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25/11/2018 As teorias da ação no Direito Processual Civil (Processo Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet

ARTIGOS

As teorias da ação no Direito


Processual Civil
As condições da ação somente podem ser requisitos para o seu pleno
exercício, ou seja, esses requisitos relacionam-se diretamente com o
mérito e, dessa forma, não podem ser considerados requisitos para a
existência da ação.

Por Renan Teixeira Sobreiro

PROCESSO CIVIL | 15/FEV/2015

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Introdução

A partir do momento em que se chega à conclusão de que não deviam os particulares


fazer justiça com as próprias mãos, o Estado reserva para si o exercício da função
jurisdicional, de sorte que lhe cabe agora solucionar os conflitos e controvérsias
advindos da sociedade. Mas a jurisdição é inerte, ou seja, não pode ela agir sem
provocação, de modo que cabe ao titular do interesse invocar a função jurisdicional.
Assim procedendo, o sujeito estará exercendo o direito de ação que se completa com a
prestação jurisdicional promovida pelo Estado.

Contemporaneamente, consubstancia-se como conquista da ciência processual o


reconhecimento da autonomia desse direito de ação com relação ao direito subjetivo
material. Entretanto, a conceituação atribuída ao direito de ação nem sempre foi a
mesma ao longo da história do direito processual, de tal sorte que o caminho para
chegar a tais conceitos foi longo, conforme será demonstrado no decorrer deste
trabalho que tem por objeto analisar as teorias acerca da ação.

1. Teoria Civilista ou Imanentista

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Até o século XIX, os juristas, imbuídos pela ideia de que ação e processo eram simples
matérias do direito substancial, não visualizam a possibilidade de a ação ser colocada
em um plano distinto do plano do direito material. Assim, em decorrência desse
entendimento a ação seria uma qualidade de todo direito ou o próprio direito
reagindo a uma violação (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 272). À
época se afirmava que a ação nada mais seria do que o direito de alguém perseguir em
juízo o que lhe é devido, ou seja, conforme lecionava Savigny, um dos maiores
expoentes dessa corrente, não podia haver ação sem direito, nem direito sem ação
(MARINONI, 2008, p. 159). A ação revela-se, então, como uma qualidade inerente ao
direito[1].

Importante ressaltar que essa teoria é reflexo de uma época em que não se
considerava ainda o direito processual como ciência autônoma, sendo o processo civil
mero apêndice do direito civil. Assim, a ação era considerada o próprio direito
material depois de violado (CÂMARA, 2003, p. 134). Nesse período, alguns
doutrinadores viam a ação como uma face do direito material ou como o direito
material violado em estado de reação, enquanto outros a explicavam como um direito
novo, derivado da violação do direito material, tendo por conteúdo uma obrigação do
adversário de fazê-la cessar. Esse direito novo era concebido como um direito que,
nascendo da violação do direito material, deveria ser exercido contra o violador, e
assim estava muito longe de constituir um direito autônomo em relação ao direito
material (MARINONI, 2008, p, 160).

2. A polêmica entre Windsheid e Muther

A gênese para a reelaboração do conceito de ação foi a célebre polêmica travada na


Alemanha no século anterior entre os romanistas Windscheid e Muther. Muther,
combatendo algumas ideias de Windsheid, distinguiu nitidamente direito lesado e
ação. Da ação surgiriam dois direitos, ambos de natureza pública: o direito do
ofendido à tutela jurídica do Estado e o direito do Estado à eliminação da lesão,
contra aquele que a praticou (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 272).
Por sua vez, Windsheid conclui que a pretensão é o equivalente moderno da actio,[2]
delineando-a como uma situação jurídica substancial, distinta tanto do direito de se
queixar quanto do próprio direito subjetivo, do qual é uma emanação que funda a
possibilidade de o autor exigir a realização judicial do seu direito (MARINONI, 2008,
p. 163). Destarte, surgiu no conceito quase unânime da doutrina europeia a
concepção de autonomia do direito de ação.
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Contrapondo Windsheid, Muther argumentou que a ordenação romana era de


direitos, dizendo que aquele que pedia a fórmula ao pretor também devia ter direito
subjetivo, o qual seria o próprio fundamento do direito à fórmula. Muther afirma,
ainda, que o direito à concessão da fórmula nasce de um direito originário, e que,
enquanto o obrigado perante o direito originário é o particular, o obrigado diante do
direito à fórmula somente pode ser o pretor ou o Estado (MARINONI, 2008, p. 163).
Assim, desde o direito romano se podia conceber que ligado a um direito originário,
havia um direito contra o Estado, de modo que também no direito moderno, existiria
um direito de agir autônomo em relação ao direito originário, ainda que a ele
vinculado. Então, para Muther, o direito de agir, embora não se confundindo com o
direito material, tem ele como pressuposto (MARINONI, 2008, p. 164).

Com efeito, a inegável contribuição de Muther foi afirmar que embora a estrutura do
processo tenha variado de forma substancial, manteve-se o direito do prejudicado
exigir a tutela jurisdicional em face do Estado. É, de fato, nesse sentido a conclusão de
Muther: "até podemos afirmar que esse direito é hoje ainda mais incondicional do
que antes, pois qualquer pessoa pode invocar o processo afirmando simplesmente ter
havido lesão a um direito" (apud SILVA; GOMES, 2002, p. 22).

Em que pese Windsheid refutar veementemente os pensamentos de Muther, ele


acabou por aceitar algumas de suas idéias, admitindo um direito de agir exercível
contra o Estado e contra o devedor. Dessa forma, percebe-se que as doutrinas dos
dois autores antes se completam do que propriamente se repelem, desvendando
verdades até então ignoradas e dando nova roupagem ao conceito de ação (CINTRA;
GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 272). Nota-se, então, importância do embate
entre essas teorias, tendo em vista que possibilitou a demonstração da separação
entre os planos do direito material e do direito processual, relegando a antiga
concepção que vinculava o direito material e ação.

Então, a partir dessa polêmica entre Muther e Windsheid surgiu a noção de que o
direito material e o direito de ação seriam distintos, este último devendo ser
entendido como um direito à prestação jurisdicional. Surgem a partir daí inúmeras
teorias sobre a ação, todas elas com este caráter dualista, ou seja, todas defendendo a
autonomia do direito de ação em relação ao direito material (CÂMARA, 2003, p. 135).

3. Teoria da ação como direito autônomo

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A partir da desvinculação do direito material do direito de ação, alguns teóricos


partiram dessa premissa no intuito de demonstrar a efetiva autonomia do direito de
ação. Destarte, formaram-se três correntes fundadas em sua autonomia: a) a que a
considerava como um direito autônomo e concreto; b) a que a qualificava como
direito potestativo; e c) a que a classificava como direito autônomo e abstrato.

3.1. Teoria da ação como direito concreto

Para os defensores da ação como direito concreto à tutela jurisdicional, este direito
público subjetivo, embora diverso do direito material lesado, só existe quando
também exista o próprio direito material a tutelar. Em outras palavras, para essa
corrente, embora o direito material seja agora desvinculado do direito de ação, aquele
é pressuposto para esse. Assim, a ação seria o direito à sentença favorável, isto é, o
direito público voltado contra o Estado, de obter uma proteção pública para o direito
subjetivo material. Os maiores expoentes dessa teoria foram, entre outros, Wach,
Bulow, Hellwig e Chiovenda (THEODORO JÚNIOR, 2010, p. 65).

E foi Wach, ainda na Alemanha que elaborou a teoria do direito concreto à tutela
jurídica. Para ele, a ação é um direito autônomo, não pressupondo necessariamente o
direito subjetivo material violado ou ameaçado, como demonstram as ações
meramente declaratórias em que o autor pode pretender uma simples declaração de
inexistência de uma relação jurídica. Entretanto, como a existência de tutela
jurisdicional só pode ser satisfeita através da proteção concreta, o direito de ação só
existiria quando a sentença fosse favorável. Nesse mesmo contexto, Bulow afirmava
que a exigência de tutela jurisdicional é satisfeita pela sentença justa (CINTRA;
GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 272-3).

3.2. Teoria da ação como direito potestativo

Posteriormente, Chiovenda formula a teoria da ação como direito potestativo, que


surge como mais uma ramificação da teoria concreta. Para ele a ação configura um
direito autônomo, diverso do direito material que se pretende valer em juízo; mas o
direito de ação não é um direito subjetivo – porque não lhe corresponde a obrigação
do Estado – e muito menos de natureza pública. Dirige-se contra o adversário,
correspondendo-lhe a sujeição. Mais precisamente, a ação configura o poder jurídico
de dar vida à condição para a atuação da vontade da lei. Exaure-se com o seu
exercício, tendente à produção de um efeito jurídico em favor de um sujeito e com

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ônus para o outro, o qual nada deve fazer, mas também nada pode fazer a fim de
evitar tal efeito (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 273).

Em última análise, a teoria de Chiovenda configura a ação como um direito – um


direito de poder, sem obrigação correlata – que pertence a quem tem razão contra
quem não a tem. Visando à atuação da vontade concreta da lei, é condicionada por tal
existência, tendo assim um caráter concreto. Não deixa, portanto, de ser o direito à
obtenção de uma sentença favorável (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p.
273).

Nesta senda, segundo Chovienda, a ação deve ser entendida como um direito
concreto atual, existente antes do processo e precisamente como uma potestad
jurídica para obter, contra o adversário, um resultado favorável no processo. A ação,
como todos os direitos potestativos, é um poder meramente ideal, ou seja, um poder
de querer determinados efeitos jurídicos (SILVA; GOMES, 2002, p. 71).

Conclui-se que para essa teoria, a ação se destina a provocar um efeito jurídico contra
o adversário, derivado da sentença de procedência que faz atuar a lei. De modo que a
ação, ao levar à atuação da lei e, por consequência, fazer produzir efeitos jurídicos
sobre o réu, estabelece uma relação de poder entre o autor e o réu. A ação seria um
poder em face do adversário mais do que um poder contra o adversário. Por
conseguinte, para Chiovenda, a ação é um direito potestativo, ou seja, um direito que
não tem como conteúdo uma obrigação alheia; a ação é um poder que sujeita o
adversário (MARINONI, 2008, p, 168).

3.3. Teoria da ação como direito autônomo e abstrato

Por outro lado, firmada a autonomia do direito de agir em relação ao direito material,
alguns juristas passaram a pensar sobre a situação do autor que, movimentando o
juízo, chega a uma sentença que nega a existência do direito material. Assim, Plósz e
Degenkolb entenderam que o direito de agir não exclui a possibilidade de uma
sentença desfavorável, que então restou qualificado por Plósz como “direito abstrato”.
Para esses juristas, o direito de agir é, além de autônomo, independente do
reconhecimento do direito material (MARINONI, 2008, p. 164-5).

Nesse sentido, Degenkolb diz que, em face de qualquer conflito, um dos litigantes tem
o poder de levar o outro para diante do juiz e, assim, que o réu tem a obrigação de
participar do processo. Além disso, argumenta que o que obriga o réu a participar do
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processo é o direito de agir, que nada tem a ver com o direito material. O fundamento
desse direito de agir é a própria personalidade do autor, porque dessa vem a
consciência ou a convicção subjetiva ao direito, ou mais precisamente a aspiração ao
direito, o direito ao direito, em relação ao qual a efetiva existência do direito material
é meramente acidental (MARINONI, 2008, p. 165).

Paralelamente, Plósz entendeu que o direito abstrato de ação exige apenas a boa-fé do
autor, embora tenha sustentado a existência de dois direitos de ação, um processual,
de caráter público, e outro material, identificado com a pretensão de direito material.
Dessa forma, Degenkolb e Plósz sustentaram a idéia de que o direito de agir é
antecedente ao seu exercício, que se daria através da demanda (MARINONI, 2008, p.
165).

A esse respeito, Ovídio Baptista e Fábio Gomes (2002, p, 73) trazem a conclusão de
Degenkolb acerca do direito de ação: “em razão da manifesta inconveniência do
exercício da chamada justiça de mão própria, expõe Degenkolb, proibiu-a o Estado,
assumindo ele esta grave tarefa, mediante a função jurisdicional. Ao cidadão,
impedido de exercê-la diretamente, foi concedida a ação judicial, que representa,
assim, o preço pelo qual renunciou à defesa privada”.

Segundo essa corrente, o direito de ação independe da existência efetiva do direito


material invocado, ou seja, não deixa de haver ação quando uma sentença justa nega
a pretensão do autor, ou quando uma sentença injusta a acolhe sem que exista na
realidade o direito subjetivo material.

Outros estudiosos dessa teoria apresentaram divergências e peculiaridades em suas


construções próprias. Na Itália, Rocco assevera que quando se solicita a intervenção
do Estado para a tutela de interesses ameaçados ou violados, surge outro interesse,
que é o interesse à tutela daqueles pelo Estado. De outra banda, Carnelutti configura
a ação como direito abstrato e de natureza publica, mas dirigida contra o juiz e não
contra o Estado (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 274).

Segundo a teoria abstrata, o direito de ação seria, simplesmente, o direito de provocar


a atuação do Estado-juiz. Em outros termos, para essa teoria, a ação é o direito de se
obter um provimento jurisdicional, qualquer que seja o seu teor. O direito de ação
seria um direito inerente à personalidade, sendo certo que todos seriam titulares do

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mesmo, o que significa dizer que todos teriam o direito de provocar a atuação do
Estado-juiz, a fim de que se exerça a função jurisdicional (CÂMARA, 2003, p. 138).

Em suma, o direito de ação seria o direito à composição do litígio pelo Estado, que,
por isso, não depende da efetiva existência do direito material da parte que provoca a
atuação do Poder Judiciário. Mesmo quando a sentença nega a procedência do pedido
do autor, não deixa de ter havido ação e composição da lide. É, assim, suficiente, para
o manejo do direito público de ação, que o autor invoque um interesse abstratamente
protegido pela ordem jurídica (THEODORO JÚNIOR, 2010, p. 65).

4. Teoria eclética do direito de ação

A teoria eclética do direito de ação tem como seu maior expoente Liebman. Esse autor
definiu ação como direito subjetivo instrumental e, mais do que um direito, um poder
ao qual não corresponde a obrigação do Estado, igualmente interessado na
distribuição da justiça; poder esse correlato com a sujeição e instrumentalmente
conexo com uma pretensão material (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p.
275).

Paralelamente, afirma também que o direito de ação de natureza constitucional, em


sua extrema abstração e generalidade, não pode ter nenhuma relevância para o
processo, constituindo o simples fundamento sobre o qual se baseia a ação em sentido
processual. Além disso, Liebman assevera que somente se exerce a função
jurisdicional quando o juiz prolata uma sentença de mérito, ou seja, decisão sobre a
pretensão material deduzida em juízo, podendo ser favorável, como também
desfavorável (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2010, p. 275).

A ação como direito de provocar o exercício da jurisdição deve ser tida, segundo
propugna Liebman, como direito de provocar o julgamento do pedido, ou seja, a
decisão da lide, ou, em suma, a análise do mérito (SILVA; GOMES, 2002, p. 70).
Liebman também destaca a existência de um direito constitucional que garante que
todos os cidadãos possam acionar a função jurisdicional do Estado[3]. Entretanto,
esse direito de agir garantido constitucionalmente não se confunde com a ação, pois
essa, embora se funde no direito constitucional de acesso aos tribunais, em si mesma
nada tem de genérico. Pelo contrário, guarda relação com uma situação concreta,
decorrente de uma alegada lesão a direito ou a interesse legítimo seu titular e

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identifica-se por três elementos: os sujeitos, a causa petendi e o petitum (MARINONI,


2008, p. 170-1).

Assim como nas teorias da ação como direito autônomo, na teoria eclética a ação
independe do reconhecimento do direito material ou de uma sentença favorável. A
ação constitui apenas direito ao julgamento do mérito, por conseguinte atinge sua
completude com uma sentença tanto favorável como desfavorável. Com efeito, o que
realmente importa para a configuração da ação é a presença de suas condições, que a
princípio foram apresentadas por Liebman como legitimação para agir, interesse de
agir e possibilidade jurídica do pedido, que posteriormente foram reduzidas por ele
apenas à legitimidade para agir e ao interesse (MARINONI, 2008, p. 171).

O interesse de agir consiste na necessidade de obter através do processo a proteção do


interesse substancial, assim, pressupõe a lesão desse interesse e a aptidão do
provimento pedido a protegê-lo e satisfazê-lo. Afinal, “seria uma inutilidade proceder
ao exame do pedido para conceder (ou negar) o provimento postulado, quando na
situação de fato apresentada não se encontrasse afirmada uma lesão ao direito ou
interesse que se ostenta perante a parte contrária, ou quando os efeitos jurídicos que
se esperam do provimento já tivessem sido obtidos, ou ainda quando o provimento
pedido fosse em si mesmo inadequado ou inidôneo a remover a lesão, ou,
finalmente, quando ele não pudesse ser proferido, porque não admitido pela lei”
(MARINONI, 2008, p. 171-2).

No que pertine a legitimação para agir Liebman a define como a titularidade ativa e
passiva da ação. Dessa forma, a legitimação individualiza a pessoa a quem pertence o
interesse de agir. Outrossim, dessa condição decorre o entendimento de que apenas o
titular da ação pode exercê-la, e tratando-se de direito a ser exercido necessariamente
com referência a uma parte contrária, também esta deve ser precisamente a pessoa
que aparece como titular de um interesse oposto, ou seja, aquele sob o qual incidirá
os efeitos do provimento pedido (MARINONI, 2008, p. 172).

Tais condições são requisitos para a existência da ação, de sorte que ausente qualquer
uma delas há carência da ação. Nesse ínterim, Liebman leciona que as condições da
ação são os requisitos constitutivos da ação, de modo que na presença deles, esta deve
ser considerada existente, como direito a provocar o exame e a decisão do mérito.
Não obstante, posteriormente, essa decisão poderá ser tanto favorável como

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desfavorável. Para essa teoria, então, a ação independe de sentença favorável,


contudo requer a presença das condições da ação.

5. Considerações Finais

Da desconstrução dos conceitos de ação, verifica-se que na teoria civilista ou


imanentista a crítica surge naturalmente relativamente à sentença improcedente e
declaratória, pois essa teoria não as abarcava, haja vista que considerava o direito
subjetivo material inerente ao direito de ação. Com o advento da polêmica entre
Windsheid e Muther, rompeu-se com o paradigma de que o direito material e a ação
existiam concomitantemente.

Como partidária da concepção que preconizava a autonomia do direito de ação com


relação ao direito material, surge a teoria da ação como direito concreto que não
conseguiu explicar satisfatoriamente as ações julgadas improcedentes. Refutando
essa teoria, surge a teoria da ação como direito potestativo afirmando que a ação
invade a esfera jurídica de alguém sem que esse possa fazer algo, contudo não
consegue novamente explicar a sentença improcedente e, além disso, considera,
erroneamente, o juiz como sujeito passivo.

Além dessas, ergue-se a teoria da ação como direito autônomo e abstrato que diz que
não deixa de haver ação quando sentença justa nega pretensão autoral, bem como
quando sentença injusta procede ao pedido do autor sem haver direito subjetivo
material correspondente. Porém, acaba confundindo direito de ação com direito de
petição.

Por fim, desenvolve-se a teoria eclética da ação que assevera que o direito de ação é
autônomo, ao passo que não está vinculado ao direito material a não ser pelas
condições da ação expostas pela teoria. Todavia, essa teoria erra no instante em que
afirma que somente existe ação e jurisdição quando estão presentes as condições da
ação.

Com efeito, as condições da ação somente podem ser requisitos para o seu pleno
exercício, ou seja, esses requisitos relacionam-se diretamente com o mérito e, dessa
forma, não podem ser considerados requisitos para a existência da ação.

Portanto, as condições da ação são requisitos somente para o pleno exercício da ação.
Apesar dessa falha, a teoria eclética é a mais acertada para explicar esse fenômeno

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jurídico complexo. Tanto é verdade, que essa teoria é adotada, ainda que de forma
mitigada, pelo nosso Código de Processo Civil.

Referências Bibliográficas

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil – vol. 01. 9ª ed.,
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO,


Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 26ª ed., São Paulo: Malheiros, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3ª ed., São Paulo:


Editora Revista dos Tribunais, 2008.

SILVA, Ovídio A. Baptista; GOMES, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil.
3ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – teoria


geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 51ª ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2010.

[1] Em consonância com a doutrina dominante na época, o Código Civil brasileiro de


1916 estabelecia em seu artigo 75 que “a todo o direito corresponde uma ação, que o
assegura”.

[2] A actio, no entendimento de Windsheid, era a faculdade de realizar a própria


vontade através de uma perseguição em juízo.

[3] Nesse sentido, dispõe a CFRB/88 em seu artigo 5º: “XXXIV - são a todos
assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”.

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