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chamado à vida'1
Francês, que veio ao Brasil para uma série de palestras , afirma que o corpo é sempre político e nele se
manifestam as desigualdades sociais e de gênero
"Cresci2 em Le Mans, no Noroeste da França. Meu pai era operário e minha mãe, dona de casa. Sou casado e
não tenho filhos. Comecei a estudar o corpo porque não me sentia bem no meu próprio corpo. Dou aula na
Universidade de Estrasburgo. Vim ao Brasil pela primeira vez aos 23 anos porque queria me perder na
Amazônia."
No Brasil, há uma superexposição do corpo. Sabemos lidar melhor com ele do que outras
sociedades?
Sim. O Brasil tem uma cultura do litoral, do sol. E teve uma colonização portuguesa, que foi diferente da
espanhola. Permitiu a miscigenação. Percebo que há um prazer de viver no seu próprio corpo. Há homens com
barriga grande sem camisa, pessoas mais velhas com minissaia ou short.
Qual o lugar que ocupa o corpo em países em que se busca escondê-lo, como em muitos países
muçulmanos?
É um corpo reprimido, que mantém a desigualdade entre homem e mulher. O corpo é sempre político. Tem um
discurso político sobre a sociedade. O status do corpo evidencia a desigualdade de gênero e social.
O jovem experimenta mais o seu corpo e o colocam em situação de risco. Por quê?
Publicações
LE BRETON, David. Por uma antropologia de las emociones. In: Revista Latinoamericana de Estudios
sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad. Año 4, n. 10 (diciembre 2012 – marzo 2013). Argentina. p. 69-79.
Disponível em: <http://www.relaces.com.ar/index.php/relaces/issue/view/10/>. Acesso em: 28.03.2017
Resumo:
Neste texto se analisa o caráter social das emoções e a importância dos contextos
culturais nas formas de experimentar o sentir afetivamente. Os sentimentos e as
emoções não são substâncias transferíveis de um indivíduo a outro, não são somente
processos fisiológicos. São relações, e portanto produto de uma construção social e
cultura, e se materializam em um conjunto de signos que as pessoas podem demonstrar,
mesmo que não as sintam. A emoção é interpretação e se modifica e se diferencia em sua
intensidade de acordo com a singularidade de cada pessoa (biografia, psique, status
social, idade, gênero, etc.). A afetividade é o impacto de um valor pessoal diante de um
contexto e como ele é experimentado pelo sujeito.
Há pessoas que nunca teriam se apaixonado se nunca tivessem ouvido falar de amor. La Rochefoucauld
As pessoas estão conectadas com o mundo por uma rede contínua de emoções. A
afetividade mobiliza as mudanças musculares e viscerais: expressões faciais, gestos,
posturas, “cores” (ficar branco, ficar vermelho de raiva). Estas expressões são
inconcebíveis fora de uma aprendizagem, fora da relação com os demais, que assim
como o indivíduo, fazem parte de uma cultura em um contexto particular.
As condições sociais de existência do sujeito se traduzem em mudanças
fisiológicas e psicológicas. A cultura afetiva impregna a relação do indivíduo com o
mundo, que se materializa em um tecido de significados e atitudes, maneiras de dizer
(tom de voz, escolha de palavras > Didi-Huberman) e de pô-la (cultura afetiva?)
fisicamente em jogo.
Trata-se de uma emanação social relacionada com circunstâncias morais
precisas e com a sensibilidade particular de cada sujeito. A expressão da emoção é
organizada e apresenta significados compartilhados com os demais (senão não seria
colocada em ato > Didi-Huberman). Ela mobiliza um vocabulário, discursos, gestos,
expressões faciais, relaciona-se com a comunicação social. Parte de uma padrão coletivo
suscetível de ser reconhecido pelos outros. A afetividade é o impacto de um valor pessoal
diante de um contexto e como ele é experimentado pelo sujeito (repetido).
O olhar antropológico recorda o caráter socialmente construído dos estados
afetivos sobre uma base biológica que nunca é um fim mas sempre matéria-prima sobre a
qual se tramam as sociedades.
Exemplos: