O Programa Toxicovigilância do Agrotóxico (PTA) se propõe a atuar na prevenção e controle das exposições e intoxicações por agrotóxicos. É prioridade no Plano Estadual de Toxicovigilância, incluído no Plano Estadual de Saúde e na Programação de Vigilância Sanitária desde 2008. Esta demanda vem do meio rural e urbano, se relaciona à segunda causa de eventos toxicológicos agudos registrados pelos Centros de Assistência Toxicológica - CEATOX paulistas. O Brasil, a partir de 2008, passou a ser o 1º consumidor de agrotóxicos do mundo e São Paulo é, há anos, o maior consumidor no país, segundo dados do SINDAG, sindicato que reúne os fabricantes. Este dado se refere ao uso agrícola, não incluindo as muitas situações de uso legal e ilegal no meio urbano, como domissanitário, em campanhas para controle de vetores, no ambiente doméstico, em veterinária (agropecuária) e no pequeno porte, o que faz do estado de SP um grande consumidor, urbano e rural, e que também produz, importa e exporta os agrotóxicos. As intoxicações agudas são mais conhecidas, mas ainda não dimensionadas. Já as crônicas são menos conhecidas, e o nexo causal é de difícil caracterização. O problema começa no diagnóstico e não apenas na dificuldade de notificação. Além disto, a contaminação ambiental por agrotóxicos tem se mostrado grande problema, não só como contaminação ativa, mas passiva, resultado da produção, distribuição e aplicação, sem fiscalização e critério de segurança ambiental e humana. A complexidade e diversidade de contextos foram consideradas, entre outras diretrizes e princípios, na definição das estratégias do PTA. A concepção do programa contemplou ações de sensibilização, articulações intra e intersetoriais, capacitação, construção de instrumentos e sua aplicação, e a necessária instrumentalização das regionais e municípios para ações de modo articulado e participativo. Essa escolha do diagnóstico das situações de exposição como ponto de partida pretendeu promover a apropriação de contexto, informações e abordagens, pelas equipes regionais e municipais de vigilância sanitária, e continua em andamento. Até a presente data, 454 Diagnósticos Municipais (71% dos municípios do estado) foram elaborados e, grande parte deles já participou do processo de discussão regional, cujos resultados serão apresentados no 2º Relatório do Diagnóstico das Situações de Exposição aos Agrotóxicos. O 1º Relatório (2011), discutido entre Interlocutores Estaduais de Toxicovigilância e parceiros, permitiu a constatação, na caracterização urbana, dos mesmos tipos de problemas, o que levou a priorização de projetos estaduais. Constatou-se que devido à complexidade e a multisetorialidade no enfrentamento das problemáticas, há a necessidade de construir as condições institucionais, a mudança de paradigmas e de cultura, estabelecer parcerias, consideradas as diversas situações em que são utilizados estes produtos, além do planejamento e detalhamento dos projetos após concepções estratégicas definidas. O treinamento no Manual Toxicovigilância do Risco–Agrotóxico, em elaboração, e o desenvolvimento dos projetos prioritários promoverão a operacionalização das ações de vigilância sanitária e seu embasamento legal no estado de São Paulo, bem como de outros setores que vem participando dos trabalhos desenvolvidos até agora, como as regionais da SUCEN (Superintendência do Controle de Endemias), Vigilância Epidemiológica, CEREST (Centros de Referencia da Saúde do Trabalhador), Atenção Básica (Articuladores), e CEATOX (Centro de Assistência Toxicológica). Os projetos prioritários são: No meio rural - “A Horticultura e o Pequeno Produtor / Agricultura Familiar” por envolver, entre outras razões, o risco do trabalhador, do consumidor, de contaminação ambiental, acrescido pela facilidade de acesso (comércio, assédio por vendedores nas propriedades, presentes, contrabando), do não cumprimento dos dispositivos legais vigentes, de contaminação dos alimentos inclusos no PARA/ANVISA/MS; e, principalmente por envolver a maioria dos municípios e todas as regiões. No meio urbano – baseiam-se em 3 eixos: 1) Banalização da desinsetização e uso ilegal versus o saneamento e limpeza = Projeto Capina Química, Projeto Controle de Vetores, Projeto Chumbinho e outros ilegais; 2) Conhecimento da situação (realidade e universo) = Projeto comércio, distribuição de agrotóxicos e acessibilidade; Projeto produção de domissanitários, clandestinos e jardinagem amadora; Projeto desinsetizadoras e aplicação de agrotóxicos de modo geral; 3) Qualidade da água.