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Propaganda abolicionista
e democrática. 2 ed. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1988.
VIII: Suas ideias sobre a imigração, por exemplo, refletem a sua oposição à escravidão
vista dentro de um contexto muito mais amplo, o qual pressupunha evitar a
“reescravização do imigrante pelos donos da terra” (...). Neste sentido, suas propostas
nunca estiveram restritas apenas à abolição do negro escravo mas, também, envolvia a
defesa sde uma política econômica e social voltada para evitar outras formas
alternativas de escravidão, como aquela – segundo a sua visão – dos próprios
fazendeiros ao utilizarem o imigrante-colono como substituto do trabalho escravo. Em
sua visão, este deveria se tornar proprietário de sua própria terra e não um mero
cultivador da terra alheia. Para que a utopia se tornasse realidade, mister se fazia,
segundo a visão do Rebouças, implementar um programa social e econômico
direcionado para a redistribuição da terra através da eliminação da grande propriedade e
a implementação da pequena, pressupostos basilares para a implementação no país, da
sua “Democracia Rural Brasileira”.
XI: Por alguma razão incompreensível, mas possivelmente por causa do seu estilo
técnico, pesado, Agricultura Nacional nunca recebeu a atenção merecida se o
compararmos com outro importante livro contemporâneo, O Abolicionismo de Joaquim
Nabuco. Um exame dos dois livros mostra que eles são complementares porque ambos
se ocupam do mesmo tema, ou seja, do problema da abolição e da agricultura nacional,
estudados de diferentes óticas. Enquanto o de Nabuco se preocupa fundamentalmente
com a instituição da escravidão e com a abolição do homem negro, o de Rebouças
concentra a atenção sobre a mesma problemática, porém enfocando o contexto social e
econômico do país no qual persistiam a monocultura, o latifúndio e o braço escravo,
propondo através da análise exaustiva (...) dos problemas atinentes à agricultura [XII]
nacional, a implantação da “Democracia Rural Brasileira”.
XIII: Finalmente, quando as suas ideias começaram a emergir nos anos setenta na
imprensa, elas provocaram certo criticismo e até mesmo certa incompreensão quanto à
essência da sua proposta de “nacionalização do solo”. Ele teve necessidade de reafirmar
inúmeras vezes que o princípio no qual se baseava a sua proposta de “nacionalização do
solo”, não era o comunismo e sim a aplicação do imposto territorial de modo a tornar
possível a implementação de uma “democratização rural”, no Brasil. Neste particular
aspecto, ele foi explícito ao responder a uma indagação de Nabuco sobre o teor de sua
“democracia rural”: “Verás nos inúmeros artigos de jornal que não há comunismo na
minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural pela subdivisão
do solo acelerada pelo Imposto Territorial progressivo na razão de 1 para 2”.
Para o fumo a fazenda central receberia a folha ainda verde dos lavradores
circunvizinhos, e faria, com as malhores máquinas e pelos melhores processos
conhecidos, todas as operações de preparação do fumo para os diferentes usos, a que
fosse destinado, de modo a obter sempre o máximo preço nos mercados consumidores
ou de exportação. Nesta especialidade, aliás tão simples, ainda está tudo por fazer no
Brasil.
Sob este ponto de vista, mais vasto e mais compreensivo, o princíipo daa
centralização agrícola pode ser aplicado a todos os artigos de exportação do Brasil.
Assim a indústria pastoril terá também fazendas centrais, que comprarão o gado em pé
aos criadores, e farão sobre ele todas as operações necessárias para obter a carne, o
couro e todos os produtos conexos, nas melhores condições de venda no interior ou nos
mercados estrangeiros.
[6] Com o desenvolvimento progressivo da nação brasileira, o princípio da
centralização agrícola se transformará em princípio de centralização industrial: isto é,
de cada engenho central, de cada fazenda central, nascerá uma fábrica central. (...) A
fábrica central brasileira enviará para a Europa e para os Estados Unidos o produto
agrícola pronto para ser imediatamente consumido. (...)
408-409: Disse Montesquieu: “Les pays ne sont pas cultivés en raison de leur fertilité,
mais en raison de leur liberté ». (…)
André Rebouças