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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica


DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO DE ESCOAMENTO REATIVO NO INTERIOR DA CÂMARA DE


EMPUXO DE UM FOGUETE

Rafael Bernardes Ribas Gentile

Projeto de Graduação apresentado ao curso de


Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.

Orientado por: Prof. Albino José Kalab Leiroz

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


SETEMBRO DE 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO DE ESCOAMENTO REATIVO NO INTERIOR DA CÂMARA DE


EMPUXO DE UM FOGUETE

Rafael Bernardes Ribas Gentile

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________
Prof. Albino José Kalab Leiroz

________________________________________________
Prof. Marcelo José Colaço

________________________________________________
Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


SETEMBRO DE 2017
Gentile, Rafael Bernardes Ribas
Simulação de Escoamento Reativo no Interior da Câmara
de Empuxo de um Foguete/ Rafael Bernardes Ribas Gentile. –
Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.
xxvi, 111 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Albino José Kalab Leiroz
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia Mecânica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 97-99.
1. Simulação 2. Escoamento Reativo 3. Câmara de
Empuxo. 4.Câmara de Combustão. 5.Bocal. I. Leiroz, Albino
José Kalab. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Simulação de
escoamento reativo no interior da câmara de empuxo de um
foguete.

v
Agradecimentos

Gostaria de expressar aqui meu sincero e profundo agradecimento:


Ao professor e orientador Albino José Kalab Leiroz pela compreensão, apoio e confiança,
me deixando livre para escolha do tema e me motivando em cada etapa conquistada.
Aos meus colegas da Petrobras André Reinaldo, Luiz Fontenele, Bruno Mitsuo, Ezequiel
Malateaux e todos os outros da gerência na qual estagiei pelo grande auxílio com o projeto
que me forneceram durante meu breve período lá.
A minha mãe Ilza Carla e minha avó Ilza que sempre me apoiaram incondicionalmente
tornando possível este momento.
A minha namorada Naiara pela sua compreensão, paciência e motivação nos momentos
difíceis.
Aos meus amigos Thiago, Luciano e Felipe cujo suporte durante o curso me permitiu
chegar até aqui.
A todos os meus amigos, colegas e professores que não foram citados mas que
contribuíram de alguma forma para a realização desse projeto. Agradeço pela ajuda e
incentivo. Cada um teve um papel especial e tornou possível a conclusão deste projeto.

vii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Simulação de Escoamento Reativo no Interior da Câmara de Empuxo de um Foguete

Rafael Bernardes Ribas Gentile

Setembro/2017

Orientador: Albino José Kalab Leiroz

Curso: Engenharia Mecânica

Desde sua criação, há mais de 1000 anos, os foguetes vêm sendo aprimorados para ir cada
vez mais longe e carregar cargas cada vez maiores. Olhando para o futuro, o espaço é,
atualmente, o nosso limitador físico. Seja para manter a nossa rotina ou para avançar na ciência
é indispensável o uso de foguetes para escapar da gravidade do nosso planeta Neste sentido,
a fluidodinâmica computacional tem caráter fundamental no sentido de aumentar a velocidade
de aperfeiçoamento enquanto concomitantemente reduz o custo de pesquisas.
Tendo em vista que a maioria dos foguetes é constituída de uma câmara de empuxo que
engloba uma câmara de combustão e um bocal de escoamento o presente projeto realizou
simulações numéricas em uma câmara de empuxo baseada no formato e condições da câmara
de empuxo do motor RS-25, o motor do ônibus espacial, mais conhecido como “Space Shuttle
Main Engine”.
Foram analisados velocidade, pressão, temperatura e número de Mach nos principais
pontos do escoamento, notadamente a entrada do bocal de escoamento, a parte mais estreita
do escoamento, conhecida como garganta e a saída do bocal de escoamento.
Para evitar o alto custo computacional que seria gerado ao tentar analisar a geometria
completa da câmara de empuxo, se forçou um padrão periódico circular nas entradas dos
propelentes em torno do eixo principal de escoamento de forma que a geometria pudesse ser
dividida em 10 partes iguais reduzindo o esforço de processamento a apenas 10% do que seria
com a geometria completa.

Palavras-chave: Simulação, Escoamento Reativo, Câmara de Empuxo, Câmara de


Combustão, Bocal.

ix
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Mechanical Engineer.

Simulation of a Reactive Flow Inside the Thrust Chamber of a Rocket

Rafael Bernardes Ribas Gentile

September/2017

Advisor: Albino José Kalab Leiroz

Course: Mechanical Engineering

Since its creation, more than 1000 years ago, rockets have been improved to go further
and carry heavier and heavier loads. Looking to the future, space is our physical limitation.
Whether it is to maintain our routine or to advance in science it is indispensable to use rockets
in order to escape our planet’s gravity. In this sense, computational fluid dynamics has a
fundamental role in order to increase the speed of improvement while concomitantly reducing
the cost of research.
Taking into consideration that the vast majority of rockets consists of a thrust chamber
that includes a combustion chamber and a nozzle, the present project performed numerical
simulations in a thrust chamber based on the shape and conditions of the RS- 25’s thrust
chamber, most known as the "Space Shuttle Main Engine."
Velocity, pressure, temperature and Mach number were analyzed at the main points of
the flow, namely the entrance of the flow nozzle, the narrowest part of the flow known as the
throat and the outlet of the flow nozzle.
To avoid the high computational cost that would be generated by attempting to analyze
the thrust chamber’s full geometry, a circular periodic pattern was forced into the propellant
entrances around the main flow axis so that the geometry could be divided into 10 equal parts
therefore reducing the processing effort to 10% of what it would be with the complete
geometry.

Keywords: Simulation, Reactive Flow, Thrust Chamber, Combustion Chamber, Nozzle.

xi
Índice

1 – INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 1

1.1 – Objetivos _________________________________________________________________1


1.2 – Estruturação ______________________________________________________________1

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 3

2.1 – História dos Foguetes _______________________________________________________3


2.2 – Modelos Atuais ____________________________________________________________6
2.3 – Tipos de Propulsão ________________________________________________________11
2.4 – Princípio de Funcionamento e Estrutura de um Foguete _________________________14
2.5 – Motor de combustível líquido________________________________________________17
2.5.1 – Câmara de Combustão _____________________________________________________17
2.5.2 – Bocal de Escoamento ______________________________________________________18

3 – MODELAGEM MATEMÁTICA _______________________________________ 19

3.1 – Equações de Conservação___________________________________________________19


3.1.1 – Conservação de massa _____________________________________________________19
3.1.2 – Conservação da quantidade de movimento _____________________________________20
3.1.3 – Conservação da energia ____________________________________________________21
3.1.4 – Conservação das espécies___________________________________________________23
3.2 – Modelos de Turbulência ____________________________________________________23
3.3 – Modelos de Combustão _____________________________________________________26
3.4 – Relações Isentrópicas ______________________________________________________27
3.5 – Equação Termodinâmica do Empuxo _________________________________________30
3.6 – Transferência de Calor _____________________________________________________30

4 – DADOS ____________________________________________________________ 33

4.1 – Geometria________________________________________________________________33
4.1.1 – Formato ________________________________________________________________33
4.1.2 – Paredes _________________________________________________________________37
4.1.3 – Entradas ________________________________________________________________41
4.2 – Escoamento ______________________________________________________________44

xiii
4.2.1 – Análise do escoamento do combustível ________________________________________45
4.2.2 – Análise do escoamento do oxidante ___________________________________________46
4.2.3 – Análise da temperatura final dos gases quentes na entrada da câmara de combustão
principal ______________________________________________________________________47
4.3 – Mistura __________________________________________________________________50
4.3.1 – Componentes ____________________________________________________________50
4.3.2 – Cinética e Combustão______________________________________________________54

5 – SIMULAÇÃO _______________________________________________________ 57

5.1 – Geometria e Malha ________________________________________________________57


5.2 – Condições Iniciais e de Contorno _____________________________________________60
5.3 – Métodos e modelos utilizados ________________________________________________63
5.4 – Critérios de Convergência __________________________________________________64
5.5 – Verificação _______________________________________________________________65
5.5.1 – Mach___________________________________________________________________65
5.5.2 – Temperatura _____________________________________________________________66
5.5.3 – Pressão _________________________________________________________________67
5.5.4 – Distribuição de Temperaturas na Parede _______________________________________67

6 – RESULTADOS ______________________________________________________ 69

6.1 – Validação ________________________________________________________________70


6.1.1 – Temperatura _____________________________________________________________70
6.1.2 – Pressão de Estagnação _____________________________________________________71
6.1.3 – Velocidade ______________________________________________________________71
6.2 – Combustão _______________________________________________________________73
6.3 – Mach ____________________________________________________________________76
6.4 – Temperatura _____________________________________________________________80
6.5 – Pressão __________________________________________________________________83
6.6 – Distribuição de Temperaturas na Parede ______________________________________85
6.7 – Velocidades ______________________________________________________________89

7 – CONCLUSÕES______________________________________________________ 93

7.1 – Dificuldades ______________________________________________________________94

xiv
7.2 – Trabalhos Futuros _________________________________________________________95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________ 97


ANEXO I Rockets of The World __________________________________________ 101
ANEXO II Mecanismo de reação para H2 / O2 / N2 / Ar [20] ____________________ 103
ANEXO III Dedução da Distribuição de Temperatura no Interior de uma Parede de
Seção Tranversal Circular ________________________________________________ 105
ANEXO IV Equações do calor específico e entalpia específica para o hidrogênio,
oxigênio e água _________________________________________________________ 109

xv
Lista de Figuras

Figura 2-1 – Representação gráfica da Eolípila [2] _______________________________ 3


Figura 2-2 – Dr. Wernher von Braun em seu escritório na NASA [4]. ________________ 5
Figura 2-3 – Foguetes da Agência Espacial Brasileira [5] __________________________ 6
Figura 2-4 – Foguetes da Agência Espacial Europeia [6] __________________________ 7
Figura 2-5 – Família de foguetes Long March da CNSA. __________________________ 8
Figura 2-6 – Família de foguetes Soyuz [8]. ____________________________________ 8
Figura 2-7 – Lançamento do Ônibus Espacial Atlantis, 1985 [3] ____________________ 9
Figura 2-8 – Comparativo de foguetes dos setores público e privado dos Estados
Unidos [9] (Alterada)._____________________________________________________ 10
Figura 2-9 – Teste do motor a combustível líquido RS-25 [4]______________________ 11
Figura 2-10 –Variação do empuxo com o tempo para diferentes configurações de
combustível sólido. _______________________________________________________ 12
Figura 2-11 – Diferentes tipos de propulsão elétrica [11] _________________________ 13
Figura 2-12 – Representação gráfica de uma vela solar [4] ________________________ 13
Figura 2-13 – Modelo simplificado de funcionamento da câmara de empuxo. _________ 14
Figura 2-14 – Estrutura do foguete Ares I [1] __________________________________ 15
Figura 2-15 – Diagrama dos principais sistemas de um foguete [1] _________________ 16
Figura 2-16 – Desenho esquemático do motor RS-25. [13] ________________________ 17
Figura 2-17 – Representação da câmara propulsão de um foguete movido a
combustível líquido. ______________________________________________________ 18
Figura 3-1 – Volume de controle e posições de interesse. _________________________ 19
Figura 3-2 – Relações entre as razões de área, pressão e temperatura como função do
número de Mach para um escoamento isentrópico em um bocal convergente
divergente [10].__________________________________________________________ 29
Figura 3-3 – Distribuição de temperatura típica nas proximidades e no interior da
parede de uma câmara de empuxo com resfriamento [10]. ________________________ 31
Figura 3-4 – Distribuição de temperatura no interior de uma parede de seção
transversal circular [21] – Adaptado. _________________________________________ 31
Figura 3-5 – Convenções de coordenadas cilíndricas [21]. ________________________ 32
Figura 4-1 – Esboço da construção da geometria 3D da câmara de combustão e do
bocal de escoamento ______________________________________________________ 34
Figura 4-2 – Razão de projeto 𝐴𝐴𝐴𝐴 x 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 – Adaptado [23] ________________________ 36

xvii
Figura 4-3 – Formato do bocal de escoamento para diferentes razões de projeto –
Adaptado [23]. __________________________________________________________ 37
Figura 4-4 – Representação de trechos da seção transversal das paredes da câmara de
combustão e do bocal de escoamento e do sentido de escoamento do hidrogênio e dos
produtos de combustão – Adaptado [27]. ______________________________________ 38
Figura 4-3 – Ilustração indicando os lados considerados quentes e frios – Adaptado
[27]. __________________________________________________________________ 38
Figura 4-4 – Detalhe dos tubos que compõem o bocal de escoamento do motor RS-25
[28] ___________________________________________________________________ 39
Figura 4-5 – Representação da aplicação da lei dos cossenos para definição de 𝑑𝑑𝑑𝑑. _____ 39
Figura 4-6 – Usinagem de furos nos tubos de injeção de combustível na câmara
principal de combustão do RS-25, 1977 [31]. __________________________________ 41
Figura 4-7 – Injetor da câmara de combustão principal do RS-25 [22]. ______________ 42
Figura 4-8 – Placa injetora de combustível e oxidante da câmara de combustão
principal do RS-25 [32]. ___________________________________________________ 42
Figura 4-9– Detalhamento do caminho percorrido pelo hidrogênio e oxigênio no RS-
25 [22] ________________________________________________________________ 44
Figura 4-10 – Detalhe das câmaras de combustão do RS-25 [22].___________________ 45
Figura 4-13 – Calor específico do hidrogênio vs temperatura. _____________________ 50
Figura 4-14 – Calor específico do oxigênio vs temperatura. _______________________ 51
Figura 4-15 - Calor específico da água vs temperatura ___________________________ 51
Figura 4-16 – Entalpia específica do hidrogênio vs temperatura. ___________________ 52
Figura 4-17 – Entalpia específica do oxigênio vs temperatura. _____________________ 53
Figura 4-18 – Entalpia específica da água vs temperatura. ________________________ 53
Figura 5-1 – Distribuição de entradas, usada na simulação. _______________________ 57
Figura 5-2 – Modelo 3D utilizado na simulação ________________________________ 58
Figura 5-3 – Monitoramento da média da temperatura na saída do bocal durante a
convergência de malha. ___________________________________________________ 59
Figura 5-3 – Malha inicial com 70 mil elementos, acima e malha convergida com 510
mil elementos, abaixo. ____________________________________________________ 60
Figura 5-4 – Volume de controle da simulação. _________________________________ 61
Figura 5-5 – Condições de Contorno _________________________________________ 62
Figura 6-1 – Localização do plano de corte em relação às entradas. _________________ 69

xviii
Figura 6-2 – Distribuição da temperatura na seção transversal ao escoamento na
posição 1. ______________________________________________________________ 70
Figura 6-3 – Distribuição da pressão na seção transversal ao escoamento na posição t.
______________________________________________________________________ 71
Figura 6-4 – Distribuição da pressão na seção transversal ao escoamento na posição t.
______________________________________________________________________ 72
Figura 6-5 – Taxa instantânea de liberação de calor pela reação de combustão. ________ 73
Figura 6-6 – Frações mássicas dos reagentes da combustão, hidrogênio e oxigênio,
respectivamente _________________________________________________________ 74
Figura 6-7 – Fração mássica do produto da combustão, água. ______________________ 75
Figura 6-8 –Distribuição do número de Mach na garganta do escoamento e detalhe
mostrando a camada limite, a direita. _________________________________________ 76
Figura 6-9 – Curvas de nível para diferentes números de Mach [24]. ________________ 76
Figura 6-10 –Contorno de velocidade Mach 1.1 próximo à garganta. ________________ 77
Figura 6-11 –Contorno de velocidade Mach 1.0 próximo à garganta. ________________ 78
Figura 6-12 – Distribuição do número de Mach na saída do escoamento. _____________ 78
Figura 6-13 – Número de Mach em escala linear, acima, e em escala logarítmica,
abaixo. ________________________________________________________________ 79
Figura 6-14 – Distribuição da temperatura ao longo do escoamento. ________________ 80
Figura 6-15 – Composição das imagens obtidas para a temperatura e fração mássica
do oxigênio, evidenciando a coalescência da chama em alguns pontos. ______________ 81
Figura 6-16 – Distribuição da temperatura na garganta do escoamento e detalhe
mostrando a queda de temperatura próximo a parede, a direita. ____________________ 81
Figura 6-17 – Distribuição da temperatura na saída do escoamento e detalhe mostrando
a queda de temperatura próximo a parede, a direita. _____________________________ 82
Figura 6-18 – Distribuição da pressão em escala linear, acima, e em escala logarítmica,
abaixo. ________________________________________________________________ 83
Figura 6-19 – Distribuição da pressão na garganta do escoamento. _________________ 84
Figura 6-20 – Distribuição da pressão na saída do escoamento. ____________________ 84
Figura 6-21 – Distribuição de temperatura no interior da parede na posição 1._________ 85
Figura 6-22 – Distribuição de temperatura no interior da parede na região de máximo
gradiente de temperatura, pouco antes da garganta. ______________________________ 86

xix
Figura 6-23 – Distribuição de temperatura no interior da parede na região de mínimo
gradiente de temperatura, saída do bocal de escoamento. _________________________ 86
Figura 6-24 – Valores da temperatura no interior da parede para os pontos 1, 𝑡𝑡 e 2. ____ 87
Figura 6-24 – Distribuição da velocidade na direção 𝑧𝑧, perpendicular ao plano. _______ 89
Figura 6-25 – Distribuição da velocidade na direção axial da câmara de empuxo. ______ 90
Figura 6-26 – Distribuição da velocidade na direção radial, perpendicular às paredes
da câmara de empuxo. ____________________________________________________ 91
Figura III-1 – Convenções de coordenadas cilíndricas [21] _______________________ 105

xx
Lista de tabelas

Tabela 3-1 – Constantes utilizadas pelo software Fluent no modelo de turbulência. ____ 26
Tabela 4-1 – Raios e comprimentos para o formato do motor RS-25 em mm [22]. _____ 35
Tabela 4-2 – Distribuição de entradas em cada círculo [22]. _______________________ 41
Tabela 4-3 – Destino das parcelas do combustível e do oxidante [22]. _______________ 47
Tabela 4-4 – Reação global de combustão do Hidrôgenio com as massas de cada
elemento. ______________________________________________________________ 47
Tabela 4-5 – Valores obtidos para as câmaras de combustão primárias. ______________ 48
Tabela 4-6 – Cálculos do CP para as misturas que saem das câmaras de combustão
primárias. ______________________________________________________________ 48
Tabela 4-7 – Condições do escoamento na entrada da câmara de combustão principal.
______________________________________________________________________ 49
Tabela 4-8 – Entalpias de formação e pesos moleculares do hidrogênio, oxigênio e
água. [33] ______________________________________________________________ 52
Tabela 4-9 – Entalpias dos componentes nas temperaturas de entrada em 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘. ______ 55
Tabela 4-10 – Valores dos termos da equação (3 16) expandida em 𝑘𝑘𝑘𝑘. _____________ 55
Tabela 5-1 – Distribuição de entradas em cada círculo, usada na simulação. __________ 57
Tabela 5-2 – Número aproximado de elementos em cada simulação. ________________ 59
Tabela 5-3 – Condições iniciais para o escoamento laminar._______________________ 61
Tabela 5-4 – Condições de contorno. _________________________________________ 63
Tabela 6-1 – Parâmetros necessários para se obter a distribuição de temperatura ao
longo da parede. _________________________________________________________ 87
Tabela IV-1 – Equações do calor específico e entalpia específica para o hidrogênio ___ 109
Tabela IV -2 – Equações do calor específico e entalpia específica para o oxigênio ____ 110
Tabela IV -3 – Equações do calor específico e entalpia específicapara o oxigênio _____ 111

xxi
Lista de Símbolos

𝐴𝐴 Área de seção transversal ao escoamento


𝐴𝐴1 Área da seção transversal na entrada do bocal de escoamento
𝐴𝐴2 Área da seção transversal na saída do bocal de escoamento
Razão de projeto entre a área da seção transversal do escoamento
𝐴𝐴𝐷𝐷
na garganta e na saída do bocal
𝐴𝐴𝑒𝑒 Fator pré-exponencial
𝐴𝐴𝑓𝑓 Área da face da célula
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 Número de Courant-Friedrichs-Lewy
𝐶𝐶𝑝𝑝 Calor específico a pressão constante
𝐶𝐶𝑣𝑣 Calor específico a volume constante
𝐷𝐷𝑡𝑡 Diâmetro na posição 𝑡𝑡.
𝐷𝐷𝜔𝜔 Difusão cruzada
𝐷𝐷2,𝑖𝑖 Diâmetro interno do bocal de escoamento na posição 2
𝑑𝑑1 Diâmetro do tubo de injeção do oxigênio
𝑑𝑑2 Diâmetro do tubo de injeção do hidrogênio
𝑑𝑑𝑡𝑡 Diâmetro dos tubos de resfriamento
𝐸𝐸 Energia total
𝐸𝐸𝑎𝑎 Energia de ativação de reação química
𝑒𝑒 Energia total por unidade de massa
𝑒𝑒𝑤𝑤 Espessura da parede dos tubos de resfriamento
Função de compressibilidade do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 –
𝐹𝐹(𝑀𝑀∗ )
SST
𝐹𝐹 Força sobre um corpo
𝐹𝐹𝑒𝑒 Força de empuxo exercida sobre o foguete
𝐹𝐹1 , 𝐹𝐹2 Função de associação
𝐺𝐺𝑘𝑘 , 𝐺𝐺𝜔𝜔 Geração de 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔 respectivamente
𝐻𝐻 Entalpia
ℎ Entalpia por unidade de massa
𝐾𝐾 Taxa de reação química
𝑘𝑘𝑡𝑡 Condutividade térmica
𝑘𝑘 Energia cinética turbulenta
𝐿𝐿𝑐𝑐 Distância entre o início da câmara de combustão e a garganta
𝐿𝐿𝑛𝑛 Distância entre o a garganta e a saída do bocal divergente
𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 ou 𝑚𝑚𝑒𝑒 Massa expelida pelo foguete
𝑚𝑚𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 Massa do foguete
𝑚𝑚̇ Fluxo de massa

𝑀𝑀 Massa molecular

𝑀𝑀 Número de Mach médio
𝑀𝑀 Número de Mach
𝑀𝑀∗ Número de Mach turbulento
𝒏𝒏 Vetor normal
𝑛𝑛 Número de mols
𝑛𝑛̇ Número de mols por segundo
𝑝𝑝̅ Pressão média
𝑝𝑝1 Pressão na entrada do bocal de escoamento
𝑝𝑝2 Pressão na saída do bocal de escoamento

xxiii
𝑝𝑝3 Pressão atmosférica
𝑄𝑄 Calor
𝑞𝑞 Calor por unidade de massa
𝑅𝑅 Constante Específica dos gases
𝑅𝑅� Constante universal dos gases
Raios internos do bocal de escoamento nas posições 1, 𝑡𝑡 e 2,
𝑅𝑅1 , 𝑅𝑅𝑡𝑡 , 𝑅𝑅2
respectivamente
𝑅𝑅𝑘𝑘 , 𝑅𝑅𝜔𝜔 , 𝑅𝑅𝛽𝛽 Constantes empíricas do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝑅𝑅𝑒𝑒 Número de Reynolds
𝑅𝑅𝑒𝑒∗ Número de Reynolds turbulento
Menor distância do centro do escoamento até o interior do tubo
𝑟𝑟𝑒𝑒
de refrigeração (parede curva do volume de controle)
Menor distância do centro do escoamento até o exterior do tubo
𝑟𝑟𝑖𝑖
de refrigeração (interior do bocal de escoamento)
𝑟𝑟𝑞𝑞 Velocidade de reação química
𝑆𝑆𝑘𝑘 , 𝑆𝑆𝜔𝜔 Fonte de 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔 respectivamente
𝑇𝑇� Temperatura média
𝑇𝑇𝑎𝑎 Temperatura adiabática de chama
𝑈𝑈 ∗ Energia interna
𝑢𝑢∗ Energia interna por unidade de massa
𝒖𝒖 Vetor velocidade
𝑢𝑢 Módulo do vetor velocidade
𝑢𝑢𝑖𝑖 , 𝑢𝑢𝑗𝑗 , 𝑢𝑢𝑘𝑘 Componentes cartesianas genéricas da velocidade
Componentes cartesianas da velocidade nas direções 𝑥𝑥, 𝑦𝑦 e
𝑢𝑢𝑥𝑥 , 𝑢𝑢𝑦𝑦 , 𝑢𝑢𝑧𝑧
𝑧𝑧, respectivamente.
𝑉𝑉 Volume
Velocidade de exaustão ou velocidade da massa expelida pelo
𝑣𝑣𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 ou 𝑣𝑣𝑒𝑒
foguete
𝑣𝑣𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 Velocidade do foguete
𝑊𝑊 Trabalho
𝑤𝑤 Trabalho por unidade de massa
𝑥𝑥𝑖𝑖 , 𝑥𝑥𝑗𝑗 , 𝑥𝑥𝑘𝑘 Coordenadas cartesianas genéricas
𝑌𝑌𝑘𝑘 , 𝑌𝑌𝜔𝜔 Dissipação de 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔 respectivamente
𝑦𝑦 Distância à parede mais próxima
𝑎𝑎 Velocidade do som

𝛼𝛼0 , 𝛼𝛼1 , 𝛼𝛼∞ Constantes empíricas do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝛼𝛼 ∗ , 𝛼𝛼0∗ , 𝛼𝛼, 𝛼𝛼∞ Parâmetros do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝛼𝛼∞,1, 𝛼𝛼∞,2 Parâmetros do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST

𝛽𝛽𝑖𝑖,1, 𝛽𝛽𝑖𝑖,2, 𝛽𝛽∞ Constantes empíricas do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝛽𝛽, 𝛽𝛽𝑖𝑖 , 𝛽𝛽 ∗ , 𝛽𝛽𝑖𝑖∗ , Parâmetros do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝛾𝛾 Coeficiente de expansão adiabática
𝜀𝜀 Taxa de dissipação
𝜌𝜌 Massa específica
𝜔𝜔 Taxa de dissipação específica
𝜇𝜇 Viscosidade dinâmica
𝜇𝜇 ∗ Viscosidade turbulenta
𝜁𝜁 ∗ , 𝜅𝜅, 𝑀𝑀0∗ Constantes empíricas do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝜎𝜎𝑘𝑘 , 𝜎𝜎𝜔𝜔 Números de Prandtl turbulentos para 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔 respectivamente

xxiv
𝜎𝜎𝑘𝑘,1, 𝜎𝜎𝑘𝑘,2, 𝜎𝜎𝜔𝜔,1 , 𝜎𝜎𝜔𝜔,2 Constantes empíricas do modelo de turbulência 𝑘𝑘-𝜔𝜔 - SST
𝜃𝜃 Espaçamento angular entre dois tubos de resfriamento
Ângulo em relação ao eixo central de escoamento nos pontos 𝑚𝑚
𝜃𝜃𝑚𝑚 , 𝜃𝜃𝑒𝑒
e 𝑒𝑒, respectivamente

xxv
1 – Introdução
Comunicação, sensoriamento remoto, navegação. Essas são algumas das utilidades dos
satélites na atualidade voltadas para o nosso cotidiano. Olhando para o futuro, o espaço é,
atualmente, o nosso limitador físico. Seja para manter a nossa rotina ou para avançar na
ciência é indispensável o uso de foguetes para escapar da gravidade do nosso planeta e
colocar satélites em órbita ou alcançar outros corpos celestes como a Lua, asteroides,
planetas próximos ou outros corpos celestes mais distantes.
Desde sua criação, há mais de 1000 anos, os foguetes vêm sendo aprimorados para ir
cada vez mais longe e carregar cargas cada vez maiores. Neste sentido, a fluidodinâmica
computacional tem caráter fundamental no sentido de aumentar a velocidade de
aperfeiçoamento enquanto concomitantemente reduz o custo de pesquisas, uma vez que
reduz drasticamente a necessidade de criação de protótipos, sendo estes criados apenas para
testar se o resultado computacional final condiz com a realidade.

1.1 – Objetivos
Este projeto tem como objetivo realizar uma simulação computacional do escoamento
reativo do hidrogênio dentro da câmara de empuxo de um foguete, que compreende a câmara
de combustão e bocal de escoamento, tendo como base o motor de foguete a combustível
líquido RS-25, motor do ônibus espacial, popularmente conhecido como Space Shuttle Main
Engine ou SSME. A simulação será utilizada para analisar as características do escoamento,
bem como a distribuição de temperatura ao longo do escoamento e nas paredes internas da
câmara de empuxo.
Algumas simplificações serão feitas para reduzir o esforço computacional e, sempre que
for o caso, serão mencionadas no corpo do projeto.

1.2 – Estruturação
O presente projeto conta com sete capítulos além dos anexos sendo o primeiro capítulo
meramente introdutório apresentando o objetivo proposto.

1
O segundo capítulo faz uma revisão bibliográfica resumida sobre a história dos foguetes
e seus modelos bem como os diferentes tipos de propulsão.
O terceiro capítulo traz a abordagem matemática necessária para o desenvolvimento do
projeto.
O quarto capítulo aborda os dados obtidos parar a realização da simulação além do
tratamento de dados necessário para a utilização dos mesmos.
O quinto capítulo detalha as etapas necessárias para se realizar a simulação proposta
neste projeto enquanto o sexto capítulo relata e discute os resultados obtidos sendo feita a
conclusão no sétimo capítulo.

2
2 – Revisão Bibliográfica

2.1 – História dos Foguetes


De acordo com Taylor [1], há pouco mais de 2000 anos, Heron de Alexandria criou um
mecanismo que chamou de Eolípila (Aeolipile), um dos primeiros mecanismos que se tem
conhecimento a utilizar a terceira lei de Newton, ação e reação, muito antes desta ter sido
enunciada.

Figura 2-1 – Representação gráfica da Eolípila [2]


Este dispositivo possui um reservatório de água que é aquecida até virar vapor que por
sua vez é conduzido aos tubos fixados na esfera fazendo-a girar ao ser expelido. Mesmo sem
saber, Heron estava inventando o primeiro mecanismo com um dos princípios básicos de um
foguete, a conservação do momento.
Décadas depois, os Chineses começaram a experimentar compostos a base de nitrato de
potássio, sulfureto de arsênio, enxofre e carvão, dos quais o sulfureto de arsênio é o único
elemento que não é necessário para se fabricar a pólvora que possui os primeiros relatos de
seu uso por alquimistas apenas alguns séculos a frente.
Mais a frente, chineses começaram a utilizar pólvora para criar projéteis incendiários e,
segundo Turner, por volta da década de 970, Feng Jishen criou o primeiro foguete. Mais
tarde, por volta de 1230, surge o primeiro relato chinês de um foguete sendo utilizado em
batalha contra os Mongóis e, perto do final do século 13, criaram o Huolongjing ou Fire
Dragon Manual, em inglês [3].
A partir de então os foguetes foram atraindo cada vez mais interessados. T.
Przypkowski, Joanes de Fontana e Jean Froissart foram os primeiros Europeus a estudarem

3
sobre foguetes sendo que este percebeu que os foguetes ficavam mais acurados se lançados
de um tubo. Nascia, daí, a bazuca [1].
Em 1591, Johan Von Schmidlap descreveu em seu livro como utilizar bastões para
estabilizar os foguetes bem como a possibilidade de se fazer um foguete de múltiplos
estágios sendo publicado os primeiros desenhos de um foguete multiestágios somente
em1650 por um integrante da artilharia Polonesa [1].
Em 1643, nasceu Sir Isaac Newton vindo a publicar o livro Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica aos 44 anos de idade, permitindo uma melhor compreensão de como
os foguetes funcionavam [1].
Somente em 1696 Robert Anderson publicou um documento sobre como misturar e
moldar combustíveis sólidos para os foguetes. Aproximadamente 30 anos depois, Alemães
e Russos testaram foguetes que poderiam elevar cargas de até 45 quilos e, ao mesmo tempo,
foguetes eram utilizados em operações militares por toda a Europa e Índia [1].
No final do século XIX, com o aprimoramento das armas, os foguetes com suas
pequenas capacidades de carga foram militarmente deixados de lado em detrimento ás
capsulas de largo calibre, dando espaço ao desenvolvimento para fins pacíficos. Este foi o
momento em que surgiram os grandes pioneiros do cenário de foguetes espaciais [3].
Apesar de nunca ter feito experimentos com foguetes, Konstantin Tsiolkovsky (1857 –
1935), um matemático Russo, conhecido hoje como o pai da astronáutica moderna, escreveu
o primeiro livro sobre o assunto, The Exploration of Cosmic Space by Means of Reaction
Devices [1]. Seus escritos, baseados puramente na matemática, versavam, entre outras
coisas, sobre a velocidade de escape, satélites artificiais e viagens espaciais. Tsiolkovsky
identificou a velocidade de exaustão como o parâmetro mais importante e percebeu que
quanto maior a temperatura e menor o peso molecular na exaustão, mais rápida será a
velocidade dos gases e consequentemente do foguete [3].
Hermann Oberth (1894 – 1992), nascido na Romênia, publicou sua tese rejeitada de
doutorado como livro, The Rocket into Planetary Space, em 1923. Seu livro falava sobre a
possibilidade de voos tripulados e o efeito destes voos no corpo humano, entre outras coisas.
Este foi o estopim para a fundação de vários clubes amadores sobre foguetes, sendo o mais
famoso deles, na Alemanha, o Verein für Raumschiffarht (VfR) ou Sociedade para Viagem
Espacial [3].

4
Outro importante ator, nos Estados Unidos, foi Robert Goddard (1882 – 1945). Além
de ter publicado, em 1919, o tratado A Method of Reaching Extreme Altitudes, lhe foram
concedidas 214 patentes, posteriormente compradas pelo governo Americano em 1960. Seu
tratado foi solicitado por Oberth um ano antes deste publicar seu livro [1].
O Polonês Wernher von Braun (1912 – 1977) foi um dos membros do VfR tendo
auxiliado Oberth com os testes de seu foguete a combustível líquido [1]. Assim como outros,
von Braun foi persuadido a continuar suas pesquisas dentro das forças armadas e, durante a
segunda guerra, desenvolveu o foguete V2 que voou da Alemanha até o centro de Londres
[3].

Figura 2-2 – Dr. Wernher von Braun em seu escritório na NASA [4].
Para compreender melhor a importância destes nomes para a história dos foguetes, em
1933 os soviéticos lançaram um foguete que alcançou 400 metros de altura, já o foguete da
Sociedade Interplanetária Americana alcançou apenas 75 metros de altura. Em 1934, von
Braun e sua equipe lançaram dois foguetes que alcançaram quase 2,5 quilômetros de altura,
enquanto um dos foguetes de Goddard rompeu a barreira do som [1].
Ao final da guerra, von Braun, juntamente com outros cientistas nazistas, foi capturado
pelos Americanos se tornando então um dos líderes do programa espacial americano durante
a guerra fria. Tal programa compreendia, entre outros, o projeto Mercury e o programa
Apollo [3].

5
Na Russia, Sergey Korolev (1907 – 1966) liderava o programa espacial soviético
culminando no sucesso dos programas Sputnik e Vostok, que levou o primeiro homem ao
espaço, Yuri Gagarin, além do programa Soyuz. Sua identidade era mantida em segredo e
seus colegas o conheciam apenas como “Chief Designer” [1].
Desde então os foguetes vêm sendo aprimorados cada vez mais com a utilização de
tecnologia de ponta e altos investimentos em pesquisa e inovação no intuito de garantir maior
segurança a seus tripulantes e sua carga bem como reduzir o custo para colocá-los em órbita.

2.2 – Modelos Atuais


Devido à importância da utilização dos satélites bem como do desenvolvimento cada
vez maior de estudos em ambiente de micro gravidade, atualmente vários países possuem
programas espaciais, além de empresas privadas especializadas que começam a entrar neste
mercado.

Agência Especial Brasileira (AEB)

Criada em 1994, a AEB possui em seu histórico de projetos 8 foguetes, sendo o mais
recente e ainda em desenvolvimento o Veículo Lançador de Satélites (VLS) [5].

Figura 2-3 – Foguetes da Agência Espacial Brasileira [5]

6
European Space Agency (ESA)

A ESA, criada em 1975, é uma organização internacional composta por 22 membros,


além dos países com termos de cooperação como o Canadá, por exemplo. Dentre seus
membros estão França, Alemanha, Itália e Reino Unido. Além da ESA, existem ainda outras
agências espaciais na Europa, como por exemplo o Centre National d’Études Spatiales
(CNES) localizado em Paris, França [6].
Atualmente a ESA, em parceria com a agência espacial italiana (Agenzia Spaziale
Italiana - ASI), desenvolve o foguete Vega com previsão de conclusão dos testes para 2018
[6].

Figura 2-4 – Foguetes da Agência Espacial Europeia [6]

China National Space Administration (CNSA)

Estabelecida em 1993, o programa espacial Chinês, com metas agressivas, tem mostrado
avanços impressionantes em sua tecnologia. Suas duas principais metas no momento são a

7
construção da estação espacial chinesa, com seu primeiro módulo a ser lançado antes de
2020 e a coleta de amostras do solo lunar, prevista para 2017 [7].

Figura 2-5 – Família de foguetes Long March da CNSA.

Roscosmos State Corporation (RKA)

Criada em 1931 sob o nome Programa Espacial Soviético, A agência espacial russa foi
a primeira a colocar um satélite em órbita (Sputnik), enviar um homem ao espaço (Yuri
Gagarin), operar uma estação espacial (MIR) e atualmente é a agência que possui a nave
mais bem-sucedida em missões (Soyuz) atuando desde 1967 até os dias atuais [1].

Figura 2-6 – Família de foguetes Soyuz [8].

8
National Aeronautics and Space Administration (NASA)

Criada em 1915 com o nome de National Advisory Committee for Aeronautics (NACA),
a agência espacial americana passou a se chamar NASA em 1958 a partir de quando passou
a ser uma agência civil com intenções pacíficas. Coordenou com sucesso o programa Apollo,
utilizando o foguete Saturn V, conseguindo levar o homem à lua pela primeira vez em Julho
de 1969 e depois mais cinco vezes até 1972. Desde então a agência vem liderando os maiores
avanços na área criando e enviando satélites e sondas e coordenando a construção e
manutenção da Estação Espacial Internacional, com a ajuda do Ônibus Espacial que teve o
fim de seu programa em 2011 após 133 missões bem-sucedidas. O Sucessor do Ônibus
espacial será o Space Launch System (SLS), programado para ter seu primeiro lançamento
em 2018 [4].

Figura 2-7 – Lançamento do Ônibus Espacial Atlantis, 1985 [3]

9
O presente projeto se ateve a citar apenas as principais agências devido à vasta
quantidade destas organizações que possuem seu próprio sistema de lançamento.
Além das agências mencionadas, com a receita de 2014 na indústria de satélites
atingindo a marca de US$203 bilhões, de acordo com a Satellite Industry Association, várias
empresas, como SpaceX e Blue Origin, tem surgido na busca de uma fatia deste mercado,
gerando seus próprios sistemas de lançamento dentro da indústria privada, aumentando cada
vez mais a parte comercial do setor espacial.

Figura 2-8 – Comparativo de foguetes dos setores público e privado dos Estados Unidos
[9] (Alterada).

10
2.3 – Tipos de Propulsão
Apesar de existirem diferentes tipos de propulsão, a maior parte dos motores de foguetes
utiliza um bocal convergente divergente, também conhecido como bocal De Laval, utilizado
para acelerar o gás quente e pressurizado à velocidade supersônica em sua direção axial
convertendo sua energia térmica em energia cinética.
Os principais tipos de foguetes são:

Motor de Combustível Líquido

Classificado como um foguete químico por obter sua energia térmica através da
combustão, o motor de um foguete movido a combustível líquido é composto por uma
câmara de empuxo, que abrange a câmara de combustão e o bocal de escoamento, e os
tanques dos propelentes, além do equipamento necessário para levar os propelentes dos
tanques para a câmara de combustão [3].
Este equipamento dependerá do ciclo de potência do foguete, ou seja, a forma que os
propelentes são entregues à câmara de combustão. Os ciclos de potência podem funcionar
através de gás pressurizado, turbo bombas ou até mesmo com a própria pressão dos
propelentes [10].O presente trabalho não se aprofundará nos ciclos de potência pois este é
um vasto assunto que requer uma atenção especial durante o projeto de um foguete.
Motores de foguete a combustível líquido, por possuírem maior poder calorífico, são os
principais componentes de veículos lançadores pesados [3].

Figura 2-9 – Teste do motor a combustível líquido RS-25 [4]

11
Motor de Combustível Sólido

Os foguetes de combustível sólido também se enquadram na classe de foguetes


químicos, porém liberam menos energia que os foguetes de combustível líquido. Outra
desvantagem deste tipo de foguete é que o controle da reação química é feito apenas pela
geometria do combustível, sendo impossível controlar a combustão [3].
Apesar disso, os foguetes de combustível sólido são bem mais simples que os de
combustível líquido já que não precisam de um sistema para conduzir o combustível até a
câmara de combustão. Além disso, combustíveis sólidos são fáceis de armazenar e
relativamente seguros de se manusear [3].

Figura 2-10 –Variação do empuxo com o tempo para diferentes configurações de


combustível sólido.
Propulsão Elétrica

Os motores de propulsão elétrica adicionam energia ao propelente através de


eletricidade. Esta energia pode ser transferida na forma de dissipação de calor ou através de
um campo elétrico ou magnético para acelerar o fluido, fazendo com que o mesmo atinja
velocidades muito superiores às velocidades atingidas pelos foguetes químicos [3].
Apesar destes motores conseguirem gerar um empuxo por unidade de massa de
propelente (conhecida como Impulso Específico ou Isp) muito superior ao Isp de foguetes
químicos, a quantidade de energia necessária para estes motores funcionarem também é
𝑤𝑤
muito superior, da ordem de 10 𝑚𝑚𝑚𝑚 [10].

12
Isto significa que estes motores, atualmente, não tem a capacidade de colocar um
foguete em órbita, mas devido ao seu alto Isp eles se tornam ótimas opções para manutenção
e correção de órbitas ou, até mesmo, para viagens interplanetárias [3].

Figura 2-11 – Diferentes tipos de propulsão elétrica [11]

Outros tipos

Além destes, outros motores continuam em estudo como o uso de energia nuclear para
gerar energia elétrica ou térmica para o foguete ou aproveitar a energia do Sol na sua forma
térmica ou através da pressão de radiação, utilizada para mover velas solares [1].

Figura 2-12 – Representação gráfica de uma vela solar [4]

13
2.4 – Princípio de Funcionamento e Estrutura de um
Foguete
Apesar dos diferentes modelos existentes atualmente, todos eles se baseiam no princípio
da conservação da quantidade de movimento, ou seja, o foguete expele uma certa quantidade
de massa a uma determinada velocidade em um sentido e, de acordo com o princípio da
conservação da quantidade de movimento, o foguete recebe uma variação de velocidade em
sentido oposto proporcional à razão de sua massa e da massa expelida.
Este princípio pode ser escrito matematicamente da seguinte forma:
𝑚𝑚𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝛥𝛥𝛥𝛥𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑚𝑚𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝛥𝛥𝛥𝛥𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑢𝑢𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 (2-1)
A variação da velocidade da massa expelida (𝑣𝑣𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑣𝑣𝑒𝑒 ) pode ser expressa pela
diferença de pressões entre a saída do bocal e a pressão externa, sendo a pressão externa
denotada por 𝑝𝑝3 e a pressão na saída do bocal denotada por 𝑝𝑝2 , conforme a Figura 2-13.

Figura 2-13 – Modelo simplificado de funcionamento da câmara de empuxo.


O aumento da velocidade do foguete se dá através da força de reação gerada pela
variação do momento linear dos gases que estão sendo expelidos pelo foguete. Esta força
pode ser expressa de acordo com a equação (2-2):
𝑑𝑑𝑚𝑚𝑒𝑒 𝑑𝑑𝑣𝑣𝑒𝑒
𝐹𝐹𝑒𝑒 = 𝑣𝑣𝑒𝑒 + 𝑚𝑚𝑒𝑒 = 𝑚𝑚̇ 𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑒𝑒 + 𝑚𝑚𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑒𝑒̇ (2-2)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑

14
onde 𝑣𝑣𝑒𝑒 é a velocidade da massa expelida, 𝐹𝐹𝑒𝑒 é a força de empuxo gerada pelo foguete e 𝑚𝑚̇ 𝑒𝑒
é a taxa na qual essa massa é expelida.
Podemos reescrever o segundo termo do lado direito da equação (2-2) da seguinte
forma:
𝑚𝑚𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑒𝑒̇ = (𝑝𝑝2 − 𝑝𝑝3 )𝐴𝐴2
De onde podemos finalmente obter a expressão para a equação do empuxo:

𝐹𝐹𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑚𝑚̇𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑒𝑒 + (𝑝𝑝2 − 𝑝𝑝3 )𝐴𝐴2 (2-3)


onde 𝐴𝐴2 é a área da seção transversal do escoamento na saída do bocal.
A equação (2-3), conhecida como equação do empuxo, é de extrema importância para
o desenvolvimento de novos motores de foguetes pois envolve os principais parâmetros
necessários para um novo projeto de foguete em uma equação simples. Esta equação, bem
como sua dedução mais detalhada pode ser encontrada em Sutton & Biblarz [10], Hill &
Petterson [12] e em outros livros sobre propulsão de foguetes.
Apesar do seu princípio de funcionamento ser extremamente simples, os foguetes estão
entre as máquinas mais complexas já construídas pela humanidade. A figura 2-14 [1] mostra
a estrutura do foguete ARES I da NASA detalhando seus vários segmentos.

Figura 2-14 – Estrutura do foguete Ares I [1]

15
Os possíveis sistemas de um foguete são detalhados na figura 2-15 [1] onde é possível
perceber que o sistema de propulsão é apenas um dos vários que existem em um foguete.

Figura 2-15 – Diagrama dos principais sistemas de um foguete [1]


Em resumo, os princípios de funcionamento de um foguete são extremamente simples,
porém, conseguir colocar esses princípios em prática requer muito esforço de engenharia.

16
2.5 – Motor de combustível líquido
Os motores de combustível líquido podem ter variadas configurações e geometrias
dependendo do empuxo gerado que se deseja projetar. Porém, independente da potência
necessária, todos os foguetes movidos por motores de combustível líquido possuem uma
câmara de empuxo formada pela câmara de combustão, um bocal convergente seguido por
um bocal divergente. A câmara de combustão e o bocal convergente do motor RS-25 estão
representados na figura 2-16 pela letra E, logo acima de seu bocal divergente.

Figura 2-16 – Desenho esquemático do motor RS-25. [13]

2.5.1 – Câmara de Combustão


Na câmara de combustão, representada na figura 2-17 como a região do lado esquerdo
da linha vertical pontilhada, são injetados combustível e oxidante para que possa ocorrer a
reação de combustão de forma a converter a energia contida em suas ligações químicas em
energia térmica e cinética. Em outras palavras, a câmara de combustão é a responsável por
acelerar, inicialmente, os gases que serão expelidos, responsáveis pelo empuxo do foguete.

17
Figura 2-17 – Representação da câmara propulsão de um foguete movido a combustível
líquido.

2.5.2 – Bocal de Escoamento


Apesara de a câmara de combustão acelerar os gases que nela entram através da reação
entre combustível e oxidante, a velocidade que os produtos de combustão adquirem ainda é
relativamente pequena comparada com a velocidade necessária para gerar o empuxo de que
o foguete necessita. Desta forma, o bocal de escoamento, composto por uma região
convergente e outra divergente, representado na figura 2-17 como a região do lado direito
da linha vertical pontilhada, acelera ainda mais estes gases fazendo com que atinjam
velocidades muito superior à do som.
Sua parte convergente recebe os produtos da combustão e os acelera até a velocidade do
som, Mach 1, na região mais estreita do bocal de escoamento representada pela letra t na
figura 2-17, conhecida como garganta, throat em inglês. A partir daí, em sua região
divergente, os gases são acelerados até a velocidade final, proporcional à razão da área da
seção transversal do escoamento na garganta pela área da seção transversal do escoamento
na saída do bocal.

18
3 – Modelagem Matemática
Para que a simulação proposta seja possível, é necessário se valer de ferramentas
matemáticas para modelar o problema de maneira adequada. Desta forma, é necessário se
definir as fronteiras do problema através de um volume de controle. A figura 3-1 mostra o
volume de controle utilizado no presente projeto ao qual todas as equações apresentadas
neste capitulo fazem referência.

Figura 3-1 – Volume de controle e posições de interesse.

3.1 – Equações de Conservação


As equações de conservação são o ponto de partida para a realização da simulação.
Através delas os princípios de conservação são escritos matematicamente de forma que
diferentes propriedades do escoamento possam ser obtidas para todos os seus pontos.

3.1.1 – Conservação de massa


O princípio da conservação de massa aplicado a um sistema determina que a massa deste
sistema permaneça constante, independentemente de seu tamanho, forma, o número de
pedaços em que este é dividido ou o intervalo de tempo pelo qual o sistema é observado. A
equação da continuidade expressa esse princípio matematicamente conforme exibido na
expressão (3-1) [12]
𝑑𝑑
� 𝜌𝜌 𝑑𝑑𝑑𝑑 + � 𝜌𝜌𝒖𝒖 . 𝒏𝒏 𝑑𝑑𝑑𝑑 = 0 (3-1)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑠𝑠𝑠𝑠

19
ou, conforme a formulação adotada pelo software utilizado para a simulação [14]
𝜕𝜕𝜌𝜌 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑢𝑢𝑖𝑖
+ =0 (3-2)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑖𝑖
sendo 𝜌𝜌 a massa específica do fluido, 𝑑𝑑𝑑𝑑 uma parcela infinitesimal do volume de controle,
𝑑𝑑𝑑𝑑 uma parcela infinitesimal da superfície de controle, 𝒖𝒖 o vetor velocidade do fluido, 𝒏𝒏 o
vetor normal à superfície 𝑑𝑑𝑑𝑑, 𝑢𝑢𝑖𝑖 componente cartesiana da velocidade e 𝑥𝑥𝑖𝑖 coordenada
cartesiana.
Note que as duas expressões são equivalentes, mudando apenas a forma como são
escritas. Na expressão (3-1) as integrais são avaliadas em seu volume de controle e superfície
de controle respectivamente.

3.1.2 – Conservação da quantidade de movimento


O princípio da conservação da quantidade de movimento determina que em um sistema
mecanicamente isolado sua quantidade de movimento permanece constante, ou seja, se a
quantidade de movimento em uma parcela deste sistema se altera, o restante do sistema
também terá sua quantidade de movimento alterada através de uma força de reação de forma
que a quantidade de movimento de todo o sistema permaneça a mesma [12].
Matematicamente, este princípio é representado pela equação do momento, descrito pela
expressão (3-3) [12]
𝑑𝑑
� 𝐹𝐹 = � 𝜌𝜌𝒖𝒖 𝑑𝑑𝑑𝑑 + � 𝜌𝜌𝒖𝒖(𝒖𝒖 . 𝒏𝒏) 𝑑𝑑𝑑𝑑 (3-3)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑠𝑠𝑠𝑠

ou, conforme a formulação adotada pelo software Fluent [14]


𝜕𝜕𝜌𝜌𝑢𝑢𝑗𝑗 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑢𝑢𝑗𝑗 𝑢𝑢𝑖𝑖
� 𝐹𝐹 = + (3-4)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑖𝑖
em que ∑ 𝐹𝐹 é o somatório de todas as forças que atuam no volume de controle. Estas forças
podem ser forças de superfície, pressão e cisalhamento, ou forças de corpo como a
gravitacional, eletrostática, eletromagnética ou qualquer outra que seja proporcional à massa
ou volume do fluido.
Perceba que para o regime de escoamento permanente, como não há variação das
propriedades ao longo do tempo para um mesmo local no sistema, o primeiro termo do lado
direito das equações (3-3) e (3-4) se anulam tornando a análise destas equações muito mais

20
simples. Na expressão (3-3), as integrais são avaliadas em seu volume de controle e
superfície de controle respectivamente.

3.1.3 – Conservação da energia


A primeira lei da termodinâmica relaciona calor (𝑄𝑄) e trabalho (𝑊𝑊) como interações
entre um sistema e seu ambiente para mudar o estado deste sistema.
Calor é definido como troca de energia entre dois sistemas com diferentes temperaturas
quando estes estão juntos. Apesar de a expressão apropriada ser transferência de energia, é
comum se falar de troca térmica ou de transferência de calor de um corpo mais quente para
um corpo mais frio. Desta forma, o sinal matemático para o calor que entra em um corpo é
positivo e o calor que sai de um corpo é negativo. Deve-se reforçar que o calor não é
armazenável e existe apenas como um processo de interação ou de transferência de energia
entre dois corpos [12].
Se diz que trabalho é realizado por um sistema sobre seu meio quando o único efeito
externo ao sistema poderia ser o levantamento de um peso submetido a um campo
gravitacional. Trabalho realizado por um sistema é, por convenção, positivo e trabalho
exercido sobre um sistema é negativo. Assim como o calor, o trabalho é apenas uma
interação entre corpos e não pode ser armazenado [12].
Desta forma, a primeira lei da termodinâmica aplicada a um volume de controle assume
a forma da equação (3-5) [15]:
𝑄𝑄 = Δ𝐸𝐸 + 𝑊𝑊 (3-5)
em que 𝐸𝐸 é a energia total de um corpo e pode ser expressa satisfatoriamente como [15]:


𝑚𝑚𝑢𝑢2
𝐸𝐸 = 𝑈𝑈 + + 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 (3-6)
2
sendo 𝑈𝑈 ∗ a energia interna do corpo, 𝑔𝑔 a aceleração da gravidade e 𝑧𝑧 a altura em relação a
um referencial. Podemos também expressar a energia em sua forma por unidade de massa
𝐸𝐸
�𝑒𝑒 = 𝑚𝑚� o que nos fornece

𝑢𝑢2
𝑒𝑒 = 𝑢𝑢∗ + + 𝑔𝑔𝑔𝑔 (3-7)
2
em que 𝑢𝑢∗ é a energia interna por unidade de massa do corpo.
Para o volume de controle apresentado na figura 3-1, considerando a taxa de variação
ao longo do tempo, a primeira lei da termodinâmica é escrita como:

21
d𝐸𝐸
= 𝑄𝑄̇ − 𝑊𝑊̇ + 𝑚𝑚̇1 𝑒𝑒1 − 𝑚𝑚̇2 𝑒𝑒2 (3-8)
dt
Podemos dividir o trabalho em duas parcelas em que uma diz respeito à pressão no
fluido ao entrar e sair massa do volume de controle (𝐹𝐹𝐹𝐹) e a outra se refere a todos os outros
tipos de trabalho (𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣 ). Desta forma teremos que:
𝑊𝑊̇ = 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣
̇ + 𝐹𝐹2 𝑢𝑢2 − 𝐹𝐹1 𝑢𝑢1 = 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣
̇ + (𝑝𝑝2 𝐴𝐴2 )𝑢𝑢2 − (𝑝𝑝1 𝐴𝐴1 )𝑢𝑢1 (3-9)
ou simplesmente
𝑝𝑝 𝑝𝑝
̇ + 𝑚𝑚̇ 2 � 2 � − 𝑚𝑚̇ 1 � 1 �
𝑊𝑊̇ = 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣 (3-10)
𝜌𝜌2 𝜌𝜌1
o que nos dá, portanto
d𝐸𝐸 𝑝𝑝1 𝑢𝑢12 𝑝𝑝2 𝑢𝑢22
̇ ̇ ∗
= 𝑄𝑄𝑣𝑣𝑣𝑣 − 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣 + 𝑚𝑚̇1 �𝑢𝑢1 + + ∗
+ 𝑔𝑔𝑧𝑧1 � − 𝑚𝑚̇2 �𝑢𝑢2 + + + 𝑔𝑔𝑧𝑧2 � (3-11)
dt 𝜌𝜌1 2 𝜌𝜌2 2
Sabendo que a entalpia por unidade de massa (ℎ) pode ser escrita como
𝑝𝑝
h = u∗ + (3-12)
𝜌𝜌
chegamos a forma final da equação da energia [15]
d𝐸𝐸 𝑢𝑢12 𝑢𝑢22
̇ ̇
= 𝑄𝑄𝑣𝑣𝑣𝑣 − 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣 + 𝑚𝑚̇1 �ℎ1 + + 𝑔𝑔𝑧𝑧1 � − 𝑚𝑚̇2 �ℎ2 + + 𝑔𝑔𝑧𝑧2 � (3-13)
dt 2 2
que também pode ser escrita na forma integral como [15]
d 𝑢𝑢2
̇ + � �ℎ1 + 1 + 𝑔𝑔𝑧𝑧1 � 𝜌𝜌1 𝑢𝑢1 𝑑𝑑𝑑𝑑
̇ − 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣
� 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌 = 𝑄𝑄𝑣𝑣𝑣𝑣
dt 𝑣𝑣𝑣𝑣 𝑠𝑠𝑠𝑠 2
(3-14)
𝑢𝑢22
− � �ℎ2 + + 𝑔𝑔𝑧𝑧2 � 𝜌𝜌2 𝑢𝑢2 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑠𝑠𝑠𝑠 2
ou, conforme a formulação adotada pelo software utilizado para a simulação [14]
𝜕𝜕𝜌𝜌𝜌𝜌
̇ − 𝑊𝑊𝑣𝑣𝑣𝑣
= 𝑄𝑄𝑣𝑣𝑣𝑣 ̇ + 𝑢𝑢1 (𝜌𝜌𝜌𝜌 + 𝑝𝑝)1 − 𝑢𝑢2 (𝜌𝜌𝜌𝜌 + 𝑝𝑝)2 (3-15)
𝜕𝜕𝜕𝜕
Note que todas as equações são equivalentes entre si e que para o regime permanente o
termo do lado esquerdo da equação se anula. Além disso, algumas outras simplificações
podem ser feitas nas equações para tornar seus cálculos menos trabalhosos. Na expressão
(3-14), as integrais são avaliadas em seu volume de controle e superfície de controle
respectivamente.

22
3.1.4 – Conservação das espécies
O princípio da conservação de espécies determina que o número de átomos de cada
elemento que participa de uma reação química seja constante ao longo desta reação [16].
Desta forma para a reação global de combustão do hidrogênio, (3-16)abaixo,
𝛼𝛼𝐻𝐻2 + 𝛽𝛽𝑂𝑂2 → 𝜆𝜆𝐻𝐻2 𝑂𝑂 (3-16)
teremos, então, as seguintes relações:
𝐻𝐻 𝑂𝑂
2𝛼𝛼 = 2𝜆𝜆 2𝛽𝛽 = 𝜆𝜆

3.2 – Modelos de Turbulência


Um modelo de turbulência é uma equação que relaciona constantes obtidas
empiricamente com as flutuações das variáveis médias de um escoamento. Desta forma, é
possível simular escoamentos turbulentos utilizando modelos de turbulência reduzindo o
esforço computacional que seria necessário para simular o mesmo escoamento com as
equações de Navier-Stokes [17].
Os modelos de turbulência 𝑘𝑘-𝜀𝜀 e 𝑘𝑘-𝜔𝜔 são os dois mais utilizados em simulações por
representarem bem o escoamento, entretanto, ambos os modelos tem suas limitações. O
modelo 𝑘𝑘-𝜀𝜀 representa bem o escoamento turbulento que ocorre acima da camada limite,
porém, conforme se aproxima da parede as equações vão se tornando cada vez mais
instáveis. Por outro lado, o modelo 𝑘𝑘-𝜔𝜔 representa bem o escoamento dentro da camada
limite, mas gera instabilidades ao se afastar dela [17].
Com o intuito de modelar bem o escoamento proposto, optou-se por utilizar o modelo
de turbulência “Shear-Stress Transport 𝑘𝑘-𝜔𝜔”, uma alteração do modelo 𝑘𝑘-𝜔𝜔 que funciona
como o próprio modelo 𝑘𝑘-𝜔𝜔 quando muito próximo da parede e gradualmente se altera para
o modelo 𝑘𝑘-𝜀𝜀 conforme se afasta da parede [17].
Nesta formulação, proposta por Menter [18], as funções de 𝑘𝑘-𝜔𝜔 e 𝑘𝑘-𝜀𝜀 são combinadas
através das funções de associação 𝐹𝐹1 e 𝐹𝐹2 de forma a se obter uma expressão que tenha as
vantagens das duas formulações, tanto próximo a parede quanto distante dela [14]. A função
de associação é dada por [14]:
𝐹𝐹1 = 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡ℎ(ϕ14 ) (3-17)

23
𝐹𝐹2 = 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡ℎ(ϕ22 ) (3-18)
nas quais
√𝑘𝑘 500𝜇𝜇 4𝜌𝜌𝜌𝜌 (3-19)
𝜙𝜙1 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 � , 2 �, �
0.09𝜔𝜔𝜔𝜔 𝜌𝜌𝑦𝑦 𝜔𝜔 𝜎𝜎𝜔𝜔,2 𝐷𝐷𝜔𝜔+ 𝑦𝑦 2

√𝑘𝑘 500𝜇𝜇 (3-20)


𝜙𝜙2 = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 �2 , 2 �
0.09𝜔𝜔𝜔𝜔 𝜌𝜌𝑦𝑦 𝜔𝜔
e
1 1 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 (3-21)
𝐷𝐷𝜔𝜔+ = 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 �2𝜌𝜌 , 10−10 �
𝜎𝜎𝜔𝜔,2 𝜔𝜔 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗

Adicionalmente, as equações do modelo 𝑘𝑘-𝜀𝜀 foram transformadas em equações


baseadas em 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔, o que acarreta na criação de um termo de difusão cruzada (𝐷𝐷𝜔𝜔 ) dado por
[14]:
1 1 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 (3-22)
𝐷𝐷𝜔𝜔 = 2(1 − 𝐹𝐹1 )𝜌𝜌
𝜎𝜎𝜔𝜔,2 𝜔𝜔 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗
A energia cinética turbulenta (𝑘𝑘) e a taxa de dissipação específica (𝜔𝜔) são obtidas das
seguintes equações de transport [14]:
𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜇𝜇𝑡𝑡 𝜕𝜕𝜕𝜕
(𝜌𝜌𝜌𝜌) + (𝜌𝜌𝜌𝜌𝑢𝑢𝑖𝑖 ) = ��𝜇𝜇 + � � + 𝐺𝐺𝑘𝑘 − 𝑌𝑌𝑘𝑘 + 𝑆𝑆𝑘𝑘 (3-23)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑖𝑖 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗 𝜎𝜎𝑘𝑘 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗
e
𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜇𝜇𝑡𝑡 𝜕𝜕𝜕𝜕
(𝜌𝜌𝜌𝜌) + (𝜌𝜌𝜌𝜌𝑢𝑢𝑖𝑖 ) = ��𝜇𝜇 + � � + 𝐺𝐺𝜔𝜔 − 𝑌𝑌𝜔𝜔 + 𝐷𝐷𝜔𝜔 + 𝑆𝑆𝜔𝜔 (3-24)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑖𝑖 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗 𝜎𝜎𝜔𝜔 𝜕𝜕𝑥𝑥𝑗𝑗
onde 𝐺𝐺𝑘𝑘 e 𝐺𝐺𝜔𝜔 , 𝑌𝑌𝑘𝑘 e 𝑌𝑌𝜔𝜔 e 𝑆𝑆𝑘𝑘 e 𝑆𝑆𝜔𝜔 são as gerações, dissipações e fontes de 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔
respectivamente. Além disso, 𝜎𝜎𝑘𝑘 e 𝜎𝜎𝜔𝜔 são os números de Prandtl turbulentos para 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔,
obtidos po [14]:
1 1
𝜎𝜎𝑘𝑘 = (3-25) 𝜎𝜎𝜔𝜔 = (3-26)
𝐹𝐹1 /𝜎𝜎𝑘𝑘,1 + (1 − 𝐹𝐹1 )/𝜎𝜎𝑘𝑘,2 𝐹𝐹1 /𝜎𝜎𝜔𝜔,1 + (1 − 𝐹𝐹1 )/𝜎𝜎𝜔𝜔,2

A viscosidade turbulenta (𝜇𝜇𝑡𝑡 ), a produção de 𝑘𝑘 e a produção de 𝜔𝜔 são dados por [14]:


𝜌𝜌𝜌𝜌 1 𝜕𝜕𝑢𝑢𝑗𝑗 𝜌𝜌
𝜇𝜇𝑡𝑡 = ������
′ ′ 𝐺𝐺𝜔𝜔 = 𝛼𝛼𝛼𝛼 ∗ 𝐺𝐺 (3-29)
𝜔𝜔 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 � 1 , 𝑆𝑆𝐹𝐹2 � (3-27) 𝐺𝐺𝑘𝑘 = −𝑢𝑢𝚤𝚤 𝑢𝑢𝚥𝚥 (3-28)
𝜕𝜕𝑥𝑥𝑖𝑖 𝜇𝜇𝑡𝑡 𝑘𝑘
𝛼𝛼 ∗ 𝛼𝛼1 𝜔𝜔
Os valores de 𝛼𝛼 e 𝛼𝛼 ∗ nas equações (3-27) e (3-29) são obtidos através de:

24
∗ ∗
𝛼𝛼0∗+ 𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝑘𝑘 𝛼𝛼∞ 𝛼𝛼0 + 𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝜔𝜔
𝛼𝛼 = 𝛼𝛼∞ � � (3-30) 𝛼𝛼 = ∗ � � (3-31)
1 + 𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝑘𝑘 𝛼𝛼 1 + 𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝜔𝜔
𝜌𝜌𝜌𝜌 𝛽𝛽
em que 𝑅𝑅𝑒𝑒∗ = 𝜇𝜇𝜇𝜇 é o número de Reynolds turbulento e 𝛼𝛼0∗ = 3𝑖𝑖. Já o valor de 𝛼𝛼∞ é obtido

através de:
𝛼𝛼∞ = 𝐹𝐹1 𝛼𝛼∞,1 + (1 − 𝐹𝐹1 )𝛼𝛼∞,2 (3-32)
onde
𝛽𝛽𝑖𝑖,1 𝜅𝜅 2 𝛽𝛽𝑖𝑖,2 𝜅𝜅 2
𝛼𝛼∞,1 = ∗
− (3-33) 𝛼𝛼∞,2 = ∗
− (3-34)
𝛽𝛽∞ ∗
𝜎𝜎𝜔𝜔,1 �𝛽𝛽∞ 𝛽𝛽∞ ∗
𝜎𝜎𝜔𝜔,2 �𝛽𝛽∞

em que 𝜅𝜅 = 0.41.
Perceba que, quando o número de Reynolds turbulento assume altos valores, teremos

𝛼𝛼 ∗ = 𝛼𝛼∞ = 1 e 𝛼𝛼 = 𝛼𝛼∞ .
A dissipação de 𝑘𝑘 e 𝜔𝜔 é dada pelo seguinte conjunto de equações [14]:
𝑘𝑘 𝜔𝜔
𝑌𝑌𝑘𝑘 = 𝜌𝜌𝛽𝛽 ∗ 𝑘𝑘𝑘𝑘 (3-35) 𝑌𝑌𝜔𝜔 = 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜔𝜔2 (3-36)
𝛽𝛽𝑖𝑖∗ ∗
𝛽𝛽 ∗ = 𝛽𝛽𝑖𝑖∗ [1 + 𝜁𝜁 ∗ 𝐹𝐹(𝑀𝑀∗ )] (3-37) 𝛽𝛽 = 𝛽𝛽𝑖𝑖 �1 − 𝜁𝜁 𝐹𝐹(𝑀𝑀∗ )� (3-38)
𝛽𝛽𝑖𝑖
𝛽𝛽𝑖𝑖 = 𝐹𝐹1 𝛽𝛽𝑖𝑖,1 + (1 − 𝐹𝐹1 )𝛽𝛽𝑖𝑖,2 (3-39)
4
4/15 + �𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝛽𝛽 �
𝛽𝛽𝑖𝑖∗ = 𝛽𝛽∞

� 4 � (3-40)
1 + �𝑅𝑅𝑒𝑒∗ /𝑅𝑅𝛽𝛽 �

onde 𝐹𝐹(𝑀𝑀∗ ) é uma função que leva em consideração os efeitos da compressibilidade, dada
por:

0; 𝑀𝑀∗ ≤ 𝑀𝑀0∗ (3-41)


∗)
𝐹𝐹(𝑀𝑀 = � ∗2 2
𝑀𝑀 − 𝑀𝑀0∗ ; 𝑀𝑀∗ > 𝑀𝑀0∗
2𝑘𝑘
em que 𝑀𝑀∗ 2 ≡ 𝑎𝑎2 e 𝑎𝑎 = �𝛾𝛾𝛾𝛾𝛾𝛾, sendo 𝑎𝑎 a velocidade do som para o fluido em questão e 𝑀𝑀∗

o número de Mach turbulento.

25
As demais constantes deste modelo de turbulência apresentam os seguintes valores [14]:

Tabela 3-1 – Constantes utilizadas pelo software Fluent no modelo de turbulência.


𝜎𝜎𝑘𝑘,1 = 1.176 𝜎𝜎𝑘𝑘,2 = 1.0 𝜎𝜎𝜔𝜔,1 = 2.0 𝜎𝜎𝜔𝜔,2 = 1.168

𝛽𝛽𝑖𝑖,1 = 0.075 𝛽𝛽1,2 = 0.0828 ∗


𝛽𝛽∞ = 0.09
1 ∗
𝛼𝛼0 = 𝛼𝛼1 = 0.31 𝛼𝛼∞ =1
9
𝑅𝑅𝛽𝛽 = 8 𝑅𝑅𝑘𝑘 = 6 𝑅𝑅𝜔𝜔 = 2.95
𝜁𝜁 ∗ = 1.5 𝑀𝑀0∗ = 0.25

3.3 – Modelos de Combustão


Uma reação química de um único passo pode ser representada genericamente através da
expressão [19]:
(3-42)
𝑎𝑎𝑎𝑎 + 𝑏𝑏𝑏𝑏 → 𝑐𝑐𝑐𝑐 + 𝑑𝑑𝑑𝑑
em que 𝐴𝐴, 𝐵𝐵, 𝐶𝐶 e 𝐷𝐷 são os elementos desta reação e 𝑎𝑎, 𝑏𝑏, 𝑐𝑐 e 𝑑𝑑 são os coeficientes de cada
um destes elementos. Os elementos 𝐴𝐴 e 𝐵𝐵 são chamados de reagentes enquanto os elementos
𝐶𝐶 e 𝐷𝐷 são chamados de produtos da reação ou produtos da combustão para o caso de uma
reação de combustão.
Para a reação química da equação (3-42) podemos descrever a cinética da reação através
de [19]
𝑟𝑟𝑞𝑞 = 𝐾𝐾[𝐴𝐴]𝑎𝑎 [𝐵𝐵]𝑏𝑏 (3-43)
onde 𝑟𝑟𝑞𝑞 é a velocidade da reação, 𝐾𝐾 é a taxa da reação e [𝐴𝐴] e [𝐵𝐵] representa a concentração
dos elementos 𝐴𝐴 e 𝐵𝐵, respectivamente.
A taxa da reação pode ser obtida através da Lei de Arrhenius, exibida na expressão
(3-44) [19]
𝐸𝐸
− � 𝑎𝑎 (3-44)
𝐾𝐾 = 𝐴𝐴𝑒𝑒 𝑒𝑒 𝑅𝑅 𝑇𝑇

em que 𝐴𝐴𝑒𝑒 é o fator pré-exponencial, 𝐸𝐸𝑎𝑎 é a energia de ativação da reação e 𝑅𝑅� é a constante
universal do gases.
Desta forma, a equação da cinética química da reação pode ser escrita como [19]:
𝐸𝐸
− � 𝑎𝑎 (3-45)
𝑟𝑟𝑞𝑞 = 𝐴𝐴𝑒𝑒 𝑒𝑒 𝑅𝑅 𝑇𝑇 [𝐴𝐴]𝑎𝑎 [𝐵𝐵]𝑏𝑏

26
Reações químicas, entretanto, normalmente não ocorrem em apenas um passo, podendo
então a equação (3-42) ser escrita como [19]:
(3-46)
𝑎𝑎𝑎𝑎 + 𝑏𝑏𝑏𝑏 → 𝑒𝑒𝑒𝑒 + 𝑓𝑓𝑓𝑓
(3-47)
𝑒𝑒𝑒𝑒 + 𝑓𝑓𝑓𝑓 → 𝑐𝑐𝑐𝑐 + 𝑑𝑑𝑑𝑑
em que 𝐸𝐸 e 𝐹𝐹 são elementos intermediários da reação (3-42), agora chamada de equação
global da reação. As equações (3-46) e (3-47) compõem o mecanismo de reação detalhada
da equação global.
O Anexo II exibe omecanismo de reação detalhada da combustão do hidrogênio possui
mais de vinte passos [20]. Desta forma, para se evitar o elevado custo computacional que
acarretaria avaliar todas as etapas em cada uma das células do domínio, optou-se por utilizar
o modelo de reação global do hidrogênio.
Assim sendo, a reação global de combustão do hidrogênio pode ser escrita como:
1 (3-48)
𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂
2
e a cinética química da reação global de combustão do hidrogênio é descrita como [20]:
2119,615 (3-49)
𝑟𝑟 = 1.8𝑥𝑥1013 𝑒𝑒 𝑅𝑅� 𝑇𝑇 [𝐻𝐻2 ][𝑂𝑂2 ]0.5

3.4 – Relações Isentrópicas


Para um escoamento isentrópico, podemos definir para quaisquer locais 𝑥𝑥 e 𝑦𝑦 ao longo
do eixo central do escoamento as seguintes relações [10]:
𝛾𝛾−1
𝑇𝑇𝑦𝑦 𝑝𝑝𝑦𝑦 𝛾𝛾 𝜌𝜌𝑦𝑦 𝛾𝛾−1
=� � =� � (3-50)
𝑇𝑇𝑥𝑥 𝑝𝑝𝑥𝑥 𝜌𝜌𝑥𝑥
em que 𝛾𝛾 é o coeficiente de expansão adiabático dado por [10]:
𝐶𝐶𝑝𝑝 𝐶𝐶𝑝𝑝
𝛾𝛾 = = (3-51)
𝐶𝐶𝑣𝑣 𝐶𝐶𝑝𝑝 − 𝑅𝑅�
Utilizando a equação (3-50) e sabendo que a temperatura se relaciona com o número de
Mach através de [10]
𝑇𝑇𝑥𝑥0 𝛾𝛾 − 1
=1+ 𝑀𝑀𝑥𝑥 (3-52)
𝑇𝑇𝑥𝑥 2
pode-se facilmente relacionar as pressões e massas específicas em um ponto com seus
respectivos números de Mach, onde

27
𝑢𝑢𝑥𝑥 𝑅𝑅�
𝑀𝑀𝑥𝑥 = 𝑎𝑎 = �𝛾𝛾𝛾𝛾𝑇𝑇𝑥𝑥 𝑅𝑅 =
𝑎𝑎 �
𝑀𝑀
em que 𝑎𝑎 é a velocidade do som, 𝑅𝑅 é a constante específica do gás, 𝑅𝑅� é a constante universal
� é a massa molecular do gás e 𝑇𝑇 0 é a pressão de estagnação que se mantém
do gases, 𝑀𝑀
constante para escoamentos adiabáticos, dada por [10]:
𝑢𝑢2
𝑇𝑇𝑥𝑥0 = 𝑇𝑇𝑥𝑥 + (3-53)
2𝐶𝐶𝑝𝑝
Além disso, podemos relacionar as áreas de duas seções transversais quaisquer do
volume de controle exibido na figura 3-1 com suas velocidades, representadas pelo número
de Mach, através da expressão [10]
𝛾𝛾+1
(𝛾𝛾 − 1) 2 𝛾𝛾−1
𝐴𝐴𝑥𝑥 𝑀𝑀𝑦𝑦 � 1 + 2 𝑀𝑀𝑥𝑥 � (3-54)
= �
𝐴𝐴𝑦𝑦 𝑀𝑀𝑥𝑥 (𝛾𝛾 − 1) 2
1+ 2 𝑀𝑀𝑦𝑦
ou, considerando 𝐴𝐴𝑦𝑦 como 𝐴𝐴𝑡𝑡 onde 𝑀𝑀𝑡𝑡 = 1.0 [10]
𝛾𝛾+1
𝐴𝐴𝑥𝑥 1 2 + (𝛾𝛾 − 1)𝑀𝑀𝑥𝑥2 2(𝛾𝛾−1) (3-55)
= � �
𝐴𝐴𝑡𝑡 𝑀𝑀𝑥𝑥 (𝛾𝛾 + 1)
em que 𝑥𝑥 é uma posição arbitrária ao longo do eixo central do bocal de escoamento.
A figura 3-2 mostra as relações entre razões de áreas, razões de pressões e razões de
temperaturas com o número de Mach para um escoamento isentrópico em um bocal de De
Laval, ou seja, um bocal convergente divergente.

28
Figura 3-2 – Relações entre as razões de área, pressão e temperatura como função do
número de Mach para um escoamento isentrópico em um bocal convergente divergente
[10].
Na figura 3-2 podemos visualizar as relações entre razões descritas matematicamente
nas equações acima, deixando claro a queda bem mais acentuada da pressão com o aumento
do número de Mach.

29
3.5 – Equação Termodinâmica do Empuxo
Se considerarmos o escoamento dentro do volume de controle definido pela figura 3-1
como sendo isentrópico, a equação (2-3) apresentada no capítulo anterior, conhecida como
equação termodinâmica do empuxo, pode ser reescrita da seguinte forma [3]:

𝛾𝛾+1 𝛾𝛾−1
2𝛾𝛾 2 2 𝛾𝛾−1 𝑝𝑝2 𝛾𝛾
𝐹𝐹𝑒𝑒 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴𝑡𝑡 � � � �1 − � � � + (𝑝𝑝2 − 𝑝𝑝3 )𝐴𝐴2 (3-56)
𝛾𝛾 − 1 𝛾𝛾 + 1 𝑝𝑝1

onde 𝛾𝛾 é o coeficiente de expansão adiabática do fluido.


Na forma apresentada na expressão (3-56), a equação do empuxo depende apenas de
suas áreas de seções transversais e das pressões na câmara de combustão e na saída do bocal
de escoamento.
Importante destacar que apesar de não aparecerem na equação (3-56) outros fatores
como fluxo de massa, temperatura ou peso molecular também são de grande relevância para
a força de empuxo gerada, porém estes fatores já estão englobados nas pressões, áreas e
coeficiente de expansão adiabática que formam a equação.

3.6 – Transferência de Calor


A transferência de calor tem um papel crítico no funcionamento de foguetes. Caso o
motor RS-25 não possuísse um sistema de resfriamento, as temperaturas geradas pela
combustão do hidrogênio derreteriam as paredes da câmara de combustão e do bocal de
escoamento levando à uma falha catastrófica do foguete.
Apesar da reação de combustão elevar os gases do escoamento a temperaturas próximas
de 3600 𝐾𝐾, o sistema de resfriamento garante a integridade das paredes permitindo que elas
permaneçam em temperaturas suficientemente baixas de maneira que mantenham sua forma
em estado sólido.
A distribuição de temperaturas no interior da parede e suas proximidades é exibida na
figura 3-3, de onde percebe-se que, devido ao sistema de refrigeração, a temperatura do
escoamento cai drasticamente próximo a parede de forma que a estrutura do foguete
consegue manter-se integra [10].

30
Figura 3-3 – Distribuição de temperatura típica nas proximidades e no interior da parede
de uma câmara de empuxo com resfriamento [10].
Devido à simetria axial da geometria utilizada em câmaras de propulsão, como no caso
do motor RS-25, as coordenadas cilíndricas são as mais apropriadas para analisar a
distribuição de temperaturas ao longo de suas paredes.

Figura 3-4 – Distribuição de temperatura no interior de uma parede de seção transversal


circular [21] – Adaptado.
Desta forma, para uma seção transversal da câmara de empuxo, serão utilizados os
parâmetros indicados na figura 3-4, para avaliar a troca térmica na parede.

31
Figura 3-5 – Convenções de coordenadas cilíndricas [21].
A troca térmica no volume diferencial da figura 3-5, é descrita pela equação do calor,
escrita, em coordenadas cilíndricas, como [21]:
1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
�𝑘𝑘𝑘𝑘 � + 2 �𝑘𝑘 � + �𝑘𝑘 � + 𝑞𝑞̇ = 𝜌𝜌𝑐𝑐𝑝𝑝 (3-57)
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Desta forma, considerando o regime permanente de troca térmica, nenhuma geração de
calor no interior da parede e transferência de calor apenas na direção radial, temos [21]:
1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
�𝑘𝑘𝑘𝑘 � = 0 (3-58)
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Após definir a condutividade térmica como k (𝑇𝑇(𝑟𝑟)) = −A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2 − B𝑇𝑇(𝑟𝑟) + C, integrar a

equação (3-58) duas vezes, aplicar as condições de contorno em 𝑟𝑟1 e 𝑟𝑟2 e algum algebrismo,
mostrado no Anexo III , obtemos a expressão para a distribuição da temperatura no interior
da parede como:
A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟) − 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 − 𝐶𝐶4 = 0
3 2
com
A B
− 3 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − 2 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 � + C�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) �
𝐶𝐶1 = 𝑟𝑟 (3-59)
ln 𝑟𝑟𝑖𝑖
𝑒𝑒

e
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2
𝐶𝐶4 = − − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) − 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑒𝑒 (3-60)
3 2

32
4 – Dados
Para que seja possível fazer a simulação proposta, precisa-se inicialmente buscar os
dados que serão utilizados. Desta maneira, após ser definido que a simulação se basearia no
motor RS-25, procurou-se obter a maior quantidade de dados possíveis de forma que a
simulação se aproximasse do motor em questão. Entretanto, alguns dos dados necessários
não puderam ser obtidos diretamente, assim sendo, foi fundamental analisar as informações
coletadas para poder chegar aos dados exigidos para o início da simulação.
Este capítulo relata todo este trabalho de aquisição e análise das informações de maneira
a se obter os dados indispensáveis para a realização do projeto proposto.
De forma a obter uma melhor organização dos dados obtidos para a simulação proposta
e uma compreensão mais fácil do que eles representam, todos os dados coletados foram
divididos em dados geométricos, dados do escoamento e dados da mistura.
No presente projeto, a seção “Geometria” se preocupa apenas com o formato do
escoamento, como ele é inserido na câmara de combustão bem como o formato e
propriedades da parede da câmara de combustão e bocal de escoamento.
A seção “Escoamento” detalha quanto de cada componente entra na câmara de
combustão enquanto a seção “Mistura” se preocupa com as propriedades de cada um dos
elementos da mistura.

4.1 – Geometria
Para podermos realizar a simulação da combustão e escoamento, é necessário saber qual
o formato geométrico do escoamento e as características de suas fronteiras. Estas fronteiras
incluem as paredes do escoamento, entradas de combustível e oxidante e a saída dos produtos
da combustão pelo bocal de escoamento para o ambiente, que será abordada apenas nas
condições de contorno.

4.1.1 – Formato
O formato interno da câmara de combustão e do bocal de escoamento foram definidos
com base em informações retiradas do material disponibilizado pela Rocketdyne [22], o
relatório 1104 publicado pela NASA em 1983 [23] e os artigos de Gadicherla Rao [24, 25].

33
Gadicherla Rao se dedicou a estudar, dentre outras coisas, formatos para bocais de
escoamento que otimizassem o empuxo gerado por eles. Em um de seus artigos [24] ele
detalha como obter um contorno parabólico que otimiza este empuxo e afirma que a junção
entre a parte convergente e a parte divergente deve ser feita através de dois arcos de
circunferência medindo 1.5𝑅𝑅𝑡𝑡 e 0.45𝑅𝑅𝑡𝑡 .
É possível obter um contorno aproximado do otimizado por Rao de forma prática se
tivermos todos os dados necessários indicados na figura 4-1abaixo [25]:

Figura 4-1 – Esboço da construção da geometria 3D da câmara de combustão e do bocal


de escoamento

onde 𝑅𝑅1 , 𝑅𝑅𝑡𝑡 e 𝑅𝑅2 são os raios em relação ao eixo central no início da câmara de combustão,
na garganta do bocal e na saída do bocal, respectivamente, 𝐿𝐿𝑐𝑐 e 𝐿𝐿𝑛𝑛 são os comprimentos do
início da câmara de combustão até a garganta do bocal e da garganta do bocal até a saída do
bocal, respectivamente e 𝜃𝜃𝑚𝑚 e 𝜃𝜃𝑒𝑒 são os ângulos em relação ao eixo central nos pontos 𝑚𝑚 e
𝑒𝑒, respectivamente.
Uma vez que se possuam estes dados, pode-se construir uma parábola seguindo os
passos a seguir:

– Partindo do ponto 𝑒𝑒, a reta 𝑞𝑞𝑞𝑞


��� é traçada com inclinação 𝜃𝜃𝑒𝑒 em relação ao eixo do bocal;
– Partindo do ponto 𝑚𝑚, a reta 𝑚𝑚𝑚𝑚
���� é traçada com inclinação 𝜃𝜃𝑚𝑚 em relação ao eixo do bocal,
tangente ao arco de raio 0.45𝑅𝑅𝑡𝑡 ;
– Divide-se as retas 𝑚𝑚𝑚𝑚
���� e 𝑞𝑞𝑞𝑞
��� em um número arbitrário de partes iguais. No presente projeto,
estas retas foram divididas em dez trechos gerando nove pontos, sendo estes numerados
de 1 a 9 com o subscrito 𝑚𝑚 para os pontos da reta 𝑚𝑚𝑚𝑚
���� e subscrito 𝑒𝑒 para os pontos da reta
𝑞𝑞𝑞𝑞
��� (1𝑚𝑚 , 2𝑚𝑚 , … , 9𝑚𝑚 , 1𝑒𝑒 , 2𝑒𝑒 , … , 9𝑒𝑒 ).
�������
– Traça-se as retas 1 ������� �������
𝑚𝑚 1𝑒𝑒 , 2𝑚𝑚 2𝑒𝑒 , …, 9𝑚𝑚 9𝑒𝑒 ;

34
– As retas traçadas no passo anterior são utilizadas como um envelope da parábola, sendo
esta tangente a todos os segmentos 𝚤𝚤������.
𝑚𝑚 𝚤𝚤𝑒𝑒

Com esta técnica em mãos, basta obtermos os dados necessários para finalmente
conseguirmos o formato da câmara de empuxo a ser utilizado na simulação.
A tabela 4-1, em milímetros, apresenta algumas das informações necessárias que foram
extraídas da apresentação da Rocketdyne [22]

Tabela 4-1 – Raios e comprimentos para o formato do motor RS-25 em mm [22].


𝑅𝑅1 𝑅𝑅𝑡𝑡 𝑅𝑅2

225.298 138.21 1146.81


𝐿𝐿𝑐𝑐 𝐿𝐿𝑛𝑛
373,38 3073,4
𝑅𝑅2 𝐴𝐴2 𝐿𝐿𝑛𝑛
(√𝜀𝜀) (𝜀𝜀)
𝑅𝑅𝑡𝑡 𝐴𝐴𝑡𝑡 2𝑅𝑅𝑡𝑡
8.2975 68.849 11.1213
𝐴𝐴2
Nesta tabela, 𝜀𝜀 é o valor de para o bocal truncado do RS-25, o que significa que seu
𝐴𝐴𝑡𝑡
𝐴𝐴
valor projetado, � 𝐴𝐴2 � , ou, simplesmente, 𝐴𝐴𝐷𝐷 , é maior do que o apresentado na tabela 4-1.
𝑡𝑡 𝐷𝐷

A razão de projeto, 𝐴𝐴𝐷𝐷 , representa a razão para a qual se obtém um escoamento paralelo e
uniforme para bocais parabólicos. Como estes bocais se estendem bastante para adquirir este
comportamento paralelo, quase sempre se opta por truncar o bocal em algum ponto onde
𝜀𝜀 < 𝐴𝐴𝐷𝐷 de forma que o escoamento seja quase paralelo, sem grandes prejuízos para o
empuxo gerado. Maiores detalhes sobre onde truncar o bocal podem ser encontrados no
relatório 1104 da NASA [23].
De posse das informações contidas na tabela 4-1, podemos consultar a figura 4-2para
obter a razão de projeto 𝐴𝐴𝐷𝐷 de onde obtemos, através de interpolação linear:
𝐴𝐴𝐷𝐷 = 109.6721
Para extrair os dados da figura 4-2 e das demais, quando necessário, fez-se uso da
ferramenta WebPlotDigitizer [26] disponibilizada gratuitamente em seu website na internet.

35
𝐿𝐿
Figura 4-2 – Razão de projeto 𝐴𝐴𝐷𝐷 x 𝐷𝐷 – Adaptado [23]
𝑡𝑡

Com o valor de 𝐴𝐴𝐷𝐷 em mãos, podemos utilizar a figura 4-3 para se obter os ângulos 𝜃𝜃𝑚𝑚
e 𝜃𝜃𝑒𝑒 através de interpolações lineares entre as curvas em que 𝐴𝐴𝐷𝐷 = 100 e 𝐴𝐴𝐷𝐷 = 180.
𝑋𝑋 𝐿𝐿𝑛𝑛
Para o valor 𝑅𝑅 = e escolhendo um Δ𝑥𝑥 = 0.1, obtemos Δ𝑦𝑦 = 0.0115 e, portanto:
𝑡𝑡 𝑅𝑅𝑡𝑡

𝜃𝜃𝑒𝑒 = 6.560
𝑋𝑋
Já para 𝑅𝑅 = 0.2 e escolhendo um Δ𝑥𝑥 = 0.1, obtemos Δ𝑦𝑦 = 0.071 e, portanto:
𝑡𝑡

𝜃𝜃𝑚𝑚 = 35.370

36
Figura 4-3 – Formato do bocal de escoamento para diferentes razões de projeto –
Adaptado [23].
Com todos os dados em mãos, finalmente podemos desenhar o formato da câmara de
combustão e do bocal de escoamento, conforme a figura 4-1.
Uma variação no valor de gamma (𝛾𝛾) ou pequenas mudanças no formato da garganta
não provocam alterações consideráveis no contorno do bocal [25]. Desta forma, apesar do
gráfico utilizar 𝛾𝛾 = 1.2, para o presente projeto, os dados serão considerados válidos para a
geometria da simulação.

4.1.2 – Paredes
A câmara de combustão e o bocal de escoamento são formadas por tubos, que conduzem
hidrogênio líquido, para resfriá-los de forma a garantir sua integridade estrutural. A troca
térmica ocorre em contra fluxo, uma vez que o hidrogênio flui no sentido contrário ao do
escoamento que ocorre dentro da câmara de empuxo [22].

37
Figura 4-4 – Representação de trechos da seção transversal das paredes da câmara de
combustão e do bocal de escoamento e do sentido de escoamento do hidrogênio e dos
produtos de combustão – Adaptado [27].
A figura 4-4 representa, de forma simplificada, seções transversais das paredes da
câmara de combustão e do bocal de escoamento e também exemplifica a troca térmica em
contra fluxo apontando o sentido dos escoamentos.
Levando em consideração que o fluxo de hidrogênio dentro dos tubos é o responsável
por retirar o calor dos produtos de combustão, optou-se por não realizar a simulação da troca
térmica que ocorre entre o escoamento de hidrogênio e o meio externo, reduzindo o esforço
computacional da simulação. Desta forma, a análise da troca térmica se restringirá apenas à
seção do tubo entre o lado do escoamento dos produtos de combustão, chamado daqui em
diante de lado quente ou interno, e o lado do escoamento do hidrogênio de resfriamento,
chamado daqui em diante de lado frio ou externo, ambos exemplificados na figura 4-5.

Figura 4-5 – Ilustração indicando os lados considerados quentes e frios – Adaptado [27].
Podemos ver na figura 4-6 o interior do bocal de escoamento do motor RS-25,
mostrando os tubos utilizados para criar o contorno do bocal e para escoar o hidrogênio de
resfriamento do motor.

38
Figura 4-6 – Detalhe dos tubos que compõem o bocal de escoamento do motor RS-25 [28]
O bocal de escoamento é composto em sua parte interna por 1080 tubos brazados entre
si moldando o formato interno do bocal. Podemos concluir que o espaçamento angular entre
360
dois tubos é 𝜃𝜃 = 1080 ≅ 0.330 . Sabendo que em sua saída o bocal possui um diâmetro 𝐷𝐷2,𝑖𝑖 =

2293.62 𝑚𝑚𝑚𝑚 [22] obtemos, através da lei dos cossenos, o valor do diâmetro externo de cada
tubo como 𝑑𝑑𝑡𝑡 = 6.6719 𝑚𝑚.

Figura 4-7 – Representação da aplicação da lei dos cossenos para definição de 𝑑𝑑𝑡𝑡 .
Para o presente projeto, assumiu-se que a espessura da parede de cada um dos tubos que
conduzem o hidrogênio de resfriamento possui aproximadamente ¼ de seu diâmetro externo
e, portanto, possui um valor de 𝑒𝑒𝑤𝑤 = 1.5 𝑚𝑚𝑚𝑚.

39
Os tubos que compõem o bocal de escoamento são feitos de aço inoxidável enquanto
que os da câmara de combustão são constituídos da liga North American Rockwell alloy z
(NARloy-Z) [22], com o cobre responsável por 96.6% de sua massa, a prata por 3% e o
zircônio pelos 0.4% restantes [29].
Para a simulação, optou-se por utilizar apenas um material em todos os tubos sendo
escolhido o NARloy-Z, uma vez que a câmara de combustão possui em seu interior
condições mais críticas em comparação com o bocal de escoamento.
O relatório 198529 da NASA [30] fornece alguns pontos para a condutividade térmica
da liga NARloy-Z em função da temperatura. Através destes pontos, obtemos a função da
𝑊𝑊
equação (4-1) em �𝑚𝑚.𝐾𝐾� para os valores da condutividade térmica desta liga.

k t = −7.48786𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇 2 − 2.29529𝑥𝑥10−2 𝑇𝑇 + 370.246 (4-1)

40
4.1.3 – Entradas
O hidrogênio e oxigênio líquido entram na câmara de combustão através de 600 furos
distribuídos em 13 círculos concêntricos separados entre si por 16.1 mm de distância. Cada
um destes círculos possui um número crescente de entradas a medida que o círculo se afasta
do centro, conforme detalhado na tabela 4-2. Nesta tabela, o círculo de número 1 é o mais
próximo do centro e o de número 13 é o mais afastado [22].

Tabela 4-2 – Distribuição de entradas em cada círculo [22].


Círculo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Entradas 7 14 21 26 32 40 45 50 60 65 75 80 85

Esta configuração foi feita com o intuito de se obter uma dispersão homogênea do
combustível e oxidante ao longo da placa injetora da câmara de combustão principal.

Figura 4-8 – Usinagem de furos nos tubos de injeção de combustível na câmara principal
de combustão do RS-25, 1977 [31].
Cada entrada é composta por dois tubos coaxiais sendo o oxigênio injetado pelo tubo
interno e o hidrogênio pelo tubo externo.

41
Figura 4-9 – Injetor da câmara de combustão principal do RS-25 [22].
Da figura 4-10 é possível obter o valor do diâmetro do tubo coaxial externo como 𝑑𝑑2 =
10.3188 𝑚𝑚𝑚𝑚. Para a finalidade deste projeto, considerou-se que as áreas transversais dos
dois tubos coaxiais são iguais e, portanto, o diâmetro do tubo interno é 𝑑𝑑1 =
7.2965 𝑚𝑚𝑚𝑚.

Figura 4-10 – Placa injetora de combustível e oxidante da câmara de combustão principal


do RS-25 [32].
Além disso, a placa injetora é construída com uma técnica conhecido como RigiMesh
que permite a transpiração de gases de baixa densidade, como o hidrogênio. Devido a esta

42
capacidade, o hidrogênio de resfriamento é injetado na câmara de combustão através da
parede da placa injetora de forma a resfriá-la e garantir sua integridade estrutural [32].
Com o intuito de reduzir o esforço computacional, considerou-se que o oxigênio entra
na câmara de combustão através de tubos de raio 𝑑𝑑1 /2 , e que o hidrogênio de resfriamento
e os gases quentes, explicados em breve, entram de forma distribuída pelo resto da placa de
injeção. Esta decisão implica em cortar o número de entradas pela metade diminuindo
consideravelmente o refinamento necessário na entrada dos propelentes o que
consequentemente, reduz a quantidade de elementos utilizados na simulação e o esforço
computacional.

43
4.2 – Escoamento
O motor RS-25 possui uma estrutura extremamente complexa com turbo bombas de alta
e baixa pressão, acumuladores de pressão, câmaras de pré-combustão, entre outros
componentes. Devido a esta complexidade a simulação se limitará apenas ao escoamento
dentro da câmara de combustão e seu bocal de escoamento, estimando os dados necessários
para a simulação a partir do arquivo “Space Shuttle Main Engine Orientation”,
disponibilizado pela Rocketdyne Propulsion & Power [22].

Figura 4-11– Detalhamento do caminho percorrido pelo hidrogênio e oxigênio no RS-25


[22]
Conforme podemos ver na figura 4-11, parte do oxigênio e do hidrogênio são queimados
em câmaras de pré-combustão, fornecendo assim o que será injetado na câmara de
combustão principal como “Hot gas”, gases quentes. As câmaras de pré-combustão são
responsáveis por obter a potência necessária para bombear o combustível e o oxidante por
todo o sistema até a câmara de combustão principal. Pela imagem, podemos perceber a
quantidade de combustível e oxidante que entram nas câmaras de pré-combustão do
combustível (FPB) e do oxidante (OPB), bem como na câmara principal de combustão.

44
A seguir é detalhado o caminho que ambos os fluidos percorrem até chegar na câmara
de combustão. As analises serão feitas em libras para permitir um fácil acompanhamento do
texto utilizando a figura 4-11. Todos os dados foram retirados do arquivo “Space Shuttle
Main Engine Orientation” [22]. Quando houveram dados conflitantes, foi dada preferência
aos dados das seções específicas de cada componente do motor.

Figura 4-12 – Detalhe das câmaras de combustão do RS-25 [22].

4.2.1 – Análise do escoamento do combustível


O caminho do hidrogênio se inicia na turbo bomba de baixa pressão do combustível,
onde entram 155 libras de hidrogênio. O combustível segue para a turbo bomba de alta
pressão de onde ele sai a quase 6000 psia. O escoamento é então ramificado em 3 partes.
No primeiro caminho, 29 libras de hidrogênio resfriam a câmara de combustão principal
e depois seguem novamente para a turbo bomba de baixa pressão, dessa vez para acioná-la.
A partir daí 0.73 libras do combustível são extraídos para pressurizar o tanque externo de
combustível e o restante é utilizado para resfriar as câmaras de pré-combustão e depois
finalmente são injetados na câmara de combustão principal.
Em um segundo caminho, 46.6 libras de hidrogênio são utilizadas para resfriar o bocal
de escoamento e depois se unem com as 72.2 libras do terceiro caminho de onde seguem

45
para as câmaras de pré-combustão com 77.7 libras indo para a pré-combustão do hidrogênio
e 41.1 libras indo para a câmara de pré-combustão do oxigênio.
Para completar as 155 libras que entraram no sistema, ainda restam 7.2 libras que não
tiveram seu caminho especificado. Desta forma, assumiu-se que elas foram utilizadas em
algum processo e não foram inseridas na câmara de combustão principal.

4.2.2 – Análise do escoamento do oxidante


Assim como o hidrogênio, o oxigênio também não teve especificado o caminho de toda
a massa que entrou no sistema, dessa forma, novamente foi considerado que a massa restante
foi utilizada em algum processo como o acumulador de pressão ou a pressurização do tanque
externo de oxidante.
Como o percurso do oxigênio tem muito mais ramificações que o do hidrogênio, serão
comentados apenas os caminhos que levam à câmara de combustão principal.
O percurso do oxigênio se inicia na turbo bomba de baixa pressão do oxidante onde
entram 935 libras e saem 1122 libras se misturando com 187 libras de oxigênio que foram
utilizadas para acionar esta turbo bomba. Dalí ele segue para a turbo bomba de alta pressão
do oxidante que eleva sua pressão a 4045 psia. A partir deste ponto, o percurso se divide em
um escoamento principal e várias ramificações.
O escoamento principal segue para a câmara principal de combustão entregando 839
libras de oxigênio a 2865 psia. Dentre as várias ramificações, uma delas leva 91.8 libras de
oxidante à uma pequena bomba localizada abaixo da turbo bomba de alta pressão do oxidante
que aumenta a pressão do fluido para 6970 psia e entrega 24.9 libras para a câmara de pré-
combustão do oxidante e 66.9 libras para a câmara de pré-combustão do combustível.
Em resumo, o oxidante e o combustível que entram são divididos em quatro partes. A
primeira segue direto para a câmara de combustão principal, duas outras são entregues às
câmaras de pré-combustão do oxidante e do combustível e a pequena parte restante é
utilizada em outros processos relevantes ao funcionamento do motor. A tabela 4-3 enumera,
em quilogramas, cada uma dessas partes.

46
Tabela 4-3 – Destino das parcelas do combustível e do oxidante [22].
H2 [kg] O2 [kg] Destino
Entrada
70.3068 424.1090 Turbo Bomba de Baixa Pressão
Saída
12.8231 380.5640 Câmara de Combustão Principal
18.6426 11.2944 Câmara de Pré-Combustão do Oxidante
35.2441 30.3453 Câmara de Pré-Combustão do Combustível
3.5970 1.9053 Outros Processos

4.2.3 – Análise da temperatura final dos gases quentes na


entrada da câmara de combustão principal
A reação global de combustão do hidrogênio é dada por:
1
𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 (4-2)
2

Sabendo os pesos moleculares dos componentes da equação (4-2) podemos concluir a


quantidade em massa de cada um de seus componentes para a reação balanceada.

Tabela 4-4 – Reação global de combustão do Hidrôgenio com as massas de cada


elemento.
Equação 2𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 → 2𝐻𝐻2 𝑂𝑂
mols 2 1 2
g 4.03176 31.9988 36.03056

Logo, a proporção estequiométrica entre oxigênio e hidrogênio é de 7.937 𝑘𝑘𝑔𝑔𝑂𝑂2 : 1𝑘𝑘𝑔𝑔𝐻𝐻2 .


De posse dessa proporção, podemos então calcular a composição dos gases quentes que saem
na câmara de combustão principal.

47
Tabela 4-5 – Valores obtidos para as câmaras de combustão primárias.
Entrada Saída

𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻2 Total


𝑘𝑘𝑘𝑘
� � 35.2441 30.3453 34.1687 31.4207 65.5894
𝑠𝑠
FPB
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
� � 17.4832 0.9483 1.8967 15.5866 17.4832
𝑠𝑠
𝑘𝑘𝑘𝑘
� � 18.6426 11.2944 12.7175 17.2196 29.9371
𝑠𝑠
OPB
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
� � 9.2479 0.3530 0.7059 8.5420 9.2479
𝑠𝑠

Utilizando o modelo de Dalton, o calor específico a pressão constante (Cp) dos gases
quentes que saem de cada uma das câmaras pode ser calculado pela expressão (4-3)abaixo.
𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝑂𝑂
𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = (4-3)
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
onde 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝑚𝑚𝐻𝐻2 + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝑂𝑂 .
Para avaliar a temperatura dos gases quentes na entrada da câmara de combustão
principal, assumiu-se que o Cp se manteria constante durante todo o processo de troca
térmica entre os gases provenientes das duas câmaras primárias. O valor para cada um dos
elementos foi obtido consultando o site do National Institute of Standards and Technology
(NIST) [33] e realizou-se a média entre os calores específicos de cada elemento para as
condições de temperatura e pressão na saída de cada uma das câmaras de pré-combustão.
Portanto, teremos:

Tabela 4-6 – Cálculos do CP para as misturas que saem das câmaras de combustão
primárias.
𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝑂𝑂 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑡𝑡

FPB 𝑘𝑘𝑘𝑘
462.8265 231.3223 10.58�𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑘𝑘�
𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑘𝑘𝑘𝑘
14.73�𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑘𝑘� 6.77�𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑘𝑘�
OPB 𝑘𝑘𝑘𝑘
253.6442 86.0975 11.35�𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑘𝑘�

Com esses novos dados em mãos, finalmente podemos calcular a temperatura dos gases
quentes na entrada da câmara de combustão.

48
Para efetuar os cálculos necessários, considerou-se que os 12.823 𝑘𝑘𝑘𝑘 de hidrogênio a
255.4 𝐾𝐾 e 218.495 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 que seguem direto para a câmara de combustão principal
participaram da troca térmica entre os gases quentes e que esta troca ocorreu de forma
𝑘𝑘𝑘𝑘
adiabática. O calor específico para esta parcela do hidrogênio, com valor de 14.74 �𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑘𝑘�, foi

obtido também a partir dos dados do NIST através da média do calor específico do
hidrogênio para sua condição inicial e para a condição de 859.261 𝐾𝐾 e
210.33 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 (3091 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝) [33]. Portanto, utilizando os índices 𝑓𝑓 e 𝑖𝑖 para representar as
condições final e inicial, temos
𝑚𝑚𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐵𝐵 �𝑇𝑇𝑓𝑓 − 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 � + 𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 �𝑇𝑇𝑓𝑓 − 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 � + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 (𝑇𝑇𝑓𝑓 − 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐻𝐻2 ) = 0
e então
𝑚𝑚𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 �𝑇𝑇𝑓𝑓 − 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 � = 𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 �𝑇𝑇𝑖𝑖,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 − 𝑇𝑇𝑓𝑓 � + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 (𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐻𝐻2 − 𝑇𝑇𝑓𝑓 )
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𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑚𝑚𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐵𝐵 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2 𝑇𝑇𝑖𝑖,𝐻𝐻2


𝑇𝑇𝑓𝑓 = (4-4)
𝑚𝑚𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 + 𝑚𝑚𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑚𝑚𝐻𝐻2 𝐶𝐶𝑝𝑝,𝐻𝐻2

Substituindo os valores de cada parcela na equação (4-4), obtemos:

𝑇𝑇𝑓𝑓 = 710.5𝐾𝐾

Para os dados obtidos temos, então, as seguintes condições na entrada da câmara de


combustão:

Tabela 4-7 – Condições do escoamento na entrada da câmara de combustão principal.


𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
Elemento 𝑇𝑇 [𝐾𝐾] 𝑃𝑃 [𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎] [22] 𝑚𝑚̇ � 𝑠𝑠 � [22] 𝑛𝑛̇ � �
𝑠𝑠
Oxidante O2 104.3 [22] 194.952 380.5640 11.8931
Gases H2 710.5 194.952 61.4634 30.4896
Quentes H2O 710.5 194.952 46.8862 2.6026

O que nos dá, portanto, uma razão oxidante-combustível de 6.192, 2.6% acima dos
6.032 projetados para a câmara de combustão principal do RS-25.

49
4.3 – Mistura
Para simular a combustão do hidrogênio e sua temperatura final, conforme proposto, é
necessário saber alguns dados dos componentes da mistura como seus calores específicos e
a cinética química da reação de oxidação do hidrogênio. O software Ansys Fluent possui um
vasto banco de dados com propriedades de vários componentes incluindo propriedades para
os componentes da mistura utilizada na simulação, hidrogênio, oxigênio e água. Caso exista
a necessidade de complementar alguns desses dados com informações mais relevantes e
precisas para a simulação, é imprescindível que esses dados complementares venham de uma
fonte segura e confiável a fim de garantir a precisão da simulação.

4.3.1 – Componentes
O software Fluent calcula o calor específico a pressão constante �𝐶𝐶𝑝𝑝 � através de duas
equações, cada uma válida apenas para uma faixa de temperatura. O Anexo IV apresenta as
equações utilizadas para o cálculo do calor específico para cada um dos componentes da
mistura, tendo a forma [14]
𝐶𝐶𝑃𝑃(𝑇𝑇) = 𝑎𝑎0 + 𝑎𝑎1 𝑇𝑇 + 𝑎𝑎2 𝑇𝑇 2 + 𝑎𝑎3 𝑇𝑇 3 + 𝑎𝑎4 𝑇𝑇 4 (4-5)
As equações utilizadas pelo software, exibidas no Anexo IV , são representadas pelos
seguintes gráficos:

Figura 4-13 – Calor específico do hidrogênio vs temperatura.

50
Figura 4-14 – Calor específico do oxigênio vs temperatura.

Figura 4-15 - Calor específico da água vs temperatura


É importante ressaltar que o software ANSYS Fluent utilizado para a simulação calcula
a entalpia específica através da equação (4-6) [14]:
𝑇𝑇
ℎ(𝑇𝑇) = ℎ𝑓𝑓𝑜𝑜 + � 𝐶𝐶𝑃𝑃(𝑇𝑇) 𝑑𝑑𝑑𝑑 (4-6)
𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟

Deste modo, sendo 𝐶𝐶𝑝𝑝(𝑇𝑇) representado pela equação (4-5), obtém-se uma expressão para
ℎ(𝑇𝑇) do tipo
𝑎𝑎0 𝑎𝑎1 𝑎𝑎2 𝑎𝑎3 𝑎𝑎4 𝑇𝑇
ℎ(𝑇𝑇) = ℎ𝑓𝑓𝑜𝑜 + � 𝑇𝑇 + 𝑇𝑇 2 + 𝑇𝑇 3 + 𝑇𝑇 4 + 𝑇𝑇 5 + 𝑐𝑐�� (4-7)
1 2 3 4 5 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟

em que 𝑐𝑐 é uma constante de integração.

51
Aplicando a condição de contorno ℎ�𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 =298.15� = ℎ𝑓𝑓0 , obtém-se
𝑎𝑎0 𝑎𝑎1 𝑎𝑎2 𝑎𝑎3 𝑎𝑎4
𝑐𝑐 = − � 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 + 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 2 + 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 3 + 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 4 + 𝑇𝑇𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 5 +� (4-8)
1 2 3 4 5
Assim sendo, com o auxílio da tabela 4-8 pode-se obter a equação completa para a
entalpia específica de cada um dos componentes envolvidos no escoamento.

Tabela 4-8 – Entalpias de formação e pesos moleculares do hidrogênio, oxigênio e água.


[33]
H2 O2 H2O
𝑘𝑘𝑘𝑘
ℎ𝑓𝑓𝑜𝑜 �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚� 0 0 −241.8264
𝑔𝑔 2.01588 31.9988 18.01528
Peso Molecular �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚�

Tendo conhecimento da equação para a entalpia específica, exibidas no, pode-se


representa-las pelos gráficos a seguir.

Figura 4-16 – Entalpia específica do hidrogênio vs temperatura.

52
Figura 4-17 – Entalpia específica do oxigênio vs temperatura.

Figura 4-18 – Entalpia específica da água vs temperatura.


Sabendo como se comportam o calor específico e a entalpia específica de cada um dos
componentes, pode-se calcular a temperatura adiabática da reação de combustão proposta.

53
4.3.2 – Cinética e Combustão
Da literatura, tem-se para a reação global da combustão do hidrogênio(4-2) a expressão
(4-9) para a cinética química [20]:
1 (4-2)
𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂
2
146451 (4-9)
𝑟𝑟 = 1.8𝑥𝑥1013 𝑒𝑒 𝑅𝑅� 𝑇𝑇 [𝐻𝐻2 ][𝑂𝑂2 ]0.5

A reação global da combustão do hidrogênio foi a escolhida para a modelagem da


cinética química no software Ansys Fluent por reduzir o esforço computacional em
comparação com o mecanismo detalhado desta reação, porém, para uma simulação mais
rigorosa, seria necessário simular todo o mecanismo da reação de combustão do hidrogênio.
O 0 detalha o mecanismo completo da reação de combustão do hidrogênio obtido como
referência [20].
Para a equação (4-2), considerando a reação como sendo adiabática, podemos calcular
o calor da reação de combustão da seguinte forma [16]:

��� 𝑛𝑛𝚤𝚤̇ ℎ𝑓𝑓0𝑖𝑖 � − �� 𝑛𝑛𝚤𝚤̇ ℎ𝑓𝑓0𝑖𝑖 � � + ��� 𝑛𝑛𝚤𝚤̇ ℎ𝑖𝑖 � − �� 𝑛𝑛𝚤𝚤̇ ℎ𝑖𝑖 � � = 0 (4-10)
𝑝𝑝 𝑟𝑟 𝑝𝑝 𝑟𝑟

onde 𝑛𝑛̇ é o número de mols por segundo do elemento 𝑖𝑖 que entra na câmara de combustão e
os subscritos 𝑝𝑝 e 𝑟𝑟 denotam os produtos e os reagentes, respectivamente.
Desta forma, a equação (4-10) considera no primeiro termo o calor de formação dos
componentes da reação e no segundo termo a variação da entalpia devido à temperatura.
Abrindo os dois termos da equação (4-10), temos:
0 0 0
�𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂
+ 𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2
� − �𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2
+ 𝑛𝑛𝑂𝑂̇ 2 ℎ𝑂𝑂02 + 𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻
0
2 𝑂𝑂
� (4-10a)
𝑝𝑝 𝑟𝑟

�𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2 �𝑝𝑝 − �𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2 + 𝑛𝑛𝑂𝑂̇ 2 ℎ𝑂𝑂2 + 𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂 �𝑟𝑟 (4-10b)

Da equação (4-10) podemos obter:

�� 𝑛𝑛̇𝚤𝚤 ℎ𝑖𝑖 � = �� 𝑛𝑛̇𝚤𝚤 ℎ𝑖𝑖 � + ��� 𝑛𝑛̇𝚤𝚤 ℎ𝑖𝑖0 � − �� 𝑛𝑛̇𝚤𝚤 ℎ𝑖𝑖0 � � (4-11)
𝑝𝑝 𝑟𝑟 𝑟𝑟 𝑝𝑝

Considerando os dados obtidos, a reação (4-2) pode ser reescrita na forma:


(4-12)
30.4896 𝐻𝐻2 + 11.8931 𝑂𝑂2 + 2.6026 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 → 26.3887𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 6.7035 𝐻𝐻2

54
A tabela 4-9 mostra os valores das entalpias para o hidrogênio, oxigênio e Água nas
suas condições de entrada calculadas a partir das equações obtidas para a entalpia de cada
elemento.
𝑘𝑘𝑘𝑘
Tabela 4-9 – Entalpias dos componentes nas temperaturas de entrada em �𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚�.
ℎ𝐻𝐻2 ,𝑟𝑟 ℎ𝑂𝑂2 ,𝑟𝑟 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂,𝑟𝑟

12.058 −5.52147 14.6018

Já a tabela 4-10 mostra os valores para cada termo da equação (4-11) expandida
necessários para o cálculo da energia final dos produtos, computando os dados mencionados
kJ
e utilizados no presente projeto em � S �, adotado pelo Sistema Internacional de Unidades

como [kW].

Tabela 4-10 – Valores dos termos da equação (3 16) expandida em [𝑘𝑘𝑘𝑘].


0 0
�𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂
� �𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂

𝑟𝑟 𝑝𝑝

−629.3774 −6381.4843

�𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2 �𝑟𝑟 �𝑛𝑛𝑂𝑂̇ 2 ℎ𝑂𝑂2 �𝑟𝑟 �𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂 �𝑟𝑟

367.644 −65.6674 38.003

Realizando o cálculo proposto pela equação (4-11) chegamos ao resultado

�� 𝑛𝑛̇𝚤𝚤 ℎ𝑖𝑖 � = 6092.08 [kW]


𝑝𝑝

ou
�𝑛𝑛𝐻𝐻2̇ 𝑂𝑂 ℎ𝐻𝐻2 𝑂𝑂(𝑇𝑇) + 𝑛𝑛𝐻𝐻̇ 2 ℎ𝐻𝐻2 (𝑇𝑇) � = 6092.08 [kW] (4-13)
𝑝𝑝

Inserindo as equações obtidas para a entalpia de cada componente apresentadas no


Anexo IV na equação (4-13), podemos facilmente encontrar a temperatura final dos produtos
através de um método iterativo no qual se insere um valor arbitrário de temperatura nos
termos do lado esquerdo desta última equação e se averigua seu valor obtido. A temperatura
é então alterada de forma que se aproxime do valor numérico do lado direito da equação
(4-13). Este processo é repetido até que o valor obtido no termo do lado esquerdo seja
satisfatoriamente próximo do valor do termo do lado direito e a temperatura inserida na
equação é considerada a temperatura adiabática de chama para esta reação.

55
Através do processo descrito no parágrafo anterior obtém-se para 𝑇𝑇𝑎𝑎 , a temperatura
adiabática da chama, o valor

𝑇𝑇𝑎𝑎 = 3663.134 𝐾𝐾

Acima apenas 2.07% dos 3588.7 𝐾𝐾 obtidos na prática [22]. Esta diferença ocorre
devido às simplificações adotadas no cálculo da temperatura final, como escoamento
adiabático, por exemplo.

56
5 – Simulação
Após a análise da informação coletada, precisamos ainda consolidá-la para que seja
possível a sua utilização. Este capítulo trata destas etapas de preparação da simulação.

5.1 – Geometria e Malha


Com o intuito de reduzir o esforço computacional, as entradas do oxidante foram
realinhadas de forma a se obter uma simetria entre seus furos para que então fosse possível
reduzir o volume da geometria simulada, reduzindo o número de elementos necessários.
Desta maneira, preservou-se o número total de furos da placa injetora para se manter a
boa distribuição de propelentes dentro da câmara de combustão principal. A tabela 5-1
mostra a distribuição de entradas utilizadas na simulação.

Tabela 5-1 – Distribuição de entradas em cada círculo, usada na simulação.


Círculo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Entradas 5 15 20 25 30 40 45 55 60 65 75 80 85

Pode-se perceber que esta nova distribuição possui vários planos de simetria, conforme
exibido na figura 5-1 através das linhas pontilhadas, permitindo que seja feita a análise de
1
apenas 10 do volume da geometria inicial, o que representa, aproximadamente, 90% menos

elementos de malha e um menor custo computacional.

Figura 5-1 – Distribuição de entradas, usada na simulação.

57
A partir desta nova configuração, em conjunto com os dados para o formato obtidos no
capítulo anterior, obteve-se a geometria a ser utilizada na simulação. A figura 5-2 mostra,
em roxo, o volume ocupado pelo fluido simulado e, em verde, a parte interna das paredes da
câmara de empuxo do RS-25.

Figura 5-2 – Modelo 3D utilizado na simulação


Para gerar uma malha de maior qualidade e facilitar a analise após a simulação, dividiu-
se a geometria em cinco partes. Isto permite que cada subdivisão seja analisada
individualmente, além de criar a possibilidade de gerar mais facilmente diferentes elementos
de malha em diferentes regiões.
Uma vez de posse do modelo virtual da geometria a ser simulada pode-se então gerar a
malha necessária para a simulação.
Devido às divisões na face de entrada do escoamento, não foi possível gerar uma malha
totalmente estruturada. De forma a contornar este problema, foi gerada uma malha
estruturada, hexaédrica, na maior parte do escoamento, com exceção de um pequeno
subdomínio no início do escoamento onde se encontram as divisões mencionadas, no qual
gerou-se elementos prismáticos.
Para garantir que a malha estava suficientemente refinada, realizou-se um processo
conhecido como convergência de malha. Neste processo realiza-se simulações com malhas

58
cada vez mais refinadas até que um maior refinamento não produza alterações significativas
no resultado final da simulação.
O presente projeto monitorou a média da temperatura na saída da câmara de combustão
e gerou seis malhas, cada uma mais refinada que a anterior, até não perceber uma alteração
significativa em seu valor, conforme mostra a figura 5-3.
A malha inicial foi constituída de aproximadamente 70 mil elementos. A partir daí, as
próximas malhas foram sofrendo um refinamento de forma a obterem 50% mais elementos
do que a malha anterior, conforme mostra a tabela

Tabela 5-2 – Número aproximado de elementos em cada simulação.


Simulação 1 2 3 4 5 6
Nº de elementos 70 mil 101 mil 151 mil 227 mil 340 mil 510 mil

Figura 5-3 – Monitoramento da média da temperatura na saída do bocal durante a


convergência de malha.
Tendo em vista que a média das temperaturas teve uma alteração de apenas 0.051%
entre as duas últimas malhas, considerou-se que a última malha já estava suficientemente
refinada pois um maior refinamento aumentaria consideravelmente o custo computacional.

59
Figura 5-4 – Malha inicial com 70 mil elementos, acima e malha convergida com 510
mil elementos, abaixo.
As malhas geradas, mostradas na figura 5-4, possuem um maior refinamento em
algumas regiões devido a algumas particularidades da geometria e do escoamento. São elas:

– Região do fluido próxima à parede, devido a existência da camada limite;


– Região do fluido próxima ao eixo de simetria, devido à sua geometria aguda;
– Região do fluido próxima a entrada, devido ao desenvolvimento do escoamento;
– Região do fluido próxima a garganta, devido à transição do escoamento de
subsônico para supersônico.

5.2 – Condições Iniciais e de Contorno


Devido à complexidade da simulação e a dificuldades de convergência dos resultados,
optou-se por dividir a simulação proposta em etapas.
A primeira etapa não contabilizou a combustão entre o hidrogênio e oxigênio além de
considerar o escoamento laminar. O resultado desta simulação foi utilizado como condição
inicial para a próxima etapa que considerou o escoamento turbulento e também não simulou

60
a combustão. A terceira e última etapa utilizou o resultado da segunda como condição inicial
e também considerou o escoamento turbulento, porém, desta vez, o modelo de combustão
foi acionado.
As condições iniciais para o escoamento laminar são apresentadas na tabela 5-3

Tabela 5-3 – Condições iniciais para o escoamento laminar.


𝑇𝑇 = 1000 𝐾𝐾 𝑃𝑃 = 100 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎
𝑚𝑚
𝑢𝑢𝑥𝑥 = 100 𝑢𝑢𝑦𝑦 = 0 𝑢𝑢𝑧𝑧 = 0
𝑠𝑠

Apesar de cada etapa possuir condições iniciais diferentes, as condições de contorno são
as mesmas para as três etapas descritas, visto que os resultados da simulação não afetam as
condições fora do volume de controle, exibido na figura 5-5

Figura 5-5 – Volume de controle da simulação.


Conforme dito anteriormente, uma parcela do hidrogênio passa por tubos que dão o
formato interno da câmara de combustão principal e do bocal de escoamento.
A parcela que passa pelos tubos da câmara de combustão possui temperaturas de
52.039 𝐾𝐾 na entrada e 264.817 𝐾𝐾 na saída. A outra parcela do hidrogênio que é responsável
por resfriar o bocal de escoamento, entra em seus tubos também a 52.039 𝐾𝐾 e os deixa a
297.4289 𝐾𝐾 [22].
Para simplificar o problema de forma a reduzir o custo computacional e não haver a
necessidade de simular o escoamento do hidrogênio, considerou-se a temperatura média do
hidrogênio entre a entrada e a saída dos tubos de resfriamento como sendo a temperatura no
lado frio da parede, mantida fixa pelo fluxo de hidrogênio.

61
Desta forma, tendo em vista que as maiores temperaturas ocorrem no interior da câmara
de combustão, considerou-se apropriado utilizar para esta finalidade a temperatura média do
hidrogênio utilizado no resfriamento da câmara de combustão. Portanto:
𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) = 158.428 𝐾𝐾 (5-1)
Por possuir uma espessura de parede 𝑒𝑒𝑤𝑤 = 1.5 𝑚𝑚𝑚𝑚 considerou-se que as fronteiras da
parede representadas na figura 5-6 por 𝑤𝑤1 e 𝑤𝑤2 são adiabáticas, ou seja, 𝑞𝑞1 = 𝑞𝑞2 = 0.

Figura 5-6 – Condições de Contorno


Graças aos planos de simetria impostos à geometria foi possível reduzir drasticamente
o custo computacional. Porém, por possuir apenas uma fração de seu volume inicial, deve-
se considerar que esta mesma fração de combustível e oxidante participam da simulação, ou
seja, apenas 10% da vazão mássica obtida no capítulo de dados entra no volume de controle.
O motor RS-25 foi projetado para operar a uma altitude de 40 𝑘𝑘𝑘𝑘 [22]. Nesta altitude,
a pressão atmosférica é de 159.91 𝑃𝑃𝑃𝑃 e a temperatura é de 275.1 𝐾𝐾 [34]
Os planos de simetria são as fronteiras laterais do volume de controle. Estas fronteiras
funcionam como um espelho no qual a tensão cisalhante é zero e não existe velocidade ou
gradiente de qualquer variável que seja normal ao seu plano.
A tabela 5-4 consolida todas as condições de contorno apresentadas anteriormente.

62
Tabela 5-4 – Condições de contorno.
𝑘𝑘𝑘𝑘
Elemento 𝑇𝑇 [𝐾𝐾] 𝑃𝑃 𝑚𝑚̇ � 𝑠𝑠 � [22]

Entrada
Oxidante O2 104.3 [22] 38.0564
H2 710.5 194.952 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 [22] 6.1463
Gases Quentes
H2O 710.5 4.6886
Saída (3)
Produtos da Combustão 275.71 [34] 159.91 𝑃𝑃𝑃𝑃 [34] 48.8913
Paredes
𝑊𝑊 𝑊𝑊
𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) = 158.428 𝐾𝐾 𝑞𝑞1 = 0 𝑞𝑞2 = 0
𝑚𝑚2 𝑚𝑚2

5.3 – Métodos e modelos utilizados


Os métodos e modelos utilizados para a simulação são de extrema importância sendo
responsáveis pelo sucesso ou fracasso da simulação, além de reduzir ou aumentar o tempo
de convergência de acordo com os métodos ou modelos empregados. Um método de solução
ou um modelo inapropriado pode levar a divergência da simulação ou até mesmo convergir
para valores totalmente inconsistentes com a realidade.
Em todas as simulações realizadas durante este projeto, o modelo de gás ideal foi
utilizado por ser considerado o modelo menos complexo e, portanto, com menor custo
computacional.
O software ANSYS Fluent possui dois sistemas de solução das equações de simulação
conhecidos como “Pressure Based Solver” e “Density-Based Solver”. Em ambos os
sistemas, o campo de velocidades é obtido através da equação do momento mas no segundo
sistema um campo de densidades é obtido através da equação da continuidade e todas as
outras propriedades são obtidas a partir destas. Desta maneira, por ser um escoamento
compressível e supersônico, o “Density-Based Solver” é o mais apropriado [14].
Aproximações numéricas em escoamentos supersônicos realizadas durante as
simulações podem exibir um fenômeno conhecido como “Carbuncle Phenomenum”, uma
instabilidade numérica que cresce exponencialmente a partir de um determinado número de
Mach, diferente para cada malha gerada [35].

63
Com a finalidade de minimizar as chances de aparecimento deste fenômeno, optou-se
por utilizar o método de solução “Advection Upstream Splitting Method”, comumente
conhecido como AUSM, por este ser menos suscetível ao fenômeno mencionado [36]
Além disso o método de cálculo explícito foi escolhido por frequentemente atingir a
convergência mais rapidamente. O método explícito do “Density Based Solver” utiliza uma
técnica, conhecida como pseudo-transiente, para a solução de equações parciais diferenciais
para o regime de escoamento permanente na qual um valor inicial é arbitrado a partir das
condições iniciais e utiliza-se um passo de tempo para evoluir a solução.na qual um
escoamento em regime permanente é tratado como [14].
Como o tipo de escoamento proposto para a simulação é bastante complexo, sua solução
gera muitas instabilidades e, portanto, é necessário que seu passo de tempo seja bastante
pequeno para se atingir a convergência.
O passo de tempo (Δ𝑡𝑡) a ser utilizado nas simulações é obtido pela equação [14].
2 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑉𝑉
Δ𝑡𝑡 = (5-2)
∑𝑓𝑓(𝑢𝑢 + 𝑎𝑎) 𝐴𝐴𝑓𝑓
onde 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 é o número de Courant-Friedrichs-Lewy, 𝐴𝐴𝑓𝑓 é a área da face da célula, V, neste
caso, é o volume da célula.
O software utilizado permite o controle do passo de tempo através da atribuição do
número de Courant-Friedrichs-Lewy. Para se atingir a convergência durante a simulação da
combustão foi necessário iniciar a simulação com 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 10−3 . Com o intuito de acelerar a
convergência, este valor foi sendo aumentado aos poucos até se obter um 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = 10−1 .

5.4 – Critérios de Convergência


O principal critério de convergência utilizado foi a análise dos resíduos das iterações.
Um resíduo de iteração é simplesmente a variação ao longo do tempo para uma determinada
variável (𝐽𝐽). O valor eficaz dos resíduos é dado pela raiz quadrada da média dos quadrados
dos resíduos em cada célula [36]:

𝜕𝜕𝜕𝜕 2

𝑅𝑅(𝐽𝐽) = � � � (5-3)
𝜕𝜕𝜕𝜕
Para melhor julgar a convergência é calculado o resíduo de escala global, dado por [36]:

64
𝑅𝑅(𝐽𝐽)𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖çã𝑜𝑜𝑜𝑜
������
𝑅𝑅(𝐽𝐽) = (5-4)
𝑅𝑅(𝐽𝐽)𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖çã𝑜𝑜5
onde 𝑅𝑅(𝐽𝐽)𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖çã𝑜𝑜𝑜𝑜 é o valor eficaz da última iteração e 𝑅𝑅(𝐽𝐽)𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖çã𝑜𝑜5 é o maior valor eficaz
dentre as cinco primeiras iterações [36].
Além dos resíduos, também foram utilizados como critério de convergência as médias
dos valores de temperatura, pressão, número Mach e componente x da velocidade na saída
do bocal, através da expressão (5-5):
𝐽𝐽𝑛𝑛̅ − 𝐽𝐽𝑛𝑛−1
̅
���
𝑅𝑅𝑠𝑠 = (5-5)
𝐽𝐽𝑛𝑛̅
̅
em que 𝐽𝐽𝑛𝑛̅ representa a média de uma determinada propriedade 𝐽𝐽 na última iteração e 𝐽𝐽𝑛𝑛−1
representa a média desta mesma propriedade na penúltima iteração.
������ < 10−3 e ���
Assumiu-se que as simulações atingiram a convergência quando 𝑅𝑅(𝐽𝐽) 𝑅𝑅𝑠𝑠 <
10−5.

5.5 – Verificação
Para validar a simulação, utilizaremos as equações da literatura em conjunto com os
dados obtidos de forma que os resultados dos cálculos obtidos devam ser semelhantes aos
da simulação para que esta seja considerada válida.
Como mostrado anteriormente, o coeficiente de expansão adiabática (𝛾𝛾) tem grande
importância para o escoamento. Da literatura, gases ideais com moléculas diatômicas, como
𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷ô𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚7𝑅𝑅� /2
o 𝐻𝐻2 ou o 𝑂𝑂2, apresentam 𝛾𝛾𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 = 5𝑅𝑅�/2 = 1.4 e gases ideais com moléculas triatômicas

𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇ô𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 8𝑅𝑅� /2
não lineares, como o 𝐻𝐻2 𝑂𝑂, apresentam 𝛾𝛾𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 = 6𝑅𝑅�/2 = 1.33 [16].

Conforme a figura 3-2, quanto maior o 𝛾𝛾 de um gás, maior será a velocidade atingida
na saída de um bocal convergente divergente. Desta maneira, optou-se por adotar o valor de
𝛾𝛾 para um gás diatômico, ou seja, 𝛾𝛾 = 1.4

5.5.1 – Mach
O número de Mach na saída do bocal de escoamento está relacionado com a razão entre
a área da seção transversal da garganta e a área da seção transversal na saída do bocal.
Assim sendo, para a razão de áreas obtida inicialmente [22]

65
𝐴𝐴2
= 68.85
𝐴𝐴𝑡𝑡
podemos iterativamente achar o número de Mach teórico na saída do bocal de escoamento
utilizando
𝛾𝛾+1
𝐴𝐴2 1 1 + (𝛾𝛾 − 1)𝑀𝑀22 2(𝛾𝛾−1) (5-6)
= � �
𝐴𝐴𝑡𝑡 𝑀𝑀2 (𝛾𝛾 + 1)
o que nos fornece
𝑀𝑀2 = 6.606 (5-7)
Tendo em vista que escoamentos isentrópicos são modelos idealizados, os valores
encontrados pela simulação não podem ser maiores do que o obtido na equação (5-7), ou
seja
𝑀𝑀2 ≤ 6.606 (5-8)

5.5.2 – Temperatura
Sabendo o número de Mach na saída do bocal, podemos calcular sua temperatura através
da expressão:
𝑇𝑇20
𝑇𝑇2 =
𝛾𝛾 − 1 (5-9)
1 + 2 𝑀𝑀2 2
Se considerarmos que o escoamento é adiabático e desprezarmos a velocidade na saída
da câmara de combustão, teremos que 𝑇𝑇 0 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝑇𝑇1 e a equação (5-9)acima poderá ser
utilizada como
𝑇𝑇1
𝑇𝑇2 =
𝛾𝛾 − 1 (5-10)
1 + 2 𝑀𝑀2 2

Desta forma, para uma temperatura média na saída da câmara de combustão 𝑇𝑇1 =
3600 𝐾𝐾 [22] e 1 < 𝑀𝑀2 < 6.6, temos que a temperatura média na saída do bocal de
escoamento será:
3000 𝐾𝐾 > 𝑇𝑇2 > 371 𝐾𝐾 (5-11)

66
5.5.3 – Pressão
Sabendo que
𝛾𝛾−1
𝑝𝑝20 𝛾𝛾 𝑇𝑇20 𝛾𝛾 − 1 (5-12)
� � = =1+ 𝑀𝑀2
𝑝𝑝2 𝑇𝑇2 2
Podemos encontrar 𝑝𝑝2 em função de 𝑝𝑝20 , 𝛾𝛾 e 𝑀𝑀2 de acordo com a expressão
𝑝𝑝20
𝑝𝑝2 = 𝛾𝛾
𝛾𝛾 − 1 𝛾𝛾−1
(5-13)
�1 + 2 𝑀𝑀2 2 �

Se considerarmos que o escoamento é adiabático e isentrópico e desprezarmos a


velocidade na saída da câmara de combustão, teremos que 𝑝𝑝0 = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 𝑝𝑝1 e a equação (5-13)
poderá ser utilizada como
𝑝𝑝1
𝑝𝑝2 = 𝛾𝛾
𝛾𝛾 − 1 𝛾𝛾−1 (5-14)
�1 + 2 𝑀𝑀2 2 �

Deste modo, para uma pressão média na saída da câmara de combustão 𝑝𝑝1 = 195 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎
e 1 < 𝑀𝑀2 < 6.6, temos que:
103 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 > 𝑝𝑝2 > 0.07 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 (5-15)

5.5.4 – Distribuição de Temperaturas na Parede


Conforme discutido na seção 3.6 – Transferência de Calor, a temperatura no interior da
parede deve apresentar uma distribuição de acordo com a equação abaixo.
A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 + 𝐶𝐶4 (5-16)
3 2
Como o material da parede utilizado na simulação possui uma condutividade térmica
dada por

k = −7.48786𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇 2 − 2.29529𝑥𝑥10−2 𝑇𝑇 + 370.246 (5-17)


a equação (5-16) torna-se
−2.50𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 − 0.0115𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2 + 370.25𝑇𝑇(𝑟𝑟) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 + 𝐶𝐶4 (5-18)
com

67
−2.50𝑥𝑥10−7 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − 0.0115�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 �
𝐶𝐶1 = 𝑟𝑟
ln 𝑟𝑟𝑖𝑖
𝑒𝑒
(5-19)
370.25�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) �
+ 𝑟𝑟
ln 𝑟𝑟𝑖𝑖
𝑒𝑒

e
𝐶𝐶4 = −2.50𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 − 0.0115𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 + 370.25𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) − 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑒𝑒 (5-20)

68
6 – Resultados
Ao analisar os resultados obtidos da simulação, deve-se levar em consideração que o
ideal seria realizar a simulação com a geometria completa. Como a simulação realizada
dividiu a geometria em dez partes iguais devido a simetria imposta, alguns erros numéricos
podem ocorrer em células que apresentam uma geometria muito alongada ou aguda, como
as células próximas ao eixo central do escoamento.
Para tentar minimizar estes possíveis erros numéricos ao analisar os resultados, utilizou-
se para comparação com os cálculos do capítulo anterior os valores médios de seções
transversais do escoamento nos pontos analisados.
Visto que apenas uma parte da geometria foi simulada devido à sua simetria, as imagens
geradas são composições do resultado obtido, feitas no próprio software da ANSYS de
análise dos resultados da simulação, o CFD Post. Imagens do perfil do escoamento, como a
figura 6-5, tiveram seu resultado espelhado enquanto imagens da seção transversal do
escoamento, como a figura 6-8, tiveram seu resultado rotacionado e repetido até gerar um
círculo completo.
É importante ressaltar que apesar das imagens dos resultados aparentar uma simetria,
tal efeito de fato não acontece devido à característica turbulenta do escoamento em regiões
próximas às paredes que impossibilitam a simetria no escoamento. Tal simetria aparente nas
imagens é um efeito visual provocado pelo espelhamento ou rotação do resultado obtido.
O plano de corte escolhido para exibir o perfil de escoamento é indicado pela linha azul
na figura 6-1. Este plano foi escolhido por se localizar no centro do escoamento simulado.

Figura 6-1 – Localização do plano de corte em relação às entradas.

69
6.1 – Validação
De posse dos resultados da simulação e faz-se necessário avaliar se os resultados
possuem alguma credibilidade. Do material disponibilizado pela Rocketdyne [22] pode-se
retirar alguns valores que se observam na prática ao utilizar o motor RS-25. Dos dados
disponíveis, os escolhidos para validar ou reprovar a simulação foram a temperatura na
câmara de combustão, a pressão de estagnação na garganta e a velocidade de exaustão, desta
forma serão avaliados valores obtidos nos 3 principais pontos do escoamento.

6.1.1 – Temperatura
A temperatura no interior da câmara de combustão do motor RS-25 chega a 6000 °𝐹𝐹 ou
3588.71 𝐾𝐾 [22]. Na figura 6-2 percebe-se que o valor máximo atingido pela simulação,
3614.4 𝐾𝐾, foi 0.72% maior do que o obtido na prática, se aproximando bastante do valor
real.

Figura 6-2 – Distribuição da temperatura na seção transversal ao escoamento na


posição 1.

70
6.1.2 – Pressão de Estagnação
A pressão de estagnação na garganta do escoamento possui um valor de 2865 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 ou
194.95 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎. Na figura 6-3 percebe-se que o valor máximo atingido pela simulação foi
aproximadamente 1.36% menor do que o obtido na prática, não tão próximo quanto a
temperatura, mas ainda satisfatoriamente próximo para a simulação proposta.

Figura 6-3 – Distribuição da pressão na seção transversal ao escoamento na posição t.

6.1.3 – Velocidade
Quando utilizando 100% de sua potência, o motor RS-25 fornece 470.8𝑥𝑥103 𝑙𝑙𝑏𝑏𝑓𝑓 [22]
de empuxo, ou aproximadamente 2.1 𝑀𝑀𝑀𝑀. Sabendo a pressão na saída do escoamento, pode-
se relacionar a força gerada pelo motor com a velocidade de exaustão através da equação do
empuxo apresentada na expressão (2-3).
Através da figura 6-4 nota-se que o valor máximo para a velocidade na saída do bocal
𝑚𝑚
de escoamento é 3853.52 𝑠𝑠 . Substituindo os valores necessários na equação (2-3), obtemos

𝐹𝐹𝑒𝑒 ≈ 2.0 𝑀𝑀𝑀𝑀


Temos, portanto, que o valor obtido na simulação é aproximadamente 4.76% menor
que o valor obtido na prática, atingindo um resultado satisfatório para o presente projeto.
Além disso, o software retorna, na saída do escoamento, o valor de
𝐹𝐹𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2.15𝑀𝑀𝑀𝑀 ficando apenas 2.38% acima do valor obtido.

71
Figura 6-4 – Distribuição da pressão na seção transversal ao escoamento na posição t.

72
6.2 – Combustão
A figura 6-5 exibe como a taxa instantânea com que o calor é liberado pela combustão
está distribuída ao longo do escoamento. Como podemos ver pelo resultado exibido, a reação
de combustão, que libera mais de 30 𝑘𝑘𝑘𝑘 em alguns pontos do escoamento, ocorre em sua
maior parte antes da garganta, local do escoamento com menor diâmetro interno, marcado
pela linha vertical preta exibida na figura 6-5 e figuras subsequentes.

Figura 6-5 – Taxa instantânea de liberação de calor pela reação de combustão.

73
As figuras 6-6 e 6-7 mostram as frações mássicas do hidrogênio, oxigênio e água,
deixando claro que quase toda a reação ocorre antes da garganta.
Reagentes

Figura 6-6 – Frações mássicas dos reagentes da combustão, hidrogênio e oxigênio,


respectivamente

74
Produto

Figura 6-7 – Fração mássica do produto da combustão, água.


Na figura 6-6 pode-se perceber que o oxigênio é consumido em quase sua totalidade
antes da garganta, restando apenas hidrogênio e água, como esperado, visto que é injetado
na câmara de empuxo uma mistura rica em combustível.

75
6.3 – Mach
Segundo a literatura, para escoamentos unidimensionais temos 𝑀𝑀𝑡𝑡 = 1 [10]. Porém,
para escoamentos bidimensionais e tridimensionais o número de Mach ao longo da seção
transversal da garganta não é constante, sendo 𝑀𝑀 tão menor quanto mais afastado do centro
for o ponto analisado, contanto que este não pertença a camada limite, conforme exibido na
figura 6-8.

Figura 6-8 –Distribuição do número de Mach na garganta do escoamento e detalhe


mostrando a camada limite, a direita.
A figura 6-9 mostra curvas ao longo das quais o número de Mach se mantém constante
com curva definida por ���
𝑡𝑡𝑡𝑡′ apresentando 𝑀𝑀 > 1 [24].

Figura 6-9 – Curvas de nível para diferentes números de Mach [24].

76
Pode-se perceber um comportamento semelhante ao da figura 6-9 na figura 6-10, a qual
exibe em azul 𝑀𝑀 < 1.1 e em vermelho 𝑀𝑀 > 1.1, sendo 𝑀𝑀 = 1.1 a curva obtida na interface
entre as duas cores.

Figura 6-10 –Contorno de velocidade Mach 1.1 próximo à garganta.

Podemos perceber através da figura x que o escoamento atinge 𝑀𝑀 = 1.0 antes de chegar
a garganta, para regiões próximas à parede.

77
Figura 6-11 –Contorno de velocidade Mach 1.0 próximo à garganta.
A simulação apresentou para a seção transversal do escoamento na saída do bocal
divergente a distribuição do número de Mach exibida na figura 6-12. Para esta seção, temos
um número de Mach médio ����
𝑀𝑀2 = 4.01, ficando abaixo dos 6.606 previstos no capítulo
anterior.

Figura 6-12 – Distribuição do número de Mach na saída do escoamento.

78
A figura 6-13 mostra a distribuição do número de Mach no interior da câmara de
empuxo em escala linear e logarítmica para melhor visualização de sua variação. Através da
figura 6-12 e da figura 6-13 percebe-se que quanto mais próximo do centro do escoamento,
maior sua velocidade para seções transversais próximas a saída do bocal.

Figura 6-13 – Número de Mach em escala linear, acima, e em escala logarítmica,


abaixo.

79
6.4 – Temperatura

Figura 6-14 – Distribuição da temperatura ao longo do escoamento.


A figura 6-14 exibe a distribuição da temperatura no interior da câmara de empuxo
indicando o comportamento da temperatura conforme avança pelo bocal. Pode-se perceber
as temperaturas máximas para este plano de escoamento como 𝑇𝑇 = 3579.2 𝐾𝐾, abaixo apenas
2.29% do valor calculado no capítulo 3 e 0.26% da temperatura exibida na apresentação da
Rocketdyne [22]. A diferença entre o valor calculado anteriormente e o obtido na simulação
se deve, principalmente, a troca térmica que ocorre entre o escoamento e as paredes da
câmara de empuxo.

80
Além disso, próximo à saída do bocal, nota-se que as temperaturas são mais baixas no
centro do escoamento, condizente com os maiores números de Mach nesta mesma região.
Ao analisar os resultados obtidos para a temperatura e para as frações mássicas dos
componentes da reação, pode-se perceber na figura 6-15 que em alguns pontos as chamas
coalescem, ou seja, duas chamas menores se unem para formar uma chama maior.

Figura 6-15 – Composição das imagens obtidas para a temperatura e fração mássica
do oxigênio, evidenciando a coalescência da chama em alguns pontos.
A distribuição de temperaturas na seção transversal do escoamento na garganta é
apresentada na figura 6-16.

Figura 6-16 – Distribuição da temperatura na garganta do escoamento e detalhe


mostrando a queda de temperatura próximo a parede, a direita.

81
Já a distribuição de temperaturas na saída do escoamento, é apresentada na figura 6-17.
Para esta seção transversal tem-se que a temperatura média é 𝑇𝑇�2 = 779.3 𝐾𝐾.

Figura 6-17 – Distribuição da temperatura na saída do escoamento e detalhe


mostrando a queda de temperatura próximo a parede, a direita.

Utilizando a equação (5-10) com 𝑇𝑇1 = 3500 𝐾𝐾 e 𝑀𝑀2 = ����


𝑀𝑀2 = 4.01, temos que
𝑇𝑇2 = 853.9 𝐾𝐾 > 𝑇𝑇�2 . De fato, as considerações utilizadas para calcular 𝑇𝑇2 sugerem um
escoamento adiabático, o que não ocorre na prática visto que a câmara de empuxo possui
um sistema de resfriamento em suas paredes. Portanto, era de se esperar que 𝑇𝑇2 > 𝑇𝑇�2 , como
ocorreu na simulação.

82
6.5 – Pressão

Figura 6-18 – Distribuição da pressão em escala linear, acima, e em escala


logarítmica, abaixo.
A figura 6-18 exibe a distribuição de pressões no interior da câmara de empuxo
indicando seu comportamento decrescente conforme se aproxima da saída do escoamento.
Aqui também se percebe os menores valores obtidos no centro do escoamento próximo a
saída do bocal, coerente com os maiores números de Mach nestas localidades.
A distribuição de pressões na seção transversal do escoamento na garganta é apresentada
na figura 6-19.

83
Figura 6-19 – Distribuição da pressão na garganta do escoamento.
Já a distribuição de pressões na saída do escoamento, é apresentada na figura 6-20, para
qual tem-se que 𝑝𝑝
���2 = 0.266 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 e seu valor mínimo como 0.058 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑚𝑚, ambos acima da
pressão externa 𝑝𝑝3 = 0.00158 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎.

Figura 6-20 – Distribuição da pressão na saída do escoamento.

84
Aqui podemos perceber claramente a diferença de comportamento do escoamento no
regime transônico, na garganta, para o regime supersônico, na saída do bocal. No primeiro
caso, transônico, a pressão aumenta e o número de Mach diminui conforme se aproximam
do eixo central de escoamento. Já no segundo caso, regime supersônico, estas propriedades
têm comportamentos inversos ao caso anterior, ou seja, sua pressão diminui e seu número
de Mach aumenta conforme se aproximam do eixo central.
Utilizando a equação (5-14) com 𝑝𝑝1 = 200 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 e 𝑀𝑀2 = ����
𝑀𝑀2 = 4.01, temos que
𝑝𝑝2 = 1.299 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 > ���,
𝑝𝑝2 como era de se esperar. Com a equação (5-14), utilizando 𝑝𝑝2 = ���
𝑝𝑝2 =
0.266 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 obteríamos 𝑀𝑀2 = 5.31, porém, como o cálculo de 𝑝𝑝2 sugere um escoamento
isentrópico, idealizado, isto não ocorre na prática proporcionando velocidades menores,
como a obtida na simulação, para uma mesma queda de pressão.

6.6 – Distribuição de Temperaturas na Parede


As figuras abaixo mostram o resultado da simulação nas paredes do tubo de refrigeração
evidenciando sua região mais crítica, próximo a garganta, e sua região mais fria, na saída do
escoamento.

Figura 6-21 – Distribuição de temperatura no interior da parede na posição 1.

85
Figura 6-22 – Distribuição de temperatura no interior da parede na região de máximo
gradiente de temperatura, pouco antes da garganta.

Figura 6-23 – Distribuição de temperatura no interior da parede na região de mínimo


gradiente de temperatura, saída do bocal de escoamento.
A tabela 6-1 mostra os valores necessários para se calcular as constantes 𝐶𝐶1 e 𝐶𝐶4 para
cada uma das posições 1, 𝑡𝑡 e 2 analisadas ao longo do escoamento.

86
Tabela 6-1 – Parâmetros necessários para se obter a distribuição de temperatura ao longo
da parede.
1 𝑡𝑡 2

𝑟𝑟𝑖𝑖 [𝑚𝑚𝑚𝑚] 225.298 138.21 1146.81


𝑟𝑟𝑒𝑒 [𝑚𝑚𝑚𝑚] 226.798 139.71 1148.31
𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) [𝐾𝐾] 219.439 251.234 162.778
𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) [𝐾𝐾] 158.428 158.428 158.428
𝐶𝐶1 −3363966.731 −3142432.389 −1219806.398
𝐶𝐶4 18304724.889 15580629.458 8653180.962

Da equação (5-18), obtemos


−2.50𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 −0.0115𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2 +370.25𝑇𝑇(𝑟𝑟) −𝐶𝐶4
(6-1)
𝑟𝑟 = 𝑒𝑒 𝐶𝐶1

De posse dos valores de 𝐶𝐶1 e 𝐶𝐶4 , podemos utilizar a equação (6-1) para gerar a
distribuição de temperaturas ao longo das paredes para cada uma das posições 1, 𝑡𝑡 e 2. A
figura 6-24 mostra a distribuição obtida para o interior da parede exibindo os resultados em
função da espessura da parede em que o valor 0 representa o lado da parede em contato com
os produtos de combustão e o valor 1 representa o lado em contato com o hidrogênio de
resfriamento.

Figura 6-24 – Valores da temperatura no interior da parede para os pontos 1, 𝑡𝑡 e 2.

87
Comparando o gráfico gerado com os resultados da simulação exibidos anteriormente
podemos perceber que ambos seguem o mesmo comportamento. Conforme podemos
perceber no centro da parede as temperaturas previstas nas posições 1, 𝑡𝑡 e 2 são,
respectivamente, 188.9 𝐾𝐾, 204.8 𝐾𝐾 e 160.6 𝐾𝐾. Já os valores simulados no centro da parede
para as posições 1, 𝑡𝑡 e 2 são, respectivamente, 193.1 𝐾𝐾, 209.8 𝐾𝐾 e 160.7 𝐾𝐾 tendo uma
diferença máxima de menos de 2.4% sendo uma indicação de que a simulação da
transferência de calor foi bem sucedida.

88
6.7 – Velocidades
Além do número de Mach, também foram analisadas as velocidades para entender o
comportamento do escoamento dentro da câmara de empuxo. Podemos perceber que o
escoamento praticamente não tem nenhuma componente rotacional em torno do eixo X ao
analisarmos a figura 6-25, o que confirma que este caso pode ser simulado parcialmente
como proposto para reduzir o custo computacional.

Figura 6-25 – Distribuição da velocidade na direção 𝑧𝑧, perpendicular ao plano.


Comparando a figura 6-26 com a figura 6-27, notamos a predominância da componente
𝑢𝑢𝑥𝑥 sobre 𝑢𝑢𝑦𝑦 . Nesta simulação percebemos que 𝑢𝑢𝑥𝑥 se confunde com a velocidade axial e 𝑢𝑢𝑦𝑦
se confunde com a velocidade radial, ou seja, em direção às paredes da câmara.

89
Na figura 6-26 podemos perceber as grandes magnitudes da velocidade na direção axial,
𝑚𝑚
atingindo a velocidade de 1000 𝑠𝑠
antes mesmo de chegar à garganta do escoamento.

Por outro lado, apesar de possuir valores consideráveis logo após a garganta, próximo a
parede, percebe-se que, na maior parte do escoamento, a velocidade radial apresenta
pequenos valores se compararmos com a velocidade axial, principalmente se observar-se o
centro do escoamento, onde esta diferença é tão grande que podemos dizer que nesta região
temos um escoamento unidimensional.

Figura 6-26 – Distribuição da velocidade na direção axial da câmara de empuxo.

90
Figura 6-27 – Distribuição da velocidade na direção radial, perpendicular às paredes
da câmara de empuxo.

91
7 – Conclusões
A simulação do escoamento reativo de um foguete é uma tarefa repleta de dificuldades
que requer bastante dedicação e um alto poder de processamento para que se possa obter
bons resultados. Além disso, a coleta de dados para a simulação já representa por si só um
grande desafio.
Inicialmente buscou-se as informações e dados necessários para a simulação e somente
após obtê-los é que se começou a utilizar o software onde foi criada uma geometria virtual
do escoamento a ser simulado e se prosseguiu com a geração da malha. Em seguida
iniciaram-se as etapas de simulações e refinamento de malha de onde foi considerado que a
sexta malha gerada já estava refinada o suficiente.
Durante as simulações e refinamento de malha, ficou evidente o alto custo
computacional relativo ao poder de processamento disponível para este projeto necessário
para se realizar as simulações. Devido a este custo, cada simulação levou inicialmente em
torno de uma semana para convergir. Entretanto, conforme se obteve um maior domínio do
software e melhor entendimento do processo de convergência, este tempo foi se reduzindo
até alcançar uma duração de mais de dois dias para a convergência da simulação.
Apesar das dificuldades envolvidas, o projeto conseguiu obter resultados satisfatórios
em termos de temperatura, pressão e velocidade, conforme exibido na seção de validação
tendo alcançado um valor de empuxo gerado apenas 2.4% acima do obtido na prática.
Desta forma, é importante que se tenha um bom domínio das disciplinas envolvidas,
além do software utilizado, pois, além do desconhecimento aumentar consideravelmente o
tempo de simulação, qualquer descuido pode levar a divergências ou resultados
inconsistentes com a realidade.
Por outro lado, a indústria aeroespacial já é uma indústria multibilionária e uma empresa
deste setor poderia facilmente obter a capacidade de processamento necessária para se
realizar em tempos hábeis as simulações necessárias para auxiliar o desenvolvimento de
novos foguetes e reduzir seus custos de pesquisa desta forma.
Assim sendo, a simulação computacional se torna uma poderosa ferramenta para
contribuir com o crescimento desta indústria que, apesar de recente quando comparada com
outras, tem um futuro extremamente promissor.

93
7.1 – Dificuldades
Para conseguir realizar a simulação proposta, esbarrou-se em diversas dificuldades, cada
uma delas levando vários dias, algumas semanas ou até mesmo meses para serem
ultrapassadas.
O primeiro grande obstáculo encontrado foi a obtenção dos dados. Apesar dos dados
principais do motor RS-25 serem divulgados largamente em mídia física e eletrônica, vários
detalhes de extrema importância para o funcionamento do motor, como propriedades dos
materiais e dos fluidos, além de certas configurações e geometrias, não são encontrados com
a mesma facilidade. O presente projeto se baseou bastante no motor RS-25, porém alguns
detalhes tiveram que ser inferidos para que o projeto pudesse continuar.
Iniciada a simulação outras grandes barreiras foram surgindo sendo o custo
computacional, com certeza, a maior delas. Para se obter um resultado satisfatório é
necessário que a malha esteja bem refinada em determinados locais, o que afeta o tempo de
processamento de cada passo da simulação.
Da mesma forma, a capacidade de processamento do computador também afeta o
processo de convergência de malha, uma vez que cada malha deste processo se apresenta
mais refinada que a anterior com a primeira malha gerada já possuindo mais de cem mil
elementos, atingir a convergência em todas as etapas foi um processo bem longo.
Na etapa da combustão, os resíduos da simulação mostraram grande dificuldade em
�������� < 10−5, devido a isso, buscou-se um
atingir os critérios iniciais de convergência de 𝑅𝑅(𝑊𝑊)
critério adicional de convergência e foi descoberto que, para escoamentos reativos, os
critérios tradicionais de convergência baseados em resíduos dificilmente são atingidos [36].
Desta forma passou-se a adotar os critérios de convergência descritos no capítulo anterior.
Além disso, conforme mencionado no capítulo anterior, simulações de escoamentos
supersônicos podem exibir um fenômeno conhecido como “Carbuncle Phenomenum” o qual
pode ser minimizado com a utilização do método de solução AUSM. Este fenômeno, gerou
várias instabilidades e divergências nas simulações efetuadas, até a descoberta de sua
existência através de artigos acadêmicos e comunidades na internet sobre o assunto.

94
7.2 – Trabalhos Futuros
Possíveis trabalhos futuros que poderiam dar continuidade a este projeto seriam analisar
o escoamento com a geometria completa, alterar a fração mássica dos propelentes ou sua
composição, simular o escoamento além de seu bocal ou, até mesmo, simular mais
componentes motor RS-25.

95
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99
Anexo I
Rockets of The World

101
Anexo II
Mecanismo de reação para H2 / O2 / N2 / Ar [20]
Unidades em cm³ – mol – segundo – kcal – K
𝐸𝐸𝑎𝑎
𝑘𝑘 = 𝐴𝐴𝑇𝑇 𝑛𝑛 𝑒𝑒 −𝑅𝑅 𝑇𝑇
Nº Reação ΔH0298k Afwd nfwd Ea,fwd
Reações em cadeia para H2-O2
1 𝑂𝑂 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 → 𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 -16.77 2.02x1014 -0.40 0.0
2 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝐻𝐻2 → 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 -15.01 2.14x10 8
1.52 3.449
3 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 → 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 -16.88 3.57x10 4
2.40 -2.112
4 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻2 → 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝐻𝐻 1.85 5.06x104 2.67 6.290
Reações de dissociação e recombinação para H2-O2
5a 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻 + 𝑀𝑀 → 𝐻𝐻2 + 𝑀𝑀 -104.2 1.00x1018 -1.00 0.000
5b 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻2 → 𝐻𝐻2 + 𝐻𝐻2 -104.2 9.27x10 16
0.60 0.000
5c 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 → 𝐻𝐻2 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 -104.2 6.00x10 19
1.25 0.000
6 𝑂𝑂 + 𝑂𝑂 + 𝑀𝑀 → 𝑂𝑂2 + 𝑀𝑀 -119.1 1.89x10 13
0.00 -1.788
7 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻 + 𝑀𝑀 → 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑀𝑀 -102.3 4.71x1018 -1.00 0.000
8 𝐻𝐻 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑀𝑀 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝑀𝑀 -119.2 2.21x10 22
-1.25 0.000
Formação e consumo de HO2
9a 𝐻𝐻 + 𝑂𝑂2 + 𝑀𝑀 → 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝑀𝑀 -49.6 𝑘𝑘𝑜𝑜 = 1.05𝑥𝑥1019 𝑇𝑇 −1.257
𝑘𝑘∞ = 4.517𝑥𝑥1013
9b 𝐻𝐻 + 𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻2 → 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻2 -49.6 𝑘𝑘𝑜𝑜 = 1.52𝑥𝑥1019 𝑇𝑇 −1.133
𝑘𝑘∞ = 4.517𝑥𝑥1013
9c 𝐻𝐻 + 𝑂𝑂2 + 𝑁𝑁2 → 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝑁𝑁2 -49.6 𝑘𝑘𝑜𝑜 = 1.05𝑥𝑥1020 𝑇𝑇 −1.590
𝑘𝑘∞ = 4.517𝑥𝑥1013
9d 𝐻𝐻 + 𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 → 𝐻𝐻02 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 -49.6 𝑘𝑘𝑜𝑜 = 1.05𝑥𝑥1023 𝑇𝑇 −2.437
𝑘𝑘∞ = 4.517𝑥𝑥1013
10 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 → 𝐻𝐻2 + 𝑂𝑂2 -54.6 8.45x1011 0.65 1.241
11 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 → 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 -35.97 1.50x10 14
0.00 1.000
12 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 → 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 -52.85 3.01x10 13
0.00 1.721
13 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝑂𝑂 → 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑂𝑂2 -51.73 3.25x10 13
0.00 0.000
14 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝑂𝑂2 -69.61 2.89x1013 0.00 -0.497
Formação e consumo do H2-O2
11.98 1.629
15 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻𝑂𝑂2 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝑂𝑂2 -37.53 𝑘𝑘 = 4.2𝑥𝑥1014 𝑒𝑒 − 𝑅𝑅 𝑇𝑇 + 1.3𝑥𝑥1011 𝑒𝑒 𝑅𝑅 𝑇𝑇
2.049
16 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝑀𝑀 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝑀𝑀 -51.14 𝑘𝑘0 = 3.041𝑥𝑥1030 𝑇𝑇 −4.63 𝑒𝑒 − 𝑅𝑅 𝑇𝑇
𝑘𝑘∞ = 1.24𝑥𝑥1014 𝑇𝑇 −0.37
17 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 -68.05 3.07x1013 0.00 4.217
18 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻 → 𝐻𝐻𝑂𝑂2 + 𝐻𝐻2 -17.07 1.98x106 2.00 2.435
19 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝑂𝑂 → 𝑂𝑂𝑂𝑂 + 𝐻𝐻𝑂𝑂2 -15.20 9.55x10 6
2.00 3.970
20 𝐻𝐻2 𝑂𝑂2 + 𝑂𝑂𝑂𝑂 → 𝐻𝐻2 𝑂𝑂 + 𝐻𝐻𝑂𝑂2 -32.08 2.40 4.042 -2.162

103
Anexo III
Dedução da Distribuição de Temperatura no
Interior de uma Parede de Seção Tranversal
Circular
O sistema de coordenadas cilíndricas tem seus eixos definidos conforme a figura
iii-1abaixo.

Figura III-1 – Convenções de coordenadas cilíndricas [21]


A equação que descreve a troca térmica em coordenadas cilíndricas aplicada ao volume
diferencial da figura iii-1, conhecida como equação do calor, é escrita como [21]:
1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
�𝑘𝑘𝑘𝑘 � + 2 �𝑘𝑘 � + �𝑘𝑘 � + 𝑞𝑞̇ = 𝜌𝜌𝑐𝑐𝑝𝑝 (VI-1)
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Desta forma, considerando o regime permanente de troca térmica, nenhuma geração de
calor no interior da parede e transferência de calor apenas na direção radial, temos:
1 𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
�𝑘𝑘𝑘𝑘 � = 0 (VI-2)
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Para obtermos a distribuição de temperaturas no interior de uma parede de seção
transversal circular devemos inicialmente integrar a equação (VI-2) duas vezes. A primeira
integração nos fornece:
𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
� �𝑘𝑘 𝑟𝑟 � 𝑑𝑑𝑑𝑑 = � 0 𝑑𝑑𝑟𝑟 (VI-3)
𝑑𝑑𝑑𝑑 (𝑇𝑇(𝑟𝑟)) 𝑑𝑑𝑑𝑑

105
Anexo III – Dedução da distribuição de temperatura no interior de uma parede de seção
transversal circular.

𝑑𝑑𝑇𝑇(𝑟𝑟)
𝑘𝑘(𝑇𝑇(𝑟𝑟)) 𝑟𝑟 = 𝐶𝐶1 (VI-4)
𝑑𝑑𝑑𝑑
que podemos reescrever como:
𝑑𝑑𝑇𝑇(𝑟𝑟) 𝐶𝐶1
𝑘𝑘(𝑇𝑇(𝑟𝑟)) = (VI-5)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟
Considerando a condutividade térmica como uma função do tipo
k �𝑇𝑇(𝑟𝑟)� = −A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2 − B𝑇𝑇(𝑟𝑟) + C (VI-6)
podemos integrar novamente a equação (VI-2) de forma que:
𝑑𝑑𝑇𝑇(𝑟𝑟) 𝐶𝐶1
� 𝑘𝑘(𝑇𝑇(𝑟𝑟)) 𝑑𝑑𝑑𝑑 = � 𝑑𝑑𝑑𝑑 (VI-7)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟
A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟) + 𝐶𝐶3 = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 + 𝐶𝐶2 (VI-8)
3 2
ou, reescrevendo:
A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 + 𝐶𝐶4 (VI-9)
3 2
Para obtermos as constantes de integração 𝐶𝐶1 e 𝐶𝐶4 , utilizamos como condições de
contorno as temperaturas, já conhecidas, em 𝑟𝑟𝑖𝑖 e 𝑟𝑟𝑒𝑒 como 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) e 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) . Portanto:
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑖𝑖 + 𝐶𝐶4 (VI-10)
3 2
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑒𝑒 + 𝐶𝐶4 (VI-11)
3 2
de onde podemos obter 𝐶𝐶4 em função de 𝐶𝐶1 como:
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2
𝐶𝐶4 = − − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) − 𝐶𝐶1 (VI-12)
3 2
Substituindo o valor obtido de 𝐶𝐶4 na equação (VI-10), obtemos:
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑖𝑖 − − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) − 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟𝑒𝑒 (VI-13)
3 2 3 2
rearranjando os termos, temos:
A B
− �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 � + C�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) � = 𝐶𝐶1 (ln 𝑟𝑟𝑖𝑖 − ln 𝑟𝑟𝑒𝑒 ) (VI-14)
3 2
ou
A B 𝑟𝑟1
− �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 � + C�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) � = 𝐶𝐶1 ln (VI-15)
3 2 𝑟𝑟2
de onde finalmente podemos obter o valor de 𝐶𝐶1 como:

106
A B
− 3 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − 2 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 � + C�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) �
𝐶𝐶1 = 𝑟𝑟 (VI-16)
ln 𝑟𝑟1
2

Portanto, temos que para uma parede de seção transversal circular em regime
estacionário de troca térmica, sem geração de calor em seu interior e com transferência de
calor apenas na direção radial e condutividade térmica dada por
k �𝑇𝑇(𝑟𝑟)� = −A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2 − B𝑇𝑇(𝑟𝑟) + C (VI-17)
teremos a distribuição de temperaturas em seu interior na forma
A𝑇𝑇(𝑟𝑟) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟) 2
− − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟) = 𝐶𝐶1 ln 𝑟𝑟 + 𝐶𝐶4 (VI-18)
3 2
com
A B
− 3 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 3 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 � − 2 �𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) 2 − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2 � + C�𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑖𝑖 ) − 𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) �
𝐶𝐶1 = 𝑟𝑟 (VI-19)
ln 𝑟𝑟1
2

e
A𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 3 B𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) 2
𝐶𝐶4 = − − + C𝑇𝑇(𝑟𝑟𝑒𝑒) − 𝐶𝐶1 (VI-20)
3 2

107
Anexo IV
Equações do calor específico e entalpia específica
para o hidrogênio, oxigênio e água.
As tabelas abaixo apresentam as equações utilizadas pelo software ANSYS Fluent
para calcular o calor específico a pressão constante e a entalpia específica do hidrogênio,
oxigênio e água, respectivamente.

Tabela IV-1 – Equações do calor específico e entalpia específica para o hidrogênio

𝑪𝑪𝒑𝒑 do hidrogênio

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
13602.45 + 3.402317𝑇𝑇 − 3.358423𝑥𝑥10−3 𝑇𝑇 2 − 3.907953𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇 3
+ 1.705345𝑥𝑥10−9 𝑇𝑇 4
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
12337.53 + 2.887275𝑇𝑇 − 2.32356𝑥𝑥10−4 𝑇𝑇 2 − 3.807379𝑥𝑥10−8 𝑇𝑇 3
+ 7.727742𝑥𝑥10−12 𝑇𝑇 4

𝒉𝒉 do hidrogênio

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
−4.177𝑥𝑥106 + 1.360245𝑥𝑥104 𝑇𝑇 + 1.7011585𝑇𝑇 2 − 1.119474𝑥𝑥10−3 𝑇𝑇 3 − 9.769883
× 10−8 𝑇𝑇 4 + 3.41069 × 10−10 𝑇𝑇 5
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
−3.44539𝑥𝑥106 + 1.233753𝑥𝑥104 𝑇𝑇 + 1.443638𝑇𝑇 2 − 7.7452𝑥𝑥10−5 𝑇𝑇 3 − 9.518448
× 10−9 𝑇𝑇 4 + 1.54555 × 10−12 𝑇𝑇 5

109
Anexo IV – Equações do calor específico e entalpia específica para o hidrogênio,
oxigênio e água.

Tabela IV-2 – Equações do calor específico e entalpia específica para o oxigênio

𝑪𝑪𝒑𝒑 do oxigênio

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
8.348265𝑥𝑥102 + 0.292958𝑇𝑇 − 1.495637𝑥𝑥10−4 𝑇𝑇 2 + 3.413885𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇 3
− 2.278358𝑥𝑥10−10 𝑇𝑇 4
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
9.607523𝑥𝑥102 + 0.159413𝑇𝑇 − 3.270885𝑥𝑥10−5 𝑇𝑇 2 + 4.612765𝑥𝑥10−9 𝑇𝑇 3
− 2.952832𝑥𝑥10−13 𝑇𝑇 4

𝒉𝒉 do oxigênio

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
−2.611703𝑥𝑥105 + 8.348265𝑥𝑥102 𝑇𝑇 + 0.146479𝑇𝑇 2 − 4.985457𝑥𝑥10−5 𝑇𝑇 3
+ 8.534713 × 10−8 𝑇𝑇 4 − 4.556716 × 10−11 𝑇𝑇 5
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
−3.205892𝑥𝑥10−5 + 9.607523𝑥𝑥102 𝑇𝑇 + 0.079706𝑇𝑇 2 − 1.090295𝑥𝑥10−5 𝑇𝑇 3
+ 1.153191 × 10−9 𝑇𝑇 4 − 5.905664 × 10−14 𝑇𝑇 5

110
Tabela IV-3 – Equações do calor específico e entalpia específicapara o oxigênio

𝑪𝑪𝒑𝒑 da água

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
1563.077 + 1.603755𝑇𝑇 − 0.002932784𝑇𝑇 2 + 3.216101𝑥𝑥10−6 𝑇𝑇 3
− 1.156827𝑥𝑥10−9 𝑇𝑇 4
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
1233.234 + 1.410523𝑇𝑇 − 0.0004619141𝑇𝑇 2 + 1.1542772𝑥𝑥10−7 𝑇𝑇 3
− 2.49824𝑥𝑥10−13 𝑇𝑇 4

𝒉𝒉 da água

300 𝐾𝐾 – 1000 𝐾𝐾
−1.39406 ∗ 10^7 + 1563.08 𝑇𝑇 + 0.801878 𝑇𝑇^2 − 0.000977595 𝑇𝑇^3
+ 8.04025 ∗ 10^ − 7 𝑇𝑇^4 − 2.31365 ∗ 10^ − 10 𝑇𝑇^5
1000 𝐾𝐾 – 5000 𝐾𝐾
−1.3794𝑥𝑥107 + 1.23323𝑥𝑥103 𝑇𝑇 + 0.705262 𝑇𝑇 2 − 1.539714𝑥𝑥10−4 𝑇𝑇 3
+ 2.88569𝑥𝑥10−8 𝑇𝑇 4 − 4.99648𝑥𝑥10−14 𝑇𝑇 5

111

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