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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
DISCIPLINA MICROECONOMIA E ORGANIZAÇÃO IDUSTRIAL
Professor Dr. Elmer Nascimento Matos

RESENHA

VEIGA, P. da M.; RIOS, S. P. Cadeias globais de valor e implicações para a formulação de


políticas. In: OLIVEIRA, I. T. M.; CARNEIRO, F. L.; SILVA FILHO, E. B. da. (Org.).
Cadeias globais de valor, políticas públicas e desenvolvimento. Brasília: Ipea, 2017. p. 17-
48.

1 APRESENTAÇÃO DA OBRA

A obra tem por objetivo avançar na compreensão das especificidades e dos dilemas que
o enfoque das cadeias de valor traz para a formulação de políticas públicas em países em
desenvolvimento. O capítulo é composto de seis seções, sendo a Introdução a primeira delas.
Na segunda seção encontraremos uma descrição dos principais aspectos envolvidos no enfoque
de cadeias de valor de produção relacionados à dinâmica da interação entre as firmas em um
contexto de fragmentação internacional do processo produtivo, bem como uma discussão do
peso da geografia na constituição de cadeias de valor. A seção 3 apresenta a evolução dos
estudos sobre cadeias de valor. As seções 4, 5 e 6 trazem, respectivamente, a discussão relativa
a dimensão comercial das políticas voltadas para a captura das oportunidades nas cadeias de
valor, o debate sobre as políticas não comerciais e seus aspectos horizontais e setoriais e,
finalmente, as considerações finais.

2 RESUMO DA OBRA

O processo de fragmentação internacional da produção, que resulta na constituição desta


em CGVs, possui profundas implicações criando a necessidade de se discutir – e, caso
necessário, modificar – a forma com que tais políticas são idealizadas. Tal discussão foi
incentivada pelas principais organizações econômicas internacionais a partir de 2012 e
defendem que os países em desenvolvimento se adequem ao novo modelo da produção em
âmbito mundial.
Para tornar viável uma maior inserção das economias em desenvolvimento nas CGVs,
sobretudo aquelas que não possuem um parque industrial mais sofisticado e diversificado, é
necessário que os países com essas características adequem suas políticas domésticas visando
capturar etapas ou tarefas produtivas específicas, possibilitando uma “via rápida” para a
industrialização e desenvolvimento econômico desses países. Os autores destacam que os
regimes internacionais de comércio deveriam remodelar suas agendas, priorizando à remoção
de obstáculos ao livre fluxo de bens e serviços, à diminuição dos custos de comércio e à
promoção de um ambiente regulatório que certifique segurança e previsibilidade à expansão
dos negócios das empresas-líderes das cadeias. Os países desenvolvidos devem apenas eliminar
um conjunto reduzido de tarifas que ainda protegem produtos sensíveis em seus mercados
domésticos, enquanto que para os países em desenvolvimento, essa agenda é muito mais
exigente.

Os principais componentes da nova agenda de comércio é a redução dos custos do


comércio de produtos intermediários, a relevância dos serviços como componentes essenciais
dos fluxos de mercadorias e a facilitação de comércio.

Autores como Baldwin (2012) reconhece que as cadeias de valor são mais regionais do
que globais e estudo de Estevadeordal, Blyde e Suominen (2013), mostra que a criação e a
expansão de blocos de comércio estimularam a constituição de cadeias de valor no seu interior.
Geralmente, estas cadeias organizam-se em função de empresas-líderes dos países
relativamente mais desenvolvidos de cada região. Recomenda-se que os acordos regionais
revejam suas agendas para integração de medidas que facilitem a articulação entre empresas
dos países-membros e incentivem a constituição de cadeias.

A abordagem das cadeias de valor sofre pressão sobre a agenda multilateral, pois sugere
que a convergência regulatória ganhe prioridade em relação aos temas da agenda tradicional
das negociações comerciais, abrindo espaço para a revisão da agenda temática da Rodada Doha,
cujo processo de negociação encontra-se por ora interrompido.

A liberalização comercial é julgada insuficiente para que as economias em


desenvolvimento se favoreçam da inserção às cadeias de valor. O desafio seria maior para as
que já dispõem de um parque industrial relativamente diversificado. Seria necessário, então,
aderir a políticas domésticas não comerciais capazes de levar estas economias a maximizar os
benefícios e a reduzir os custos da participação nas cadeias.
Apesar de esse debate ter sido capaz de definir objetivos gerais e uma agenda de
políticas horizontais que o distinguem de outras estratégias de industrialização e inserção
internacional, o mesmo encontrou obstáculos em relação ao perfil das políticas não horizontais
e aos instrumentos que as concretizam.

O crescimento das importações e das exportações de bens não finais é o objetivo


principal de políticas setoriais pró-cadeias; estas devem ser necessariamente dinâmicas e
focadas em segmentos específicos. Além disso, a perspectiva das cadeias de valor condena o
foco excessivo nas atividades de fabricação – e a prioridade a elas concedida. Tal foco “desvia
a atenção de alguns dos segmentos mais dinâmicos e rentáveis das cadeias globais de valor,
como as atividades de P&D e de integração de serviços e engenharia” (Sturgeon et al., 2014).
Entretanto, essas definições não parecem ser suficientes para especificar as políticas não
horizontais pró-cadeias, especialmente quando se passa para o nível dos instrumentos de
política.

As políticas industriais pró-cadeias de valor implicam, especialmente para economias


que já alcançaram certo nível de industrialização, a aceitação, ou eventualmente a promoção,
de alguma especialização intrassetorial.

Se no campo das políticas comerciais a perspectiva de cadeias de valor parece ter foco
em alguns temas do que de incorporação de novos temas, no campo das políticas industriais
ainda prevalecem incertezas. As propostas de corte setorial, flertam com mecanismos típicos
das políticas de substituição de importações. Os responsáveis que estudam esse debate
procuram limitar as diferenças entre a nova e a velha agenda de política industrial, mas ainda
se faz indispensável evitar que a nova agenda reforce velhas ideias.

3 CONCLUSÃO E CRÍ´ITICA DA RESENHISTA

A crescente interdependência entre as economias se estabelece indiscutivelmente como


uma tendência. Esta interdependência traz como um de seus aspectos mais marcantes a
fragmentação do sistema produtivo de bens e serviços intermediários espalhados por todas as
partes do globo. É a isto que denominamos cadeias globais de valor (CGVs).
As CGVs se tornam cada dia mais importantes e como resultado tem impactado
significativamente na estrutura produtiva, no processo de desenvolvimento de diversos países
emergentes, na estrutura do comércio internacional e nos objetivos das negociações comerciais,
sobretudo nos acordos regionais. Diante disto, os legisladores e formuladores de políticas
deverão compreender suas implicações sobretudo no tocante a gestão de políticas públicas de
modo que estejam em sintonia com a nova estrutura do comércio internacional e a operação das
CGVs. Evidentemente, se torna necessário reavaliar e atualizar os estudos sobre o tema e as
políticas nessa temática, de modo que reflitam a nova estrutura do comércio internacional e a
operação das CGVs.
A obra traz uma admirável contribuição no tocante a compreensão das particularidades e
dos dilemas que o enfoque das cadeias de valor traz para a formulação de políticas públicas nos
países em desenvolvimento.
O texto é bem escrito, bem estruturado e utiliza-se de uma linguagem clara. Veigas e
Rios compuseram uma obra coesa e com um bom encadeamento de ideias, com resultado
propiciaram ao leitor, competentemente, conhecimentos basilares na compreensão desta
temática, conhecimentos estes que subsidiarão o leitor em suas análises e reflexões quando do
aprofundamento de seus estudos em outras obras e abordagens envolvendo as CGVs.
No entanto é uma leitura que demanda conhecimentos prévios para ser entendida de forma
mais substancial, além de ser necessário algumas releituras e pesquisas quanto a conceitos,
autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões emergem a partir de
esclarecimentos e posições de diversos estudiosos. Isto posto, um leitor dedicado, ainda que
sem grandes conhecimentos prévios será capaz de apreender em sentido geral a proposta dos
autores nesta obra.
Ademais, avalio o texto como uma positiva contribuição uma vez que amplia e enriquece
base de conhecimento sobre esta temática, e recomendo esta leitura a todos que desejarem
ampliar seus conhecimentos no assunto.

4 IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES DA OBRA

Pedro da Motta Veiga, diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento


(Cindes) e pesquisador do Ipea.
Sandra Polónia Rios, diretora do Cindes e pesquisadora do Ipea.

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Hellen Deise Lopes dos Santos, Bacharela em Ciências Econômicas, mestranda do


Programa de pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Sergipe -PROPEC.

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