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Contribuições do pensamento sistêmico à prática do psicólogo no

contexto hospitalar

As autoras trazem um breve histórico sobre como a Psicologia se estabelece


como profissão e, após isso, se insere nos serviços de saúde pública,
especificamente nos hospitais. Tratam sobre o paradigma que regia as práticas
de saúde em geral e como a Psicologia também absorveu essas práticas, mas
também das mudanças paradigmáticas que, por sua vez, também
transformaram a prática psicológica no contexto hospitalar.

Nesse sentido, as autoras também introduzem pressupostos do pensamento


sistêmico que, aplicados ao contexto hospitalar, coadunam-se com os
princípios do SUS, e com a dinâmica do contexto hospitalar. A busca por uma
visão integral do contexto e dos sujeitos, o alinhamento com os conceitos de
multiprofissionalidade e interdisciplinaridade e um pensamento que articule as
diferenças são exemplos desses pressupostos.

Trazem ainda uma crítica a respeito da incipiência do pensamento sistêmico


em saúde coletiva devido a uma ideia equivocada de que o pensamento
sistêmico se apoia em teorias funcionalistas que representam todas as
possibilidades de construção do mundo na metáfora do “organismo humano”.
Pelo contrário, pensamento sistêmico contribui para a área da saúde com a
compreensão da complexidade que envolve os indivíduos atendidos e que
precisa ser levada em conta em todos os níveis de atenção e, nesse sentido,
as autoras apontam a necessidade de novas metodologias para o
entendimento da articulação dos componentes da saúde numa perspectiva
ampliada, envolvendo também questões sociais e meio ambiente.

A humanização no atendimento é trazida como um dos pilares no campo da


saúde, o que implica numa adaptação de práticas profissionais a fim de uma
escuta contextualizada que propicie uma compreensão do outro em sua
alteridade e uma intervenção que busque trazer todos os envolvidos ao
protagonismo do processo.

Nesse sentido, o pensamento sistêmico propõe uma mudança de foco dos


processos intrapsíquicos para os inter-relacionais, o sintoma passa a ser
analisado a partir de um contexto, em vez de unicamente o indivíduo. O
psicólogo, por sua vez, assume o papel de facilitador, a intervenção psicológica
se constitui num sistema cujo desenvolvimento se sujeita às possibilidades e
limitações dos participantes.

As autoras trazem também a conversação terapêutica como uma busca de


intercâmbio de ideias que desenvolvem novos significados a partir da inclusão
de diferentes perspectivas, que convergem num processo de intervenção. Essa
conversação é sustentada pelas instituições das quais os psicólogos fazem
parte e contextualizam em certa medida, quais conversações serão
desenvolvidas.

Desse modo o pensamento sistêmico considera não apenas o indivíduo e/ou a


doença, mas os sistemas nos quais estão inseridos, que vão desde a família
até o contexto hospitalar e mesmo o sistema de saúde no qual se insere,
informações que são consideradas úteis para a compreensão da queixa e
elaboração de estratégias de intervenção.

A instituição hospitalar é considerada, nesse sentido, um sistema aberto, por


estar em constante troca com outros sistemas externos, possuindo seus
próprios subsistemas, também abertos, com suas peculiaridades de
significados que constituem o contexto hospitalar.

Sobre a questão do contexto, as autoras indagam quais forças contextuais


prefiguram ações que reproduzem contextos e os tipos de ações que são
suficientemente diferentes da força contextual e suficientemente inapropriadas
para o contexto, de modo que possuam força implicativa para mudar o mesmo.
Essas questões são importantes para se refletir as práticas psicológicas e seu
alcance. Reproduzir acriticamente práticas contextuais pode levar a
perpetuação de modelos inadequados de atendimento, a força implicativa, no
entanto, reside na tomada de decisão do profissional por intervir ativamente no
contexto da demanda apresentada. No entanto as autoras também chamam a
atenção para a possibilidade de que essa força implicativa gerar exaustão nos
envolvidos, caso empenhada sem uma reflexão atenta.

As autoras referenciam também diversas situações do contexto hospitalar que


afetam os profissionais de saúde, criando neles mecanismos de defesa,
resignação às forças contextuais ou empenho de força implicativa, situações
em que os profissionais conformam a proposta terapêutica de acordo com os
sinais do corpo, processos de comunicação com a família frente à indefinição
dos diagnósticos, tensões em situações em que a vida do paciente está em
risco, descrevendo essas situações em metáforas que fazem parte das
simbologias dos subsistemas do hospital. Trazer à tona essas peculiaridades
simbólicas é considerado de importância estratégica na escuta clínica do
psicólogo.

O psicólogo, então, faz parte de um sistema de intervenção psicológica que é


composto por dois subsistemas: o do paciente/família e/ou rede significativa, e
dos integrantes da equipe de saúde. Ambos possuem singularidades que se
conjugam e compõem a trama contextual dos significados ali presentes.

Três peculiaridades referentes ao primeiro subsistema são destacados: a


dependência física, psíquica e sócio-econômica, a perda da identidade pessoal
para a admissão de uma identidade institucional e o medo do desconhecido.
Essas peculiaridades precisam ser consideradas pelo psicólogo como guias
para um acolhimento do paciente, de modo a integrá-lo melhor no contexto
hospitalar, construindo ações que façam sentido a todos os integrantes do
sistema.

As autoras caracterizam o segundo subsistema pela progressiva inclusão de


novos profissionais, pelo avanço de conhecimentos e pela múltipla construção
do pensamento em saúde. Apresentam também três desafios para esse
subsistema, na perspectiva do pensamento sistêmico: desenvolvimento de
ações na perspectiva da integralidade; criação de condições para um
atendimento humanizado, dando o protagonismo a todos os envolvidos; e a
adoção efetiva da interdisciplinaridade. Esses desafios passam pela formação
dos profissionais de saúde e exigem uma reavaliação e criação de espaços de
capacitação.

As autoras concluem, então, que o psicólogo, nesse sentido, se faz presente


como o profissional que compreende os fatores descritos e, se utilizando da
perspectiva sistêmica, busca uma intervenção psicológica que gere condições
para os envolvidos serem coconstrutores de ações que atendam aos princípios
da humanização, integralidade e interdisciplinaridade, aceitação dos múltiplos
saberes envolvidos na saúde, ampliação do olhar sobre a saúde, o
empoderamento dos sujeitos envolvidos e a promoção da saúde além do
contexto hospitalar.

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