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Instituto Carnaúba de Ecologia Social

Centro de Referência da Assistência Social – CRAS

DIAGNÓSTICO RURAL
PARTICIPATIVO

ALDEIA TREMEMBÉ CÓRREGO DAS TELHAS


TI CÓRREGO JOÃO PEREIRA

Acaraú
Fevereiro de 2010
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO...............................................................................................................................................................3

2. EXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENA ....................................................................................................3

3. METODOLOGIA .................................................................................................................................................................4

4. OBJETIVO.............................................................................................................................................................................5

5. MEMORIAL DESCRITIVO...............................................................................................................................................5

6. DESCRIÇÃO DO PROCESSO AGRÍCOLA ...................................................................................................................6

7. MATRIZES............................................................................................................................................................................9

7.1. ÁRVORE DE PROBLEMAS..........................................................................................................................................9

7.2. DIAGRAMA DE VENN ............................................................................................................................................... 12

8. INSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA.................................................................................... 16

9. PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA – PAC............................................................................................................... 16

9. REGISTRO FOTOGRÁFICO ......................................................................................................................................... 18

10. EQUIPE TÉCNICA........................................................................................................................................................ 20


1. APRESENTAÇÃO

O presente trabalho é o resultado das informações obtidas a partir do Diagnóstico


Rural Participativo – DRP realizado na aldeia Tremembé do Córrego das Telhas,
município de Acaraú. Através de dinâmicas, formação de grupos e dos posicionamentos
colocados durante o processo, foi possível identificar as prioridades das comunidades,
bem como a importância e a participação efetiva de algumas instituições apontadas pelos
participantes. Além disso, foi pontuado também os fatores que dificultam o
desenvolvimento das aldeias, sejam eles internos ou externos.
O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e ferramentas
que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem
a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento. Desta maneira, os participantes
poderão compartilhar experiências e analisar os seus conhecimentos, a fim de melhorar
as suas habilidades de planejamento e ação.
Além do objetivo de impulsionar a auto-análise e a autodeterminação de grupos
comunitários, o propósito do DRP é a obtenção direta de informação primária ou de
"campo" na comunidade. Esta é conseguida por meio de grupos representativos de seus
membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado dos seus recursos naturais, sua
situação econômica e social e outros aspectos importantes para a comunidade. 1

2. EXPECTATIVAS DA COMUNIDADE
COMUNIDADE INDÍGENA

De acordo com as reflexões de Miguel Verdejo sobre os processos de DRP, cada


pessoa que participa do processo do DRP espera beneficiar-se dele de uma maneira
diferente. Os membros da comunidade podem ter como meta que a pesquisa acarrete
uma melhora específica da sua qualidade de vida e o pessoal do projeto pode esperar que
o processo do DRP aumente a motivação e o interesse entre os membros da comunidade,
para participar do desenho e da implementação das atividades.
1
Extraído de: VERDEJO, Miguel Expósito. Diagnóstico Rural Participativo – DRP: Um guia prático. Brasília: MDA,
2006.

3
No caso do DRP realizado com os Tremembé do Córrego das Telhas, a situação
não foi diferente. Desta forma, tomamos o cuidado de deixar claro os objetivos do DRP,
entretanto, entendemos que este trabalho se configura como a verbalização e oficialização
das demandas e necessidades da aldeia, que até então as famílias não tinham conseguido
reunir em um documento. Sendo assim, a equipe que realizou este trabalho tomou o
cuidado para expressar integralmente as percepções, anseios e expectativas da
comunidade.

3. METODOLOGIA

O caminho percorrido até chegarmos a elaboração deste documento se iniciou


bem antes da mobilização específica para a elaboração destes diagnósticos. A equipe que
realizou o DRP, composta de técnicos do Centro de Referência da Assistência Social –
CRAS e do Instituto Carnaúba, utilizaram como método primário a observação
participante pelas possibilidades de percepção da dinâmica sociocultural das aldeias
Tremembé de Acaraú.
A observação participante consiste num método criado pela Antropologia na qual
o pesquisador procura, a partir do contato direto, observar a realidade social dos
pesquisados, não se restringindo somente ao ato da observação, mas também pela
vivência, participação e envolvimento na vida cotidiana do grupo pesquisado. A partir
desta proposta, é possível conhecer aspectos da vida social que muitas vezes estão
implícitos nos discursos, práticas e ações dos membros da comunidade, assim como, os
problemas, dificuldades, as causas e os efeitos.
Outro método também utilizado foram as reuniões periódicas realizadas para
discutir os problemas e as demandas de cada aldeia. Neste momento, vários membros da
comunidade tiveram a oportunidade de expressar suas impressões, bem como de propor
encaminhamentos para a resolução destes problemas.
Além destas reuniões, a equipe técnica também organizou uma mobilização para
a execução do DRP, de modo que fosse possível aplicar as demais técnicas utilizadas
especificamente para obter os dados principais que fundamentam o diagnóstico.

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4. OBJETIVO

A proposta do diagnóstico é traçar as potencialidades econômicas e produtivas e


os principais obstáculos ao desenvolvimento sustentável das aldeias, para que a partir das
informações obtidas durante esse processo seja possível traçar ações, metas e projetos
visando o planejamento e a organização necessários a sustentabilidade econômica e
etnopolítica das aldeias.

5. MEMORIAL DESCRITIVO2

Os Tremembés do Córrego das Telhas estão localizados há aproximadamente 40


km da sede do município de Acaraú, estando numa região limítrofe com o município de
Itarema. A história dos Tremembés das Telhas tem um capítulo comum a todas as
comunidades indígenas no nordeste e no Brasil: a luta pela terra. A referida aldeia está
inserida na Terra Indígena (TI)3 do Córrego João Pereira, composta por quatro aldeias
(São José, Cajazeiras, Capim-Açu e Telhas) situadas entre os dois municípios citados
acima, sendo que somente a aldeia de Telhas pertence a Acaraú. TI Córrego João Pereira é
a primeira, e até agora a única, terra indígena demarcada e homolgada pelo Governo
Federal no Ceará. Entretanto, a luta pela terra e os freqüentes conflitos com posseiros e
latifundiários durou quase um século, tendo se acirrado nos anos de 1980. De acordo com
o relatório antropológico4 da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, os Tremembés do
Córrego João Pereira sofreram com a violência e o poder de grandes latifundiários (entre
eles militares, padres e políticos de Acaraú), criadores de gado e comerciantes da
castanha de caju que se apossaram e submeteram os índios a um regime de semi
escravidão.
Além de terem tomado as terras que tradicionalmente eram de uso dos índios, os
“novos” donos cobravam pela utilização da terra, de modo que uma grande parte da

2
Cf: LOPES, Ronaldo Santiago. Organização social e identidade
identidade étnica: a situação dos Tremembés de Acaraú/CE.
Mimeo, 2010.
3
Juridicamente, a constituição de 1988 em seu artigo 231 define Terra Indígena como aquelas "por eles (Índios)
habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo
seu usos, costumes e tradições".
4
Cf. Silva (1999).
5
produção agrícola dos indígenas era direcionado para o pagamento da terra. Além disso,
os Tremembés foram proibidos de praticarem seus rituais, sobretudo, o torém. O
movimento de resistência dos Tremembés do Córrego João Pereira se fortaleceu a partir
do apoio da Pastoral dos Direitos Humanos, Missão Tremembé5 e com o reconhecimento
da FUNAI, no final da década de 80. Em 2005 a TI do Córrego João Pereira foi demarcada e
homologada pelo Presidente Lula. A aldeia Telhas possui atualmente uma população de
134 pessoas agrupadas em 30 famílias que vivem numa área de 540 héctares.

6. DESCRIÇÃO DO PROCESSO AGRÍCOLA

A agricultura realizada pelos índios é baseada, principalmente, nas culturas de


milho, feijão e mandioca. O método de plantio utilizado consiste basicamente no
desmatamento, queimada, plantio por dois anos e pousio da área, que pode ficar entre 06
a 30 anos em repouso, dependendo do tamanho da área que se tem. De acordo com a
comunidade de Telhas, quando eles não tinham o usufruto da terra, ou seja, antes da
demarcação e regularização da TI, faziam roçado nas terras dos outros, pagando renda de
3 x 1 ou até 5 x 1, ou seja, para cada três ou cinco linhas de milho, feijão e mandioca
plantada na área arrendada, uma linha ficava para o dono da terra. Atualmente, com a
demarcação da terra de Telhas, a área disponibilizada para plantio é de mais de 250
hectares, onde podem fazer seus roçados sem ter que pagar renda.
Essa agricultura pode ser caracterizada como itinerante (nômade), por passar
somente dois anos no local. De acordo com alguns indígenas, a produção de milho e
feijão reduz em até 30% no segundo ano em relação ao primeiro. É utilizado para cada
agricultor (família) um roçado de 8 a 20 litros de milho, isso quer dizer que cada
agricultor planta de 1 a 3 hectares de terra. Portanto, o agricultor que brocou, queimou e
plantou 2 hectares, no terceiro repetirá a mesma ação, sendo que quando for com dez
anos eles terá brocado, queimado e plantado cerca de 10 hectares.
No "verão" (meses de outubro e novembro), quando as plantas apresentam
menor teor de água, as famílias iniciam o preparo da área. Esse preparo consiste em
brocar (desmatar). Parte da madeira é retirada para confecção da cerca onde será feito o

5
Instituição indigenista fundada por Maria Amélia Leite que presta assessoria e acompanha a questão da
demarcação das terras dos Tremembés em Itarema, Itapipoca e Acaraú.
6
roçado e parte para uso como lenha nas casas e nos fornos das Casas de Farinha. Em
seguida faz-se o uso da queimada da área, que geralmente é feita em pleno meio dia
(período de maior intensidade solar e maior calor). Caso "não tenha queimado bem" eles
voltam na área e realizam as coivaras, ou seja, juntam os restos de galhos que não foram
queimados na primeira etapa e novamente ateam fogo. Com isso a terra está queimada,
pronta para ser construída a cerca que geralmente é feita de pau a pique, ou do tipo
“faxina”, com galhos entrançados geralmente de espécies como sipaúba, catanduva e
marmeleiro. Essa cerca tem durabilidade de 2 anos, período em que o roçado fica na
mesma área.
Até o mês de janeiro a área deve estar no ponto de ser plantada, pois em alguns
anos a chuva se inicia em janeiro e isso garante o legume mais cedo. O plantio da
mandioca é feito com os galhos da planta, conhecida como maniva, no
período antecedendo as chuvas. A maniva é colocada quando o solo ainda está seco na lua
minguante, pois de acordo com eles facilita o crescimento e o desenvolvimento
do tubérculo. O plantio de milho e feijão é feito "após o chão estar bem molhado", quando
se observa que o período de chuva iniciou (conhecimento empírico). Se as chuvas forem
intensas é ano de colheita de milho, se for pouco de é de escassez, sendo bom para o
feijão. O plantio do milho e do feijão é feito na lua quarto crescente, saindo da lua nova
para a lua cheia.
As atividades do roçado são realizadas de forma coletiva, juntando se um grupo
que pode variar de duas pessoas até grupos de dez agricultores dentro da mesma área. O
trabalho é coletivo desde o desmatamento, queimada, coivara, o plantio e as limpas
(capina) que se faz no terreno até o momento em que o milho e o feijão crescem na altura
que ultrapasse as ervas (mato). Mas desde o início do desmatamento a área estará
totalmente fragmentada, dividida, com linhas imaginárias, onde eles marcam através de
planta, tocos, ou até mesmo parte da cerca com intuito de delimitar a área de plantio de
cada um.
No período da colheita o trabalho passa a ser individual. Não é realizado no
mesmo período, alguns retiram o milho e o feijão ainda verde para se alimentar e vender,
enquanto outros preferem guardar o milho para alimentar os pequenos animais.
Observou-se que não existe muita variedade de milho e feijão, porém foi relatada a
presença de mais de 16 tipos de tubérculos da família da mandioca e macaxeira. Ocorre

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também a seleção de algumas plantas como o caso do milho e do caju. Após a colheita do
milho, os índios fazem a separação das espigas de maior tamanho e menos deformação e
retiram os grãos da extremidade medindo três dedos para cada lado, com isso ele retiram
os grãos irregulares das extremidades e priorizam os grãos do meio da espiga com
melhores características para a produção. No caso do caju eles também escolhem as
maiores castanhas e guardam para o plantio no período do cultivo do milho. No momento
que estão no roçado, fazem as "covas" e semeam, marcando com pequenos galhos para se
orientar e não prejudicar na hora da capina.
Outro aspecto agroeconômico importante diz respeito ao caju, que é de extrema
importância para a cultura e economia da comunidade. Do caju eles preparam a bebida
fermentada conhecida como mocororó, a cajuína, o doce de cajú, o suco que é riquissimo
em vitamina C, além da castanha que pode ser utilizada como alimento e é uma renda
garantida num período do ano, através da colheita.
Durante a safra do caju, toda a aldeia se envolve com a coleta da castanha para a
venda e com o pedúnculo que é utilizado para fazer doces, cajuína e o mocororó. Apesar
de a maioria das famílias terem conhecimento na produção de alimentos oriundos do
caju, este potencial ainda não é explorado. A produção de doces e cajuína é apenas para o
autoconsumo. No entanto, o potencial da cajucultura poderia ser melhor aproveitado e
explorado economicamente com uma unidade de beneficiamento de frutas que poderia
abarcar não só o caju, mas outras frutas existentes no local.
O mocororó, bebida criada pelos índios, uma espécie de vinho do caju, é um dos
principais elementos motivadores da prática do torém, uma dança de roda em que os
índios exaltam a natureza, o trabalho e a relação que o índio tem com a terra. Além disso,
outro aspecto marcante da dança é o culto aos seres encantados.
Praticamente todos são agricultores e, além da renda advinda com a venda da
castanha, a produção de farinha e goma é o principal fator de geração de renda da aldeia.
O processo de preparação da farinha, chamado de farinhada, é feito coletivamente numa
casa de farinha comunitária. No período em que estão sendo realizadas, as farinhadas
duram várias semanas.

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7. MATRIZES

7.1. ÁRVORE DE PROBLEMAS

Durante a aplicação desta técnica, foi perguntado aos moradores aquilo que eles
identificam como os principais problemas da comunidade e a relação de proximidade e
distância. Os problemas distantes são aqueles nos quais a comunidade não possui
condições ou meios de resolver, ou seja, não estão ao alcance da aldeia, sendo função de
alguma instituição do poder público. Os problemas identificados como próximos,
próximos de outro
modo, são aqueles que a comunidade pode, dependendo de seu empenho e organização,
resolver, parcial ou totalmente.
distantes os Tremembé da aldeia Telhas identificaram os
Como problemas distantes,
seguintes problemas:

 Recursos Hídricos

Há alguns anos, a população da aldeia sofre com o abastecimento precário de


água que vem (quando vem) de um poço profundo localizado na aldeia vizinha do Capim-
Açu. Por conta de conflitos, cujo motivo é o acesso à água “doce” que vem de um segundo
poço, na aldeia São José, os responsáveis pelo poço do Capim-Açu fecham-no na espera de
água potável vinda do São José. Nesse processo, a aldeia Telhas fica sem acesso a água,
tendo em vista que os dois poços ficam nas outras aldeias, tornando-se reféns da vontade
dos vizinhos.
As famílias identificaram como problema crônico a solução deste problema,
sobretudo, pela inoperância da FUNASA quem ao longo dos anos, não resolve o problema.
No âmbito desta questão, os indígenas de Telhas apontaram:
- Abastecimento permanente de água (autonomia hídrica através de poço profundo);
- Criação de um açude no local (desenvolvimento de projetos de irrigação);
 Saúde
- Tratamento de água
Outra questão apontada pela aldeia, também relacionado ao item anterior, é com
relação à qualidade da água do poço. Além do abastecimento regular, as famílias
reivindicam água “doce”, potável, tendo em vista que a água que vem do poço do Capim-
Açu é salobra.
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- Coleta de lixo
A coleta de lixo é um problema da maioria das comunidades rurais, tendo em
vista que os carros que fazem a coleta dos degetos se restringem somente a área urbana.
No caso de Telhas, algumas famílias costumam queimar, outras enterram, mas ainda é
comum ver sacos plásticos, garrafas e embalagens jogados na beira da estrada.
- Posto de Saúde
Um das principais reivindicações da comunidade indígena de Telhas é a
construção de um posto de saúde adequado, tendo em vista que o atendimento médico é
feito numa sala no prédio da escola.

 Habitação
Muitas famílias moram em casas de taipa em acelerado processo de desgaste, sem
estrutura adequada para acolher o número de pessoas da família. No segundo semestre
de 2009 a FUNAI firmou parceria com a prefeitura de Acaraú para construir 25 unidades
habitacionais para as famílias mais necessitadas da aldeia. Entretanto, até o momento
nenhuma ação por parte do órgão indigenista foi realizada para resolver este problema.

 Trabalho
A questão da geração de trabalho e renda foi bastante discutido durante o DRP.
Como trata-se de uma aldeia, cuja base econômica é a agricultura e a criação de animais,
vários desafios foram mencionados pelas famílias como problemas a serem enfrentados.
- Carteira Indígena
A carteira indígena é um projeto voltado para ações de etnodesenvolvimento em
comunidades indígenas, tendo como meta principal a sustentabilidade dos povos
indígenas. A aldeia de Telhas apontou a necessidade de ter acesso aos recursos não
somente da CI, mas também através de outros projetos voltados para a geração de
trabalho e renda.
- Criação Animal
Foram citados também a necessidade de implantação de projetos de criação
animal. Entre as várias possibilidades, a comunidade apontou a Avicultura,
Caprinocultura e Bovinocultura.

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 Infraestrutura
- Casa de Farinha
A comunidade possui duas casas de farinha que foram construídas pelos antigos
fazendeiros que se apossaram da terra antes do processo de demarcação e homologação
da terra indígena. No entanto, nenhuma das duas apresenta condições estruturais
adequadas para se fazer farinha de qualidade. Deste modo, a farinha produzida pela
comunidade não consegue agregar valor suficiente para cobrir as despesas da farinhada.
Neste sentido, a comunidade aponta a necesidade de reformar ou construir uma nova
casa de farinha comunitária.
- Reforma das estradas
A situação das estradas foi apontada como um problema estrutural. O acesso a
aldeia Telhas fica muito difícil pela falta de terraplanagem das estradas, o que faz com que
os carros passem com muita dificuldade. Além disso, a largura das estradas impede o
acesso para ônibus e carros de grande porte, dificultando o transporte escolar e um
possível escoamento de mercadorias.
- Escola Diferenciada
A escola indígena de Telhas funciona num prédio construído pela 3ª CREDE e a
prefeitura de Acaraú. No entanto, o prédio foi construído como espaço provisório até que
uma escola adequada fosse construída. Deste modo, o referido prédio não apresenta
condições de abrigar uma escola, tendo em vista a quantidade e tamanho das salas,
ventilação entre outros aspectos.
- Espaço Cultural
Foi identificada também a necessidade de construir um espaço cultural que
contemple laboratórios de informática, biblioteca, sala de reuniões e espaço para
apresentação da dança do torém e outras manifestações culturais indígenas. Além disso,
existe também a necessidade de neste mesmo espaço, ser construído a sede do Conselho,
tendo em vista que o Conselho é a entidade que representa a aldeia diante das instituições
e autoridades. Desta forma, é necessário um espaço de reunião para a discussão e
deliberação das demandas da comunidade indígena.

Foram apontados como problemas próximos


próximos,
róximos cuja solução depende, em parte ou
totalmente, da própria comunidade, os seguintes itens:

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 Artesanato
Existe por parte da aldeia Telhas, sobretudo das mulheres, o desejo de trabalhar
com produção de artesanato, tendo em vista que muitas mulheres dominam alguns
conhecimentos artísticos como o trabalho com a palha da carnaúba, tucum, renda de
birro, artefatos produzidos com papel e madeira, entre outros conhecimentos.

 Projetos de plantio (Sistemas Agroflorestais)


A iniciativa de algumas famílias apontam os sistemas agroflorestais como
alternativa sustentável para utilização da terra indígena, tendo em vista que o manejo
ecológico da terra proporciona produção de alimentos e conservação da natureza.

7.2. DIAGRAMA DE VENN

O objetivo deste diagrama é identificar entre as instituições que se relacionam


direta ou indiretamente com a comunidade indígena, quais delas estão mais próximas ou
mais distantes. A noção de proximidade e distância está diretamente relacionado com a
atuação efetiva e eficaz, ou não, destas instituições na aldeia. Partindo do mais próximo ao
mais distante, abaixo estão as instituições identificadas pela aldeia.

Esquema do Diagrama de Venn,


construído pela Aldeia Telhas
(06/02/2010).

Ilustração: Tiago Silva Bezerra

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 Conselho dos Índ
Índios
ndios Tremembé do Córrego das Telhas – CITCT
Instituição criada para organizar internamente e representar a comunidade
indígena de Telhas diante do estado e da sociedade civil, o Conselho é o principal canal de
representação política da aldeia, de modo que ela se confunde com a própria comunidade.

 Centro de Referência da Assistência Social – CRAS


O CRAS é o equipamento da Secretaria Municipal da Assistência Social e co-
financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS, que atende diretamente a
comunidade indígena de Queimadas. Tem sido nos últimos anos, o principal parceiro da
aldeia, assessorando e contribuindo para a organização política e econômica da
comunidade. O CRAS desenvolve atividades que vão desde a orientação e
acompanhamento das demandas da aldeia, até a implantação de unidades produtivas de
base agroecológica, contribuindo para a geração de trabalho e renda e para a
sustentabilidade dos Tremembé de Acaraú.

 Instituto Carnaúba de Ecologia Social


Parceiro do CRAS e da Secretaria de Assistência Social desde o final do ano de
2009, o Instituto Carnaúba presta assessoria e assistência técnica aos indígenas de
Queimadas e Telhas, implantando quintais produtivos e sistemas agroflorestais, cuja
finalidade principal é garantir a segurança alimentar e nutricional das aldeias indígenas.
Além disso, oferece assistência na elaboração e acompanhamento técnico de projetos de
base agroecológica.

 Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação – 3ª CREDE/SEDUC


De acordo com algumas pessoas, principalmente ligadas a educação na aldeia, a
CREDE foi bem avaliada pela comunidade, apresentando-se, quando solicitada, de forma
atenciosa as demandas da aldeia, no que se refere à sua jurisdição e área de atuação.

 Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Acaraú


Como as famílias indígenas vivem basicamente da agricultura, esta instituição foi
citada pelos recentes diálogos estabelecidos e pela disposição do gestor da secretaria em
aprovar projetos de criação animal para Telhas. Pela posição ocupada no diagrama,

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percebe-se a importância da atividade agrícola para a comunidade. Além disso, o canal de
comunicação da comunidade a secretaria é muito importante para a sustentabilidade
agrícola da aldeia.

 Prefeitura Municipal de Acaraú


De acordo com as famílias, a relação da prefeitura com as comunidades indígenas
Telhas e Queimadas tem se estreitado nesta gestão. Desde as visitas feitas pelo prefeito
até o conhecimento das demandas do local, percebe-se que há uma certa abertura da
gestão municipal com as demandas indígenas. No entanto, as famílias solicitam ações
urgentes, principalmente no que se refere ao reparo das estradas que dão acesso à aldeia,
promessa feita pelo Prefeito Pedro Fonteles, ainda não cumprida.

 Coordenação da Organização dos Povos Indígenas do Ceará – COPICE


A COPICE é a principal instituição que representa e articula o movimento
indígena no Ceará. Promove anualmente a Assembléia Estadual dos Povos Indígenas,
momento em que as lideranças indígenas se reúnem para discutir e deliberar ações na
defesa dos interesses e direitos das comunidades indígenas do Ceará. No entanto, de
acordo com a posição da instituição no diagrama, o diálogo com a comunidade Tremembé
de Telhas precisa ser estreitado, tendo em vista que em algumas discussões à nível
estadual, não houve comunicação da COPICE com a comunidade.

 Banco do Nordeste – BNB


O banco também aparece na visão dos indígenas, sobretudo, pela possibilidade de
financiamentos para projetos agrícolas.

 Fundação Nacional de Saúde – FUNASA


A FUNASA é a responsável pela saúde das comunidades indígenas de todo o
Brasil. O município de Acaraú está inserido no Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI
Região Norte. Segundo moradores de Telhas, a atuação da FUNASA vem se caracterizando
pela indiferença em relação aos problemas identificados na aldeia. Como já foi mostrado
no item anterior, a situação do abastecimento de água é a principal causa da indignação
da comunidade, tendo em vista que desde a implantação do sistema de abastecimento de

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água, a aldeia telhas sofre com a irregularidade do fornecimento de água devido a
conflitos nas aldeias vizinhas, onde ficam localizados os poços. Nos últimos meses, a
situação se agravou e a comunidade chegou a passar períodos maiores de escassez de
água. Segundo a comunidade, o problema já foi denunciado várias vezes sem nenhuma
resposta da FUNASA. Além disso, o atendimento a saúde é comprometido por que não
existe local apropriado para a realização das consultas. Os moradores já solicitaram, junto
a instituição, a construção de um posto de saúde, mas até agora nada foi feito.

 Fundação Nacional do Índio – FUNAI


Responsável pela garantia dos direitos das populações indígenas, a FUNAI tem
tido uma atuação marcada pelo esquecimento da aldeia Telhas. As famílias reclamam da
indiferença da FUNAI em relação aos problemas da aldeia. A ajuda na FUNAI à aldeia tem
se restringido a cestas básicas enviadas mensalmente. A comunidade reclama da ausência
de projetos e ações concretas para melhorar as condições de vida das famílias da aldeia.
Além disso, a comunidade indígena reclama da falta de comunicação entre a FUNAI e as
famílias, tendo em vista que os técnicos passam longos períodos sem visitar a aldeia, o
que dificulta o repasse das demandas e a resolução de conflitos internos.
As instituições mais distantes, segundo a comunidade, são aquelas que deveriam
estar mais próximas, tendo em vista que cabe a elas (FUNAI e FUNASA) a garantia dos
direitos fundiários, sociais, jurídicos, civis e de saúde, ou seja, são atribuições
institucionais o atendimento às comunidades indígenas.

 Associação Missão Tremembé – AMIT


A Missão Tremembé tem importante papel na luta pela demarcação das terras
indígenas dos Tremembé de Itarema, Itapipoca e Acaraú. Principal articuladora, a
instituição mobilizou diversos órgãos para apoiar a causa indígena dos Tremembé. Com
sede em Fortaleza, a instituições ainda mantém contato com a comunidade de Telhas,
principalmente no repasse de informações e mobilizando a aldeia para eventos e reuniões
com as comunidades indígenas.

 Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB

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A instituição foi citada pela comunidade indígena principalmente pela inserção de
algumas famílias no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA da CONAB no final do ano
de 2009.

 Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural do Ceará – EMATERCE


A Empresa foi lembrada na discussão, porém observou-se através das colocações
dos presentes que não havia nenhuma aproximação com a aldeia. Isso remete à
necessidade de se ter uma instituição que realize acompanhamento técnico no que tange
a produção agrícola.

8. INSTITUIÇÕES,
INSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA

 Instituto
Instituto Carnaúba de Ecologia Social

Projeto: Assessoria e Assistência Técnica na implantação de Quintais Produtivos e


Sistemas Agroflorestais – SAF’s

Situação: em andamento

 Companhia Nacional de Abastecimento / Secretaria de Assistência Social

Projeto: Compra com Doação Simultânea para Merenda Escolar

Situação: aguardando implantação

9. PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA – PAC

Ao identificar através das técnicas da árvore de problemas e do diagrama de


Venn, os problemas, carências e demandas, bem como as instituições que podem
solucionar os problemas, a comunidade de Telhas estabeleceu, junto com a equipe de
técnicos, um plano de ação comunitária para dar encaminhamentos às demandas da
aldeia.

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ATIVIDADES RESPONSÁVEIS
Construção do Poço profundo na FUNASA
própria aldeia; Posto de Saúde;
Atendimento médico; dentista; AISAN.
Construção das casas FUNAI; Prefeitura de Acaraú.
Desenvolvimento de projetos (Ações de FUNAI; Prefeitura Municipal de Acaraú;
geração de Trabalho e renda). CRAS; I. Carnaúba.
Acompanhamento social e assessoria Centro de Referência da Assistência
Social – CRAS
Trabalho com artesanato Comunidade; CRAS; Carnaúba;
Secretaria de A. Social.
Construção do Espaço Cultural FUNAI
Projetos de Criação Animal (galinhas, Secretaria Municipal de Agricultura
cabras e bois).
Sistemas Agroflorestais; Quintais Comunidade; Instituto Carnaúba
Produtivos
Programa de Aquisição de Alimentos Secretaria de Assistência Social;
CONAB; CRAS; I. Carnaúba.
Financiamento de projetos agrícolas Banco do Nordeste – BNB; Ematerce.
Magistério Superior para professores CREDE / SEDUC
indígenas

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9. REGISTRO FOTOGRÁFICO

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10. EQUIPE TÉCNICA

Ronaldo Santiago – Antropólogo e técnico do Centro de Referência da Assistência Social –


CRAS.
Tiago Silva Bezerra – Técnico em Agroecologia e estudante de Zootecnia da UVA;
Eli Briseno – Biólogo - UVA;

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