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TÉCNICAS DE REDAÇÃO
DESCRIÇÃO
É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um determinado
objeto, pessoa, ambiente ou paisagem.
NARRAÇÃO
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado
tempo e lugar, envolvendo certos personagens.
DISSERTAÇÃO
E o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, seguidas da apresentação de
argumentos que as comprovem.
Descrição
Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos
negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem
desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.
Narração
Em uma noite chuvosa do mês de agosto, Paulo e o irmão caminhavam pela rua mal-iluminada
que conduzia à sua residência. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam,
atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto.
Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.
Dissertação
Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacional brasileiro. Argumentam
alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informações
dos mais diferentes tipos e relacioná-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado
para a compreensão dos problemas socioeconômicos e que despertasse no aluno a curiosidade
científica seria por demais desejável.
Assim sendo, podemos elaborar o seguinte quadro:
REDAÇÃO DESCRIÇÃO
OU NARRAÇÃO
COMPOSIÇÃO DISSERTAÇÃO
Como você pode perceber, não há como confundir estes três tipos de redação. Enquanto a
descrição aponta os elementos que caracterizam os seres, objetos, ambientes e paisagens, a
narração implica uma ideia de ação, movimento empreendido pelos personagens da história. Já a
dissertação assume um caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas ou
fatos específicos, mas analisa certos assuntos que são abordados de modo impessoal.
EXERCÍCIO
b) ( ) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável.
Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante
dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que
parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações. A relva,
brilhando ao sol, estende-se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de
tranquilidade e aconchego.
c) ( ) As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu mento seria
alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento
tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a
um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e
ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do
trabalho, tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.
f) ( ) O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele
se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando
estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e
começou a lhe fazer as perguntas mais var Aquele interrogatório parecia interminável.
Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de que o
lugar era seu.
Agora, que relembramos os tipos de textos existentes, vamos especificar e delimitar o trabalho que
será realizado neste ano.
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 3
Estudaremos os textos jornalísticos, com a finalidade de saber que o jornal é um importante meio
de comunicação que informa, diverte, ensina, dentre outros objetivos. Para isso, as informações são
divulgadas por meio de diferentes gêneros textuais. Leia, a seguir, um exemplo de gênero veiculado em
jornais.
Meio Ambiente
1. No texto das páginas 56 e 57, é discutido um tema que gera muita discussão. Qual é esse tema?
2. O assunto é apresentado de maneira concisa e direta, sem dar muitos detalhes, ou são mostrados os
fatos ilustrados com dados e depoimentos que comprovam o que está sendo discutido? Explique.
4. Para reforçar a ideia de imparcialidade, característica de gêneros como esse, o texto foi produzido em
1ª ou em 3ª pessoa?
Textos que têm como principal objetivo informar o leitor sobre algo de maneira objetiva, que não
apresentam a Opinião de quem os escreve, mas apresentam dados a depoimentos de entrevistados,
recebem o nome de reportagem. A reportagem é um gênero textual que circula em jornais impressos,
televisivos ou radiofônicos e na internet. Esse gênero é caracterizado pela linguagem objetiva e direta. O
conteúdo é breve e sempre traz uma informação nova, que, em geral, é transmitida imediatamente após o
acontecimento ter ocorrido.
As reportagens podem ser locais, regionais, nacionais ou internacionais e abordar diversos
assuntos.
5. A reportagem, de forma geral, contém os elementos a seguir. Identifique-os no texto apresentado nas
página 04.
b) Fato anunciado.
c) Pessoas ou entidades/instituições envolvidas.
6. Vimos que as reportagens podem ser locais, regionais, nacionais ou internacionais. Classifique a
reportagem lida de acordo com essas possibilidades.
b) De acordo com Vinícius Roriz, presidente da Comlurb, qual é a diferença entre Copacabana e os
outros bairros cariocas?
c) Qual é a semelhança entre o Programa Lixo Zero e a Lei Seca, segundo Roriz?
d) Em sua opinião, o Programa Lixo Zero pode, de fato, contribuir na diminuição do lixo nas ruas?
Comente.
9. A reportagem revela uma saída criada para tentar diminuir a quantidade de lixo nas ruas. Sabe-se que a
geração de lixo tem aumentado devido a muitos fatores, além da taxa de crescimento populacional. Em
sua opinião, como é possível diminuir os impactos da geração de lixo na poluição do nosso país? Você
conhece alguma medida, além do Programa Lixo Zero, que foi adotada nesse sentido?
c) As falas dos entrevistados apresentam pontos de vista iguais? Comente se essas opiniões interferem
ou não na imparcialidade das informações veiculadas na reportagem.
d) Existe alguma lei que multa as pessoas que jogam lixo nas ruas em sua cidade? Em sua opinião, essa
medida teria efeitos onde você mora?
O texto a seguir é outro exemplo de gênero que comumente aparece nos jornais. Leia-o
1. O que você achou do texto lido? Você concorda com as ideias da autora? Por quê?
3. O texto que você leu na página anterior pode ser dividido em três partes, que estabelecem relação
entre si: introdução, desenvolvimento e conclusão. Associe essas partes aos parágrafos que as
compõem.
4. Por que a autora cita algumas pesquisas e dados relacionados ao tema discutido?
Textos que comentam um assunto ou fato polêmico, por meio da exposição de argumentos, com o uso
de uma linguagem objetiva, recebem o nome de artigo de opinião.
7. De acordo com a autora, muitos pais adotam uma prática que consideram segura para os filhos.
c) Em sua opinião, de que forma os pais podem proteger os filhos no mundo virtual?
8. Para a autora, a escola destaca-se como um ambiente de grande importância na vida das crianças.
a) Quais são as considerações feitas por Rosely Sayão sobre esse ambiente?
b) Quais são as dificuldades pelas quais a escola tem passado quanto à socialização dos alunos, de
acordo com a autora?
b) A autora evidencia qual seria a solução para o assunto discutido? Qual trecho do texto justifica sua
resposta?
10. Ao longo do texto, foi utilizado um registro que costuma ser empregado em artigos de opinião.
1. De acordo com a autora, o mundo virtual possui um lado positivo e um lado negativo.
TEXTO JORNALÍSTICO
Você não precisa ser jornalista ou trabalhar na imprensa para escrever notícias ou outros textos
jornalísticos.
Na escola ou na empresa, muitas vezes somos levados a escrever textos jornalísticos, por prazer ou
por obrigação.
Quase toda grande empresa tem o seu próprio informativo, com a colaboração de funcionários de
vários setores. Algumas escolas ou turmas também fazem o seu próprio jornal. A sua não tem um? Por
que não fazê-lo com os colegas?
Leia o seguinte texto jornalístico.
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dona Marisa Letícia cuidavam ontem dos mínimos
detalhes para transformar a Granja do Torto, hoje à noite, num arraial. Dona Marisa passou o dia cuidando
da decoração, e até Lula encontrou tempo para pendurar algumas bandeirinhas. Animados, os dois
deixaram claro já no convite que não admitirão convidados que não estejam vestidos a caráter. No convite,
enviado a ministros, assessores e amigos, Lula e dona Marisa aparecem vestidos de caipiras, de mãos
dadas e sorriso brejeiro. Ele de chapéu de feltro, ela com vestido de chita, chapéu de palha e maquiagem
carregada.
Ontem, os ministros passaram o dia providenciando suas fantasias e as comidas típicas que
levarão à festa. Alguns, como o ministro da Defesa, José Viegas, se preocupavam com a performance, já
que não têm sequer noção de passos básicos de forró. Ele prometeu que vai a caráter e levará um doce
peruano, chamado suspiro a Ia limeña. No convite, aparecem as recomendações: traje caipira e prato
típico (os ministros devem levar doces ou salgados).
— Vou botar um suspensório. Talvez um chapéu de palha — disse Viegas.
Já os ministros da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e das Comunicações, Eunício Oliveira,
disseram que vão como verdadeiros caipiras. Fazendeiro, Eunício disse que é um caipira por natureza.
— Vou à fazenda de manhã e, à noite no Torto, vou com a mesma roupa. O que vou levar, não sei,
ficou a cargo da minha mulher.
— Matuto eu já sou. Agora, só falta botar a camisa quadriculada — acrescentou o pernambucano
Eduardo Campos, afirmando que levará pé-de-moleque e bolo de rolo, típicos do Nordeste.
a) Quem?
b) O quê?
c) Quando?
d) Onde?
e) Por quê?
f) Como?
Os textos jornalísticos podem adotar diferentes formas e estilos conforme o tema tratado. Podem
ser informativos ou opinativos. Os principais são:
O GÊNERO JORNALÍSTICO
SUBGÊNERO CARACTERÍSTICAS
Frase ou período sem ponto final, que vem logo abaixo do título. Serve para complementa outras
informações, além de criar no leitor o interesse pela notícia. Distingue-se do título por apresentar um
tipo de letra diferenciado. Isso faz com que também se diferencie do corpo do texto, que aparece em
tipos menores.
2
Lead [li:d], do ingl.: orientação, liderança, exemplo. To have the lead: ter o papel principal; to lead up to: conduzir (conversa) para assunto
Lide específico; preparer o caminho para.
O redator da notícia deve resumir os fatos no primeiro parágrafo (lide), com o cuidado de manter o
interesse do leitor pelo restante do texto (conforme a notícia que abre esta seção). Portanto, seleciona
os elementos mais importantes para o lide, escolhe outros fatos que mereçam destaque para os
primeiros parágrafos, até chegar aos menos importantes, construindo-se o que se chama de "pirâmide
invertida'!
Essa é a técnica de redação mais adotada nos jornais.
Além de tudo isso, fotos e ilustrações são fundamentais na edição de jornais e revistas, as locais
são indispensáveis nos jornais televisivos.
EXERCÍCIOS
a) O título.
b) O subtítulo.
d) O lide.
e) Que informação importante contida no convite encontra desdobramento nos demais parágrafos da
notícia com exceção do último? Por quê?
f) Além das informações sobre a solução encontrada por alguns dos convidados para adequarem-se à
exigência de trajes típicos, que outras informações podem ser obtidas na leitura dos parágrafos que
completam as informações contidas no lide?
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 12
Objetividade - Não existe objetividade em jornalismo. Ao escolher um assunto, redigir um texto e editá-
lo, o jornalista toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas pó: emoções.
Isso não o exime, porém, da obrigação de ser o mais objetivo possível. Para relatar um fato com
fidelidade; reproduzir a forma, as circunstâncias e as repercussões, o jornalista precisa encarar o fato
com distanciamento e frieza, o que não significa apatia nem desinteresse.
Folha de S. Paulo, Manual de redação
.
TESE E ARGUMENTO
Em um texto argumentativo, aquele que escreve apresenta uma tese (a ideia que quer defender),
justificando-a com a ajuda de argumentos. Estes argumentos são interligados de maneira lógica à tese
que querem justificar. Eles são igualmente ligados uns aos outros:
É preciso incentivar o cinema brasileiro (tese), porque temos produções de excelente qualidade (1a
argumento) e porque sem o incentivo oficial seria esmagado pelas superproduções americanas (2a
argumento).
Neste exemplo, os dois argumentos estão ligados à tese pela conjunção subordinativa "porque"
(que exprime a causa), e estão coordenados pela conjunção "e".
EXERCÍCIOS
Texto 1
Qual é o sentido de escrever poemas em uma época e cultura que valorizam os bens de con-
sumo, a cultura de massa, o mercado e a tecnologia, menosprezando os valores espirituais e a
expressão artística?
Para que escrever poemas numa sociedade que vive uma profunda crise de valores, distante de
qualquer idéia de humanismo?
A primeira resposta poderia ser muito simples: por teimosia, como resistência à barbárie. Porém,
este não seria um argumento satisfatório, já que existem outras possibilidades, talvez mais eficazes, de
reação, inseridas em movimentos sociais e tentativas de reconstrução de valores, como o recente
diálogo entre a física, a ecologia profunda, o pacifismo e o budismo, que fazem pensar numa
reordenação do pensamento, em resposta ao crescente utilitarismo de uma visão de mundo baseada no
lucro e na vantagem pessoal imediata.
A segunda resposta, ainda mais simplista, porém com o mérito da sinceridade, é o da satisfação
sensorial.o encantamento e prazer que a poesia nos provoca. Aqui, novamente, poderia ser levantada
uma objeção, pois que há muitas outras formas de satisfação, talvez mais intensas do que o trabalho
com a palavra, que exige alto rigor e disciplina.
DANIEL, Cláudio, Por que fazer poesia hoje? http://peledelontra.zip,net, 5/5/3005,
Texto 2
Quem escreve - ainda que um simples bilhete - tenta afastar-se do falar cotidiano, tenta usar uma
linguagem diferente da que está habituado a usar. E escrever poemas é distanciar-se ainda mais da fala
do dia-a-dia, É trabalhar a língua, é subverter a sintaxe, é falar à alma. Por isso, as primeiras
manifestações literárias de um povo costumam ser em versos. Quando não havia escrita, as histórias se
contavam em poemas, porque as rimas ajudavam no processo de memorização e facilitavam a
transmissão da cultura.de geração a geração, A perpetuação da ficção da comunidade ágrafa e da sua
cultura -essa terá sido a primeira função da poesia.
[...]
A poesia existe em toda parte, em todo lugar em todos os momentos. Compete ao poeta captá-Ia e
transpô-la para o livro, ou para o filme, ou para a televisão, ou para a música, ou para a dança, ou para o
rádio... O poeta é o que vê poesia onde o comum dos mortais não vê nada, além do trivial.
[...]
a) Qual o primeiro argumento utilizado pelo autor do texto 1 para justificar o fato de escrever poemas?
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O JORNAL
"Um jornal se for só papel serve para cobrir o chão quando pintamos a casa ou embrulhar peixe no
mercado."
Por incrível que pareça, o conteúdo vende o jornal Surpreender o leitor com informações que ele
desconheça e que sejam perfeitamente aplicáveis ao seu cotidiano é indispensável.
Disponível em: <www.canaldaimprensa.cotn.br/canalant/foco/ dípwnaedicao/focol.htm>. Acesso em: 30ago. 2006.
Quando pensamos no jornal e em sua importância na era da informação em que vivemos, não
podemos nos esquecer de que ele é um produto de consumo e de que, por trás de cada notícia, está um
jornalista com opiniões próprias, ou seja, a favor de algumas coisas e contra outras.
Por mais objetiva que tente ser a linguagem jornalística, o leitor atento sempre poderá perceber o
posicionamento do jornalista por meio de alguns detalhes lingüísticos: como foi estruturada a notícia, a
ordem sintática usada, a ênfase dada à ação, ao agente, ao objeto, ao local, à data etc.
EXERCÍCIOS
Leia o texto a seguir, do professor de Comunicações José Marques de Melo, que fala sobre o
conteúdo e a morfologia (aspecto formal) do jornal:
O jornal, como veículo de comunicação coletiva, apresenta três gêneros específicos de informação,
no sentido de atender aos anseios e às exigências do público leitor. São:
— notícias (informações atuais a respeito dos mais diversos setores do conhecimento humano, sob a
forma de reportagens, entrevistas, editoriais, crônicas, artigos, comentários etc.);
— propaganda (informações persuasivas, que se destinam a influenciar os indivíduos para a adoção de
atitudes, seja comprar um produto ou aceitar uma ideia);
— entretenimento (seções cuja finalidade principal é a de entreter, divertir, ajudar o leitor a "passar o
tempo", como histórias em quadrinhos, palavras cruzadas, curiosidades). [...] A morfologia de um jornal
pode ser definida através da comparação entre os elementos utilizados na sua compo¬sição gráfica, ou
seja, títulos, ilustrações e texto.
No jornalismo moderno a apresentação gráfica dispõe de importância fundamental. Como o jornal
se insere numa problemática industrial, figurando como produto de consumo popular e, portanto,
sujeitando-se às leis do mercado, enfrenta concorrência e precisa utilizar recursos próprios para atrair
consumidores. Ou seja, o jornal precisa motivar psicologicamente os leitores em potencial para levá-los à
compra; e o faz, geralmente, através da apresentação gráfica.
Combinando o texto (núcleo do interesse do leitor) com os títulos, o jornal contemporâneo adquire
uma forma dotada de atrativos visuais que chamam e/ou prendem a atenção do leitor, conduzindo-o à sua
escolha entre as demais publicações disponíveis nas bancas. Por outro lado, verifica-se uma
complementação dessa estrutura motivacional com a inserção de ilustrações (fotografias, desenhos,
gráficos), no sentido de transmitir ao consumidor das informações uma sensação de realidade,
fornecendo-lhe imagens vivas dos fatos, aproximando-o, portanto, dos acontecimentos. Esse, aliás, é um
recurso defensivo que o jornalismo gráfico utiliza para competir com a televisão e o cinema, veículos
audiovisuais, que noticiam os fatos com riqueza de imagens, dando a impressão ao espectador de que ele
é participante dos acontecimentos.
MELO, José Marques de. Estudos de jornalismo comparado. São Paulo: Pioneira, 1972.
1- "Notícias (informações atuais a respeito dos mais diversos setores do conhecimento humano...)."
Recordando que a linguagem pode ter seis funções (poética, emotiva, conativa, referencial, fática e
metalinguística), qual é a função da linguagem que predomina em uma notícia? Que modo verbal
caracteriza essa função da linguagem?
4- Segundo o texto, qual é o recurso utilizado pelo jornalismo impresso para concorrer com o
telejornalismo?
A NOTÍCIA
Por ser um produto de consumo que disputa um determinado mercado (representado pelos
leitores), o jornal tenta satisfazer às necessidades de seus consumidores trabalhando tanto conteúdo como
forma (sua apresentação gráfica, formal). Entretanto, o elemento fundamental de um jornal, em torno do
qual tudo gira, continua sendo a notícia. O professor de jornalismo Nilson Lage, em seu livro Estrutura da
notícia, discute o conceito moderno de notícia:
Do ponto de vista da estrutura, a notícia se define, no jornalismo moderno, como o relato de uma
série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais
importante ou interessante. Essa definição pode ser considerada por uma série de aspectos. Em primeiro
lugar, indica que não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los.
LACE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: Atica, 2000.
Já o Novo Manual de Redação, editado pelo jornal Folha de S.Paulo, traz a seguinte definição de
notícia:
notícia - Puro registro dos fatos, sem opinião. A exatidão é o elemento-chave da notícia, mas vários fatos
descritos com exatidão podem ser justapostos de maneira tendenciosa. Suprimir ou inserir uma informação
no texto pode alterar o significado da notícia. Não use desses expedientes.
Disponível em: <wwwl,folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_edicao_n.htm>. Acesso em: 30 avô. 2006.
Para nós, leitores comuns, acostumados a uma rápida passagem de olhos nas notícias do dia, uma
expressão do verbete acima chama a atenção: "maneira tendenciosa". Apesar de a empresa jornalística
responsável pelo Manual afirmar que seus jornalistas não devem usar tais expedientes, verdadeiras
armadilhas, fica para nós, leitores, a incumbência de descobri-las e desmontá-las.
A CRÔNICA
EXERCÍCIOS
1. Identifique o assunto do texto e explique se poderia ser assunto para uma notícia.
2. Explique o que leva a narradora a dizer que não convém trocar o nome do marido.
4. Na frase "As coisas estavam num nível de anormalidade aceitável", a expressão final tem como efeito
estilístico o humor. Explique por quê.
5, As trocas vocabulares sugeridas em "não digo coisa com coisa. Se quero dizer apoteótico, digo
apocalíptico. Se quero dizer remendo, digo remédio", linguisticamente, podem ser relacionadas a uma
questão fonética. Explique por quê.
6. O título do texto, Coisa com coisa, é retomado duas vezes na crônica, no último parágrafo. Trata-se de
mera repetição? Justifique.
Resgate
Na crônica, fatos comuns do cotidiano são recriados por uma linguagem em que prevalece o humor, a criatividade, as
associações inusitadas, a coloquialídade.
RESENHA CRITICA
Texto que apresenta um resumo ou a análise de outro, a resenha crítica, além informações, faz
uma apreciação que justifica um julgamento. É comum o leitor conhecer a resenha crítica antes do texto
original. Veja um exemplo.
Vítima da indecisão
Dirigir um estúdio de animação é como manobrar um desses petroleiros gigantes: toma-se uma
decisão agora e só quilômetros mais adiante se verão os efeitos da alteração de curso. É esse o mal de
que padece Planeta do Tesouro (Treasure Planet, Estados Unidos, 2002), desde sexta-feira em cartaz no
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 17
país. O novo desenho da Disney é fruto de uma ideia surgida no final da década passada, de ampliar o
público do filão mirando ao mesmo tempo nas crianças e nos adolescentes — e em especial nos garotos.
O problema é que essa estratégia já foi responsável por pelo menos dois desastres. Em 2000, Titan levou
ao fechamento da divisão de animação da Fox, e Atlantis, da própria Disney, também deixou de se pagar
no ano seguinte. Mas não é que o estúdio esteja insistindo deliberadamente no fiasco. Desenhos
animados levam no mínimo três anos em fase de produção. Quando as más notícias chegam, muitas
vezes já é tarde demais para reagir a elas.
Planeta do Tesouro, na verdade, conta com vários aspectos positivos. Tem uma história bem
amarrada, animação de boa qualidade e pelo menos um bom personagem, o simpático vilão Silver. Mas
não é o bastante para obscurecer uma falha grave: o fato de que o filme não sabe com quem quer falar.
Planeta do Tesouro é uma adaptação de A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, talvez o maior
entre os clássicos da literatura infanto-juvenil. Aqui, porém, os galeões não navegam no oceano, e sim no
espaço, onde Jim, um rapaz impetuoso, procura o butim escondido por um pirata. Como esse último, a
Disney atira para todos os lados. O enredo inclui drama familiar, animais antropomorfizados e a
criatura engraçadinha de praxe - aqui, uma bolha cor-de-rosa capaz de assumir qualquer forma. Esse é,
por assim dizer, o departamento infantil do filme. O protagonista, por outro lado, é um adolescente que
excede o limite de velocidade com seu skate a jato e volta e meia chega em casa acompanhado pela
polícia. Esse casamento conflituoso se repete na ambientação, que combina elementos futuristas e de
época. Nessa tentativa de agradar a todos, o que se obteve foi a rejeição em massa. Com apenas 38
milhões de dólares acumulados na bilheteria até agora (contra 140 milhões despendidos na produção),
Planeta do Tesouro promete ser a maior decepção da história recente da Disney. Não deixa de ser uma
injustiça. O filme está longe de fazer jus à reputação do estúdio, mas é infinitamente melhor do que
Atlantis, que faturou mais do que o dobro do novo lançamento.
Revista Veja. São Paulo, Abril, 15 de janeiro de 2003, pág. 89.
Vocabulário
butim: bens do inimigo apropriados pelo vencedor;
produto de um saque, de uma pilhagem.
1. No primeiro parágrafo, por meio de uma analogia entre a direção de estúdios de animação e a
navegação de grandes petroleiros, o resenhista apresenta sua opinião sobre o filme.
2. Para justificar opiniões, textos argumentativos podem se utilizar de exemplos. Retire do texto dois
exemplos que justificam a seguinte afirmação extraída do primeiro parágrafo: Buscar como público
crianças e adolescentes é um erro.
3. No começo do segundo parágrafo, percebesse que o autor da resenha mantém sua opinião; contudo,
apresenta aspectos positivos do filme. Releia o trecho e responda.
"Planeta do Tesouro, na verdade, conta com vários aspectos positivos. Tem uma história bem
amarrada, animação de boa qualidade e pelo menos um bom personagem, o simpático vilão Silver. Mas
não é o bastante para obscurecer uma falha grave: o fato de que o filme não sabe com quem quer falar."
Prever uma posição contrária à nossa e apresentar argumentos que sejam mais fortes que os do
"adversário" é uma característica desejável em textos argumentativos. Trata-se da contra-argumentação.
c) Reelabore o trecho iniciando-o por uma conjunção concessiva como "embora" ou "ainda que".
EDITORIAL
1. Transcreva, do primeiro parágrafo, apenas as informações que constituem pressupostos para o autor
introduzir sua argumentação.
2. O texto aborda o tema da água. Transcreva a alternativa que apresenta o aspecto desse tema que se
deseja discutir.
3. Para introduzir a discussão sobre a água, o editorialista optou por começar com uma pergunta.
Entretanto, uma introdução pode estabelecer-se de outras formas, por exemplo:
2020, grande cidade da América do Sul. Sol escaldante, roupas leves e as rádios anunciando
repetidamente: prossegue o racionamento de água. Nas casas, as caixas d'água estão zias: não há
abastecimento ou poços que resolvam o problema. Nas indústrias, o colapso está prestes a ser
publicamente explicitado.
Agora é sua vez. Escolha entre a exemplificação ou a apresentação direta do problema e formule outra
introdução para o texto.
4. A citação de texto ou autor importante constitui o que se chama "argumento de autoridade". Retire um
exemplo do texto.
5. Do ponto de vista argumentativo, dados estatísticos são indiscutíveis e, portanto, importantes elementos
em textos como um editorial. Transcreva um exemplo de dado estatístico.
6. Formulada por meio de uma pergunta, a conclusão retoma a dúvida presente na introdução. Entretanto,
ela poderia propor uma ação que prevenisse o problema ou uma solução para ele. Elabore essa outra
conclusão proposta
A REPORTAGEM
ESTRUTURA DA REPORTAGEM
• Uma reportagem pode ser composta de muitas maneiras. O importante é apresentar o tema por vários
ângulos, contrastando opiniões diferentes, indicando causas, consequências, antecedentes históricos.
• A incorporação de depoimentos obtidos por meio de entrevistas é uma prática comum.
• A abertura e o título da reportagem são elaborados de modo a instigar a curiosidade do leitor.
• Muitas vezes, ao lado do texto principal da reportagem, aparecem boxes, que apresentam textos
complementares, ou então tabelas, gráficos, ilustrações.
LINGUAGEM DA REPORTAGEM
Como ocorre nas notícias, a objetividade e a clareza devem predominar. Para isso:
• utilizar vocabulário simples e preciso;
• construir períodos curtos;
• restringir o emprego de adjetivos e advérbios, diminutivos, aumentativos;
• sempre que possível, traduzir termos científicos e técnicos.
EXERCÍCIOS
1. Leia diferentes exemplos de abertura de reportagens sobre o emprego da arte na cura de doenças.
Relacione as colunas, identificando a técnica empregada em cada abertura.
I. "A arte faz bem ao corpo e ao espírito, ao rim e ao fígado. O baço adora arte. Quando vemos arte, o
coração bate mais compassado, e nossos artelhos ficam lépidos e dançantes. Nossa aura adquire uma
cor azulada, e os chacras superiores emitem mais vibrações. Antes de fazer terapia reichiana ou
acupuntura, as pessoas deveriam ir a uma galeria!" (José Roberto Aguilar, artista plástico) [...]
Doris Fleury. Aproximação com a arte melhora a qualidade de vida. In Folha de S. Paulo, 15/5/2003.
III. Começa hoje, em São Paulo, uma exposição de quadros realizados por pacientes psiquiátricos do
Hospital das Clínicas (HC). Os quadros foram pintados durante sessões de arte-terapia,
psicoterapia que usa a linguagem plástica. [...]
Gabriela Scheinberg. Pacientes psiquiátricos do HC fazem exposição de quadros. FolhadeS. Paulo, 1º/12/1999.
IV. A arte é "uma fada que transmuta", escreveu Manuel Bandeira, "e transfigura o mau destino." A
capacidade transformadora e terapêutica da pintura, escrita, música, dança e outras são
propagadas também na medicina e psicologia. [...]
Fabiane Leite e Berta Marchiori. Arte-terapia ajuda a superar doenças. Folha de S. Paulo, 6/7/2003.
V. Guache, tinta a óleo, argila, lápis de cera, telas e pincéis, muitos pincéis. Todo esse aparato está
instalado no 4º andar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (SP). Desde 1997, uma
sala da enfermaria semi-aberta foi transformada em ateliê para abrigar as sessões de arte-terapia,
que atendem 60 pacientes por semana. [...]
Arte como terapia. In Folha de S. Paulo, 7/12/2000. VI.
VI. É raro, mas acontece: um psicoterapeuta pode sugerir que seu paciente assista a um filme
específico. Quem sabe a experiência facilite a reflexão do paciente sobre suas dificuldades ou o
ajude a inventar uma solução. [...]
Contardo Calligaris. A terapia do doutor Cinema. Folha de S. Paulo, 10/1/2002.
SINÓPSE
Exemplo:
Filme: Igualdade de Sexos
De: Nigel Cole
Com: Sally Hawkins, Bob Hoskins, Miranda Richardson, Geraldine James, Rosamund Pike, Andrea
Riseborough
Género: Drama, Comédia
Classificacao: M/12
Sinopse:
Inglaterra, 1968. As operárias responsáveis pelos forros dos bancos na fábrica da Ford em
Dagenham descobrem que, apesar da igualdade de exigências de trabalho, os homens são mais bem
remunerados que as mulheres e os seus protestos são ignorados pelas chefias... (in publico.pt)
Quando falamos de forma coloquial (no dia a dia) quando alguém se refere a uma síntese está
fazendo referência a um resumo. A expressão “em sínteses” é sinônimo de “em resumo”. E por isso se
alguém nos pede algo em forma de sínteses temos que entendê-lo como que o quer de forma resumida.
O que é síntese?
Por outro lado, desde mais uma definição formal de Sínteses temos que a síntese se refere à
composição de um objeto, coisa, animal ou ideia a partir de seus elementos separados. A Wikipedia diz
textualmente:
RESUMO
Texto l
Texto 1
Muitos artistas do mundo pop continuam fazendo sucesso após a morte e são responsáveis por um
movimento financeiro invejável. De acordo com a revista Forbes, dezenove deles, entre os quais se
incluem músicos, escritores, esportistas etc., faturam mais de 5 milhões de dólares anuais com direitos
autorais, publicidade, licenciamento de produtos etc. Fazem parte dessa lista Elvis Presley, Dale
Earnhardt, Tupac Shakur, Marilyn Monroe. O primeiro, por exemplo, ainda ganha com a venda de CDs,
licenciamentos de produtos e visitas à mansão em que morou. Aos herdeiros cabe apenas gastar.
EXERCÍCIOS
1. Uma das regras básicas de elaboração de resumos é a seleção, ou seja, são escolhidas as
informações essenciais e eliminados os detalhes óbvios no contexto. Explique por que se pode falar em
seleção se comparamos os fragmentos a seguir dos dois textos.
• Original: "[...] faturam mais de 5 milhões de dólares anuais com direitos autorais, vendas de discos,
livros, licenciamento de produtos, publicidade e direitos sobre o uso de músicas em programas de
televisão e no cinema".
• Resumo: "[...] faturam mais de 5 milhões de dólares anuais com direitos autorais, publicidade,
licenciamento de produtos etc.".
2. Chama-se cancelamento à eliminação de informações desnecessárias para a compreensão de outras
partes do texto. Transcreva duas alternativas que apresentam informações que foram canceladas no
resumo do texto.
a) "O mercado americano responde por 44% do setor de entretenimento e mídia em todo o mundo.
Anualmente gastam-se nos Estados Unidos 479 bilhões de dólares, o que explica fenômenos tipicamente
americanos, como o do piloto de corrida Dale Earnhardt, que morreu em 2001, em um acidente."
b) "O cantor [...] teve oito CDs póstumos que fizeram mais sucesso que os lançados quando ele estava
vivo."
c) "É uma alegria para os herdeiros, que só precisam de talento para gastar os milhões que caem do céu
em suas contas bancárias."
3. A generalização consiste na substituição de elementos particulares por outros, mais gerais, que os
incluem. Copie a alternativa a seguir que exemplifica a generalização.
a) Original: "Marilyn Monroe conseguiu a décima posição no ranking da Forbes graças a um empurrão
dado por uma campanha de publicidade da Chrysler e Volkswagen na Europa."
Resumo: "Fazem parte dessa lista Elvis Presley, Dale Earnhardt, Tupac Shakur, Marilyn Monroe."
b) Original: "Para essa turma, quinze minutos de fama é pouco. Para artistas como Elvis Presley, John
Lennon, Bob Marley e Marilyn Monroe, o sucesso é parte da vida eterna."
Resumo: "Muitos artistas do mundo pop continuam fazendo sucesso após a morte."
5. A seguir, serão fornecidos fragmentos de outros textos para que você exercite cada uma das três regras
expostas.
a) Resuma o parágrafo a seguir a partir da regra de seleção. Lembre-se de eliminar informações óbvias
no contexto.
Abaixo a papelada
Quando se inventou o computador, as previsões davam conta de que o consumo de papel cairia
drasticamente, substituído pela comunicação eletrônica. Na prática, isso não se comprovou — ao
contrário. A difusão crescente dos computadores só fez alimentar o mercado de impressoras, papéis e
cartuchos de impressão.
Revista CartaCapital. São Paulo, Confiança, 5 de novembro de 2003.
b) Resuma o parágrafo a seguir, cancelando informações que são pouco significativas para a
compreensão do restante do texto.
Leãozinho
Sexto filho de seu Zezinho e dona Cano, Caetano Emanuel Vianna Telles Veloso nasceu em Santo
Amaro da Purificação e, desde cedo, compunha canções e se interessava por pintura. No início dos anos
de 1960, sua família mudou-se para a capital baiana. Nessa época, Caetano já estava atraído pela bossa-
nova de João Gilberto. Ao ingressar no curso de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, conheceu Cal
Costa, Tom Zé e Gilberto Gil, com quem realizou os primeiros shows.
Informe publicitário Guia Pão Music. Apoio cultural Folha.
c) Informações específicas podem ser substi¬tuídas por generalizações para que se resuma o próximo
parágrafo.
Um friso. Uma maçaneta cromada. Um farol diferente, uma lanterna traseira comprida, uma grade
nova — e surge um novo estilo, uma nova moda no desenho dos carros. Nos últimos anos, a cópia dos
detalhes estilísticos de cada carro se tornou algo tão frequente que acabou por deixá-los; muito parecidos.
Basta olhar para os novos modelos: faróis com lentes lisas, lanternas nas colunas traseiras e vincos fortes
na carroceria já estão presentes em vários deles [...] Na história dos automóveis, vez por outra surgem
modelos que se transformam em exemplo para toda a geração. Alguns, claro, fracassam, ou apenas
deixam algumas ideias interessantes como legado. Um dos primeiros exemplos da indústria
automobilística foi o Cord, um carrão americano de 1936 com desenho ousado, que alguns comparavam a
uma esfinge. Seus faróis viravam de acordo com o movimento do volante — uma ideia que foi retomada,
agora [...] Ou ainda, o Chrysler Airflou de 1934: com linhas curvas, traseira alongada em forma de gota e
pára-brisa inclinado, foi um fracasso comercial que depois passou a ser venerado como uma das primeiras
iniciativas no desenvolvimento da aerodinâmica.
Fabricio Rocha. Correio Braziliense. Brasíia - Caderno Sobre Rodas, 5/12/2002.
A PONTUAÇÃO
Insiste o Autor em combater a ideia, muito divulgada, de que pontuação é problema de ouvido, que
assinala a pausa e, por isso, dispensa ao escritor os conhecimentos rudimentares de gramática. Bem sabe
que ouvido e gramática estão aqui unidos como dois braços de um abraço; mas o excessivo
privilegiamento que se concede à pausa sobre as relações sintáticas que os termos da frase mantêm entre
si constantemente leva a pessoa a cometer enganos grosseiros no uso da vírgula, muitas vezes com
resultados desastrosos na comunicação adequada da mensagem.
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 25
Uma frase não é um amontoado desordenado de palavras, da mesma forma que um automóvel não
é um amontoado de peças: tudo aí está interligado por força da funcionalidade de seus elementos
constitutivos, que ordena o fundamental e o acessório que a gramática procura descrever, explicitando os
princípios que regem o bom emprego da vírgula e de outros sinais de pontuação.
EvanUdo Bechara, na apresentação do livro A vírgula: considerações sobre o seu ensino e o seu emprego,
de Celso Pedro Luft. São Paulo: Atica, 1996. p.
A pontuação organiza o texto escrito, funcionando como importante elemento de coesão, além de
imprimir nele certas propriedades da língua falada.
Na fala, podemos contar com uma série de recursos para dar eficácia à mensagem, como os
gestos, o tom da voz, a expressão facial, a entoação etc. Enfim, quando falamos, nossa mensagem vem
reforçada por inúmeros recursos que não temos quando escrevemos. Para tentar reproduzir na escrita
alguns dos recursos de que dispomos na fala, contamos com uma série de sinais gráficos denominados
sinais de pontuação.
Se, por exemplo, usássemos só 10% dos neurônios, os outros 90% deveriam servir como espécie
de "reserva".
GALILEU. São Paulo: Globo, n. 139, fev. 2003. p. 7.
• a expressão "por exemplo", que tem função semelhante à de advérbio e papel coesivo indicando
explicação, aparece entre vírgulas, já que é um termo que pode ser deslocado, interferindo, assim, na
ordem do enunciado;
• a oração subordinada adverbial condicional "Se usássemos só 10% dos neurônios", anteposta à oração
principal, vem marcada por vírgula.
E temos o emprego semântico das aspas, ou seja, as aspas interferindo no significado da palavra
"reserva", empregada no texto com valor conotativo (o falante se apropriou de uma palavra normalmente
utilizada em outros contextos).
Dessa forma, os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-vírgula, o
ponto final) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação etc.). Ao mesmo tempo
desempenham importante papel na organização do texto, visto que estão ligados à organização sintática
dos termos na frase e, por isso mesmo, obedecem a certas regras.
Entretanto, existem também razões de ordem subjetiva, ou de estilo, que determinam a pontuação
de um texto. Leia uma passagem inicial do livro Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago:
[...] Num movimento rápido, o que estava à vista desapareceu atrás dos punhos fechados do
homem, como se ele ainda quisesse reter no interior do cérebro a última imagem recolhida, uma luz
vermelha, redonda, num semáforo. Estou cego, estou cego, repetia com desespero enquanto o ajudavam
a sair do carro, e as lágrimas, rompendo, tornaram mais brilhantes os olhos que ele dizia estarem mortos.
Isso passa, vai ver que isso passa, às vezes são nervos, disse uma mulher. O semáforo já tinha mudado
de cor, alguns transeuntes curiosos aproximavam-se do grupo, e os condutores lá de trás, que não sabiam
o que estava a acontecer, protestavam contra o que julgavam ser um acidente de trânsito vulgar, farol
partido, guarda-lamas amolgado, nada que justificasse a confusão. Chamem a polícia, gritavam, tirem daí
essa lata.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p. 12.
É possível afirmar com segurança que esse texto é bem pontuado. O que pode parecer estranho ao
leitor desavisado é, na verdade, uma escolha bastante particular do autor: ele não utiliza a pontuação
convencional do diálogo (nem travessões - a indicação gráfica de que alguém vai se pronunciar -, nem
pontos de exclamação, pontos de interrogação ou reticências - a representação gráfica das emoções dos
personagens). Isso se deve, como dissemos, a uma escolha subjetiva do autor; trata-se de seu estilo.
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 26
Não é uma escolha gratuita, porém. De um lado, as falas incorporam-se à narrativa, como se, com
ela, formassem um todo indissolúvel; a voz do narrador sobrepõe-se a todas as outras e ele assume uma
dura neutralidade em relação às emoções dos personagens. De outro, fica também por conta do leitor a
interpretação sobre a intensidade dessas emoções.
Leia atentamente um trecho de uma entrevista com a banda Pato Eu (observe que se trata da
transcrição de uma conversa, portanto o texto tem as marcas da oralidade):
LSI - Foi intencional isso? Vocês usarem a eletrônica, mas de forma discreta, e não como carro-
chefe... Foi intenção de vocês ou rolou natural?
John - Não, acho que o nosso lance eletrônico era um pouco diferente disso que está agora.
Disponível em: <www.ufsm.br/alternet/5Al/patol.html>. Acesso em: 26 ago. 2006.
Nesse trecho, notamos o emprego do travessão para introduzir as falas; do ponto de interrogação
para finalizar um enunciado interrogativo; reticências indicando uma quebra na fala, característica da
oralidade; vírgulas para separar orações coordenadas; ponto final para encerrar o enunciado de John.
Mas o caso mais interessante é o emprego da vírgula na resposta: a sua ausência mudaria
completamente o sentido do enunciado (Não acho que o nosso lance eletrônico...). Essa vírgula (que
poderia perfeitamente ser substituída por ponto-e-vírgula ou ponto final) isola um termo que se refere ao
enunciado anterior (como se dissesse: - Não foi nossa intenção.); a ausência de pontuação associaria o
advérbio "não" ao enunciado posterior, modificando a forma verbal "acho". Em outras palavras: um
enunciado afirmativo seria transformado em negativo.
Outra consequência muito comum da má pontuação é a ambiguidade. Compare os exemplos
abaixo:
Enquanto o primeiro exemplo produz ambiguidade pelo emprego da palavra "como" (que tanto
poderia ser a l.a pessoa do verbo "comer", como a conjunção equivalente a "da mesma forma que"), o
segundo, devidamente pontuado, permite apenas uma interpretação.
Regras de pontuação
Muitas são as regras de pontuação; também são muitas as possibilidades de uso da pontuação na
construção de um texto, dependendo da intenção de quem escreve e dos aspectos que o autor pretende
ou não realçar. Isso significa que não podemos considerar o conjunto de regras de pontuação como algo
inflexível, muito pelo contrário. Por essa razão, julgamos desnecessário enumerar todas as regras de
pontuação; limitaremos nossa abordagem a alguns lembretes e sugestões.
Sintaxe é a primeira e mais importante regra para a boa pontuação de um texto. O uso da vírgula,
por exemplo, é determinado pela sintaxe. Por isso, pense na gramática e na organização das ideias, evite
a armadilha das construções complexas e das frases longas, leia o texto várias vezes para ter certeza de
que ficou claro e preciso, treine lendo bons autores etc.
PRATICANDO
"Quando eu pedi três meses depois que casasse comigo laia Lindinha não estranhou nem me despediu."
Elipse é uma figura de construção que resulta na omissão de um termo facilmente identificável. Nesta
famosa frase, de um romance de Machado de Assis, a vírgula indica a elipse de um termo. Qual o termo
implícito?
a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade de retenção é variável e muitas vezes
inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.
b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir nossa capacidade de retenção é variável e, muitas vezes,
inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.
c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacidade de retenção é variável e muitas vezes
inconscientemente, deturparmos o que ouvimos.
d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade de retenção, é variável e - muitas vezes
inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.
e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade de retenção é variável - e muitas vezes
inconscientemente - deturpamos, o que ouvimos.
a) Citando o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que entre o nosso povo, quando uma pessoa vê outra
pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe: "Gentes, quem matou seus cachorrinhos?"
b) Citando o dito, da rainha de Navarra, ocorre-me que entre o nosso povo quando, uma pessoa vê outra
pessoa arrufada costuma perguntar-lhe: "Gentes, quem matou seus cachorrinhos?"
d) Citando o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que entre o nosso povo, quando uma pessoa vê outra
pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe: Gentes quem matou seus cachorrinhos?
e) Citando o dito, da rainha de Navarra, ocorre-me, que, entre o nosso povo, quando uma pessoa, vê outra
pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe: "Gentes, quem matou seus cachorrinhos?"
Os dois-pontos (:) do período acima poderiam ser substituídos por vírgula, explicitando-se o nexo entre as
orações pela conjunção:
a) Eu, posto que creia no bem não sou daqueles que negam o mal.
b) Eu, posto que creia, no bem, não sou daqueles, que negam, o mal.
c) Eu, posto que creia, no bem, não sou daqueles, que negam o mal.
d) Eu, posto que creia no bem, não sou daqueles que negam o mal.
e) Eu, posto que creia no bem, não sou daqueles, que negam o mal.
a) Bem te dizia eu, que não iriam a bons resultados as tuas paixões.
b) Bem te dizia eu que, não iriam a bons resultados as tuas paixões.
c) Bem te dizia eu que não iriam a bons resultados, as tuas paixões.
d) Bem te dizia eu que não iriam a bons resultados as tuas paixões.
e) Bem te dizia eu que não iriam, a bons resultados as tuas paixões.
11 (F. Objetivo-SP) "Quando se trata de trabalho científico ... duas coisas devem ser consideradas .... uma
é a contribuição teórica que o trabalho oferece .... a outra é o valor prático que possa ter."
I. A expressão "na verdade", na linha 03, poderia ser escrita entre vírgulas pelo mesmo motivo que estas
foram usadas na linha 05.
II. O uso de dois-pontos após a palavra "de", na linha
II. seria correto, e realçaria a enumeração que segue.
III. A opção pelo uso da vírgula, ao invés de um "e", antes da palavra "estilo", em "carro, namorado,
profissão, estilo" (linhas 11 e 12), sugere que outros itens poderiam ser incluídos na seqüência.
IV. Se a vírgula que segue a palavra "coisas", na linha 23, fosse substituída por um ponto, a autora
imprimiria maior destaque à idéia defendida.
a) um ponto-e-vírgula;
b) uma vírgula.
14. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) que mantém (mantêm) o mesmo sentido do enunciado abaixo.
"A escolha de uma profissão é inevitável. Ela costuma acontecer durante a adolescência. As boas
consequências de uma escolha bem-feita se refletem no sucesso do futuro profissional."
1. A escolha de uma profissão, que é inevitável, geralmente ocorre na adolescência e, quando bem-feita, é
a base do sucesso do futuro profissional.
2. A escolha de uma profissão, que costuma acontecer na adolescência, é inevitável e suas boas
consequências são refletidas no sucesso do futuro profissional.
04. Geralmente acontecendo na adolescência, a escolha de uma profissão, cujas boas conseqüências se
refletem no futuro profissional, é inevitável.
08. As boas consequências de uma escolha bem-feita se refletem onde o adolescente define o sucesso.
16. A escolha de uma profissão na adolescência cujas boas conseqüências são inevitáveis onde há
sucesso, reflete o futuro profissional.
32. A escolha da profissão, cujas boas consequências se refletem no sucesso do futuro profissional, é
inevitável e costuma acontecer na adolescência.
OS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Antes de passar ao emprego dos sinais de pontuação na nossa língua, cabe enumerá-los:
vírgula ,
ponto-e-vírguia ;
dois-pontos :
ponto final .
ponto de interrogação ?
ponto de exclamação !
reticências ...
parênteses ()
aspas ““
travessão
Ponto final
Normalmente não o usamos com a frequência devida. Como você já deve ter observado, a maioria
dos principais autores modernos prefere frases curtas. Os períodos longos geralmente resultam em falta
de clareza e erros de concordância; quanto mais distanciamos um sujeito do verbo, maior a possibilidade
de errar a concordância, pois a tendência é concordar com a palavra mais próxima do verbo.
Observe o estilo de Graciliano Ramos, em Vidas secas, e note que a pontuação está intimamente
ligada à estruturação das frases:
Despedira-se, metera a carne no saco e fora vendê-la noutra rua, escondido. Mas, atracado pelo
cobrador, gemera no imposto e na multa. Daquele dia em diante não criara mais porcos. Era perigoso criá-
los.
RAMOS, Craciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2003.
PONTO E VÍRGULA
É usado para marcar uma pausa maior do que a da vírgula; normalmente é empregado para
separar orações coordenadas, itens de uma relação longa e mudanças de enfoque dentro de um mesmo
período.
Repare como Machado de Assis trabalha o ponto-e-vírgula no fragmento abaixo:
- Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na
cidadã dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não Une dou moça.
MACHADO DE ASSE. Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 2004.
O ponto-e-vírgula é também utilizado para separar vários itens de uma exposição ordenada, comum
na separação de artigos, incisos, alíneas de textos legais ou de considerandos, como você poderá
observar nos exemplos a seguir:
Título I
Dos Princípios Fundamentais
Art 1.°A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II- a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Constituição da República Federativa do Brasil
Considerando:
ASPAS
São usadas para indicar citações, transcrições, gírias, estrangeirismos, neologismos e palavras
utilizadas em sentido não-usual, em frases irônicas:
As reticências servem basicamente para marcar a incompletude de uma frase, indicar suspense,
evidenciar que uma enumeração não é finita, mostrar que a ideia apresentada não foi concluída.
No entanto, a grande característica das reticências é sua forte carga expressiva; por essa razão,
apelamos para uma definição do poeta Mário Quintana, que entende dessas coisas:
Reticências
As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu
caminho...
PARÊNTESES
De acordo com os pesquisadores, a diferença entre o número de problemas registrados nos dois
grupos foi insignificante [...].
VEJA. São Paulo: Abril, ano 39, ed. 1493, ISfev. 2006. p. 65.
TRAVESSÃO
O travessão assinala, principalmente, a mudança de locutor, mas também serve para introduzir um
comentário intercalado numa frase ou ainda uma explicação:
Para regular os relógios no mundo, o International Bureau of Weights and Measures (Escritório
Internacional de Pesos e Medidas), adotou em 1975 o UTC (Coordinated Universal Time - algo como
"tempo coordenado universal") como escala do tempo. Só que o UTC - uma fusão entre o tempo atômico e
o tempo de rotação da Terra - não é 100% preciso.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo: Abril, ed. 209, jan. 2005. p. 37.
EXERCÍCIOS
O ponto de exclamação da primeira sentença acima poderia ser substituído por vírgula, explicitando-se
a relação semântica entre as duas sentenças pela conjunção:
2 (UEM-PR) Em
Quatro inimigas tem a prudência: primeira, precipitação; segunda, paixão; terceira, obstinação; quarta,
vaidade.
(Excerto de A arte de furtar, texto anônimo do século XVII. [1652].Lisboa: INCM, 1991.)
(001) No quadrinho 1, o pronome me refere-se ao nome Bromo; portanto, o sujeito gramatical da oração
pode ser você ou Bromo. indiferentemenle.
(002) O quadrinho 2 apresenta um exemplo de complemento nominal oracional que ele se fez por si só.
(004) O uso de reticências, no quadrinho 2, sinaliza a expectativa de conformidade da tato de Bromo.
(008) Se você é um pronome de tratamento e, como todo pronome te tratamento, representa a 2.ª pessoa,
o correto seria a forma verbal conheceste, em lugar de conhece.
(016) A translineação no quadrinho 1 está correta porque a partição silábica é justificável pela presença de
palavra formada por dígrafo inseparável.
(032) O plural correto de "ele se fez por si só" (quadrinho 2) é eles se fizeram " por si só", ficando a forma
final (em negrito) inalterada.
4. (UFPR)
Quando o grande navio encalhou, já quase chegando a Salvador, ao bater no banco de Santo Antônio,
aproximadamente às 18 horas daquela noite escura e tempestuosa de 5 de maio de 1668, todos a bordo
sabiam que havia poucas chances de sobrevivência. Logo depois, o galeão português Sacramento se
soltou e começou a afundar. Às 23 horas, só restavam destroços na superfície do mar. A bordo estavam
cerca de 600 pessoas, entre tripulantes e passageiros que vinham de Portugal, inclusive o general
Francisco Correia da Silva, designado para o cargo de governador do Brasil. Ele não estava entre os que
se salvaram, cerca de 70 pessoas, principalmente marinheiros e soldados. Foi uma grande tragédia,
lamentada pelos cronistas dos tempos coloniais. Era um navio de guerra português, construído em 1650,
na cidade do Porto, para enfrentar as grandes viagens oceânicas e projetar, além-mar, o poder militar de
Portugal.
(História Viva - Edição n. 20 -jun. 2005.)
5 (PUC-SP)
Leia com atenção o texto abaixo.
Estradas de rodagem
Comparados os países com veículos, veremos que os Estados Unidos são uma locomotiva elétrica;
a Argentina um automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carro de boi.
O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções
tira 10 léguas par dia: nós...
Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a estação das águas, e nos outros 6
meses caminhamos à razão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola e industrial dos americanos
voa para os mercados com a velocidade média de 100 km por hora.
Os trigos e carnes argentinas afluem para os portos em autos e locomotivas que uns 50 km por
hora, na certa, desenvolvem.
As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho,
chegam a salvo com relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, o nosso feijão e a farinha
entram no carro de boi, o carreiro despede-se da família, o fazendeiro coca a cabeça e, até um dia!
Ninguém sabe se chegará, ou como chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está de volta,
quando vê chegar o carreiro.
— Então? Foi bem de viagem?
O carreiro dá uma risadinha.
— Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e...
— E o quê?
—... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar ele.
E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro. Enquanto isso, chove, a farinha
embolara, a rapadura derrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste e ainda aumenta o peso.
LOBATO, M. Obras completas, 14. eá., São Paulo, Brasiliense, 1972, v. 8, p. 74.
Responda à pergunta que se segue, baseada no texto lido, assinalando a alternativa correta.
Monteiro Lobato foi um escritor que, quanto ao uso da língua, sempre questionou a obediência aos
padrões rígidos da gramática e às normas herdadas de Portugal. No texto, há momentos em que ele não
segue as regras de uso da vírgula previstas pela gramática normativa. Assim, observe os fragmentos a
seguir:
I. "As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho,
chegam a salvo com presteza."
II. "Às vezes, pensa o patrão que o veículo já está de volta, quando vê chegar o carreiro."
III. "O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções tira
10 léguas por dia."
6. (PUC-PR)
Um estímulo elétrico numa área precisa do cérebro de quem sofre de obsessões compulsivas e
depressões pode ajudar a conseguir a cura, segundo testes feitos por neurocirurgiões franceses. Uma
equipe do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França acaba de aplicar com sucesso a técnica,
que consiste em instalar eletrodos ao nível "da cabeça do núcleo caudado, situado na metade do cérebro".
A operação, que dura 12 horas é relatada na edição de outubro da revista Journal of Neurosurgery. O
Técnicas de Redação - 2º ano - 2016 36
estímulo elétrico, já usado para aliviar pacientes que sofrem de mal de Parkinson, ajuda a reduzir a
ansiedade de quem sofre de transtornos neurológicos.
Folha de S.Paulo, 30/10/04.
Marque a alternativa correta:
7. (FGV) A regra determinante da pontuação na passagem - "... pois o conhecimento introduziu no mundo
a desobediência, a heresia e as seitas, e a imprensa divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores
governos." - é a mesma que se encontra em:
"O Brasil para ser feliz não tem necessidade de tratados com nação alguma, pois basta somente
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira. libertar o comércio, e franquear seus portos ao
mundo inteiro. O Brasil não precisa desfavores da Inglaterra".
(passagem extraída de Alfredo Bosi, Dialética da Colonização. 3. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 209-210)
Em qual das alternativas esse trecho está pontuado de acordo com a norma culta?
a) O Brasil, para ser feliz, não tem necessidade de tratados com nação alguma, pois basta somente
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio e franquear seus portos ao
mundo inteiro. O Brasil não precisa dos favores da Inglaterra.
b) O Brasil, para ser feliz não tem necessidade de tratados com nação alguma; pois basta, somente,
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio, e franquear seus portos ao
mundo inteiro. O Brasil não precisa dos favores da Inglaterra.
c) O Brasil para ser feliz, não tem necessidade de tratados com nação alguma, pois basta somente
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio, e franquear seus portos ao
mundo inteiro. O Brasil não precisa dos favores da Inglaterra.
d) O Brasil, para ser feliz não tem necessidade, de tratados com nação alguma. Pois basta somente
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio e franquear seus portos ao
mundo inteiro. O Brasil, não precisa dos favores da Inglaterra.
e) O Brasil, para ser feliz não tem necessidade de tratados com nação alguma, pois basta somente
proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio, e franquear seus portos ao
mundo inteiro, o Brasil não precisa dos favores da Inglaterra.
9. (FGV)
O nome dele era Aoitin; o nome dela era Ahy
A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe apanhava as aves que ele matava, ora lhe buscava as
flechas disparadas, e nunca um só sinal de reconhecimento obtinha; quando no fim de seus trabalhos,
Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de manso e com um ramo de palmeira procurava, movendo o ar,
refrescar a fronte do guerreiro adormecido.
MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: Ática, 1997, p. 62-63.
10. (ESPM-SP) Marque a única opção onda no que se refere ao emprego das vírgulas:
a) Além disso a Rússia, tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. o que na prática, toma
inviável uma condenação formal, à ação russa no órgão.
b) Além disso, a Rússia tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, o que, na prática, torna
inviável uma condenação formal à ação russa no órgão.
c) Além disso, a Rússia tem poder, de veto no Conselho de Segurança da ONU o que, na prática torna
inviável, uma condenação formal à ação russa, no órgão.
d) Além disso, a Rússia tem poder de veto, no Conselho de Segurança da ONU, o que, na prática torna
inviável uma condenação formal à ação russa no órgão.
e) Atem disso a Rússia tem poder de veto, no Conselho de Segurança da ONU o que na prática, torna
inviável uma condenação formal à ação russa, no órgão.
11. (IBMEC)
Minha adolescência
A história de minha adolescência é a história de minha doença. Adoeci aos dezoito anos quando
estava fazendo o curso de engenheiro arquiteto da Escola Politécnica de São Paulo. A moléstia não me
chegou sorrateiramente, como costuma fazer, com emagrecimento, febrinha, um pouco de tosse, não: caiu
sobre mim de supetão e com toda a violência, como uma machadada de Brucutu. Durante meses, fiquei
entre a vida e a morte. Tive de abandonar para sempre os estudos. Como consegui com os anos levantar-
me desse abismo de padecimentos e tristezas é coisa que me parece a mim e aos que me conheceram
então um verdadeiro milagre. Aos trinta e um anos, ao editar meu primeiro livro de versos, A Cinza das
Horas, era praticamente um inválido. Publicando-o, não tinha de todo a intenção de iniciar uma carreira
literária. Aquilo era antes o meu testamento - o testamento de minha adolescência. Mas os estímulos que
recebi fizeram-me persistir nessa atividade poética, que eu exercia mais como um simples desabafo dos
meus desgostos íntimos, da minha forçada ociosidade. Hoje vivo admirado de ver que essa minha obra de
poeta menor - de poeta rigorosamente menor - tenha podido suscitar tantas simpatias.
Conto estas coisas porque a minha dura experiência implica uma lição de otimismo e confiança. Ninguém
desanime por grande que seja a pedra no caminho. A do meu parecia intransponível. No entanto, saltei-a.
Milagre?
Pois então isso prova que ainda há milagres.
(Literatura Comentada - Manuel Bandeira. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 113)
Não fosse o uso de um complemento, teríamos exemplo claro de pleonasmo, que poderia ser
descaracterizado como tal por meio de pontuação, em:
a) "Conto estas coisas porque a minha dura experiência implica uma lição de otimismo e confiança."
b) "Aquilo era antes o meu testamento - o testamento de minha adolescência."
c) "... é coisa que me parece a mim e aos que me conheceram então um verdadeiro milagre."
d) "... caiu sobre mim de supetão e com toda a violência, como uma machadada de Brucutu."
e) "Pois então isso prova que ainda há milagres."
12. (UM-SP)
E se baratas, ratos, moscas e mosquitos fossem exterminados? O mundo seria bem menos nojento —
essa é a opinião de muita gente. Mas pense bem: as consequências ruins seriam maiores que as boas.
Lembre-se das aulas na escola sobre equilíbrio ecológico. Baratas, ratos, moscas e mosquitos são elos
fundamentais da cadeia alimentar da qual você também faz parte. Por mais estranha que a ideia possa
parecer, sua vida depende dos pernilongos. Odair Corrêa Bueno dá um exemplo: "Larvas de mosquitos se
alimentam de partículas em suspensão na água e também servem de comida para peixes. Sem essas
larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios e faltaria alimento para os peixes".
Cláudia de Castro Lima
Novas Palavras - Emília Amaral/Mauro Ferreira/Ricardo Silva Leite/Severino Antônio – Ed. FTD
http://www.algosobre.com.br/redacao/texto-dissertativo-argumentativo.html
Para entender o Texto – Platão e Fiorin – Ed. Ática
Sistema SER de ensino Ensino Médio - Ed. Abril
SIM – Sistema de Ensino – Professora Rosemeire Aparecida Alves, Tatiane Brugnerotto Conselvan