Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
IMPERATRIZ - MA
2018
BRUNO RICARDO LIMA VIANA
IMPERATRIZ - MA
2018
RESUMO
ABSTRACT
The present monographic work has the objective of analyzing Procon 's performance
in consumer protection in the city of Imperatriz - MA. In order to do so, we sought to
discuss the most important principles in Consumer Law, as well as to analyze the
legal relationship of consumption and the concepts and definitions of consumer,
supplier, product and service, as well as identify the types of supplier's liability
present in the Consumer Defense Code. Also discussed was the origin of Procon in
Brazil, in Maranhão and in the city of Imperatriz. Finally, an interview was held with
representatives of Procon de Imperatriz with questions raised in order to identify
ways of defrauding consumer rights, the measures taken by the agency to avoid
recidivism of the supplier and to know how Procon's actions take place to ensure that
consumer rights are effectively respected.
SUMÁRIO
2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CDC..................................................................7
2.1 Princípio da Transparência..................................................................................7
3.2 Consumidor.........................................................................................................18
6 CONCLUSÃO..........................................................................................................51
REFERÊNCIAS...........................................................................................................53
ANEXO........................................................................................................................56
5
1 INTRODUÇÃO
Já a boa-fé objetiva, que é a que está presente no CDC, pode ser definida,
grosso modo, como sendo uma regra de conduta, isto é, o dever das partes
de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se
estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo (NUNES, 2004, p. 127-
128).
No acórdão acima podemos destacar o trecho que diz que “no presente caso,
o dever de informação não foi observado pelo apelante”, há um exemplo claro de
ofensa ao princípio da boa-fé objetiva, pois num contrato de consumo exige-se, além
da obrigação principal, o máximo de respeito e colaboração entre as partes, de
modo que, aquele que agir de forma contrária estará sujeito às penalidades e
sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor.
13
Vemos então que para ser considerado fornecedor é necessário ainda que a
atividade deste seja profissional, habitual e com finalidades econômicas. Nesse
sentido, ressalta Tartuce (2017, p. 81) que “a atividade desenvolvida deve ser
tipicamente profissional, com o intuito de lucro direto ou vantagens indiretas”.
Por outro lado, se uma loja de materiais para construção, por exemplo, vende
um de seus notebooks para adquirir um novo, mesmo que o comprador seja o
destinatário final do produto, ainda assim, a loja não será considerada fornecedora
pelo CDC, pois não há a habitualidade ou profissionalidade na atividade
desenvolvida.
Nesse sentido, Nunes (2011, p. 132) diz que “a simples venda de ativos sem
caráter de atividade regular ou eventual não transforma a relação jurídica em relação
de consumo”.
17
3.2 Consumidor
O CDC define consumidor tanto a pessoa física, como a jurídica. Esta última
não possui delimitações e, portanto, pode ser qualquer pessoa jurídica, da
microempresa à multinacional, bastando para isso que ela adquira o produto ou
serviço para utilização própria.
Há entendimentos divergentes relacionados à expressão “destinatário final”.
Segundo doutrinadores existem duas correntes relacionadas ao assunto que são: a
teoria maximalista ou objetiva e a teoria finalista ou subjetiva.
Segundo Cavalieri Filho (2010, p. 55), “a corrente maximalista ou objetiva
entende que o CDC, ao definir consumidor, apenas exige, para sua caracterização, a
realização de um ato de consumo”.
De acordo com essa corrente o termo “destinatário final” é interpretado de
forma ampla, sem levar em conta a finalidade do produto ou serviço adquirido, seja
para utilização particular ou com finalidade econômica, conforme destaca Cavalieri
Filho:
consumidor deve adquirir o bem ou serviço para utilização própria e sem finalidade
lucrativa. Como bem destaca Cavalieri Filho:
Para ele, destinatário final fático é aquele que adquire produto ou serviço para
seu uso exclusivo. Já a destinação final econômica significa que o consumidor não
adquire produto ou serviço para utilização profissional, ou seja, com finalidade
econômica. Assim fala Tartuce:
Nesse mesmo sentido Cavalieri Filho diz que o CDC abrange a coletividade
de pessoas que tenham, de alguma forma, intervindo nas relações de consumo:
O art. 17 dispõe sobre a vítima do evento, onde tal evento tem relação com
acidentes de consumo, sobre esse assunto Cavalieri Filho (2010) diz que o referido
artigo equipara ao consumidor todas as vítimas do acidente de consumo. Fala,
ainda, que a finalidade desse dispositivo é dar a maior amplitude possível à
responsabilidade pelo fato do produto e do serviço.
Portanto, esse dispositivo tem por finalidade proteger, não só o consumidor de
fato, mas também aquele que, sendo vítima de um acidente, equipara-se ao
consumidor.
Finalmente, o CDC equipara ao consumidor todas as pessoas determináveis
ou não, expostas às práticas comerciais. Com relação a esse dispositivo Rizzatto
Nunes trás um exemplo nos ajuda a entender bem o assunto abordado:
Sendo assim, vale destacar que não só a pessoa que adquire produto ou
contrata serviço e o utiliza como destinatário final podem ser considerados
consumidores, pois só estar exposto às práticas comerciais ou ser vítima de
acidente de consumo, por si só, já caracteriza a pessoa como consumidor, na
modalidade equiparado.
O conceito de produto está previsto no art. 3º, §1º do CDC e dispõe que
produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Com relação ao
assunto Nunes (2011, p. 135) diz que “esse conceito de produto é universal nos dias
atuais e está estritamente ligado à ideia do bem, resultado da produção no mercado
de consumo das sociedades capitalistas contemporâneas”. Nesse mesmo sentido
Cavalieri Filho (2010, p. 69) diz que produto é “aquilo que resulta do processo de
produção ou fabricação”.
Ainda sobre o conceito de produto o CDC refere-se a bem móvel ou imóvel,
bem como, também, o bem material ou imaterial. Segundo Tartuce (2017, p.109) “o
bem móvel é aquele que pode ser transportado sem prejuízo de sua integridade”, e
podemos citar como exemplo qualquer bem de consumo que possa ser
transportado, como uma geladeira, um televisor etc.
Já sobre o bem imóvel o mesmo autor (2017, p.109) ressalta dizendo que “é
aquele cujo transporte ou remoção implica destruição ou deterioração considerável,
hipótese de um apartamento, que pode ser objeto da relação de consumo”.
Com relação ao bem imaterial de acordo com as palavras de Cavalieri Filho
(2010, p.69) “no que diz respeito aos produtos imateriais, não raro estão os mesmos
atrelados a serviços como, por exemplo, pacote turístico, mútuo bancário, aplicação
financeira (...)”. Podemos perceber, os bens imateriais estão diretamente ligados aos
serviços prestados.
O CDC também se refere à outra classificação de produtos que são os
produtos ou serviços duráveis e não-duráveis, conforme disposto nos incisos I e II do
art. 26 da lei 8.078/90.
Para entendermos o que é produto durável, podemos destacar um trecho de
Rizzatto Nunes:
Produto durável é aquele que, como o próprio nome já diz, não se extingue
com o uso. Ele dura, leva tempo para se desgastar. Pode – e deve – ser
utilizado muitas vezes. Contudo, é preciso chamar a atenção para o aspecto
de “durabilidade” do bem durável. Nenhum produto é eterno. Todos tendem
a um fim material. Até mesmo um imóvel construído se desgasta (o terreno
é uma exceção, uma vez que dura na própria disposição do planeta). A
duração de um imóvel, enquanto tal, comporta arrumações, reformas,
reconstruções etc,; com idêntica razão, então, é claro que um terno se
desgaste, uma geladeira se desgaste, um automóvel se desgaste etc.
(NUNES, 2011, p.137).
Portanto, como vimos, dizer que um produto é durável não significa dizer que
ele é eterno, mas que este possui durabilidade a ponto de ser utilizado várias vezes
antes que fique inutilizável pelo desgaste natural.
23
Por sua vez, o produto não-durável é aquele que se acaba com o uso. Como
bem explica Cavalieri Filho (2010, p.70) “não-duráveis são aqueles bens tangíveis
que desaparecem, se destroem, acabam com seu uso regular. A extinção pode ser
imediata (alimentos, remédios, bebidas) ou paulatina (caneta, sabonete)”.
Com relação ao serviço, o CDC estabelece no art. 3º, §2º que é “qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, excetuadas as decorrentes de
relações trabalhistas”.
Primeiramente, vale ressaltar que no conceito de serviços a lei fala
expressamente que deverá ser prestado “mediante remuneração”. Porém há casos
em que, mesmo que os serviços prestados sejam de forma gratuita, haverá a
aplicação do Código de Defesa do consumidor, como podemos verificar na
jurisprudência:
No tocante aos serviços públicos, o art. 22 do CDC dispõe que “os órgãos
públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”.
Quanto aos serviços essenciais, como por exemplo, o fornecimento de
energia elétrica, abastecimento de água, serviço de telefonia, por serem essenciais,
devem ser prestados de forma contínua.
Há vários entendimentos acerca da interrupção pelo inadimplemento dos
serviços considerados essenciais. O art. 6º, §3º, II da Lei 8.987/95 dispõe que “não
se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência ou após prévio aviso, quando por inadimplemento do usuário,
considerando o interesse da coletividade”. Porém, quando se trata do interesse da
coletividade, deve-se adotar medida diversa da interrupção do serviço prestado
conforme decisões dos tribunais:
Art. 927. Aquele que por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem (BRASIL, 2002).
detrimento do proveito que lhe é gerado. Para melhor vislumbrar acerca deste
assunto, destacamos um trecho de Tartuce:
Ainda sobre o assunto, Cavalieri Filho (2010, p.279) diz que “se o fato gerador
da responsabilidade do fornecedor é o defeito do produto ou do serviço, logicamente
sempre que não existir defeito não haverá que se falar em responsabilidade”.
E a última excludente de responsabilidade refere-se à culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro. Nesse caso, o fato gerador não é o defeito do produto ou
serviço, mas sim a utilização inadequada pelo consumidor ou pelo terceiro que gera
o fato do produto. Para entendermos melhor podemos destacar o exemplo citado por
Cavalieri Filho:
apresentado no produto ou serviço que faz com que este não funcione
adequadamente ou que lhe diminua o valor final. Rizzatto Nunes (2011, p. 225) diz
que “são consideradas vícios as características de qualidade ou quantidade que
tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam e que também lhes diminuam o valor”.
Por outro lado, o fato, também chamado de defeito, é um vício com um
problema extra, pois, além de não funcionar adequadamente, este ocasiona o
acidente de consumo. Para Rizzatto Nunes (2011, p.225) “o defeito causa, além
desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material e/ou
moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor”.
Sempre que houver um defeito, haverá um vício, porém, nem sempre que
houver um vício, haverá um defeito. Nas palavras de Rizzatto Nunes (2011, p.226) “o
defeito tem ligação com o vício, mas, em termos de dano causado ao consumidor, é
mais devastador”.
Enquanto o vício atinge apenas o produto ou serviço, o defeito vai além do
produto ou serviço, atingindo o consumidor de alguma forma. Segundo Rizzatto
Nunes:
Nos casos de vícios de qualidade, prevê o §1º do art. 18 do CDC que, não
sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias pelo fornecedor, pode
o consumidor ingressar em juízo para o exercício das opções dadas pela
norma, e que ainda serão estudadas. Observa-se que a lei concede ao
fornecedor o direito de sanar o problema em trinta dias da sua reclamação.
Trata-se de um dos poucos dispositivos no Código Consumerista que traz
um direito fundamental do fornecedor de produtos. O prazo previsto tem
31
Ainda que a norma esteja tratando do fornecedor direto, isso não elide a
responsabilidade dos demais que indiretamente tenham participado da
relação. Não só porque há normas expressas nesse sentido, mas também e
em especial pela necessária e legal solidariedade existente entre todos os
partícipes do ciclo de produção que geraram o dano, e, ainda mais, pelo fato
de que dependendo do tipo de serviço prestado, o fornecedor se utiliza
necessariamente de serviços e produtos de terceiros (RIZZATTO NUNES,
2011, p. 288-289).
De acordo com o CDC em seu art. 12, a responsabilidade pelo fato (ou
defeito) do produto é solidária e independe da existência de culpa do fornecedor. O
§1º do art. 12 do CDC define que “o produto é defeituoso quando não oferece a
segurança que dele legitimamente se espera”. No entendimento de Cavalieri Filho:
Rizzatto Nunes (2011) cita, como exemplo, duas pessoas que compram um
automóvel novo na concessionária, onde ambos os veículos possuem os mesmos
problemas nos freios. Acontece que o primeiro consumidor, conduzindo o veículo,
precisa parar e, neste momento, verifica que os freios não funcionam e então
consegue parar, utilizando-se da redução de marchas. Já o segundo condutor, ao
chegar em um cruzamento, precisa parar para não avançar o sinal vermelho, porém
o freio não funciona e ele acaba colidindo com outro veículo. Nesse exemplo, o
primeiro condutor poderá acionar tanto a concessionária, quanto a montadora, tendo
em vista que seu automóvel apresentou vício. Já o segundo condutor somente
poderá pleitear junto à montadora, pois, no seu caso, houve o fato do produto (ou
acidente de consumo).
Isso porque, conforme palavras de Cavalieri Filho (2010, p. 274), “tem-se dito
que o Código criou três modalidades de responsáveis: o real (fabricante, construtor,
produtor); o presumido (importador); o aparente (comerciante)”. Portanto, no
35
Da mesma maneira que ocorre no art. 12, o CDC fala no §1º do art. 14 que “o
serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar”, tanto pelo modo em que o serviço é prestado, quanto aos resultados e
riscos previstos e a época em que foi fornecido.
O § 2º do art. 14 faz uma ressalva dizendo que não será considerado
defeituoso o serviço, se forem adotadas novas técnicas para a realização deste.
Para excludentes de responsabilidade, o § 3º exclui a responsabilidade do
fornecedor quando provado que não existe defeito na prestação do serviço ou que
seja culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Para que haja responsabilidade objetiva, é necessário que haja o nexo causal
entre o consumidor e o serviço prestado. De modo que, segundo Cavalieri Filho:
Como se infere das lições até aqui expostas, a reparação integral do dano,
seja decorrente de responsabilidade por vício do produto ou do serviço, ou fato do
produto ou do serviço, comumente denominado de defeito, é direito básico do
consumidor, expressamente previsto no Código de Defesa do Consumidor, em seu
art. 6º, inciso VI, quando dita ser direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
5.1 Imperatriz
40
Com cerca de 260 mil habitantes, Imperatriz é cortada pela rodovia Belém –
Brasília e é considerada um polo comercial da região, conforme se pode extrair da
citação seguinte:
A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu art. 5º, inciso XXXII que o
Estado deve promover a defesa do consumidor na forma da lei.
A Lei nº 8.078/90 que dispõe sobre a proteção do Consumidor, possui em seu
art. 4º, II, alínea “a”, um dispositivo que visa garantir a ação do governo no sentido
de proteger o direito do consumidor por iniciativa direta:
41
Partindo deste dispositivo é que o Estado pode intervir de forma efetiva por
iniciativa direta na proteção dos direitos do consumidor através de órgãos
específicos, entre eles, o Procon, que é objeto de pesquisa no presente trabalho.
O primeiro órgão de proteção do consumidor teve origem no estado de São
Paulo com a criação de uma equipe de trabalho que tinha como objetivo analisar os
problemas existentes no setor alimentício da grande São Paulo. Com essa a análise,
foi comprovado que a população de baixa renda era a que mais sofria com a
qualidade, quantidade e valor dos alimentos:
Como o plano não deu certo, o que acabou gerando o aumento da dívida
externa, o maior prejudicado foi o consumidor:
Mesmo sem haver uma legislação específica, sua atuação foi ganhando
credibilidade à medida em que aumentava o índice de resolução das reclamações
que surgiam.
Até que no ano de 1987 entra em vigor a lei que cria o órgão de proteção do
consumidor no Estado do Maranhão, lembrando que a depender do Estado da
Federação, o órgão de defesa do consumidor pode estar vinculado ao Poder
Executivo (Defensoria Pública ou Secretaria de Cidadania e Justiça) ou do Ministério
Público.
Com sede na cidade de São Luís, o Procon Maranhão iniciou suas atividades
com aproximadamente 35 funcionários que atuavam, principalmente, na fiscalização:
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
mt.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/328441335/apelacao-apl-508209420108110000-
50820-2010>. Acessado em: 15/03/2018.
NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 1. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.
<https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/18719054/recurso-especial-resp-1181066-
rs-2010-0031557-0?ref=juris-tabs>. Acessado em: 08/02/2018.
ANEXO