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XVIII PRÊMIO TESOURO NACIONAL– 2013

Tema 1- Política Fiscal e Dívida Pública


Inscrição: 33

 CLASSIFICAÇÃO: 3º LUGAR

Título da Monografia:
Segurança Fiscal e Gerenciamento da Dívida Pública: uma análise para o caso brasileiro no
período recente.

Helder Ferreira de Mendonça (representante)


(42 anos)

Miguel Pereira - RJ

Doutor em Economia – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Professor Titular - Universidade Federal Fluminense.

Coautora: Kelli Manhães Pessanha - Mestre em Ciências Econômicas –


Universidade Federal Fluminense – RJ.

Nota: Monografia publicada conforme inscrita no concurso.


Ainda não revisada.
Segurança Fiscal e Gerenciamento da Dívida Pública:

uma análise para o caso brasileiro no período recente

Tema 1. Política Fiscal e Dívida Pública

1.3. Dívida Pública

2013
Segurança Fiscal e Gerenciamento da Dívida Pública:

uma análise para o caso brasileiro no período recente

RESUMO

A necessidade de reduzir a vulnerabilidade fiscal brasileira fez com que o

Tesouro Nacional adotasse a estratégia, a partir de novembro de 1999, de alongar o

prazo médio, aumentar a participação dos títulos prefixados e indexados a preços, e

de diminuir a parcela de títulos indexados à taxa de juros e à taxa de câmbio.

Entretanto, conforme destacado por Faraglia, Marcet, e Scott (2008) a ausência de

indicadores de desempenho para a gestão da dívida não permite observar se tais

estratégias conseguem reduzir a vulnerabilidade fiscal. Para resolver esse problema,

os autores supracitados propõem indicadores de segurança fiscal que verificam a

ocorrência de estabilização da dívida frente a choques fiscais. Destarte, o principal

objetivo deste trabalho é a elaboração pioneira de indicadores de segurança fiscal

para o caso brasileiro e utilizá-los para análise do gerenciamento da dívida pública.

A aplicação do uso de indicadores de segurança fiscal ao caso brasileiro

neste estudo possui duas etapas principais. A primeira refere-se à construção de

indicadores fiscais e faz uma análise do seu desempenho ao longo do tempo. A

segunda apresenta evidências empíricas para avaliar o efeito do gerenciamento da

dívida pública sobre diversas medidas de segurança fiscal.

Os indicadores fiscais construídos para o Brasil apontam que houve redução

da vulnerabilidade fiscal brasileira no período compreendido entre janeiro de 2007 e

setembro de 2012. O comportamento apresentado pelos indicadores cupom de juros

e razão valor de mercado da dívida/PIB evidenciou estabilização do nível de


endividamento e do custo de financiamento da dívida pública brasileira. Além da

estabilização dos custos com o serviço da dívida, os indicadores de segurança fiscal

indicam que houve aumento da proteção do orçamento contra choques no déficit

primário ao longo do período analisado.

É importante ressaltar que embora os indicadores fiscais construídos para o

Brasil tenham indicado maior proteção fiscal, a evidência empírica sugere que a

gestão da dívida brasileira foi pouco efetiva em proporcionar aumento de segurança

fiscal. Esse resultado se assemelha ao encontrado por Faraglia, Marcet e Scott

(2008) para os países da OCDE e pode estar relacionado à maior preocupação dos

gestores de dívida em minimizar custos ao invés de risco. Outra razão seria a baixa

volatilidade da estrutura a termo da taxa de juros que torna a estratégia de

alongamento da maturidade não efetiva em proporcionar proteção fiscal. Além disso,

os resultados obtidos sugerem que a emissão de dívida prefixada é a estratégia

mais eficiente em proporcionar proteção contra choques fiscais.

Palavras-chave: gerenciamento da dívida pública; segurança fiscal; política fiscal;

dívida pública; equilíbrio fiscal. 


 

Índice

1. Introdução ................................................................................................................. 4

2. Gerenciamento da dívida pública e indicadores fiscais............................... 7

2.1. Gerenciamento da dívida pública.................................................................... 8

2.1.1. Maturidade ......................................................................................................... 11

2.1.2. Estrutura de índexação da dívida pública..................................................... 16

2.1.2.1. Trade off entre dívida nominal e dívida real.............................................. 18

2.1.2.2. Trade off entre dívida prefixada e dívida pós-fixada ............................... 20

2.2. Indicadores fiscais ............................................................................................ 22

2.2.1. Razão dívida pública/PIB ................................................................................ 23

2.2.2. Indicadores de segurança fiscal..................................................................... 24

2.3. Conclusão ............................................................................................................ 28

3. Indicadores fiscais aplicados à economia brasileira .................................. 29

3.1. Aspectos metodológicos................................................................................. 30

3.2. Comportamento dos indicadores fiscais brasileiros............................... 37

3.3. Comparação dos resultados encontrados para o Brasil com o dos


países da OCDE ......................................................................................................... 48

4. Gerenciamento da dívida pública brasileira e indicadores fiscais.......... 53

4.1. Gestão da dívida pública no Brasil ............................................................... 53

4.2. Evidência empírica ............................................................................................ 55

4.2.1. Resultados ......................................................................................................... 59

4.3. Conclusão ............................................................................................................ 67

5. Conclusão ............................................................................................................... 68

6. Referências Bibliográficas ................................................................................. 70

7. Apêndice.................................................................................................................. 74

 
 

1. Introdução

Um tema recorrente na teoria de política fiscal é o desequilíbrio fiscal. O

desequilíbrio se caracteriza pelo acúmulo de dívida pública. O aumento do nível de

endividamento pode causar impactos negativos como elevação do custo de

financiamento do governo, redução do investimento privado e consequente redução

do crescimento econômico (Lojsch, Rodríguez-Vives, e Slavik, 2011). Ademais, o

endividamento excessivo pode levar a uma situação de vulnerabilidade fiscal,

circunstância na qual as condições de liquidez e solvência da dívida pública são

ameaçadas (Hemming, Kell, e Schimmelpfennig, 2003).

A relevância da busca de mecanismos que reduza o desequilíbrio fiscal pode

ser ilustrada com o advento da crise do subprime. A razão dívida pública/PIB de

diversos países na zona do euro, tais como Portugal, Espanha, Grécia, e Irlanda se

elevou de forma substancial o que resultou, conforme alertado por Giavazzi e

Pagano (1990), na incapacidade de alguns governos de honrar seus passivos.

O procedimento mais comum para reduzir a vulnerabilidade fiscal é o

aumento da tributação ou a redução de gastos de modo a realizar superávits

primários. Outra forma de redução da vulnerabilidade fiscal, segundo Giavazzi e

Missale (2004), é consequência de um financiamento de baixo custo para a dívida

pública, e também da minimização da volatilidade do retorno dos títulos

governamentais.

Este estudo analisa o gerenciamento da dívida pública brasileira no período

que compreende janeiro de 2007 a setembro de 2012. Segundo, Angeletos (2002)

este tipo de análise é particularmente relevante para o caso de economias que

 
 

possuem taxas de juros elevadas e risco fiscal que não pode ser negligenciado. O

Brasil se encaixa nesse perfil, pois possui ao longo do período uma das mais

elevadas taxas de juros no mundo e uma razão dívida pública bruta/PIB superior a

50% (BCB, 2011).

A necessidade de reduzir a vulnerabilidade fiscal brasileira fez com que o

Tesouro Nacional adotasse a estratégia, a partir de novembro de 1999, de alongar o

prazo médio, aumentar a participação dos títulos prefixados e indexados a preços, e

de diminuir a parcela de títulos indexados à taxa de juros e à taxa de câmbio.

Entretanto, conforme destacado por Faraglia, Marcet, e Scott (2008) a ausência de

indicadores de desempenho para a gestão da dívida não permite observar se tais

estratégias conseguem reduzir a vulnerabilidade fiscal. Para resolver esse problema,

os autores propõem indicadores de segurança fiscal que verificam a ocorrência de

estabilização da dívida frente a choques fiscais. Destarte, o principal objetivo deste

trabalho é a elaboração pioneira de indicadores de segurança fiscal sugeridos pelos

autores supracitados para o caso brasileiro e utilizá-los para análise do

gerenciamento da dívida pública. Em particular, três questões merecem atenção:

(i) Houve promoção de segurança fiscal no Brasil no período? Ou seja, o estoque de

dívida pública se manteve estável diante de choques no orçamento?

(ii) Se houve proteção contra choques no orçamento, essa proteção teve relação

com o gerenciamento da dívida pública brasileira do período?

(iii) Se as alterações de carteira promovidas pelos gestores brasileiros influenciaram

na segurança fiscal da dívida pública, existe alguma conclusão acerca da carteira

ótima?

Esta monografia está dividida em mais quatro capítulos. O capítulo 2

 
 

apresenta o referencial teórico do gerenciamento da dívida pública e dos indicadores

fiscais. O capítulo 3 apresenta a construção e resultados dos indicadores fiscais

para o Brasil. O capítulo 4 mostra os resultados da relação entre gestão da dívida e

os indicadores de desempenho do gerenciamento da dívida pública brasileira. O

capítulo 5 apresenta as conclusões.

 
 

2. Gerenciamento da dívida pública e indicadores fiscais

De acordo com Angeletos (2002), um gerenciamento da dívida pública

eficiente (financiamento a baixo custo e estabilização da razão dívida/PIB) é capaz

de reduzir a vulnerabilidade fiscal. A proteção contra choques fiscais é obtida por

meio da exploração de uma covariância negativa entre os retornos dos títulos

governamentais e os choques fiscais (Giavazzi e Missale, 2004). Essa covariância

negativa pode ser obtida por meio da redução do pagamento do cupom de juros ou

por meio da redução dos preços dos títulos em mercado.

A dependência da estrutura a termo da taxa de juros ao estado da economia

e a sensibilidade do valor de mercado da dívida pública à taxa de juros possibilita

que a gestão da dívida pública promova proteção contra choques na economia.

Quando as trajetórias fiscais futuras são alteradas por choques na economia, uma

queda nos preços dos títulos públicos ajuda a manter a restrição orçamentária

intertemporal. Ou seja, o valor de mercado da dívida governamental se iguala ao

valor presente líquido dos superávits primários futuros mantendo a solvência fiscal

(Faraglia, Marcet e Scott, 2008).

Deve-se notar que, a emissão de obrigações de dívida que promovem

proteção contra choques na economia nem sempre é possível devido ao elevado

custo de emissão dos mesmos. A literatura sobre o gerenciamento da dívida pública

explora o trade-off entre minimização de custo e risco, e faz recomendações quanto

à composição de carteira ótima para a dívida pública. Em geral, o resultado

encontrado na literatura é a emissão de títulos de dívida de longo prazo e de dívida

prefixada. Conforme, Montiel (2005) a emissão de títulos de dívida indexados a

 
 

preços também é aconselhada para economias sem credibilidade na condução da

política monetária. Todavia, Faraglia, Marcet e Scott (2008) destacam que a

ausência de indicadores de desempenho para gestão da dívida pública não permite

saber se tais estratégias conseguem reduzir a vulnerabilidade fiscal. Portanto, o uso

de indicadores de segurança fiscal é fundamental para verificar a eficiência das

alterações na composição da dívida pública executadas pelos gestores.

Este capítulo está dividido em mais três seções. A próxima seção apresenta

uma revisão teórica do gerenciamento da dívida pública. A seguir é feita a

apresentação dos principais indicadores fiscais. Por último, é apresentada a

conclusão do capítulo.

2.1. Gerenciamento da dívida pública

O gerenciamento da dívida pública se refere à escolha de características das

obrigações referentes à estrutura de maturidade e de indexação. A estrutura de

maturidade se refere ao perfil de vencimentos da dívida, enquanto que a estrutura

de indexação se refere às características dos títulos emitidos.

O primeiro objetivo encontrado na literatura sobre o gerenciamento da dívida

pública é a estabilização da carga tributária (ver Pigou, 1928; e Barro, 1979). De

acordo com essa visão, a suavização da carga tributária seria desejável, pois

minimizaria os custos da distorção tributária. A distorção existe, pois a tributação da

renda do trabalho altera os preços relativos entre consumo e lazer, enquanto que a

tributação sobre o capital interfere na escolha intertemporal dos indivíduos, o que,

por conseguinte, resulta em alocações ineficientes que reduzem o bem estar social.

 
 

A literatura sugere que para estabilizar a carga tributária o estoque da dívida deve

ser distribuído em várias datas de modo a minimizar a flutuação das alíquotas de

impostos ao longo do tempo (Barro, 1995).1

O segundo objetivo do gerenciamento da dívida pública é o de eliminar o

problema de inconsistência temporal. Para dar conta desse problema, Lucas e

Stokey (1983) recomendam a emissão de títulos da dívida pública contingente ao

estado de incerteza com uma estrutura de maturidade diversificada.2

O terceiro objetivo do gerenciamento da dívida pública é reduzir a

vulnerabilidade fiscal por meio da minimização de custos com o serviço da dívida.

Essa redução dos custos está relacionada a três objetivos secundários:

financiamento a baixo custo; a minimização do risco de que choques na economia

aumentem em demasia os pagamentos com juros; e a menor volatilidade no valor de

mercado da dívida (Giavazzi e Missale, 2004).

Minimizar custos e risco é relevante, pois os governos não costumam emitir

ativos contingentes ao estado da natureza. Ativos contingentes ao estado da

natureza são compromissos com o setor privado que dependem da realização da

incerteza futura (Angeletos, 2002). Dentre os fatores de incerteza podem ser citados

os gastos governamentais e a base tributária (Barro, 1995). A impossibilidade de

emissão de dívida contingente torna o estoque de dívida independente da realização

da incerteza o que obriga o governo a compensar qualquer eventual acréscimo nos

gastos públicos ou decréscimo na renda agregada com um aumento no estoque de

                                                            
1
Bohn (1990); Barro (1995); Barro (2003); Angeletos (2002); Buera e Nicolini (2004); Nosbusch
(2008); Faraglia, Marcet, e Scott (2010).
2
Além do estudo de Lucas e Stokey (1983) são exemplos desse tipo de análise: Persson e Svensson
(1984), (1986) e Persson, Persson e Svensson (1987); Bohn (1988); Calvo (1988); Calvo e Guidotti
(1990); Calvo e Guidotti (1992); Blanchard e Missale (1994).

 
 

dívida ou na base tributária (Angeletos, 2002).

A restrição quanto à emissão de dívida contingente torna os tipos de dívida

emitidos importantes (Barro, 1995). A emissão de dívida nominal é um potencial

hedge frente a choques econômicos no orçamento, pois em um contexto

inflacionário, o aumento dos preços reduz a dívida pública real (ver Bohn, 1990;

Barro, 1995; e Barro, 2003). Além disso, segundo Nosbusch (2008), a maturidade

deve ser escolhida de modo que uma elevação da taxa de juros futura seja

compensada por uma queda nos preços dos títulos de dívida. Um portfólio de títulos

não contingentes de diferentes maturidades pode ser escolhido de tal forma que

flutuações nos déficits, na base tributária e na estrutura termo da taxa de juros

futuros sejam compensadas por mudanças no valor de mercado da dívida pública

(Faraglia, Marcet e Scott, 2008). Em suma, conforme indicado por Angeletos (2002),

o objetivo de isolar a restrição orçamentária governamental futura de choques

econômicos no orçamento é alcançado por meio da emissão de dívida de longa

maturidade.

A estabilização do valor de mercado da dívida também é importante para

reduzir a vulnerabilidade fiscal. Segundo Tobin (1963), os custos relevantes para o

governo não são apenas as despesas com pagamentos de juros, mas também os

custos relativos ao acréscimo no valor de mercado da dívida ao longo do tempo. A

vulnerabilidade dos governos aos choques fiscais pode causar aumento demasiado

do valor da dívida pública o que resulta na busca de alternativas de hedge que

minimizem não só os custos com pagamento de juros, mas que estabilizem,

também, o valor de mercado da dívida pública.

Segundo Giavazzi e Missale (2004), a redução da incerteza com relação à

10 

 
 

razão dívida/PIB é válida para qualquer custo esperado de serviço da dívida, pois

diminui a probabilidade de que um choque adverso no orçamento público cause o

insucesso de um ajuste fiscal. Portanto, é desejável evitar o crescimento

insustentável da dívida pública, pois coloca em risco a solvência de um governo

(Lloyd-Ellis e Zhu, 2001).3

2.1.1. Maturidade

A escolha da estrutura de maturidade da dívida pública inclui a determinação

do prazo médio da dívida pública e a determinação da dispersão dos vencimentos

dos títulos ao longo do tempo (Alesina, Prati, e Tabellini, 1989; Giavazzi e Pagano,

1990). O prazo médio é a duração da carteira da dívida pública e pode ser definido

pela duração de Macaulay (Silva, Cabral, e Baghdassarian, 2009).4 A dívida pública

pode possuir maturidade de curto prazo (duração menor que um ano) ou maturidade

de longo prazo (duração maior que um ano) (Lojsch, Rodriguez-Vives, e Slavik,

2011).

A escolha da estrutura de maturidade da dívida pública pode reduzir a

vulnerabilidade fiscal. Segundo Tobin (1963), depois do objetivo tradicional de

estabilização macroeconômica, o banco central em conjunto com o tesouro nacional

devem buscar como objetivo a minimização de custos com serviço da dívida, meta
                                                            
3
O objetivo de estabilização da dívida pública é retratado por Goldfajn (1998); Lloyd-Ellis e Zhu
(2001); Angeletos (2002); Borenztein e Mauro (2004); Giavazzi e Missale (2004); e Faraglia, Marcet, e
Scott (2008).
4
A duração de Macaulay de um fluxo de pagamentos é uma média ponderada dos prazos dos
vencimentos de um título. A duração de Macaulay (D) de um fluxo de pagamentos com os valores
presentes ( P , P ,..., P )
t1 t2 tn e tn unidades de tempo é definida em Weil (1973), por:

D = ∑ i =1 ti Pti / ∑ i =1 Pti . O prazo médio da dívida pública brasileira é calculado de modo muito
n n

similar à duração de Macaulay (ver, Silva, Cabral, e Baghdassarian, 2009).


11 

 
 

que pode ser alcançada por meio da escolha do prazo médio e da dispersão dos

vencimentos da dívida pública ao longo do tempo.

A emissão de dívida de longa maturidade pode evitar aumentos no valor de

mercado da dívida diante de choques na economia (Nosbuch, 2008). Uma grande

parte da literatura recomenda que os governos busquem financiamento de longo

prazo.5 A proteção contra choques na economia é possível por dois motivos: (i) a

estrutura a termo da taxa de juros depende do estado da economia;6 e (ii) diferente

sensibilidade dos títulos de curto prazo e de longo prazo às mudanças nas taxas de

juros futuras devido aos choques econômicos (Angeletos, 2002; Nosbusch, 2008).

A diferença de sensibilidade do valor de mercado da dívida de longo prazo em

relação à dívida de curto prazo possui maior relevância para a dívida prefixada.

Quanto maior o prazo para o vencimento, mais sensível é o preço do título às

alterações nas taxas de juros ou prêmios. Como o preço do título é o valor presente

do fluxo descontado a uma taxa, para títulos do mesmo tipo, quanto maior o prazo

até o vencimento, mais o preço (valor presente do fluxo) varia quando há alteração

nas taxas de juros (Tesouro Nacional, 2012).

Segundo Nosbusch (2008), a diferença da dívida de curto prazo para a de

longo prazo pode ser compreendida da seguinte forma. Considere a emissão de um

título de curto prazo e um título de longo prazo no período inicial t. No período t+1, o

valor da posição de dívida de curto prazo maturada é igual ao seu valor de face e

independe da taxa de juros do período t+1. Na ocorrência de um choque na


                                                            
5
São favoráveis a essa visão: Tobin (1963); Alesina e Prati e Tabellini (1989); Giavazzi e Pagano
(1990); Calvo e Guidotti (1990); Barro (1995); Angeletos (2002); Barro (2003); Nosbusch (2008);
Aizenman e Marion (2009); Balibek e Köksalan (2010); Mehl e Reynauld (2010). Entretanto,
resultados contrários à eficiência dessa política podem ser encontrados em Buera e Nicolini (2004);
Faraglia, Marcet, e Scott (2008); Faraglia, Marcet, e Scott (2010).
6
A estrutura a termo da taxa de juros deve ser diferente ao longo dos estados da natureza, pois a
taxa de juros é responsável pela mudança dos preços da dívida ao longo do tempo (Buera e Nicolini,
2004).
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economia que pressione o aumento da taxa de juros em t+1, o preço da dívida de

curto prazo não sofre alteração e o governo é obrigado a pagar o valor de face

correspondente aos títulos. De maneira diferente, o preço da dívida de longo prazo

sofre uma queda diante de um aumento na taxa de juros em t+1. O motivo é que o

valor da dívida de longo prazo varia de forma inversamente proporcional à taxa de

juros de curto prazo de modo a manter a rentabilidade contratada no período inicial t.

A queda do valor da dívida de longo prazo compensa o aumento nas taxas de juros

o que, por sua vez, configura a vantagem da emissão desse tipo de dívida.

A estrutura de maturidade da dívida pública passou a ser importante, pois não

é comum a emissão de dívida contingente ao estado da natureza.7 A utilização de

títulos contingentes ao estado da natureza em um mercado completo funciona como

um contrato de segurança em face da incerteza agregada, ou seja, fornece proteção

contra os choques econômicos.8

Buera e Nicolini (2004) e Faraglia, Marcet, e Scott (2010) fazendo uso do

modelo de Angeletos (2002) que, por sua vez, é uma variação do modelo de

Ramsey (1927) concluem que a introdução de imperfeições nos mercados como os

custos de transação podem fazer a estratégia de mercado completo ineficiente.

Ademais, as estimações não precisas dos parâmetros do modelo podem levar a

sugestões de política muito enganosas.

Faraglia, Marcet, e Scott (2010) observaram perdas sociais ao inserir

imperfeições de mercado no modelo. De acordo com os autores o problema central


                                                            
7
Um estado da natureza é definido como um vetor que especifica os valores de todas as variáveis
que caracterizam o estado ao longo do período. Também é chamado de resultado e em cada data
somente um estado é realizado (Flood, 1991).
8
Um mercado é completo sempre que o número de ativos financeiros linearmente independentes for
igual ao número de estados da natureza de maneira tal que qualquer padrão de retornos pode ser
reproduzido (Buera e Nicolini, 2004). O termo completo se refere à abrangência de todo o espaço
vetorial de retornos concebíveis impedindo a existência de outro ativo que não seja mera combinação
linear dos retornos dos ativos anteriores (Flood, 1991).
13 

 
 

na análise com mercado completo é que a volatilidade limitada da estrutura a termo

da taxa de juros torna a maturidade uma substituta pobre para a dívida contingente

ao estado da natureza. Nesse caso, se os governos tentassem implementar essa

política deveriam comprar e vender uma grande quantidade de títulos a cada

período ficando expostos a todos os tipos de custos de transação e risco de

refinanciamento. Além disso, os autores observaram alta sensibilidade do portfólio a

pequenas alterações nas hipóteses, o que, por conseguinte, implica grandes

mudanças nas posições de negativas a positivas.

O objetivo de proteção contra choques na economia se contrasta muitas

vezes com o objetivo de minimização de custos e a estratégia de emissão de dívida

de longo prazo pode não proporcionar o efeito desejado de redução no valor da

dívida. Faraglia, Marcet, e Scott (2008) destacam que diante da volatilidade limitada

da estrutura a termo da taxa de juros os governos podem preferir diminuir custos ao

invés de minimizar risco.

A exigência de um prêmio de risco maior é uma desvantagem da emissão de

dívida de longa maturidade. Os credores exigem taxas de juros mais elevadas

devido à incerteza futura (Barro, 1995; Benigno, Giavazzi, e Missale, 2002). Um

prêmio de risco adicional é requerido para proteção contra perdas de capital no

período intermediário nos estados no qual a utilidade marginal do consumo dos

agentes é alta. Assim, a taxa de retorno esperada da dívida de longo prazo exigida é

maior do que a da dívida de curto prazo e, portanto, há um trade-off entre

minimização de custo e risco.

Apesar da estratégia de emissão de dívida de curto prazo ser menos custosa

ao governo, ela não minimiza alterações no valor de mercado da dívida quando

14 

 
 

ocorrem choques fiscais (Nosbusch, 2008). A redução da maturidade da dívida

pública eleva a sensibilidade dos custos de financiamento a movimentos nas taxas

de juros reais (Barro, 2003). A curta maturidade da dívida eleva o risco de que um

choque adverso faça o retorno da dívida aumentar substancialmente deixando o

governo vulnerável (Drudi e Giordano, 2000; Giavazzi e Pagano, 1990).9

Giavazzi e Pagano (1994), Alesina, Prati e Tabellini (1989), e Calvo e Guidotti

(1990) alertam quanto ao risco de carregamento de um montante substancial de

dívida de curto prazo. De acordo com esta visão, a escolha ótima da estrutura de

maturidade pode evitar que a ocorrência de uma crise de confiança leve a uma

mudança de regime. A crise de confiança pode ser definida como uma alteração nas

expectativas dos agentes quanto ao comportamento dos gestores de política capaz

de precipitar uma mudança de regime.

O alongamento da maturidade média da dívida pública diminui o volume de

recursos que o governo deve captar no mercado e a distribuição de amortizações

mais uniformes ao longo do tempo reduz a variância de novas emissões de títulos

de dívida. Outro benefício da dispersão balanceada dos vencimentos da dívida no

tempo é a garantia de liquidez aos títulos públicos emitidos (Aizenman e Marion,

2009). Segundo Calvo e Guidotti (1990) essa estratégia é ainda mais relevante para

economias cujo estoque de dívida ultrapassa 50% do PIB.

Um fator importante que aumenta os custos de emissão de dívida de longa

maturidade é a expectativa dos agentes quanto ao aumento de inflação futura

(Blanchard e Missale, 1994). Segundo Barro (2003) quanto maior a volatilidade e

                                                            
9
Hemming, Kell, e Schimmelpfennig (2003), e Mehl e Reynaud (2010) mostram que para o caso de
economias emergentes há evidências empíricas de que a dívida pública de curto prazo representa a
maior fonte de risco.

15 

 
 

persistência da inflação, maior deve ser o incentivo à emissão de títulos de dívida de

curto prazo a fim de minimizar os custos de financiamento e os efeitos adversos da

inflação não antecipada. Economias com falta de credibilidade sofrem mais com o

aumento dos custos de serviço da dívida (Blanchard e Missale, 1994). De acordo

com Lucas e Stokey (1983) e Persson, Persson, e Svensson (1987) existe uma

estrutura de maturidade ótima que garante a consistência temporal. Ou seja, pode

induzir governos a se comprometerem em seguir a politica ótima sem haver a

necessidade de estabelecerem uma regra fixa.

Em suma, a literatura aponta que é possível administrar a estrutura de

maturidade de modo a atingir dois objetivos: minimizar os custos com serviço da

dívida e promover a consistência dinâmica das políticas fiscais. Para tanto, em geral

são recomendados: aumento do prazo médio e dispersão dos vencimentos da dívida

pública de maneira equilibrada.

2.1.2. Estrutura de indexação da dívida pública

A estrutura de indexação da dívida pública se caracteriza pelos diferentes

tipos de títulos que compõem o portfólio da dívida pública e pela respectiva

participação dos mesmos na carteira. Os tipos de títulos utilizados na emissão de

dívida se dividem em nominais ou reais e também em prefixados ou pós-fixados

(indexados). Os títulos pós-fixados são, em geral, os títulos indexados a preços, a

taxa de juros, ou à moeda estrangeira (Giavazzi e Missale, 2004). Os títulos podem

ser caracterizados segundo o Tesouro Nacional brasileiro e segundo Giavazzi e

Missale (2004) como:

16 

 
 

- títulos nominais: a taxa de juros informada para estes papéis não considera o efeito

da inflação sobre o valor do título;

- títulos reais: a taxa de juros informada para estes títulos reflete a rentabilidade

acima da inflação à qual o título será remunerado;

- títulos prefixados: o retorno nominal é conhecido na data de sua emissão;

- título indexado à inflação: a taxa de retorno do título é a taxa de juros real corrigida

pela inflação do período;

- título indexado à taxa de juros: o retorno é determinado pela trajetória da taxa de

juros doméstica ao longo da vida do título;

- título denominado em moeda estrangeira ou indexado à moeda estrangeira: o

retorno do título depende da taxa de juros internacional, do prêmio de risco e da

depreciação da taxa de câmbio.

A estrutura de indexação da dívida pública auxilia na redução da

vulnerabilidade fiscal, pois pode minorar flutuações no estoque de dívida frente às

alterações nos estados da natureza e reduzir os custos com o financiamento da

dívida (Giavazzi e Missale, 2004). Todavia, nem sempre a escolha de um

determinado tipo de título atende aos dois objetivos almejados que são o de

promover proteção contra choques na economia e de minimizar custos. A decisão

acerca da composição da dívida pública se pauta, portanto, em analisar os trade-offs

existentes, primeiro, entre a emissão de dívida nominal e a emissão de dívida real e,

segundo, entre a emissão de dívida prefixada e pós-fixada.

17 

 
 

2.1.2.1. Trade-off entre dívida nominal e dívida real

A escolha entre a emissão de dívida nominal ou a emissão de dívida real

pode ser representada pela decisão entre a emissão de dívida nominal ou de dívida

indexada a preços. A vantagem da emissão de dívida nominal é o de fornecer

proteção contra efeitos de flutuações econômicas nos custos de serviço da dívida.

A dívida indexada a preços não possui o mesmo potencial de proteção que a

dívida nominal frente a flutuações na economia. Um choque real adverso na

economia possui um efeito negativo, pois eleva a inflação e a taxa de juros o que,

por conseguinte, causa aumento da dívida indexada a preços. Da mesma forma, um

choque nominal aumenta o retorno da dívida indexada a preços por meio da

inflação. Em contrapartida, a dívida nominal proporciona proteção contra choques na

economia. Um choque real eleva a dívida nominal por meio do aumento da taxa de

juros, porém consegue reduzir a dívida real por meio da inflação. De modo similar,

um choque nominal permite uma diminuição da dívida nominal porque o valor da

dívida real é reduzido pelo choque inflacionário (Bohn, 1988). Portanto, diante de um

choque fiscal positivo que resulte em inflação, o estoque de dívida nominal diminui

os custos com serviço da dívida e na existência de um choque fiscal negativo que

resulte em deflação, aumentam-se os custos com serviço da dívida, o que por sua

vez acarreta um hegde (Blanchard e Missale, 2004; Goldfajn, 1998).

A emissão da dívida nominal pode ser mais custosa para o governo do que a

emissão da dívida indexada a preços. A presença de obrigações nominais aumenta

a tentação de o governo usar o imposto inflacionário para diminuir a dívida real, cujo

18 

 
 

efeito é o mesmo que o de um calote parcial da dívida.10 Como os agentes

econômicos esperam que no caso de economias com baixa credibilidade da

autoridade monetária o governo tente causar surpresa por meio de um aumento na

inflação, a consequência é de um aumento na expectativa de inflação futura (Calvo,

1988). Destarte, os agentes exigem um aumento no prêmio de risco para compensar

as perdas esperadas com a diminuição do retorno real da dívida (Bohn, 1988).

Outro fator a ser considerado na escolha entre dívida nominal e dívida

indexada a preços é a variância da inflação. Os agentes exigem maior prêmio de

risco quanto maior a volatilidade da inflação. Para diminuir os custos, o governo

pode, então, emitir títulos de dívida com prazo médio mais curto ou aumentar a

participação de dívida indexada a preços em detrimento de dívida nominal

(Blanchard e Missale, 2004; Goldfjan, 1998). Além da variabilidade da inflação

gerada pela falta de credibilidade da autoridade monetária, os choques inflacionários

não antecipados também causam mudanças não esperadas nos preços futuros da

dívida nominal.

As flutuações não desejadas nos custos de financiamento da dívida levam a

perdas no bem-estar (Barro, 2003). Essa variabilidade é maior quanto mais elevada

a razão dívida pública/PIB. Entretanto, quando a inflação não induzida pelo próprio

governo (imposto inflacionário), os custos de bem-estar são relativamente menores

(Nosbusch, 2008).

Calvo e Guidotti (1990) afirmam que embora a emissão de dívida indexada a

preços possua vantagens, a indexação total não é recomendada. Os autores

                                                            
10
Ver em: Persson, Persson e Svensson (1987); Bohn (1988); Calvo e Guidotti (1990); Calvo e
Guidotti (1992); Blanchard e Missale (1994); Drudi e Giordano (2000); Barro (2002); Falcetti e Missale
(2002); Nosbusch (2008).

19 

 
 

sugerem indexação parcial da dívida a preços, pois a indexação total elevaria a

carga tributária em substituição à emissão monetária. Além disso, segundo Drudi e

Giordano (2000) a indexação a preços não elimina o risco de default apenas com

risco de inflação. A emissão de dívida indexada a preços desaparece com a opção

de calote parcial da dívida por meio de monetização, porém a probabilidade de

calote aumenta para um governo que está com a solvência ameaçada.

Para economias que possuem credibilidade da autoridade monetária, Falcetti

e Missale (2002) afirmam que a emissão de dívida nominal seria preferível à

indexada a preços. Portanto, a indexação a preços nem sempre pode ser ótima e irá

depender da sustentabilidade do regime fiscal e do custo social da inflação para o

governo (Drudi e Giordano, 2000). Em resumo, a escolha entre emissão de dívida

real (indexada a preços) ou de dívida nominal vai depender da intensidade que são

os custos sociais da inflação, do nível da dívida quando na ausência de credibilidade

da autoridade monetária, da relativa importância do impacto de choques no

orçamento e da variância desses choques (Montiel, 2005).

2.1.2.2. Trade-off entre dívida prefixada e dívida pós-fixada

A escolha entre a emissão de dívida prefixada ou de dívida pós-fixada

também está relacionada à existência de um trade-off entre minimização de custo e

risco (Montiel, 2005). Devido ao fato do retorno nominal ser conhecido na data da

emissão, a dívida prefixada possui o benefício de evitar pagamentos de juros muito

altos quando estes crescem diante de uma crise ou quando reagem a choques de

oferta negativos. Entretanto, este hedge pode ser conseguido em troca de um custo

20 

 
 

elevado, pois os agentes diante da incerteza do futuro podem pedir um alto prêmio

de risco. Logo, a emissão de dívida pós-fixada seria preferível à prefixada, pois

diminui o prêmio de risco requerido. Todavia, no caso do prêmio requerido para

emissão de títulos prefixados não ser tão elevado, a emissão destes títulos aumenta

a probabilidade de estabilização da dívida pública (Giavazzi e Missale, 2004).

A emissão de dívida indexada a preços é aconselhada quando o custo de

emissão de dívida prefixada é muito elevado. A dívida indexada a preços reduz a

incerteza dos agentes quanto ao retorno real futuro da dívida o que, por

conseguinte, diminui o prêmio de risco requerido para seu financiamento, além de

contribuir para uma menor variabilidade da inflação (Bohn 1988, Giavazzi e Missale,

2004). A emissão de dívida indexada a juros não é recomendada devido ao aumento

considerável nos custos com serviço da dívida quando a taxa de juros se eleva

diante de uma crise ou reage a choques adversos na economia (Mehl e Reynauld

(2010).

Além da opção de emissão de dívida em moeda nacional, existe a opção de

emissão de dívida em moeda estrangeira. Um benefício dessa última opção é a

obtenção de credibilidade, sob a hipótese de que a dívida em moeda estrangeira

não pode ser monetizada (Montiel, 2005). Outra vantagem da emissão de dívida em

moeda estrangeira é a de ser negociada a um custo menor do que a dívida

doméstica, visto que quem assume o risco de desvalorização é o governo. A dívida

em moeda doméstica nem sempre é negociada a um baixo custo, pois os credores

externos podem pedir um prêmio de risco para cobrir uma possível desvalorização.

Essa particularidade dos países emergentes em não conseguir se financiar no

exterior com sua moeda doméstica é chamada de “original sin” (Mehl e Reynaud,

21 

 
 

2010). Para diminuir a exposição ao risco cambial Mehl e Reynaud (2010) e Das et.

al (2010) sugerem o desenvolvimento de um mercado interno para negociação de

dívida doméstica capaz de alongar a dívida e promover a estabilidade financeira.

Em suma, a escolha entre dívida prefixada e dívida pós-fixada vai depender

do prêmio de risco requerido pelos agentes acerca da incerteza futura e da

relevância do impacto de choques no orçamento. A escolha, em particular, entre a

emissão de dívida em moeda doméstica ou de dívida em moeda estrangeira vai

depender da quantidade de reservas em moeda estrangeira disponível, da

volatilidade da taxa de câmbio e da intensidade de movimentação de capitais no

país (Montiel, 2005).

Em geral, a recomendação da literatura é de aumento da participação de

dívida prefixada. Para o caso de economias de baixa credibilidade a sugestão é a

maior emissão de dívida indexada a preços.

2.2. Indicadores Fiscais

Os indicadores fiscais são importantes ferramentas para apontar o

desempenho do gerenciamento da política fiscal. Em geral, tais indicadores

sinalizam se a trajetória da dívida pública é sustentável, o que indica, portanto, a

vulnerabilidade fiscal de uma economia. Os indicadores fiscais mais utilizados são: a

razão dívida pública/PIB, maturidade da dívida pública, e a estrutura de indexação

da dívida pública (Mehl e Reynauld, 2010).

Faraglia, Marcet e Scott (2008) elaboraram indicadores de segurança fiscal

capazes de revelar se o valor de mercado da dívida se mantém inalterado diante de

22 

 
 

choques no orçamento. De forma diferente dos indicadores tradicionais que

sinalizam apenas se o gestor de política seguiu as sugestões de composição de

dívida ótima para minimizar custo e risco, os indicadores de segurança fiscal

mostram se ocorreu efetiva proteção contra choques fiscais.

2.2.1. Razão dívida pública/PIB

A razão dívida pública/PIB sinaliza o grau de endividamento governamental

de um país sendo o indicador mais comum de vulnerabilidade fiscal (Amato e

Tronzano, 2000; Hemming et al, 2003).11 Um número significativo de países utilizam

a razão dívida pública/PIB como referência para a condução da política fiscal

(Faraglia, Marcet e Scott, 2008). Um bom exemplo são os países pertencentes à

União Européia. Segundo o Tratado de Maastricht, a razão dívida pública/PIB não

deve ultrapassar 60%.

Uma razão dívida/PIB elevada expõe o governo ao risco de perda de

solvência e liquidez o que pode gerar uma crise de sustentabilidade das finanças

públicas. Quanto maior o volume de dívida a ser financiado, maior é a desconfiança

dos credores quanto à capacidade do governo em honrar a dívida. O resultado é a

exigência de um prêmio de risco elevado para rolagem da dívida. O consequente

aumento na taxa de juros torna a tentação em repudiar a dívida ainda mais atraente

e os agentes podem se recusar a financiar o governo, o que, por conseguinte,

aumenta a probabilidade de calote (default) da dívida (Calvo, 1988; Giavazzi e

                                                            
11
O conceito de vulnerabilidade fiscal utilizado nesse trabalho está ligado diretamente à solvência
que pode ser definida pela condição na qual o valor do superávit primário atual somado aos
superávits futuros descontados é maior que a soma do estoque inicial da dívida e o valor descontado
de seus déficits futuros Lojsch, Rodríguez-Vives, e Slavik (2011).
23 

 
 

Pagano, 1990).12

A opção de calote da dívida não é indicada, pois os custos são maiores se

comparado com os custos de rolagem da dívida. Os custos do calote da dívida

podem ser diretos ou indiretos. Os custos diretos são a penalização pelo sistema

legal e exigência por parte dos credores de pagamento da dívida. Os custos

indiretos são a perda de reputação e consequente perda do acesso ao mercado

(Drudi e Giordano, 2000; Montiel, 2005).

2.2.2. Indicadores de segurança fiscal

Faraglia, Marcet, e Scott (2008) propuseram indicadores capazes de verificar

se as recomendações de composição de carteira sugeridas pela literatura de

gerenciamento da dívida pública, de fato, conseguem evitar o aumento da dívida

pública frente a choques no orçamento. Sob essa perspectiva, é assumido que

quando choques fiscais adversos atingem a economia, a queda no retorno dos

títulos ajuda a manter a restrição intertemporal do orçamento e, por conseguinte,

promove a estabilização da razão dívida/PIB. Como resultado, o valor de mercado

da dívida pública iguala o valor presente dos superávits primários futuros com

necessidade mínima de mudança nas taxas de impostos. Essa habilidade do

governo de evitar o excesso de carga tributária é chamada de segurança fiscal. Em

suma, os indicadores de segurança fiscal medem se os choques fiscais foram

amortecidos de modo a promover a estabilização da razão dívida/PIB.


                                                            
12
A importância do indicador razão dívida/PIB para a sustentabilidade das finanças públicas é
retratada por um número relevante de autores. Ver em: Calvo (1988); Giavazzi e Pagano (1990);
Drudi e Giordano (2000); Lloyd-Ellis e Zhu (2001); Angeletos (2002); Hemming, Kell, e
Schimmelpfennig, (2003); Borenztein e Mauro (2004); Giavazzi e Missale (2004); Faraglia, Marcet, e
Scott (2008); Mehl e Reynauld (2010).
24 

 
 

O primeiro indicador de segurança fiscal é representado pela persistência

relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit primário. Uma elevada

persistência do valor de mercado da dívida ( Pxk ) indica que o valor de mercado da

dívida não é estacionário. O indicador é dado por

V a r ( xt − xt− k )
(2.1) P xk =
k V a r ( x t − x t −1 )

onde, x representa a variável e k o número de defasagens

Portanto, se o valor de mercado da dívida é estacionário, então PVkM → 0 ,

quando k → ∞ e se o valor de mercado da dívida possui uma raiz unitária,

PVkM → 1 .

A persistência da dívida pública pode ser reduzida por meio de ajustes no

déficit primário, fato que dificulta a mensuração do bom desempenho da gestão da

dívida. A redução da persistência deve vir de uma alteração nos retornos dos títulos,

efeito que pode ser capturado pela persistência relativa do valor de mercado da

dívida em relação ao déficit primário. A persistência relativa retira do indicador, por

exemplo, efeitos de redução na dívida devido a aumentos no superávit primário.

A persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário é denotada por (2.1.1) e (2.2.2). A única diferença entre as duas medidas é

que Ψ 2k é normalizado pelo grau de persistência do déficit primário. O indicador

normalizado indica quão maior é a persistência do valor de mercado da dívida em

relação à persistência do déficit primário em termos percentuais o que permite uma

melhor interpretação. Quanto maior Ψ ik i=1,2, pior o desempenho da gestão da

dívida. Ademais, valores negativos de Ψ ik são indicativos de maior

sustentabilidade das finanças públicas.


25 

 
 

(2.1.1) Ψ 1k = PVkM − PWk

PVkM − PWk
(2.2.2) Ψ 2k =
PWk

onde W representa o déficit primário

O segundo indicador de segurança fiscal leva em consideração a restrição

orçamentária do governo (2.2), na qual MV denota o valor de mercado da dívida

pública, W representa o déficit primário, e R o retorno bruto de um período da dívida

governamental (inclui pagamentos de cupom e ganhos de capital). MV * e W *

representam a razão do valor de mercado da dívida e déficit primário em relação ao

PIB respectivamente e Rt*+1 indica o crescimento do retorno ajustado Rt +1Yt /Yt +1 , sendo

a variável Y, o PIB.

(2.2) MVt +1 = Wt +1 + Rt +1MVt

ou

MVt *+1 = Wt*+1 + Rt*+1MVt * .

Segundo Faraglia, Marcet, e Scott (2008) uma forma de alcançar o objetivo de

estabilização da dívida pública é a suavização da dívida pública ao longo do tempo.

Esse objetivo pode ser alcançado por meio da minimização da variância do valor de

mercado da dívida Min Et ( MVt +1 − Et MVt +1 ) . Ou seja, a escolha de um portfólio de


2

dívida pública de modo que a Covt (Wt +1 , Rt +1 ) /σ ( Rt +1 ) σ (Wt +1 ) = -1, onde σ denota o

desvio padrão.

O segundo indicador de segurança fiscal está relacionado com a var ( MVt *+1 ) =

var ( Wt*+1 ) + var ( Rt*+1MVt * ) + 2 cov ( Rt*+1MVt * , Wt*+1 ). O conceito de segurança fiscal

exige que a gestão da dívida isole o valor de mercado da dívida de um impacto

26 

 
 

provocado pelo déficit primário, o que, no mínimo, envolve uma covariância negativa

entre Wt*+1 e Rt*+1MVt * . Essa covariância pode ser mais bem compreendida por meio

da correlação entre déficit primário ( W * ) e retorno da dívida ( R* MV * ) denominada ρ

em (2.3). Quanto menor a correlação, maior é a proteção fiscal,

Cov(Wt* , Rt* MVt* )


(2.3) ρW * , R*MV * = .
σ w* σ R*MV *

O terceiro indicador é uma medida de volatilidade representada pela

volatilidade relativa do déficit total ( W *T ) em relação ao déficit primário ( W * ). O

indicador captura a habilidade do gerenciamento da dívida de isolar o estoque de

dívida de flutuações nos déficits. Quanto maior o sucesso da gestão da dívida em

explorar uma covariância negativa entre pagamentos de juros e o déficit primário,

menos volátil o déficit total será em relação ao déficit primário. Assim,

σW *T
(2.4) .
σW *

O último indicador é representado pela volatilidade relativa da variação do

valor de mercado da dívida (∆ MV * ) em relação ao déficit primário ( W * ). Quanto

melhor o desempenho do governo em explorar uma relação negativa entre os

retornos da dívida e o déficit primário, menor a volatilidade das alterações no valor

de mercado da dívida pública relativo ao déficit primário. Destarte,

σ∆MV *
(2.5) .
σ w*

27 

 
 

2.3. Conclusão

O gerenciamento da dívida pública utiliza instrumentos como a estrutura de

maturidade e a estrutura de indexação da dívida para promover a sustentabilidade

das finanças públicas. Esse objetivo é alcançado na medida em que a escolha

desses instrumentos consegue reduzir os custos com financiamento da dívida,

minimizar o risco de que choques na economia aumentem em demasia os

pagamentos com juros e também estabilizar o valor de mercado da dívida pública.

Em geral, a carteira ótima sugerida é composta por títulos nominais

prefixados e de longa maturidade. Para economias sem credibilidade na autoridade

monetária, a carteira ótima é composta, também, por títulos indexados a preços. No

entanto, na ausência de indicadores de desempenho para gestão da dívida pública

não há maneira de saber se essas mudanças na composição da dívida pública

levam a uma efetiva redução da vulnerabilidade fiscal.

Faraglia, Marcet, e Scott (2008) propõem indicadores que mensuram se

houve segurança fiscal no período. Ou seja, se os choques fiscais foram

amortecidos de modo a não alterar a razão dívida/PIB. De posse dos indicadores de

segurança fiscal é possível por meio de um exercício empírico verificar se as

alterações de composição da dívida possuem relação efetiva com a segurança fiscal

promovida no período.

28 

 
 

3. Indicadores fiscais aplicados à economia brasileira

Uma contribuição deste trabalho é a construção de indicadores que permitem

analisar o desempenho fiscal da economia brasileira. Com essa finalidade são

considerados os seguintes indicadores: razão dívida pública/PIB (sinaliza a variação

do valor de mercado da dívida no período, ou seja, a variação do nível de

endividamento do governo), cupom de juros da dívida pública (variação dos custos

de financiamento da dívida). Também são considerados quatro indicadores de

segurança fiscal que servem para identificar se o valor de mercado da dívida

mostrou menos persistência do que os choques fiscais e se o valor de mercado da

dívida se protegeu das alterações nas necessidades de financiamento do governo:

persistência relativa do valor de mercado da dívida pública em relação ao déficit

primário, correlação entre retorno da dívida e déficit primário, volatilidade relativa do

déficit nominal com o déficit primário, e volatilidade relativa da variação do valor de

mercado da dívida em relação ao déficit primário.13

O capítulo se subdivide em 3 seções. A seção 3.1 retrata os dados e a

metodologia para a construção dos indicadores fiscais para o Brasil. A seção 3.2

apresenta os resultados dos indicadores fiscais construídos para o Brasil. A seção

3.3 compara os resultados encontrados para o Brasil com aqueles encontrados por

Faraglia, Marcet, e Scott (2008).

                                                            
13
Os indicadores de segurança fiscal construídos para o Brasil são uma adaptação dos indicadores
propostos por Faraglia, Marcet e Scott (2008). Os indicadores de carteira ótima de dívida pública não
são levados em consideração, pois os mesmos se referem a uma proposição normativa e não
verificam se, de fato, o objetivo de redução da vulnerabilidade fiscal foi atingido.

29 

 
 

3.1. Aspectos metodológicos

O primeiro indicador fiscal é o cupom de juros da dívida interna do governo

federal (3.1). A variável é um proxy para o custo de financiamento do governo

federal. O cupom de juros é representado pela razão entre o pagamento de juros

nominais da dívida interna do governo federal e a dívida interna mobiliária do

governo federal, isto é,

(3.1) c = juros divida

O segundo indicador fiscal é a razão do valor de mercado da dívida (VM) em

relação ao PIB (Y),

(3.2) VM * = VM t /Yt

Segundo Faraglia, Marcet e Scott (2008), é desejável que o valor de mercado

da dívida seja estável. Ademais, segundo Nosbusch (2008), é desejável que um

aumento (queda) na taxa de juros devido a um choque na economia seja

compensado por uma queda (aumento) no valor de mercado da dívida, de maneira

que o orçamento se proteja de choques na economia que alteram a taxa de juros.

Segundo Butkiewicz (1983), o valor da dívida pública relevante é o valor de

mercado que é expresso pela soma dos preços atuais de cada título emitido.

Entretanto, o valor da dívida pública que é, em geral, divulgado pelos países é o

valor de dívida ao par, ou seja, valor sem ágio ou deságio.14 O valor do estoque de

dívida pública publicado pelo Tesouro Nacional brasileiro é o valor ao par, ou seja,

utiliza a taxa interna de retorno (TIR) média das emissões como taxa de desconto

                                                            
14
O deságio (ágio) é uma taxa acrescida (deduzida) para aferir a rentabilidade do título de acordo
com sua menor (maior) demanda (Tesouro Nacional, 2012).

30 

 
 

para determinação do valor presente dos títulos. Segundo a metodologia da TIR o

investidor recebe a rentabilidade pactuada no momento da compra independente

das condições de mercado.15 O valor ao par, segundo Butkiewicz (1983), não é um

bom proxy para o valor de mercado da dívida. Entretanto, segundo autor, a

existência de um grande número de emissões de títulos em cada ponto do tempo é

uma dificuldade para obtenção do valor de mercado da dívida. A obtenção destes

dados possui custos que se somam aos custos com programação computacional e

testes de acurácia. Uma forma de se obter o valor de mercado da dívida é por meio

da aproximação sugerida por Butkiewicz (1983). A técnica, segundo autor, é menos

custosa que o cálculo direto e possui elevada acurácia. Assim, o valor de mercado

da dívida pública (VM) pode ser obtido por:

⎛ 1 + mt ct ⎞
(3.2.1) VM t ≈ Dt ⎜ ⎟.
⎝ 1 + mt yt ⎠

onde, m representa o prazo médio da dívida pública, c o cupom de juros, e y o

rendimento de resgate da dívida pública.

O terceiro indicador fiscal é o primeiro indicador de segurança fiscal

representado pela persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao

déficit primário. Uma elevada persistência do valor de mercado da dívida ( Pxk ) indica

que o valor de mercado da dívida não é estacionário. A redução da persistência da

dívida pública deve vir de uma alteração nos retornos dos títulos, efeito que pode ser

capturado pela persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao

                                                            
15
O valor ao par, para títulos indexados, é o valor nominal atualizado (VNA). O VNA é o valor na
data base atualizado pela variação do indexador até o dia em que a precificação do título é feita.
Como na data de emissão o VNA na data da liquidação não é conhecido, o Tesouro Nacional projeta
esse valor a partir do cálculo pró-rata da projeção do indexador divulgado pelo BCB (taxa Selic ou
taxa de inflação) para o período (Tesouro Nacional, 2012).

31 

 
 

déficit primário. A persistência relativa retira do indicador, por exemplo, efeitos de

redução na dívida devido a aumentos no superávit primário.

A persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário é denotada por (3.3) e (3.3.1). O indicador Ψ 2k é normalizado pelo grau de

persistência do déficit primário que indica quão maior é a persistência do valor de

mercado da dívida em relação à persistência do déficit primário em termos

percentuais o que permite uma melhor interpretação. Quanto maior Ψ ik i=1,2, pior o

desempenho da gestão da dívida e valores negativos de Ψ ik são indicativos de

maior sustentabilidade das finanças públicas.

(3.3) Ψ 1k = PVkM − PWk ,

PVkM − PWk
(3.3.1) Ψ 2k = ,
PWk

onde W representa o déficit primário.

O quarto indicador fiscal é a correlação entre o déficit primário ( W * ) e o

retorno da dívida pública ( R*VM * ), isto é,

Cov(Wt* , Rt*VM t* )
(3.4) ρW * , R*VM * = .
σ w* σ R*VM *

Quanto menor ρ, maior é o desempenho do gerenciamento da dívida em fornecer a

proteção fiscal.

A escolha do indicador correlação entre o déficit primário e o retorno da dívida

pública pode ser entendida da seguinte maneira: um modo de estabilizar a dívida

pública é alcançado quando se minimiza a variância do valor de mercado da dívida

pública que corresponde a: var ( VM t*+1 ) = var ( VM t*+1 ) + var ( Rt*+1VM t* ) + 2 cov

( Rt*+1VM t* , Wt*+1 ) . A decomposição da variância do valor de mercado da dívida nesses


32 

 
 

três componentes surge da restrição orçamentária (3.4.1), na qual VM denota o

valor de mercado da dívida, W representa o déficit primário e R o retorno de um

período da dívida governamental. VM * e W * representam a razão do valor de

mercado da dívida e do déficit primário em relação ao PIB respectivamente e

Rt*+1 indica o crescimento da taxa de retorno ajustado Rt +1Yt /Yt +1 , sendo a variável Y, o

PIB. O retorno R considerado para o Brasil é o (1+y), ou seja, o rendimento da

dívida pública interna (y), que é a variação percentual em 12 meses do Índice de

Mercado Ambima (IMA). O y representa o custo com serviço da dívida que é dado

pelo cupom de juros mais ganhos (perdas) de capital.

(3.4.1) VM t +1 = Wt +1 + Rt +1VM t ou

VM t*+1 = Wt*+1 + Rt*+1VM t* .

A minimização da variância do valor de mercado da dívida isola o valor da

dívida de um impacto provocado pelo déficit primário. Isso acontece quando existe

uma covariância negativa entre Wt*+1 e Rt*+1VM t* . Todavia, a covariância pode ter

valores que variam de menos a mais infinito, sem ter pontos de referência que

delimitem o grau máximo de correlação ou o grau mínimo de correlação. Assim, para

resolver esse problema, a covariância é dividida pelo produto do desvio padrão das

amostras das duas variáveis de forma que os valores ficam contidos no intervalo [−1,

+1].

O quinto indicador fiscal é uma medida de volatilidade representado pela

volatilidade relativa do déficit total ( W *T ) em relação ao déficit primário ( W * ),

σW *T
(3.5) β1 = .
σW *

Este indicador captura a habilidade do gerenciamento da dívida de isolar o estoque


33 

 
 

de dívida de flutuações nos déficits. Quanto maior o sucesso da gestão da dívida em

explorar uma covariância negativa entre pagamentos de juros e o déficit primário,

menos volátil o déficit total será em relação ao déficit primário.

O sexto indicador fiscal é representado pela volatilidade relativa da variação

do valor da dívida (∆ VM * ) em relação ao déficit primário ( W * ), isto é,

σ ∆VΜ*
(3.6) β 2 = .
σ w*

Portanto, quanto melhor o desempenho do governo em explorar uma relação

negativa entre os retornos da dívida e o déficit primário, menor a volatilidade das

alterações no valor da dívida pública relativa ao déficit primário.

Com base nos indicadores supracitados, as seguintes variáveis são utilizadas:

D - dívida mobiliária federal interna em mercado excluído dívida securitizada e títulos

da dívida agrária (TDA’s) (disponível no sítio do Tesouro Nacional). A variável serve

de parâmetro para medir o nível de endividamento do governo federal.16

W – resultado primário do governo federal (disponível no sítio do Banco Central do

Brasil (BCB) – código 5069). A variável representa as alterações nas necessidades

de financiamento do governo federal. A variável denota o fluxo de despesas menos

receitas do governo federal e exclui os encargos financeiros e os efeitos de correção

monetária e cambial nas despesas e nas receitas. Choques adversos na economia

tendem a modificar esta variável o que pressiona para o aumento na dívida pública.

WT – resultado nominal do governo federal (disponível no sítio do BCB – código

                                                            
16
A variável dívida mobiliária federal interna foi escolhida como proxy para a dívida pública em
estoque, pois o objetivo do trabalho é verificar o aumento da sustentabilidade da dívida pública
decorrente de alterações na composição da dívida mobiliária interna. Foge ao escopo do trabalho
analisar alterações na composição de dívida externa ou contratual do governo. Ademais, os títulos
analisados são títulos referentes à dívida do governo federal e não à dívida de estados ou municípios.
O modo de financiamento de estados e municípios é feito em sua grande parte por meio de emissão
de dívida contratual que foge ao escopo do trabalho.
34 

 
 

5014). A variável representa o aumento líquido da dívida em um determinado

período de tempo, o que inclui o resultado fiscal primário, os gastos com juros reais

da dívida interna e atualização monetária da dívida. Segundo Barro (1995), uma

queda no retorno dos títulos da dívida pública pode compensar o aumento no déficit

primário, o que reduz a variação no déficit nominal.

Y – produto interno bruto (disponível no sítio do BCB – código 4382). A variável

representa um proxy da capacidade de pagamento da dívida governamental. Sob a

ótica do rendimento, o valor do PIB é calculado a partir dos rendimentos de fatores

produtivos o que inclui os impostos. A razão dívida/PIB é um indicador que

representa o nível de endividamento com relação à capacidade de pagamento.

c – cupom de juros. A variável foi obtida por meio da divisão dos juros nominais da

dívida interna do governo federal (disponível no sítio do BCB – código 5047) pelo

estoque da dívida mobiliária federal interna em mercado excluído dívida securitizada

e títulos da dívida agrária (TDA’s) (disponível no sítio do Tesouro Nacional). A

variável reflete o custo de financiamento da dívida pública que é composto por juros

reais da dívida interna do governo federal e atualização monetária.

y – rendimento de resgate dos títulos públicos. O rendimento de resgate

corresponde à variação percentual em 12 meses do Índice de Mercado Anbima –

IMA- Geral (disponível no sítio do BCB – código 12469). O IMA- Geral afere a

rentabilidade da dívida pública com base na evolução do valor de mercado da

carteira teórica formada por títulos públicos em circulação no mercado.17 A

rentabilidade bruta acumulada se refere àquela que o investidor obteria caso

                                                            
17
Em cada carteira, os pesos de cada título (vencimento) são os mesmos que a sua participação
relativa no saldo de todos os títulos em poder do público. Os pesos são alterados sempre que essas
proporções agregadas se alteram, o que pode acontecer seja quando há colocação de novos títulos,
recompra pelo governo ou ainda quando juros e principal são pagos.
35 

 
 

vendesse o título público no dia da posição (antes da data de vencimento), sujeita às

flutuações de preços no mercado secundário de títulos públicos. Os pagamentos de

juros são reaplicados no mesmo título, às taxas praticadas na véspera dos

pagamentos de cupons. Ou seja, o índice incorpora os ganhos ou perdas de capital

bem como a renda a partir do cupom. O IMA- Geral é considerado um parâmetro

eficiente para avaliar a evolução da rentabilidade dos títulos públicos.18

m – prazo médio da dívida mobiliária federal (disponível no sítio do BCB – código

10618). A variável é um elemento importante para redução das oscilações do valor

de mercado da dívida frente a choques na economia (Angeletos, 2002).

Os dados referentes às variáveis supracitadas possuem frequência mensal e

compreendem o período de janeiro de 2007 a setembro de 2012.19 A fim de

compatibilizar as variáveis fluxo com as variáveis estoque, foram utilizadas variáveis

fluxo acumuladas em 12 meses (disponível em BCB) e a variável rendimento da

dívida pública (y) foi obtida por meio da variação percentual em doze meses do

Índice de Mercado Ambima (IMA). Ademais, com o objetivo de suavização das

séries, foi utilizada a média dos últimos doze meses para as variáveis estoque de

dívida (D) e prazo médio (m). As variáveis foram deflacionadas pelo Índice Nacional

de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) (disponível no sítio do IPEADATA).

                                                            
18
O IMA não aufere a rentabilidade de títulos públicos indexados à variação cambial. O período em
estudo possui participação da dívida interna indexada a câmbio praticamente nula, logo essa
restrição não impossibilita a análise.
19
O período de janeiro de 2007 a setembro de 2012 foi escolhido, pois a variável rendimento da
dívida pública brasileira representada pelo Índice de Mercado Ambima (IMA-Geral), relevante para a
construção dos indicadores, não considera a rentabilidade de títulos indexados a câmbio em sua
composição. A partir de 2006 a parcela de dívida indexada a câmbio na economia brasileira é
praticamente nula, sendo possível a utilização do IMA- Geral como proxy do rendimento da dívida
pública brasileira.

36 

 
 

3.2. Comportamento dos indicadores fiscais brasileiros

O cupom de juros representa o custo de financiamento da dívida do governo.

Segundo Tobin (1963) o custo com o serviço da dívida não é representado apenas

pelos custos com juros, mas também pelas alterações no valor de mercado da

dívida de modo que a soma desses custos devem ser minimizados. De acordo com

Giavazzi e Missale (2004) um aumento na sustentabilidade das finanças públicas é

resultado da combinação de uma redução no cupom de juros e da estabilização e ou

redução da dívida pública.

O cupom de juros apresentou uma trajetória de queda no início do período,

porém depois do impacto da crise do subprime esse valor subiu e passou a oscilar

em um patamar mais elevado (vide figura 3.1). Esse comportamento revela que o

custo de financiamento da dívida pública não conseguiu se reduzir durante um

período cujo cenário externo e interno foi favorável à redução da taxa de juros. Por

outro lado, embora a razão valor de mercado da dívida/PIB tenha apresentado uma

flutuação considerável, a trajetória não é explosiva.

Observa-se que na maior parte do período em análise houve estabilização

dos custos com serviço da dívida. Ou seja, nos momentos em que houve aumento

(redução) do cupom de juros, o valor de mercado da dívida sofreu redução

(aumento). Esse resultado é sintetizado na tabela 3.1 que mostra o desempenho

quanto aos três objetivos almejados por Tobin (1963) que são: redução do custo de

financiamento (cupom de juros), redução do nível de endividamento (razão

dívida/PIB), e minimização dos custos com serviço da dívida (variação juros +

variação no valor de mercado da dívida). O aumento (redução) do cupom de juros

37 

 
 

ou da razão dívida/PIB no período é denotado pela mesma expressão, aumento

(redução). A variação nos custos com serviço da dívida é denotado por aumento,

redução, ou estabilização. A estabilização ocorre quando os indicadores cupom de

juros e razão dívida/PIB se dirigem em trajetórias contrárias um do outro. Ou seja, se

o indicador cupom de juros sofreu um aumento (redução) a razão dívida/PIB deve

sofrer redução (aumento).

Figura 3.1

Cupom de Juros Valor de Mercado a Dívida / PIB (VM*)


.12 .40

.11
.36

.10
.32
.09
.28
.08

.24
.07

.06 .20
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2007 2008 2009 2010 2011 2012

O primeiro indicador, cupom de juros da dívida, apresenta uma trajetória de

queda de janeiro de 2007 até outubro de 2008 (vide figura 3.1). A razão valor de

mercado da dívida/PIB também apresentou queda, porém a redução se manteve

apenas até maio de 2007, comportamento condizente com o ambiente de

estabilidade da economia brasileira apresentado nos três anos anteriores. O período

foi marcado por aumento do investimento e pela manutenção do crescimento do PIB

e do superávit primário. Outra justificativa importante para a queda do cupom de

juros foi a sucessiva queda, a partir de 2003, do risco-Brasil medido pelo Emerging
38 

 
 

Markets Bond Index Plus (EMBI+), do JP Morgan. Ademais, houve redução da taxa

Selic no período, o que, por conseguinte, reduz o custo de financiamento da dívida

indexada a juros. Entretanto, a partir de junho de 2007, observa-se uma reversão no

comportamento da razão valor de mercado da dívida/PIB de modo que o indicador

passou a aumentar e o cupom de juros manteve sua trajetória de queda até outubro

de 2008. Percebe-se que apesar de grande parte da dívida ser indexada à taxa

Selic, o estoque de dívida apresentou um comportamento semelhante a um título

prefixado de longa maturidade (cupom de juros em queda, valor de mercado da

dívida em alta). Esse comportamento pode ser explicado pelo aumento considerável

da participação de dívida prefixada no período.

Tabela 3.1

custo de serviço da
custo de financiamento nível de endividamento
dívida (total)

jan/2007 a mai/2007 redução redução redução


jun/2007 a out/2008 redução aumento estabilização
nov/2008 a out/2009 aumento redução estabilização
nov/2009 a out/2010 redução aumento estabilização
nov/2010 a jan/2012 aumento aumento aumento
fev/2012 a set/2012 redução redução redução

Segundo Nosbusch (2008), para se manter a rentabilidade contratada na data

da emissão, a queda no cupom de juros em mercado deve vir acompanhada de

aumento no valor de mercado da dívida pública. Tobin (1963) afirma que esse

comportamento é desejável, pois a redução nos custos com juros compensa o

aumento no nível de endividamento, promovendo um hedge. Um fator que pode

explicar o aumento no valor de mercado da dívida é a elevação da taxa Selic a partir


39 

 
 

de abril de 2008. Além disso, o aumento do retorno dos títulos indexados à taxa

Selic pressiona o aumento dos preços desses títulos incrementando o valor da razão

dívida/PIB. Outro fator que pode explicar o aumento dos preços dos títulos é

alteração das expectativas dos agentes econômicos frente à crise financeira

internacional. A crise financeira do subprime reduziu o nível de atividade da

economia mundial e os canais de crédito o que causa incerteza dos agentes quanto

ao futuro. Segundo Benigno, Giavazzi e Missale (2002) diante de informação

assimétrica, os agentes exigem um retorno maior que se reflete na elevação dos

preços de venda dos títulos em mercado.

No período que compreendeu novembro de 2008 a outubro de 2009, o custo

de financiamento da dívida (cupom de juros) aumentou. Esse aumento pode ser

explicado pela elevação da taxa Selic no final de 2008 e pela incorporação de maior

prêmio de risco por parte dos agentes devido à crise financeira internacional.

Entretanto, o valor de mercado da dívida pública diminuiu no período, fato que

expressa a continuidade do hedge do orçamento do governo e que contribui para a

estabilização dos custos com o serviço da dívida.

A partir de novembro de 2009 se percebe uma queda no cupom de juros, fato

que pode ser explicado por um maior otimismo dos agentes econômicos quanto ao

contágio da crise financeira no Brasil e quanto à solidez da economia brasileira. No

entanto, o valor de mercado da dívida aumentou no período, o que pode ser

creditado à elevação da participação de dívida prefixada a partir de novembro. Outro

fator que pressionou para o aumento no valor de mercado da dívida foi a

manutenção de um cenário externo desfavorável. O panorama externo se

caracterizou por aumento da incerteza quanto ao pagamento de dívidas soberanas

40 

 
 

de alguns países europeus e quanto à sustentação da retomada da atividade

econômica dos EUA e da China. Apesar de o valor de mercado da dívida ter

aumentado na maior parte do período que compreendeu novembro de 2009 a

outubro de 2010, se percebe a diminuição do cupom de juros em concomitância com

esse aumento, o que sugere a recorrência de um hedge no orçamento do governo,

reduzindo, portanto, o custo com o serviço da dívida.

A proteção do orçamento do governo não se manteve no período seguinte

que compreendeu novembro de 2010 a janeiro de 2012. O período se caracterizou

pelo aumento tanto do cupom de juros quanto do valor de mercado da dívida pública

o que elevou os custos com serviço da dívida no período. Apesar de o período

apresentar participação de dívida prefixada em torno de 36%, participação elevada

comparada ao período analisado, não houve hedge. O aumento do cupom de juros

pode ser explicado pelo aumento das taxas de inflação e Selic no período. Segundo

Bohn (1988), a inflação eleva o retorno da dívida indexada a preços o que aumenta

o custo de financiamento da dívida. A inflação atingiu 6,5% em 2011, o teto da

banda de oscilação para o ano. Esse aumento foi decorrente de choques de oferta

nas commodities e do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da

demanda. Outro motivo para elevação no cupom de juros foi a utilização da taxa

Selic, como instrumento de política monetária restritiva para debelar a inflação. Esse

comportamento característico do regime de metas para a inflação, eleva o retorno de

títulos indexados a Selic o que aumenta o custo de financiamento da dívida e implica

risco de desequilíbrio fiscal. O maior valor de mercado da dívida no período pode ser

creditado à expectativa de queda da taxa Selic para o ano de 2012, que de fato se

concretizou. Como a rentabilidade do ativo prefixado é tratada no momento da

41 

 
 

emissão, uma redução nos juros exige um aumento no preço do título para que a

rentabilidade seja mantida.

O período seguinte que compreendeu fevereiro a setembro de 2012 também

foi marcado por uma não proteção do orçamento do governo. No entanto, essa não

proteção foi benéfica, pois houve redução tanto do cupom de juros quanto da razão

valor de mercado da dívida/PIB. A redução das taxas de inflação e Selic podem ser

as responsáveis pela queda no cupom de juros. Outro motivo a ser destacado é a

elevação na nota de crédito soberano do Brasil pelas agências de classificação de

risco Fitch, Moody’s, e Standard and Poor’s no ano de 2011. Esta elevação foi

consequência de um cenário interno de estabilidade e de continuidade de uma

política macroeconômica baseada nos pilares metas de inflação, responsabilidade

fiscal e câmbio flutuante (BCB, 2011).

O terceiro indicador fiscal refere-se à persistência do valor de mercado da

dívida em relação ao déficit primário. O valor de mercado da dívida menos

persistente que o déficit primário caracteriza o bom desempenho da gestão da

dívida. Ou seja, quanto menor o resultado do indicador maior a sustentabilidade da

dívida pública. Em uma perspectiva de curto prazo (três meses, seis meses, e nove

meses) houve predominância de um indicador de persistência próximo à zero na

maior parte do período (figura 3.2). O resultado evidencia que um choque no valor

de mercado da dívida foi rapidamente absorvido, ou seja, o valor de mercado da

dívida retornou relativamente rápido para a média se comparado ao comportamento

do déficit primário.

42 

 
 

Figura 3.2
Persistência Relativa do Valor de Mercado da Dívida em relação ao Déficit Primário
3 defasagens 3 defasagens normalizado
3 8
7
2 6
5
1
4
3
0
2

-1 1

0
-2 -1
2007 2008 2009 2010 2011 2012   2007 2008 2009 2010 2011 2012  
 
6 defasagens 6 defasagens normalizado
4 24

3 20

2 16

1 12

0 8

-1 4

-2 0

-3 -4
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2007 2008 2009 2010 2011 2012

9 defasagens 9 defasagens normalizado


4 35
3 30
2
25
1
20
0
15
-1
10
-2
-3 5

-4 0

-5 -5
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2007 2008 2009 2010 2011 2012

É interessante observar que durante o acirramento da crise financeira

internacional (subprime), período de agosto de 2008 a setembro de 2009, a

persistência relativa é negativa, o que sugere forte sustentabilidade do orçamento do

43 

 
 

governo no período. Outro período que chama atenção é aquele que se estende do

último trimestre de 2010 ao último trimestre de 2011. O valor de mercado da dívida

se manteve bem mais persistente que o déficit primário no período. O aumento do

valor de mercado da dívida pode ser creditado a uma alteração nas expectativas dos

agentes quanto ao comportamento do governo o que resultou na exigência de um

maior prêmio de risco. Houve um afrouxamento nas políticas fiscais e monetária nos

anos de 2009 e 2010 devido a um cenário externo desfavorável. Ademais, o período

foi marcado por elevação das taxas de inflação e Selic, o que pressionou para o

aumento do retorno da dívida e consequente aumento no preço de venda do título

indexado.

O quarto indicador construído para a economia brasileira é a correlação do

déficit primário com o retorno da dívida (figura 3.3). O resultado para o indicador que

sinaliza aumento da sustentabilidade das finanças públicas é uma correlação

negativa. Existe segurança fiscal quando um aumento (queda) no déficit primário é

acompanhado por um queda (aumento) do retorno da dívida, fazendo com que o

valor de mercado da dívida não se altere, ou se altere menos que a variação do

déficit primário. O indicador correlação entre o déficit primário e o retorno da dívida

foi negativo na maior parte do período em análise o que, por sua vez, evidencia que

o orçamento do governo se protegeu contra choques fiscais. Esse resultado é

condizente com a conclusão de Barro (2003), Angeletos (2002), e Nosbusch (2008)

que afirmam que é possível por meio de alterações nos retornos dos títulos, proteger

o orçamento de mudanças nas necessidades de financiamento do governo. No

entanto, existiram dois períodos em que a correlação entre o déficit primário e o

retorno da dívida foi positiva (primeiro semestre de 2007 e o período que

44 

 
 

compreende agosto de 2010 a fevereiro de 2011). Os dois períodos são marcados

pela redução do déficit primário em concomitância com a redução no retorno da

dívida. Esse resultado evidencia a não proteção do orçamento contra choques

fiscais. Entretanto, o resultado é positivo no que se refere a maior sustentabilidade

do orçamento, pois foram períodos que contribuíram para a minimização do custo

com serviço da dívida (retorno da dívida) e para a redução da necessidade de

financiamento do governo (redução de déficit primário).

Figura 3.3
Correlação entre o Retorno da Dívida e o Déficit Primário
1.00

0.75

0.50

0.25

0.00

-0.25

-0.50

-0.75

-1.00
2007 2008 2009 2010 2011 2012

O quinto indicador mede a volatilidade relativa do déficit nominal em relação

ao déficit primário (figura 3.4). O resultado esperado é uma menor variação do déficit

nominal em relação à variação no déficit primário. A queda nos juros nominais deve

compensar o aumento no déficit primário devido a um choque adverso (Faraglia,

Marcet, e Scott, 2008). Ou seja, espera-se que o indicador seja menor que 1. Se o

indicador for igual ou maior que 1, toda a variação no déficit primário causou
45 

 
 

variação igual ou maior na taxa de juros o que, por sua vez, aumenta o custo de

financiamento da dívida.

O indicador volatilidade relativa do déficit nominal em relação ao déficit

primário construído para a economia brasileira revela que houve predominância de

não proteção no período de análise (figura 3.4). A variação no resultado primário do

governo gerou variação maior ou igual no déficit nominal, ou seja, não houve queda

nas taxas de juros nominais suficiente para compensar o aumento na necessidade

de financiamento primária do governo. Esse resultado está de acordo com as

conclusões de Buera e Nicolini (2004) e Faraglia, Marcet, e Scott (2010) que

afirmam que a baixa volatilidade dos retornos dos títulos torna o gerenciamento da

dívida um instrumento não eficiente para a segurança fiscal. Todavia, observa-se

que a volatilidade do déficit nominal em relação ao déficit primário diminuiu ao longo

do tempo o que sugere um aumento da proteção do orçamento do governo contra

choques fiscais ao longo do período em consideração.

Figura 3.4

Volatilidade relativa do Déficit Nominal em relação ao Déficit Primário


9

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
46 

 
 

O sexto indicador é a volatilidade relativa da variação do valor de mercado da

dívida em relação à variação do déficit primário (figura 3.5). Espera-se que um

choque no déficit primário seja compensado por uma queda no retorno da dívida de

modo que as variações no valor de mercado da dívida sejam menos voláteis

(Faraglia, Marcet, e Scott, 2008). O indicador menor que 1 sugere que houve

estabilidade da dívida frente a choques. A figura 3.5 mostra que o indicador

apresentou valor maior que 1 em todo período de análise e portanto não houve

proteção contra choques fiscais. Entretanto, cabe destacar que a volatilidade do

indicador diminuiu o que evidencia uma redução da vulnerabilidade do valor de

mercado da dívida em relação a choques fiscais.

Figura 3.5

Volatilidade Relativa da Variação do Valor de Mercado da Dívida em relação ao Déficit Primário

14

12

10

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012

Pode-se concluir que os indicadores divergem quanto ao resultado de

promoção da sustentabilidade das finanças públicas brasileiras. O indicador

47 

 
 

referente à razão valor de mercado da dívida/PIB apresenta trajetória oscilante, não

explosiva, o que sugere estabilização do nível de endividamento do governo. O

indicador cupom de juros também apresentou trajetória oscilante, não explosiva, o

que evidencia estabilização do custo de financiamento da dívida. Por fim, os

indicadores de segurança fiscal divergiram quanto à existência de proteção do

orçamento do governo brasileiro contra choques fiscais, o que sugere de acordo

com Faraglia, Marcet, e Scott (2010) que o governo brasileiro está mais

comprometido com o objetivo de redução dos custos de financiamento do que com o

objetivo de proteção contra choques fiscais.

3.3. Comparação dos resultados encontrados para o Brasil com o dos países

da OCDE

O Brasil obteve maior sustentabilidade nas finanças públicas que os países

da OCDE de acordo com algumas estatísticas apresentadas na tabela 3.2. As

estatísticas indicam o grau de proteção atingido pelo orçamento do governo

brasileiro e pelos países da OCDE. Os indicadores referentes ao Brasil foram

construídos para a amostra total que compreendeu o período de janeiro de 2007 a

setembro de 2012. As variáveis não estacionárias foram diferençadas de modo a

obter uma melhor estimativa do coeficiente de correlação.20 Os resultados

encontrados para os países da OCDE se referem às estatísticas obtidas por

Faraglia, Marcet, e Scott (2008).

                                                            
20
Os resultados dos testes de raiz unitária se encontram no apêndice (tabela A.1).

48 

 
 

Tabela 3.2
Comparação Brasil x OCDE

Brasil Média OCDE¹


ρVM , D 0,63 0,91
ρ∆VM ,∆D
0,16 0,75
ρVM * , D* -0,19 -
ρVM ,∆Y 0,25 -
ρ∆VM ,∆Y 0,17 -0,30
ρD ,∆Y -0,19 -
ρ∆D ,∆Y 0,24 -0,33
ρVM * ,∆W -0,25 -
ρ∆VM * ,W 0,10 0,24
ρ∆D* ,∆W 0,18 -
ρ∆D* ,W
0,26 0,35
ψ 1,3 0,11 -
ψ 2,3 0,09 -
ψ 1,6 0,14 -
ψ 2,6 0,11 -
ψ 1,9 0,08 -
ψ 2,9 0,05 -

ψ 1,36 - 1,14
ψ 2,36 - 1,41
ψ 1,60 - 1,34
ψ 2,60 - 1,97
ρW * , R*MV * -0,23 -
β1 1,24 -
β2 2,89 -
¹ Valor corresponde ao cálculo da média aritmética dos resultados encontrados por Faraglia, Marcet e Scott
(2008) para os países da OCDE.

De forma diferente do resultado obtido por Faraglia, Marcet, e Scott (2008)

para os países da OCDE, a tabela 3.2 mostra que o Brasil obteve maior proteção do

orçamento do governo promovida por alterações no retorno da dívida. A maior

proteção fica evidente quando se observa a correlação entre a razão valor de

mercado da dívida/PIB e o déficit primário e a correlação entre o valor de mercado


49 

 
 

da dívida e o produto. A correlação entre a razão valor de mercado da dívida/PIB e o

déficit primário (ρ∆VM*,W) é menor que a encontrada pelos países da OCDE. Ademais,

se considerada a ordem de integração adequada das variáveis para o Brasil

(ρVM*,∆W), a correlação encontrada para essas duas variáveis é negativa o que, por

sua vez, evidencia segurança fiscal. Ou seja, um choque, no período, que resultou

em um aumento (redução) do déficit primário, não causou aumento (redução) do

valor de mercado da dívida brasileira. As alterações no retorno dos títulos fizeram

com que o valor de mercado da dívida se reduzisse (aumentasse) no período. Além

disso, essa correlação é menor do que a correlação entre a razão valor de dívida ao

par/PIB e o déficit primário (ρ∆D*,∆W), resultado este que corrobora a evidência de

segurança fiscal. A correlação positiva da razão valor de dívida ao par/PIB com o

déficit primário era esperada, pois a política fiscal do período se comportou de

maneira contra-cíclica, fato confirmado pela correlação negativa encontrada entre a

variação do valor de dívida ao par com o PIB (ρD,∆Y).

Outro aspecto que sugere proteção é a correlação positiva encontrada entre

o valor de mercado da dívida e o produto da economia (ρVM,∆Y). Uma queda

(aumento) no produto resultou em redução (aumento) do valor de mercado da dívida

pública o que reforça a evidência de proteção do orçamento brasileiro contra

choques adversos na atividade econômica. Esse resultado é diferente daquele

encontrado para países da OCDE. A correlação entre o valor de mercado da dívida

e o produto para os países da OCDE foi negativa, ou seja, uma redução no produto

gerou aumento do valor de mercado da dívida o que sugere que não houve redução

do retorno dos títulos de modo a estabilizar o valor da dívida do choque adverso.

A possível proteção do orçamento também é reforçada pela correlação

50 

 
 

negativa encontrada entre a razão das diferentes medidas de dívida pelo PIB

(ρVM*,D*). Quanto menor a correlação entre elas, maior a possibilidade de ocorrência

de flutuações no retorno dos títulos ao longo do período. É importante destacar que

é natural que a razão dívida ao par/PIB aumente com um choque adverso (aumento

do déficit primário ou redução do PIB), porém, é necessário que a razão valor de

mercado da dívida/PIB caminhe em direção contrária à razão dívida ao par/PIB para

que exista a proteção. Portanto, a correlação negativa encontrada entre essas

dívidas sugere proteção fiscal. Todavia, essa correlação negativa não se repetiu

quando foram utilizadas as variáveis sem estarem normalizadas pelo PIB (ρVM,D) e

(ρ∆VM, ∆D). Porém, ainda assim, a correlação encontrada para o Brasil foi menor que

aquela observada para os países da OCDE o que reforça a evidência de maior

sustentabilidade da dívida pública brasileira se comparada à média dos países da

OCDE.

Os indicadores de persistência do valor de mercado da dívida (Ψi,j) também

indicam maior proteção do orçamento brasileiro. Os indicadores de persistência

apresentaram valores próximos à zero o que representa baixa persistência do valor

de mercado da dívida brasileira se comparado à persistência do déficit primário em

uma perspectiva de curto prazo (três meses, seis meses, e nove meses). Isso

significa que o valor de mercado da dívida brasileiro depois de um choque retorna à

sua média de modo rápido. Esse resultado de curto prazo para o Brasil difere

daquele encontrado para os países da OCDE que no longo prazo (dois anos e cinco

anos) ainda apresentam persistência relativa do valor de mercado da dívida maior

que 1 para o período. Essa diferença, mais uma vez, confirma que o Brasil alcançou

51 

 
 

melhor desempenho na gestão da dívida em relação aos países da OCDE.21

Faraglia, Marcet e Scott (2008) não construíram os indicadores correlação

entre o déficit primário e o retorno do valor de mercado da dívida, volatilidade

relativa do déficit nominal com o déficit primário e volatilidade relativa do valor

mercado da dívida com o déficit primário. Porém, a correlação negativa encontrada

entre déficit primário e retorno do valor de mercado da dívida (ρW*,R*MV*) reforça a

evidência de proteção contra choques fiscais no Brasil. Essa evidência não se

confirma quando analisados os indicadores de volatilidade (βi) que demonstram não

proteção para a amostra total.

                                                            
21
A persistência do valor de mercado da dívida de longo prazo não foi calculada para o Brasil, pois
exige uma amostra de tamanho maior para uma boa estimativa do indicador. A base de dados de
Faraglia, Marcet e Scott (2008), diferente do presente trabalho, é anual, de modo que facilitou o
cálculo da persistência de longo prazo.

52 

 
 

4. Gerenciamento da dívida pública brasileira e indicadores fiscais

A fim de promover a sustentabilidade das finanças públicas o Tesouro

Nacional adotou, em novembro de 1999, a estratégia de se financiar a baixo custo e

minimizar a exposição ao risco. Para tanto, seguiu a sugestão de composição ótima

da dívida pública apontada pela maior parte da literatura. A estratégia consistiu no

aumento da participação dos títulos prefixados e indexados à inflação, alongamento

do prazo médio, e maior dispersão dos vencimentos da dívida (PAF, 2012). Apesar

dessa estratégia estar de acordo com a proposta de carteira ótima de dívida

sugerida pela literatura, faz-se necessário verificar se a mesma auxiliou na redução

da vulnerabilidade fiscal. Destarte, este capítulo faz uma análise da relação dos

indicadores de segurança fiscal (construídos para o Brasil) com as principais

variáveis que caracterizam a gestão da dívida pública.

Este capítulo está dividido em mais três seções. A seção 4.1 apresenta as

características da gestão da dívida pública no Brasil. A seção 4.2 apresenta

evidências empíricas e resultados acerca da relação encontrada entre segurança

fiscal e gerenciamento da dívida pública brasileira. A seção 4.3 apresenta a

conclusão do capítulo.

4.1. Gestão da dívida pública no Brasil

Esta seção descreve de forma breve a evolução do gerenciamento da dívida

pública no Brasil entre janeiro de 2007 e setembro de 2012, centrando-se em dois

aspectos que são apontados como fundamentais na literatura: estrutura de

53 

 
 

maturidade e estrutura de indexação.

A figura 4.1 mostra que a estratégia de alongamento da maturidade da dívida

pública tem sido seguida pelos gestores da dívida pública brasileira de modo que o

prazo médio do estoque da dívida e a participação de dívida de longo prazo

aumentaram no período que compreendeu janeiro de 2007 a setembro de 2012. O

prazo médio da dívida pública aumentou de 30 meses para 44 meses e a

participação de dívida de longo prazo aumentou de 61% para 74,90%. Outra

estratégia utilizada pelo Tesouro Nacional foi a de substituir os títulos indexados à

taxa de juros (over/selic) por títulos prefixados e indexados ao índice de preços. Os

títulos prefixados e os títulos indexados ao índice de preços aumentaram sua

participação inicial de 31,54% e 14,38% para 38,04% e 28,7%, respectivamente. Em

contrapartida, houve redução da parcela indexada a taxa flutuante (indexada a selic)

de 42,46% para 27,76%.

Figura 4.1

Estrutura de Maturidade Estrutura de Indexação


80 45

70 40

35
60
30
50
25
40
20

30 15

20 10
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2007 2008 2009 2010 2011 2012

longoprazo maturidade prefixado ind_ipca ind_selic

A estrutura de maturidade e de indexação da dívida pública brasileira diverge

54 

 
 

de maneira considerável da estrutura da dívida pública dos países da OCDE. A

tabela 4.1 mostra que a maturidade da dívida pública brasileira é de 3%, muito

inferior à média da OCDE de 6%. A estrutura de indexação do Brasil possui

característica ainda mais discrepante que a média da OCDE. O Brasil possui

participação de dívida prefixada de 34%, muito inferior à média da OCDE de 75%.

Essa pequena participação de dívida prefixada implica elevada participação de

dívida indexada no Brasil o que segundo Mehl e Reynauld (2010) aumenta o risco

de desequilíbrio fiscal. A proporção de dívida indexada a preços e a proporção de

dívida indexada à taxa de juros no Brasil correspondem a 22% e 35%, mais

elevadas do que a média da OCDE de 2% e 8% respectivamente.

Tabela 4.1
Brasil¹ Média OCDE²
maturidade 3,26 5,93
prefixada % 34,29 75,06
indexada a preços % 22,36 2,25
taxa flutuante % 35,46 8,11
Nota: 1 - Valor corresponde a média aritmética entre janeiro de 2007 e setembro de 2012.
2 - Valor corresponde ao cálculo da média aritmética dos resultados encontrados por Faraglia, Marcet, e Scott (2008).

4.2. Evidência empírica

Com o objetivo de encontrar evidências empíricas acerca da contribuição do

gerenciamento da dívida pública em prover segurança fiscal no Brasil, dois modelos

são considerados nesse estudo. Tomando como referência a literatura sobre o tema,

o primeiro modelo possui como variáveis independentes a maturidade e os principais

fatores indexadores da dívida mobiliária federal brasileira (Zi) e o segundo modelo

possui como variáveis independentes a participação de dívida de longo prazo e a


55 

 
 

estrutura de indexação (Faraglia, Marcet, e Scott, 2008). Dessa forma,

(4.1) X ti = α 0 + α1maturidadet + α 2 Z ti + ε t0 ,

(4.2) X ti = α 3 + α 4longoprazot + α5 Z ti + ε t1 ,

onde ε ti ~ N ( 0, σ 2 ) , X ti = ψ i , k , ρW * , R *VM * , β 1 , β 2 , e Zti = prefixado, ind _ selic, ind _ ipca .

As variáveis utilizadas nos modelos correspondem a:

- maturidade – prazo médio da dívida mobiliária federal (disponível em BCB – código

10618). O prazo médio é um elemento importante para a gestão da dívida pública.

Espera-se que um aumento da maturidade diminua as oscilações do valor de

mercado da dívida frente a choques na economia (Angeletos, 2002).

- longoprazo – participação de dívida mobiliária federal interna com vencimento

acima de um ano (informação disponível no sítio do Tesouro Nacional). Tal como a

maturidade, a participação de dívida mobiliária de longo prazo é um indicador da

dispersão dos vencimentos do portfólio de dívida. A maior participação de dívida de

longo prazo pode proporcionar um hedge frente a choques na economia, pois o

preço do título de longo prazo é mais sensível às alterações nas taxas de juros

(Nosbusch, 2008).

- prefixado – participação de dívida mobiliária federal prefixada (disponível em BCB

– código 4178). A elevada participação desses títulos denota um bom desempenho

do gerenciamento da dívida. Como o retorno da dívida prefixada é predefinido, sua

emissão proporciona proteção contra choques na taxa de juros, na inflação, no

déficit primário ou no produto. Entretanto, sua emissão pode aumentar o valor da

dívida pública se a sua colocação somente for possível com uma taxa de juros

elevada (Giavazzi e Missale, 2004).

ind_selic – participação de dívida mobiliária federal indexada à taxa Over/Selic


56 

 
 

(disponível em BCB – código 4177). A variável representa a participação de dívida

indexada à taxa de juros flutuante. Uma elevada participação desses títulos implica

grande risco à sustentabilidade da dívida pública brasileira. Segundo Giavazzi e

Missale (2004), o aumento dessa parcela eleva o risco de que choques na taxa de

juros elevem em demasia os custos com serviço da dívida.

- ind_ipca – participação de dívida mobiliária federal indexada ao índice de preços

(disponível em BCB – código 12001). A variável é importante para reduzir a

incerteza quanto ao retorno real futuro da dívida pública. A redução da incerteza

diminui a taxa de juros real requerida para o financiamento da dívida o que implica

redução da vulnerabilidade fiscal (Bohn, 1988).

- ψ i ,k – persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário (elaboração própria). A variável captura a redução da persistência do valor

de mercado da dívida proveniente de alterações nos retornos dos títulos de forma a

desconsiderar uma redução decorrente de aumento no superávit primário. Quanto

maior Ψ ik
, pior o desempenho da gestão da dívida.

- ρW * , R*VM * – correlação entre déficit primário e o retorno da dívida (elaboração

própria). A variável é um indicador de segurança fiscal que mensura se houve queda

no retorno da dívida diante de um aumento no déficit primário. Quanto menor for

essa correlação, maior o desempenho do gerenciamento da dívida em fornecer a

proteção fiscal.

- β1 – volatilidade relativa do déficit total em relação ao déficit primário (elaboração

própria). O indicador captura a habilidade da gestão da dívida em explorar uma

covariância negativa entre pagamentos de juros e o déficit primário. Quanto menor o

indicador menos volátil o déficit total em relação ao déficit primário e mais


57 

 
 

sustentável é a dívida pública.

- β 2 – volatilidade relativa da variação do valor da dívida pública em relação ao déficit

primário (elaboração própria). O indicador denota o desempenho do governo em

explorar uma relação negativa entre o retorno da dívida e o déficit primário. Quanto

menor a volatilidade das alterações no valor de mercado da dívida pública relativa

ao déficit primário, melhor o desempenho do gestor de dívida.

Os dados utilizados possuem frequência mensal e devido à restrição quanto à

disponibilidade de informação refere-se ao período que se estende de janeiro de

2007 até setembro de 2012 . Ademais, as variáveis que denotam a estrutura de

indexação e estrutura de maturidade correspondem à média dos últimos 12 meses.

A fim de verificar a presença de raiz unitária das variáveis acima mencionadas, os

testes Augmented Dickey-Fuller (ADF) e Elliott-Rothenberg-Stock (DF-GLS) foram

realizados e se encontram disponíveis na tabela A.1 (apêndice).

Com base nas equações 4.1 e 4.2 foram utilizados o método dos Mínimos

Quadrados Ordinários (MQO) e o Método dos Momentos Generalizados (GMM) para

a estimação dos modelos. Conforme apontado por Hall (2005), o uso de modelos

GMM é uma maneira de evitar os problemas de endogeneidade e de identificação

das estimativas. Além disso, uma vantagem do GMM em relação ao MQO é que ele

apresenta estimadores robustos mesmo na presença de autocorrelação serial,

heterocedasticidade, ou de não linearidade, o que é típico em modelos de séries de

tempo (Hansen, 1982). Um pré-requisito para estimadores eficientes é que os

instrumentos utilizados no GMM sejam desfasados em um ou mais períodos e que

as condições de momento e de sobre-identificação das restrições sejam satisfeitas

58 

 
 

(Wooldridge, 2001).22

4.2.1. Resultados

Os resultados das estimações dos modelos 4.1 e 4.2 por meio de MQO e

GMM sugerem que a gestão da dívida pública contribuiu pouco para aumentar a

segurança fiscal no Brasil (vide tabelas 4.2, 4.3, 4.4, e 4.5). A baixa relação se

verifica no coeficiente de ajuste da regressão (R2) quase nulo para todos os

indicadores fiscais. É importante ressaltar que Faraglia, Marcet e Scott (2008)

encontram resultado semelhante para os países da OCDE com coeficientes de

determinação (R2) baixo e, por vezes, negativos.23

Apesar da evidência de baixa capacidade da gestão da dívida em fornecer

proteção fiscal, os resultados encontrados permitem diversas considerações. As

estimativas dispostas nas tabelas 4.2 e 4.3 mostram que o alongamento da

maturidade não foi relevante (sem significância estatística) para aumentar a

segurança fiscal do Brasil. Outro indicador de dispersão de vencimentos da dívida é

a participação de dívida pública com vencimento maior que um ano (longoprazo). Os

resultados da equação 4.2 (vide tabelas 4.4 e 4.5) confirmam que a estratégia de

alongamento da maturidade se mostrou inadequada para aumentar a proteção fiscal

brasileira. O coeficiente positivo e estatisticamente significativo da participação de

dívida de longo prazo sinaliza que um aumento dessa variável proporcionou

                                                            
22
A fim de verificar a validade de condições de momento e testar a sobre-identificação das restrições
em cada modelo estimado, foi utilizado o teste J (ver Hansen, 1982; e Cragg, 1983).
23
O coeficiente de ajuste da regressão (R2) é uma medida do grau de proximidade entre os valores
estimados e observados da variável dependente. Pode ser interpretado como o percentual da
variância da variável dependente que é explicada pelas variáveis independentes. O R² varia entre 0 e
1 e quanto maior o R², mais explicativo é o modelo (Wooldridge, 2009).
59 

 
 

elevação da persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário no curto prazo. Uma possível explicação para esse resultado se deve à

necessidade de pagamento de um prêmio de risco ainda elevado para emissão de

dívida de longo prazo. O alto custo impede a redução do valor de mercado da dívida.

Os resultados também indicam uma relação positiva e com significância

estatística entre a participação de dívida de longo prazo e os indicadores de

correlação entre o déficit primário e o retorno da dívida e volatilidade do valor de

mercado da dívida em relação ao déficit primário. Segundo Faraglia, Marcet, e Scott

(2010), um dos motivos para esse resultado é o fato de a estrutura a termo da taxa

de juros ser pouco volátil o que torna o aumento da maturidade uma estratégia

pobre para fornecer segurança fiscal. Segundo Nosbusch (2008) a proteção contra

choques ocorre, pois o preço do título de longa maturidade é sensível às alterações

nas taxas de juros. No entanto, se a volatilidade da taxa de juros é baixa, a alteração

dos preços dos títulos tende a ser pequena, não proporcionando proteção. Outro

fator que pode explicar esse resultado é o fato da sensibilidade dos preços às taxas

de juros ser mais relevante nos títulos prefixados. Como a participação desse tipo de

título foi de apenas 34% no período analisado, o aumento da maturidade perde sua

relevância.

A importância da emissão de dívida prefixada para proteção contra choques

na economia é confirmada nas estimações das equações 4.1 e 4.2. O coeficiente

negativo e com significância estatística da participação de dívida prefixada

(prefixado) sugere que a emissão desse tipo de dívida se mostrou relevante para

redução do indicador correlação entre o déficit primário e o retorno da dívida e do

indicador persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

60 

 
 

primário (tabelas 4.2, 4.3, 4.4, e 4.5). Entretanto, é observada uma relação positiva

com significância estatística entre a variável independente prefixado e a volatilidade

relativa do déficit total e do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário. Essa evidência sugere que a emissão de dívida prefixada se mostrou

inadequada para diminuir a volatilidade do pagamento de juros e das variações dos

preços dos títulos de dívida. Esse resultado ambíguo está de acordo com Giavazzi e

Missale (2004) que afirma que a emissão de dívida prefixada é eficiente na proteção

contra choques fiscais, porém essa proteção pode estar associada com maior custo.

Um maior prêmio de risco é requerido pelos agentes diante da incerteza. Essa

incerteza está relacionada às variações futuras na inflação, na taxa de juros e na

capacidade de pagamento do governo. Em suma, o prêmio de risco elevado pode

causar maior volatilidade nos mercados.

Uma estratégia que se mostrou relevante para a redução de volatilidade é a

emissão de dívida indexada à taxa de juros. Uma relação negativa com significância

estatística foi encontrada entre a participação de dívida indexada à taxa Selic e o

indicador volatilidade relativa da variação do valor de mercado da dívida em relação

ao déficit primário (tabela 4.3, 4.4, e 4.5). A redução da volatilidade pode ser

explicada pela política de redução da taxa Selic praticada pelo governo brasileiro

durante o período analisado. A redução do pagamento de juros diminui a volatilidade

do valor de mercado desses títulos. Outra possível razão para esse resultado é,

segundo Giavazzi e Missale (2004), a redução do prêmio de risco exigido pelos

agentes quando existe emissão de dívida indexada a taxa de juros. A garantia de

pagamento da taxa de juros contemporânea reduz a incerteza dos agentes quanto

ao retorno futuro do ativo o que diminui a volatilidade do seu preço em mercado.

61 

 
 

Apesar de a emissão de dívida indexada à taxa de juros reduzir a volatilidade,

encontrou-se evidências de que esse tipo de dívida não protege contra choques no

déficit primário. As estimações indicam existência de relação positiva com

significância estatística entre a participação de dívida indexada à taxa de juros

flutuante (ind_selic) (tabelas 4.2 e 4.3). Esse resultado já era esperado, pois um

choque adverso no déficit primário tende a aumentar o principal indexador do título,

a taxa de juros.

Outra estratégia capaz de reduzir a volatilidade é a emissão de dívida

indexada ao índice de preços. Observa-se uma relação negativa com significância

estatística entre a participação de dívida indexada ao índice de preços e a

volatilidade relativa do déficit total em relação ao déficit primário (tabelas 4.2, 4.3, e

4.5). Esse resultado indica que a variação no pagamento de juros foi menor que a

variação no déficit primário. Essa menor volatilidade no pagamento de juros pode

ser creditada, segundo Calvo (1988), ao menor prêmio de risco requerido pelos

agentes na compra de títulos indexados a preços. O maior prêmio de risco é

requerido quando existe expectativa de inflação futura. Essa expectativa ocorre

quando existe falta de credibilidade da autoridade monetária ou quando há

expectativa de ocorrência de choques inflacionários exógenos.

62 

 
 

Tabela 4.2
Proteção fiscal X maturidade e estrutura de indexação (MQO)
constante maturidade prefixado ind_selic ind_ipca R2 DW
-0,014 0,298 -3,916 -4,503 -4,849*
Modelo 1 (0,782) (0,680) (0,154) (0,115) (0,094)
0,052 1,593

-0,002 0,293 0,434


Modelo 2
ψ 1,3
0,009 1,599
(0,969) (0,675) (0,485)
-0,003 0,174 -0,184
Modelo 3 (0,949) (0,801) (0,763)
0,003 1,593

-0,006 0,390 -0,583


Modelo 4 (0,905) (0,590) (0,416)
0,011 1,643

0,949*** 2,214 2,740 8,381 6,656


Modelo 1 (0,000) (0,411) (0,787) (0,427) (0,532)
0,086 0,834

0,937*** 1,618 -4,589**


Modelo 2
ψ 2,3
0,073 0,764
(0,000) (0,527) (0,046)
0,939*** 3,166 4,013*
Modelo 3 (0,000) (0,216) (0,076)
0,061 0,754

0,964*** 2,369 0,679


Modelo 4 (0,000) (0,386) (0,801)
0,016 0,570

-0,005 0,824 -2,449 -2,260 -2,536


Modelo 1 (0,948) (0,428) (0,531) (0,578) (0,537)
0,019 1,501

0,002 0,795 -0,233


Modelo 2
ψ 1,6
0,013 1,509
(0,980) (0,419) (0,789)
0,002 0,879 0,237
Modelo 3 (0,981) (0,367) (0,782)
0,013 1,517

0,003 0,905 -0,186


Modelo 4 (0,972) (0,375) (0,854)
0,012 1,506

31,510*** -1,656 14,394 24,039 31,510


Modelo 1 (0,000) (0,769) (0,498) (0,277) (0,161)
0,113 0,996

1,628*** -0,188 -10,650**


Modelo 2
ψ 2,6
0,071 0,951
(0,000) (0,972) (0,030)
1,672*** 2,428 2,521
Modelo 3 (0,000) (0,663) (0,607)
0,006 0,843

1,720*** -1,680 11,546**


Modelo 4 (0,000) (0,767) (0,043)
0,063 0,805

0,222 0,411 -1,814 1,244 1,124


Modelo 1 (0,171) (0,856) (0,832) (0,889) (0,901)
0,039 0,422

0,219 0,358 -2,945


Modelo 2
ψ 1,9
0,038 0,421
(0,164) (0,867) (0,126)
0,225 1,247 1,855
Modelo 3 (0,158) (0,561) (0,327)
0,018 0,360

0,239 0,593 1,194


Modelo 4 (0,136) (0,793) (0,593)
0,008 0,344

3,649*** 11,238 39,069 53,638 49,389


Modelo 1 (0,000) (0,420) (0,456) (0,326) (0,371)
0,038 0,273

3,543*** 9,161 -10,037


Modelo 2
ψ 2,9
0,022 0,237
(0,001) (0,489) (0,394)
3,540*** 12,741 10,131
Modelo 3 (0,001) (0,331) (0,380)
0,023 0,231

3,604*** 10,687 1,845


Modelo 4 (0,000) (0,439) (0,892)
0,012 0,203

-0,320*** 1,085 1,780 3,297 2,735


Modelo 1 (0,000) (0,180) (0,556) (0,296) (0,391)
0,092 0,291

-0,325*** 0,880 -1,141*


Modelo 2 0,071 0,258
ρW * , R*VM * (0,000)
-0,325***
(0,252)
1,282*
(0,097)
1,115*
Modelo 3 (0,000) (0,094) (0,098)
0,071 0,281

-0,318*** 1,095 0,081


Modelo 4 (0,000) (0,179) (0,920)
0,032 0,205

-0,059 0,311 3,574 2,132 1,596


Modelo 1 (0,207) (0,638) (0,154) (0,411) (0,542)
0,146 0,878

-0,062 0,135 1,741***


Modelo 2 0,131 0,810
β1 (0,182)
-0,068
(0,831)
-0,326
(0,003)
-0,644
Modelo 3 (0,168) (0,622) (0,270)
0,020 0,630

-0,075 0,144 -1,165*


Modelo 4 (0,123) (0,833) (0,088)
0,045 0,717

-0,033 0,071 14,436* 12,473 15,212*


Modelo 1 (0,831) (0,974) (0,089) (0,153) (0,094)
0,061 1,454

-0,062 0,397 1,722


Modelo 2 0,013 1,509
β2 (0,694)
-0,066
(0,853)
-0,203
(0,365)
-2,079
Modelo 3 (0,670) (0,923) (0,302)
0,016 1,558

-0,071 -0,366 1,333


Modelo 4 (0,651) (0,869) (0,582)
0,005 1,553

Nota: As variáveis foram utilizadas de acordo com sua ordem de integração: ver tabela A.1 no Apêndice. Os valores entre
parênteses representam o p-valor. Os níveis de significância estatística são representados por: (***) denota 0,01, (**)
denota 0,05, e (*) denota 0,10.

63 

 
 

Tabela 4.3
Proteção fiscal X Maturidade e estrutura de indexação (GMM)
constante maturidade prefixado ind_selic ind_ipca Estatística J R2
-0,057 1,009 -4,955 -5,095 -5,533 4,103
Modelo 1 (0,535) (0,774) (0,843) (0,836) (0,839) (0,251)
0,014

-0,022 0,361 0,655 3,819


Modelo 2
ψ 1,3
0,004
(0,666) (0,796) (0,227) (0,282)
-0,018 0,262 -0,253 3,888
Modelo 3 (0,698) (0,815) (0,820) (0,566)
0,001

-0,036 0,351 -0,190 4,650


Modelo 4 (0,474) (0,740) (0,750) (0,590)
0,001

0,983*** 3,814 3,799 9,536 9,514 2,960


Modelo 1 (0,001) (0,718) (0,851) (0,625) (0,620) (0,565)
0,069

0,766*** 0,120 -6,008** 4,124


Modelo 2
ψ 2,3
0,053
(0,001) (0,986) (0,041) (0,389)
0,862*** 7,828* 4,286*** 1,197
Modelo 3 (0,000) (0,073) (0,011) (0,977)
0,011

0,867*** 0,616 0,685 7,213


Modelo 4 (0,001) (0,903) (0,819) (0,205)
0,005

-0,068 1,138 -4,034 -4,024 -4,101 3,333


Modelo 1 (0,389) (0,615) (0,610) (0,637) (0,665) (0,504)
0,002

-0,052 0,920 -0,589 3,231


Modelo 2
ψ 1,6
0,002
(0,512) (0,527) (0,545) (0,357)
-0,041 1,060 0,752 6,577
Modelo 3 (0,524) (0,407) (0,125) (0,362)
0,003

-0,030 0,711 -0,115 6,697


Modelo 4 (0,575) (0,232) (0,843) (0,350)
0,008

1,454*** -7,443 43,792 60,837 70,966* 1,960


Modelo 1 (0,001) (0,432) (0,343) (0,145) (0,073) (0,743)
0,027

1,260*** -5,898 -18,849* 1,206


Modelo 2
ψ 2,6
0,013
(0,008) (0,549) (0,064) (0,944)
1,460*** 1,877 4,885 4,978
Modelo 3 (0,000) (0,878) (0,266) (0,547)
-0,001

1,308** -2,810 6,105 4,861


Modelo 4 (0,012) (0,693) (0,327) (0,433)
0,031

0,341 0,826 -3,803 0,624 1,828 5,042


Modelo 1 (0,156) (0,867) (0,783) (0,965) (0,899) (0,283)
0,007

0,387* 1,904 -3,106 5,055


Modelo 2
ψ 1,9
0,013
(0,070) (0,732) (0,510) (0,537)
0,392 0,799 1,455 3,107
Modelo 3 (0,109) (0,884) (0,666) (0,795)
0,000

0,323** 1,561 0,726 4,769


Modelo 4 (0,028) (0,597) (0,847) (0,574)
0,000

2,415 6,004 39,805 64,146 58,517 1,829


Modelo 1 (0,128) (0,816) (0,830) (0,736) (0,781) (0,767)
0,004

3,703*** 14,099 -7,109 0,378


Modelo 2
ψ 2,9
0,019
(0,004) (0,426) (0,803) (0,984)
2,652* 14,881 4,845 2,222
Modelo 3 (0,098) (0,494) (0,437) (0,695)
0,005

2,994** 5,493 0,215 4,187


Modelo 4 (0,035) (0,882) (0,988) (0,523)
0,003

-0,341*** 0,752 4,445 6,510 7,272 2,308


Modelo 1 (0,001) (0,774) (0,640) (0,477) (0,466) (0,679)
0,014

-0,319*** 1,286 -2,506* 6,276


Modelo 2 0,001
ρW * , R*VM * (0,000)
-0,314***
(0,608)
1,238**
(0,059)
0,980**
(0,393)
2,316
Modelo 3 (0,001) (0,014) (0,022) (0,804)
0,070

-0,323*** 0,059 0,541 7,034


Modelo 4 (0,000) (0,973) (0,458) (0,318)
0,007

-0,051 0,704 7,129 5,849 4,708 5,197


Modelo 1 (0,369) (0,838) (0,354) (0,427) (0,515) (0,268)
0,108

-0,054 0,650 1,186** 7,971


Modelo 2 0,103
β1 (0,193)
-0,059
(0,276)
-0,788
(0,012)
-1,073
(0,158)
4,059
Modelo 3 (0,167) (0,726) (0,306) (0,541)
0,006

-0,055 1,117 -1,108* 6,997


Modelo 4 (0,199) (0,345) (0,060) (0,321)
0,008

-0,044 2,230 5,258 5,590 4,549 2,423


Modelo 1 (0,786) (0,625) (0,747) (0,741) (0,781) (0,658)
0,001

0,020 0,909 1,197 4,658


Modelo 2 0,006
β2 (0,889)
-0,068
(0,778)
-1,571
(0,560)
-3,189*
(0,459)
1,143
Modelo 3 (0,625) (0,537) (0,054) (0,887)
0,006

-0,052 0,175 0,468 5,102


Modelo 4 (0,742) (0,953) (0,794) (0,404)
0,002

Nota: As variáveis foram utilizadas de acordo com sua ordem de integração: ver tabela A.1 no Apêndice. Os valores entre
parênteses representam o p-valor. Os níveis de significância estatística são representados por: (***) denota 0,01, (**)
denota 0,05, e (*) denota 0,10.

64 

 
 

Tabela 4.4
Proteção fiscal X “longoprazo” e estrutura de indexação (MQO)
constante longoprazo prefixado ind_selic ind_ipca R2 DW
-0,008 -0,031 -3,988 -4,511 -4,797
Modelo 1 (0,901) (0,865) (0,147) (0,122) (0,102)
0,050 1,590

0,012 -0,074 0,298


Modelo 2
ψ 1,3
0,009 1,611
(0,841) (0,678) (0,644)
0,015 -0,092 -0,080
Modelo 3 (0,812) (0,612) (0,903)
0,006 1,615

0,016 -0,105 -0,475


Modelo 4 (0,797) (0,533) (0,484)
0,013 1,648

0,758*** 0,952 0,239 4,326 4,098


Modelo 1 (0,002) (0,162) (0,981) (0,684) (0,701)
0,104 0,700

0,737 1,016 -3,659


Modelo 2
ψ 2,3
0,102 0,673
(0,001) (0,115) (0,118)
0,724*** 1,120* 2,157
Modelo 3 (0,002) (0,093) (0,364)
0,080 0,600

0,692*** 1,358** 1,631


Modelo 4 (0,003) (0,030) (0,512)
0,074 0,537

0,014 -0,093 -2,638 -2,260 -2,373


Modelo 1 (0,878) (0,725) (0,502) (0,587) (0,570)
0,011 1,503

0,024 -0,116 -0,503


Modelo 2
ψ 1,6
0,006 1,521
(0,781) (0,644) (0,580)
0,022 -0,099 0,272
Modelo 3 (0,801) (0,697) (0,767)
0,003 1,518

0,018 -0,070 0,092


Modelo 4 (0,836) (0,768) (0,924)
0,001 1,497

1,670*** 0,247 14,675 23,839 31,036


Modelo 1 (0,001) (0,863) (0,490) (0,291) (0,172)
0,112 1,002

1,587*** 0,205 -10,377**


Modelo 2
ψ 2,6
0,071 0,947
(0,002) (0,882) (0,042)
1,470*** 1,045 0,847
Modelo 3 (0,004) (0,473) (0,871)
0,011 0,799

1,467*** 1,233 11,192**


Modelo 4 (0,003) (0,346) (0,037)
0,074 0,827

-0,051 1,364** -4,246 -3,512 -2,309


Modelo 1 (0,786) (0,016) (0,604) (0,685) (0,791)
0,123 0,398

-0,029 1,265** -1,511


Modelo 2
ψ 1,9
0,117 0,393
(0,872) (0,018) (0,427)
-0,051 1,420*** -0,191
Modelo 3 (0,780) (0,010) (0,921)
0,109 0,361

-0,047 1,414** 1,590


Modelo 4 (0,795) (0,005) (0,427)
0,117 0,387

3,477*** 0,869 32,946 46,418 46,274


Modelo 1 (0,006) (0,807) (0,531) (0,406) (0,409)
0,029 0,250

3,255*** 1,448 -9,860


Modelo 2
ψ 2,9
0,018 0,216
(0,007) (0,667) (0,421)
3,231*** 1,656 6,488
Modelo 3 (0,008) (0,631) (0,600)
0,012 0,195

3,136*** 2,381 5,591


Modelo 4 (0,009) (0,457) (0,666)
0,011 0,191

-0,376*** 0,281 0,862 1,935 1,943


Modelo 1 (0,000) (0,171) (0,775) (0,546) (0,546)
0,093 0,211

ρW * , R*VM *
-0,385*** 0,305 -0,928
Modelo 2 (0,000) (0,118) (0,188)
0,087 0,201

-0,389*** 0,333* 0,524


Modelo 3 (0,000) (0,096) (0,463)
0,071 0,193

-0,396*** 0,392** 0,486


Modelo 4 (0,000) (0,036) (0,515)
0,069 0,175

-0,059 0,000 3,444 2,013 1,569


Modelo 1 (0,306) (0,999) (0,170) (0,447) (0,555)
0,143 0,878

-0,071 0,046 1,773***


Modelo 2 0,131 0,826
β1 (0,206)
-0,057
(0,775)
-0,058
(0,003)
-0,530
Modelo 3 (0,341) (0,738) (0,396)
0,018 0,614

-0,050 -0,123 -1,138*


Modelo 4 (0,391) (0,436) (0,078)
0,053 0,726

-0,251 1,079* 12,773 8,910 12,757


Modelo 1 (0,183) (0,051) (0,120) (0,299) (0,150)
0,117 1,546

-0,262 1,024* 2,859


Modelo 2 0,067 1,550
β2 (0,157)
-0,295
(0,055)
1,147**
(0,138)
-3,802*
Modelo 3 (0,113) (0,035) (0,073)
0,082 1,665

-0,228 0,775 1,275


Modelo 4 (0,220) (0,128) (0,572)
0,039 1,580

Nota: As variáveis foram utilizadas de acordo com sua ordem de integração: ver tabela A.1 no Apêndice. Os
valores entre parênteses representam o p-valor. Os níveis de significância estatística são representados
por: (***) denota 0,01, (**) denota 0,05, e (*) denota 0,10.

65 

 
 

Tabela 4.5
Proteção fiscal X “longoprazo” e estrutura de indexação (GMM)
constante longoprazo prefixado ind_selic ind_ipca Estatística J R2
-0,040 -0,040 -4,227 -4,707 -4,800 4,818
Modelo 1 (0,720) (0,916) (0,716) (0,683) (0,713) (0,306)
0,041

-0,009 -0,095 0,396 4,401


Modelo 2
ψ 1,3
0,004
(0,876) (0,528) (0,396) (0,354)
-0,008 -0,105 -0,210 3,750
Modelo 3 (0,904) (0,514) (0,792) (0,586)
0,001

0,042 -0,248* -0,406 3,468


Modelo 4 (0,528) (0,099) (0,425) (0,483)
0,001

0,522 0,964 4,949 13,467 9,969 2,173


Modelo 1 (0,206) (0,689) (0,859) (0,632) (0,715) (0,704)
0,034

0,516** 0,578 -1,894 4,028


Modelo 2
ψ 2,3
0,039
(0,028) (0,398) (0,292) (0,402)
0,418 2,109* -0,005 4,514
Modelo 3 (0,105) (0,083) (0,998) (0,608)
0,040

0,570** 1,320** 0,716 4,225


Modelo 4 (0,045) (0,040) (0,761) (0,646)
0,065

-0,022 -0,113 -2,324 -2,105 -2,388 5,087


Modelo 1 (0,855) (0,800) (0,797) (0,851) (0,844) (0,278)
0,004

0,060 -0,228 -0,545 2,151


Modelo 2
ψ 1,6
0,002
(0,520) (0,162) (0,540) (0,828)
0,007 -0,128 0,328 6,066
Modelo 3 (0,948) (0,751) (0,714) (0,416)
0,001

0,031 -0,092 0,164 2,121


Modelo 4 (0,736) (0,684) (0,810) (0,548)
0,001

0,858 2,479 0,030 8,542 14,109 1,414


Modelo 1 (0,521) (0,624) (0,999) (0,942) (0,915) (0,842)
0,058

1,107** -0,442 -5,260* 3,018


Modelo 2
ψ 2,6
0,009
(0,032) (0,744) (0,094) (0,697)
1,008* 3,308* 4,667 4,715
Modelo 3 (0,061) (0,076) (0,333) (0,452)
0,052

1,144** 0,871 4,924 3,102


Modelo 4 (0,041) (0,537) (0,255) (0,541)
0,041

-0,069 1,337 -19,810 -16,547 -13,628 1,861


Modelo 1 (0,893) (0,475) (0,471) (0,595) (0,653) (0,602)
0,018

-0,078 1,249* -1,746 1,255


Modelo 2
ψ 1,9
0,115
(0,760) (0,100) (0,237) (0,940)
-0,128 1,736** -0,376 2,715
Modelo 3 (0,610) (0,020) (0,728) (0,844)
0,104

-0,003 1,022* 1,838 8,331


Modelo 4 (0,992) (0,095) (0,118) (0,304)
0,107

2,599 2,461 14,277 24,509 34,275 1,501


Modelo 1 (0,214) (0,812) (0,960) (0,915) (0,907) (0,682)
0,013

2,246 1,351 -10,415 2,862


Modelo 2
ψ 2,9
0,001
(0,275) (0,817) (0,328) (0,581)
2,901 0,769 8,057 3,169
Modelo 3 (0,107) (0,821) (0,254) (0,674)
0,007

3,372* 0,843 3,229 0,741


Modelo 4 (0,082) (0,795) (0,924) (0,864)
0,007

-0,417*** 0,557 1,653 1,378 2,502 1,528


Modelo 1 (0,000) (0,342) (0,803) (0,830) (0,706) (0,822)
0,039

-0,382*** 0,336 -1,001** 2,573


Modelo 2 0,086
ρW * , R*VM * (0,000)
-0,423***
(0,217)
0,334
(0,049)
0,252
(0,632)
2,297
Modelo 3 (0,000) (0,243) (0,602) (0,681)
0,062

-0,450*** 0,524** 0,785 4,230


Modelo 4 (0,000) (0,025) (0,106) (0,646)
0,056

-0,129 0,325 3,563 0,598 0,418 4,323


Modelo 1 (0,299) (0,573) (0,653) (0,953) (0,959) (0,364)
0,051

-0,038 -0,011 1,254*** 7,112


Modelo 2 0,117
β1 (0,325)
-0,014
(0,937)
-0,056
(0,012)
-0,446
(0,311)
7,337
Modelo 3 (0,801) (0,756) (0,247) (0,291)
0,006

-0,033 -0,171 -0,906** 6,223


Modelo 4 (0,535) (0,328) (0,029) (0,399)
0,050

-0,204 1,011 6,033 1,490 8,883 1,166


Modelo 1 (0,538) (0,530) (0,864) (0,967) (0,834) (0,761)
0,069

-0,371* 1,955*** 5,602** 1,558


Modelo 2 0,007
β2 (0,078)
-0,313**
(0,004)
1,406***
(0,027)
-4,594***
(0,816)
3,190
Modelo 3 (0,041) (0,006) (0,003) (0,527)
0,077

-0,204 1,033** 1,136 5,304


Modelo 4 (0,148) (0,039) (0,317) (0,380)
0,032

Nota: As variáveis foram utilizadas de acordo com sua ordem de integração: ver tabela A.1 no Apêndice. Os valores entre
parênteses representam o p-valor. Os níveis de significância estatística são representados por: (***) denota 0,01, (**)
denota 0,05, e (*) denota 0,10.

66 

 
 

4.3. Conclusão

Pode-se concluir que apesar da estrutura de maturidade e de indexação de

dívida pública brasileira diferir muito da OCDE, os resultados encontrados neste

trabalho foram semelhantes aos encontrados por Faraglia, Marcet, e Scott (2008).

As evidências empíricas sugerem que a gestão da dívida do Brasil foi pouco efetiva

em proporcionar aumento de segurança fiscal. Segundo Faraglia, Marcet, e Scott

(2008 e 2010), este resultado pode estar relacionado à maior preocupação dos

gestores de dívida com o objetivo de minimização de custos ao invés de risco. Outro

motivo, destacado pelos autores, é a baixa volatilidade da estrutura a termo da taxa

de juros que torna a estratégia de alongamento de maturidade não efetiva para

proporcionar proteção fiscal.

Apesar da pouca relação encontrada entre a gestão da dívida pública e

segurança fiscal, os resultados sugerem que a emissão de dívida prefixada é a que

possui melhor desempenho para proporcionar proteção contra choques fiscais. A

emissão de dívida indexada a preços se mostrou relevante para reduzir a incerteza

dos agentes, diminuindo a volatilidade do pagamento de juros nominais dos títulos.

A emissão de dívida indexada à taxa Selic se mostrou relevante para reduzir a

volatilidade dos preços dos títulos. No entanto, os resultados sugerem que a dívida

indexada à taxa Selic proporciona risco de desequilíbrio fiscal na ocorrência de

choques fiscais.

67 

 
 

5. Conclusão

Os indicadores fiscais construídos para o Brasil apontam que houve redução

da vulnerabilidade fiscal brasileira no período compreendido entre janeiro de 2007 e

setembro de 2012. O comportamento apresentado pelos indicadores cupom de juros

e razão valor de mercado da dívida/PIB evidenciou estabilização do nível de

endividamento e do custo de financiamento da dívida pública brasileira. No entanto,

a trajetória oscilante do cupom de juros durante um período favorável à redução da

taxa de juros sinaliza a dificuldade do governo brasileiro de reduzir o custo de

financiamento da dívida pública.

Cabe destacar que a análise do comportamento dos indicadores cupom de

juros e valor de mercado da dívida pública sinaliza estabilização dos custos com

serviço da dívida na maior parte do período. Ou seja, no momento em que houve

aumento (redução) do cupom de juros, o valor de mercado da dívida sofreu redução

(aumento).

Além da estabilização dos custos com o serviço da dívida, os indicadores de

segurança fiscal indicam que houve aumento da proteção do orçamento contra

choques no déficit primário ao longo do período analisado. Dentre estes, pode-se

ressaltar a persistência relativa do valor de mercado da dívida em relação ao déficit

primário próxima à zero na maior parte do período. Este resultado evidencia uma

rápida reversão do valor de mercado da dívida à sua média depois de um choque no

déficit primário. Outro resultado importante é a correlação negativa encontrada entre

o déficit primário e o retorno da dívida, o que, por conseguinte, evidencia que a

proteção do orçamento do governo contra choques fiscais ocorreu por meio de

68 

 
 

alterações nos retornos dos títulos.

Outra contribuição deste trabalho consistiu na análise da relação existente

entre gestão da dívida pública e promoção da segurança fiscal no Brasil. Apesar dos

indicadores fiscais construídos para o Brasil apresentarem resultados a favor de

maior proteção fiscal, a evidência empírica sugere que a gestão da dívida do Brasil

foi pouco efetiva em proporcionar aumento de segurança fiscal. Esse resultado se

assemelha ao encontrado por Faraglia, Marcet e Scott (2008). Segundo a visão

destes autores, este resultado pode estar relacionado à maior preocupação dos

gestores de dívida em minimizar custos ao invés de risco. Outra razão seria a baixa

volatilidade da estrutura a termo da taxa de juros que torna a estratégia de

alongamento de maturidade não efetiva em proporcionar proteção fiscal.

Apesar da pouca relação encontrada entre a gestão da dívida pública e

segurança fiscal, os resultados sugerem que a emissão de dívida prefixada é a

estratégia mais eficiente em proporcionar proteção contra choques fiscais. A

emissão de dívida indexada a preços e de dívida indexada à taxa Selic se

mostraram relevantes para reduzir a incerteza dos agentes. A dívida indexada a

preços se mostrou importante para diminuir a volatilidade do pagamento de juros

nominais dos títulos e a dívida indexada à taxa Selic para reduzir a volatilidade dos

preços dos títulos. Entretanto, os resultados sugerem que a dívida indexada à taxa

Selic é aquela que implica maior risco de desequilíbrio fiscal na ocorrência de

choques no déficit primário.

69 

 
 

6. Referências bibliográficas

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73 

 
 

7. Apêndice

Tabela A.1: Testes de raiz Unitária (ADF, DF-GLS)


ADF DF-GLS
defasagem teste 5% 10% defasagem teste 5% 10%
VM 5 -3,63 -3,48 -3,17 5 -3,61 -3,13 -2,83
VM *
5 -3,83 -3,48 -3,17 5 -3,79 -3,13 -2,83
D 5 -3,56 -3,48 -3,17 1 -3,08 -3,13 -2,83
D* 5 -1,87 -3,48 -3,17 4 -1,74 -3,13 -2,83
d (D ) *
3 -3,54 -3,48 -3,17 4 -2,94 -3,13 -2,83
Y 3 -2,67 -3,48 -3,17 3 -2,82 -3,13 -2,83
d (Y ) 0 -3,82 -3,48 -3,17 0 -3,89 -3,13 -2,83
W 1 -1,82 -3,48 -3,17 1 -1,87 -3,13 -2,83
d (W ) 0 -6,66 -3,48 -3,17 0 -6,74 -3,13 -2,83
*
W 1 -1,86 -3,48 -3,17 1 -1,90 -3,13 -2,83
d (W ) *
0 -6,58 -3,48 -3,17 0 -6,66 -3,13 -2,83
ρW *
,VM * 1 -3,48 -3,48 -3,17 1 -3,59 -3,13 -2,83
β1 5 -3,50 -3,48 -3,17 5 -2,15 -3,13 -2,83
d (β 1 ) 4 -4,95 -3,48 -3,17 4 -5,07 -3,13 -2,83
β 2 1 -2,74 -3,48 -3,17 1 -2,77 -3,13 -2,83
d (β 2 ) 4 -4,95 -3,48 -3,17 4 -4,87 -3,13 -2,83
ψ 1,3 1 -2,83 -3,48 -3,17 1 -2,85 -3,13 -2,83
d (ψ 1,3 ) 1 -6,20 -3,48 -3,17 0 -6,77 -3,13 -2,83
ψ 2 ,3 0 -3,12 -3,48 -3,17 0 -3,17 -3,13 -2,83
d (ψ 2 ,3 ) 1 -7,49 -3,48 -3,17 0 -9,95 -3,13 -2,83
ψ 1, 6 1 -3,06 -3,48 -3,17 1 -3,11 -3,13 -2,83
d (ψ 1,6 ) 4 -5,41 -3,48 -3,17 4 -5,14 -3,13 -2,83
ψ 2 ,6 0 -4,11 -3,48 -3,17 0 -4,17 -3,13 -2,83
ψ 1,9 2 -3,37 -3,48 -3,17 1 -3,01 -3,13 -2,83
ψ 2 ,9 2 -3,15 -3,48 -3,17 2 -3,21 -3,13 -2,83
ind_ipca 2 -1,43 -3,48 -3,17 2 -1,56 -3,13 -2,83
d(ind_ipca) 1 -2,05 -3,48 -3,17 1 -1,23 -3,13 -2,83
d(d(ind_ipca)) 0 -6,75 -3,48 -3,17 3 -3,93 -3,13 -2,83
ind_selic 1 -1,29 -3,48 -3,17 1 -3,33 -3,13 -2,83
d(d(ind_selic)) 0 -2,13 -3,48 -3,17 - - - -
d(ind_selic) 0 -7,14 -3,48 -3,17 - - - -
ind_prefix 2 -2,96 -3,48 -3,17 2 -3,34 -3,13 -2,83
d(ind_prefix) 1 -1,94 -3,48 -3,17 1 -1,31 -3,13 -2,83
d(d(ind_prefix) 0 -5,73 -3,48 -3,17 0 -4,93 -3,13 -2,83
longoprazo 2 -1,39 -3,48 -3,17 1 -1,35 -3,13 -2,83
d(longoprazo) 1 -3,56 -3,48 -3,17 1 -3,51 -3,13 -2,83
maturidade 1 -2,39 -3,48 -3,17 2 -2,11 -3,13 -2,83
d(maturidade) 0 -1,76 -3,48 -3,17 0 -1,92 -3,13 -2,83
d(d(maturidade)) 0 -9,56 -3,48 -3,17 0 -9,44 -3,13 -2,83
ipca 1 -4,45 -3,48 -3,17 1 -4,48 -3,13 -2,83
selic 3 -2,61 -3,48 -3,17 3 -1,52 -3,13 -2,83
d(selic) 2 -4,13 -3,48 -3,17 2 -3,85 -3,13 -2,83
cupom de juros 3 -2,75 -3,48 -3,17 3 -2,33 -3,13 -2,83
d(cupom de juros) 1 -2,90 -3,48 -3,17 1 -2,80 -3,13 -2,83
d(d(cupom de juros)) 1 -9,22 -3,48 -3,17 0 -11,26 -3,13 -2,83
Nota: Augmented Dickey-Fuller test (ADF) e Elliott-Rothenberg-Stock (DF-GLS). A seleção final das defasagens foi efetuada segundo o
critério de Akaike. O teste Phillips-Perron (PP) foi utilizado para desempate quando houve divergência nos resultados ADF e DF_GLS. A
defasagem corresponde à defasagem truncada selecionada para o núcleo (kernel) de Bartlett.
74 

 
 

Tabela A.2
Instrumentos do GMM¹
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

maturidade(-1) maturidade(-3) maturidade(-1) ind_selic(-1)


maturidade(-1) ind_ipca(-1)
ψ 1,3 prefixado(-1) ind_selic(-2)
ind_selic(-6) ind_ipca(-1)
maturidade(-1) prefixado(-1)
prefixado(-2) ind_selic ind_ipca
ind_selic(-5) prefixado(-1)
prefixado(-2) ind_ipca(-6)
ind_ipca(-2) ind_ipca(-3)
prefixado ind_selic vm primario
ind_ipca(-6) ind_ipca(-2)

maturidade(-4) maturidade(-5) maturidade(-4) ind_selic(-4)


maturidade(-4) maturidade(-5) maturidade(-1) ind_ipca(-1)
ψ 2,3 prefixado(-6) prefixado(-3)
prefixado(-5) ind_selic(-4)
prefixado(-1) prefixado(-2)
ind_selic(-5) ind_selic(-6)
prefixado prefixado (-6) ind_ipca
ind_ipca(-2) prefixado ind_selic
ind_selic vm vm primario
ind_selic(-3) ind_ipca(-6) ind_ipca(-2) vm

maturidade(-1) maturidade(-3) ind_selic(-5) ind_selic(-4) maturidade maturidade(-6)


ψ 1,6 prefixado(-4) prefixado(-2)
prefixado(-6) ind_ipca(-1)
maturidade(-1) prefixado(-1)
prefixado(-2) ind_selic ind_ipca
prefixado prefixado(-4)
prefixado(-2) prefixado(-3)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
prefixado prefixado(-6) ind_selic
ind_ipca(-5) longoprazo(-2) ind_ipca ind_ipca(-4) ind_selic(-6)

maturidade(-1) maturidade(-2) prefixado ind_ipca(-1) ind_ipca(-


maturidade(-1) maturidade(-2) maturidade(-1) ind_ipca(-1)
ψ 2,6 prefixado(-1) prefixado(-2)
ind_selic(-1) ind_selic(-2)
prefixado(-1) prefixado(-2)
2) maturidade(-2) maturidade(-3)
maturidade(-4) ind_selic(-2)
ind_ipca(-2) prefixado ind_selic
ind_ipca ind_ipca(-1) vm vm primario
ind_ipca(-1) ind_ipca(-6) ind_selic(-3)

maturidade(-4) maturidade(-2) maturidade(-1) maturidade(-4) maturidade(-6) maturidade(-2) maturidade(-1) maturidade(-5)


ψ 1,9 maturidade(-1) ind_selic(-5)
ind_selic(-4) ind_selic(-6)
maturidade(-5) maturidade(-6)
prefixado(-2) prefixado(-3)
ind_selic(-5) ind_ipca(-3)
ind_ipca(-4) prefixado(-3)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
ind_ipca(-3) ind_selic(-1)
ind_ipca(-1) ind_selic(-3) prefixado(-6) ind_ipca(-6) prefixado(-6) longoprazo(-1) ind_selic(-6) longoprazo(-3)

maturidade(-3) maturidade(-6) maturidade(-1) maturidade(-6)


maturidade(-2) maturidade(-6) ind_selic(-1) ind_selic(-2)
ψ 2,9 maturidade(-4) maturidade(-1)
prefixado(-1) prefixado(-3)
prefixado(-5) prefixado(-6) ind_selic(-3) ind_selic(-4)
ind_ipca(-4) prefixado
prefixado(-3) ind_selic
ind_selic(-6) ind_ipca(-6) prefixado ind_ipca
ind_selic(-2) ind_ipca(-1) ind_selic(-4)

maturidade(-3) maturidade(-5) maturidade(-2) maturidade(-3) maturidade ind_selic(-4) maturidade(-1) ind_ipca(-1)


ρW * , R*VM * prefixado(-1) prefixado(-3)
prefixado(-6) ind_selic(-4)
maturidade(-4) maturidade(-5)
prefixado(-1) prefixado(-2)
ind_selic(-5) ind_selic(-6)
prefixado prefixado ind_ipca
ind_ipca(-2) prefixado
prefixado(-1) ind_selic
ind_selic(-6) ind_selic(-1) ind_selic(-4) ind_ipca(-4) vm(-3) ind_selic(-1) vm

maturidade(-4) maturidade(-6) maturidade(-1) maturidade(-4) maturidade(-1) ind_ipca(-3)


maturidade(-1) prefixado(-1)
β1 prefixado(-3) prefixado(-5)
ind_selic(-1) ind_selic(-5)
prefixado(-2) prefixado(-3)
maturidade(-3) ind_selic(-1)
ind_selic(-2) ind_selic(-3)
ind_ipca(-4) ind_ipca(-5)
ind_ipca(-6) prefixado ind_selic
prefixado(-4) ind_selic ind_ipca
ind_ipca(-1) ind_ipca(-5) prefixado ind_selic(-3)

maturidade(-1) maturidade(-3)
maturidade(-1) prefixado(-1) maturidade(-1) maturidade(-2) maturidade(-1) ind_ipca(-1)
β2 prefixado(-1) prefixado(-3)
prefixado(-4) ind_selic(-3)
prefixado(-2) ind_selic ind_ipca ind_selic(-1) ind_selic(-2) ind_ipca(-2) ind_ipca(-3)
vm primario prefixado ind_ipca ind_ipca(-4) ind_selic prefixado
ind_ipca(-1) ind_ipca(-6)

¹ A variável primario corresponde ao déficit primário (disponível em BCB - código 5069), a variável selic a taxa de juros selic (disponível em BCB - código
4189) e a variável ipca corresponde a inflação medida pelo IPCA (disponível em BCB - código 433).

75 

 
 

Tabela A.3
Instrumentos do GMM¹
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

prefixado(-1) prefixado(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)


longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)
ψ 1,3 ind_selic(-2) ind_selic(-3)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
prefixado(-1) prefixado(-2)
ind_selic(-1) ind_selic(-2)
prefixado prefixado(-1)
longoprazo(-3) longoprazo(-4)
ind_selic ind_selic (-1) ind_ipca prefixado ind_selic
ind_ipca(-6) maturidade(-1) ind_ipca(-1)

prefixado(-1) prefixado(-2) longoprazo(-1) ind_ipca(-1)


longoprazo(-1) longoprazo(-2) ind_selic(-1) ind_selic(-2)
ψ 2,3 prefixado(-3) ind_selic(-2)
ind_selic(-3) ind_ipca(-1)
prefixado(-1) prefixado(-2) ind_selic(-3) ind_selic(-4)
ind_ipca(-2) ind_ipca(-3)
ind_ipca(-4) prefixado ind_selic
ind_selic ind_selic (-1) ind_ipca prefixado ind_ipca vm vm(-1)
maturidade(-1) maturidade(-2) vm ipca

prefixado(-1) prefixado(-6) longoprazo(-3) longoprazo(-5)


longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-2) longoprazo(-3)
ψ 1,6 ind_selic(-6) ind_selic(-4)
longoprazo(-1) longoprazo(-3)
prefixado (-1) ind_selic ind_selic
longoprazo(-6) prefixado(-1)
prefixado(-2) prefixado(-3)
ind_ipca(-3) prefixado (-1)
(-1) ind_ipca ind_ipca(-1) vm ind_selic
longoprazo(-6) maturidade(-6) ind_ipca ind_ipca(-5)

prefixado(-1) prefixado(-4) longoprazo(-1) prefixado(-1)


longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)
ψ 2,6 ind_selic(-1) ind_selic(-3)
ind_ipca(-2) ind_ipca(-4)
prefixado(-2) prefixado(-3)
prefixado(-4) ind_selic ind_selic
prefixado prefixado(-34) ind_ipca longoprazo(-3) ind_ipca(-1)
ind_ipca(-6) ind_selic(-1) prefixado ind_selic
maturidade(-1) maturidade(-2) (-1) ind_ipca

prefixado(-1) prefixado(-1) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)


ψ 1,9 ind_selic(-1) ind_selic(-2)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-4)
longoprazo(-3) longoprazo(-4)
longoprazo(-5) ind_selic
longoprazo(-3) longoprazo(-4)
ind_selic(-1) ind_selic(-2)
longoprazo(-3) ind_ipca(-1)
prefixado ind_selic vm
maturidade(-1) maturidade(-6) ind_selic (-1) ind_ipca prefixado ind_ipca d_primario selic

prefixado(-5) prefixado(-4) longoprazo(-1) ind_selic(-6)


longoprazo(-3) longoprazo(-4) longoprazo(-1) ind_ipca(-3)
ψ 2,9 ind_selic(-5) ind_ipca(-1)
ind_ipca(-2) maturidade(-2)
prefixado(-3) prefixado(-4)
prefixado prefixado(-5)
prefixado(-6) prefixado(-4)
ind_ipca(-6) prefixado(-6)
ind_ipca ind_selic ind_selic(-6)
maturidade(-3) ind_ipca

prefixado(-2) ind_selic(-1)
longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)
ρW * , R*VM * ind_selic(-2) ind_selic(-6)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
longoprazo(-3) prefixado(-1) ind_selic ind_selic(-1) prefixado ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
ind_selic ind_selic (-1) ind_ipca ind_ipca prefixado ind_selic vm vm(-1)
maturidade(-3) prefixado(-1)

prefixado(-5) prefixado(-3) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)


β1 prefixado(-4) ind_selic(-1)
ind_selic(-3) ind_ipca(-1)
longoprazo(-3) prefixado(-1)
prefixado(-2) prefixado(-3)
longoprazo(-3) ind_selic(-1)
ind_selic(-2) ind_selic(-3)
longoprazo(-3) longoprazo(-4)
ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
maturidade(-4) maturidade(-6) ind_selic ind_ipca prefixado ind_ipca prefixado ind_selic

prefixado(-1) prefixado(-4)
longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2) longoprazo(-1) longoprazo(-2)
β2 ind_selic(-2) ind_selic(-3)
ind_ipca(-1) maturidade(-1)
prefixado(-1) ind_selic ind_selic(-1) ind_selic (-2) ind_ipca(-1) ind_ipca(-2)
prefixado(-2) ind_selic (-1) vm prefixado(-1) ind_ipca ind_ipca(-3) prefixado ind_selic
maturidade(-2)

¹ A variável primario corresponde ao déficit primário (disponível em BCB - código 5069), a variável selic a taxa de juros selic (disponível em BCB - código
4189) e a variável ipca corresponde a inflação medida pelo IPCA (disponível em BCB - código 433).

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