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XV Encontro Nacional da ABET – 2017 – Rio de Janeiro

GT 6 – Relações de Gênero, raciais e geracionais no trabalho

A REFORMA TRABALHISTA NA PERSPECTIVA DE GÊNERO:


CRÍTICAS AO PLC 38/2017

Regina Stela Corrêa Vieira


Doutoranda – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo1
regina.vieira@usp.br

                                                                                                                       
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Processo 2016/18865-6. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material
são de responsabilidade da autora e não necessariamente refletem a visão da FAPESP.
A REFORMA TRABALHISTA NA PERSPECTIVA DE GÊNERO:
CRÍTICAS AO PLC 38/2017

Regina Stela Corrêa Vieira

Resumo
Diante do projeto de reforma trabalhista contido no PLC 38/2017, que altera dezenas de
artigos da CLT sob o argumento de modernizar a legislação, a proposta do presente
texto é de tecer críticas ao projeto apresentado, com base nos argumentos oficialmente
usados para justificá-lo perante a população, bem como desenvolver algumas reflexões
sobre a urgência, sim, de repensarmos o direito do trabalho no Brasil, mas a partir da
perspectiva de gênero, vez que movimentos feministas vêm apontando há muitos anos a
necessidade da efetivação de direitos e reformulação de dispositivos sexistas arraigados
nesta legislação.
Palavras-chave: direito do trabalho; reforma trabalhista; gênero; estudos femininas.

1. INTRODUÇÃO

Tramita no Senado o PLC 38/2017, conhecido publicamente como o projeto


da reforma trabalhista, que altera mais de sessenta artigos da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) e inclui dezenas de novos parágrafos e incisos às regras ali existentes.
Este projeto de lei, substitutivo do PL 6737/2016 originalmente apresentado à Câmara
dos Deputados pelo governo federal, inclui medidas como a legalização da jornada
12x36 por acordo individual, terceirização da atividade fim, parametrização da
indenização por dano moral e a expressa permissão das dispensas coletivas.
A proposta encaixa-se no ímpeto reformista da gestão de Michel Temer, que
tenta implantar medidas drásticas de redução do Estado e enxugamento do sistema de
proteção social apesar de não ter sido democraticamente eleito para a execução de um
projeto de tamanho impacto e de não ter apoio popular – 79% dos brasileiros e
brasileiras não confiam no presidente (MARQUES, 2017). Seu projeto de desmonte
ainda conta com a já promulgada Emenda Constitucional 95/2016, que fixou o
congelamento dos gastos públicos por vinte anos, e a PEC 287/2016, ainda em trâmite

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no Congresso, que visa alterar as regras constitucionais referentes ao regime geral da
previdência social.
Tais medidas do governo federal têm gerado insatisfação e revolta em
porção significativa da população, demonstrada na greve geral ocorrida em 28 de abril
deste ano (CARTA CAPITAL, 2017), mas mesmo assim seguem avançando nas casas
legislativas. No caso da reforma trabalhista, o projeto teve seu texto-base aprovado na
Câmara dos Deputados em abril de 2017, com base no parecer apresentado pela
Comissão Especial formada com essa finalidade, e agora tramita no Senado, com apoio
de parte considerável do empresariado brasileiro (O ESTADO DE S. PAULO, 2016).
Consta no referido parecer o voto do relator da Comissão Especial,
deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) a intensão de “modernizar a legislação
trabalhista brasileira” e “abandonar as amarras do passado” (MARINHO, 2017, p. 18).
Brilhantemente, o relator colocou em palavras as reivindicações históricas de
movimentos sociais e sindicais que lutam pela ampliação e estabilidade de direitos que
garantam dignidade a todas e todos. Isso não seria diferente para o direito do trabalho,
mas o teor do PLC 38/2017, e do restante do parecer, faz revelar que o tal ímpeto
modernizador esconde mais retrocessos que avanços.
Diante disso, a proposta do presente artigo é de tecer críticas ao projeto de
reforma trabalhista apresentado, com base nos argumentos oficialmente usados para
justificá-lo perante a população, bem como desenvolver algumas reflexões sobre a
urgência, sim, de repensarmos o direito do trabalho no Brasil, mas a partir da
perspectiva de gênero, vez que movimentos feministas vêm apontando há muitos anos a
necessidade da efetivação de direitos e reformulação de dispositivos sexistas arraigados
nesta legislação – como é o caso luta por creches para crianças de famílias trabalhadoras
(TELES, 1999, p. 103-6).
Metodologicamente, optamos por retirar tais argumentos do parecer da
Comissão Especial da Reforma Trabalhista na Câmara, por ser o mais atual
posicionamento dos aliados do governo que compactuam com a proposta, refletindo as
ideias contidas no texto do projeto de lei (MARINHO, 2017). Quanto à escolha do
gênero como categoria de análise, faço com base na compreensão de que as relações
sociais entre os sexos tem como base material o trabalho, o que se reflete na
determinação de formas sexuadas de divisão do trabalho, revelando que “a exploração
no trabalho assalariado e a opressão de sexo são indissolúveis” (HIRATA, 1995, p. 40).
Só a partir desta lente é possível desnaturalizar os papeis sociais de homens e mulheres

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nos espaços público e privado e desvelar o sexismo presente, inclusive, nas normas
trabalhistas.
Cabe a ressalva de que entendo que a disputa em torno dos avanços,
continuidades e retrocessos nas condições de vida e de trabalho de brasileiras e
brasileiros não será solucionada em arena intelectual, mas no embate público e na ação
política. Ainda assim, as reflexões aqui apresentadas tem a intensão de ajudar na
formação de arcabouço jurídico crítico para que o debate em torno de futuras mudanças
na legislação trabalhista seja feito de forma honesta e transparente dentro da arena
pública, com o máximo de informações e fundamentos possível, de modo a permitir que
se escolham os rumos do direito do trabalho no país democraticamente.

2. “O BRASIL DE 1943 NÃO É O BRASIL DE 2017”

No raciocínio do deputado Rogério Marinho (2017, p. 17), esta frase é


completada pela afirmação de que estamos no século XXI, “as dinâmicas sociais foram
alteradas, as formas de se relacionar, de produzir, de trabalhar mudaram
diametralmente. Novas profissões surgiram e outras desapareceram, e as leis trabalhistas
permanecem as mesmas”. Ora, considerando que a promulgação da CLT deu-se em
1943, quem poderia contrapor-se a uma atualização legislativa diante de tantas
mudanças sociais e avanços tecnológicos?
Colocada nesses termos, a afirmação faz parecer que ser contra o projeto de
lei em debate é ser favorável a manter o sistema trabalhista brasileiro estagnado, sem
responder às necessidades nacionais. Pior, faz parecer que se contrapor à reforma
trabalhista nos termos propostos é fechar os olhos para a realidade do país, com
altíssimo número de trabalhadores e trabalhadoras informais – 40% da população ativa
no último trimestre de 2016, algo em torno de 90 milhões de pessoas (IPEA, 2017) – e
de pessoas desempregadas – em fevereiro de 2017, somavam 13,5 milhões, sendo de
13,2% a taxa de desemprego (IBGE, 2017).
Entretanto, como explicado por Jorge Luiz Souto Maior (2017), “a CLT de
1943 já foi quase que totalmente alterada ao longo dos últimos 74 anos”, sendo que dos
923 artigos iniciais, apenas 188 restam inalterados. Ademais, nas palavras dele,
“inúmeras leis foram criadas em paralelo à CLT e são estas as que, efetivamente, regem
as relações de trabalho no Brasil presentemente, sob o manto, inclusive, da Constituição
Federal, promulgada em 1988” (Idem).

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Assim, a afirmação de que a reforma trabalhista irá atualizar uma CLT
parada no tempo desde 1943 não é nada além que uma boa frase de efeito. E pior,
quando se presta atenção a alguns dos novos dispositivos propostos no texto do PLC,
difícil é não enxergar as continuidades com tempos muito anteriores a Getúlio Vargas,
resquícios da mentalidade escravocrata da elite nacional, que insiste em colocar a culpa
das dificuldades econômicas do país nas leis trabalhistas e achar que a saída para seus
empreendimentos é explorar mais e mais quem trabalha. Esquecem-se que, na verdade,
o direito do trabalho é sim um pacto que garante a redução do conflito social capital-
trabalho e que permitiu , por exemplo, o surgimento da indústria nacional.
Logo, pensando em termos do dito “esforço modernizador” das leis
trabalhistas, faço minhas as palavras de Homero Batista Mateus da Silva (2017), em sua
análise do, naquele momento, PL 6787/2016 com enfoque nas normas de saúde e
segurança do trabalho, ao constar que no projeto não havia nenhuma referência à
atualização dos limites de tolerância à exposição de trabalhadoras e trabalhadores a
riscos:
A demora na atualização deste tema sobrecarrega as contas
previdenciárias, alimenta o absenteísmo nas fábricas e dificulta o
desenvolvimento sustentável do país. Se o espírito fosse realmente de
urgência e eficiência, não haveria razão alguma para ficar de fora o
capítulo da saúde, sem uma única referencia aos artigos 154 a 200 da
CLT. O silêncio absoluto quanto ao capítulo da saúde nos deixa a
impressão de que o objetivo da reforma não é a atualização das
normas ou a modernização das leis, mas apenas a redução dos custos.

3. “UMA LEI TRABALHISTA QUE AINDA DIZ QUE A MULHER NÃO MERECE
AS PROTEÇÕES LEGAIS SE FOR EMPREGADA DE SEU PAI OU MARIDO”

“(...) Apesar desses exemplos, existem pessoas que insistem em dizer que a
legislação não precisa de atualizações” (MARINHO, 2017, p. 17). Estes dois trechos do
mesmo parágrafo são exemplo da tentativa dos defensores da reforma trabalhista de
dialogar com os efervescentes movimentos feministas dos últimos anos no Brasil
(VENCATO; VIEIRA, 2014, p. 42), na busca por demonstrar que ouvem as ruas e que
estão preocupados com o combate à discriminação de gênero no mercado de trabalho. A
pergunta que me cabe levantar neste ponto: será que estão preocupados mesmo?
Combater o sexismo nas relações de trabalho implica não apenas homologar
normas de proibição de determinadas práticas discriminatórias, ainda que sejam de

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grande relevância, mas também fazer com que as mulheres sejam juridicamente
consideradas em suas relações com outras mulheres e com os homens, e não pela diferença,
debilidade ou inferioridade. Se a experiência da atual legislação trabalhista, orientada
para a proteção das mulheres essencialmente enquanto mães, tem demonstrado efeitos
potencialmente discriminatórios no mercado de trabalho, fica patente a necessidade de
reorganização das prerrogativas dessas normas (OIT, 2007, p. 176).
É o caso, por exemplo, das leis de proteção da maternidade, em especial se
compararmos a previsão constitucional de licença-maternidade de 120 dias e a licença-
paternidade de 5 dias, que deixam transparecer a ideia de que o cuidado da criança nos
primeiros meses de vida é de responsabilidade da mulher, enquanto cabe ao homem “ser
o provedor” da família que deve manter-se no emprego (Cf. VIEIRA, 2015). Entretanto,
a melhor distribuição das responsabilidades familiares e a tentativa de elaboração de
uma licença parental que possa ser compartilhada pelo casal não foram nem sequer alvo
de menção dos debates legislativos sobre a reforma trabalhista.
Um pouco mais adiante no parecer da Comissão Especial da Reforma
Trabalhista na Câmara, há a menção à necessidade de alteração do art. 394-A da CLT,2
inserido em 2016, sob a alegação de que o dispositivo “tem provocado situações de
discriminação ao trabalho da mulher em locais insalubres, tanto no momento da
contratação quanto na manutenção do emprego” (MARINHO, 2017, p. 47). Justa esta
preocupação, apesar de ela recair somente sobre uma previsão sancionada por lei no
governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Deveria, muito além, debruçar-se sobre todo
o potencial discriminatório da legislação trabalhista, baseada em padrões masculinos de
trabalhadores, a quem é socialmente permitido dedicar 8 horas diárias ao emprego e
retornar para a casa sem o duplo encargo das tarefas domésticas.
Ademais, se estão preocupados com a discriminação no emprego, por que
parametrizar os valores de indenização por dano moral? Mulheres são grandes alvos de
assédio sexual e moral no ambiente de trabalho – no caso do primeiro, a ONU (2011, p.
2) registra que cerca da metade das mulheres no mundo já passou por uma experiência
de assédio sexual em algum momento de sua vida profissional –, de forma que tabelar o
número de salários que podem ser pagos como indenização de acordo com a percepção
de um juiz do que é “ofensa de natureza leve” ou “ofensa de natureza grave” reforça a

                                                                                                                       
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CLT. Art. 394-A. A empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a
lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer suas atividades em
local salubre. (Incluído pela Lei no 13.287, de 2016).

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objetificação do corpo e a monetização da sexualidade das mulheres, em especial das
mais pobres.

4. CONCLUSÃO

Ao terminar a redação deste artigo, ainda aguardo os resultados das greves e


manifestações de repúdio às propostas de reformas do governo de Michel Temer, com
esperança de que tenham força política para barrar os projetos de lei em tramitação.
Como aqui apresentado, não tenho dúvidas de que é extremamente necessário que haja
reflexão e debate social sobre os rumos do direito do trabalho no Brasil, em especial sob
a perspectiva de gênero, mas também não tenho dúvidas que os moldes da proposta de
reforma trabalhista em voga não respeitam padrões democráticos mínimos – mais de
uma vez, aliás, Temer demonstrou não se importar com a opinião popular e pretender
passar a toque que caixa seu projeto de implosão de direitos sociais no Brasil
(MENDONÇA, 2017).
A resposta do corte de gastos, redução do Estado, diminuição de garantias
sociais provou, historicamente, que não só não é solução para crises econômicas, como
apenas agrava a condição de subdesenvolvimento. Se nossa busca é por um país justo e
solidário, seguro e desenvolvido, retirar a proteção social e aumentar o nível de
exploração do trabalho vão na contramão dos objetivos fundamentais da República –
construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação – pactuados na Constituição de 1988 (art. 2o).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARTA CAPITAL. Greve geral contra as reformas de Temer toma o País. 28 abr. 2017.
Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/greve-geral-contra-as-reformas-de-
temer-toma-o-pais> . Acesso em 10 mai. 2017.

HIRATA, Helena. Divisão–Relações sociais de sexo e do trabalho: contribuição à discussão


sobre o conceito de trabalho. Em Aberto, Brasília, MEC/Inpe, v. 1, n. 65, p. 39-49,
jan./mar.1995.

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MARINHO, Rogério (Deputado Federal). Parecer da Comissão Especial destinada a proferir
parecer ao Projeto de Lei no 6.787, de 2016. Brasília, 2017. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1544961&filename
=Parecer-PL678716-12-04-2017>. Acesso em 14 mai. 2017.

MARQUES, José. Reprovação ao governo Temer chega a pior índice, aponta pesquisa. Folha
de São Paulo, 31 mar. 2017. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1871512-reprovacao-a-governo-temer-chega-a-
pior-indice-aponta-pesquisa.shtml> . Acesso em: 10 mai. 2017.

MENDONÇA, Heloísa. Temer ignora manifestações contra reformas e sanciona a lei da


terceirização. El País, 01 abr. 2017. Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/01/politica/1491004858_355963.html> . Acesso em 15
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O ESTADO DE S. PAULO. Para indústria mudanças trabalhistas são benéficas. 21 dez. 2016.
Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,para-industria-mudancas-
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https://www.facebook.com/notes/professor-homero-batista-mateus-da-silva/e-agora-
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VIEIRA, Regina Stela Corrêa. Trabalho das mulheres e feminismo: uma abordagem de gênero
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