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Sumário
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Primeira parte em: https://grazia-tanta.blogspot.com/2018/06/evolucao-da-populacao-mundial-19502050.html
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para o Mediterrâneo e para a Europa. Por seu turno, o comércio marítimo no Índico
tem uma duração de largos séculos, com ligações entre a África Oriental, o
Mediterrâneo, o mundo islâmico e a China e, no âmbito do qual surgiu uma forte
penetração do Islão nas Filipinas, na Malásia, no Bangla Desh e na Indonésia.
Essa ligação marítima direta (via Cabo da Boa Esperança) entre a Europa, o Índico e o
Oriente fez reduzir-se a importância das rotas terrestres e veio a facilitar as conquistas
russas na Ásia central e na Sibéria, dominando os vários canatos e as tribos turcas ou
mongóis, construindo Tomsk em 1604, Irkutsk em 1661 e Vladivostok em meados do
século XIX. A Inglaterra ficava limitada na sua expansão para o interior, a partir da
Índia, pelo Himalaia, o Hindukush e a resistência dos afegãos. Por outro lado, o
domínio turco do Mediterrâneo oriental e, mormente do Mar Vermelho, contribuiu para
a preponderância da rota do Cabo como via de ligação direta entre o Oriente e a
Europa.
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Hoje (2016) essa desproporção é muito maior; 1700 M para o território acima referido contra 64 M da Grã-
Bretanha
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veio a ser despojada das mesmas pelo Japão, durante a I Guerra. Por seu turno, o
Japão, perdeu essas ilhas para os EUA com a derrota na II Guerra.
No início do século XX somente existiam na Ásia Central e Oriental cinco países sem
ocupação colonial – a China, o Japão, a Tailândia, o Nepal e o Butão.
A Índia, a despeito do seu elevado nível civilizacional – ou talvez por isso mesmo -
sempre se cingiu ao seu território, com a sua enorme diversidade étnica, linguística e
religiosa, com escassa propensão expansionista. Por outro lado, a sua posição central
no Índico permitiu ligações comerciais marítimas fáceis com a África, o Golfo Pérsico e
o Mar Vermelho, com a costa leste do golfo de Bengala e, mais adiante, com as ilhas
da Insulíndia e a China. As condições oferecidas pela existência de grandes rios como
o Indo, o Ganges e o Bramaputra, permitiu populações numerosas e a incorporação
de qualquer invasor - Alexandre, persas ou mongóis - em norma aceites como castas
governantes. Essa riqueza natural conduziu ao florescimento da filosofia e ao
surgimento de várias religiões – budismo, hinduísmo, jainismo, sikhismo – cujas
configurações incorporam uma grande tolerância religiosa, incluindo o ateísmo; ao
contrário dos atuais monoteísmos.
A Índia, com a China e a Rússia constituem as peças centrais da OCX como bloco
euro-asiático de oposição ao mundo ocidental, mormente da suserania dos EUA, que
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entendem dominar ou condicionar o planeta através do dólar, das imbecis tiradas de
Trump e do seu poder militar, através do cordão de bases com que os EUA envolvem
o continente euro-asiático. Note-se que no OCX estão quatro potências nucleares,
cerca de metade da humanidade, enormes recursos energéticos, uma rápida evolução
económica, embora predominem regimes de duvidosas credenciais democráticas,
mesmo entendendo por democracia os regimes de tipo ocidental, também oligárquicos
e excludentes. Tendencialmente, esses países ficarão ligados por infraestruturas de
transporte, geradoras de um maior fluxo de trocas que irão incorporar a Europa, como
uma verdadeira península asiática, em termos geográficos e demográficos.
Há muito – desde o século XIV – que a China procurava o isolamento face ao exterior,
admitindo apenas um limitado comércio com os europeus, quando estes se
aproximaram, no século XVI; a sul e a norte rodeavam-se de estados vassalos e da
Grande Muralha, enquanto os seus portos se mantinham fechados ao comércio com o
exterior. Nesse contexto, atribuíram Macau aos portugueses, como entreposto
comercial, em 1557 e, daí que nunca tivessem considerado o território como colónia;
na realidade, com a instauração da república popular, o poder de facto em Macau
cabia à China, embora houvesse um governador português. Durante a Revolução
Cultural, a ação e a propaganda maoista estavam presentes em Macau, embora o
governador fosse nomeado por um regime português, fascista e colonialista. Só em
1999 a soberania sobre Macau passou integralmente para a China, como uma região
administrativa especial, tal como Hong-Kong, dois anos antes.
Numa época de feroz imperialismo como foi o século XIX, a influência das grandes
potências coloniais europeias não podia deixar a China fora dos seus negócios, da sua
rapina; quer os chineses concordassem ou não em se abrir ao “mercado” global.
Assim, os ingleses, decidiram alargar o dito mercado, que se vinha cingindo à venda à
China de ópio indiano para pagamento da seda, do chá e da porcelana chinesa, no
único porto autorizado para as transações sino-britânicas, Cantão.
Esses (entre outros) chamados tratados desiguais, repartiram áreas de influência para
as potências imperiais - Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, Japão e EUA – numa
humilhação para uma China que se considerava como o padrão civilizacional face aos
“bárbaros” estrangeiros; por outro lado, pela sua dimensão geográfica, populacional e
política - não era constituída por uma vasta gama de senhores como a Índia - uma
ocupação colonial típica seria incomportável… como mais tarde o sentiram os
japoneses.
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A norte da China, a Manchúria cai sobre a influência da Rússia e, após uma primeira
guerra com o Japão (1894/95), cede Taiwan aquele e aceita uma provisória
independência da Coreia, que passará a colónia japonesa em 1910. A sul, tradicionais
vassalos do imperador chinês (Birmânia, Tailândia, Vietnam, Laos e Cambodja) caem
na órbita britânica ou francesa, enquanto a presença alemã se observa no Shandong.
O Japão tinha Nagasaki como único porto aberto ao comércio com os ocidentais, no
âmbito de um pendor isolacionista semelhante ao da China. No âmbito da segunda
presença de uma frota de guerra dos EUA, em 1854, o Japão assinou a convenção de
Kanagawa, segundo a qual abria os seus portos ao comércio com os EUA; a que se
seguiram posteriormente convénios semelhantes com as potências europeias.
Numa primeira guerra com a China (1894/95), o Japão apodera-se de Taiwan e retira
a Coreia da órbita chinesa. Em 1905, após ter ganho a guerra com a Rússia, esta fica
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afastada temporariamente de ter influência na Manchúria e na Coreia – rica em
minerais estratégicos - que é ocupada pelo Japão em 1910, até ao final da II Guerra.
Com a derrota nesta última guerra, o Japão perdeu para a URSS a metade sul da ilha
Sacalina (conquistada em 1905 pelo Japão), bem como as ilhas mais meridionais das
Curilhas; e foi forçado a manter forças militares limitadas, bem como a aceitar a
proteção militar dos EUA. A descoberta de reservas de petróleo nas águas territoriais
dos ilhéus Senkaku (jap)/Diaoyu (chi), a oeste das ilhas Ryu-Kyu, vem alimentando um
contencioso sino-japonês sobre a sua soberania.
O Japão, derrotado em 1945 sob o efeito do terror provocado pelos ataques atómicos
perpetrados pelos EUA, que ocuparam o país e onde mantêm cerca de 135
instalações militares, incluindo a presença de armas atómicas; tornou-se uma fortaleza
militar norte-americana, vital para o seu controlo da Ásia oriental, mormente face à
“ameaça” chinesa. Em contrapartida, o país desenvolveu-se como uma verdadeira
potência económica, desenvolveu técnicas de gestão como o toyotismo e o kanban,
aproveitando ainda a ligação sentimental dos trabalhadores para com as empresas
onde trabalham e a aceitação de carreiras profissionais longas e intensivas; nesse
contexto, gerou empresas poderosas de caráter global, com altas capacidades
tecnológicas, como a Mitsubishi, a Nissan, a Sony e outras. É de referir o importante
papel do Estado japonês em todo esse processo, através do seu ministério da
indústria e planeamento, o MITI.
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mais se evidenciam perante a estagnação que vem assolando os ocidentais, desde a
Grande Recessão iniciada em 2008.
A China, mais recentemente, vai reproduzindo o modelo referido acima, ainda que
sem imitar as democracias de mercado vigentes nos países atrás citados; prefere
proceder ao controlo social e político da sua imensa população, com um poder muito
centralizado no enorme PCC, que está presente em todas as estruturas económicas,
sociais e políticas e de onde partem ou são validadas todas as decisões, incluindo a
nova política natalista. Note-se que a China não reproduz o modelo soviético de
capitalismo de estado, permitindo o desenvolvimento de típicas empresas privadas, a
par de um aparelho de estado tentacular que controla, sem protagonizar, a atividade
económica, deixando esta aberta à inovação, à iniciativa. Uma das peculiaridades
chinesas foi a criação, depois da chegada ao poder de Deng Xiao-Ping, de “zonas
económicas especiais” para a fixação de capitais e tecnologias estrangeiras, atraídas
nomeadamente pelos baixos preços do trabalho (ainda que superiores aos do resto do
país), pelas isenções de impostos e pela rígida disciplina instituída pelo PCC; e que
diferem, hoje, das regiões administrativas especiais, de Hong-Kong e Macau.
Note-se ainda que, exceptuando a Coreia do Sul, onde a influência chinesa é milenar,
nos restantes países referidos a população é chinesa (Taiwan) ou, onde se verifica
uma significativa presença de população de origem cultural chinesa, relativamente
endinheirada e mantida coesa enquanto diáspora.
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https://www.lrb.co.uk/2016/11/14/rw-johnson/trump-some-numbers
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As democracias de tipo ocidental, ou de mercado, com partidos políticos concorrentes
a eleições, observam-se na Índia, no Paquistão, no Japão, na Tailândia, na Malásia,
no Sri Lanka. Existem monarquias na Tailândia, no Cambodja, no Butão e no Brunei. A
Malásia é uma monarquia sui generis pois o rei muda todos os cinco anos, numa
rotatividade entre os reis dos nove estados federados.
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Fonte primária: UNCTAD/CNUCED
Como bem se revela no gráfico abaixo, essa regularidade e esse grau de incremento
populacional deve-se sobretudo às regiões do Índico e do Sudeste, as mesmas em
que as previsões da CNUCED/UNCTAD mostram maior crescimento. Em
contrapartida, no Oriente, o crescimento populacional apresenta-se muito mais
modesto em 1970/2016 – mesmo assim, com um crescimento muito superior ao da
Europa (6% em 1970/2016 e com um retrocesso demográfico previsto para 2050).
Para o Oriente, as previsões apontam para um ligeiro retrocesso populacional da
ordem de 30 M de pessoas.
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Índico – Bangla Desh, Butão, Índia, Maldivas, Maurícia, Myanmar, Nepal, Paquistão, Sri Lanka
Oriente – Guam, Cazaquistão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, China (incl. Hong Kong, Macau), Japão, Mongólia,
Palau, Quirziguistão, Taiwan, Tadjiquistão, Turquemenistão, Uzbequistão
Sudeste – Brunei Durassalam, Cambodja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Tailândia, Timor-Leste, Vietnam
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A repartição da população pelos três grandes agregados de países revela (gráfico
abaixo) que até 2010 o agregado mais populoso era o do Oriente e que este deixou de
o ser em 2016, para além de ter perspetivas de forte quebra em 2050. Os outros dois
agregados aumentam o seu peso relativo durante o período considerado, tornando-se,
presentemente o Índico o conjunto de maior população em termos absolutos; e isso
acontece a despeito do reforço estatístico que o Oriente recebeu em 2000, com a
integração das cinco repúblicas ex-soviéticas que, naquele ano, tinham 55.6 M de
pessoas, 69.8 M em 2016 e uma expectativa de atingirem 94.4 M em 2050.
Para essa situação, contribuem, certamente, as situações dos dois países mais
populosos do conjunto Oriente. O Japão tem um volume populacional quase
estagnado desde 1990 e é considerado como um país muito envelhecido, com baixa
taxa de natalidade e, para mais, pouco propenso à chegada de imigrantes. A China,
como se verá adiante, apresenta um dinamismo demográfico muito baixo, certamente
ligado à política do filho único que, entretanto, foi abandonada; e que, provavelmente,
colocará em causa a previsão feita pela ONU, para 2050.
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Índico
O conjunto dos países do Índico multiplica cerca de 2.5 vezes a sua população no
período 1970/2016; é o conjunto da Ásia Central e Oriental com maior crescimento
demográfico. A sua taxa anual de crescimento demográfico supera os 2.6% nas
décadas de 80 e 90 decaindo, gradualmente depois, até atingir 0.8% no hexénio
2010/16, um crescimento anual que é também apontado para os 34 anos seguintes,
até 2050.
Convém sublinhar que a Índia representa 76% da população total da região Índico em
1970 e 74.2% em 2016 enquanto o Paquistão – que tem a segunda maior população -
no mesmo período, passa de 8% para 10.8% do total. Isto significa que os dois países
em todo esse período acrescem ligeiramente a sua representantividade no conjunto,
embora se observe uma pequena alteração na relação entre si, a favor do Paquistão.
Nas previsões para 2050 eleva-se mais o peso do Paquistão (13.4%) em detrimento
da Índia (72.5%), o que não altera a grande desproporção entre o peso demográfico
dos dois países.
Quanto às perspetivas para 2050, elas são conservadoras para a maior parte dos
países, destacando-se a regressão populacional prevista para as Maurícias e o
elevado acrescimo demográfico anual admitido para o Paquistão no período 2016/50
(1.73%). Para o conjunto da região Índico o crescimento populacional previsto até
2050 é de 0.83%, por ano.
Oriente
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Os acréscimos populacionais mais robustos notam-se na Mongólia, nas décadas de
70 e 80 que passam a ser mais modestos posteriormente. Macau apresenta taxas de
crescimento demográfico elevadas, no contexto regional, a partir da década de 80, a
par com o Tadjiquistão, neste caso depois da década de 2000/10, não se dispondo de
dados para períodos anteriores.
Quanto a casos de regressão populacional, destaca-se o Japão a partir dos anos 80,
ao qual se juntam Taiwan e a Coreia do Sul, no período 2010/16. Estes três países,
bem como a China são objeto de perspetivas de redução populacional no período
posterior a 2016.
Sudeste
O Brunei apesar de ter uma população reduzida (423 milhares em 2016) é o país com
o maior crescimento demográfico tomando 1970 como base (3.3 vezes, nesse lapso
de 46 anos). A Malásia e as Filipinas colocam-se no segundo posto da dinâmica
demográfica (2.8 vezes de aumento populacional em 1970/16). O mais baixo
crescimento demográfico observa-se nitidamente na Tailândia, cuja população
aumentou 1.9 vezes no período considerado. Um caso muito especial é o do
Cambodja que tem um retrocesso demográfico de 4.3% na década de 70, como fruto
de sangrentas disputas internas, de uma massiva fuga para a Tailândia, para lá da
guerra resultante da invasão vietnamita e da prevalência de um regime político de
dementes; porém, passou a recuperar rapidamente nas décadas seguintes (2.3 vezes
em todo o período 1970/2016).
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As previsões para 2050 colocam em Timor-Leste o crescimento demográfico mais
robusto (2.7% anuais), seguindo-se-lhe com indicadores superiores à taxa anual de
1%, as Filipinas, o Cambodja e o Laos. A Tailândia apresenta-se, na região, como o
único caso de previsível regressão populacional enquanto o mais baixo crescimento
populacional se aponta para a rica Singapura (0.5% anuais).
Crescimento populacional previsto para a Ásia Central e Oriental em 2050 face a 2016 (% anual)
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