Deus, à imagem de Deus, dando a ídolos a honra devida a ele somente.