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Origem da Criminologia

- Topinard foi quem primeiro utilizou o termo Criminologia em 1879, no Século


XIX; Designa esse termo para todos que estudam a criminologia;

- Todavia, o reconhecimento adveio em 1885 com a obra Criminologia de


Garofalo. Esta obra, portanto, vem logo após a designação do termo
criminologia;

- Há divergência quanto à origem da Criminologia, se o nascimento da


Criminologia veio no século XIX, com a Escola Positivista de Lombroso, ou no
século XVIII, com a Escola Clássica de Beccaria:

Nascimento da Criminologia

A) Em 1764 – Quando da publicação da obra: Dos delitos e Das Penas, de


Beccaria. Defendida pelos criminólogos da reação social, com perspectiva
histórica, para os críticos, como: Roberto Bergalli, Juan Bustos Ramirez e
Cirino dos Santos.

OBS: Alguns autores entendem que o primeiro estudo da criminologia veio no


século XVIII, mais precisamente com uma obra clássica que significou uma
contenção do poder de punir, sendo que em que 1764 publicou-se a primeira
edição. Foi o Livro dos Delitos e das Penas, de Cesaria Beccaria. Dizia-se que
mais importante que os suplícios era se buscar outra forma de pena. Defendia-
se a abolição da pena de morte. Beccaria ensinava que a pena deveria servir
como uma forma de prevenção geral, no sentido de coibir a ação de outros
indivíduos para que não cometessem crimes.

B) Em 1876 – quando da publicação da obra: O homem delinqüente, de


Lombroso. Defendida pelos criminólogos etiológicos. Molina entende a etapa
pré-científica advinda com a Escola Clássica e a etapa científica advinda com a
Escola Positivista, a linha divisória.

OBS: teria se pautado em critérios científicos. Procura se entender a causa do


crime.

C) Em 1484 - quando da publicação da obra: “Malleus Maleficarum”, de


Heinrich Kramer e James Sprenger, que segundo Zaffaroni foi o primeiro
discurso criminógeno. De acordo com alguns criminólogos críticos, como:
Eugenio Raúl Zaffaroni e Nilo Batista.

OBS: descrevem nesse livro diversos elementos para estabelecer a


inferioridade da mulher na época da inquisição. Entendiam que as mulheres
tinham “fé de menos”.
Modelos ou Escolas Criminológicas

Criminologia Clássica

- A Criminologia Clássica adveio no século XVIII, com Beccaria (obra: Dos


delitos e das penas, 1764). Essa escola não tem um pensamento tão
uniformizado. Vamos ter vários outros autores.

- Postulados: construiu-se uma abordagem liberal ao direito criminal, a


utilidade do direito de punir pautada no direito social. Liberal no sentido de se
buscar reprimir o poder de punir do Estado.

- Buscava a Prevenção Geral (evitar que novos crimes ocorram). Aplica-se a


todos, para que estes, temerosos da pena não venham a cometer os referidos
delitos. Contrapõe-se à prevenção especial.

- Método: Dedutivo. Significa o método que parte das concepções gerais para
os casos concretos. Premissas maiores para premissas menores.

- Objeto de Estudo: o Crime. O crime era percebido como ente jurídico, opção
de escolha pessoal do indivíduo em face de seu livre-arbítrio. Opção abstrata.
O crime era realizado através de uma ação de um indivíduo que sabe o que
faz, que tem livre-arbítrio. Essa noção de livre-arbítrio é muito importante para
a escola clássica.

- A Pena tinha a função de Prevenção Geral Negativa, pela intimidação.

- Adeptos: Beccaria é um precursor dessa escola, tendo outros tais como,


Romagnosi, Pessina, Carrara, Carmignani, Bentham e Feurbach.

Criminologia Positivista

- A Criminologia Positivista adveio em fins do século XIX, com Lombroso (obra:


O homem delinqüente, 1876), que trouxe a influência da Medicina Legal e o
cientificismo para a Criminologia.

-Método: Indutivo-experimental. Antes era um método dedutivo que partia do


geral para o particular. Agora se partirá de um caso concreto (individual) para
se extrair as premissas maiores. Ele começou a estudar o criminoso, e não o
crime como ocorria na Escola Clássica.

Lombroso, médico Italiano, resolve procurar nos presídios os delinqüentes e


inicia a partir de estudos científicos quem seria o criminoso. Inicialmente ele se
pautou em aspectos físicos para delinear características que permaneceriam
em todos os delinqüentes, que seriam comuns a estes. Começou a traçar
mapeamentos comuns aos criminosos no espaço físico, a exemplo de narizes
mais largos, braços longos, coluna arqueada, etc.
Lombroso chega a notar que nos cárceres a maioria dos criminosos se tatuava.
Ele começa a estabelecer a tatuagem como fator criminológico. Nota que a
tatuagem vai estar presente nos braços de muitos criminosos. A partir daí ele
estabelece que quem tem tatuagem é criminoso.

Mais além, ele começa a procurar características internas, dentro do corpo.


Exames necroscópicos passam a ser praticados pelo médico.

-Matrizes: Comte, Darwin e Spencer. Dentro desse quadro acaba situando o


delinqüente como aquele indivíduo inferior. Se ele não evoluísse, para se tornar
normal, ele até mesmo poderia ser eliminado.

-Adeptos na Itália: Lombroso, Ferri e Garofalo (parte de um aspecto mais


jurídico).

-Adeptos no Brasil: Professor Nina Rodrigues. Ele funda um pensamento


criminológico no Estado da Bahia. Ele estuda a temática da negritude
relacionada à criminalidade. Percebe-se um aspecto racista.

-Adeptos na Argentina: José Ingenieros.

Postulados:

- Na Pena buscava a Prevenção Especial, pela Neutralização individual


(negativa) ou Correção (positiva). Ex: prisão perpétua, morte (neutralização
individual). A correção estabelece a noção, pautada nas teorias evolucionistas
de Darwin, que o indivíduo deveria evoluir, para se corrigir.

- O crime se explicava pelo estudo ontológico, da essência do ser,


préconstituído, natural (Garofalo). O crime é algo que se encontra no ser
humano.

- Preocupou-se com fatores endógenos e aspectos biológicos e patológicos.

- Pautava-se no paradigma etiológico, reduzido à noção de causa e efeito para


explicar o crime.

- Objeto de estudo era o Criminoso. E não o crime que era o objeto para a
escola clássica.

- Realizou Pesquisas Craniométricas dos Criminosos, com análise dos


fatores anatômicos, fisiológicos e mentais.

– Criou a Teoria do Atavismo ou Degenerescência em que o delinqüente


poderia ter um retrocesso atávico que originava a agressividade, fator de
inferioridade.

– Alegou ter descoberto a “Fosseta Occipital Média”, nervura contida no


cérebro dos delinqüentes, afirmou tê-la encontrado em “Vilela”.
- Classificações dos Delinquentes de acordo com Lombroso:

1) Nato: delinqüência hereditária. O fator determinante que decorria da nervura


(Fosseta Occipital Média). Nascia criminoso.

2) Ocasional: era o criminoso que episodicamente poderia vir a cometer um


crime.

3) Louco: era o criminoso com absoluta anormalidade. Na perspectiva de


Lombroso, o louco é um delinqüente.

4) Passional: cometia crimes imbuído de fortes emoções.

– Segundo adepto da escola positivista, foi Ferri, que conteve idéias de


Lombroso, corrigiu suas teses do criminoso nato, apoiou-se nos fatores
exógenos, sócio-econômicos e culturais.

- Buscava a prevenção especial. Disciplinas que interagiam: Antropologia e


Medicina Social (Lombroso); Sociologia (Ferri) e Direito (Garofalo).

- Pena: tinha função:

1º) de defesa social, recuperação ou neutralização;

2º) de Prevenção Especial Positiva (PEP), moralizante que alçava a evolução


moral;

3º) ou Prevenção Especial Negativa (PEN), que almejava a pena de morte dos
incorrigíveis.

- Garofalo focava não somente o criminoso para a compreensão do crime.


Retomou alguns estudos do crime, entendendo este como algo natural, mas
também como sendo algo que deve ser entendido com os elementos de
piedade e probidade, ou da redução à anulação.

Matrizes e Adeptos da Criminologia Positivista

Matrizes:

- Comte (Positivismo)

- Darwin (Evolucionismo)

- Spencer (Cientificismo Social).

Adeptos:

- Lombroso

- Ferri
- Garofalo

- Ingenieros

- Nina Rodrigues

Criminologia Crítica

Foi na década de 70 que a criminologia crítica ganha destaque. Tem um viés


Marxista, e vai se enquadrar nos movimentos de contestação daquela época.

A Criminologia Crítica com o materialismo histórico entende o crime como


político (parte de um órgão político), cultural (reflete determinada época),
dinâmico e relativo (a ideia de crime não é algo estático. O que é crime hoje
pode não ser mais amanhã). O crime não é qualidade do ato, é ato qualificado
como criminoso. O crime nasce da elaboração legislativa, a partir de conflitos
na estrutura social. Portanto, o controle social é quem cria o crime. Trabalha a
partir do modelo da reação social.

Matrizes:

-Becker - desenvolveu o conceito de rotulação. Ele faz alguns estudos com


usuários de maconha e demonstra como esses indivíduos são rotulados.

-Goffman - desenvolveu o conceito de estigma. Acaba desenvolvendo como


pessoas são estigmatizadas, a exemplo dos presidiários. Demonstra como o
cárcere estigmatiza o indivíduo

-Chapman – desenvolveu o conceito de estereótipo. Muito se decorre dos


estudos de Lombroso essa estereotipação, a exemplo daqueles que eram
pobres, etc.

Adeptos:

Walton, Taylor, Young, Baratta, Bricola, Pavarini, Melossi, Zaffaroni, Castro,


Del Olmo, Cirino, Batista, Karam, Malaguti.

Definição: (Juarez Cirino dos Santos):

“A Criminologia Crítica vincula o fenômeno criminoso à estrutura das relações


sociais. São criminosos e criminógenos os sistemas que produzem por suas
estruturas econômicas e sociais e superestruturas jurídicas e políticas as
condições necessárias e suficientes para a existência do comportamento
desviante”.
Definição (Nilo Batista e Raúl Zaffaroni):

“A Criminologia compreende uma série de discursos, conjunto de


conhecimentos de diversas áreas, que buscam explicar o fenômeno criminal
através dos saberes das corporações hegemônicas em cada tempo histórico.
São aplicados à análise e crítica do poder punitivo para explicar sua
operatividade social e individual, além de viabilizar a redução em seus níveis
de produção e reprodução da violência social”.

Postulados:

- A criminologia Crítica tem como base teórica o materialismo histórico. As


instituições de poder criam a reação social que por processos de definição
atribuem a qualidade de crime e o status de criminoso. Desse modo a reação
social é quem cria a norma penal, e esta é quem cria o crime.

- Atua sob o enfoque interdisciplinar associado à Sociologia Crítica, que


entende a solução para a criminalidade pela extinção da exploração
econômica.

- Tem viés Marxista. Há a crítica a Criminologia do Consenso, em que o delito


coloca-se como fenômeno do modo de produção capitalista. Pauta-se pelo
modelo de conflito social.

- O enfoque macrossociológico desloca-se do comportamento desviante


para os mecanismos do controle social, para os processos de criminalização.

- O processo de criminalização incide em relações sociais de desigualdade do


capitalismo.

- Apoia-se sob os pilares da teoria materialista (econômico-política) acerca do


desvio, dos comportamentos tidos como socialmente negativos, especialmente
das classes subalternas.

- Concebe o pluralismo axiológico no mundo em conflito como expressão de


determinado grupo ou classe, instrumento nas mãos dos detentores do poder.
Assim, os crimes reprimidos partem dos vulneráveis.

- Daí que, os crimes muitas vezes traduzem uma revolta individual, falta de
consciência de classe não canalizada para uma transformação ou mesmo
revolução.

Objeto: o controle social e o sistema penal. Não será mais o crime ou o


criminoso, mas sim o controle social, as agências de controle. Essas agências
têm o poder de definir o que é o crime. Observa o controle social como criador
do crime.

Método: crítico, indagativo, dialético, materialista-histórico.


Criminologia Científica Moderna

Surgiu no Século XXI.

Definição (Molina e Calhau):

“A criminologia científica é ciência empírica e interdisciplinar, com informação


válida e segura, relacionada ao fenômeno delitivo, entendido sob o prisma
individual e de problema social, como também formas de preveni-lo. Concebe o
crime como fenômeno humano, cultural e complexo”.

Postulados:

-Tem como objeto o estudo do crime, do delinqüente, da vítima e do controle


social.

-Tem como objetivos a prevenção do delito, daí, diagnosticar o fenômeno


criminal, acompanhá-lo com estratégias de intervenção por programas de
prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos sociais.

- Método: Empírico e Interdisciplinar. Estamos querendo mencionar alguns


aspectos ligados a ideia de se trabalhar de modo inter-relacionado,
interconexão entre as ciências diferentes. E a noção de empirismo se pauta na
experiência, aquilo que é vivenciado.

- A Criminologia Científica Moderna possui orientação prevencionista, em


detrimento da repressiva. Analisa e avalia os modelos de reação ao delito.

Métodos: Empirismo e Interdisciplinaridade

- O empirismo consiste em uma doutrina que busca extrair o conhecimento a


partir da experiência, mesmo negando princípios de racionalidade.

- O empirismo consubstancia-se na ciência do ser, na Criminologia. Parte da


observação e análise do objeto.

- O método Interdisciplinar, o qual se conecta com outros saberes parciais


como: a Psicologia, a Sociologia e a Biologia, por conexão.

- O método Interdisciplinar difere do multidisciplinar.

- No método multidisciplinar saberes parciais trabalham lado a lado, fornecendo


diferentes informações sobre tema específico. Não há uma interação,
interseção;

- No método interdisciplinar saberes parciais se entrelaçam, há cooperação,


articulação dos conteúdos que se integram, há reciprocidade de intercâmbios,
conexão profunda e enriquecedora.
Objetos da Criminologia Científica Moderna:

Crime, Delinquente, Vítima e Controle Social

- O objeto para a Criminologia Clássica era o crime.

-O objeto para a Criminologia Positivista era o delinqüente.

- O objeto para a Criminologia Crítica era o controle social. Agências de


controle social. (Poder Legislativo, Instituição policial, MP, Poder Judiciário,
Sistema Penitenciário.)

- Os objetos para a Criminologia Moderna Científica, segundo Molina e Calhau


são quatro: delito, delinqüente, controle social e vítima. A vítima passa a ser
objeto de estudo com o holocausto (6 milhões de judeus sendo mortos). A
vitimologia é um ramo que integra a criminologia. No Brasil, isso já chegou, a
exemplo de crimes que agravam a pena se a vítima é criança, idosa, etc. No
juizado especial criminal surge a figura do consenso da vítima, etc.

- Crime

- Delinquente

- Vítima

- Controle Social

OBS: TEM UM QUADRO INTERESSANTE PARA DISTINGUIR AS ESCOLAS


DA CRIMINOLOGIA NO MATERIAL DE ESTUDO DO CERS.

Crime para o Direito Penal

- Para o Direito Penal, no campo Jurídico, o delito é concebido na acepção


material, formal e analítica.

OBS: crime e delito no plano do direito penal são quase equiparados. Na


Espanha o Delito é um desvio menos grave em relação ao crime. Há essa
diferenciação. A ideia de crime e delito se distinguem daquilo que chamamos
de crimes de menor potencial ofensivo e das contravenções penais. Ademais,
os delitos, crimes, crimes de menor potencial ofensivo e contravenções penais
são espécies do gênero INFRAÇÃO PENAL.

a- Na acepção material crime é o comportamento que ofende um bem jurídico,


produzindo uma danosidade social, um desvalor da ação.
b- Na acepção formal o crime decorre da violação de uma norma penal
incriminadora, que define uma conduta como infração penal, aplicando uma
sanção como conseqüência. A sanção deve ser entendida como gênero, sendo
espécies a medida de segurança e a pena.

c- Na acepção analítica se fragmenta o crime em virtude de sua construção


abstrata teórica. De acordo com a teoria majoritária, defendida por Zaffaroni,
Batista, Tavares, Cirino, Bitencourt, o crime é conduta típica, antijurídica e
culpável; consoante Mirabete e Damásio é fato típico e ilícito; e finalmente,
para Basileu Garcia e Battaglini é fato típico, ilícito, culpável e punível.

Crime para a Criminologia Clássica e Positivista

- Para a Criminologia Clássica o crime é ente jurídico. Era uma construção


jurídica que existia.

- Para a Criminologia Positivista o crime é uma qualidade do ato do


delinquente.

Segundo Garofalo o crime viola a perspectiva no sentido moral, que consiste


em sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade).

Segundo o padrão médio em que se encontram as raças superiores, cuja


medida é necessária para a adaptação do indivíduo em sociedade.

Crime para a Criminologia Crítica

- Para a Criminologia Crítica a noção de crime é relativa, advém da reação


social, do controle social. O Direito Penal é quem cria o crime. O crime não é
uma qualidade do ato, é um ato qualificado como criminoso. O crime varia em
cada tempo histórico, em função de certo contexto social. Em uma sociedade
conflitiva a noção de crime tem múltiplas interpretações.

- Para a Sociologia Criminal deve ser entendido como conduta desviada. O


termo desvio deve substituir o termo crime, ao verificar que determinados
comportamentos infringem o padrão esperado pela sociedade. O conceito de
desvio é mais amplo. Abrange o de crime.

Delinquente para a Criminologia Positivista e Criminologia Crítica

- Para a Criminologia Positivista o delinqüente foi o seu objeto principal de


estudo. Apresentava determinadas características físicas que se encontravam
nos delinqüentes, segundo os estudos de Lombroso. Em seguida há um estudo
científico dos órgãos interiores do delinquente, onde se verificou a existência
da Fosseta Occipital Média, passando a se entender que a delinqüência era
hereditária.
- A Criminologia Crítica rechaçou o enfoque no delinqüente, que se pautava da
estigmatização social, na rotulação de indivíduos de substratos sociais mais
baixos.

Delinquente para a Criminologia Moderna Científica

- Para a Criminologia Moderna Científica, o estudo do delinqüente passou a um


segundo plano. Ocorreu um deslocamento com enfoque para a conduta
delitiva, o controle social e a vítima. Hoje o delinqüente é examinado para
Molina e Gomes em suas interdependências sociais como unidades
biopsicossociais, e não sob uma perspectiva biopsicopatológica. Embora a
Psicologia estude a personalidade do desviante.

OBS: serão considerados fatores sociais, psicológicos e biológicos.

Vítima

Etapas de Enfoque da Vítima:

a)- No primeiro modelo a vítima era muito valorizada. A Justiça era vindicativa,
quando vítima ou seus familiares aplicavam a punição. Tratava-se da vingança
privada.

b) – No segundo modelo o Estado assume o monopólio da pretensão punitiva.


Neutraliza a importância do papel da vítima.

c) No terceiro modelo notou-se no século XX, especialmente após a 2ª Guerra


Mundial, com o redescobrimento da vítima, o Estado continua com a pretensão
punitiva, mas preocupa-se com a vítima. Surge nova disciplina com foco no
estudo da vítima, um ramo da criminologia, a chamada vitimologia.

Tendências Contemporâneas da Vitimologia

A vitimologia surgiu principalmente em virtude do Holocausto. Dois Judeus se


preocuparam em dar valor após a 2ª guerra, à tutela, reparação dos danos
para a vítima.

-Atualmente, no Direito Brasileiro, assistimos às tendências da vitimologia: Lei


9.099 de 1995 e Lei 11.340 de 2006.

- Nos Juizados Especiais Criminais, resgata-se o papel da vítima, cria-se um


espaço dialógico, de consenso.

- Hoje há a pena de prestação pecuniária, dirigida particularmente à vítima.


Diferentemente da pena de multa que é paga ao Estado.

- A reparação do dano da vítima vem ganhando destaque no ordenamento


penal, a exemplo do instituto do arrependimento posterior.
Tipos de Vitimização:

a- Vitimização Primária – o indivíduo sofre diretamente os danos. Refere-se ao


prejuízo derivado do crime praticado, danos físicos, sociais e econômicos.

b- Vitimização Secundária – o indivíduo revive o sofrimento no decorrer do


processo criminal.

É a chamada Sobrevitimização do processo penal, consiste no sofrimento


adicional imputado pela prática da justiça criminal: Poder Judiciário, Ministério
Público, Polícia, Sistema Penitenciário e as suas mazelas.

c- Vitimização Terciária – é a conectada à cifra negra, também chamada de


cifra oculta da criminalidade, pela considerável quantidade de crimes que não
chegam ao Sistema Penal, quando a vítima experimenta abandono e não dá
publicidade ao ocorrido.

Controle Social

- O Controle Social é objeto específico de análise da Criminologia Crítica.

- Entretanto, o Controle Social consiste em um dos objetos de estudo da


Criminologia Científica Moderna.

Para Zaffaroni:

- O controle social consiste em formas de exercício de poder.

Para Zaffaroni:

O Controle Social divide-se em dois tipos: Difuso e Institucionalizado

- a) Difuso - dá-se espraiado na sociedade, como: Família, Educação, Religião,


Ideologia e Mídia.

A ideologia seria um conjunto de crenças, ideias, que serão coercitivas na


imposição de um comportamento.

Na atualidade um dos principais meios de controle social difuso é a mídia. A


mídia acaba produzindo verdades inexistentes, em virtude da manipulação nas
edições, etc.

- b) Institucionalizado – dá-se através do Estado, no campo punitivo engloba:


Legislador Penal, Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, Sistema
Penitenciário... O modelo institucionalizado subdivide-se em: Punitivo e Não
Punitivo.

b.1) Não Punitivo: Direito Civil, Trabalhista, Tributário...

b.2) Punitivo: Sistema Penal, que compreende: Poder Legislativo (leis penais),
Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário (sentenças condenatórias) e
Sistema Penitenciário.

Para Molina e Calhau:

O controle social pode ser informal ou formal:

- a) O controle social informal - pode ser um conjunto de sanções positivas ou


negativas, no processo de socialização. Adapta a conduta aos padrões
normativos da infância, internaliza-se.

- b) O controle social formal – ocorre no Sistema de Justiça Formal, integrado


pela Polícia, pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público e pela Administração
Penitenciária, no exercício do poder público.

Para Calhau há três modelos de Controle Social:

a) Controle por Sanções Formais são as aplicadas pelo Estado (cíveis,


administrativas e penais) e Informais (não possuem coercibilidade)

b) Controle por meios Negativos (reprovações ou sanções) ou meios Positivos


(prêmios e incentivos).

c) Controle Externo pela ação da sociedade e ou do Estado (por multas


administrativas, multas estatais) e Interno que se dá pela autodisciplina.

Para Sabadell, são classificações do Controle Social:

a) Quanto ao modo de exercício o controle social pode se dar por orientação e


fiscalização, como: a Polícia e o Ministério Público.

b) Com relação aos destinatários o controle social pode ser difuso (toda a
comunidade) ou localizado (grupos estigmatizados).

c) Com relação aos agentes fiscalizadores o controle social pode ser formal
(pelo Estado) ou Informal (pela própria sociedade civil).

d) Quanto ao âmbito de atuação pode ser exercido diretamente nas pessoas ou


em instituições sociais. Exemplo: Policial ou Corregedoria de Polícia.

FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA

Para Molina:

- Prevenir o crime.

- Intervir na pessoa do infrator.

- Avaliar diferentes modelos de respostas ao crime.


Para Calhau:

- Apontar um núcleo de conhecimentos sobre o controle social, o crime, a


vítima e o desviante.

- Fazer uso do método interdisciplinar para conectar conhecimentos de


diferentes campos do saber.

- Fornecer diagnósticos de qualidade acerca do fato criminal.

Para Baratta, a função da Criminologia Crítica:

“A tarefa fundamental da Criminologia Crítica é realizar a teoria crítica da


realidade social do direito, na perspectiva de um modelo integrado de ciência
penal. (...) Em que o jurista deveria levantar os olhos de sua mesa de trabalho
e olhar pela janela” (Alessandro Baratta).

DIREITO PENAL

Classificações:

Material (tutela do bem jurídico) e Formal (no caso de violação do preceito, a


possibilidade de aplicação de pena ou medida de segurança).

Características:

Imperativo, sancionador, positivo (normas definidas, positivadas) e valorativo


(agrega um determinado valor a certo comportamento).

Funções:

Proteção, tutela ao bem jurídico, ético-social, garantia e defesa.

Conceito:

O Direito Penal é um ramo do direito público interno, um conjunto de normas e


princípios do Estado, que define as infrações penais e a sua aplicação rumo à
paz social.

O Direito Penal é um instrumento de controle social formal, por parte do Estado


(institucionalizado). Consubstancia-se como conjunto de preceitos normativos
incriminadores, os quais tutelam bens essenciais, por preceitos, quando
violados, têm como conseqüência a aplicação de sanções (penas ou medidas
de segurança).

Conceito:

O Direito Penal é uma disciplina normativa, que define as infrações penais (os
crimes ou delitos e as contravenções), através de um sistema de normas
abstratas com respectivas penas, que funcionam como forma de controle social
formal punitivo, em que o Estado as aplica aos indivíduos, por ofenderam o
bem jurídico tutelado (relevantes valores da vida em sociedade).

Críticas ao Direito Penal:

Seletividade, repressão, punitivismo, estigmatizante, reforça as desigualdades


sociais, manutenção do status quo, reativo, pois atua nas conseqüências do
crime.

Para Zaffaroni:

O Direito Penal deve atuar de modo a conter o poder punitivo, diante de uma
perspectiva humanista e um viés garantista.

Política Criminal
Conceito:

Não é uma ciência autônoma, para a maioria da doutrina. Trata-se de um


conjunto de práticas, ações, atitudes dirigidas à redução da criminalidade.
Seleciona os programas, projetos e normas que cooperam na concretização de
respostas que o Estado adotará em face do fenômeno delitivo. Atua em
diversos âmbitos: Federal, Estadual e Municipal. Em diferentes poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário.

Ciências Criminais
Para Liszt:
Ciência Total do Direito Penal seria fruto da fusão da Dogmática Jurídico-
Penal, da Criminologia e da Política Criminal. Do contrário, o Direito Penal seria
uma torre de marfim alijada da realidade social. “O Direito Penal é uma barreira
intransponível da Política Criminal”.

Ciência Total ou Ciências Criminais = Dogmática Jurídico-Penal + Criminologia


+ Política Criminal.

Para Molina e Calhau:


São três os Sistemas das Ciências Criminais (inseparáveis e
interdependentes): Ciências Criminais = C + DP + PC
Criminologia = fornece o substrato empírico e os fundamentos do sistema.
Política Criminal = transforma a experiência criminológica em estratégicas
concretas de controle da criminalidade.
Direito Penal = converte em proposições jurídicas o saber criminológico
esgrimido pela política criminal, com respeito às garantias fundamentais.

CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA MODERNA


- A Moderna Criminologia Científica tem como característica a ampliação do
seu objeto, com a introdução do controle social e da vítima. A orientação é
prevencionista, em detrimento da repressiva. Analisa e avalia os modelos de
reação ao delito.
- A Moderna Criminologia Científica estuda o fenômeno criminal de modo
interdisciplinar, por interconexão com a Biologia, Psicologia e Sociologia
Criminal.

Biologia Criminal

Conceito:

Teve início no século XIX, com Lombroso, e mesmo no século XX e XXI,


mantém traços característicos. Busca a localização e identificação de
elementos criminógenos do desviante, ou seja, a presença de algum fator
diferencial que explique a conduta delitiva, uma patologia, disfunção orgânica,
endocrinológica, genética, neurofisiológica, bioquímica... Biologia Criminal

- A Biologia em sua interação com a Criminologia deve ser vista com muito
cuidado, especialmente com o incremento da neurociência e da genética, com
pretensões de controle sobre a conduta humana em intervenções pré ou pós
delitivas, para que não se tenha generalização indevida, relações simplistas de
causa e efeito, reducionismos preconceituosos, que conduzam à
estigmatização de indivíduos.
- Daí que, na Criminologia Moderna nota-se o enfraquecimento das teorias
biológicas, sofisticando concepções já superadas, de desvios patológicos.

Psicologia Criminal

- Consiste no estudo micro-social, ou seja, do indivíduo ou de um pequeno


grupo de pessoas;
- Verifica os perfis agressivos de indivíduos, as reações pessoais frente às
angústias;
- Analisa segundo Molina as tendências criminógenas e possibilidades de
reduzi-las.
- Considera a interação do indivíduo com a família e outros grupos sociais.
- São desenvolvidos estudos psicossociais e tentativas de averiguar modelos
psicopatológicos e psicanalíticos, exames criminológicos, para corroborar a
compreensão do fenômeno criminal.
OBS: a personalidade não é algo estanque, ela está em permanente mudança.
As experiências vividas mudam a personalidade.

Sociologia Criminal

- A sociologia criminal utiliza-se de teorias macro-sociológicas, que se compõe


pela vertente do consenso e do conflito.

Classificação Geral das Teorias Sociológicas:

- Conflito x Consenso
- As Teorias do Conflito entendem que na ordem social há disputas,
confrontos, força. Como o controle social formal institucionalizado, que exerce
poder. Exemplo: de Teorias do Conflito, Labelling Approach (Teoria do
etiquetamento ou rotulação) e Teoria Crítica.
- As Teorias do Consenso defendem que na ordem social há acordos,
negociações na busca do funcionamento pleno das instituições, com objetivos
comuns. Exemplo: Escola de Chicago (década de 20), Teoria da Associação
Diferencial, Teoria da Anomia e Subculturas Criminais.

Teorias Sociológicas

- Teoria Ecológica (Escola de Chicago)


- Teoria das Zonas Concêntricas (Escola de Chicago)
- Teoria da Associação Diferencial
- Teria Estrutural Funcionalista da Anomia
- Teoria Estrutural Funcionalista da Inovação
- Teoria das Subculturas Criminais
- Teoria do Labelling Approach (etiquetamento ou rotulação)

Escola de Chicago

- A Escola de Chicago nasceu na Universidade de Chicago, na década de 20 e


30, modelaria o início da Criminologia Americana, com Robert Park e Ernest
Burguess, através do modelo ecológico, que buscava equilíbrio entre a
comunidade humana e o ambiente natural.
- Enfocava a organização do espaço urbano e o desenvolvimento da
criminalidade, ou seja, a noção de crime conectada à desorganização social.
- Duas foram as fases da Escola de Chicago: de 1915 a 1940 e de 1945 a
1960.

Teoria Ecológica (Escola de Chicago)

- Esta Escola utilizava-se do conceito de Ecologia Humana. Logo, mais


importante do que os fatos era como as pessoas reagiam a eles, como a
experiência prática era fundamental. Assim, notou-se a observação direta, o
pragmatismo que empregava o método participante. Considerava a experiência
do pesquisador.
- A Teoria Ecológica relata como a cidade produz criminalidade e as áreas em
que esta se concentra. O efeito criminógeno da grande cidade produz
desorganização, deterioração de grupos familiares, perda de raízes, crise dos
valores tradicionais, degradação dos valores familiares, superpopulação,
proximidade de áreas comerciais e industriais, meio criminógeno. Há
influências do ambiente e das cidades na criminalidade.

Teoria das Zonas Concêntricas (Escola de Chicago)

- Ernest Burguess criou a Teoria das Zonas Concêntricas. Esta é formada por
círculos variados, um dentro do outro, em um total de cinco, em que chama de
zona cada espaçamento. Na Zona I, no miolo, tem-se a zona central, com
comércios, bancos e Zona II, encostada à Zona I, tem-se a transição do distrito
comercial para residências, ocupadas por pessoas dos segmentos mais baixos
da população. Diferindo das Zonas III (média baixa), IV e V de classe média e
alta.
Na Zona II, há maior criminalidade, conectada às gangues juvenis.

Teoria da Associação Diferencial

- Edwin Sutherland, nos anos 30, já tinha identificado os autores de crimes


diferenciados, em casos de dessemelhanças com os criminosos comuns,
quando destacou os white collor crimes.
- A conduta criminal deve ser aprendida, com habilidades para tirar proveito de
oportunidades, como gangues urbanas ou mesmo grupos empresariais.
- Retira o foco de um determinado grupo de criminosos, normalmente
relacionado à pobreza. Estabeleceu a existência de outros crimes, além
daqueles praticados nos espaços pobres, etc. Agora, destaca-se uma
criminalidade relacionada ao meio econômico, àqueles indivíduos que tem
certo conhecimento do ilícito.
-Aprendizagem do comportamento criminal inclui técnicas, ocorre na interação
com o outro pela comunicação com participação ativa.
-O crime se aprende através de um processo de aprendizagem
comportamental, pelo contato diferencial do indivíduo com modelos delitivos.

Teoria Estrutural Funcionalista da Anomia

- Anomia consiste na falta de ordem e coesão, na falta de normas ou com


muitas ambíguas.
- Emile Durkheim desenvolveu a teoria estrutural funcionalista da anomia. Que
mais tarde seria desenvolvida por Merton. Para Durkheim o desvio é um
fenômeno normal da estrutura social, salvo quando ultrapassados os limites, ou
seja, o excesso de desvio e a perda de referências normativas levam ao
enfraquecimento da solidariedade social.
- A ideia de crime como algo absoluto é mitigada por Durkheim. Para este todo
crime é relativo. Assim, o que é crime numa determinada época pode não ser
mais em época posterior.

Teoria Estrutural Funcionalista da Inovação

- Robert Merton afirmou que a explicação para o crime radica na distância entre
o padrão cultural almejado e a estrutura social. O insucesso de se atingir o
padrão cultural (riqueza, sucesso e status profissional) devido à insuficiência de
metas ou meios institucionalizados na estrutura social produz anomia. Daí, o
modelo com modos de adaptação:
CIRER:
- Conformismo - entende a adaptação em que o indivíduo aceita o padrão
cultural e adere totalmente aos meios institucionalizados buscando alcançá-lo
(+,+).

- Inovação – o indivíduo aceita o padrão cultural ideal, mas não os meios


institucionalizados, não acessíveis a todos, rompe com o sistema e desvia. (+, -
-). Há crime.
- Ritualismo – a pessoa percebe com descaso o padrão cultural e acredita que
nunca atingirá as metas culturais, contudo, resigna-se aos meios
institucionalizados. Respeita as regras (-, +).
- Evasão – o indivíduo não segue os meios institucionalizados e nem as metas
culturais. Encontra-se distanciado da sociedade, vive deslocado. Tem
comportamento anômico. Exemplo: mendigos, páreas, bêbados, drogados... (-,
-).
- Rebelião – Trata-se de rejeição das metas e dos meios dominantes.
Configura-se a luta pela sua substituição na busca de uma nova ordem,
revolução social... (+-, +-).

Modo de Adaptação: o Padrão ou Meta Cultural Almejado X o Meio


Institucionalizado

Teoria das Subculturas Criminais

- Albert Cohen, em 1955, elaborou a teoria da Subcultura delinqüente,


associada a sistemas sociais e categorias de pessoas integrantes de
segmentos ou subgrupos étnicos e de minorias. Práticas e idéias culturais
diferem das seguidas pela sociedade em geral. Para as teorias subculturais
deve-se considerar o caráter pluralista e atomizado da sociedade. A
semelhança estrutural em sua gênese no comportamento regular e no irregular.
- Para as Teorias Subculturais o crime não é produto da desorganização ou
ausência de valores, mas sim é reflexo de um outro sistema de normas e
valores distintos, os subculturais, do conflito.
OBS: comete o mesmo equívoco que comete o Merton, ao se estigmatizar,
selecionar a mesma categoria de indivíduos, afastados dos valores da
sociedade, normalmente dos substratos mais pobres;

Teoria do Labelling Approach, Interacionaismo Simbólico, Rotulação,


Etiquetamento ou Reação Social

Adeptos: Erving Goffman e Howard Becker.

Postulados:
A Teoria do Etiquetamento surgiu nos EUA, em 1970. Não enfoca o crime em
si, mas a reação proveniente dele. Os grupos sociais criam os desvios na
qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O desvio
ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição da imputação do
crime à pessoa estigmatizada. O indivíduo rotulado como delinqüente assume
o papel.
- Logo, é a Reação Social quem cria o crime. O crime não é uma qualidade
intrínseca da conduta, é uma conduta qualificada como criminosa pelo controle
social, por processos seletivos, discriminatórios. A reação social é que é
deflagrada com a prática do ato pelo delinqüente, há um deslocamento do
plano da ação para o plano da reação social.
- Há deslegitimação do poder do sistema penal. Pois o crime coloca-se como
uma etiqueta social, que deriva do processo de rotulação, com efeito
estigmatizante, pelo controle social.

Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito

- O Estado possui o monopólio da aplicação da lei penal.


- Mas o exercício desse poder deve se dar sob os auspícios da Constituição,
dos Princípios e Tratados Internacionais, do Código Penal, que limitam e
determinam a aplicação dos artigos.
- O próprio Estado deve submeter-se às limitações impostas. Tal assertiva
decorre do Estado de direito.

Para Zaffaroni:
- Atenta para a relevância da racionalidade do poder punitivo do Estado.
- Adverte para o papel do Direito Penal na relação de tensão entre o Estado
Democrático de Direito e o Estado de Polícia.
OBS: o modelo prevencionista quando não suficiente para reduzir a
criminalidade, o Estado de Polícia intervirá. No entanto, exige-se que esse
Estado atue com fulcro nos princípios constitucionais e garantias estabelecidas
expressamente em nosso ordenamento jurídico. O direito penal deve assegurar
a efetividade dos direitos fundamentais, limitando o Estado de Polícia no
exercício do poder repressivo.
- Reforça que o Direito Penal deve funcionar como uma baliza jurídica, na
contenção do Estado Policial e do Poder Punitivo, para assegurar os direitos
fundamentais. Tais premissas servem para que o Direito Penal não regresse ao
sistema inquisitivo onde as funções de investigar, acusar e processar se
concentravam num único órgão. O sistema acusatório deve prevalecer.

Prevenção

- A prevenção do crime consiste na evitação do delito, dissuasão do agente.

Modalidades de Prevenção (Calhau, LFG, Molina):


- Primária
- Secundária
- Terciária
OBS: Essas três modalidades podem ser aplicadas em conjunto. O indivíduo
pode receber as três modalidades de prevenção.
Esses ideais de prevenção são muito importantes para que não se realize a
repressão. O modelo de prevenção primária vai se colocar como a mais
importante para prevenir o crime. Atua fornecendo elementos para que o
indivíduo possa se desenvolver adequadamente.

Prevenção Primária:
- Dirige-se a toda à sociedade, é mais ampla, com elevados custos, tem longo
prazo. Atua na raiz dos conflitos sociais, que deterioram as relações humanas.
Desenvolve atividades, como: educação, assistência social e psicológica,
atendimento médico, infraestrutura de lazer e recreação, elevação da qualidade
de vida.
Baratta observou como a desigualdade expressiva funciona como acirramento
da criminalidade. Em contraponto, nos países em que as pessoas vivem de
modo semelhante, com diferenças salariais mínimas, tende-se a ter uma
pequena margem de criminalidade.
Ex: Baratta: Bologna, o Projetto Città Sicura.

Prevenção Secundária:
- Trata-se de uma atuação mais focada, em zonas de concentração de
violência. Consistem em práticas pontuais de intervenção no espaço público.
Opera a curto e médio prazo, em programas de prevenções policiais, de
reordenamento urbano, de práticas de monitoramento.
OBS: As Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Estado do RJ retratam
essa prevenção secundária, atuando nas zonas pobres (favelas) no Rio de
Janeiro.
Cuidado:
- Muitas vezes a Prevenção Secundária ao incidir nos espaços de violência
localiza-se em zona de segregação sócio-econômica. O que ocasiona uma
aproximação equivocada entre criminalidade e pobreza, o que reforça a
estigmatização dessas populações.

Prevenção Terciária:
- Destina-se aos apenados, aos indivíduos que estão encarcerados. Almeja
evitar a reincidência criminal. A Prevenção Terciária atua tardiamente, sendo
bem mais complicado, diante da prisão, que segrega e isola, além de impor
regras da administração prisional e dos próprios presos.
- Dificuldade da Prevenção Terciária: Prisão é uma instituição total, possui
violações físicas e morais, produz estigmatização, há perda de sua identidade,
prisionização e reificação (indivíduo vai perdendo a sua identidade em virtude
da sua prisão, em especial pela falta de carinho, etc. O indivíduo vai se
desumanizando).

Reação ao Crime

Para Calhau e Molina, são Tipos de Reação ao Crime:

- Há o Modelo Clássico que defende o rigor da sanção, como importante


mecanismo intimidatório.
- Há o Modelo Neoclássico que possui como elemento contramotivador do
crime a percepção pelo infrator da eficaz forma de funcionamento do sistema
legal e não do rigor penal.

Para Prado a Reação ao Crime é pela Pena, função:

Professor Luis Regis Prado:


- Teoria Absoluta (Retribuição) é a compensação pelo mal causado pelo crime.
Função de castigo.
- Teoria Relativa da Prevenção Geral Negativa (Intimidação) atua pelo temor
infundido aos possíveis delinqüentes para afastá-los do crime, vislumbrada
como exemplaridade pedagógica.
- Teoria Relativa da Prevenção Especial Positiva (Ressocialização) atua
através da correção do apenado, pela sua reinserção social.

OBS:
Teoria da Prevenção Geral Positiva: reafirmar supremacia da norma penal.
Teoria da Prevenção Especial Negativa: evitar a reincidência.

Para Batista e Zaffaroni:

- Teoria Agnóstica da Pena - a pena de prisão não intimida e nem ressocializa.


Sua única função é a de retribuição.
- A pena não impede, dissuade ou inibe o crime. Assim, os autores defendem
outras formas ou modos de Reação ao Crime.
- Outras Reações ao Crime no e ou para além do Sistema de Justiça Criminal:
Reparação, Restauração, Terapêutico e Conciliação.

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