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Crise no Brasil: a reivindicação por intervenção militar é poder pelo caminho do voto e da democracia.

constitucional? Texto 2 – Formação Cidadã. E qual seria o papel das Forças Armadas na democracia?
Seria o de garantir a defesa nacional e dos poderes
constitucionais. Ou seja, além de atuar na segurança,
Desde 2013, o Brasil vive um clima de tensão e também protege os Três Poderes e a soberania da
instabilidade política. Em 2016, houve o impeachment Presidência.
da ex-presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Em casos de um ambiente de grave instabilidade, as
Temer, assumiu o poder. Em meio à sensação de caos, Forças Armadas podem atuar para a garantia da lei e da
alguns grupos da sociedade defendem que a intervenção ordem, quando as instituições encarregadas de fazê-lo
militar seria a única saída para o país resolver não possam, por qualquer razão, cumprir a tarefa.
problemas como a corrupção, a ética nos gastos públicos Mas a Constituição diz que todas as medidas e ações a
e a crise econômica. serem adotadas pelo comando militar devem estar
No fim de maio deste ano, durante a paralisação de previstas no ordenamento legal do Estado, sob a direção
caminhoneiros, também chamou a atenção o uso de de autoridades como o presidente, o Supremo Tribunal
faixas em caminhões, não apenas para protestar contra Federal, o Senado Federal ou a Câmara dos Deputados.
o preço dos combustíveis, mas para pedir a derrubada Em uma situação de gravidade, por exemplo, o
do governo do presidente Michel Temer por intervenção presidente da República pode decretar uma Intervenção
militar. Federal, Estado de Defesa e Estado de Sítio. Essas
Não foi uma reivindicação isolada. Durante a greve, medidas devem ser tomadas para a manutenção ou o
foram criados grupos na plataforma WhatsApp para restabelecimento da normalidade, tendo como regra os
discutir a intervenção militar na política. Muitos princípios da necessidade (sob pena de se caracterizar
disseminaram boatos e notícias falsas sobre um possível arbítrio e verdadeiro golpe de Estado) e da
levante militar que estaria acontecendo em algumas temporariedade (não pode ser por um longo tempo sob
cidades. Em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, pena de configurar verdadeira ditadura).
manifestantes bloquearam a entrada do quartel do Ou seja, mesmo se as Forças Armadas forem chamadas
Exército, pedindo intervenção militar no país. para agir, essas operações devem ser realizadas por
A pauta intervencionista se espalhou nas redes sociais e tempo determinado. Casos a atuação de membros das
ganhou ressonância na sociedade. Durante o período da Forças Armadas ultrapasse o limite da lei, eles podem
paralisação dos caminhoneiros, o Ibope fez uma estar sujeitos a processos e sanções judiciais.
pesquisa e a sondagem indicou que um terço dos A Constituição prevê uma linha de sucessão no caso de
eleitores defendia uma intervenção militar imediata. um presidente ser impedido de continuar seu mandato.
Outro terço se disse favorável à realização de eleições Se o vice-presidente cai, quem assumir tem o
antecipadas com solução para a crise (o pleito acontece compromisso de convocar eleições diretas em 90 dias.
em outubro). A linha sucessória neste caso seria o presidente da
Um mês antes, em abril, uma declaração do general Câmara, presidente do Senado e presidente do
Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, Supremo. Se a queda acontece depois da primeira
provocou polêmica. Na véspera do julgamento de metade do mandato, as eleições são indiretas e só votam
habeas corpus do ex-presidente Lula pelo STF parlamentares.
(Supremo Tribunal Federal), ele tuitou que os militares Intervenções militares no Brasil
estavam atentos e zelando pelas instituições. A Na história da República, o Brasil teve três intervenções
declaração foi interpretada como uma clara ameaça de militares na política. Em 1889, os militares derrubaram
intervenção militar. o Império. O marechal Deodoro da Fonseca proclamou
Em uma palestra, o general Antônio Hamilton Mourão a República e assumiu o cargo de primeiro presidente
disse que as Forças Armadas poderiam partir para uma do Brasil.
intervenção militar se o Judiciário “não solucionar o No século 20, com a ajuda de militares, a intervenção
problema político”. militar ajudou a derrubar a Primeira República e a
Como resposta às declarações dos generais, o ministro eleger o presidente Getúlio Vargas. Em 1954, diante de
da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que, de uma crise em seu governo, Getúlio foi pressionado pelos
zero a dez, é de “menos um” a chance de se ter uma militares a renunciar. Sem apoio efetivo, Vargas
intervenção militar no Brasil. “Não vejo nenhuma força suicidou-se e historiadores interpretam que sua morte
política, à exceção daquelas que são absolutamente evitou um golpe militar. Dez anos depois, em 1964, os
minoritárias, propor um retorno ao passado. Ninguém militares tomaram o poder, no mais recente golpe de
quer isso, e isso não tem o menor curso no Brasil, eu Estado que o Brasil viveu.
posso assegurar”, afirmou. O golpe de 1964
Intervenção militar é constitucional? No dia primeiro de abril de 1964, diversas cidades
O sistema político brasileiro proíbe os militares de brasileiras amanheceram ocupadas por soldados e
intervir na política e não prevê um mecanismo de tanques. Tropas militares se movimentaram pelas
intervenção militar “constitucional”. A Constituição de estradas, em direção ao Rio de janeiro e Brasília. Na
1988, logo no Artigo 1o, parágrafo único diz que “Todo capital federal, a cidade estava cercada por tropas que
poder emana do povo, que o exerce por meio de impediam a chegada e a saída dos congressistas.
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Em busca de segurança, o presidente João Goulart
Constituição”. viajou do Rio para Brasília, e depois para Porto Alegre,
Pela Carta Magna, é o povo quem escolhe os onde tentou organizar uma resistência com o apoio de
governantes. Se os militares tomam o poder pela força, militares legalistas, que acreditavam na defesa da
isso se classifica como um golpe de Estado. Já se um Constituição. Apesar de ter apoio de parte da população,
militar concorrer às eleições e acabar sendo eleito, esse Goulart desistiu da luta armada e partiu para o exílio
fato não representa uma intervenção, mas um acesso ao político no Uruguai.
Naquela época, o mundo vivia o contexto da Guerra Fria
e o clima era de incerteza. No Brasil, em um cenário de
inflação elevada, o governo de João Goulart propunha
reformas de base e ações de inclusão social. Muitos
setores da sociedade acreditavam que um golpe
comunista estava sendo tramado e que as medidas do
presidente seriam um prelúdio para uma revolução
vermelha, como havia acontecido com a Revolução
Cubana (1959).
Os militares tomaram o poder pela força (ou seja, por
meio de um golpe de estado) e derrubaram o presidente
João Goulart. A expectativa era de que a intervenção
seria “pontual” e as eleições democráticas logo
aconteceriam. Mas os militares realizaram mudanças
na Constituição, como o item que, antes, proibia a
eleição de militares da ativa. Pouco depois, o general
Castelo Branco foi eleito por deputados como
presidente da República.
Quem apoiava o golpe acreditava na ideia central de que
a principal ameaça à ordem capitalista e à segurança do
país não viria de fora, como uma eventual guerra com a
União Soviética. Ela viria de dentro do próprio país,
através de brasileiros que atuariam como "inimigos
internos".
O Regime militar durou 21 anos (1964-1984) e foi
marcado pelas eleições presidenciais indiretas e pela
manutenção das instituições políticas como o
Congresso Nacional e o Poder Judiciário. O último
general a governar o Brasil foi João Baptista Figueiredo,
que encerrou o ciclo de governos militares no país.
Apesar de avanços econômicos, o período da ditadura
foi marcado pelo autoritarismo, ou seja, um regime
político que privilegiava a autoridade do Estado em
relação às liberdades individuais, e o Poder Executivo
em detrimento dos poderes Legislativo e Judiciário.
Durante a Ditadura, não havia liberdade de expressão e
a garantia de direitos fundamentais. Políticos que
apoiaram o presidente deposto foram cassados ou
presos, além de militantes, entidades estudantis, líderes
sindicais, camponeses e professores universitários.
Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação

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