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Ainda de acordo com Bilhão, o feriado foi utilizado como plataforma do esforço
de guerra brasileiro, durante o período de 1942-44, aonde o Brasil entrou na Segunda
Guerra Mundial. Embora a entrada oficial no conflito tenha se realizado em Agosto
(após, portanto, o Dia do Trabalhador), desde o final de Janeiro Getúlio havia cortado
relações diplomáticas com os países do Eixo, como deliberado pela reunião entre os
chanceleres dos países americanos. Esta intenção política era óbvia, com intenção
de se distanciar das políticas nazi-fascistas, apresentando-se como uma figura
diferente de Hitler ou Mussolini, ainda que o Brasil vivesse uma ditadura. Bilhão
descreve de maneira clara que a data foi utilizada durante todo o Estado Novo como
uma forma de promoção das políticas trabalhistas de Vargas, e uma maneira de o
governo se colocar sempre como benfeitor público e do trabalho, utilizando-se do
carater festivo do evento e da popularidade do “presente” dado aos trabalhadores em
cada dia primeiro de Maio. Durante os anos subsequentes, os discursos se tornaram
cada vez mais direcionados a participação política dos trabalhadores e da população
no governo, mas sempre pautados pelo papel central que o Estado tinha em mediar
essas relações entre as partes envolvidas. Novamente isto encontra ressonância no
texto de Castro Gomes, que demonstra e pontua os motivos que levaram a figura de
Vargas se tornar tão cultuada, de maneira quase mitológica. Os desfiles de Primeiro
de Maio certamente são um dos fatores que elevaram o culto a personalidade de
Getúlio, cuidadosamente planejados para isto. As celebrações serviram para apontar
rumos sociais e econômicos, demonstrar força, propagandear a pretendida coerência
do ‘projeto governamental’ e, progressivamente, cultuar a figura de Vargas.
O texto de Bilhão é bem documentado, utilizando-se dos jornais do período,
que detalhavam os eventos públicos, além dos discursos de Vargas, que foram
publicados na íntegra. Dentre os autores citados, o artigo utiliza a própria Ângela de
Castro Gomes como bibliografia complementar, mostrando a proximidade dos temas.
Além da bibliografia, as fontes diretas, ou seja, os discursos de Getúlio são muito
importantes para entender com clareza a função dos eventos do dia do trabalho, já
que indicavam qual era a pauta do governo para sua política social e trabalhista,
especialmente depois de 1939. Em suma, o artigo aqui resenhado é bem detalhado
acerca das ideias que a autora gostaria de passar sobre a importância do Dia do
Trabalhador para o Estado Novo, em relação às suas propostas sociais e econômicas
bem como em relação a criação de um culto a personalidade de Getúlio Vargas, culto
este que persiste até os dias de hoje.
Bibliografia: