Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
DIAGNÓSTICO RURAL
PARTICIPATIVO
Acaraú
Fevereiro de 2010
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO...............................................................................................................................................................3
3. METODOLOGIA .................................................................................................................................................................4
4. OBJETIVO.............................................................................................................................................................................5
5. MEMORIAL DESCRITIVO...............................................................................................................................................5
7. MATRIZES............................................................................................................................................................................9
2. EXPECTATIVAS DA COMUNIDADE
COMUNIDADE INDÍGENA
3
No caso do DRP realizado com os Tremembé do Córrego das Telhas, a situação
não foi diferente. Desta forma, tomamos o cuidado de deixar claro os objetivos do DRP,
entretanto, entendemos que este trabalho se configura como a verbalização e oficialização
das demandas e necessidades da aldeia, que até então as famílias não tinham conseguido
reunir em um documento. Sendo assim, a equipe que realizou este trabalho tomou o
cuidado para expressar integralmente as percepções, anseios e expectativas da
comunidade.
3. METODOLOGIA
4
4. OBJETIVO
5. MEMORIAL DESCRITIVO2
2
Cf: LOPES, Ronaldo Santiago. Organização social e identidade
identidade étnica: a situação dos Tremembés de Acaraú/CE.
Mimeo, 2010.
3
Juridicamente, a constituição de 1988 em seu artigo 231 define Terra Indígena como aquelas "por eles (Índios)
habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo
seu usos, costumes e tradições".
4
Cf. Silva (1999).
5
produção agrícola dos indígenas era direcionado para o pagamento da terra. Além disso,
os Tremembés foram proibidos de praticarem seus rituais, sobretudo, o torém. O
movimento de resistência dos Tremembés do Córrego João Pereira se fortaleceu a partir
do apoio da Pastoral dos Direitos Humanos, Missão Tremembé5 e com o reconhecimento
da FUNAI, no final da década de 80. Em 2005 a TI do Córrego João Pereira foi demarcada e
homologada pelo Presidente Lula. A aldeia Telhas possui atualmente uma população de
134 pessoas agrupadas em 30 famílias que vivem numa área de 540 héctares.
5
Instituição indigenista fundada por Maria Amélia Leite que presta assessoria e acompanha a questão da
demarcação das terras dos Tremembés em Itarema, Itapipoca e Acaraú.
6
roçado e parte para uso como lenha nas casas e nos fornos das Casas de Farinha. Em
seguida faz-se o uso da queimada da área, que geralmente é feita em pleno meio dia
(período de maior intensidade solar e maior calor). Caso "não tenha queimado bem" eles
voltam na área e realizam as coivaras, ou seja, juntam os restos de galhos que não foram
queimados na primeira etapa e novamente ateam fogo. Com isso a terra está queimada,
pronta para ser construída a cerca que geralmente é feita de pau a pique, ou do tipo
“faxina”, com galhos entrançados geralmente de espécies como sipaúba, catanduva e
marmeleiro. Essa cerca tem durabilidade de 2 anos, período em que o roçado fica na
mesma área.
Até o mês de janeiro a área deve estar no ponto de ser plantada, pois em alguns
anos a chuva se inicia em janeiro e isso garante o legume mais cedo. O plantio da
mandioca é feito com os galhos da planta, conhecida como maniva, no
período antecedendo as chuvas. A maniva é colocada quando o solo ainda está seco na lua
minguante, pois de acordo com eles facilita o crescimento e o desenvolvimento
do tubérculo. O plantio de milho e feijão é feito "após o chão estar bem molhado", quando
se observa que o período de chuva iniciou (conhecimento empírico). Se as chuvas forem
intensas é ano de colheita de milho, se for pouco de é de escassez, sendo bom para o
feijão. O plantio do milho e do feijão é feito na lua quarto crescente, saindo da lua nova
para a lua cheia.
As atividades do roçado são realizadas de forma coletiva, juntando se um grupo
que pode variar de duas pessoas até grupos de dez agricultores dentro da mesma área. O
trabalho é coletivo desde o desmatamento, queimada, coivara, o plantio e as limpas
(capina) que se faz no terreno até o momento em que o milho e o feijão crescem na altura
que ultrapasse as ervas (mato). Mas desde o início do desmatamento a área estará
totalmente fragmentada, dividida, com linhas imaginárias, onde eles marcam através de
planta, tocos, ou até mesmo parte da cerca com intuito de delimitar a área de plantio de
cada um.
No período da colheita o trabalho passa a ser individual. Não é realizado no
mesmo período, alguns retiram o milho e o feijão ainda verde para se alimentar e vender,
enquanto outros preferem guardar o milho para alimentar os pequenos animais.
Observou-se que não existe muita variedade de milho e feijão, porém foi relatada a
presença de mais de 16 tipos de tubérculos da família da mandioca e macaxeira. Ocorre
7
também a seleção de algumas plantas como o caso do milho e do caju. Após a colheita do
milho, os índios fazem a separação das espigas de maior tamanho e menos deformação e
retiram os grãos da extremidade medindo três dedos para cada lado, com isso ele retiram
os grãos irregulares das extremidades e priorizam os grãos do meio da espiga com
melhores características para a produção. No caso do caju eles também escolhem as
maiores castanhas e guardam para o plantio no período do cultivo do milho. No momento
que estão no roçado, fazem as "covas" e semeam, marcando com pequenos galhos para se
orientar e não prejudicar na hora da capina.
Outro aspecto agroeconômico importante diz respeito ao caju, que é de extrema
importância para a cultura e economia da comunidade. Do caju eles preparam a bebida
fermentada conhecida como mocororó, a cajuína, o doce de cajú, o suco que é riquissimo
em vitamina C, além da castanha que pode ser utilizada como alimento e é uma renda
garantida num período do ano, através da colheita.
Durante a safra do caju, toda a aldeia se envolve com a coleta da castanha para a
venda e com o pedúnculo que é utilizado para fazer doces, cajuína e o mocororó. Apesar
de a maioria das famílias terem conhecimento na produção de alimentos oriundos do
caju, este potencial ainda não é explorado. A produção de doces e cajuína é apenas para o
autoconsumo. No entanto, o potencial da cajucultura poderia ser melhor aproveitado e
explorado economicamente com uma unidade de beneficiamento de frutas que poderia
abarcar não só o caju, mas outras frutas existentes no local.
O mocororó, bebida criada pelos índios, uma espécie de vinho do caju, é um dos
principais elementos motivadores da prática do torém, uma dança de roda em que os
índios exaltam a natureza, o trabalho e a relação que o índio tem com a terra. Além disso,
outro aspecto marcante da dança é o culto aos seres encantados.
Praticamente todos são agricultores e, além da renda advinda com a venda da
castanha, a produção de farinha e goma é o principal fator de geração de renda da aldeia.
O processo de preparação da farinha, chamado de farinhada, é feito coletivamente numa
casa de farinha comunitária. No período em que estão sendo realizadas, as farinhadas
duram várias semanas.
8
7. MATRIZES
Durante a aplicação desta técnica, foi perguntado aos moradores aquilo que eles
identificam como os principais problemas da comunidade e a relação de proximidade e
distância. Os problemas distantes são aqueles nos quais a comunidade não possui
condições ou meios de resolver, ou seja, não estão ao alcance da aldeia, sendo função de
alguma instituição do poder público. Os problemas identificados como próximos,
próximos de outro
modo, são aqueles que a comunidade pode, dependendo de seu empenho e organização,
resolver, parcial ou totalmente.
distantes os Tremembé da aldeia Telhas identificaram os
Como problemas distantes,
seguintes problemas:
Recursos Hídricos
Habitação
Muitas famílias moram em casas de taipa em acelerado processo de desgaste, sem
estrutura adequada para acolher o número de pessoas da família. No segundo semestre
de 2009 a FUNAI firmou parceria com a prefeitura de Acaraú para construir 25 unidades
habitacionais para as famílias mais necessitadas da aldeia. Entretanto, até o momento
nenhuma ação por parte do órgão indigenista foi realizada para resolver este problema.
Trabalho
A questão da geração de trabalho e renda foi bastante discutido durante o DRP.
Como trata-se de uma aldeia, cuja base econômica é a agricultura e a criação de animais,
vários desafios foram mencionados pelas famílias como problemas a serem enfrentados.
- Carteira Indígena
A carteira indígena é um projeto voltado para ações de etnodesenvolvimento em
comunidades indígenas, tendo como meta principal a sustentabilidade dos povos
indígenas. A aldeia de Telhas apontou a necessidade de ter acesso aos recursos não
somente da CI, mas também através de outros projetos voltados para a geração de
trabalho e renda.
- Criação Animal
Foram citados também a necessidade de implantação de projetos de criação
animal. Entre as várias possibilidades, a comunidade apontou a Avicultura,
Caprinocultura e Bovinocultura.
10
Infraestrutura
- Casa de Farinha
A comunidade possui duas casas de farinha que foram construídas pelos antigos
fazendeiros que se apossaram da terra antes do processo de demarcação e homologação
da terra indígena. No entanto, nenhuma das duas apresenta condições estruturais
adequadas para se fazer farinha de qualidade. Deste modo, a farinha produzida pela
comunidade não consegue agregar valor suficiente para cobrir as despesas da farinhada.
Neste sentido, a comunidade aponta a necesidade de reformar ou construir uma nova
casa de farinha comunitária.
- Reforma das estradas
A situação das estradas foi apontada como um problema estrutural. O acesso a
aldeia Telhas fica muito difícil pela falta de terraplanagem das estradas, o que faz com que
os carros passem com muita dificuldade. Além disso, a largura das estradas impede o
acesso para ônibus e carros de grande porte, dificultando o transporte escolar e um
possível escoamento de mercadorias.
- Escola Diferenciada
A escola indígena de Telhas funciona num prédio construído pela 3ª CREDE e a
prefeitura de Acaraú. No entanto, o prédio foi construído como espaço provisório até que
uma escola adequada fosse construída. Deste modo, o referido prédio não apresenta
condições de abrigar uma escola, tendo em vista a quantidade e tamanho das salas,
ventilação entre outros aspectos.
- Espaço Cultural
Foi identificada também a necessidade de construir um espaço cultural que
contemple laboratórios de informática, biblioteca, sala de reuniões e espaço para
apresentação da dança do torém e outras manifestações culturais indígenas. Além disso,
existe também a necessidade de neste mesmo espaço, ser construído a sede do Conselho,
tendo em vista que o Conselho é a entidade que representa a aldeia diante das instituições
e autoridades. Desta forma, é necessário um espaço de reunião para a discussão e
deliberação das demandas da comunidade indígena.
11
Artesanato
Existe por parte da aldeia Telhas, sobretudo das mulheres, o desejo de trabalhar
com produção de artesanato, tendo em vista que muitas mulheres dominam alguns
conhecimentos artísticos como o trabalho com a palha da carnaúba, tucum, renda de
birro, artefatos produzidos com papel e madeira, entre outros conhecimentos.
12
Conselho dos Índ
Índios
ndios Tremembé do Córrego das Telhas – CITCT
Instituição criada para organizar internamente e representar a comunidade
indígena de Telhas diante do estado e da sociedade civil, o Conselho é o principal canal de
representação política da aldeia, de modo que ela se confunde com a própria comunidade.
13
percebe-se a importância da atividade agrícola para a comunidade. Além disso, o canal de
comunicação da comunidade a secretaria é muito importante para a sustentabilidade
agrícola da aldeia.
14
água, a aldeia telhas sofre com a irregularidade do fornecimento de água devido a
conflitos nas aldeias vizinhas, onde ficam localizados os poços. Nos últimos meses, a
situação se agravou e a comunidade chegou a passar períodos maiores de escassez de
água. Segundo a comunidade, o problema já foi denunciado várias vezes sem nenhuma
resposta da FUNASA. Além disso, o atendimento a saúde é comprometido por que não
existe local apropriado para a realização das consultas. Os moradores já solicitaram, junto
a instituição, a construção de um posto de saúde, mas até agora nada foi feito.
15
A instituição foi citada pela comunidade indígena principalmente pela inserção de
algumas famílias no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA da CONAB no final do ano
de 2009.
8. INSTITUIÇÕES,
INSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Instituto
Instituto Carnaúba de Ecologia Social
Situação: em andamento
16
ATIVIDADES RESPONSÁVEIS
Construção do Poço profundo na FUNASA
própria aldeia; Posto de Saúde;
Atendimento médico; dentista; AISAN.
Construção das casas FUNAI; Prefeitura de Acaraú.
Desenvolvimento de projetos (Ações de FUNAI; Prefeitura Municipal de Acaraú;
geração de Trabalho e renda). CRAS; I. Carnaúba.
Acompanhamento social e assessoria Centro de Referência da Assistência
Social – CRAS
Trabalho com artesanato Comunidade; CRAS; Carnaúba;
Secretaria de A. Social.
Construção do Espaço Cultural FUNAI
Projetos de Criação Animal (galinhas, Secretaria Municipal de Agricultura
cabras e bois).
Sistemas Agroflorestais; Quintais Comunidade; Instituto Carnaúba
Produtivos
Programa de Aquisição de Alimentos Secretaria de Assistência Social;
CONAB; CRAS; I. Carnaúba.
Financiamento de projetos agrícolas Banco do Nordeste – BNB; Ematerce.
Magistério Superior para professores CREDE / SEDUC
indígenas
17
9. REGISTRO FOTOGRÁFICO
18
19
10. EQUIPE TÉCNICA
20