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E LUCID A RIO
D A S
PRINCIPE N SENHOR
P O R
F.Jo Ao U I M DE SANTA ROSA DE VITERBO,
Dos Memoré." Observantes Reformados da Real Provincia da
Conceição.
T O M O P R I M E IR O.
L IS BO A. M. D C C. XCVIII.
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O P R INCIPE DO BRAZIL
D. JO A O
N O S S O S E N H O R.
P. A. F. P. P.
*S E N H O R.
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A DVERTENCIA
P R E LIMINA R.
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\ Econhecendo a obrigação,
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que a Natureza me
impôz, de ser util, e prestadio aos meus semelhantes,
emprendi com mais temeridade, que prudencia, a pre
sente Obra. Por largo tempo revolvi no meu animo a fua
grandeza , e reconheci mesmo, que os meus hombros não
tinhão forças para supportar o seu pezo, e nem as minhas
poucas luzes poderião elucidar o que o tempo roedor quasi
inteiramente chegou a escurecer. Chegava-fe a isto a im
possibilidade fysica, que não só moral, de ver, revol
ver, e combinar todos os nossos. Documentos: a condi
ção do meu Eftado, e Profissão, a falta de Livros, de
tempo, de saude; em huma palavra, falho de tudo: só a
vontade oficiosa, firme, e constante de servir a Nação,
me não faltava, mas antes, e sem reparar no perigo da
reputação , a que me expunha, cada vez mais, e mais
\ se incendia. Ao travez pois de difficuldades tantas, cedi
alfim, e lancei mão de hum Assumpto, que pela sua agi
gutada estatura, pela sua novidade, e pela sua impor
tancia, espero me conseguirá do Público, não só o per
dão dos innumeraveis defeitos, que ingenuamente reco
nheço, mas ainda me fará digno da sua benevolencia,
e atenção, que sinceramente lhe supplico. E esta a razão
toda, porque me não occupo com Antiloquios a Leitores
benevolos, ou malevolos, Portuguezes, ou Estrangeiros,
doutos, ou indoutos, amigos, ou inimigos, agradecidos,
ou ingratos, defamadores, e melindrosos, inpertinentes,
Tom. I. A C
II A D v e R T E N c I A
e presumidos, e nem ainda aos hypercriticos, que dema
siadamente censurão, e aos pseudo-críticos, que sem fun
damento sólido se atrevem a censurar. Se eu mesmo sou
o primeiro, que argúo, e reprehendo os defeitos do meu
Livro, e a impossíveis ninguem está obrigado: porque não
esperarei achar piedade, em quem não ignora, que sou
homem sujeito a erros, e que fiz toda a boa diligencia,
que me foi possivel, para descobrir huma veréda até hoje
desconhecida, e não trilhada? Mas a que fim dar satis
fações a quem mas não pede, ou a quem olhando com
torcidas vistas o meu trabalho, não enriquece a Nação
com as preciosidades raras do seu Thesouro ? Direi tão
sómente alguma cousa sobre a razão do Titulo, Qualida
de do objecto, Dificuldade da empreza, e fobre a Uti
lidade, que ao Público póde resultar da sua leitura.
I. A imitação do immortal du Cange, que intitulou
Glossario a sua grande Obra, que emprendeo para intel
ligencia dos Escritores da media, e infima Latinidade, pu
déra eu dar o mesmo Titulo a esta humilde Producção.
Este sería o voto do CI. Paschoal José de Mello, que no
seu Livro, em tudo singular, da Histor. do nosso Di
reito Civil Cap. 13. S. 122. eficazmente desejava hum
Glossario Portuguez, onde claramente se explicassem as |
vozes antigas, e já hoje antiquadas, com que em outro
tempo se explicárão os nossos Maiores. Neste mesmo
pensamento estaria o Author da Historia da Ordem do
Hospital, que na Prefacção da I." Parte nos tem lison
geado com a esperança de hum Trabalho, que longo tem
po ha, tem emprendido, sobre as Inquirições, e Foraes
do nosso Reino; reconhecendo alli mesmo a precisão ur
gente, em que estamos de hum Glossario, sem o qual
se não póde atinar a cada passo com o particular sentido »
que entre nós tiverão muitos Vocabulos.
Mas desconfiando, e com razão, de que esta Obra
correspondesse aquelle nobre, e pomposo Titulo, que
suppõe alguma cousa perfeita já , e consummada neste
ge
P R E L I M 1 N A R. III
genero: adoptei com preferencia o de Elucidario, que
indica tão sómente hum desejo figadal, e honesto de dar
toda a luz possivel ao que a revolução dos Seculos tor
nou grandemente escuro, exotico, e desconhecido. Des
te mesmo Título usou o Padre Bento Pereira, não só na
Obra que compôz de Theologia Moral, mas tambem
quando se propôz elucidar, e esclarecer os Termos menos
claros de hum, e outro Direito, o que nem sempre con
seguio. E/acidario se chamou igualmente a Summa de to
da a Theologia Christãa, attribuida a Santo Anselmo, em
cujo Prologo se diz = Titulus itaque Operi, si placet,
Elucidarium prefigatur; quia in eo obscuritas diversa
rum rerum elucidatur. E ele he bem certo, que por
este precioso Livro, nem todas as escuridades da Theo
logia Santa ficárão allumiadas, claras, e patentes. De
pois que o Douto Quaresmino escreveo o Elucidario da
Terra Santa, descobrítão outros não poucas noticias, e
antigualhas, que naquelle Elucidario se não encontrão.
O mesmo se verifica no presente Elucidario, que ao Pú
blico se oferece: nelle se procurou esclarecer, e interpre
tar as Palavras, Termos, e Frases, de que antigamente
usárão os Portuguezes, já fossem commuas, e geraes a
toda a Nação, já particulares, e proprias de algumas Pro
vincias, e Comarcas, que hoje formão no continente to
da a Monarchia Portugueza; mas que distancia não me
déa entre o desejo, que se emprega, e a perfeição que
se pertende ? Se hoje mesmo que a nossa Lingua chegou
água idade perfeita, e varonil, observamos alguns. Vo
cabulos, e expressões nada triviaes, que parece nascêrão,
e se arraigárão em certos Paizes: que seria naqueles tCII1
pos de barbaridade, e grosseria, em que não havia acom
modidade de Estudos públicos, e geraes, suspensão dar
mas, Livros impressos, separação total de gentes estra
nhas, e mesmo cada Povo se governava, senão por hum
Foral diftinéto, ao menos por seus usos, e costumes, que
quasi sempre discrepavão *; de seus visinhos ? Que {IC
11 V2S
IV A D v e R T E N c I A
vas logo, tão densas, e palpaveis não será forçoso dis
sipar, para chegarmos a entender tão extravagantes vo
zes, se com o presente Dialecto as conferimos ? Porém
este he o objecto , materia, ou sujeito, em que este
Elucidario se occupa. Vamos a tratá-lo com a possível
clareza, e brevidade. -
- , , , , I, P E R I O D O.
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P R E L I M 1 N A R. XIII
|
XVI A D v E R T E N C I A
seus Impressos com reputação de Mss. E porque não suc
cederia o mesmo em Portugal, onde havia o mesmo in
teresse no occultar do segredo, que o tempo fez noto
rio? Publicou-se a Impressão: e logo hum pasmoso nú
mero de exemplares de diferentes Obras em tudo unifor
mes, e mais que tudo as Ordenações do Reino, (que
depois da Impressão de 15 14, a que já outra havia pre
cedido, tiverão a ultima mão approvativa no de 1521)
abrítão caminho plano, para que Barros, Goes, e ou
tros em grande número, de que as nossas Bibliothecas nos
informão, escrevessem com estylo grave, e dicção pura;
e muito principalmente depois que El-Rei D. João III.
não tanto reformou, quanto magnificamente restituio as
Escolas geraes na Cidade de Coimbra. Com toda a lisura
reconheço, que já neste Periodo poucos termos, e pa
lavras são desconhecidas, ainda que muitas dellas, e tal
vez sem causa, andem hoje desterradas pelos confins do
Reino, e por entre os Pastores, e gentes da lavoura. Mas
para que não succeda, que abandonadas da gente corte
zã, polida, e bem falante, venhão a perecer de todo,
tornando imperceptiveis as passagens, e lugares, onde el
las se encontrão, tambem neste Elucidario se lhes deo
acolhimento, arranjadas ao lado das mais escuras, e exo
ticas, que nos restão dos tres primeiros Periodos, e que
fazem o principal objecto, em que a presente Obra se
occupa. |
E LUCID A R I
D A S
A. * * •
J}
24 A •
A
ais de Villas prenominadas, a locum pre Mosteiro de Arouca: daremos hum
dictum Sancto Salvatoris Domini mostri só , para nos não demorarmos em
Jesu Christi, Óº Sanctae Mariae semper cousa tão clara. Em huma Carta
J'irginis, & Sancti Pelagii Martyris: de Venda de lo83, assigna o Es
que est fundada eorum Vareliga vo critor na fórma que se póde ver
gabulo Sancto Petro. n. 3. da mesma Tab.
A. Por in foi muito usado nos E AÁCIMA. adv. Finalmente º por
Seculos X. e XI. Si quis autem ali fim de tudo, por ultimo, em con
quis homo venerit.... ad inrumpen clusão. Vem do Verbo Acimar, que
dum contra anc Cartula contramuda he levar huma obra ao cabo, e á
tionis, quod nos à judicio divindiga sua devida perfeição. Que como des
re non potuerimus, & c. Instrumento gran tempo 4 , fosse contenda sobre
de Commutação de certas fazendas moitas cousas antrº os Reis de Portu
entre o Abbade Vimaredo com seus gal, e a Igreja de Lamego; áácima,
Frades, e Freiras do Mosteiro Du todalas contendas , e demandas foram
plex de S. Miguel em Terra de Pai renonciadas, e cassadas pelo honrado
va, e Froila Absaloniz, e sua mulher D. Oanne, e pelo Cabidoo do dito lu
Egilo, que está Original no Mos gar de Lamego. Carta da Doação
teiro de Arouca, feito no de 989. da Igreja de Baldigem, e de outras
A. Das abbreviaturas, que os Ro muitas Mercês, que El-Rei D. Di
manos escrevião com hum unico A, niz fez ao Bispo, e Cabido de La
tratão larga , e doutamente quasi mego, em recompensa de terem ce
todos os Vocabularios: na sua Ju dido de todas as demandas, que até
risprudencia, Juntas, e # aquelle anno de 1292 havião tido
ha muitos exemplos destas Cifras. com a Coroa. Doc. de Lamego. Em
Entre nós se acha huma, que pa hum Doc. das Salzedas de 1288, se
rece escapou á sua diligencia, e he diz: E dácima de todas estas razões
a Cidade de Aravor, escrita com disserom os Cavaleiros : ide-o falar
hum A. V. Aravor. * * com D. Sancha.
A. Escrito com a figura de X, AADE. Adem , ou ganso, ave
não he cousa rara em os nossos Ar bem conhecida , assim domestica,
chivos. No de Pendorada se acha como bravia. Tres vacas com seus
huma Carta de Venda do anno de filhos, seis patas, e tres aades. Doc.
1152 , em que o Notario Ramiro de Pendorada de 1359. -
(a) Não he o mesmo dimittir os Direitos Episcopaes , que algum tem obrigação de
pagar, que transferir nele a Jurisdicção Episcopal, que se expressamente se não declara,
se não julga dimittida. No Contracto, ou seja Dimissão do Bispo D. Mendo não se acha
que ele désse a Jurisdicção Episcopal aos Abbades da Salzeda : consta só, que elle exi
mio a Igreja da Salzeda, ( a qual no de 1 164 era só a do Mosteiro) de pagar a pensão dos
seis quateiros á Sé de Lamego, e tambem os outros Direitos das Mortulhas, Visitação,
Procuração, Cathedratico, &c. Porém o Bispo renunciando por aquella Escritura toda a
renda, que alli tinha, não dimittio de si huma só alma , por quem estava responsavel
a dar conta: pelos Direitos Episcopaes se entendem as rendas: pela Jurisdicção Episco
pal se entendem as almas: a Concessão expressa do primeiro , he a exclusão bem clara
do segundo.
Mas ainda quando aos Abbades da Salzeda se désse a Jurisdicção Episcopal, de ne. }
nhuma sorte se podia extender ás outras Igrejas, que se achão no Couto, porque se já
então existião , ficarão excluidas; se ao depois se erigírão, não podião alli ser contempla
das; pois expressamente se falla em huma só Igreja de presente, e nem palavra se diz
das que se fundarião para o futuro. Não negamos porém, que os Contratos onerosos, que
ao depois se seguirão, déssem aos Abbades a 3urisdicção quasi Épiscopal, sendo Senhores
no Espiritual, e Temporal dos Subditos, e Parochianos do seu Couto; porém extincta a
Jurisdicção Temporal no de 1546, em que El-Rei D. João III. mandou tomar posse del
la, por morte do ultimo Abbade perpétuo, D. Pedro de Penalva: fica lugar a dizermos,
que o Conc. Trid. Cap XI. Sess. 25. de Regularibus tirou expressamente a Jurisdicção
Episcopal a todos os Abbades, que não fossem Senhores no Espiritual, e Temporal; náo
*
AB AB 33 |
paes no Couto deste Mosteiro; re das Causas Matrimoniaes, e Sacri
cebendo em recompensa a Igreja, legios. Porém no primeiro de Ju
e Couto de Bagaúste , e dois Ca lho de 1359 demittio as ditas duas
saes em Villa Rei. O mesmo D. causas aos Abbades; recebendo em
Mendo pedio a confirmação deste satisfação a Igreja de Bretiande, e
contrato ao Papa Alexandre III., dois grandes Casaes em Ferreiros de
como se vê do Livro das Doações Tendaes; com condição expressa: que
das Salzedas a f. 12. Y. Foi isto no seria o Mosteiro restituido de todos os
anno de 1 164. O Bispo D. Diogo seus bens, se os Bispos de Lamego,
o reconheceo , e approvou no de ou os seus Conegos em algum tem
1307, e D. Rodrigo depois de re po lhe faltassem a este contrato,
nhidas contendas, só conseguio no que foi confirmado pela Sé Apos
de 1357 que os Abbades das Sal- tolica ; segundo se evidencía do
zedas não tomassem conhecimento testemunho authentico do Venera
Tom. I. ** E vel
Escrevêra, Innocencio IV. ao Bispo do Porto , que visto a Rainha (e hoje Santa )
Mafalda lhe haver pedido licença para fundar em Bouças hum Mosteiro da Ordem de
Cister; elle, e o seu Cabido se concertassem com ela sobre a Visitação, e outros Be
nesses que tinha a Igreja do Porto naquelle lugar. Elles assim o fizerão no de 1249; con
cedendo, que a dita Rainha funde o Mosteiro ab omni Episcopali jure, cum sua tantum
Parochi 4, liberum, 2- exemptum, exceptuando as Causas Matrimoniaes, e usurarias, das
quaes conhecerá o Bispo, como nas mais do seu Bispado, e na fórma que os mais Bis
pos conhecem dellas nas Igrejas dos Cistercienses. Reserva tambem o Cabido os votos de
Santiago que ibidem recipere consuevit. E pela Visitação, e outras cousas Espirituaes, que
o Bispo alli faria com algum emolumento do seu trabalho, recebeo, e o Cabido o Pa
droado da Igreja de Lamas, e os Direitos do Sal de Bouças, que vier á Cidade, e ao
Couto da Cidade do Porto. Mas succedendo que a Regra , ou Instituto de Cister alli se
não guarde, ficará tudo como d'antes. Tudo isto confirmou o mesmo Innocencio IV. no
anno V11. do seu Pontificado , como consta dos Documentos de Arouca. E de tudo se
manifesta, que Direitos Episcopaes não he o mesmo que 3urisdicção Episcopal,
34 AB AB
vel D. Fr. Salvado, Bispo de La da, e pelo qual a dita jurisdicção
mego , dado em Coimbra a 9 de Episcopa novamente se confirma.
Junho de 1372, no qual reconhe No dilatado Archivo de S. João
ce que os Abbades das Salzedas de Tarouca não apparece hum só
tem jurisdicção Episcopal nos limi Documento, que falle em jurisdic
tes do seu Couto. fão quasi Episcopal no seu Couto.
Nos outros quatro Mosteiros pa Achão-se sim duas Composições
rece, que a legitima Prescripção Originaes do Mosteiro com os Bis
lhes conferio semelhante regalia; e pos de Lamego: huma com D. Men
principalmente sendo fundados em do no de 1 164, e a segunda com D.
tempo que nos respectivos Territo Vasco de Alvellos no # 1298. Pela
rios não havia , ou ao menos não primeira se terminão as questões, e
residião , Bispos proprios , e Car demandas, que o Bispo, e Cabido
deaes. D. Pedro Mendes , ou D. movêrão ao Mosteiro sobre os Di
Pedro Furtado, Bispo de Lamego, zimos, e Coimas das terras, e vi
e eleito Arcebispo de Braga, man nhas cultas, e plantadas dentro dos
dou por Authoridade_Apostolica, limites do seu Couto, (quando El
que se guardassem as Regalias, e Rei D. Afonso Henriques lho fez
Isenções do Mosteiro de S. Pedro no de 1 14o) que os Monges não
das Aguias no de 1212. Havia-se querião pagar ao dito Bispo , e
fundado este Mosteiro muitos annos sua Cathedral. Em recompensa de
antes; pois Lousada, accusando o rão os Monges ao Bispo, e seus
Livro V. d'Além Douro a f. 88 nos Clerigos tres Casaes, } medietatem
oferece a Pandulfo , Eremita . de Librorum , quos de Francia Gundi
S. Pedro das Aguias no de 987, e salvus Prior Lamecensis attulerat. E
o Author da Benedictina Lusitana o isto com tal condição, que todas
faz povoado de Monges no de as possessões do Mosteiro, quaes
991 quando não havia Bispo em quer , e em qualquer parte, que
Lamego : deste tempo lhe ficarião # estivessem, assim em campos, e em
as ditas Regalias. Como quer que vinhas, como em gados, e outros
seja, D. Payo seu Successor nesta quaesquer fructos , ficassem livres
Mitra, demittio a jurisdicção Epis de todo o Dizimo á Sé de Lame
copal no Couto deste Mosteiro, e go. Statutum est etiam , ut extra
suas dependencias no de 1219; re cautum fuum nichilacquirant, in quo
cebendo por esta demissão a terça “juris sui detrimentum patiatur Laine
parte º dos Dizimos de Ervedosa, censis Ecclesia , quod non condigna
hum Casal, e huma vinha. Foi con recompensatione reforment : nisi forte
firmado este contrato por seu Suc Episcopus illud jus suum ultrô eis re
cessor D. Pedro Annes, ou D. Pe miserit. Excommunicatum quoque ab
dro Moniz, no de 1264. D. Anto Episcopo , º ipso inconsulto , recipere
nio de Vasconcellos no de 1 697, non licebit ; sed illos tantum , quor
e D. Thomaz de Almeida no de Monasteriorum Ordinis fui consuetu
17o8 reconhecêrão , e approvárão do solet admittere : in ipsis etiam »
esta Isenção. E finalmente D. Fr. salvo jure Matricis Ecclesiae. ----
réis brancos , e por huma abbarrada de duas Escrituras, exaradas não d’al
de prata dourada, que pesava sinco t'a fundo, mas sim huma depois
marcos, e por 2o réis de tostõens, moe de outra na mesma linha, e fican
da hora corrente. Feito o Instrumen do hum claro do lado direito entre
to no anno de 1515. E sendo cer ambas, no qual perpendicularmen
to, que Abbarrada he o mesmo que te se escrevião as letras, que igual
hoje chamamos Albarrada; nós sa mente se recortavao.
bemos que os Soares tem por ar O terceiro modo, ainda que me
mas em campo vermelho duas Abar nos usado, era tomar hum pergami
radas de prata , de duas azas cada nho mais, ou menos quadrado, em
huma, cheias de açucenas. Daqui que diagonalmente se escrevia o cos
{Uº
AB !
AB 43
tumado Alfabeto; ficando cada hu &º alia debet penes Abbatem, & Con
ma das Escrituras em triangulo, e ventum nominatos superius , remane
com a notavel diferença, que huma re, &c. E com efeito esta se acha
principiava pela regra mais comprida, com os tres selos pendentes.
e outra pela mais curta. Em quanto Na Camera de Aguiar da Beira,
aos sellos não havia formalidade e tambem no Mosteiro de Tarouca
certa: humas vezes se não punhão, se guarda Original a Composição
ainda mesmo sendo Pessoas , ou amigavel entre os Monges, e aquel
Corporações , que os tinhão: ou le Conselho sobre os foros, direi
tras se punhão igualmente em ca tos, e herdades, que huns, e ou
da huma das Cartas: outras em fim tros tinhão dentro do Lugar de Gra
se trocavão os sellos, declarando-se diz, julgada por Sentença de Jui
expressamente na Escritura. zes Arbitros nomeados por El-Rei,
No de 1 323 D. João Mendes, e e nella se diz : E pera esta cousa
sua mulher D. Orraca Affonso, doá seer firme , e estavil, e que nunca
rão ao Mosteiro de S. João de Ta venia em dovida: as partes sobreditas
rouca muitos Casaes, e Padroados. pelos ditos Procuradores mandarom, e
E para maior firmeza os Doantes, rogarom a mim Tabaliom sobredito,
e Donatarios mandárão, e outorgá que les fezese desta cousa dous estro
rão a Domingos Fernandes Tabel mentos partidos per A. B. C. Dos quaes
lião em Castro Rei, que lhes fi estormentos tem o dito Moesteiro huum
zesse disto dous Stromentos partidos seelado do Seelo do dito Concelio, e o
por A. B. C.... E eu sobredito Ta dito Concelio tem outro seelado do See
beliom, per mandado, e outorgamen lo do Abbade do dito Moesteiro. Fei
to das sobreditas partes, estes Stro tos os Estromentos em Gradís IX, dias
mentos partidos por A. B. C. escre andados de - Setembro. E. M. CCC.
vi, & c. XXVII. Hoje, consumidos já os sel
No mesmo Mosteiro se guarda a los , só nos restão os indicios cla
Composição , que os Bispos do ros, de que algum tempo existírão.
Porto fizerão com elle sobre os Di Estas Cartas partidas (a que tam
zimos, e Direitos Pontificaes, que bem chamárão Adentadas em razão
lhes pertencião na Igreja de Santa dos recortes de pergaminho) são
Eolalia de Penaguião : a primeira antiquissimas com o nome de Ciro
de D. Fernando, e a segunda de D. graphos, ou mais propriamente Syn
Vicente no de 1289 , cujo Instru grafos, que significavão Escritura
mento se conclue na maneira se de dois, ou em que dois escrevê
guinte: Et ut hoc robur semper ob rão, ou fizerão escrever o seu nome.
tineat firmitatis : Nos Episcopus Óº ABECEDARIO. Os Antigos lhe
Capitulum, & Abbas, & Conventus chamárão Abecturío, Abgatorio, Abe
supradicti fecimus de hoc fieri duas getorio, & c. Nada mais he que os
Kartas per Alfabetum divisas , sin primeiros Elementos, ou Letras de
pulorum nostrorum munimine robora qualquer Lingua, Gente, ou Na
zar, & Signo Martini Suarii , nos ção, a que vulgarmente chamamos
zri Episcopf, & mostra Civitatis Pu A. B. C., posto que nem sempre
blici Notarii consignatas; quarum una conste do mesmo número de Le
penés nos Episcopum, Óº Capitulum, tras,Fii
tenha a mesma ordem de2fas
•
44 AB AB
arranjar, e seja uniforme em o tom, bom gosto dos Romanos, assim
valor, e pronuncia. nas Letras, como na Policia, con
Como a Lingua Latina, e as que tinúa dizendo : A fala sua era mui
della procedêrão, principião o seu desviada , da que agora temos... E
Abecedario pelas F# A. B. C. assim tinhão hum Latim, que não era
D., foi mui natural, que daqui Latim, nem Lingoagem... E as Le #
zer
dadeque
de seria panno de Aboivil, Ci
França. •
ABUNDOSO, Abundante, far
to, cheio.
ABRAHÃO. Teiga de). Esta ABUSAO. Erro, engano, ma
era huma das diferentes Teigas, licia , máo uso de alguma cousa.
que em Portugal havia, e de que Daqui vem chamar a Orden. L. V.
se tratará. V. Teiga. Tit. III. S. III. Abusões a todos os
ABRARCA, e Avrarca. V. Abar Ritos, Ceremonias, e acções, que
C4. -
tecçao. -
ACINTEMENTE. De proposi
ACEDARES. Especie de redes to, advertidamente, com intenção,
mal cheirosas, que apartavão a sar e só a fim de desgostar alguem.
dinha ao largo. Acedares que jazem Deste modo significa mais que Sei
jazentios ao mar : i. e. que estão tosamente : que vem do Latino Scien
junto ao mar. Nas Cortes d'Evora ter; pois muitas cousas se fazem,
de 1481 pedírão os Povos , que e podem fazer sem intenção de in
não houvesse Acedares, que afugen dignar, ou exasperar a paciencia do
iavão a sardinha dos rios, de Lisboa, nosso proximo. Daqui nasceo o no
e Setubal , e se desfizessem os Ca me Acinte : v. g. quero-lhe fazer
nejros , que apartavão os saveis do bum acinte: quer fazer isto para lhe
Douro , e outros rios , e impedião a queimar a paciencia.
navegação. El-Rei promette dar a ACISTANO. Mosteiro. Docu
isto prompto remedio. - mento de Io59. Tambem se dis
ACEDRENCHADO. Acolchoa se: Aciterio, Asisterio , e Acitano.
do Hua cocedra acedrenchada , da ACITARA. Tapete , alcatifa,
terra, nova: Sinco chimaços acedren reposteiro , panno de raz, cuber
chados, e dous barrados: hua colcha tor bordado , capa, manto de tela
franceza barrada. Instr. de Partilhas fina, e preciosa. No de 1 145 D.
de 1 359 em Pendorada. . Dordia filha de Egas Monís, e de
ACEECER. Caber, tocar, ca sua mulher D. Thereza Afonso en
hir por sorte. E aceeceu a cada huum tre outros bens, de que faz doa
dos sete erdeiros trinta, e nove livras, ção a Paço de Sousa , nomêa Una
e sete soldos, e onze dinheiros, e tres Cappa crezisca, Óº una stola de ipso
seiptimos de dinheiro. Ib. pano, ó uma acitara. No de 1147
ACEQUIA. Commummente se fez Egas Monís huma larga Doa
toma por Açude; mas propriamen ção ao mesmo Mosteiro, não só
te fallando Acequias são os lagos, de herdades , mas tambem de mó
poços, ou charcos, que fórmão os veis, dos quaes forão Uno manto de
regatos, ou pequenos rios, humas grecisco, & alio de exami tres Cap
vezes naturalmente , e outras me pas, una de ciclaton, Óº alia mud
diando a industria dos que se pro bage, & alia de uno demi; Óº una.
põe a utilidade das suas aguas. acitara de mudbage; Óº duos grecis
ACETERE. Lavatorio portatil, cos de super altare; Óº duos facerge
vaso de agua ás mãos. E dous La nes. Documento de Paço de Sousa.
vatorios, a que dizem aceteres, e do ACÓ. adv. Para cá. Documento
se bacias, e quatro peelas. Ib. Vem de Pendorada de 1326.
ACOI
AC -
AC 49
ACOIMAR. Fazer pagar o da ras, ou Casaes. Inviaster-me dizer, que
mno, que fizerão os animaes na fa avia bi peça de homeens... que vos pe
zenda alheia , castigar, censurar º diam pera acoyrelamento desa pobra viu
reprehender. tõito Casaaes, que hid, juntados com esse
ACOLCETRA. Colcha. Do La logar de Cerveira. Carta d'El-Rei D. .
tino Culcitra. Diniz de 1317 para se povoar Villa
ACONHECER. Reconhecer. Nova de Cerveira. Doc. de Lorvão.
Documento de Vairão de 1289. ACOYTAR. Cuidar, procurar.
ACONHOSCER. Conhecer, re Ap. Bergança.
conhecer, ingenuamente confessar. AÇORES. O mesmo que falcões,
Item: Aconhosco. Documento de Mas aves bem conhecidas. Dentro, e fó
seiradam de 1293. Vem do Latino ra do Reino derão os Açores o no
Agnosco. me a muitas terras, como ás Ilhas
ACONTIADO. Vassallo, que dos Açores, ao Valle de Açores jun
recebia do Rei certa quantia de to a Aguiar da Beira, á Ermida da
dinheiro, para estar prestes a ser Senhora dos Açores. Desta, que tão
ví-lo com hum número de Lanças famosa se tem feito em a nossa His
em tempo de guerra, ou qualquer toria , diremos alguma cousa, que
outra necessidade, e precisão, con escapou aos nossos Historiadores. A
cernente á Monarchia. Da quan huma legua de Celorico, caminhan
tia, que recebião, se chamárão Acon do quasi em direitura para a Guar
tiados. Vid. Vassallo, e V. Contia. da, se acha este nobre, e antigo San
ACOOIMAMENTO. V. Des tuario na Freguezia de Aldêa Rica,
afia fom. cuja Matriz mostra ser de huma mul
• •
•
ADIANTADO. Havia Adianta
dos Civís, e Militares : os I.º" ADICEIRO. Tiverão o nome
erão , propriamente fallando , os de Adiceiros todos os que antiga
ue hoje chamamos Regedores da mente trabalhavão nas minas de ou
# , e os Romanos disserão: ro, que havia em todo o Riba-Té
Presides Provinci.e. El-Rei D. Af jo. Tomárão este nome da Adiça,
fonso V. supprimindo os Correge que era huma famosa mina de ou
dores , pôz nas Comarcas pessoas ro entre Almada, e Cezimbra, na
de Titulo com o nome de Adianta qual desde El-Rei D. Sancho I. até
dos , que nomeavão em seu lugar D. Manoel se continuou a extracção
Ouvidores que conhecessem das Cau do ouro com grande utilidade pú
sas. Porém o seu pomposo, e de blica. E por ser esta mina a prin
masiado estado vexava tanto os Pocipal dº Reinº » OS #
vos, que nas Cortes d'Evora de de outras menos principaes se hon
1481 eles se queixárão , e conse rárão com o nome desta. Daqui se
guí1ão , que não houvesse mais manifesta a razão com que os Mou
Adiantados, Regedores, nem Gover ros chamárão Almadam, ou c… O
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AD AD 55
lo da mina á Villa de Almada, de Linhares ao Mosteiro de Ferreira
que se póde ver Sousa nos Vesti d'Aves, pela muita ajuda, e crian
gios da Ling. Arab. em Portug., fa que do dito Mosteiro recebêra;
e Marinho nas Antiguidades de Lis declarando que lha deixa para ad
boa. Ainda depois de descuberta judoiro dos seus vestiairos. Documen
a India , e America , continuárão to de Ferreira d'Aves. .
em Portugal as minas de ouro, pra ADMENAS. Alemedas, passeio,
ta, e outros metaes, e mineraes, de ou rua de quaesquer arvores frondo
que se póde ver o V. Tom. da Mo sas, e copadas, que sendo antiga
narch, Lusit, a f. 128. mente mui usadas de alamos , ou
Sobre a Origem deste nome Adi choupos, tomárão o nome das ar
ça , bem póde ser que venha de vores, de que ellas se fazião. No
Ades, nome de hum antigo Rei do de 976 se pôz em pública fórma
Epiro, que unicamente se occupa a Doação da Igreja de S. Romão
va em desentranhar os montes , e em Villar Telhado, feita ao Mos
cavar metaes: e como nestas minas teiro de Lorvão: Cum sua Corte, ó
morria muita gente, lhes chamárão cum suas admenas in giro , Óº suas
Ades , como Rei da morte , e da mazanarias, Óº duos cupos, Óº duas
desgraça. Com este mesmo Titulo cupas, una de XXX, quinales, Óº alio
o fingírão Deos dos Infernos, das de XX. modios, cum tota sua perfia.
riquezas, e dos mortos; porque ri Livro dos Testamentos n. 31. Es
quezas, morte, e Inferno , pro tavão pois estes passeios, ruas, ou
priamente fallando , tudo he o carreiras á roda do quintal, ou vi
II1GSITIO, venda , ficando no meio o pumar
ADIVAL. Certa medida agraria. das maceiras. O persuadir-se que as
No Seculo XIII. comprou o Mosteiro Admenas , são as ameas, que hoje
de S. João de imTarouca huma her vemos em torno dos terreiros, e pa
dade que tinhaXI. adivales in amplo, teos das casas nobres, e distinctas;
é in longo. Assim consta do seu Ar he engano, pois elas não tinhão
chivo. Esta herdade estava no Ger lugar na residencia de hum pobre
mello junto á Guarda : reinava D. Cura, e humilde Parocho do Se
Sancho I. ao tempo da compra. Es culo miseravel, em que esta pie
tes Adivaes, ou Arivaes devendo-se dosa esmola se fazia. Em muitos
regular pelas outras medidas do Documentos que fallão no Campo
Paiz, diremos, que erão Pirtegas, da Golegã, e nas ribeiras de Tor
Estims, ou Aguilhadas, que se cha res, Brescos, e outras no termo de
mátão Arvipennales , ou Agripeda Santiago de Cacem no Seculo XV.,
les, ab arvipendio, id est funiculo, e XVI. se chamão Ademas : as ter
seu pertica
bantur. , qua olim agri metie ras planas, e de veiga, ou Seara, e
V. Astil. •
Avi mei, non vadant ad anudivam. º Como quer que seja, hoje cha
Item: Pauperes, quinon habent de mão Adúa no Alem-Téjo, e outras
suo, per quod vadant, & in redditiº partes, huma matilha de cães em
per quod possint vivere; ita quod non pregada em caçar coelhos, em cujo
oporteat eos vendere domum, aut vi exercicio reciprocamente se ajudão.
neam, aut baereditatem, quam babent: ADUBAR. Reparar, compôr,
propter hoc non vadant ad anudivam; fortalecer, aproveitar, guarnecer
. Item : Clerici, ó Scutiferi-Fidal terras, vinhas, casas, e #
gos non vadant ad anudivam. * . outras propriedades, e edificios. Fi
Item : Homines de Cautis , & de cando pera outras quadrellas o fazer,
Honris antiquis, Óº quas Rex fecit, e reparar outros lugares do Castello,
vel fecerit de novo , non vadant ad e adubar a barbacãa. Doc. da Torre
anudivam. \, ; de 1366. E depoes que vos eu adu
"…Item: Mando, & statuo, quodom bar as ditas casas, que vos as man
nes alii homines Regni mei, quor ego, tenhaaes nos ditos adubios , salvo de
vel. Successores mei debuerimus vocareparedes, e madeira grossa. Prazo de
ad anudivar, non vocemus eos ad nu Tarouca de 1443. -
divas, nisi tempore guerra, aut tem …ADUBAR o seu negocio. Tra
pore magnae necessitatis, Óº ad fron tar delle. Et quando venerint ad ali
tariam Regni, quod habeamus eos mul quem locum adubare suum profectum,
tum necessitate: Óº non compellantur dimittant in suis locis alios.
ire, nisi per Pretores, & alvaziles, ADUBIO. Trabalho, cavas, la
&º judices locorum ; quia inveni pro brança, estrumes, e todos os ama
in veritate, quia ita.fuit usatum tem nhos, e bemfeitorias, que são pro
pore Patris mei, & Avi mei. prias, e necessarias a huma fazen
Et proinde do vobis istam meam da, para andar sempre bem #
Cartam apertam, & mando, & c. veitada. . V. Adubar. Doc. de Ta
* Bem póde ser que do Arabigo rouca de 14o7. Tambem se disserão
Adduar, (que propriamente signifi Adubios os concertos, e reparos de
ca multidão de gente , º que vive qualquer edificio: hoje se usa pro
abarracada, e como posta á roda depriamente, quando fallamos de vi
huma Praça) se derivasse Adúa; nhas, ou campos. Tambem se cha
sendo certo que as grandes quadri márão Adubios os forros, e guarni
lhas de gente, que se empregavão ções das roupas, e vestidos.
nestes serviços, não deixarião de ADUBOIRO. Concerto, repa
viver no campo, e abarracados. No ro , bemfeitoria, e o mesmo que
de 1385 concedeo El-Rei D. João Adubio. Façades a dita casa de pe
I, aos da Torre de Moncorvo as dra, e de madeira, e ripa, e de to
Adúas de Alfandega da Fé, Cas do aduboiro , que lhe fezer mester.
tro Vicente, Mogadouro, Bempos Doc. de Tarouca de 1422. +
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feitio de gomil, cheio de cinzas, afervorar, metter animos, e calor,
e mui gastado do tempo. Os exca Daqui se disse metaforicamente Aguº
vadores, cuidando ser ouro, o que far o ferro: por afia-lo, polindo-o,
brárão, e desfizerão. V. Vomil. A e tirando-lhe a ferrugem, que o de
AGOSTIA. O. Agostinha, Agos vora , assim como a ociosidade ao
tinho, nomes de homem, e de mu preguiçoso. Daqui º •
por devido , e linhagem, que aviam fez , e com razão , admirar entre
com algums Cavaleiros , e Donas, e os Hespanhoes, (se cremos a Dio
Scudeiros , que os albergavam bi , e doro) foi reputada sempre como
lhis davam de comer, cada que bi vi huma cousa do Ceo, cahida na ter
nham. Carta d'El-Rei D. Diniz de ra. A luz do Evangelho aperfeiçôou
1323. Doc, de Reciam. #
estes sentimentos da Huma
ALBERGARIA. Casa, ou edi nidade, mas começando-se já a res
ficio destinado para recolher toda a friar a Caridade desde os principios
qualidade de pessoas que fazem jor do quinto Seculo , em o nono se
nada, e precisão das commodidades vio estabelecido hum pasmoso nú
do somno, mantimentos, e descan mero de Albergarias, e outras ha
so. He o que hoje propriamente bitações cómmodas, para alivio, e
chamamos Estalagem , ou Alber soccorro dos pobres, e desvalidos.
gue, onde o dinheiro indevidamen Por toda a França, Alemanha, e
te se consome, a caridade inteira Terras do Norte não era facil achar
mente falta, e o passageiro mal ac Mosteiro de hum, e outro sexo,
commodado, e pouco satisfeito, sen que não tivesse junto a si huma ca
te cada vez mais penetrantes os tra sa destinada a hum fim de tanta mi
balhos duros da jornada. |
sericordia , e compaixão. Não foi
ALBERGARIA. Direito, que o assim em Hespanha, que opprimi
Senhorio tem de ser hospedado, re da com o pezado jugo dos Sarra
colhido , e sustentado na casa do cenos, só depois, e á proporção,
seu Vassallo , ou Emphiteuta , a ue foi despedaçando os grilhões
quem se apromptão, e á sua equi } seu longo cativeiro, he que nos
pagem, determinados mantimentos oferece huma multidão prodigiosa
em certos dias, na fórma dos Pra destas Albergarias, que destinadas
zos, Arrendamentos, ou Foraes. Es desde logo á manutenção dos po
tas Albergarias, ou Albergadas fo bres, vierão depois a fazer junta
rão demasiadamente conhecidas nes II]CIltC 2 SOTÍC # ricos.
te Reino , debaixo dos nomes de Em os nossos Mosteiros mais an
jantares , Procurações , Collectas, tigos se guardão ainda as copiosas }
Paradas, Serviços, Óºc., de que se Doações, com que os Fiéis, como
falará nos seus respectivos lugares. á porfia, os enriquecêtão. Nellas
E daqui se disse Albergar: não só declaravão, que as fazião para sus
por dar Hospicio, ou pousada; mas tento dos que alli habitassem, Cul
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AL AL 69
to Divino , soccorro dos pobres, a curta vida da primeira, e o tem
recepção dos hospedes, e peregri po , em que a Portugal tornou a
nos. Mas não só nos Mosteiros: segunda , não permittem duvidar
as Albargarias se multiplicárão por mos, que a Rainha D. Thereza es
quaesquer outros lugares , e prin tabelecesse a Barca de Por Deos, e
cipalmente nas terras de algum no a Albergaria no Lugar do Moledo,
me, e junto das estradas, ainda as a da Amarante, e Canavezes.
mais ermas, e desabridas. No de 12oo Miana D. Horracha,
O Conde D. Henrique, e a Pii por authoridade , e consentimento
sima Senhora, a Rainha D. There d'El-Rei D. Sancho I., e da Rai
za, transmittírão na sua Real Pos nha D. Mafalda , e de todos os
teridade as efusões do seu coração outros seus filhos, e filhas fez Doa
enternecido, e os Vassallos se com ção a Mendo Paes, e a sua mulher
ozerão logo á imitação dos seus D. Ermesenda , da Albergaria de
#. or huma Doação feita Canaveses com todos os seus termos,
a Lorvão no de Io97 consta, que o e direitos pro remedio animae D. Re
Presbytero Pedro comprára em Pe gis Sancij &"filiae ejus supredictae Re
na-Cova humas casas para Alberga ginae , Óº etiam pro remedio anime
ria dos pobres, enfermos , e pere meae... Ut vos, Óº filii vestri, ó"
grinos. Por outro Doc, das Bentas nepotes fideliter Deo serviatis pro ani
do Porto se vê, que a Rainha D. mabus vestris, Óº nostris in ipsa Al
Thereza coutára a Gonçalo Eriz a bergaria : Videlicet : colligendo , ó"
quinta de Oseloa , e que de mão recepiendo ibi pauperes, Óº erogando
commua estabelecêrão huma Alber illis helemosinas secundum póssibilita
garia em Meigom frio, junto da mes tem vestram. Assim se lê nos Doc.
ma quinta , de cujos rendimentos de Tarouca, e se mânifesta que a
se satisfarião os encargos da dita Rainha Santa Mafalda já não podia
Albergaria. ser a Fundadora desta Albergaria,
Porém não só isto: as misericor que era velha, quando a Santa es
dias desta respeitavel Princeza avan tava quasi nos principios da sua vi
te passão : são quasi innumeraveis da. E menos podia fundar a d'Ama
os Monumentos da sua Piedade. Nãorante ; pois, segundo os Doc. de
contente com herdar os pobres de Pendorada, no # 1 192 os filhos de
Lamego em todo o rendimento do Gonçalo Mendes de Sousa, e os mais
Grande Souto de Madoens (como Herdeiros da Albergaria da Amarante,
se vê da Carta d'El-Rei D. Diniz fizerão doação della, e da sua Igreja,
na Cathedral de Lamego , datada e Beneficio a D. Toda; dando está
no de 13o I ) fez romper novas es= hum Casal á mesma Albergaria , e
tradas por cima da sua Ponte do hum Mouro para serviço da mesma.
Douro em direitura a Canaveses. Estas Albergarias, (que algumas
Não se me esconde, que a sua boa vezes não passavão de insignificantes
Nora, a Rainha D. Mafalda, e a hospicios, e que pela maior parte
sua Santa Neta Mafalda, que hoje se mantinhão das esmolas, e Lega
veneramos em Arouca, promovêrão dos dos Fiéis, e por isso com o tem
as liberalidades piedosas desta feliz po se extinguírão, ou talvez em al
Eva dos Reis de Portugal; porém guns Hospitaes pela sua tenuidade
SC
7o AL AL
incorporárão) ordinariamente forão ga por morte de seu Pai D. Luiz
Encargos, Pensões, e como Appen de Ataíde, segundo os Doc. da
dices de rendosos Morgados, cujos mesma Camera. Depois o Marquez
Administradores só com esta obri de Pombal, Sebastião José de Car
gação em boa consciencia os pos valho a conseguio, e hoje a pos
suião. E sem fallarmos agora em D. suem os seus Descendentes.
Payo Delgado , (Descendente de Nos Doc. mais antigos da Cida
D. Arnaldo de Bayão, companhei de da Guarda se faz a cada passo
ro de D. Gonçalo Mendes, o Li menção da Albergaria do Monde
dador, e que se achou na batalha # esta era a Albergaria de Ca
do Campo de Ourique) o qual deo adoudi, que já tinha muitos an
principio ao Appelido de Alber nos, quando no de 125o Salvador
garias, (com que tanto se honrão Martins, Conego da Guarda , e
Illustrissimas Casas deste Reino) pe Prior de S. João de Celorico a dôou
lo estabelecimento de huma Alber ao Mosteiro de S. João de Tarou
garia, junto á Igreja de S. Bartho ca, com a quarta parte de todos os
lomeo, na Cidade de Lisboa, a que rendimentos de Cabadoudi, e dez
vinculou grossas fazendas : no de Casaes na mesma terra, que já seu
1 178 dôou D. Bernardo Bispo de Pai havia dôado á dita Albergaria;
Coimbra a Igreja de Carvalho a Do e isto com tal condição: Ut Fratres
mingos Feirol, e a sua mulher D. Be semper provideant dictae Albergariae
lida Paes, que alli instituírão o Mor defructibus prorum decem Casalium,
gado, e Solar dos Carvalhos. Seu dumtaxat in igne, & Lectisterniis ad
filho D. Bartholomeo Domingues, opus supervenientium pauperum com
primeiro Administrador, instituio a petenter; residuo sibifructu eorundem
Albergaria, chamada hoje de San Casalium reservato. Doc. de Tarou
to Antonio do Cantaro pelos annos ca. Estes rendimentos annualmente
de 12o6; e no de 1215 lhe unio, se cobrão; mas as condições de ne
além de outras fazendas, Villa nhuma sorte se cumprem.
Maior , junto á Cercosa quem egº E para não ser infinito: El-Rei
jam olim dedi praefate Albergariae, D. Afonso III. fez Dôação á Ca
declarando que o Albergueiro, ou thedral de Lamego da Albergaria
Procurador } dita Albergaria faça, de Ponte de Lavradio Ilhamacensi,
e disponha de tudo, como melhor cum Ecclesia ipsius Albergariae , Ó
lhe parecer. E para maior firmeza, cum omnibus juribas, Ó" pertinentiis
dá todo o seu poder á Camera de suis jure baereditario in perpetuum pos
Coimbra, para que depois de sua sidendam. E isto para remissão de seus
morte institua, e ponha alli por Ad peccados, e a repetidas instancias
ministrador quem viderit magis ido de D. Pedro , Bispo de Lamego,
neum, ó" utilem de genere meo», vel a quem gosta de fazer desta Alber
tribu. ( Acha-se nos Doc. de Lor aria huma especial graça, porque
vão.) E com efeito no de 1689 ain
da a dita Camera deo Carta de Ad
}# suum posuit in voluntate,
optione_mea. Doc. de Lamego de
ministrador do Morgado, e Alber 1261. V. Verb. Alcaçarias.
garia de Carvalho a D. Jeronymo ALBORE, ou Alvore, es. Arvo
de Ataíde, Conde de Atouguia va re º arvores.
AL"
AL AL 71
ALBUFEIRA. Propriamente fal tum: alias lineas X: Casulas Silineas :
lando, he huma Lagôa formada pe X: alias Casulas XIII: V. de alchas :
las aguas do mar, que o impeto das XI. Seray (al. Feray) cardena: Se
ondas, ou do vento lança fóra dos ptima barragan: VIII. Cardena ma
limites ordinarios, e vão cobrir al raice: IX. vermelia ex ageg: XI. li
gum espaço de terra secca. Daqui se nea cardena, Óº duas planetas urtio
chamárão Albofeiras quaesquer La nes: Oracles XI. & c.
gôas, ou tanques grandes. ALCHAZAR. Ferregial, cam
ALCACER. O mesmo que Al po, ou veiga, em que se colhe fer
chazar inf. Vendião-se alcaceres espi rá, ou cevada verde para as bes
gados com cevada : e segados torna tas, a que ainda hoje no Alem-Té
rão a dar outra novidade: e dizia o jo chamão Alcacer, ou Alcacel. Nos
dono do ferregial, que era sua a no rincipios do Seculo XIII. fez D.
vidade. Foi isto no de 1535, quan endo Pires o seu Testamento, e
do Christovão Rodrigues Azinhei depois de repartir em beneficio de
ro escrevia o Compen. das Chro su'alma muitos bens, deixa ao Mos
nic. de Portugal, que alli o refere. teiro de Alcobaça, onde se manda
ALCACER. Palacio acastellado. sepultar : Alchazar illud, quod lu
Tambem se escreve Alcazar, Alca cratus sum in Saborosa. Doc. de Ta
çar, e Alcacere. Algumas vezes se rouca. Tambem se chamárão Alca
toma pelo Castello, ou Fortaleza zeres este genero de pastagens, e
de huma Praça, na qual ordinaria no singular Alcazer.
mente residia o Governador, Alcai ALCAÇARIAS. Assim se cha
de, ou Castelleiro, e mesmo o Rei, ma hoje em Lisboa o lugar onde se
o Principe, ou Monarcha. O Meiri curtem as pelles. Donde cste nome
nbo Mormandou, que pagassem... pe lhe proviesse, não he cousa averi
ra bum apartamento de Alcacere, que guada: dizem alguns, que neste si
o dito Rei mandava fazer em a Villa tio esteve antigamente o Palacio
de Freixo de Spada Cinta. Doc. de Real no tempo dos Mouros. Se at
Moncorvo de 1376. No Foral que tendemos a que esta palavra he Ara
El-Rei D. Diniz deo a Villa Real biga , diremos, que he huma casa
no de 1 283 com a Rainha Santa grande, e forte á maneira de hum
Isabel, declara que se elle, ou seus Claustro, com muitas casas, e re
Successores houverem de fazer Alca partimentos para os Mercadores alo
cer em Villa Real, devem pôr ahi Al jarem as suas fazendas, e estarem
caide , que o guarde ; mas que este com toda a segurança. Os Arabes
não tenha inspecção alguma sobre os dizem que o Imperador Cesar man
juizes, e justiças, Vozes, Coimas, dára edificar estas casas por todo o
& c. Doc. de Villa Real. Oriente, que delle tomárão o nome.
ALCHAZ, Panno, droga , ou Estas são as Albergarias, a que
tecido, que nós hoje não conhece os Arabes, e Turcos de agora cha
mos. Em huma Carta de S. Rosen mão Cam, ou Camlebam, por Fr. Pan
do # de Dume de 892 ap, Ye taleão de Aveiro no seu Itiner. Cap.
pez Tom. V. p. 424. se lê Cingulos LXXIX, descreve, e diz em summa:
auro gemmatos, duos: alios argenteos He huma casa muito grande, com
exauratos , ex quibus unum gemma mua a toda a pessoa, que nella se quer
aga
|
72 AL AL
agasalhar. Destes Cams, huns estão ALCAÇOVA: Presidio, forta
dentro das Cidades, e Lugares gran leza, Castello. Tambem se acha es
des, e são como Mosteiros, com crito Alcaceva; porém Alcaceva he:
muitas casas , e aposentos: outros Castello Velho, ou Fortaleza qua
estão ao longo dos caminhos, e si de todo arruinada.
fóra dos Povôados : estes não são ALÇA:. Recurso, appellação.,
mais, que huma casa mui grande, aggravo. Consta da Concordata d'El
de paredes altas, e fortes, por den Rei D. Sancho II. com o Arcebis
tro das quaes correm arcos mui altos, po de Braga : Et pro directis suis
em cujo vão se recolhe a gente, fi declaratis non fat alça ad Dominum
cando todo o ambito do meio des Regem. Daqui: Alçar-se: recorrer,
cuberto. Tem duas portas igualmen appellar.
te seguras, que em sendo noite se ALÇADA. O poder , que he
fechão, e só com dia claro se abrem. commettido ao Ministro de Justiça
Em cada meia jornada ha destes com mais , ou menos extensão de
Hospicios, nos quaes se recolheto pessoas, ou lugares, sobre que pó
do o caminhante de qualquer Sei de usar da Jurisdicção, que se lhe
ta, ou Nação, sem pagar cousa al commette. Estas Alçadas forão mui
guma. Em alguns dão pão, agua, frequentes, e por muito tempo usa
mel, e outras semelhantes cousas, das em Portugal, em quanto se não
tudo de graça. Nos asperissimos estabelecêrão as Casas de Relação.
areaes por onde vai a estrada de ALQAR. Appellar, aggravar,
Judéa para o Egypto ha hoje mui recorrer para algum outro Juiz: he
tas destas pousadas, onde se dá agua o mesmo, que levar, ou levantar
de graça, e quanta os passageiros a causa a hum Tribunal superior.
queirão beber, o que no tempo que Daqui derivárão alguns as Alçadas,
Maria Santissima por alli passou não que propriamente são, ou forão co
havia. Foi esta grande obra dos Cam nhecimentos, ou revisões do que os
lebãos de muitos Turcos ricos, e Juizes Ordinarios tinhão julgado;
nobres, &c. Bem poderia ser que absolvendo, ou condemnando a fi
alguma destas casas désse em Lis nal os que estavão prezos, ou cul
boa o nome ás Alcaçarias. pados.
Porém Miguel del Molino no Re ALÇAR-SE. Deixar-se. Alçar
ortorio dos Foros de Aragão, ap. se de buma demanda : não a prose
# Cange. V. Alcazaria, diz com guir, compôs-se com a parte, dei
xar-se della.
grave fundamento, que Alcaçarias
em Hespanha erão os lugares, ou ALÇAS. Gastos contingentes, e
#" ruas onde # só incertos, mas que são indispensa
podião vender , e comprar as cou veis, perdas, damnos, que ordi
sas, que lhes erão permittidas. Que nariamente se experimentão. Nas
muito logo em Lisboa houvesse Al Cortes de Lisboa de 141 o se quei
caçarias, sabendo nós, que antiga xárão os de Santarem, que o Cou
mente não faltárão alli Synagogas?.. del lhes avaliava o pão, e que no
ALCACERIA. Casa forte, Cas dito avaliamento nem lhes tirava os
tello, Casa Real, Palacio. Doc, de Ceifeiros, nem alças , nem soldadas
1229. ap. Du Cange. de manceboº» nem dizimo, nem juga
da a
AL AL 73
da, nem outras despezas. Manda El Villa Real declara El-Rei D. Af
Rei se não avalie, se não o que fi fonso III. que o Alcaide Mór do
car em salvo. Castello, que ali se deveria fazer,
ALCAIDARIA. A dignidade de fosse sempre hum-Cavalleiro Fidal
Alcaide , ou Governador de huma go, natural de Portugal, que vingas
se 5oo Soldos. E El-Rei D. Diniz
Praça, Fortaleza, ou Castello, de
Senhor, ou Presidente de huma Pro no arrendamento, que fez do Cas
vincia , e mesmo de Capitão, ou tello de Celorico de Basto a hum
Cabeça de hum exercito. Martim Annes, metteo por condi
ALCAIDARIA. Tributo , ou ção , que o Alcaide Mór do Cas
Pensão, que se costuma pagar aos tello fosse hum Cavalleiro, ou Escu
:
Alcaides; e tambem, Oficio de Al deiro Fidalgo, que fosse capaz de vin
caide, e Ministro de Justiça, que gar 5oo Soldos. Vid. Cavalleiro , e
prende os culpados, e executa as Pingar 5oo Soldos. Para cuja intelli
ordens dos Juizes , em ordem ao gencia se note : que havia Caval
bom regimen da Républica. No Fo leiros, ou Escudeiros Fidalgos, que
ral de §# , dado pelo Conde D. se intitulavão simplesmente Milites,
Henrique no de 1 1 1 1 se diz: De e havia Cavalleiros, e Escudeiros
azaria nobis Vº" partem: vobis IV", Villãos, e sem Nobreza, que se di
sine ulla alcaidaria. Livro dos Fo zião Cabalarij, ou Milites Vilani. Os
raes Velhos. Em huma Carta d'El primeiros, segundo as antigas Leis
Rei D. Affonso II. ap. Monarch. Lus. de Hespanha, e como Fidalgos de
Tom. III., se lê: Et Pretor perdet Linhagem, podião levar 5oo Soldos
ibi meam alcaidariam , Óº accipiant de qualquer, que lhes fizesse algu-
Justitiam de illo in suo corpore. ma injúria: os segundos, como gen
ALCAIDE MOR. Governador te sem Nobreza, e da sorte dos sim
de huma Praça, ou Provincia. Des plices Lavradores, ainda que tives
ta palavra Africana se fez grande sem posses, para terem cavallos, e
uso em a nossa Monarchia, appli deste modo gozarem de alguns Pri
cando-a principalmente aos que ti vilegios, e isenções; com tudo não
nhão o governo, guarda, e mando entravão na classe dos primeiros,
nos Castellos, e Terras defensaveis, que honravão os seus Solares, o que
a quem chamárão Alcaides Móres para aos Villãos se não permittia. Em at
distincção de outros, que lhes erão tenção a isto ordenou depois El-Rei
subalternos, ou que só erão juizes, D. Afonso V., que os Alcaides Mó
ou Alvazís das Cidades , e Povos. res fossem Fidalgos de Pai, e Mái,
Nascêrão com o Reino os Alcaides e que vivessem sempre nos Castel
Mores: juravão fidelidade nas mãos los; e que falecendo algum lhe suc
do Monarcha, e a mais leve omis cedesse o parente mais chegado, que
são na defensa da sua Praça se cas estivesse no Castello; e quando es
tigava como crime de lesa Mages te faltasse, se faria eleição de Al
tade. Não se dava este cargo senão caide, até que El-Rei provesse,
a pessoas de muita satisfação, hon Era permittido ao Alcaide Mór o
ra, e sangue, e alguns # re nomear, e prover hum Alcaide Me
querião, que fosse Cavalleiro Fidal nor, ou Pequeno, que como Substi
go, que vingasse 5oo Soldos. No de tuto, Capitão, ou Lugar tenente,
Tom. I. K Ser
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servisse em auscncia do Alcaide Mór. manuteneat eos in bono juzgo... &º il
E daqui nascèrão os Alcaides da va li component rixas inter illos , e non
ra. Ao Alcaide Mór pertencia defen matabunt hominem sine jussu de Al
der o Castello a todo o risco, e tel caide , seu Alvazide Saraceno.
lo sempre provido de gente, armas, ALCAIDE dos Donzeis. Fidal
e munições de boca; e quando sa go, que tinha a seu cargo os Me
hia do Castello, o que nelle fica ninos Nobres , que no Palacio se
va lhe havia de fazer homenagem criavão ; castigando as suas traves
delle. Nos Foraes antigos, e outros Suras, cuidando da sua limpeza,
Monumentos se chamão Praetores em e asseio , e ensinando-lhes as boas
Latim os Alcaides Móres , e sem artes. Nas Cortes d'Evora requerê
muita impropriedade, porque se os rão os Povos a El-Rei D. João II.
Pertores Romanos presidião ás ar ue instaurasse, ou mais bem creasse
mas, e á Justiça, o mesmo prati } novo este importante Ministerio.
cavão os Alcaides Móres, se expres ALCAIDE da Honra. Assim cha
samente lhes não era prohibido; co márão em Hespanha o Magistrado,
mo no Foral de Villa Real de 1 283 que inquiria sobre os crimes, e des
fez El-Rei D. Diniz; não lhes permit turbios, em que as meretrizes erão
zindo mais, que a guarda do Castello. culpadas. Conhecia mesmo dos cri
Para sustento, e manutenção dos mes de adulterio.
Alcaides Móres se applicárão as car ALCAIDE do Navio. Governa
ceragens, as penas d'armas prohi dor , Arraes, Capitão, Capataz,
bidas, as dos que mal vivião, as ou Patrão do Navio, ou de qual
dos excommungados, forças, tabo quer outra embarcação , que anti
lagens, casas de venda; e nos lu gamente se chamavão navios , ou
gares maritimos os das barcas, e náos. No Foral de Lisboa de 1 179
navios , que se carregassem, con se acha : De navigio vero mando, ut
forme as toneladas. Além destes Di alcaide, Óº duo spadalarij, Óº unus
reitos em muitas partes tinhão gros petintal , habeant forum militum. E
sas rendas de Herdades, e de Pro no Foral que El-Rei D. Diniz deo
prios, que os Conselhos applicárão, a Villa Rei no de 1285 , se diz:
derão, e doárão ás Alcaidarias, com De navio ainda mando , que o alcai
o fim de serem mais bem defendi de, e door espadeleiros, e doos proei
dos, e resguardados de seus inimi ros, e huum petintal, hajam foro de
os. Ainda hoje se cobrão estas ren Cavaleiros. E fallando-se aqui dos
# , e outras muitas de açougagens, barcos do Téjo, e do rio Zezere,
pão, vinho , azeite, &c. sem as claramente se vê, que o Naves dos
obrigações, que lhes forão annexas. antigos são os barcos dos modernos.
ALCAIDE. Juiz do Povo, ou ALCAIDE das Sacas.O Meirinho,
Cidade no tempo dos Mouros, e ou Oficial de Justiça, que tomava
principios da nossa Monarchia. Era conhecimento dos contrabandos, e
o mesmo que Alvazil. Acha-se em li# , ou penhorava os contra
andistas.
Sandovalhum Doc. de Lorvão, (que
hoje se não acha naquelle Mostei ALCAIDES de Santa Thereza.
ro) no qual se lê: Christiani ha Assim disserão os Carmelitas Des
beant ruum comitem de sua gente, qui calços os cardumes de piolhos, que
Ila
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na sua imaginação, afligião só os muitas conservão ainda o distincti
pouco observantes, e relaxados. vo de Pedrinhas, sendo mui ordinario
ALCAIDE da Vara. Ministro in o fazerem-nas de páo, assim como
ferior de Justiça, esbirro, que pren os lagares do vinho; e por isso aos
de, cita, &c. de pedra disserão Lagares pedrinhos.
ÁLCALA. Certo genero de al ALCAVALA. Tributo, Siza,
faia , que hoje ignoramos. Regin e ou Direito , que os Vassallos pa
Domnae Sancia dedi omnes alcálas meas, gavão ao Patrimonio Real das fa
acitaras, Óº colchias. Poderiamos in zendas, ou gados que possuião.
ferir, que erão pannos de raz, á Alcavalas, Portagens, e Cibarias são
vista das colchas, e alcatifas, que mui frequentes nos Foraes anti
igualmente deixa a sua filha, a Rai gos. Hoje ficando a Siza em Portu
nha , e Santa D. Sancha, El-Rei gal, Pºº a Alcavala para Castella.
D. Sancho I. no seu Testamento de ALCAYOTE. A. Alcoviteiro, e
12o9 no Tom. IV. da Monarch. Lu Alcoviteira. No antigo Foral de San
sit. Alcalà em Arabico significa Cas tarem ha hum Titulo, que diz:
tello, ou Fortaleza. Nos pannos de Lei, como devem dar péa aos Alcayo
raz ainda hoje se costumão ver não tes, e alcayotas, que alcobetarem ou
só montarias, e bosques, mas tam tras molheres.
bem guerras, gente armada, Pra ALCAZAREL. O mesmo que
ças , e Castellos, que bem póde Alcacer. Em huma Epist. de Innoc.
ser fossem antigamente os princi III. entre os Concilios de Hesp.
piaes objectos, que nestes pannos T.III. p. 424, se lê: In Portugal,
se divisassem, e daqui lhes viesse in Civitate que dicitur, Estora, duos
o nome de Alcalás. alcazarel, vetus & novum, cum omni
ALCALDAMENTO. Direito, hereditate regia, é" aliis pertinentiis.
ou Tributo, que nas alfandegas se Castellum de Goluce, cum pertinentiis
pagava, quando se manifestavão as suis. Se alguem suspeitar, que estes
mercadorias prohibidas , e outras Alcazareis erão Alcafarias, ou Alqua
quaesquer, que se importavão, ou rias, não contenderemos. Porém ad
exportavão do Reino. vinhar agora, que Castello fosse o
ALCALDAR. Manifestar na Al de Goluce , e que a Cidade a de
fandega, a fim de pagar certo Tri Estóra, nos principios do Seculo
buto para o Alcaide, ou Senhor da XII., não he cousa, que possa es
terra, e mesmo para a Coroa. Nas capar á boa critica. Eu me persua
Cortes de Lisboa de 1456 concede do , que o Castello era o de Co
El-Rei D. Afonso V., que todos os ruche, e a Cidade a de Estoj, que
4ue trouxerem as suas roupas vesti sendo ruinas, e vestigios da anti
das, feitas em Castella, que alcaldem, ga, e célebre Ossónoba, no Rei
mas que não paguem Alcaldamento. no do Algarve, ainda tinha nome
ALCANAVY. Linho Canamo.de Cidade por este tempo , quan
Doc. de Moncorvo de 14o7. do os insignificantes Castellos, e
ALCANTARA. Ponte de pe os mesmos. Conselhos assim se in
dra. Depois de expulsos os Mouros titulavão. V. Cidade. -
Ser CSte # de terra mui fre Por esta Inscripção , que mostra
quentado, e assistido dos Romanos, ser do Seculo de Augusto, de bel
antes que o mar engolisse a mais, lissimos caracteres, abertos em pe
e melhor terra , e as areas acabas dra quasi silice, e mui difficultosa
sem de esterilisar este Paiz de hu de lavrar-se, e por isso ainda mais
ma producção abastada, e Ceo se admiravel o gosto, e arte, com que
reno, e não menos favoravel, e se se aplanárão as suas quatro faces;
uro para as suas embarcações, e sabemos que Aviena, filha de Sil
# Em a noite de 11 de De vano, e neta de Taugino, teve o
zembro de 1774 houve em Alco cuidado, de que se erigisse a sua
baça huma inundação pasmosa, e Mái Ducia aquella Memoria, con
nunca dos seus Habitadores lembra
sagrada aos bons Deoses, Tutelares
da: fez horrorosos estragos em ho das almas dos defuntos. E he bem
mens, animaes, paredes, Pontes, para notar, que o AV dá 3.º linha, o
e caminhos. Junto á ponte, que vai AVI da 4.", e o MA da 6.° estão li
para Leiria, que inteiramente des gados, fazendo cada huma destas syl
truio, apparecêrão em cavernas per labas hum verdadeiro monogramma.
II.
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II.
superficie, que vai do labio á meia
cana da base : nos lados tem dois
—
Genios, ou Morfeos com os olhos
M IN E R VAe
fechados, e acção de quem está
S A C R. V. M. dormindo , e como apagando hu
I N M E MOR i
ma tocha , ou brandão : em tudo
são semelhantes; e por isso se não
A M. C. A R I si representou senão a figura de hum.
face estão as nove Musas, e no
A E. G. F. QV in meio dellas Apollo, como fazendo
T I L L A E. ".". compasso no seu Coro ; mas a ca
...". NIA...".
beça infelizmente se esmigalhou por
incuria dos conductores.
A I. Musa , (começando do la
do esquerdo) he Clío, chamada a
Esta Inscripção enormissimamen Illustre por se occupar só no que
te lacerada, só nos oferece as le he objecto de fama, e gloria: es
tras, que aqui se põe, ou inteiras, tá cantando, encostada a face So
ou suppridas: foi dedicada a Miner bre a mão. A II. he Erato, ou Ama
va para memoria de Carisia, filha vel, que em lugar de outro qual
de Getulio. Por ella sabemos, que quer instrumento musico usa de huns
ali se adorava aquella Divindade páosinhos, em cada hum dos quaes
falsa, que não seria a unica, que apparecem como tres dentes. A III.
alli recebesse cultos da superstição he Thalia, assim chamada pelo gos
dos Romanos.
to, e deleitação que oferece, e tem
Porém o que nos deixa inteira huma mascara no lado esquerdo. A
mente convencidos da sua Policia, IV. Calliope, a quem deo o nome
e bom gosto he o Sepulcro , cu a suavidade da voz: como invento
ja figura se póde vêr Tab. V. n. ra do verso Heroico , tem debaixo
11. He de jaspe branco, tem no do braço as Obras de Homero. A
ve palmos de comprido, de largo V. Melpomene, que inventou a tra
tres, e de alto dois e meio. Esta gedia, se representa com a insignia
va coberto com pedras mui delga de hum cutelo. A VI. Figura he
das, e não muito unidas, e por en Apollo. A VII. Musa he Terpsico
tre ellas se tinha introduzido algu re, que está afinando o seu Orgão.
ma terra no fundo deste Jazigo, no A VIII. Polythymnia, a quem se
qual se achou huma mui grande ca attribue huma grande copia de Hym
veira, ainda com todos os dentes, nos , e Cantigas: está empunhan
e sete, ou oito mui pequenas, com do hum alaúde. A IX. he Urania,
outros ossinhos já cariosos, e meio ou Celertial, que como Inventora
desfeitos. Igualmente se achárão al da Astronomia está com hum pon
gumas agulhas de prata do compri teiro ensinando a Esfera. A X. he
mento de hum dedo indice. As Fi
Euterpe, ou Flórida, a quem se
guras, que nos oferece, todas são attribue a Comedia: como entregue
prominentes, e ainda mais que de a divertimentos, e farças, se pinta
meio relêvo ; mas todas dentro da com mascara na mão esquerda. A
Fi
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Figura XI, que está patente, e a recido, se verifica em Alcobaça á
XII. no lado , que está occulto, vista daquelle Sepulcro verdadeiro.
representão a Morfeo, e o Somno No mesmo sitio em fim , entre
de ferro, e sem fim. outras muitas, se achou huma Me
Outros muitos Sepulcros se tem dalha do Imperador Constantino, a
achado neste sitio em diversos tem quem dá o Titulo de Restaurador
pos; mas nenhum com o primor, dos Templos. Se daqui se póde in
e magnificencia deste, que ultima ferir alguma vantajosa circunstancia
mente se descobrio. Na Viagem de para a R#
Catholica entre os
Ambrosio de Morales da Ediçº de Habitadores daquella Costa , os
1765 se diz, que o Conde D. Fer mais prudentes o julguem, e nós
nando Ansures jaz ao lado do Evan subscreveremos á sua decisão.
gelho do Altar Mór da célebre Col E passando dos Romanos aos Go
fegiada de Hussilhos , a duas le dos teriamos alcançado com toda a
guas de Pelencia, que elle havia fun segurança os principios, e Origem
dado, em hum Sepulcro de precio do célebre Santuario da Senhora de
sa fabrica, em que se admirão vin Nazareth nos Coutos de Alcobaça,
te figuras de hum estranho primor, se já hoje não estiveramos desenga
e de mais que meio relêvo. Mora nados: que Fuas Roupinho não ex
les se persuade, que he Obra Ro istia no de 1 182, em que se fingio
mana, em que se representa o fim livre do precipicio por intercessão
da Historia dos Horacios, e Curia da Senhora: que a sua Doação he
cios, e que o Conde tendo acha huma mera fabula: que tudo quanto
do tão admiravel Jazigo, se man Brito escreveo d'El-Rei Rodrigo, e
daria sepultar nelle. Não duvida do Monge Romano, seu companhe
mos do pensamento daquelle autho ro, he huma mal tramada Novella:
risado Viajor ; mas se o de Alco que na infeliz batalha do Guadalete
baça com as suas doze Figuras o hum Africano chamado Tareko, es
não excede , ao menos lhe tirou tendeo a mão sacrilega sobre aquelle
a presumpção de ser primeiro sem Ungido do Senhor, e lhe tirou a
segundo. vida : que só no tempo d’El-Rei
poannel , que El-Rei Pyrrho tra D. Afonso IV. se começou a vene
zia no dedo fingio a livre Poesia, rar aquella Santa Imagem em hum
que representava as nove Musas, fraco alpendre , que ainda perma
e Apollo tocando huma Cithara no nece, junto á Villa da Pederneira:
meio dellas ; e isto com tal per que El-Rei D. João II. foi o que
feição da Arte, que se equivocava escapou de ser precipitado no mar
com a mesma Natureza; podendo com o mesmo cavallo, em que mon
se ir de muito longe, só para vêr tava, a não ser soccorrido pelo Al
aquella maravilha. caide Mór de Alcobaça, Nºn, de
Rex Pyrrhus digito gessisse refertur Acathem, Brito Alam , e mais bem pela in
Cujus plana novem signabat pagina Musas, tercessão da Santa Virgem, a quem
Et stans in medio Citharam tangebat Apollo: naquelle horroroso perigo se cha
Nature, non artis opus. Mirabile visu!.. mou: e que huma Devoção indiscre
Mas o que do campo da pedra do ta , e pouco honrosa á Religião.»
annel avançou o atrevimento enca que professamos, occasionou fin
gi
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gimentos tão indignos de hum His tras vezes pelos seus Colonos , e
toriador do Reino , e que haveria Caseiros, com a obrigação de cer
desfrutado as maiores venerações, tas foragens, e pensões. Sousa diz,
e applausos, a não estar conven que esta palavra vem do Arabigo Al
cido de pouco exacto, nada escru daiá que significa Povoação, ou Lu
puloso, ou demasiadamente credu gar pequeno, e que Alderis deno
lo. V. Dissert. Histor. Critica de Fi ta o lugar da debulha , ou as ei
gueiredo de 1786, e as Provas da ras, (o que propriamente convem
Fotiva Acção pelo mesmo A. de 1788. a huma Aldêa) e não approva que
ALCOFA. O alcoviteiro, ou al Bluteau a derive do Grego Aldai
coviteira , o que serve de media neim , que val o mesmo que aug
neiro , acompanha, e encobre as mentar, e accrescentar; porque nas
torpezas alheias. Aldêas crião os rusticos o gado, se
ALCORCOVA. Assim chama meão as terras , e cultivando-as,
vão no Sec. XIII. ao fosso dos val accrescentão para os Senhores dellas
lados, com que na Estremadura, os pães, os legumes, e outros fru
e Alem-Téjo tapavão os olivaes, tos da terra. Porém , a meu vêr,
vinhas, campos, e outras quaesquer quando os Arabes entrárão em Hes
fazendas. Do antiquissimo Verbo panha já nella achárão o nome de
Carcabear : abrir fossos , fazer ex Aldêa ; pois nas Leis dos Longo
cavações, ou vallas: se disse Alcor bardos se faz larga, e repetida men
f0'Uúl, -
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Alguns se persuadírão, que dos rece que por largos tempos ellas fi
Caldeos # os Arabes o seu zerão quarentena, e só passado o
Algarismo; porém joão Pierio Va Seculo XII. Se forão introduzindo
Àeriano nos conservou os caracteres com pé tremulo nos Feitos, e Li
numeraes dos Caldeos (Lib. 37, dos vros Ecclesiasticos, Epitafios, e ou
JHieroglyficos) diametralmente oppos tros Documentos particulares; con
tos aos Arabicos, e cuja imagem tinuando sempre a conta Romana
aqui reproduzimos: *nos Autos Judiciaes, e Instrumen
*
(a) Aljuba: era Vestidura Mourisca, comprida, e com mangas. Aljubas, balandráos ?
e capuzes permittiáo-se aos Mouros, que ficaráo em Portugal. Desta parece mais natura
o nome de Aljuba-rôta; assim como, não longe do Pombal, ainda hoje he célebre o
morgado da Capa-rota, e na Guarda Qapata-rôta.
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luxo dos Romanos se esqueeeo in cente Martins, Porcionario de La
teiramente pela grosseria , e rusti mego, e Reitor de Beldigem, no
cidade das Nações, que nesta Oc de 1288 , que diz : Primo : man
cidental parte lhes succedêrão : e do corpus meum sepeliri in Claustro
que os Mouros de todo o tempo, Canonicorum Sedis Lamecencis , &
assim como os nossos antigos Por ,mando ibi mecum leitum, Óº unam Cul
# usárão de tapetes, alca citram, Óºnnum pulvinar, ó unam
tifas; e outros quaesquer pannos de colchiam. -,
delles com algumas Preces, e Ora ctos, para os castigar, e tomar del
ções. E daqui les vingança, segundo todo o rigor
AMENTAS , ou Emmentas. O da sua Justiça; mas antes commutar
Salario, ou recompensa, que se dá a pena eterna em aflicções tempo -
AN AN . 1 17 ,
res das suas rigorosas penitencias. del. Assim chamavão ao Capitão dos
João Cirita na Beira foi o éco dos Besteiros. Havia Anadel, e Anadel
da Serra d'Ossa no Alem-Téjo : a Mór. Vid. Amadell. -
* * *
OS
AP AP 123
dos a grandes vozes: Mouros na ter cho I. com a Rainha D. Dulce , ou
ra, Mouros na terra: moradores ás a Rainba D. Aldonça, e seus filhos,
armas. A este clamor se levantavão aos Povoadores desta terra ; repar
todos em massa, aquelles, que de tida em X. quairellas ou Casaes, no
algum modo podião empunhar as de 1 188. Entre os mais Privilegios,
armas; e a isto se chamava Appelli e Isenções se lê o seguinte: Num
dar a terra : e á vigorosa, e efe quam de vestra Villa faciatis Carrej
ctiva resistencia Apelido. Deste Ape ra a Senhor cum vestros corpos, nec per
Iido , pois, em que se interessava vestros haberes, nec cum vestras bes
a causa pública, e geral, nenhum tias, nec vadatis in Apelido; nisi er
era escuso, nem grande, nem pe go super vos venerint Mauros, velgens
queno , nem Peão, nem Cavalei alienas. E finalmente ficavão sujeitos
ro: todos, todos erão obrigados a a certa pena os que sem grave cau
defender a Pátria , cuja destruição sa, e advertidamente faltavão no
redundaria em damno de todos. Apelido. No Foral de Santa Cruz
No Foral, que o Conde D. Hen da Villariça por El-Rei D. Sancho
rique com sua mulher a Infante D. II. no de 1225 se diz: Et Omem de
Thereza derão aos de Freixo da Es Sancta Cruce, qui non fuerit in Ape
pada Cinta, no de Io98 se diz: lido cum suos vicinos, pectet une mo
Omnes scutarii vadant ad Apelido, cum rabitino, Et si dixer: non lo ovi; ju
opus fuerit, sed non transeant aquar ret cum duos Vicinos. Doc. de Mon
Durii, nisi cum Rege, vel cum Do corvo. No Foral de Castello Branco
mino terre, a se misso. Segundo diz de 12 13 se acha: Et qui non fuerint
Lousada, que está no L. dos Fo ad Apelido Cavaleiros , & Pedones:
1aes Velhos a f. 2 I. E no de Crasto (exceptis bis, quisunt in servicio alie
Leboreiro, que El-Rei D. Afonso no) Miles pectet LX.f.: Óº Pedon V.
I. com sua mulher a Rainha D. f ad vicinos. Nein contra isto faz,
Mafalda, filha de Amadeo Conde de o que se acha no Foral de Barquei
Moriana, reformou no de 1 144, se ros, dado por El-Rei D. Sancho II.
acha : Pedones vadant ad Fossado : em Coimbra, a 13 de Setembro,
Cavalleiros vadant ad Apelido: Villani de 1223: Non eatis in Fossato, nec
stent cum armis ad defendendum portum in Apelida ; porque este Apelido se
de Oraugo in tempore guerre. L. dos entende fóra da sua terra , e não
For. Velhos , segundo o mesmo quando a sua propria fosse appelli
Lousada. •
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*";
",
AP AP 129
sar alguem. He do Seculo XIII., e de Colimbria cum suis molinis , é
seguintes. aprestationibus... Cum suis vineis, Óº
APRÉSSO. Aprendido, ou sa aprestamentis. L. Preto de Coimbra.
bido. Doc. de Tarouca de 1287. Na Doação, que o Infante D. Af
APRESTAÇOENS.Tudo o que fonso Henriques fez a João Viegas
póde ser util , e prestadio para a de todos os bens, que havia con
vida , regalo, e conveniencia do fiscado a Aires Mendes, e a Pedro
homem. Nas Doações, e compras Paes Carafe, que se havião rebella
antigas de casas, propriedades, ou do , e feito fórtes no Castello de
fazendas era formulario cum quan Cea, se diz: quantas hereditates in
tum in se obtinet , Óº ad prestitum illorum voce potueris exquirere, ca
hominis est ; ou outro equivalente: sis, vineis, terris ruptis, vel inrup
e nisto se incluião entradas, e sa tis, exitus viarum, Óº serigis molina
hidas, agoas, fontes, arvoredos, rum , Óº perfias, ingressus, Óº re
montes, # , releixos, e tudo gressus, cum quantum ad illis presti
o mais que era , ou podia ser de tum fuit, Dono tibi illas pro creatio
algum interesse, ou proveito para ne, ó pro bono servitio , quod mibi
o Donatario , ou Comprador. Em fecisti, &c. Doc. de Pendorada de
huma Doação feita á Igreja de San II33.
to André de Sozelo de 87o se lê: APRESTAMADO. Assalariado,
Contestamus (ipsam hereditatem) in que tem soldo, ou mantimento cer
ipsa Ecclesia , cum quantum hominis to, e consignado em frutos, ou di
bic aprestitum est : signum, caballos, nheiros: Vogado, e aprestamado da
equas, bobes, Óº vaccas, pecora pro Abbadessa. Doc. das Bent. do Porto
mtscoa, cabras, Óº cupas, lectos, Óº de 133o.
catedras, mensas, sautos, Óº puma tafoens.
APRESTAMENTOS. V. Apres •
HA DRIANO. A UG
P O NT, M.A.X. TR IB
P O TE S. I. C. O S. II. III. No mesmo lugar da Deve
za se notão, e admirão dois bra
vos edificios de gosto Romano. Do
I. já se tem demolido a melhor par
CIVITAS ARAVOR te: parece jº já nos antigos tem
Pos servio de Igreja: a sua grossa
cantaria he escodada, e a suá Ar
chitetura lhe promette o triunfar dos
Seculos. A Tradição diz fora hum
grande Palacio, que se extendia pe
la planicie do campo, que lhe es
tá contiguo, e no qual se tem acha
do com que apoiar esta Tradição:
No anno do Senhor 119 foi Elio hoje chamão a esta Mole a Torre.
Adriano Augusto segunda vez Con Q II,já servio, em outro tempo de
sul, e teve por companheiro a Rusti Capella: fica defronte do I., entre
co. Parece ser deste anno apresente os quaes, só medêa hum largo ca
Inscripçãº, que lhe chama Trajano, minho: he todo de hum monstruo
# Ulpio Trajano o adoptára aná So Propianho quadrado, desempe
tes de 117, em que morreo, nado a picão, e só nas juntas ma
II. No mesmo lugar da Deveza ravilhosamente unido, ainda se con
em casa de Manoel de Moraes, que serva inteiro, e a sua porta por de
Ina--
134 AR AR
masiadamente alta , e larga , não ARBIM. Vestido rustico, gros
mantém a proporção com o resto seiro, camponez. He dos principios
do edificio. Junto delle se desco da Monarchia.
brio a II. lapide, que nos inclina ARCABOUÇO, ou Arcaboiço.
a suspeitar, que seria algum Sacel A ossada , ou Arca do peito, em
lo, ou Delubro dedicado # que se contém as partes vitaes, co
IV. Menos de hum quarto de le mo os bofes, o coração, &c. Te
gua, para o Meio-dia deste lugar nho o arcabouço sem feição. Carta
se vê huma grande, e alta Nauma d'Egas Moniz do Sec. XII.
chia, que ainda hoje chamão o La ARCER. Arder , queimar-se,
go, porque se conservava cheia de abrazar-se. Cinquy libras de cera, que
agua: poucos annos ha foi aberta, arçam. Testam, de Maceiradam de
e se vio que se fechava com huma 13o7. E ali mesmo se guarda o Tes
grande pedra quadrada, em que es tamento de Estevainha Pires, mulher
tava chumbado hum grosso argolão de Soeiro Lourenço, Cavaleiro de Pa
de bronze: hoje cultiva-se o fundo rada , e filho de D. Guilherme , no
desta Naumachia, e as suas ruinas de 1293. Nelle manda, que no dia,
nos informão dos seus fabricadores. que ella fosse passada, cantassem cer
Daqui se encaminhavão as muitas tas Missas, e fizessem Orações, até
aguas deste sitio para os usos da que fosse persoterrada , e que por
Cidade, e seu campo: o seu Aque todo este meio tempo: Arfa sobr'el
ducto já por canos mui # de la X. maravideadas de cera.
cantaria, já excavados na penha não ARDEGO. Fogoso, ardente,
permittem duvidemos de huma cou demasiadamente vivo, e esperto.
sa tão clara. •
Ovençal. |
AVES
152 AV AV
AVESSAR. Dobrar, mudar, in trouverem Coroa, e avito de Clerigo.
duzir, subornar. Nom seja ousado de Carta d'El-Rei D. Afonso IV. pa
as avessar (as testemunhas) per si, ra D. Jorge , Bispo de Coimbra,
nem per outrem. Carta d'El-Rei D. no de 13; 2. (No Testamento de
Diniz. -
D. Muma-Doma se diz Avectos, se
AVIDAS. Parece ser o mesmo gundo o Latim daquelle tempo.)
que Andas, em que os pobres erão Doc. de Coimbra.
levados á sepultura. Levarão meo cor AVIVENTAR. Avivar , fiore
po a enterrar nas avidas da Miseri recer, despertar. Os engenhos rever
cordia, como levão qualquer pobre bo decem , e se aviventão com o traba
mem. Testam. do Seculo XIV. lho. Dialogos de Heitor Pinto. Ain
AVIDOR. Medianeiro da paz da hoje se diz Deos o avivente, por
entre os litigantes , ou discordes. Deos lhe dê vida , e saude , ou
Metêrom por Juyzes arvidros, e por Deos lhe conserve a saude, e aug
avidores , e pera avir, e pera juy mente a vida.
gar, e pera compoer. Doc. de Pen AVIZAMENTO. Conselho, de
dorada de 128o. liberação, juizo, assento, modera
AVINÇA. Composição amiga ção grande nas palavras, e acções,
vel, concerto , avença. Doc. das prudencia , sisudeza. Ele do XV.
Bent. do Porto de 128o, e 1 326. Seculo.
AVINDOR. O mesmo que Avi AVIZANÇA. O mesmo que Avi
dor. Nas Cortes d'Evora de 1481 23/11/10/l! 0.
(a) Do Direito de Família , que vogou entre os Godos , e que depois se espalhou
por toda a Europa, nasceo entre nós a Lei da Avoenga, da qual finalmente procedêão
os Morgados. Prescindindo agora das primeiras Leis Romanas, que só, contemplárão Pa
ra a successão nos bens da Avoenga os filhos legitimos : e dos Concubinatos , que Per
mitria a Lei Papia Popea: Justiniano (Novell.75: C. 4., e Novell. 117. C. 4.) de:
terminou que os Matrimonios se fizessem por Escrituras Dotaes,, ou perante a Igreja ;
declarando porém não serem obrigados a isto, nem as pessoas da intima plebe, nem os
Barbaros, Passallos do Imperio, entre os quaes se incluião por então os mesmos Gº
dos, que continuarão a celebrar as suas nupcias por Preçº , ou Dotº , comº se vê pelo
Codigo wisigodo, e pelo Fuero juzgo. Nas seguintes Legislações de Hespanha º cºmº
no fuero Real, admittem-se á Súccessão unicamente os filhos de Benção , e os ilegiti
mos só podem succeder sendo legitimados pelo Rei. Por esta mesma frase se explicº º
Lei do Senhor D. Afonso III. Porém o Senhor Rei D. Diniz reduzio a Lei o antigº
costume, que em Portugal havia , declarando. I. Serem filhos Naturaes os que "ººººº.
sem das Concubinas, ou Barregãs, que não tinhão impedimento para casarem cºm **
Pais dos ditos filhos. II. Que sendo peaens, os filhos. Naturaes podiãº. succeder na he
rança. III. Que sendo Cavalleiros, erão estes filhos inteiramente excluidos pelos legiti
mos, e pelos transversaes, e só podião receber por Testamento alguma cousa da Terça
paterna. Em huma palavra: os filhos Naturaes não, podendo succeder nos bens de 4…
ga, podião adquirir o Brazão da Nobreza com quebra; pois isto e º Lei Militar: porem
a Lei Civil só se lembrava para a successão nos ditos bens dos filhos de Bengº?, istº
he, dos que nascião de hum Matrimonio solemnisado na face da Igreja. K. Kerabdo.
154 AV AV
prida arvore , donde alguem pro se diz: It: mandamos aos Clerigor,
cede, se chama Avoengos pelos mui que nos disserem senhas Missas , C.
tos Avós, que desde o Chéfe, nel soldos em comer... It : mandamos por
la se recontão. A Musica, e Poe nossas Céas hum boi , e hum porco,
sia chamou hum Discreto, sem de e dous toucinhos : e mandamos que o
masiada
da discrição, os dous Avoengos coiro do boi, que o dem por vinho :
doudice, •
BACULO. Vinha, bacello. Tal L. VII. Cap. XVII, que lhe chamá
vez derivado de Bachus. V. Exudrio. rão Baled-Aix, que val tanto como
BADALHOUCE , e Badalios. Terra da vida. Com tudo o Geo
Assim se acha nomeada em os nos grafo Nubiense , ele mesmo Ara
sos mais antigos Monumentos a Ci bigo, e que compunha a sua Obra
dade de Badajós, Capital da Extre pelos fins do Seculo X, lhe dá o no
madura de Castella , e algum dia me de Balalius, e os nossos Maio.
pertencente ao Rei de Leão , nos res disserão Badalios. e , ,
BE BE 185
Embaixadores, ou Inviados, outras ferior da Justiça, Oficial da vara,
lhe commettia a decisão, e Judica bedel, porteiro da maça. Daqui se
tura de certas causas, &c. mas sem disse Bastonico: o carcere, ou rigo
re era honorífico o seu emprego. rosa prisão , por nella se guarda
BASTIAAENS. Certos lavores rem os que os Bastomarios prendião.
de figuras , levantadas em prata, Do Latino Bastum: que tambem si
ou outros metaes. Dizem que se lhes gnifica o bordão, ou bastão, he que
deo este nome , por ser o de tres esta palavra traz a sua origem. Acha
irmãos ourives, e excelentes artifi se esta palavra na Carta de Foro,
ces, que se chamavão Bastioens Qua que El-Rei D. Afonso VI. fez pas
torze taças delas douradas, e obradas sar no de Io91 para segurança dos
em bastinaens , e delas em esmaltes. Judeos , e Christãos de Leão. V.
Doc. de Pendorada de 1 359. Nes Hesp. Sagr. T. XXXV. f. 412.
te mesmo Documento se acha Bas BATALHA. Assim chamavão an
tiaaens. •
BE BE 187
dos , ou por outro qualquer justo outra, e or Clerigos que as curão, e
titulo adquiridos. Doc. da Sé de La servem levão outra, com as ofertas,
mego do Seculo XIV. e mortuorios : E isto porque El Rei
BEITO. O mesmo que Bento
encartou o Concelho em todo o Rega
nome proprio. Daqui se # O lengo, que tinha em Bragança, e seus
Patronimico Beites. V. g. Stevam Bei Termos, e Lampaças; com condição,
tes. Esrevão, filho de Bento. Sec. que povoassem os Villares antigos, que
XIV. •
*
188 BE BE
dação de huma nova Povoação, e Rea lo, (mas em quanto não temos me
lenga na Terra de Bragança. lhores fundamentos, suspendemos o
Daqui se manifesta a pouca ex nosso juiso. Entre as Cidades, Con
acção, com que se escreveo que D. celhos, ou Comarcas , que perten
Fernão Mendes de Bragança , ca cião á Chancellaria , ou Convento
sado com a Infanta D. Sancha, filha Juridico de Astorga era huma a dos
legitima do Conde D. Henrique, achan Astures Augustanos , chamada Bri
do arruinada esta Villa a reedificá gancio. Porém neste mesmo Depar
ra, e que El-Rei D. Sancho I. a tamento se não incluião os Zoelas,
fizera povoar de novo; pois do so de quem se lembrou Plinio L. IV.
bredito se collige que neste sitio C. III., e L. XIX. C. II. E o Ab
não havia Povoação alguma. E nem bade Baudrande no seu Lexicon Geo
de ter Fernão Mendes a Terra de grafico diz: Zoelae Populi Hispanie
Bragança se podia inferir, que el Terraconensis in ora Asturum , quo
le se applicasse a esta Fundação; rum Urbs Zoela. Ao lado da Epis
sendo possivel, que ele residisse tola do Altar Mór da Igreja de Cas
em outra parte, como ao depois os tro de Avellãs, em huma Lapide.
seus Duques fizerão , que ordina Romana de quatro palmos de al
riamente residião em Villa Viçosa, to, e dois e meio de largo se lê a.
e hoje praticão os nossos Titulos, Inscripção seguinte:
ue nenhum reside nas Terras, que
lhes derão. E o mesmo Fernão Men D E O
des parece mesmo, que assim o pra
ticou; applicando-se a fundar o Cas A/E R N O.º.
tello de # , de que fez Doa O R D O
ção aos Templarios no de 1 145 (que
se guarda Original em Thomar) na Z O E L A R.
qual diz: Facio Cartam Testamenti... E X V O T O.
de Castello meo, quod populavi in Ex
trematura : Óº illud Castellum voca
tur Longrovia, babetguejacentiam in Ora não he de crêr, que esta pe
Territorio Bracharensi Metropoli, in dra fosse adduzida de muitas leguas
ter illud Castellum, quod vocatur No de distancia para este sitio: portan
mam, & aliud, quod dicitur Marial to devemos presumir, que os Zoe
ba, é º fiuvium, qui vocatur Coa. V. las, de quem aqui se faz menção,
Tempreiros. habitárão não longe deste lugar. E.
Não negamos com tudo, que jun sendo certo, que na mininº
to ás margens do Rio Sábor, e não dos Hespanhoes sempre Briga signifi
muito longe de Bragança, se achão cou Cidade: fica natural se dissesse
ruinas de Povoação antiga, (que di Zelobriga, ou Celiobriga esta Cidade,
zem era a Cidade de Brigancio no ou notavel Povoação dos Zoelas: e
tempo dos Romanos, e que allinas que esta nos ofereça ainda alguns
cêrão os Santos Mădă e Pau vestigios não longe do Sábor. (a)
(4) Os Asturianos (que tomárão o nome do rio Astúra , hoje Ezla, que se mette
no Douro) se dividírão em Agustamos, e Transmontanos. No Tom. XXXVII. da Hesp.
sagr. Cap. II, se faz individual menção dos Zoelas, dizendo que, erão Astures Trans
&
BE BE 189
Como quer que seja, no tempo querença : a Villa em fim compu
dos Godos, e dos Reis de Leão nha-se dos que moravão na Cerca
a terra de Bragança foi governada por do Castello, ou nos seus arrebaldes
Condes, e outros Grandes Senho fóra da dita Cerca. Isto se eviden
res. No tempo d'El-Rei D. Afon cía , não só do escambo, de que
so Henriques não havia Povoação acima se falou, no qual se distin
alguma , que se chamasse Bragan gue o Termo , da Cidade ; mas, e
fa, onde hoje a vêmos, como bem principalmente do Foral, que logo
se collige da Doação do Couto, no de 1187 o mesmo Rei lhes deo,
que este Monarcha fez ao Mostei o qual se acha no L. dos Foraes Ve
ro de Castro de Avellás , no de lhos, e a sua Traducção do Seculo
1144; pois nomeando os seus limi XIII. se acha na Camera de Bra
tes entre o Monte Togia, e o Rio gança , em pública fórma , (mas
Sábor , se não faz menção alguma com o insanavel erro da data no de
de Bragança que hoje se acha en 1182 quando D. Sancho ainda não
tre estas duas balizas. D. Sancho
governava, nem tinha adquirido a
porém , Senhor já de Bemquerença herdade da Bemquerença) as suas for
tratou logo da projectada Colonia, maes palavras são estas:
dividindo-a entre Villa , Cidade , e Esta be a Carta de Foro, que eu
Termo. O Termo forão os antigos D. Sancho.... fago a vos pobladores
limites da Terra de Bragança, em da Cibidade de Bregança, áquelos que
que havia diferentes Julgados, ou som , e que an de veir por sempre.
Concelhos: a Cidade comprehendiaDaimos a vós, e outorgamos por fo
os pequenos Povos, e Lugares, que
ro, que todo morador da Cibidade de
pertencião á nova Camera de Bem Bregança , que fillos ouver non reia
4/1/1
montanos, e que estiverão situados á parte occidental das Asturias , perto de Galiza,
onde existio a Cidade Zoela, que lhes dê o nome no territorio, que hoje he da Dio
cese de Oviédo. Ali mesmo reproduzio huma larga Inscripção , que achada em Hespa
nha em huma taboa de cobre, foi levada a Italia, e na qual se contém duas Tesseras,
Instrumentos, ou Cartas de boa fé , e clientela , hospitalidade , protecção , e amparo ,
contratadas entre algumas Familias dos Zoelas, e outras dos Augustanos.,AI, foi estipu
lada na Cidade de Curunda no anno de Christo 27, e a II. na Cidade de Astorgº no de
151. Daqui se manifesta , que nestas duas Cidades havia Zoelas, que como estrangeiros
na terra precisavão daquella protecção, e amisade para com os naturaes do Paiz. Ora to
dos sabem, que para com os Romanos as differentes classes de Pessoas, Oficios., Mi
nisterios se chamavão ordens: v. g. a Ordem Equestre, a Ordem dos Tribunos, do Pu
blicanos, dos Artífices, dos Negociantes; é c., Parece logo, que as Famílias dos Zoelas,
que nas ditas Inscripções se nomêão , além de ºutrºs muitas? de que não temos noticia,
residirião nas Cidades dos Augustamos por occasião de Commercio, Artes, Oficios , Mi .
nisterios. He logo bem de presumir, que no Sitio º ºu Arº de Bragança existio alguma
Cidade, na qual a Ordem dos Negociantes , ou Artistas dos Zoelas , dedicárão aquela
Memoria a Plutão, que era o Deos dos Infernos, e tambem das riquezas; e por isso se
deve lêr Avernor... e não Aerno. E nem a cautela, que depois se teve em suPPrimir º
P. da II. linha, basta a persuadir-nos, que aqui se fala dº Deos Eternº em sentido Ca:
tholico; pois na Lapide se descobrem vestigios do X. ligado com o A., cousa trivial na
quele tempo, como se póde vêr V. Alcobaxº, º Carí4. E o mesmo dizemos, do II...R.
Era o Averno hum lago da Campania, junto a Baias, chamado hoje Tripergola. Os An
rigos o dedicarão a Plutão, persuadidos que elle era º Porta do Inferno , e os Poetas
o tomárão pelo mesmo Inferno: as suas exhalações sulfúreas "partão dele todas as aves,
cahindo mortas as que sobre as suas agoas chegão a vôar ; e Por issº º chamou Aver
no, isto he, sine avibni.
19o BE BE
maneiro: quer seia o filio morto, quer la era Cidade: e assim no Foral, que
vivo. E moradores de vossa Villa, que tem ella he nomeada por Cidade: e de
hi herdades ouverem, livremente as pos pois se despovoou: e quando se tornou
suyam, assi que nom seiam romerudas a redificar ficou Villa; pois desta des
em poder de Sayones, nem de juizes. truição, e reedificação nãoo.appareSabe
E barones de vossa Cibidade sirvam a ce o mais leve Doeument
quem quiserem, convem a saber, Rei, mos sim que no de 1 199, e no mez
ou Conde , ou Infançoens... Servos, de Maio já El-Rei D. Sancho I. a
e homiziaes, e adulterios, que á vos tinha hido livrar em pessoa do ataque
sa Villa veerem morar, sejam livres, com que o Rei de Leão a procurou
e engeos... Moller viuda, que com al destruir; e que no Codicillo, que
gum ome, que nom for de vossa Kil o mesmo Rei fez no de 1181 ao
Ja morador, ouver entença, em vossa partir para a Conquista do Algar
JVilla aia seu iajzio... Homeens de vossa ve (o qual se guarda na Sé de Vi
Tilla non den portage em vossa Villa, seu se lê o seguinte : Et in muros
nem em seu termino ... E se morador de Coviliana, Óº de Benquerentia, Óº
da vossa Villa , Órc. Pobradores da de Couna, dº de Coluche, LXXXXV.
vossa Villa... E se peom da vossa milia , º triginta quinque solidos,
Pilla... Nengum pobrador da Cibi Cº pipiones... Adjicio preteres , ut
dade de Bregança em todo meu Reino totum illud babere de Vimaranes, (quod
nom dia portage. Damos de mais dá tenent Priores, Ó Villanur, Óº Gon
Cibidade de Bregança , e aos pobra disalvus de Rochella de militibus, qui
dores della, todo Bregança, e Lam mihi non servierunt) & de Castello
paças, com seos terminos, &c. Des de Vermuj, & de Penafiel, Óº de Ben
te modo vai entresachando os no viver, Óº de Laioso, expendatur in
mes de Cidade, e Villa, dando gran constructione murorum , & munitio
des Privilegios a todos os morado num de Benquerentia, Óº de Covilia
res, porém mais amplos aos desta, na, Óº de Coluche, Óº de Couna.
que aos daquella. Já agora se não persuadiria Bran
dão no Tom. V. da Monarch. Lusit.
No tempo d’El-Rei D. Afonso
III, já em todos os Documentos ap L. XVI. Cap. XLVII, que nunca em
parece Bragança com o Titulo de terra de Bragança houve Herdade
Yilla, e mesmo no Foral, que el chamada a Bemquerença , e que á
le deo ás Aldêas de Bragança para mesma Villa se désse este nome. Boa
regular sómente a cobrança dos Di gente se engana.
reitos Reaes, no de 1253. De sor BEMSILHO, e Vencilho. Liga
te, que he bem para admirar, que dura , vencelho , atilho. Vem do
no Alvará d'El-Rei D. Afonso V., Latino Vincire : atar, unir, ligar,
dado na Cidade de Ceuta a 2o de apertar. Faz-se de vergas, palhas,
Fevereiro de 1464 a instancias de juncos, cordas, &c., e com ele se
D. Fernando II., Duque de Bragan atão, e segurão as cousas, que sem
ça, pelo qual faz Cidade a Villa de elle se espalharião. Hum bom feixe
Bragança com todos os Privilegios, de palha triga de tres bem silhos. Doc.
e liberdades que tem as mais Cida das Bent. do Porto de 152o. E alli
dades do Reino, se diga: ouvemos mesmo no de 15 co: Hum feixe de
certa informaçam que antigamente el palha de tres vencilhos. Estes Vence
lhos
BE : BE 19 r
/ho devão ser atados huns nos ou za dos que menos a servem, e que
tros para terem maior comprimento. mais escandalosamente vivem na Ré
Na Beira se diz ainda hoje Venci publica. Em Portugal se chamárão Be
/bo, e náo Vencelho. •
necessitados?...
BODO. Vid. Bodivo. •
$@Ul
2 IO BU BU
seu lado, e terem prato da sua me nica dos Godos, ou Lusitana, que
za; razão por que forão ditos Bu anda appensa ao III. T. da Monarch.
cellarios: á burella: pêla mantença, Lusit. Nella se reconta , como no
que recebião. Na Cidade de Lame anno de 1 14o El-Rei D. Afonso
go, e no quintal dos Duartes, jun de Portugal sahio ao encontro ao
to á Praça de cima, se acha huma Rei de Leão: e que estando acam
rande Pedra Sepulcral, em que se pados hum em frente do outro, mui.
faz menção de muitas pessoas de tas vezes sahião os soldados a escara
nomes Hespanhoes, e tambem da muçar quod populares Bufurdium dicunt.
Familia Ladronum: que parcce não BULADOR. Burlão , trapacei
seria Titulo tão injurioso, como hoje ro, enganador. Salvo se estes tºle;
se appropria a esta palavra; mas antes forem buladores, e enliçadores. Cap.
distinctivo dos Bucellarios, segundo Esp. nas Cortes de Santarem de1325.
as Leis dos que naquelle tempo se BULHOM. Medalhão de ouro,
nhoreavão a Hespanha. (1) ou prata , cunhado para memoria
BUFFOM, e Bufon. Bofarinhei de algum notavel acontecimento, e
ro, que anda com a sua tenda ás tambem por occasião de alguma par
costas, e só vende cousas miudas, ticular empreza, ou para distincção
e de pouco preço, apregoando-as de alguma sociedade, ou Familia.
diariamenre pelas ruas. Doc. de La Allude esta palavra ás Bullas, que
mego do Seculo XIV. Tambem Buf os antigos Romanos trazião ao Pei
fom se disse o homem, ou mulher to para representarem, e fazeremos
farcista , theatral, goliardo , cho tentação da Nobreza, e antiguida
carreiro. Daqui Bufonerias : chacor de da sua geração. Os que compram
rices, graças, chistes, motes, que bulboens, e moedas, e outras couras
se achão em gente de theatro. defesas sem licença d'El-Rei, Carta
BUFONA. Mulher, que tem o d'El-Rei D. Duarte de 1434. Doc.
mesmo emprego que o Bufom. Doc. de Viseu. Tambem chamárão alguns
das Salzedas de 13oo. Bulbão: ao borbulhão, ou borbutão
BUFONERIAS. V. Bufom. d'agua , que furiosamente , e em
BUFURDIO. Jogo, brinco de grande quantidade sobe, e nasce da
Cavalhadas, justas, torneos, e to terra, o que se diz Borbolhar; e to
dos os mais divertimentos, que se dos estes nomes vem do Latino Bul
fazião por gente de cavallo, e ar lire : ferver com impeto, e levan
mada levemente, só a fim de se ale tando bolhas.
grar a si, e aos circunstantes. Es BULLA. Assim chamão hoje a
ta palavra he dos principios da Mo qualquer Diploma, Carta, Breve,
narchia como se póde ver na Chro Rescrito , ou Letras Apostolicas,
CS
(*) Entre os Godos muitos ingenuos, mas pobres, se acostavão aos grandes Senhores,
de quem recebião armas , e sustento , e os acompanhavão em todas as suas Expedições
Militares. A estes se davão os nomes; já de Clientes, porque erão huma especie de Li
bertos: já de Bucellarios, pelo mantimenro, que recebião: já de Exércitaes , porque de:
vião servir na guerra: já de Leudes, porque se obrigavão a serem fiéis , e únicamente
servirem ao seu Patrono , ou Senhor, de quem tinhão recebido algum Beneficio , ou
Aprestamo. Todos estes nomes se ajuntárão depois no de Vassallo; segundo a traducçãº
# i. Fuero 3ugo fez da palavra Bucellario, que alguns dizem ser o mesmo que Ex
[#(1C II"0.
BU BU 2 || I
••
2 1 2 BU BU
bo, e escritos em Papyro do Egy chiepiscopal: no anverso do Selle
pto. Veja-se o Methodo de Diploma tem as Cabeças de S. Pedro, e São
tica da Edição de Lisboa de 1773 a Paulo , e no reverso, só apparecem
f: 446, e Du Cange V, Bulla, onde as duas chaves, sem nome de Pa
diz que por testemunho de Domin pa algum; não só porque então o
gos # , Guarda Mór da Bi não havia canonicamente eleito; mas
bliotheca Vaticana, se guardava no tambem porque este Concílio Geral
Archivo da Cidade de Arezzo em se havia declarado Superior ao Pa
Italia huma Letra Apostolica de pa no tocante á Fé, Extirpação dº
S. Silvestre, sellada com chumbo, Scisma, e Reformação da Igreja, ar
e que outras de seus Successores se sim na Cabeça, como nos Membros.
uardavão no Archivo do Castello - Antes do VIII. Seculo era costu
# Santo Angelo : todas antes de me sobscreverem os Papas as suas
João IV. Ao principio não se im Letras de proprio punho com a sau
primia nestes chumbos, ou Bullas, dação Deus te incolumem custodial,
mais do que o nome do Papa; po-: &#c. Behe-valete, ou outras semelhan
rém no Pontificado de S. Paulo, I. tes. Mas depois deste tempo o Br
do nome, já se praticava imprimir ne-valete foi reservado unicamente
nelles, além do nome do Pontifice ás Cartas, que concedião, ou con
de hum lado, as Imagens, ou Ca firmavão Graças , Privilegios, ou
beças de S. Pedro, e S. Paulo do senções: e a estas Letras Aposto
outro lado: o que sem interrupção licas chamárão Bullas-Pancartas: nel
foi praticado até Clemente VI., que las se escrevia o Bene valete com Le
em lugar destas Imagens pôz nos tras maiusculas Romanas. Porém
Sellos dos seus Diplomás o Brazão Leão IX, foi o primeiro, que redu
da sua Familia , que constava de zio a Cifra, ou Monogramma atal
sinco rosas. (a) •º
Saudação, fazendo escrever o seu
-
. (*) Sendo já mais antigos , que a Religião de Jesus Christo os Seltos pendentes de
Cºurbº , e outros metaes, os Pontifices Romanos os usarão com o nome de Bulla an
teº,S.doPaulo,
e
Seculo mas
VII. tão
, não se achando
sómente neles,
o nome antes Estas
do Papa. de Paulo I , ,asouImagens
Ballas selos ,dese S.chamárão
Pedro,
*#* *ilas, se erão Passadas entre a Eleição, e a Consagração; pois então não ofere
ci㺠o nome do Pºpa, mas tão só mente de hum lado as Imagens dos dois Apostoie».
•4 -
BU BU 2 I3
variações accidentaes, procedidas do Cancellario da S.I.R.: o seu Momo
#
gosto dos Notarios, que o forma gramma se vê Tab.4. n.4: No de 1 135.
vão até o Seculo XV., em que ces Em Braga se conserva Original
sou este costume. Seria bem para huma Bulla de Eugenio III., pela
desejar , que entre nós se conser qual confirma á Metropolitana de
vasse alguma Bulla original do Se Braga todos os Sufragâneos, que
culo XI. , porém só em Braga se antigamente , e então mesmo lhe
achão alguns fragmentos das de Pas pertencião , segundo as Bullas de
choal II., e alguns seus Successores, Paschoal II., Calixto II., Innocen
já inlegiveis , e com os Sellos ca cio II., e Lucio II., e mesmo o Bis
hidos. Ainda assim daremos aqui hu pado de Zamora, como se havia jul
ma mostra destes Monogrammas nos gado por Sentença diffinitiva. Dada
principios, e meio do Seculo XII., em Roma, junto a S. Pedro por
remettendo os curiosos ás Collec Rolando Presbytero , Cardeal , e
ções , e Diplomaticas dos nossos Cancellario da S. R. I. no anno de
visinhos. - ----
CA CA 22 1
{
serem participantes dos seus Benefi lando, todas as Nações fizerão es
cios Espirituaes, e Temporaes se of tima dos cabellos, e com tudo não
ferecião ao Mosteiro por hum dos faltou quem fizesse elogios á calva:
seus cabellos. No Seculo VII. se pra tal foi Synesio, Bispo de Cyrene,
ticava já esta ceremonia. Subia o como se póde ver no Tom. VI. da
pertendente descalço, e na presença Bibliot. Patrum , e Gaspar Barthio
de toda a Communidade, até junto no L, XLVI, das suas Adversarias,
do Altar: então o Abbade lhe corta Cap. XXII.
va hum só cabello, e o oferecia ao CABER. Capital, ou cabedal,
Senhor, em sinal de que elle se fa que se emprega nas bemfeitorias
zia escravo do mesmo Deos. Os Re de hum casal, casas, predio, ou
herdade. Acha-se em dois Doc. de
ligiosos ainda hoje cortão o cabel
lo, para mostrarem, que se fazem Pendorada: em hum de 128o se diz:
escravos de Jesus Christo , consa E prometerom so pea de fiaduria de
grando-lhe a sua liberdade na ob cem soldos, e de caber. Em outro de \
parece ficou aqui a Lapide Sepulcral, segundo a seu Patrão. E que os tres
III de CORNEIIIA se hão de lêr
que hoje se acha na Capella do
Santo Christo, que naquelle mesmo por ET, veja-se na L. D. e E.
lugar, e de mui longos tempos se CALICE. Nascente de agua, ou
edíficóu. Na esquina do lado direi rêgo della. Ap. Bargan.
to desta Capella, e da parte de fó CALONHA. O mesmo que Ca
ra, se vê a dita Pedra, que diz o lumpnia.
seguinte: • •
CALVARIO. Moeda d’ouro ,
que fez lavrar El-Rei D. João III.
M O D E S T VS AV | R A T I F. C.º com o valor de 4oo réis. Tinha de
BE L. A N. L.X. C. O R. N I I I A. huma parte a Cruz levantada sobre
C E N S V L IA. A N. L. H. S. S. S. o Monte Calvario com a letra: In
V. T. 2. C. A V I M IV S M O DE hoc Signo vinces , e da outra o Es
ST IN V. S. PATR I. F I R M VS cudo Real coroado , e na orla es
M O D E S T I, L. I B. P. A T R O tas palavras: foan. III. Port. 6º Al.
R. D. Guin, Nada mais claro, que
Tem esta Lapide seis palmos de a origem deste nome.
comprido, e tres de alto, as letras CALUMPNIA , e Calumnia.
bem talhadas, e abertas no campo Hoje sabemos, que a Calumnia he
que fica entre as molduras da pe huma accusação falsa, e sem razão,
dra , que em tudo representa ser ou fundamento diante do Juiz, ou
mui chegada ao Seculo de Augus qualquer outro superior legitimo:
to. Se de outra parte foi trazida pa e que o juramento de Calumnia se
ra alli , ou se naquelle mesmo lu dá ao Author, para que não vexe,
gar se erigio esta memoria, só ad ou persiga ao Innocente. Porém nos
vinhando se poderá saber. O mais principios desta Monarchia não só
notavel desta Inscripção he o liga se tomava pelo que hoje dizemos
mento das letras; pois na 1º. régra Coima ; mas tambem por hum dos
se acha A/I de APTRATI em hum Direitos annexos á Coroa, que con |
monogramma, que representa hum sistia em pertencerem ao Real Fis
M, e o mesmo em AVI de AVT co as penas , ou multas de certos
MIVS da 4.º régra. E nesta mesma se crimes mais graves , e que muito
acha o L do S. V. T. L. com a mes perturbavão o socego dos Povos, e
ma figura , que nos principios da a tranquilidade da Républica. No
nossa Monarchia se dava ao L. nu ultimo de Abril de 115o El-Rei D.
meral, que pouco diferia de hum Afonso Henriques, e sua mulher a
2 do presente Algarismo. Por esta Rainha D. Mafalda , não só para
Lapide nos consta , que Modesto, remedio de suas almas, mas tam
filho de Avirato, acabada a guerra, bem pelo Dom , Caridade, ou Pre
em que havia militado, faleceo de fo de 3o maravidis, que de D. Odo
6o annos, e aqui foi sepultado com rio Bispo de Viseu, e do seu Ca
sua mulher Corneta Censulia , que bido tinhão acceitado, lhes confirmá
morreo de 5o annos de idade : e rão todos os bens, que elles, e seus
que Caio Avimio Modestino, e Firmo Antecessores tinhão adquirido, fos
Liberto de Modesto pozerão esta Me. se de Cavalleiros, ou fosse de Peões:
moria, o primeiro a seu Pai, e o accrescentando logo: Nec est preter
mit
CA CA 219
mittendum, quod bec omnia vobis ca Santa Cruz da Villariça lêmos o se
humpniati fuimus, Óº etiam aliquan guinte: Et nullo Pecto, nec nulla Ca
tiper retinuimus , nostra in eis ju lumpnia, nec intret ibi meo Meirino,
ra, Regalia scilicet , erigentes. Sed nisi judice de vestro Concilio. E lo
ab hac die, neque Nos, neque Filius, go abaixo continúa: Et omnes, qui
aut Netos.... Sit ausus haereditates de sua terra exierint cum homicidio,
illas inquietare , conturbare , & c. aut cum muliere rouzada, vel cum alia
Doc. da Sé de Viseu. Alli mesmo Calumpnia, qualibet sedeat (nisi quod
se acha original a Confirmação de non adducat mulier aliena de benedi
todos os bens, que Gonçalo Pires, ctione) sedeat defenditum per Foro de
e sua mulher Ermesenda Martins, Santa Cruce. Destas Calumpnias, cu
moradores em Viseu, havião com Coimas , que devião pagar os Au
prado , e adquirido de quaesquer thores dos crimes, e delictos fazião
pessoas, e ainda do Bispo, e Co dimissão os Reis algumas vezes, e
negos da mesma Cidade: Has verà outras as retinhão, e exceptuavão,
hereditates inquietavimus, ó" aliquam de que ha exemplos innumeraveis.
tulum retinuimur, nostra Jura, Re Na # do Couto da Barra ao
galia scilicet, in eis exigentes. Qua Mosteiro de Ceiça no de 1 175 di
propter, Órc. E daqui se manifes mitte El-Rei D. Afonso I, todos os
ta, que estas Calumpnias, ou Inquie Direitos Reaes , que alli tinha, a
tações tinhão por fim o arrecadar os saber: Herdade, Voz, e Calumpnia.
Direitos Reaes, a que estavão su E logo põe graves penas a quem
jeitas aquellas herdades. Mas comviolar aquelle Couto, ou nelle Ca
o rodar dos tempos ficárão Synonylumpniam aliquam fecerit , isto he,
mos Calumpnias , Coimar , ou mul rave crime, e daquelles em que o
tas, que pertencião ao Fisco Real; # Fisco devia ter alguma multa
No de 1 162 deo o mesmo Rei do criminoso. Doc. de Ceiça. Aqui
Foral á Villa de Moz, que alli se mesmo se guardão os Foraes, que
guarda Original, e nelle diz : E? este Mosteiro deo, hum aos Mora
nullo Pecto, nec nulla Calumpnia non dores de Colles no de 12 17, e ou
intret ibi, nec meo Merino, nec fu tro aos da Terra Nova no de 12 19.
dice, nisi totum per Judicium de Al No I. se diz: Non pectabitis vocem,
caldés. E logo falando dos furtos, nec Calumpniam, praepter 4.º : Ho
e roubos, diz: De quocumque furto micidium, Furtum, Rauxum, & il
colligat suo Domino suo Cabda}, &º Jud aliud nefandum. No II.: St ali
partat illa Calumpnia, Óº de Septi quis homicidium fecerit , aut domum
ma a Palacio, per manu de Alcaldes. vicini rui diruperit, vel stercus in os
E daqui se vê, que além de cou miserit, sive illusum fecerit, LX, sol.
sa furtada, que seu dono devia in pectet Monasterio. E finalmente na
teiramente receber, devia o ladrão Doação, que El-Rei D. Sancho I.
pagar Calumpnia, ou multa; da qual fez no de 12o7 a Martinho Salva
o rancuroso, ou queixoso devia le dor, e a sua mulher Sancha Pires,
var seis partes, ficando a septima da sua quinta de Villa Meãa, jun
ara a Camera, que então se chama to a Prime, e no Termo da Cidade
va Palacio, como representadora do de Viseu (e isto em attenção ao In
Soberano, V. Palacio. No Foral de fante, filho do Rei de Leão , eontra
túl
|
23o CA CA
rado para casar com a Rainha Santa la da Ponte , & c.: o que só que
D. Thereza, a qual eles filhão cria ria dizer, que estas Terras, e Igre
do desde menina; declara o Rei, que jas erão da Mitra, e os seus Dizi
lhes dá esta Herdade: Cum omnibus, mos, e Direituras a ella só perten
cião. E o mesmo se dizia das Ca
que in ea ad jus mostrum pertinent:
Silicet : Cum voce, Óº cum Calum maras Abbaciaes; isto he, das ren
pria » &º cum totis suis Directuris. das que pertencião á Meza Abba
Era pois a Calumpnia hum dos Di cial. O qual Casal he da Camara.
reitos Reaes, que consistia nas con Doc. de Pendorada de 1447.
demnações, ou Coimas dos que erão CAMARA de ferro. Grilhão,
culpados em certos crimes mais gra adobe, que se lança aos pés do in
"ves, segundo se continha nos res feliz, cativo, ou criminoso.
pectivos Foraes, CAMARA de artilharia. Carre
* CAMAL. V. Bacinete. ta, em que a artilharia descança, ou
. CAMALHO. O mesmo que Ca se conduz de huma, a outra parte.
mal. Ficou a Gil , pelo costume do CAMARA carrada. Desta falla
Porto , o cavallo do dito Vasco de a Orden. do Reino L. IV. Tit. 47.
Sousa, seu Padre, e huma espada, e S. I. Dizem que prometter Camara
huma lança, e huma loriga de caval carrada: he prometter huma incerta
lo, e duas falhas, e buum elmo com quantidade de arras. Porém se nós
*seu camalho , e buuus brafaaes , e attendemos á origem da Camara, e
huuns morequinrs, e humas luvas d’afo, á desta palavra carrada: será facil
e huuns coixotes, e caneleiras velhas o persuadir-nos que prometter Cama
de coiro , e buuin escudo, e fapatos ra carrada: he prometter tudo o que
de ferro buuns. Doc. de Pendorada he preciso para ornar, e paramen
de 1 359. - tar dignamente o quarto , ou casa
CAMANHO. A. Tamanho, tan de huma Senhora Nobre, distincta,
to. E os ditos fuizes hajam conheci e honrada, sem faltar cousa alguma
mento de todolos feitos crimes, e ci á precisão , decencia , e costume.
veis de qualquer condiçom , e cama V. Qarradamente. •
BoNo
R E I. P.
NA TO.
VI
CA CA 239
lecida a Monarchia, a ninguem foi
licito em qualquer arruido, briga,
VI CT O R. ou violencia appellidar, ou chamar
M A R II. F.
por outro, que não fosse El-Rei,
como se vê da Orden. L. V. Tit. 44.
HE IC. SE: Em alguns Documentos, e Foraes
P. I A CET,
antigos a este Caritelo se chamava
simplesmente Voz , e Coima ; em
outros Indicias, em outros Mafadu
ras , como se póde ver nestas pa
lavras ; de sorte que a Voz era o
Aqui d'El-Rei , e a Coima, ou Ca
lumpnia era a pena, que correspon
dia ao delicto, de que o quereloso
se queixava, ou querelava. Assim
como se mudou no tempo dos Ro
manos o C. em qu, depois se tor
nou a mudar em C. dizendo Cari-,
tel, e em K, dizendo Karritel, e
Sei que outros muitos vestigios finalmente em g. dizendo gritar »
de Povoação Romana se tem des grito, e guarito; sendo certo, que
cuberto naquelas visinhanças; po Karistare, Karitare, e Quaritare se
rém a incuria, e máo gosto os tem tomou na Baixa Latinidade por cla
destruido. -
244 CA CA
genuitatis jussi facere , uná cum se malidades, que depois se introdu
mine, meo, tibi Petro AEgeae, cogno zírão. Os da 3." são attendiveis pa
mine Sarraceno, propriis manibus r– ra a Historia, sendo de mão anti
0 b—o—r—a—mus.
à–
nos sem alguma contradição: É mando que assi se cumpra.. E á cerca dº Podermo ser
em alguma obrigaçam áá fabrica dº dita Igreja, por ora nam estamos em usº de sermos
obrigados: nam mandamos que se faça o contrario : porém º Arcebispo visitando, pode
nisto entender, e judicialmente declarar, o que for 3ustiça de se fazer.
25o CA , CA •
CO #
CA CA 25 r
cobrar esta Pensão Synodatica , não fizera da Igreja de Tentugal; com
em a visita do Bispado , mas sim a condição, de que o Bispo, ou o
fóra della , segundo a mente do Papa lhe unisse, e annexasse os Di
Concilio Trid. Cap. III. Sess. 24. E zimos: procedeo o dito Bispo (que
finalmente no Concilio Romano de se achava em Caiarte, fóra do Rei
1725 se regulou o Cathedratico, ou no em Agosto de 1288) á tal união,
Synodatico á proporção das rendas dividindo as rendas de Tentugal em
dos Beneficios, não excedendo os tres partes : a I. para a Mitra na
mais rendosos a taxa de dois soli fórma do costume : a II. para o
dos , que diz são 2o Julios , ou Mosteiro, (que pela sua muita po
2ÇOooo réis da nossa moeda. breza precisava então muito desta
Derivou-se Cathedratico á Cathedra; esmola) livre, e desembaraçada de
porque os Sacerdotes, que com o todo, e qualquer encargo: a III, em
seu Bispo compunhão o antigo Pres fim seria para o Reitor, que del
byterio, se sentavão em cadeiras bai la repararia a Igreja, e manteria a
xas, e rasas á roda da Cadeira Epis Hospitalidade, que mandão os Sagra
copal alta , sublime , preciosa, e dos Canones, e mesmo pagaria a cos
superior a todas, para que se lem tumada Procuração ao Bispo cad’anno,
brassem os Bispos, que a eminen e os mais encargos da Igreja: Tam
cia do lugar demandava o seu vi in Cera , que pro Cathedratico da
gilante cuidado, e huma mais que tur, quam in omnibus aliis. Doc. de
ordinaria virtude, e perfeição. E da Ceiça.
qui veio chamarem aos Bispados, CATHEDRATICO. Assim cha
ou Dioceses Cathedras , e ás Igre márão as Propinas, que os Bispos
davão, quando erão encathedrados,
jas Matrizes dos Bispados Cathedraes, ou enthronisados. •
Es
CH CH 269
Esta mesma sorte, me parece, ro, Azere, Orreo, Paço de Sousa,
seria a dos Monges, que, antes da C OUltrOS, ,
27o CH CH
fonso , por preço de 12o modios. Salzedas, e parte por Titulo, que
Aqui temos hum Mosteiro em Ar já hoje não sabemos, na Meza Ca
geris, junto do qual ficava parte da pitular de Lamego?... Se em cousas
dita Herdade : igualmente temos tão antigas, tem lugar de verdades
hum Abbade com seus Frades, e se sólidas, ainda as mesmas conjectu
rião estes os da Salzeda, residentes ras bem fundadas: ninguem nos ar
onde hoje vemos a Abbadia Velha?.. güa, se himos buscar, a Origem da
Mas seja o que for , D. The Renda da Caridade, que hoje per
reza Affonso, he certo, intentou ao manece em Lamego, na extincção
principio unicamente a Fundação de daquelles Monges, que sabemos ex
hum. Mosteiro da Ordem de S. Ben istírão neste Bispado. •
[] 1'21"
CL CL 283
crc. Desde este tempo ficou o Mos Divino, antes mesmo de serem ini
teiro de Lorvão, (que já estava re ciados; pois no Cap. III. da sua Ré
duzido a bum Priorado , e as suas gra diz: Clerici faciant Divinum Of>
principaes rendas applicadas ao Real ficium fecundum Ordinem Sanctae Ro
Firco) muito diminuto, e por alguns mane Ecclesiae. •
(a) Por Clerigos casados se não entendem os de Ordens Sacras, e muito menos os
Sacerdotes. El-Rei Witiza mandando, e constrangendo os Sacerdotes a que se casassem,
chamou sobre as Hespanhas a ira de Deos , fazendo-as preza, e ludibrio dos Sarracenos.
Continuou esta desordem até o Rei D. Fruela, que começou a reinar na Villa de Can
gas nas Asturias, no anno de 757, (quando ainda a Cidade de Oviedo se não tinha co
meçado a fundar. ). Este prohibio rigorosamente semelhante abuso, sem que para isso ajun
tasse algum Concilio. E o Ceo , parece, favoreceo logo com assombrosas victorias con
tra os Mouros_huma acção tão Catholica, e tão conforme á Santidade, e pureza do Sa
cerdocio. V. Hesp. Sag. T. 37.
CO • CO 289
anno de tooo Gontili, viuva, Deo coelhos. Conilarius, qui fuerit ad So
vota, dôou ao Mosteiro de Paço de jeiram , Óº illuc manserir, det fol
Sousa, entre outros bens, tres Clo lem unum Conilij. Foral de Lisboa
quaires argenteos. Doc de Paço. por El-Rei D. Afonso I, no de 1179.
- COBERTAL. Cobertor. Huum COGNOÇUDO. A. Conhecido,
Cobertal de coelho , forrado de pano ou conhecida. Doc. de Vairam de
vermelho, e huma Sarja cardea pera I3O I. , .
sobre cama. Doc. de Pendorada de COGNOSCER. Conhecer, sa
I 2 \ Q. •
4é º
CO CO. 293
de , se non comº é Direito. Concor e que não tem mais que huma al=
data d'El-Rei D. Diniz de 1 292. ma, e hum só coração, moralmen
Doc. de Lamego. •
te fallando. Em o anno de 978 Zu
COLHERES, e Colhares. São leiman Iben Lazaro, e sua mulher,
Direitos, que diversamente se pa e filhos, vendêrão hum moinho na
gão, segundo os usos, e Foraes das ribeira de Fórma ao Abbade Primo,
Terras. Em Chaves pertencem á cum Collatio vestra ; recebendo do
Coroa os Açougues , e Colbares, e Mosteiro, em preço, ou mais bem
Pessoal, e a Voz , e Coima, e Ma em troca, huma vinha em Corelhas.
ninhos, e Montados, como diz o Fo Liv. dos Testamentos de Lorvão N.
ral d'El-Rei D. Manoel de 15 14. 68. Em outros Documentos do mes
Estas Colheres em Chaves nada mais mo Livro, se nomêa o Convento,
he, que o Direito do sal: paga ou Communidade dos Monges, de
se de cada alqueire huma Colher, pois do seu Abbade, ou Prior; já
ue he hum Qalamim ; visto como Collegio, já Congregação, já Cenobio:
16 Colheres fazem hum alqueire. Na que tudo era o mesmo naquelle
Cidade do Porto, e segundo o Fo tempo barbaro, em que forão ex
ral do mesmo Rei, consiste o Di aradas aquellas mais uteis, e since
reito das Colheres em se pagar cer ras, que polidas Escrituras.
to Tributo do pão, farinha, nozes, Cöi#. Familiaridade ,
castanhas, e legumes: mas com es união, respeito, e amisade entre os
ta diferença, que entrando algum que são, ou forão Collaços; isto he:
destes sinco generos por terra, se companheiros do leite, alimentados, e
paga de quarenta hum; mas entran nutridos aos peitos da mesma mulher,
do pela foz do Douro, se paga de que he Mãi de hum , e Ama do
sessenta hum. Na Addição que a outro. Este Direito, ou Privile
este Foral se fez no de 152o se gio de Collacia concede aos Collaços
acha serem Colheres Synonymo de dos Cavalheiros, o não podêrem ser
Fangas. açoutados, nem ter pena vil, se
COLHETANO, Livro, em que gundo a nossa Ordenaç. L. V. Tit.
estão dispostas por sua ordem as I 39. "
Orações, a que chamão Collectas. • 'õoLLACIA .
CO CO 295
tros quaesquer, que sahião ao Ca ti, e Froarengo, e alguns Grandes
minho Coimbrão, sem serem obriga do Reino : na II. outros Nobres,
dos a hirem, ou virem pelo Cami e Principaes, que com os da pri
nho de Gaya; excepto bestas carrega meira forão tambem nomeados para
das, ou homens, ou mulheres com Co esta Inquirição dos limites: e na III.
lonhas, ou outras cousas, de que El só se achão: Hordonius Confirmans. K
Rei devia ter Direito; porque estesRanimirus Confirmans. K. E por fim:
deverião sempre ir, e vir por Gaya Florentius Presbiter, ab ipsos Ponti
Doc. da Cam. do Porto. Alli se fices ordinatus, banc Columellum ma
guarda outra Provisão Real de 1368, nibus meis conscriptum. Não só de
em que se confirma a mesma liber tres columnas, mas de 4, 5, e 6 se
dade : Não levando cargas , ou fei guardão Escrituras entre nós, que
xes. Donde se manifesta, que o mes com razão se chamão Columellos, ou
mo era Colonha na primeira , º que pequenas columnas; bem assim co
Feixe na segunda. 'mo os dentes oculares, ou caninos
COLONHA-Marco de.) Na nos homens, que nos cães se cha
Cam. do Porto se acha huma Pro mão prezas, e nos cavallos colmilhos,
visão Real de 1488, pela qual se por serem compridos, e redondos,
manda , que se não peze mais o á maneira de columninha se disse
ouro, e prata, e todas as outras cou rão em Latim Colomelli, Columelli,
sas, senão pelo Marco de Colonha; e Columnelli, e Columellares. -
CO CO 3o7
lo; e que só em caso que morres Convenção , que os de Bragança
se o mais velho, succedesse nella o tinhão feito com os Judeos daquel
mais chegado. El-Rei D. João I. la Terra , para que estes não pu
não deo Contia aos Fidalgos , mas dessem levar mais que o Terço nos
sómente Soldo, até que, seguro já Contrautos burureiros. E isto porque
no Reino , pôz de Contia a cada assim o julgárão utilidade grande da
Fidalgo mil libras, para a lança da fº/"/"4. • .
sua pessoa , e para cada hum dos Tão acautelados erão como is
que o seguião, 7oo: e que o filho. to, os nossos Augustissimos Sobe-.
não houvesse Contia, em quanto não ranos, que não permittião contratas
podésse servir; mas sempre lha as sem os seus Vassallos com aquella
sentavão mais pequena , que a do gente perfida, e refractaria. E com
Pai , para dar lugar aos accrescen efeito, que verdade pura, e since
tamentos ordinarios. Daqui se dis ra, se podia esperar de huma Nação
se Vassallo Acontiado. V. Acontiado. amaldiçôada do Ceo, desamparada
CONTINENCIA. Alimentos , de Deos , empregada só nas cou
sustento, subministração de todo o sas da terra, e inimiga capital do
preciso, e necessario, ou daquillo, Nome Christão?... Mas hoje, as
que entre as partes se ajusta. Vem sim como sempre, não era justo in
do Latino Contineo. He do Seculo volver na mesma infamia os que li
XIII., e XIV. - - -
vremente abraçárão a Lei de Jesu
CONTRA-Cyma... Para cima. Christo, e se ajuntárão de todo o
Doc. de 1445. : ; coração, e como verdadeiros Israe
CONTRADIZIMENTO. Con litas ao Povo de Deos... Sem li
tradicção Do Sec. XIII. ºs eença Real pois, não contratavão os
CONTRAFUNDO. Para bai Judeos neste Reino; isto he, os Ju
xo , ao sopé. - Doc. das. Bent. do deos, que públicamente professavão
Porto de 1445. : - * * * *
a Lei de Moysés, e como taes não
CONTRAYRO. Contrario. Doc. erão baptisados, nem filhos da Santa
de 1 318. - Igreja. No de 1422, o Ven. D. Nuno
CONTRAMUDACAO. Escam Alvares Pereira, havendo consegui
bo, troca. Doc. de Pendorada de do licença d'El-Rei, aforou a quinta
. I Io7. •
CO
CO CO 3o%
CORAGIOSO. Respeitavel, lar o mais a uso do nosso Couto. Não he
o, magnifico, espaçoso, obra em logo o mesmo Spadoa que Corazil;
m de hum animo liberal, e gran pois em lugar dos Corazis he que
de coração. Aprouge ao Padre Santo se estipulárão as spadoar. O certo
a tal razom, e mandou-la; com con he , que esta pensão de carne de
difom, que figesse outra Igreja mayor, porco variava muito , segundo os
e mais coragiosa ao mesmo Santo Ar usos, e contratos, e não se póde
chanjo na quel, ou altro melho para afirmar com certeza hum, pezo, e
deiro , que el trovasse na ra terra, figura delles, que fossem geraes,
e le doasse mais averes, e berdamen e costumados em todo o Reino.
tor, que a colantra avea de primeiro. . No Foral de Sabugosa, que he
Ibidem. do Mosteiro de Lorvão , onde se
CORAZIL , ou Gorazyl, ou guarda, dado por El-Rei D. Ma
Goarazel , ou Guazel , ou Cobra noel no de 15 14 se diz: Pagam mais
zil, e Corrazil. Com toda estava quaesquer moradores nos Lugares das
riedade se escrevia esta parte de Pen Sabugosas, se matarem porco macho,
são nos antigos Prazos, e Foraes. hum Guorazel , a saber: Cortado ho
Segundo as Escrituras das Salzedas porco pollo_meyo, e fendido, toma-se
de 1466, e 1481 o Corazil deve ter d'ametade daquelle porco huum pedaço
duas cóstas, da pá do porco ate a ca contra o rabº, donde tomam huma me
beça, e pezar 14 arrateis. Porém no dida de (4outo : e dali correm contra
Foral, que El Rei D. Manoel deo af, costar, ate chegarem na segunda
ao Couto das Salzedas no de 15o4, costa, contando a mendinha: e cortam
fallando dos vinte Moradores, da por aquelle direito da medida grande,
Granja Nova , diz , que além do e pequena a cordel direito: e váquillo
quarto de pão, vinho, linho; e le chamam Goarazel. A qual marca fica
gumes, pagará cada bum huma er demarcada na parede da Igreja do seu
padoa de porco, a saber, todo o quar Lugar, a que chamão S. Mamede,
to dianteiro com doze cóstas, que he (que he, hoje, e era naquelle tem
mais que quarto; e não serão obriga po, huma pequena, e insignifican
dos de darem do milhor porco, que ma te Capella, e toda a Igreja daquel
rarem, mas dalo-bão de qualquer por la Villa , em que apenas caberáó
co arrezoado : com tanto, que o dito quarenta pessoas.) E por ella man
quarto passe de 2o arrateis, e não pas damos , que todallas da Comarca se
so de 27. E quem não tiver porco pa julguem. De porca femea não se paga
gará 2o arruteis a dinheiro. Doc. da Gorazyl, que aqui chamam Goarazel,
Salzeda. Este Foral refere-se ao an nem outro foro; salvo se a porca for
tigo Prazo, que o Mosteiro fizera capada na cama ; porque se a depois
com os 21 Moradores da Granja No caparemº, não se pagará Guazel de
va no de 1295 , que alli se guar la: e da capada na cama pagaráõ co
da Original , e nelle se declara, no de porco. A Marca , e Figura,
que a Pensão seria : senhas spadoas que no cunhal direito da Capella
de porco de 12 costar, pelos corazis; de S. Mamede se acha desde o tem
e senhos cabritos vivos, e dour capoens; po do Foral, he a seguinte:
e vinte ovos; e senhas pernas de car
neiros ; e senhas soldadas de pam; e
>_
CO
bel D. Nuno Alvares Pereira havia
dado ao seu Convento do Carmo
de Lisboa, se diz, que todo o ren
dimento de tão copiosas fazendas
erão 3oo Coroas d’ouro, que são da
a saber: sinco palmos largos da par nossa moeda presente 64@8co réis;
e tal era a renda annual de huma
te de cima : quatro palmos, e tres
dedos largos pela parte debaixo: casa tão Realenga. Ainda assim era
hum palmo largo de alto. Os sin cousa, mui grandiosa para aquelle
co palmos são da parte da barri tempo: o que se manifesta bem das
ga ; ficando a parte mais curta da quarenta
dou dar
varas de linho, que man
annualmente a cada Reli
suãa. A letra A. denota a linha,
que deve separar o Corazil do pre gioso, as quaes pelo tempo adiante
SUI1tO, • " * ". " " … commutárão em quarenta vintens, pa
… CORDOAJAMENTO. Corda ra com elles melhor se governarem.
me, e todo o fio, que se emprega E daqui ficou o uso, que hoje mes
em cordas , e enxarcias de "hum mo: se conservas, de se darem só 8oo
navio, ou qualquer outra embarca réis a cada Frade para roupa de li
ção. Nom nos paguem daqui em dian nho. Doc. do Carmo Calç. de Lisboa.
te os 5o réis por quintallº de Cor A Rainha D. Isabel, mulher d'El
doajamento. Carta d'El-Rei D. Afon Rei D. Afonso V. fundou de no
so V. de 1471. Doc. da Cam, do vo o Oratorio de S. Bento de Xabre
Porto. … : * \; \, v \ \ …" º , , , , … gas, e o deo aos Padres Loyos, que
CORNU. Carta , ou Escritura, então chamavão Conegos Azuis de
* * * * * *
V. Alvende º , * ** ', S. João Evangelista, aos quaes dei
COROA. Moeda d’ouro , que xou, por sua morte 28d)ooo Coroas #
- ** * * * * * *
Tom. I. Ss +
Se
CR
confirmo. O Monogramma, que se
acha na Tab. 3. n. 15. he o sinal
da Rainha, que ali se conserva, e
parece quer dizer : Tarasia Regina
confirmo.
Finalmente D. Afonso Henriques,
per Dei clementiam Portugalensium
Princeps , dôou este Castello aos
Cavalleiros do Templo, com todos
os seus Direitos, e limites, novos,
e antigos, sem fazer menção algu
ma das primeiras Dôações de sua
Mãi, em que figurava o Conde D.
Fernando, que tanto o enfadára. E
} diz que faz esta Dôação, pro amo
Se bem conjecturo, as duas letras - re Dei, Óº pro remedio animae meae,
iniciaes querem dizer Tarasia Regi parentum meorum, Óº pro amore
na, e são do seu real punho. cordis mei , quem erga vos habeo,
No mesmo anno IV. K. Apri &º quoniam investra fraternitate, ó:
lis, fez a mesma Rainha nova Dôa beneficio omni sum frater. Facta Car
ção de Soure aos Templarios, con ta II, Idus Martii. E. T. C. 2XVII.
firmando a precedente , e demar E daqui se vê, (senão com certe
cando os limites daquella Villa, o za, com alguma probabilidade) que
que na primeira não fizera. Nella já em Março de 1 129 era falecida
confirmão D. Bernardo , Bispo de a Rainha D. Thereza.
Coimbra, o Conde Rodrigo Gali . . Feito já Principe, e Senhor abso
ciano, Pelagio Goterrez da Silva, luto do Reino de Portugal o Infan
Egas Moniz, e outros, e o Con te D. Afonso Henriques, continuou
de D. Fernando deste modo: Et ego a firmar com a Santa Cruz os Ins
Comes Fernandus donum, quod Domi trumentos Reaes, formando-a com
na mea Regina Militibus Templi do mui diferentes fórmas , e figuras.
nat , laudo , dº concedo. Nesta se Em o Mosteiro de Arouca se achão
acha o sinal , ou sello da Rainhaduas Dôações, que ele fez; huma
na fórma, (e bem para notar) que a D. Monio , e outra ao mesmo
se acha Tab. 3. n. 8. , ! D. Monio, e a sua Mái Tóda Vie
Em Maio do mesmo anno fez a gas", ambas das mesmas Herdades
mesma Rainha Dôação do Couto de Sala, e Saela no Valle de Arou
ao Mosteiro de Grijó; havendo re ca. A I, principia assim X. Sub Dei
cebido para este fim de Nuno Soa Gratia , - Óº ejus Misericordia, Ego
res: Unum caballum adpretiatum, in Infans Alfonsus, Comes Enrici filius,
D. modios. Neste Documento, que ab omni presura alienus , & Colim
alli se guarda no L. Baio ferrado, briensium, actotius Urbium Portuga
depois de confirmarem o Conde D. lensium, Dei Providentia Dominus se
Fernando, e D. Ugo Bispo do Por curus efectus, Óºc. Facta Carra Do
to, se acha esta Verba : Ego Ta mat. VIII. Idus Aprilis E. T. CLXVII.
rasia Regina banc Kartulam manu mea Egº Infans Adfonfus, secundum auto
- *
* ** … , rr
CR. CR 323 ·
ritatem Donationum Legum Romam da Villa de Muçamedes ao seu gran
rum, atque Francorum, seu Gotorum, de amigo, Fernando Pires, que se
de bac Hereditate, quam tibi Monio acha original no Archivo da # de
Roderici libera, Óº irrevocabili volun Lamego, firmada deste modo: Ego
tate concessi, Óº Cartam fieri jusri, Egregius Infans D. Alfonsus banc Car
manibus meis illam robor—"K—o. tam propria manum r-H+→oboro.
Alfonsus Presbiter notavit. O sinal se acha Tab. 3. n. 6.
Na II. feita E. M. C. 2XVII. Men Petrus Cancellarius Infantis notavit.
se Aprilis , (e na qual se diz que Entre os originaes de Pendorada
as Herdades estavão Territorio Co se acha a Dôação, que o Infante fez
timbriensis , havendo-se dito na I. a João Viegas, dos bens, e herda
que estavão Territorio Lamicensis) des, que forão confiscadas a Aires
se acha a firma da Tab. 3. n. 9. Mendes, e Pedro Paes, o Carafe,
Petrus Cancellarius Infantis scripsit. naturaes de Viseu, que havião pas
No Mosteiro das Salzedas está sado para os seus inimigos, e se
original a Dôação de Qamudaens havião feito fórtes no Castello de
junto a Lamego, que o Infante D. Cêa , e conclue : Ego Infante Dão
Afonso Henriques fez a Mendo Yldofonsi ad tibi Johanne Venegas in
Viegas, com todos os seus lugares, bane Cartam Donationis manus meas
e termos , assim como partia com R—obor—o. A firma he a da
Pena-Judéa (hoje Penajoia) Avoens, Tab. 3. n. 11.
Paço, &c. (preter illum portaticum Monendus notavit.
de ipso Portu de Çamudanes, quod non An. de 1 133.
do tibi ) E. M. C. 2 XVIII. Ego Incli Alli mesmo se conserva a Dôa
tus Infans D. Alfonsus hanc K. pro ção original, que o mesmo Princi
pria manu r o—bo 7"0.
pe dos Portuguezes fez do Reguen
Entre os Confirmantes, e Testemu go de Cornias, agoas vertentes ao
nhas se acha o sinal da Tab. 3. n. 5. Rio Paiva, no Territorio de Coim
Petrus Cancellarius Infantis notuit.
bra (porque os Bispos daquella Ci
Na Dôação dos quatro Coutos, dade administravão os Bispados de
que o mesmo Infante fez ao Mos Viseu, e Lamego): foi datada em
teiro de Lorvão , onde se guarda Maio de 1 139 , e firmada assim:
original, em Março de 1 133 se lê: Ego Alfonsus Henrici... propria ma
Ego Alfonsus jam supranominatus banc /l/, /" I—oboro.
propria manu roboro atque confirmo,
é, signum facio. A firma he a da
Tab. 3. n. I O.
Menendus Cancellarius notavit.
E logo no mesmo Instrumento se
acha esta Apostilla: Ego supradictus
E 0 || RY
Egregius Infans adjicio illud totum Re
gaendum, quod est intus in ipso Cau $? ? ! M. É
to de rivulo de Asinos. E tem o si
nal da Tab. 3. n. 14.
No mesmo anno, e no mez de
Maio fez o mesmo Infante Dôação Petrus Concellarius notuit.
-. Ss ii Na
324 CR CR
Na Dôção do Couto que El-Rei
D. Afonso Henriques fez ao Ab- -
bade João Cirita, e a seus Frades,
que no Mosteiro de S. João de Ta-
rouca guardavão a Regra de S. Ben
ro, no mez de Junho, da E. M. C.
2XXVIII. (anno de 1 14o) se acha
unicamente este sinal, entre os Con
firmantes, e Testemunhas:
Rei Pedro Fasion, e alli residião ain Alli mesmo se guarda no seu Ori
da no de 1 168; porém no de 1173 ginal o Privilegio da exempção de
já se tinhão mudado para Maceira todos os bens, pessoas, e Familia
dão , onde tinhão edificado de no res dos Templarios concedido por
vo o seu Mosteiro, que El-Rei cou El-Rei D. Afonso Henriques , o
tou no mesmo anno , segundo os qual diz: Ego Alfonsus .... á sumo
Originaes daquelle Mosteiro. Na Pontifice per Apostolica scripta sum
dita Dôação dos Casaes se diz: coactus, ut vobis Petro Arnaldi, Mi
Ego Alfonsus Rex, é uxor mea Re litiae Templi in his partibus Procura
gina Mahalda in banc Kartam manus tori, & Fratribur vestris, universis
mostras ad roborandum ponimus , fa vestris Cautis, & Ecclesiis, Óº Vil
cientes bec —H —signa. No meio lis, Óº bominibus, atque possessioni
dos Confirmantes, e Testemunhas bus, quascumque habetis, Óº deinceps
se achão os sinaes da Tab. 3. n. 7. habere potueritis, piam tribuam liber
Magister Albertus Cancellariur Cu tatem, atque imunitatem ; sicut in Ro
riae notavit. - -
que ainda então fazia as vezes de galentium Rex... uma cum filio meo
sello ?... Não tem succedido o mes Regº D. Janeio, & filia mea Regina
mo em os nossos dias?... Na dos ID. Tarafia, Regni mei Coheredibus...
Templarios vemos quatro riscos, que Facta Carta Cauti XV. Kal, Septem
são hum d’El-Rei D. Affonso: ou bris E. M. C. 2X. IX. (anno de 1 161)
tro de seu filho D. Sancho , e os Ego predictus Rex Alfonsus, una cum
outros dois de suas filhas mais ve Jiliis meis Rege D. Sancio, & Regina
lhas, D.Urraça, e D. Thereza, a D. Tarasia, vobis D. Suerio... banc
quem em outros Documentos cha Cartam coram idoneis Testibus roboro,
ma Consortes do seu Reino. E final é confirmo. E no meio dos Confir
mente o sello, ou sinal mostra, que mantes, e Testemunhas se acha este
o Rei já estava viuvo ; pois men sinal , pela primeira vez, que eu
cionando os filhos, se não faz nel
tenha visto, o qual he propriamente
le menção de sua Mái, contra to a Cruz dos Templarios, de cuja Or
do o estilo daquelle tempo: eis dem o mesmo Rei era Irmão , co
aqui a sua figura: mo já acima se vio na Dôação de
(E note-se, que na Dôação, que Soure, e abaixo se verá quando fal
o mesmo Rei fez do Castello de larmos das Cruzes, de que a Ordem
Cera (hoje Ceras) aos Templarios do Templo usou em Portugal.
no mez de Fevereiro de 1 159 , a
ual se conserva igualmente no seu
&## naquelle Real Convento, - - -
• •
Pé
328 CR
Petrus Salvadori. - - - Of.
"Petrus Fernandi , Regis Sancii
IDapifer. - - - - - - Of.
Jua
"…: Palascus, Curie Regis Dapi
Cy", - - - - - - OTs
Ajº
Fernandus Alfonsus Signifer. Of.
• Radan ciud.
No meio destes Confirmantes se vê
o sinal seguinte:
Oi, Regin}*Jia,
1=
A
• • • • • •
Rez Domnus
Raz
Zºr/Jozz
Xe
\,
*
CR CR 339
to em razão, que para a celebração CUNHO. V. Cahunho, e Conho.
do Sacrificio se dôasse juntamente CUNTAS. Contas de resar, ou
huma Casúla de seda. E nem he para ornato. D. Chamoa Gomes no
de presumir , que os Santos Mon seu Testamento de 1258 deixa as
ges, que antigamente se vestião de suas Cuntas á Abbadessa d'Entre am
tunicas de pelles grosseiras, a que bos Rios. Doc. da Salzeda.
chamavão Amphimallos, tivessem Co CUNUÇUDO, e Conozudo, a.
gulas de seda, tão rara, e preciosa Conhecido , público, sabido, no
para aquelles tempos, e que hoje torio. He trivial no Seculo XIII., e
mesmo seria hum escandalo, e abo XIV. V. Marido Conozudo.
minação: só poderiamos suspeitar, CURSAVEL. Que vaga , cor
que para maior gravidade do Sacri re, e chega a muitas partes. Por
ficador, e honra do Sacrificio, ha ser moeda nobre, e rica, e mui cur
veria nas Sacristias dos Monges Co savel. Carta d'El-Rei D. João II.
gulas destinadas tão sómente para o para a Cam, do Porto , sobre as
serviço dos Altares, (onde a seda novas moedas d’ouro, e prata, que
não he # e sobre as quaes mandava lavrar no de 1489.
os Ministros Sagrados vestissem os CURTELLO. Parece ser cutel
respectivos Paramentos. As Rubri lo, ou póda de vinhas, que se faz
cas mesmo do Missal Romano ain com elle. Paga o dito Casal vinte al
da hoje mandão , que os Prelados queires de pam , e dous dias de cur
tomem as Vestiduras Santas sobre tello. Tom. de Villarinho.
as sobrepelizes, que antigamente CUSAS. Cousas, Doc. das Bent.
erão huma especie de Cogula, que do Porto de 133c.
cobria todo o corpo , e não huma CUSINA. Sobrinha. Acha-se em
gorgueira de encrespados , , que á Portuguez do Sec.XV. esta palavra
# , e Religião substituio a verdadeiramente Franceza.
vaidade louca dos nossos dias. CUSTAGEM. Custo , gasto,
CUEZA. Medida de grãos, me dispendio. No de 1447 pedírão os
nor, que o 4taúde. de Ponte do Lima os Residuos des
CUIDAÇÃO. Disvelo , cuida ta Villa, e seu Termo a El-Rei D.
do Doc. de Tarouca do Seculo XIV. Afonso V., allegando, que já ti
CUIGO. Cujo. Sentença de 141o nhão feito huma boa Igreja nova,
entre os Doç. de Ponte do Lima. e que entendião fazer d'arredor del
CUIRMAO. AA. Primo, filho la huuã booa praça , com huum cha
do irmão de seu Pai. Fr. Estevão de fariz , todo muito solemne; e porque
vide seu Cuirmão. Doc, das Salzedas a dita Egreja be de muito grande cur
de 1 31o. * tagem , &c. Doc. de Ponte do
CUMELLO. V. Columello. Lima.
CUMUNAS. O mesmo que Sy- CUSTUMAGEM, e Costuma
magogas. V. Cinuna , e Comuna. No gem. Direitos, foros, e pensões,
Cod. Alfons. L. II. Tit. 69 , e 72 se que não tinhão outra origem mais,
faz menção das Cumunas, que o costume de se pagarem , e
CUNCA. Tigella. Ainda hoje mui frequentemente contra toda a
tem uso em algumas Provincias da razão, e justiça. Nas Cortes de 1482
Monarchia. desembargou El-Rei D. João II. al
Vv. ii guns
º
". \
34 O CR , CR
guns Capitulos Especiaes aos Mo ticularmente no criminal , em que
radores de Freixo # Spada-Cinta:decidia sobre a vida, ou membros
em hum delles lhes confirma o Pri dos vassallos , desterro, ou confis
vilegio d'El-Rei D. Afonso Hen cação de todos os seus bens: e por
riques, e de outros Reis, seus Suc isso se chamava Senhor de Cutélo.
cessores, para que em nenhuma par Verdade he que não podia exorbi
tar das Leis huma vez estabelecidas
te peguem Portagem, Usagem, ou
Custümagem. E no de 1633 lhes con na sua Comarca, ou respectivo Ter
firmou El-Rei D. Filippe III. o mes ritorio; porque isto só he do Sum
mo Privilegio, de não pagarem Por mo Imperante da Républica , ou
tagem , Usagem , nem Costumagem. Nação, e nos casos, que o Domi
Doc. de Freixo. nio Alto lhe permitte. O Imperio
CUTELADA: Cutilada, golpe Mixto , ou Baixo , a que tambem
de cutélo , ou de qualquer outro chamárão jurisdicção Media , era
Instrumento cortante , ou agudo. hum Poder, que se não extendia á
Nas Posturas d'Evora de 1318 se diz: pena de sangue, e que ordinaria
It : rnandamos, que todo o corregimen mente versava tão sómente nas causas
to de ferida de cabeça, que tenha vur civís, assim, e daquelle modo, que
mo, de que jasca o home em leito, pelo Senhor do Mero Imperio, lhe era
seu corregimento be X. maravidir: fe commettido. O Magistrado deste
rida divirada de rosto XII. marav.: Imperio Mixto recebia alguns inte
Toda ferida de cabeça, que seja san resses, e gajes por administrar jus
goenta , peite VIII, mar.: Todas fe tiça ás partes. Estes dois Imperios,
ridas negras em rosto, cada huma se ou Poderes são os que hoje chama
correga per si: seu corregimento por mos Civil, e Criminal: o 1.º enten
cada huma, VIII. marav.: E se an dido pelo Baraço se extendia á pri
dar entre essas feridar negras huma são , e sequestro das temporalida
sangoenta; a sangoenta se correga, e des , até condigna satisfação dos
non as outras. It : por todas outras acrédores, ou queixosos: o 2.º re
cuteladas, ou lançadas do corpo, por presentado no Cutelo, se extendia
cada buma seu corregimento he VIII. até a mesma morte natural, ou civíl.
marav L. dos Foraes Velhos. Em Portugal não faltão exemplos
CUTELO. Na Jurisprudencia destes Senhores de Baraço, e Cu
antiga erão mui frequentes estes télo. D. Ansur (que com sua mu
termos Barafo, e Cutélo, correspon lher D. Ejeuva fundárão o Mostei
dentes a Soga, e Cuchilo, como os ro de Arouca , e o dotárão no de
Hespanhoes se explicavão. Chama 95 m declarando, que esta Villafa
vão pois Senhor de Baraço, e Cuté zia parte com o Territorio do Porto)
lo ao que tinha em algum Territo era sem dúvida Senhor de Baraço,
rio todo o Mero, e Mixto Imperio, e Cutelo no de 943 em a Cidade,
ou todo o Alto, e Baixo Imperio. O (Comarca, ou julgado) de Anegia,
Mero, ou Alto Imperio era o Poder, a quem Arouca pertencia no
ou Jurisdicção alta, e suprema pa 989 ; pois na sua presença se agi
ra obrar tudo o que fosse a benefi tou a causa do Presbytero Adulfo,
cio da Républica, e sem particu de que ele mesmo nos informa dá
lar interesse do Imperante, e par maneira seguinte:
Du
CR CR 34f
Dubium non est, sed múltis manet mento dôou ao Mosteiro certos bens:
cognitum, Ego Adulfus Presbitero pro e para confirmação desta Escritura
meo peccato, Óº insidiis diaboli, quod derão os Monges ao Dôador unam
decepit me, Óº feci homicidio de bo mantam adpreciatam in IV, modios,
mine, nomine Leo, & pectavi de il &º VII, cubitos de lenzo, que dedi
Io homicidio ad sua gente, Óº de il mus ad illos sayones in carceratica,
lo remansit super me , quod non po et duos modios in sayonizio. E tal era
tui implere : & adduxerunt me pro a fórma dos Juizes, e Magistrados
ad morte. Et veni ante Domino An daquelle tempo. Aquelles Senhores
suri Godesteiz, Óº uxori sua Eijeu das terras , Condes, ou Corregedores
va, Óº rogavi bomines bonos, ut fa de maior alfada, davão, e tiravão a
bulassent ad illo , quod misisse suo vida aos criminosos , conservavão,
ganado pro me; quia ego non habebam ou tolhião seus membros, segundo
unde implere illo , & liberasset me o seu arbitrio, e huma Dôação for
de illo homicidio, Óº dedissem ego ad çada, talvez feita ao mesmo Juiz,
ille Domino Ansuri omnia mea haere bastava a diluir a culpa. Tal foi a
ditate, ut fuisse libero de ipso homi que a desconsolada Bona fez a Mo
cidio in cunctis diebus vitae meae; si nio Viegas, e sua mulher Unisco de
cur &"fecit. Obinde ego Adulfus Pres huma herdade em Gestaçô, para
Bytero placuit mici, pro bonae pacis, ue lhe soltasse com vida a seu fi
cy voluntatis , ut darem, vel conce i\,
Diogo, que tinha commettido
derem vobis Ecclesia mea Domino An hum forçamento em casa dos Do
suri, ó uxori vestrae Eijeuva Eccle natarios , furtado muitas cousas, e
sia mea propria, vocabulo Sancto jo feito grandes malfeitorias, pelas
banne , quorum Baselica fundata est quaes estava prezo na cadêa da Ci
subtus mons Petroselo, discurrente ri dade de Bemviver, e a ponto de ser
bulo Tamica, in Villa, quor vocitant punido com pena capital por sen
Losidi , in loco praedicto in Casale, tença do mesmo D. Monio, Senhor
Quos fuit de patre meo Prudenzo, da terra ; mas a Dôação da viuva
quos edificavi deverede. Damus, & c. revogou a # , e lhe alcan
Facta Cartula , quod erit XI. Kal. çou a vida, no de 1o68, segundo
Novemb. era dcccc 2xxxt. Doc. de o Doc, Orig. de Pendorada.
Arouca Gav. 3. Mass. I. N. 1, 2, No Mosteiro de Santa Maria
e 3. d'Aguiar se conserva a Doação da
No L. das Doações de Paço de Sou Granja da Torre (que ficava já den
sa a f. 32 , se acha como o Meiri tro em Portugal, e hoje está des
nho do Conde D. Henrique na Ci povoada) e # Granja de Rio Chi
dade do Porto , chamado Afonso co, assim como as possuia o Con
Spasandiz fez prender hum moço, de D. Gomes , Senhor de Trasta
que tinha furtado humas ovelhas: mára, com toda a Jurisdicção civíl,
e por isso lhe queria arrancar os e criminal, a que chamão de Soga,
olhos, e que seu Pai as pagasse: e Cuchilo, feita por El-Rei D. Fer
por intercessão dos Monges de Pa nando de Leão no de 1165 a D.
ço foi solto, e livre, havendo pa Ugo, Abbade deste Mosteiro. Po
go a mão posta, e carceragem. En rém esta Jurisdicção já era mais an
tão o Pai do culpado em agradeci tiga nos Abbades de Aguiar; pois
f{Q
342 CR CR
no seu Claustro se encontrão asse firmou El-Rei D. João I. a permu
pulturas de tres , com espada es dação que o Bispo , e Cabido de
culpida nas campas: sinal evidente Coimbra havião feito com Martim
do seu Mero, e Mixto Imperio em Vasques da Cunha; dando aquel
algumas granjas do Mosteiro , co les os Lugares de Belmonte , e o
mo até estes nossos dias o forão de Couto de S. Romão, e recebendo
Baraço, e Cutélo na Villa da Bou deste a Villa de Arganil, e seu ter
fa, que já fica em Hespanha, on mo. Em ambos estes Territorios ti
de punhão toda a Justiça, e até a nhão huns, e outros Mero e Mixto
mesma forca. No de 1 162 já se ex Imperio , Padroados , e Direitos de
ercitava pelos Prelados desta casa Padroado, fructos, e proveitos, ren
huma Jurisdicção tão abusiva , se das, e outros Direitos. Doc. da Ca
gundo se vê das tres Inscripções se thedral de Coimbra,
pulcraes, que se podem ler. V. Ab CUVILHEIRA. V. Cubilheira,
bade Magnate. Todas tem espada, CUYTA. V. Coita.
ue nos faz crer serem os Abbades CUYTELLO. Canivete, nava
# Mosteiro Senhores Temporaes, lha de algibeira.
do Sec. XIV. Doc. de Tarouca •
Xx guin
|
346 DE DE
guintes. Este foi hum mal necessa sa, e totalmente inutil á consumma
rio, e que então produzio bellissi ção da Obra, para que o Filho de
mos efeitos. V. Abbade Commenda Deos baixou das alturas, póde ter
tario. Mas quem se poderá conter, algum apoyo nos Sagrados Codi
que não deplore as Décimas, e mais ces, no exemplo de Christo, e seus
Oblações dos Fiéis levadas tão longe Apostolos , no Direito das gen
da sua Instituição primitiva , que tes, na equidade, e na razão?...
çom elas se dotassem tantos Mos Qual delles se emprega em evan
teiros , e Beneficios simplices , e gelisar o Reino de Deos, para ser
sem Cura d'almas!... Não, já não sustentado á custa dos Fiéis?. que
he preciso procurarmos a origem dos trabalhos devorão, ou tem devorado
Beneficios simplices no que prati pela Igreja para comerem do que
cavão em França os Oficiaes despo só he devido ao Santuario?... se não
ticos de Carlos Martello , que da servem o Altar, porque hão de vi
vão Bispados, Igrejas, e Abbadias ver dos emolumentos do mesmo Al
em dotes de casamento, dispondo, tar?... se não militão para Deos, por
e despendendo todo o Patrimonio de que hão de embolsar o soldo, que
Jesus Christo, como se fossem bens só he devido aos que jurárão as suas
proprios , e profanos: o grande bandeiras, e tem legitimamente pe
Scisma do Occidente foi quem pro lejado, ou actualmente pelejão ?.
duzio a peste , e abominação dos Apascentão por ventura o Rebanho
Beneficios simplices, que a Santa de Christo , para se nutrirem do
Igreja por mais de 1àooo annos seu leite ?. Plantão a vinha da Fé,
não tinha visto , e experimentado. e dos costumes, para se alegrarem
Então foi quando o Homem inimi com a suavidade do seu vinho? Se
go, o Espirito das trévas, aprovei meão as cousas eternas, para sega
tando-se fatalmente do somno dos rem, e recolherem as cousas tem
Obreiros, sobresemeou as zizanias poraes?... Trilhão na eira, servem
por entre as searas mais puras do no Templo , para não trazerem a
Lavrador Divino. Tal Papa, ou An boca tapada?... Sim: elle he ordem
ti-Papa , e os seus Legados, para expressa do mesmo Deos, que vi
fazerem rancho, e partido, libera vão do Evangelho os que se empregão
lisavão cégamente, e sem tino Igre na promulgação, e serviço do mesmo
jas , e Dizimos , separando-os da Evangelho: mas serão deste número
Cura d'almas, e Ministerio dos Al os Beneficiados simplices, e os que
tares; e isto por hum Poder, que in quocumque statu estão desfrutan
nunca houve sobre a terra. Elles do o Patrimonio do Deos Crucifi
não tiverão pejo de estabelecer Be cado, e chupando sem pena o san
neficios sem Oficio, o que os Sagra gue dos pobres, a Redempção dos
dos Canones já mais permittírão, peccados?.. Que horrendas cousas
ficando a Porção Congrua, (e oxa temos nós visto na Casa de Deos!..
lá o fôra!) áquelles que gemem, Assim he, ninguem o póde negar,
e súão debaixo do pezo de huma já lá vai huma Epoca ainda mais
Parochia inteira. E a Religião pó desgraçada , em que estes Benefi
de ella authorisar semelhante abu cios scaccumulavão n’huma só pes
so?... Por ventura esta gente ocio soa ; chegando (por exemplo) a ter
2OO?
DE DE 347
2oo, e os mais rendosos, o Cardeal de deste abuso , de que o nosso
de Alpedrinha : mas se tanto nos Portugal não ficou isento: e isto,
prezamos hoje de verdadeiramente ao mesmo tempo, que não faltão
allumiados, porque não usamos das exemplos, de que os Sagrados Ca
luzes,
lices?..para sermos inteiramente fe
•
nones se cumprírão á risca , pelo
que respeita aos Dizimos, nas ter
E que dizemos nós das Décimas, ras dos Mosteiros: apontarei só dois.
:
Oblações, e Mortulhas dadas, e dôa Seja o 1.º do Mosteiro das Salze
das aos Monges , e outras Mãos. das, em cujo L. das Doaç., e a fol.
Mortas, ou por elles compradas, e 219 se acha o aforamento, que o
or outros modos adquiridas?... No Abbade D. João Fernandes, e os
Sºlº IX. he, que o grande Mabill. seus Monges fizerão aos moradores
(L. VI. de Re Diplomat.) achou os da sua Granja de Maçaínhas, jun
principios desta vulneração enorme to á Cidade da Guarda, no de 12 1o,
dos Sagrados Canones , que não com Foro de Quinto, e Décimo, (ou
cessão de clamar : Ibi dentur Deci Dizimo) de todos os fructos; exce
mae, ubi baptizantur Infantes. O tem pto das hortas , e pomares , quando
po augmentou , não extinguio se de pão os não semeassem; impondo
melhante desordem. Houve mesmo se o Mosteiro, e reconhecendo a
quem fingisse, (sem dúvida como obrigação seguinte: Et nos debemus
interessado) além de outras muitas contenére de Ecclesia, & de Clerico
Peças, a notavel Carta de S. Jero vobis ; sicut quomodo deber esse toto
uymo, que se acha no Decreto de bono Christiano , ó" quomodo fuerit
Graciano , e na qual a desbragada directum. Et si istud non fecerimus,
ambição dos corruptores lhe fez di vestra Decima deditis a quem vos vo
zer: que bem se podião deixar, e dóar lueritis. E eis-aqui temos a Demis
|
: as Décimas aos Mosteiros, ainda que são dos Dizimos (que o Mosteiro re
"3 mui ricos fossem; pois neste caso mais conhece destinados só para a ma
- se attendia á piedade dos Monges, do nutenção da Igreja , e sustento do
# que á sua pobreza. Chegou-se a is Parocho) quando da sua parte se
to serem os Bispos surprendidos, e não cumprão obrigações tão indiri
enganados pelos Monges, que se miveis, com que os Dizimos nascê
arrogavão os Dizimos das Parochiar, rão, e entre nós se introduzírão.
com o pretexto de pagarem certa Seja o 2.° do Mosteiro de São
Pensão á Mitra, chamada Redemp João de Tarouca, de cujos Origi
tio Altarium: termo de Commercio, naes Docum. se patentêa, que no
e indignissimo da Santidade Chris de 1 146 El-Rei D. Affonso Henri
tã. V. Resgate dos Altares. E estas ques, e sua mulher a Rainha D.
são as Insignias dos Monges, que São Mafalda, vendêrão a Egas Gonçal
Bernardo faz consistir no trabalho, ves, por huma mula, e bum caval
no retiro, e na voluntaria pobreza?.. lo, a Herdade de Figueiróa, ou Fi
Mas remettamos os zelosos da ver gairola , (e hoje Figueiró da Gran
dade a Mr. Nusse, que no seu Ee ja, ou Figueiró de Algodres) nas mar
clesiastico Cidadão , impresso no de gens do Mondego, e junto a Cor
1786, e principalmente na Carta VIII, ticô no Bispado de Viseu. No de
mostrou com evidencia a enormidas 1161, o mesmo Comprador, desen
Xx ii ga
348 DE • DE
ganado do mundo, dôou esta Gran gueiró d'Algodres, Diocese de Viseu,
ja ao dito Mosteiro , não só para be annexa in perpetuum ao Mosteiro
remissão das suas culpas; mas tam de S. João de Tarouca, a qual não tem
bem para que: Illi me in Oratione, mais rendimento , que o que abasta
in vita mea , atque post obitum, in para o Reitor della: e por sentirmos
memoriam, & in fraternitatem sem ser assim mais serviço de N. Senhor,
per habeant. No de 1 17o, o mesmo proveito das almas dos freguezes del
Rei, com seu filho o Rei D. Sancho, la , e descargo de nossa conscien
coutárão ao Mosteiro esta Herdade, cia: havemos por bem dar nosso con
ou Granja, que ali se intitula Vil sentimento, que a dita Igreja se ins
la, e na qual se fundou desde lo titúa daqui em diante em Abbadia, e
# huma pequena Igreja , com o Reitoria perpétua , em a qual averá
itulo de N. Senhora de Figueiró da hum Reitor, e Abbade, que tenha car
Granja. O pouco rendimento, e a rego della, e de seus freiguezes, e os
insignificante Congrúa, que o Mos cure, e lhes administre os Sacramen
teiro, ( comendo os Dizimos) da tos necessarios. O qual averá pera
va ao Parocho , occasionou o seu sua sustentação todos os Dizimos , e
melhoramento no de 155 1 , em que rendimentos, que á dita Igreja direi
o Cardeal Infante, como Commenda tamente pertencerem, e será obrigado
rario , e Administrador perpétuo do daqui em diante aos custos da visita
Mosteiro de Alcobaça, e para descar fão , e a todas as mais obrigações,
go das consciencias dos que comião or e encaregos, que ao dito Mosteiro per
ditos Dizimos, a levantou a Igreja tencião, por levar as ditar rendas...
Abbacial , applicando ao Parocho Polo que encomendamos, e rogamos ao
todos os Dizimos , para cumprir as R. Bispo de Viseu, que a crie, e ins
obrigações annexas ao seu Oficio, titúa em Reitoria , e Abbadia pela
declarando-a in solidum da Apresen maneira , e fórma declarada. E por
tação do Mosteiro, sem cujo con confiarmor do saber, Letras, suficien
sentimento não poderia ser renun cia , e são consciencia do Padre Mi
ciada. Porém no de 1559, e a tem guel Martins... o apresentamos por
o que o Mosteiro de Tarouca estava Reitor , e Abbade della... E enco
unido ao de Thomar, o mesmo Car mendamos ao dito R. Bispo, que o quei
deal Infante, obtido o consenti ra confirmar... Com os Dizimos, fru
mento d'El-Rei D. Sebastião, (co ctos, e rendimentos, que lhe a ella di
mo Governador, e Administrador per reitamente pertencem... assi, e da ma
pétuo do Mestrado de N. S. Jesu Chris neira que os até aqui ouve o dito Mos
zo) solemnemente a instituio em Ab teiro... Em Lisboa a 19 dias do mez
badia Reitoral, applicando-lhe todos de janeiro de 1559 annos. E logo
os Dizimos, fructos, e rendimen no seguinte dia do dito mez, e an
tos Ecclesiasticos, que d'antes comia no estando em Lisboa o Bispo de Vi
o dito Mosteiro. Eis aqui as forças seu, D. Gonçalo Pinheiro, confirmou
da tal Instituição: D. Henrique.... o tal Apresentado , e o collou na
A quantos esta nossa Provisão de des dita Igreja por seu verdadeiro Ab
membração, separação, e apresenta bade ; mandando ás suas Justiças,
fão virem , fazemos saber : que por que lhe déssem posse, &c. E por que
quanto a Igreja de N. Sambora de Fi razão este exemplo tão luminoso
SC
I)E DE 349
se não chega a praticar nas outras xame das ovelhas... Que se repro
annexas?... duzão aqui huns certos usos de al
Com efeito a grande multidão gumas Igrejas... Que cousa tão in
de Igrejas, que aos Mosteiros forão digna do nome Christão!... Bem
legadas, e cujas Décimas lhes forão póde ser, que a negra ambição in
unidas, he manifesta. Os Doc. in troduzisse huns: mas quem duví
contestaveis, que desde o IX. Se da , que a indigencia , e penuria
culo entre nós se conservão, assim grave dos Congruistas occasionou
o testificão. Nos vastos territorios a introducção de outros muitos?..
dos seus Coutos outras muitas se Com o rodar dos annos encareceo
fundárão. Em todas só huma insig tudo , o que se faz indispensavel
nificante porção cede em Beneficio para conservar a vida; mas as Con
do Pastor daquellas Ovelhas; como rúas se fizerão de huma natureza
já se tocou V. Censo, e se dirá V. invariavel... Daqui nasceo o não se
Mortulhas. E então, que emprego baptisarem os meninos, sem que
se destina ao grosso de tão volu os Pais não concorrão com avulta
mosas rendas?... Será levantar Edi das Ofertar , e a que talvez não
ficios tão vastos, e pomposos, que chegão as suas posses : daqui os
compitão com os maiores Palacios, Afolares, que sendo primeiramente
os que desenganados da terra , só livres, se fizerão obrigatorios: da
das suas cellinhas pobres, e cabanas qui as horriveis extorsões dos cha
deverião conquistar as moradas do mados Bens d'alma, que tanto de
Empyreo ?... Será o fabricar Igre trimento causão nas Familias; che
jas, e Templos de tão soberba Ar gando talvez a não se dar por al
chitectura, que excedão as mais fa guns dias o cadaverá sepultura, em
IT]OS2S *# ; como se o Deos,
quanto efectivamente se não paga
# que alli se adora, não fosse o mes o que o Parocho sem razão chega
mo, que nas suas annexas tão indi a pedir , e o herdeiro com justiça
gnamente se despreza, tão vilmen continúa a recusar : daqui as mul
te se trata, e dentro de tão ruino tas , e futas para qualquer obra,
sas paredes, e tão grosseiros vasos ue no Templo de Deos se haja de
se encerra?... Será talvez o repar # daqui a falta de Ornamentos,
tir algum pão com huma tanta gen e tudo o mais que a decencia re
te ociosa, e vadia, que o Estado quer no serviço dos Altares: daqui
precisava, e com melhor educação, a forçada impiedade de hum Pastor,
para o serviço do público, e da la que vendo o seu freguez em hu
voura?... Será::: . Mas nisto enten ma necessidade extrema , nem ao
dêrão os que tem a seu cargo o ci menos o póde soccorrer com huma
vilisar a Monarchia. Eu só quizera, limitada esmola: e então como po
que as Igrejas, cujos Dizimos se derá elle exercitar a hospitalidade tão
lamentão alienados , não fossem recommendada ?... Bom Deos ! E
com tanta indiferença contempla ainda não basta, que o pobre agri
das: que cessassem já por huma vez cultor se desfaça da décima parte
as sentidas queixas dos bem inten dos seus fructos: ainda ha de ficar
cionados , que não podem sofrer responsavel de maiores encargos,
o vilipendio dos pastores, e o ve para que huns arrebentem de far
tos,
35o DE DE
fartos, em quanto os outros mor sendo nella Abbade Diogo Pirez,
rem de famintos?.. -
he a seguinte:
|
Não, eu não digo por isto, que Martinho , pela Mercê de Deos,
os Monges vivão tão sómente do Arcebispo da Santa Eigreja de Bragaa
trabalho das suas mãos, de que já a todos quantos esta Carta virdes, sau
se falou V. Casar: quizera tão só de, e benção. Porque entendemos, que
mente, que os Coadjutores dos Bis sobre pagar as Dizimas, assim Pre
pos, os Curas d’almas não fossem at diaaes , como Pessoaaes ante nós era
tendidos, como os mais infimos cria contenda: stabelecemos, e mandamos,
dos: quizera que podéssem repartir que sejam pagadas de todolos fruttos
com os indigentes, com o peregri bem, e compridamente : convem a sa
no , e passageiro das migalhas da ber: dopam, e do vinho, e do linho, e
sua meza : que podéssem nas al da ferrão, e da lãa, e de todolos pa
dêas, e sendo preciso, albergarhu rimentos das ovelhas, todos fruttos das
ma pessoa de bem na sua residen abelhas, e dos moinhos, e geeralmente
cia: quizera que todos os vasos, e de todos fruttos, nom sacadas ende as
alfaias, que na Liturgia se empre despezas. Outro si das Dizimas Pes
gão , nada tivessem de ridiculo, soaaes stabelecemos, e mandamos, que
immundo, e desprezivel: quizera os mercadores, que vendem os pannos
em fim, que pois todas as precio de coór, que royam em outro tempo de
sidades da terra não pódem igualar dar huum maravidil de Leoneses, que
já mais a grandeza de hum Deos; dem hora XXXII, soldos de Portugal,
nas casas ao menos , em que elle (cá achamos, que tanto monta no ma
particularmente reside, # CUIT
ravidil dos Leoneses d'outro tempo.) E
"tas, e acanhadas que elas fossem, que os mercadores que vendem os burees,
reluzissem o asseio , a gravidade, e os picotes, e os sargees, dem XVI, sol
a ordem, e o concerto. E quando dos de Portugal. E mandamos, que os
depois de tudo isto restassem ainda ferreiros, e os alfayates, e os capatei
alguns, ou muitos Dizimos, embo ros, e os carniceiros, e os carpinteiros,
ra que cedessem para utilidade dos e os bufões, e os almocreves, e os taver
Mosteiros. Se já hoje a razão illu neiros dem VT, soldos de Portugal pelo
minada proscreveo os Dizimos Pes anno. E as tecedeiras, e as padeiras,
soaes: porque não reformará tambem 4ue cada anno usarem do seu mester,
os Reaes, ou Prediaes ?... Em gra dem V. soldos de Portugal: e se usarem
ça dos menos instruidos daremos o meio do anno, dem dous soldos e meio
aqui por extenso a Constituição, que dos sobreditor. E des abi a juso nom se
D. Martinho Arcebispo de Braga fez ram tbeudos; excepto segundo Deos, e
publicar no de 13o4 sobre o modo sua alma. E se homem for com sua bes
de se pagarem as Décimas , º assim tá duas, ou tres vezes no anno á mari
Reaes, como Pessoaes, e as Primicias. nha, ou a ºutro lugar, nom dem os VI.
Acha-se nos Doc. de Moncorvo, em soldos; mais desabiadeante deos. Man
hum Instrumento dado pelo Vigario damos, que se o marido, ou a mulher,
Geral de D. Luiz, seu Successor, e os filhos forem Cééiros, que todos se:
em 25 de Setembro de 1478, e pu Jam escurados pelo marido ; salvo se.
blicado na Igreja de Santiago da di gundo Deos, e suas almas, que dem
ta Villa, a 15 de Maio de 1479, canhocimento. Estabelecemos, e manda
f}}{J' >
-=
DE DE 351
mos, que dem pelo mú, e pela múa dez melhor poder, e segundo sá consciencia.
soldos de Portugal por cada huum del E mandamos que o dizimo se pague
les, e pelo poldro V, soldos de Portu (N.) sacadas ende as despezas. E es
'gal, e outro si pela poldra: e pelo be tas cousas stabelecemos, e declaramos,
zerro dous soldos de Portugal: e se por assi por saude dar almas daquelles, que
ventura ouverem cinquo, pague o meio as bam a dar as dizimas , come por
do bezerro. E mandamos que os Cééey aquelles que as bam de receber, per
ros, que mantém os Cyoados, dem por que se amate toda a maneira d'escan
Dizima a peyouga do Cyoado, assi co dalo , e os Creligos nom demandando
.mo usarom a dar. Estabelecemos , e mais daquello, que devem com direi
mandamos, que dos queijos dem dizimo, to; e os leigos outro si, dem os dizi
e da manteigua: e se por ventura tanto mos, e as Primicias, assi como devem.
leite nom ouverem, de que façam quei E dizemos, que nenhum nom seja ou
jos, seu dono ordinhe o gado, em tal sado de passar contra esta nossa decla
maneira , que leixe mantimento , em raçom, so pena d'escomunbom. Dante
que se possa manter a criança, e o ou em Monforte de Rio livre VIII. dias
tro dé á Eigreja; e esto de dez em dez de junho. Anno
•
Dominifobanis
Gunsalvus Mº CCC.ºIV.º
vidit.
dias: e este Dizimo dem desde Março
meado atá Sam Johane. Stabelecemos E por este Doc, se fará conceito
das Primicias , que todo aquelle que do que erão os Dizimos, e a quan
colher LX, oitavas de pam, ou d'ory?, to se tinha abatido, com vexame dos
ou de milho, ou de centéo, que débu Povos, a dignidade dos Ministros
ma oitava, e nom mais. E se por ven da Igreja. - -
tura nom ouverem LX, oitavas, e ou Resta só, e por occasião das Dé
verem XXX, dê meia des XXX, atá cimas, dizer alguma cousa das Com
LX, oitavas : e se ouverem XV., dé mendas, Ellas pricipiárão em Portu
quarta atá XXX, oitavas: e des ahi gal com as Ordens Militares. Os
ajuso, dê segundo Deos, e fa alma. avultados serviços, que então fize
E mandarios, que quem nom ouver se zerão á Monarchia , não se pode
nom duas vacas, e lavrar com ellar, rião executar, sem que huma boa
que nom dê o dizimo do leite dellas. parte dos Dizimos acompanhasse os
E mandamos, que se ao rendeiro forem muitos bens, que da Real Coroa en
frontar , que váá pelo leite sobredito
tão se desmembrárão. Não se esquece
gos déz dias, e nom for por elle, querião os nossos Religiosissimos Sobe
lho nom dem: e se lho nom frontarem, ranos, que plantada a Igreja Santa
filheo em outros dias o dizimo , por no regaço dos Estados, e Monar
aquelles déz dias, que já passarom. chias, os Preceitos literaes, e figu
E mandamos, que quem tever hua por rativos da Lei de Moysés , só no
ca, ou duas dé o dizimo dos leitoens espírito, e não. quanto á letra, obri
dellar des dous meses em deante. E quem gavão os Principes, e os vassallos a
ouver manadas de porcos, ou de porcas manter com decencia os Ministros
dê o dizimo delles por Sam Johane de do Deos Altissimo, erigir, e repa
junho. E das ortas, e dos nabaaes dem rar os seus Templos, e favorecer
ende o dizimo, segundo come custuma os pobres; prescindindo sempre da
rom a dar. E o que nom ouver cinquo quota parte, ou em fructos, ou em
regos, dê ende dizimo, segundo come oblações, ou em dinheiros. Igual
InéIl
352 DE DE
mente terião em vista , que só o vião concedido: a qual se acha en
Poder Temporal, passados sete Se tre os Doc. da Sé de Lamego. Da
culos de Christandade, estabeleceo qui a Realenga Dimissão , que El
a Décima parte dos fructos, para en Rei D. Manoel fez á Clerezia, e
cher aquelles tres objectos, os quaes Estado Ecclesiastico do seu Reino
satisfeitos, podião muito bem des de outro semelhante subsidio 3 co
pender o resto nas urgencias, e pre mo se vê pelos Doc. da Guarda. Da
cisões do seu Estado. Assim o fi qui em fim a Concessão de Leão X.
zerão sempre , e com beneplacito de 15 14 para que este grande Mo
mesmo dos Successores de S. Pedro. narcha podésse tirar annualmente
Daqui as Commendas velhas, que até 2o booo cruzados effectivos das ren
hoje permanecem, e as Commendas das dos Mosteiros, para com elles
Novas na Ordem de Christo, que dotar as Commendas, que bem lhe
nos principios do Seculo XVI. se parecesse: e que não chegando as
creárão. As guerras d'Africa., e o rendas dos Mosteiros, podéssein
descobrimento da India, e America teirar a dita quantia pelas rendas,
havião consumido o Real Erario: e fructos das Igrejas Parochiaes, cu
não havia fundos para tantos bene jo Padroado era da Real Coroa. No
meritos. Daqui a composição # O mesmo anno se deo á execução es
Bispo da Guarda, e alguns Cabidos ta graça pelo Nuncio Apostolico An
fizerão com El-Rei D. Afonso V. tonio Pucio, que não prefez das ren
no de 1475 sobre as quatro Déci das dos Mosteiros mais que 123)254
mas, que alguns Pontifices lhe ha cruzados. (a) No de 1315 foi a di
{2
•
(*) Os Mosteiros, muitos dos quaes já estavão reduzidos a Igrejas Parochiaes, são os
seguintes:
Em Lisboa. O Mosteiro de Sindim , junto a Guima
ráes, da mesma Ordem. I. P.
S. Vicente de fóra. O Mosteiro de Carrazedo no termo de
Em Braga. Barcellos, da mesma Ordem. I. P. }
No Bispado da Guarda.
O Mosteiro de Villa Boa do Bispo dicti O Mosteiro de Santa Maria da Estrella,
Ordinis Sancti Benedicti, vel alterius Ordinis. da Ordem de Cister. | *>
Deste modo se intitulão na Executorial da Bulla, cujo Notario algumas vezes se enga
nou, pondo alguns nomes proprios com menos exacção, e dando talvez a huma Ordem
o Mosteiro da outra.
354 DE
Por huma lamprea - - - 15 rs. Por frango - - - - - 7; rr
Por hum savel - - - - 2o rs. Por hum leitão - - - - 4O rf.
Por dois patos - - - - 5o rs.
Por dois frangos - - - 15 rs. No Almoxarifado de Coimbra, e Avei
Por hum cabrito, ou cordeiro 25 rs. ro, Comarca da Estremadura.
Por hum feixe de linho - 5o rs.
Por bum alqueire de legumes 31 rs. Por hum alqueire de trigo - 27 rs.
Por bum alqueire de castanhas 5 rs. Por hum alqueire de centeio - 15 rs.
Por huma canada de manteiga 6o rs. Por hum de milho — — — I 3 rr
Por huma canada de mel - 25 rs. Por hum de cevada — — — 7 rr.
Por hum arratel de cera - 3o rs. Por hum alqueire de azeite - 8o rs.
Por hum almude de vinho - 2o rs.
Na Comarca d'Entre Douro, e Minbo, Por huma lamprea - - - 15 rs.
isto be, no Almoxarifado do Por Por hum savel - - - - 2O rs.
to, Guimarães, e Fonte do Por hum frango - - - - 8 rs.
Lima. Por huma pedra de linho - 7o rs.
Por huma pedra de linho canamo 6o rs.
Por hum alqueire de trigo - 3o rs. Por hum alqueire de legumes 27 rs.
Por hum alqueire de centeio - 25 rs. Por cabrito, ou cordeiro - 27 rs.
Por hum alqueire de cevada 2o rs. Por hum pato - - - - 2o rs.
Por hum alqueire de milho - 18 rs.
Por buma pedra de linho canamo 5o rs. No Almoxarifado de Santarem.
Por bum almude de vinho - 13 rs.
Por cordeiro, ou cabrito Por hum alqueire de trigo -
- 25 rs. 25 rs.
Por hum pato - - - - 2o rs. Por hum de centeio - - - I2 rs.
Por bum frango - - - - 73 rs. Por hum de cevada - - 13 rs.
Por huma lamprea - - - 12 rs. Por hum almude de vinho - 2o rr.
Por hum savel - - - - 15 rs. Por hum alqueire de azeite - 6o rs.
Por huma canada de mel - 2o rs. Por hum cabrito, ou cordeiro 27 rs.
Por huma canada de manteiga Iors. Por hum pato - - - - 2o rs.
Por hum arratel de cera - 3o rs.
No Almoxarifado de Alemquer.
Na Comarca de Tras-os-Montes, isto
be, no Almoxarifado da Torre de Por hum alqueire de trigo - 25 rs.
Moncorvo, e Villa Real. Por hum de cevada - - - 18 rs.
Por hum de centeio - - - 12 rs.
Por hum alqueire de trigo - 2o rs. Por hum de milho - - - 12 rs.
Por hum alqueire de centeio 15 rs. Por hum tonel de vinho branco de em
Por hum de milho - - - I2 rs. barque - - - - 2d)8o o rs.
Por hum de cevada - - - I2 rs. Por hum almude de vinho tinto, que
Por hum almude de vinho - 2o rs. não he de embarque - - 35 rs.
Por hum pato - - - - 2o rs. Por hum alqueire de azeite 74 rs.
Por cordeiro, ou cabrito - 2o rs. Por cabritos , cordeiros , frangos, e
Por hum alqueire de castanhas 5 rs. patos , como nos mais Almoxari
Por huma pedra de linho canamo 5o rs. fados.
Por huma canada de mel - 2o rs.
Em
DE DE 355
Assim consta dos mesmos Origi
Em Lisboa, e seu Termo. naes, que no Archivo do Real
Por hum alqueire de trigo - 28 rs. Convento de Thomar se conservão,
Por bum de cevada - - - 2o ra com esta declaração do sobredito
Por bum almude de vinho - 4o rs. Executor, a saber: que augmentan
Por hum almude de vinho de Riba do-se os fructos , e rendimentos das
Téjo - - - - - - 5o rs. Igrejas : este augmento seria só para
Por bum alqueire de azeite - 75 rs. os Commendadores, e não para os Wi
Por hum alqueire de legumes - 28 rs. garios dellas, para os quaes se havia
Por dois frangos - - - 22 rs. separado a suficiente Congrua.
Por hum pato - - - - 3o rs. Mas he bem de notar , que a
Por hum cabrito, ou cordeiro 3o rs. mesma razão, e equidade, e a na
tureza dos mesmos fructos, estão
Na Provincia do Alemtéjo, e no Almo pedindo , que as Congruas, e seus
xarifado de Evora. augmentos fossem em fructos, e não
em dinheiro , pois variando aquel
Por hum alqueire de trigo - 2o rs. les, segundo sobe, ou desce o Ba
Por hum de cevada - - - 12 rs. rometro da Agricultura, da esterili
Por hum almude de vinho - 45 rs. dade, da importação, ou extracção,
Por bum alqueire de azeite 75 rs. delles, população, peste, guerra,
Por hum alqueire de legumes 25 rs. &c. Sempre as Congruas estarião
Por hum leitão - - - - 25 rs. . naquelle pé, que permittisse a va
Por bum cabrito, ou cordeiro 25 rs. , # dos tempos, e nunca os Pa
Por hum pato - - - - 2o rs. rochos se verião reduzidos á indi
Por hum frango - - - - 8 rs. gencia, que hoje presenciamos. Hu
ma leve reflexão sobre os preços,
No Almºxarifadº de Béja. ue da Executorial acima se mani
# , combinados com os que ho
Por hum alqueire de trigo - 18 rs. je correm, farião palpavel esta ver
Por hum de cevada - - - 1o rs. dade. Se então se comprava hum al
Por hum almude de vinho - 3o rs. queire de trigo por 2o réis; quem
Por hum alqueire de azeite - 7o rs. duvída, que a Congrua em dinhei
Por hum alqueire de legumes 18 rs. ro deveria ser hoje 3o vezes mais
Cabritos, cordeiros, e patos como em do que então era?... Vimos que el
Evora. la não passava de 6o cruzados, ou
de 24@ooo réis: dobremos estes por
No Almoxarifado de Portalegre, e El 3o, e veremos que hoje devião ser,
var, Olivença, Moura, e Serpa. 72od)ooo réis. Não se escondia isto
Por bum alqueire de trigo - 15 rs. aos nossos Augustissimos Soberanos,
Por hum de cevada - - - 8 rs. e assim conseguírão de Julio III. pa
Por hum alqueire de azeite - 65 rs. para todos os Vigarios, ou Reitores
Por bum alqueire de legumes 16 rs. das Igrejas das Commendas centum pro
Por hum leitão - , - - - 2o rs. Rectore, isto he, cem cruzados,
Por hum frango. - - - - 7 rs. ou 4odooo réis, com declaração:
Por hum pato -- - - -- 16 rs. que desta somma se não poderia dimi
Por hum cordeiro, ou cabrito 2o rs. nuir cousa alguma, por mais pia, e
Yy ii f/Wº
356 DE DE
urgente, que fosse a causa, como guer DÉCIMA Saladina. Filippe Au
ra contra os infiéis, & c. E depois gusto, Rei de França, e #
disto Paulo IV, no primeiro anno do do , Coração de Leão, Rei de In
seu Pontificado lhes concedeo, que glaterra, emprendendo a pouco fc
nas Commendas Novas, e nas quaes liz conquista da Palestina com qua
não ficárão 1oo cruzados para os si 3oo@ooo combatentes, o I. vio
Reitores, elles lhos possão estabe se obrigado a voltar a França com
lecer ; (fóra o Pé d'Altar, e mão pouca gloria , e menos dinheiro:
beijada, pelo que se entendem to o II. depois de perder a sua gen
dos os Benésses da Igreja.) Doc. te, o seu dinheiro, e a sua liber
de Thomar. dade, apenas pôde chegar elle só
Tudo isto pensárão os Prelados vivo a Inglaterra. Antes de partirem
deste Reino , quando nos Aponta ordenáão, cada hum nos seus Esta
mentos, que no de 1563 oferecêrão dos , que todos os que se não cru
a El-Rei D. Sebastião, lhe fizerão zassem fossem obrigados a pagarem
saber: Que muitas Commendas, assim o Dizimo de todos os seus bens:
das velhas, como das novas, não ti a este Tributo chamárão os nossos
nhão Vigarios , que curassem as al Maiores Décima Saladina.
mas : outras os tinhão com tão pouca DECIMENTO. Descendimen
porção, que não be possivel, nem jus to, Doc. de Lamego do Sec. XV.
to ser assim , conforme as Bullas, e DECIMENTO. Descredito, fal
obrigação das ditar Commendas. E por ta, menos cabo. Nunca faria cousa,
quanto os Commendadores se não accom que fosse em decimento de sua honra.
modarião a tirar-se-lhe já tanto por DECONSUUM. Juntamente, e
junto : para descargo das consciencias de companhia. He o contrario de
delles, e de V. A., nas que já esti Desuum. E se deconsuum nom houver
verem vagas , e forem vagando , se des filho. Doc. de Pendorada de
devem augmentar, e podendo ser, se 1328. V. Consum. Isto he : se de
jão em fructos semelhantes augmentos. entre ambos , em quanto marital
Assim consta da Collecção Original mente viverdes, não nascer algum
de Antonio Soares de Mendonça, # filho.
hoje se guarda na Torre do Tombo. DECORUDO. A. Demorado,
E eis-aqui o que me pareceo di demorada, decursa, e não seguida.
zer sobre as Décimas, e sua appli Pera nom freerem as apelações deco
cação, (em quanto Superior Poder rudas, nem as demandas perlongadas.
não regular por outro modo estas Doc. da Cam, do Porto.
contribuições Santas dos Fiéis, e DECURIA. I. Colmea, ou cor
seus vassallos.) Porém assim como tiço de abelhas. Ap. Bergança.
os enfermos se curão nos livros, e DECURIA. II. A figura de hum
morrem nos leitos; he bem de re X. No Cod. Wisig. L. VIII. Tit. 6.
cear, que estas lembranças não pas se manda, que todo o que achar
sem do papel, menos que a Omni abelhas nas suas arvores, faça nes
potente Mão toque no coração dos tas tres decurias, que vocantur ca
interessados, e os determine, a&# ractéres, E no L. X. Tit. 3. decla
zar da sua rebeldia, a darem a Ce rando , que os marcos, ou balizas
sar o que he de Cesar, e a Deos o devião ser, ou de montes de terra,
• • que
que he de Deos. . -
DE DE 357
} que propriamente são vallados , e sores dos Réos, que hoje dizemos
}*
#
\,
no Latim aggeres; ou de arcas (que Advogados. E nas Leis dos Longo
: #
são pedras , em que re esculpião gran bardos se achão os Tutores dos Or
des , e conhecidas letras) e na falta fãos com o nome de Defensores. No
dos vallados, e arcas, se devia usar de 4o7. já as Igrejas Parochiaes ti
de letras escritas nas arvores, quas nhão seus ###
, ou Advoga
notas decurias vocant E destas De
dos , mas da Ordem Ecclesiastica.
curias , ou figuras de X. se origi Neste anno se determinou em o Can.
nou o costume, que até hoje du IX, do Concilio de Carthago se pedis
ra, de fazer a demarcação de alguns sem ao Imperador Defensores dos Po
termos, e limites com o sinal da bres, que fossem eleitos pelos Bis
Cruz esculpido nas pedras fixas, e pos, e que tomassem sobre si a de
grandes.__. __ •
** ** * . . .
!
358 DE DE
vinos, a fim de que os Bispos fi tudo póde, que de Titulo passe a
zessem
II11SSOS,
multar os negligentes, e re realidade!...
- • -
*
- 802 |
36o DE DE
go, ou era a Collecção das Decre grandemente versado na arte de fin
taes, que fez Bernardo Maior, Ar gir, falsificar, e contrafazer, que
cediago de Compostella, sendo Pon tomou o nome de Isidoro Mercador»
tifice Innocencio III., a qual se cha ou Peccador; (pois ambos lhe qua
mou a Compilação Romana; ou a no dravão) foi o Author das falsas De
va Collecção, que dellas fez Tan cretaes, que se fingírão datadas an
crédo, Arcediago de Bolonha, e sa tes do Papa S. Siricio , de quem
hio com o nome de Honorio III. temos a I. Legitima para Himerio
DEGREDO. II. Alvará, Orde Bispo de Tarragona, datada no de
nação, Decreto, ou Mandato Real, 385. Mas desta supposição se póde
Carta Régia, pela qual se deter ver, além de outros, D. Pedro Coils
mina, que se faça, ou deixe de fa tant in Epist. Rom. Pontif. T. J. in
zer alguma cousa. Daqui o Nosso Prefition. No Testam. de D. Lou
Degredo tão usado por El-Rei D. renço, Bispo de Lamego de 1393
Diniz. E esto nom tenho eu por bem, se diz: It: mandamos as Degretaes,
em elles passarem o meu Degrdo ve e Sexto, e as Crementinas a Gil Vas
lho. Carta d'El-Rei D. Diniz, pa ques nosso Sobrinho, pera que apren
ra que Cavalleiros, Donas, Escudei da. Doc. de Lamego.
ros, e outros, que se chamavão Her DEHONESTAR. Descompor
deiros, e Naturaes não fação pinho alguem com palavras, injuriállo, at
ras, ou tomadías nas cousas, ou rou frontállo. Nó de 1218 confirmou El
pas do Mosteiro de Reciam por Rei D. Afonso II, o Foral que D.
Comeduras, e Serviços, que dizem de Jordão havia dado á Villa da Lou
vem aver no dito Mosteiro. Doc.
rinhã, nelle se diz: Si aliquis de
de Reciam de 131 1. E o Degredo honestaverit aliquem, quantos deostos
Kelho, era outra Carta, ou Alvaiá, ei dixerit , tantos tres solidos cipe
que ali se conserva, de 13o I, que ctet, ó Pretori alios tantos. L. dos
já tinha decretado, o que nesta se Foraes Velhos. Em o Sec. IX., e X.
repete. se achão com frequencia os nomes
... DEGRETAES. Assim chamão Dehonestamentum, e Debonestatio, e
os Canonistas o corpo das Episto o Participio Debonestatus do Verbo
las dos Romanos Pontifices , que Debonesto.
Honorio III. fez ajuntar, e que Greg. DEITAR. Enterrar , sepultar.
IX. fez resumir em hum Volume, Mando a mha carne deitar. Doc. das
depois de muitas Collecções , que Bent. do Porto de 1285.
dellas se tinhão feito. Já no de 494 DELEXAR. Dar, conceder, ou
se chamárão Decretaes estas Episto torgar. Ap. Bergan.
las, como consta do Concilio Ro DELIZ. O mesmo que Diniz,
mano, que então se celebrou. Da nome de homem. •
366 DE [DE
Igreja de Tarouquela; verdade he , ção, que Elvira Pires fez a seu Pri
que no de 1198 se intitula Abbades mo D. Pedro Fernandes de humas
sa na Carta de Venda, que lhe fez herdades, com obrigação de volta
o Convento da Hermida do Casal da rem por morte delle a Santa Maria
Lavandeira, junto ao Mosteiro de de Tarouquella. E além disto lhe
Tarouquella. E isto ainda mais se concede : Omne Testamentum Patris
confirma, por vermos, que no de mei, tam Ecclesiasticum , quam Je
12o1 tornárão a pactar os Herdei culare, ut emparetir illud, & tenea
ros desta Igreja com a mesma D. tis in Comenda... é… profectum illius
Orraca ; que não se observando á Testamenti habeat Sancta Maria de
risca o Instituto , que alli deixava Tarouquella, omnis, qui ibi morave
estabelecido ; elles poderião dar esta rit, five unus sit solus. Bent do Por
Igreja a outra Ordem, que mais ap to. Em huma palavra: esta Mulher
proveite. Religiosa: esta Sanctimonial, e Mon
Sahio pois D. Urraca do Mostei ja das Salzedas : esta Deo-Vota 2 e
ro de Tarouquella , e foi estabele Abbadessa de Tarouquella , e Refor
cer no Mosteiro de Tuyas o Instituto madora de Tuyas: não apparece Pro
de Cister, lançando fóra os Conegos de fessa na Religião de S. Bento antes
Santo Agostinho , a quem sua Mái de 122o, em que se fixou no Mos
D. Thereza Affonso no de 1 165 ha teiro de Tarouquella, até que foi
via confirmado a Dôação, que mui mudado com os mais para a Cida
tos annos antes lhe havia feito. O de do Porto.
tempo , que alli se demorou com Pelos Doc. de Tarouca se vê,
as Religiosas de Cister, não cons que Mendo Eritz: S. Martini de Cam
ta; o que sabemos he, que no de bres Minister, Episcopo Gaudino La
122o recebeo o Véo da mão de D. mecensi, & Parochianis concedentibur,
Pelagio Bispo de Lamego , sendo dimittio ao Mosteiro de Tarouca os
Abbadessa de Tarouquella, e que al Dizimos, que á sua Igreja perten
li occupava o mesmo lugar, quan cião em Mosteirô. Porém no de 1 197
do no de 1231 fez huma Dôação para D. Pedro Bispo da mesma Ci
áquelle Mosteiro. dade dôar a Tarouca os Dizimos da
Pela sua ausencia de Tarouquel Bugalheira , que pertencião a São
la , se acha nos Doc. de Paço de Martinho, não só houve primeiro
Sousa, que o Abbade daquelle Mos o consentimento dos Parochianos
teiro, consentindo nisto os mais Her dessa Igreja; mas principalmente o
deiros de Egas Moniz, consignou fez: Cum consensu Mariae Gonsalvi,
certos bens a Miana Doña Orracha, que preest Ecclesie S. Martini de
e a Monio Ermigiz, e a Miana Doña Cambres. E no de 1 199 já esta Pre
Tharasia, pro vestiario, pro pulmen sidente se intitula Sanctimonial em
tis, Óº pro Infirmaria. E o mesmo hum Prazo, que diz assim: In Dei
Instituto Benedictino ficou tão pou Nomine. Ego Maria Gunsalvi, San
co arraigado em Tarouquella, que ctimonialis S. Martini de Kambres,
parece foi logo aquelle Domicilio uma cum Pontifice Lamecensi, nomina
habitado por alguns poucos Mon ti Petro Menendi, ó Parochianis meis,
ges, segundo podemos colligir por tibi Stephano, é uxori tuae Gontinae
hum Doc, de 12o3: he huma Dôa Pelagii, facimus Kartam firmitudinis
de
DE DE 367
de uno campo, quem habemus in San concedimus; salvo tamen Ecclesiae nos
tto Petro de Touraes, sicut dividitur trae jure: Óº tenearis lege, qua Cle
per Eccleriam, ó alia parte per aream, rici vicinarum Ecclesiarum , Tertias
&º per viam , & c. E a Pensão foi persolventium, tenentur; Óº eidem Ec
dois soldos annuaes Domut B. Mar clesiae, in qua vivir, bene provideas,
tini. Agora pois se Deo Vota he o ó" in obita tuo de bonis tuis Testamen
mesmo, que Sanctimonialis: porque tum facias. Et numquam Fratres tui,
esta Sanctimonial , Prelada daquella qui Patroni dicuntur dictae Ecclesiae de
Igreja, não seria Deo-Vota?... Cambar, aut Successores tui, a nobis
Na Cathedral de Viseu se acha exigant, ut aliqua de genere tuo, si
hum bellissimo Pergaminho origi me beneplacito nostro, in ipsa Ecclesia
nal, partido por A. B. C. sem data, vivat, sicut Óº tu. Si autem forté ali
nem assignaturas, com Letra, Or quod istorum , que praedicta sunt,
thografia, e Latim do Seculo XII., transgressa fueris, Óº terprius monita
exarado no tempo de D. Nicoláo, resipiscere nolueris, quingentos solidos
Bispo daquella Cidade , que sendo nobis persolvas, Óº ab Ecclesia vacua
Eleito nos fins de 1 192 #a3 recedas. •
guem he tratado.
••
DES
DE DE , 371
, DESPEITAR. V. Orden. L. II. decisivo, que dirime, e acaba to
Tit. 2o. Obrar alguma cousa a pe da, e qualquer demanda, ou con
zar , e contra a vontade de al tenda. Doc. das Bent. do Porto de
guem. Daqui : a despeito: a pezar, I337. .
em que lhe peze, por mais que con - DESSFFIAR. Desafiar, provo
tradigão, ou se desgostem. - - car a duélo. Dizendo , que os desr
DESPERÇADOIRO, Vil, bai fiavam , e faziam desfiar os filhos
xo, desprezivel. As cousas desperça d'algo : e porque recrecerom muitos
doiras deste mundo assi as fagesmen omizios, e danos, e mortes. Doc. de
te desperçon. Doc. de Almoster de Pendorada de 1372.
12.87. * * * * •
DESUSODITO. Sobredito, já
DESPERÇAR. Desprezar, ter acima dito, e declarado. Doc. das
em pouco, reputar como vil, e de Bent. do Porto de 1 291. .
nenhum preço. Ib. DESSUU. Parece quer dizer:
DESPERECER. V. Desperescer. todos juntamente , e a cada hum
DESPERESCER. Faltar, mor pro rata , em hum Doc. de Tho
; rer, perder, acabar. Vem do Lati mar de 1321, se diz: Estes Comen
no Depereo. E do que queredes di dadores paguem dessuu essa Colheita
zer (ca-xi-vos chega o tempo) nom todos igualmente; tirado o Comenda
desperesça seu direito a huma parte, dor do Castello de Thomar, que de
nem
1288.4 outra.
* - - Doc. da Salzeda
i . . ( de:.. ve pagar el sob Colbeita; porque lhi.
•
DE DE 373
nação sobre os limites entre as Villas animo de malfazer, devassavão tal
de Alquinicia, e Villa Cova. vez o que estava coutado ; porém
DETERMINAR. Demarcar, isto, era hum crime , que além da
dividir, levantar marcos, e balizas restituição, se punia com o desagra
para separar as fazendas, termos do do Principe, e a pena dos seus Encou
ou limites. No de 938 (Segundo o tor. No de 1 191 havia El-Rei D.
L. dos Testam. de Lorvão N. 33.) o Sancho I. feito Dôação de Couto á
Conde Exemeno Didaz fez Doação Sé de Lamego; cominando a quem
ao Abbade Mestulio , e seus Fra o quebrantasse a Maldição de Deos,
des, de huma Varzea com seu por a ira do mesmo Senhor, e do Rei de
to, sobre o rio Mondego, sicut il Portugal , ao Bispo, e Conegos 5oo
la prendidi pro mea determinatione, soldos, e o dano satisfeito em dobro;
quum determinavi inter Villa Cova, ficando o Couto sempre em seu vigor.
cy Villa, quae dicitur Lauredo, quae El-Rei D. Diniz mandou no de 1299,
est de parte Alquinitia. E por este e no de 1313 , que ninguem de
trabalho, he que tomou a dita Var vassasse este Couto. E constando-lhe,
zea com o seu barco de passagem no que os Juizes de Lamego, consen
Mondego, a que se chamava Porto. tião, e approvavão, que Ricos-Ho
DETRIMINANÇA. Determi mens, Cavalleiros, e Donas pouzas
nação, sentença, decisão. E feito o sem nelle; - allegando huns, e ou
ajuste com as partes, a detriminança tros varias mercês ; o mesmo Rei
será dos Louvados. :" " " … . mandou no de 1314, que os Im
DEVANEO. Desvanecimento, pugnadores do Conto compareces
arrogancia, fofice, apparencia. e º sem, em Lisboa) dentro de 19 dias
. DEVASSAR. Assim chamárão para se lhes deférir como fosse jus
antigamente áquella acção, que dia tiça. Com efeito, persistio o dito
metralmente se oppunha ao coutar, Couto com muitas Confirmações
defender, ou eximir algumas herda Reaes, até que governando em Por
des, Villas, Povos, casas, ou pes tugal Filippe # foi# C
soas: de sorte, # tudo o coutado inteiramente abolido. Não seria te
por Authoridade Real só podia ceder meridade grande dizer que Devas
em beneficio de alguma particular sar vem do Verbo Debarrare: Re
corporação , familia, ou individuo. pagula tollere ; isto he, tirar, lan
Pelo contrario, o que se devassava çar fóra, remover as barras, ou bar
ficava sendo público , e sem Privi reiras, sebes, portas, vallados, ou
legio algum de indemnidade; e ex cancellas, com que as Povoações,
empção. Sabendo El-Rei D. Diniz, ou fazendas se defendião , e res
que algumas Communidades, e mui guardavão ; deixando-as por este
tos Nobres do seu Reino dispotica modo patentes, e expostas a todos.
mente, e sem as devídas licenças do Daqui veio o dizer-se Mulher de
Soberano, havião feito, ou accres vassa , e Devassar-se a mulher: por
centado Honras, e Amadigos; depois aquella que se fazia pública, e de
de miudamente se informar, as fez porta aberta. Fazenda devassa: que
devassar, tornando-as ao seu antigo está exposta a quaesquer animaes,
estado. Tambem alguns particulares, que a damnifiquem. E Devasidão: o
por sua propria authoridade, e com desaforo , e petulancia , com que
al
374 DE DE
alguem se entrega sem reserva a to DEXTIO. O mesmo que Dextror.
dos os vicios , crimes, e excessos. DEXTRARIO. V. Adextrado.
Hoje dizemos Devassa :: não pela DEXTROS. V. Passais.
sentença , que se pronuncia; mas DEZÃO. V. Dozão. …
sim pela Inquirição de testemunhas DEZEMBARGOS. Destes trata
sobre algum crime, ou delicto, que a Orden. L. IV. Tit. 14. in princ.
públicamente se commetteo, ou que DEZENVESTIR. Desapossar,
se tornou público; e tambem por dimittir, tirar, ou largar a posse.
que a Devassa he o meio de se co Metemos em téénça, e corporavil pos
nhecer, e publicar o seu Author. sessom, e desenvestimonos, e envesti
DEVASSO. Deitar em devasso: mos o dito Moesteiro na dita herdade.
o mesmo que Devassar. Outro si: Doc. de Pendorada de 1341.
outorgo, e mando, que o lugar, que DEZEOUTANOS. Dezoito an
chamão Seara do Bispo, e todalas ou nos. Doc. de 128o.
tras Herdades , e Lugares dessa Ei a DHUC. Duque. O Infante vosso
greja de Lamego, que foram deitados tio, que he Dhuc della. Cap. Espec.
em devasso, pela Inquizifam, que foi para Viseu nas Cort. de Lisboa de
feita sobre las Honras, por Pedro 1439. Doc. de Viseu. . .
Martins Priol da Costa, e por Gou - DIA de Foral. Dia da Audien
falo Rodrigues Moreira , e por Do cia, em que se julgava, e dicidia,
mingos Paes de Braga, que sejam , e segundo o respectivo Foral. Feito
tornem em aquelle estado, que eram, foi na Villa da Feira , nas casas de
ante que essa Inquizifam fosse feita: Dominge Annes de cima de Villa, ú
e Eu assim os torno. Composição ami o dito juiz fazia o Concelho, e sia ou
gavel d'El-Rei D. Diniz com o vindo os preitos em dia de Foral. Doc.
Bispo, e Cabido de Lamego no de de Grijó. * . .
ter e seis até sete palmos de alto, - Com efeito conquistada Lisboa
e ser lançada a cavallo de boa raça. no mesmo anno, e restaurada a sua
Cort d'Evora de 1481. Cathedral ; D. Gilberto , e o seu
EGREJAIRO, e Igrejairo. Tu Cabido pertendião, que os Templa
do o que pertence a hum certo nú rios lhes dimittissem todo o Egre
mero de Igrejas, ou seja o Direi jairo de Santarem, como Riº da
to de apresentar os Parochos, ou o quella Diocesi: então o el para
Privilegio de receber os Dizimos, satisfazer a todos, em Fevereiro de
ou alguma porção dos fructos. No 1159 dôou aos da Ordem do Tem
de 1324 Affonso Martins, Cavallei plo o Castello de Ceras, com todo
ro da Teixeira, fez desistencia da o seu largo Ecclesiastico, (que faz
posse da Pousa, e outros Direitos, hoje o Izento, ou Nullius de Tho
# tinha no Mosteiro de Pendora mar) e ficou o Bispo de Lisboa com
da : Salvo Testamentos, ou Egrejai as Igrejas de Santarem, menos a de
ros. Doc, de Pendorada. Aqui se fa Santiago. No mesmo mez, e anno
zem Synonymos Testamentos, e Igre o dito Bispo, e seu Cabido renun
jairos , porque das Dôações feitas ciárão a todo o Direito Episcopal,
ás Igrejas, he que deduzião os Pa que tinhão , ou podessem ter na
droeiros, o seu bom, ou máo Di dita Igreja de Santiago , e nas do
reito de dispôrem dellas a seu ar # de Ceras, excepto 5 soldos
bitrio. Em hum Doc. de Thomar annuaes pela de Santarem, e por #
4 - . • * . * (1/2
?
* - -
EG EI 39 I
# da huma das de Ceras ; se com ef EIGREGA. Igreja. Prelado da
: feito se provasse , que o Territo Eigrega de San Pedro de Castro Rei.
1# rio de Thomar algum dia perten Escambo de huma vinha, na qual
#
cesse ao Bispado de Lisboa. Assim se fundou a presente Villa de Ta
S:
consta dos Originaes de Thomar. rouca no de 1273. Doc. das Sal
!, º
No Tombo # Mosteiro de Cas zedas.
*$, !
…)"
tro de Avellás de 15 o I se toma Igre EIRADÉGA, Eiradíga, e Hei
jairo por huma pequena Igreja, Ca radêga. Certa Direitura , ou Fora
#
pella , ou Oratorio , que desde os gem, que além dos oitavos, sextos,
principios da Monarchia Lusitana Jugadas, ou outras principaes Pen
se disserão tambem Igrejó, Grejó, sões , os Emfiteutas , ou Colonos
ou Eigrejó, e para com os Latinos costumão pagar em algumas partes
Ecclesiola. Doc. de Bragança. ao Direito Senhorio. E posto que
fºr
#{
EI. Eu. Mas se ei for para Mon a Etimología desta palavra pareça
dego. Carta de Egas Moniz do Se vir de Area, ou Eira, e conseguin
culo XII. temente persuadir nos , que seria
EIBITRAR. Eibitratorio. Eibi Foro , que só dos fructos seccos,
trio. Arbitrar, arbitratorio, arbitrio, e debulhados na eira se pagava; os
com os outros seus dirivados. muitos Documentos em contrario nos
EICHAO , Eicham , Eychão, persuadem, que tambem se pagava
Ichão , e Uchão. Com toda esta Eiradiga de linho, e vinho (que em
diferença se acha escrito o nome outros se chama Lagaradiga, do la
deste Oficio da Casa Real , que gar em que o vinho se faz..) No
consistia em apromptar a tempo, e Foral da Villa do Botam de 15 14
horas tudo o que pertencia á Ucha se declara; que chegando o lavrador
ria Real , como peixes , carnes, a colher oito almudes de vinho, paga
pão, frutas, doces, &c. E o que rá hum almude de Eiradiga: não che
tinha este Oficio era com toda a pro gando a oito almudes não pagará na
priedade hum Despenseiro. V. Ucha. da. Passando porém dos oito almuder,
EIDAYA, Idanha. V. Garda. Em pagará I4 méas , que são dois almu
hum Prazo de S. Vicente de fóra de des , menos duas méas. Igualmente
129o, que he da Aldêa de Pousade, se declara ; que a Eiradiga de tri
se diz: Damos a vós D. Martim Gil, go são tres alqueires pela medida cor
e a vossso filho Martim Gil a nossa f'e/112. •
Tom, I, "Dia EM
394 EM EM
EMBOLHAS. Terbolhas, Tre se fizerão depois de 1611. E quan
bolas, e Trebolhas. Bottas de vi do se prove o Comisso, deve o Di
nho, muito maiores que odres, fei reito Senhorio renová-lo a algum pa
tas de couro, cada huma das quaes rente do ultimo possuidor dentro de
carregava huma bêsta cavallar, ou anno, e dia.
muar, e outras havia, que levavão ÉMENTAIRO. Inventario, rol,
tres quartos de huma pipa, e só em indice, ou elencho de todas as pe
carro podião ser conduzidas. Os Re ças, que pertencem a huma heran
Jegueiros nom queriam se vendesse vi ça. Ainda hoje se diz Ementa , e
nho em tonel, nem em taalba, re lhe Ementar, o costume de encommen
ante nom desse algo: e que o aviam darem os Parochos as almas dos seus
de vender nos odres, ou nas embolhas. Freguezes defuntos por hum rol,
Cap. Espec. de Santarem. No Fo que tem na mão, para que lhes não
ral, que El-Rei D. Afonso Henri cahião da memoria os seus nomes.
ques deo a Barcellos se determina, Achou-se por Ementario, que lhe per:
como o Senhor desta terra póde usar tencião dez massucas de ferro. Doc.
das bêstas, e cavalgaduras dos seus de Moncorvo de 14o7.
moradores; acautelando porém, que EMINA, ou Hemina, I. Medi
Non aprehendat eis suas terbolias, nee da de líquidos, que constava de hu
suam liteiram, sine grato suo. L. dos ma libra. Duas Eminas fazião hum
Foraes Velhos. Em hum Doc. de Sextario : dois Sextarios huma Bili
Pendorada de 13oy se diz: Suatis bra , a que os Gregos chamão Ce
omnes utres, & trebolbar, tam Fra niz. Sinco Sextarios fazem hum qui
trum, quam Cellarii. Daqui se vê, nal, ou gomor. V. S. Isid. Cap. XXVI.
que o Convento tinha a sua adêga Etimolog. de Mensur. & Papiam L.
separada da do Cellareiro , perten Q, de Quinari. Segundo Aulo Ge
cendo a deste á Meza Abbacial. E lio a Emina dos Romanos continha
logo no de 1329 se acha outro Doc., meio quartilho. Na Religião de São
em que se lê: Cozerdes vos os odres, Bento pelo antiquissimo nome de
e as trebolas do Mosteiro, e dos Frades, Emina, ou Ema, se entende a me
tambem vos, como vosso filho, se for dida de vinho, que se dava a cada
fapateiro. Ibidem. hum dos Monges, assim ao jantar,
EMBUIZAR. Atochar , embu como á cêa , e cada huma destas
tir. Das cintas do costado meyas emi Eminas , dizem, consta de 38 on
buizadas. Barros, Doc. 2. f. 45. da ças de vinho. Mas não he assim a
primeira Edição. Col. 1. Emina dos Medicos ; porque, con
EMCOMISSADO. O que tinha forme Galeno , duas Erminas não
cahido em Comisso. V. Emcomissar. são mais que nove onças. Como quer
EMCOMISSAR. Cahir em Co que seja, depois de muitas, largas,
misso, faltando ás condições do Pra e eruditas Dissertações da Hemina do
zo, que o Emfiteuta era obrigado a vinho, e libra do pão, que S. Bento
cumprir, sub pena de o perder. Ho prescreve na Santa Régra Cap. XL.,
je se antiquou este termo da nossa para sustento diurno de cada Mon
Jurisprudencia antiga ; não se po he; ainda ficamos na dúvida sobre
dendo consolidar já mais a Dominio a quantidade desta medida. O dizer
Directo com o util nos Prazos, que que a Emina variava , segundo os
Pai
EM EM 395
Paizes, em que os Mosteiros se em-º ; em-a, ou no, na Doc, das
achavão, he o meio de conciliar as Bent. do Porto de 133o. -
Ddd ii Ha
396 EM EM
. . Havia-as em todo o Reino. Só ra, e onde ao tempo residião Cone
com licença dos Bispos se eximião gas Regrantes de Santo Agostinho,
.da obrigação da Missa, depois que desde o tempo do Bispo do Porto
esta foi de preceito, e se arrojavão D.Pedro Rabaldis; (como largamen
a huma tão horrorosa penitencia, te demostra o laborioso, e exactis
mas em tudo livre , e voluntaria; simo D. Bernardo da Encarnação
ou fosse para expiar as culpas com na sua Memoria, ou Descripção do
mettidas , ou fosse para conseguir Real Mosteiro de Santo Agostinho da
as altas recompensas da innocencia Serra do Porto, onde castiga a D.
castigada. Das Emparedadas de Lis Nicoláo, por haver introduzido na
boa, Santarem, e de Coimbra tratão Provisão do Bispo D. Fr. Balthasar
largamente Fr. Luiz de Sousa, D. Limpo, a lembrança das Donas de
Nicoláo de Santa Maria, Cardoso, S. Nicoláo, que ao dito Bispo nem
e outros. Em Lamego havia huma ao menos pela lembrança lhe pas
no de 1246, como consta do Tes sou) ficavão sim na Ferraria de ci
tamento do Bispo D. Pelagio, que ma, onde hoje está o Hospital da
lhe deixou dois alqueires de pão: Senhora da Silva. Doc. do Cabido
Mulieri porte Clause duos modios. No do Porto.
de 1288 havia ali mais do que hu . Do Livro Velho dos Obitos de Vi
ma; pois no seu Testamento, diz seu, a 5 de Janeiro, consta, que no
o Pórcionario da Sé de Lamego, Vi de 1313 faleceo naquella Cidade
cente Martins : Inclusis de Lameco Margarida Lourenço , que deixou
unam libram. E o que mais he, den ao Cabido seis soldos, impostos na
tro do Claustro da Sé da mesma Ci Sua casa da Ribeira , que de hu
dade houve huma Emparedada, por ma parte confrontava com a Empar
nome Margarida, Afonso, que fa deada. E esta mui provavelmente foi
leceo no de 1419, a qual deixou a contemplada em hum Testamento
ao Cabido hum calix de prata So de Masseiradão de 13o7, no qual se
bredourado, e huma pequena bacia acha esta Verba : Mando áás Con
tambem de prata, com obrigação frarias de Visco cinqui soldos , e dá
Euparedenada. •
EN,
4oo EN" EN
EN, prop. Corresponde á propo ENCAMINHAR.I. Ordenar, es:
sição Latina In. V. g. Em nosso Cou tabelecer, consignar. O dito Senhor
to: em o nosso Couto. En logo: em lhes bordenára quantos homeens, e mo
lugar. Em como: assim, e da manei lheres , e bêstas traróm, e assi lhes
ra que. Em ele : em elle, ou nelle. encaminhará tal mantimento, porque
He frequentissimo no Seculo XIII., possam soportar a custa, que lhes assy for
e XIV. # bordenada. Cortes de Lisboa de1434.
- ENADER. V. Emader. ENCAMINHAR.II. Querer, ou
ENALLENAR, Alhear, fazer permittir. E elles façam pela minha
passar huma fazenda, ou qualquer alma , assim como Deos encaminhe,
outra coufa de hum Senhorio a ou que façam pelas suas.
tro, por troca , doação , venda, ENGANTEIRADO. A. Assen
da de 1292. &c. Doc. de Pendora te, arrimado, e posto ao canto do
transacção, •
Eee ii EN
4O4 EN EN
ENSANHAR. Enojar-se, en huma Lei. Dizendo, que nor, he tal
cher-se de sanha, e cólera. o entendimento delle: e que porem nos
ENSEJO. Occasião , motivo, pediam por mercéé , declarassemos o
força , impulso. He palavra origi dito artigo. Doc. da Cam. do Por
nariamente Portugueza. Ainda ho to de 1395.
je dizem na Beira Ensejar, por dis ENTENIDUDO. Entendido, sá
por , occasionar, preparar alguma bio, discreto, experimentado. Teve
COüS2. rom por razom os entendudor , que
ENTEJAR. Aborrecer, ter aver diserom : que moor siso era , querer
são , desapprovar. Daqui homem defender o que ha , que que
ENTEJO. Aversão , odio, des rer gaanbar o que outrem teem. Cor
afeição de alguma cousa, ou pes tes de Lisboa de 1434.
soa. Ainda Sá, e Barros usão des ENTENSSOM. O mesmo que
tas palavras, que se achão nos Doc. Entença. V. Exquisa.
de Tarouca do Seculo XIV. O vul ENTRADAS. Assim se chamão
go ainda diz: Entojo, teiró, grima, nas Inquirições Reaes de 122o as
e merancória no sentido de Entejo. limitadas pensões, que se pagavão
ENTENÇA. Demanda, causa, de alguns Casaes, em cujas rendas
questão, que se deve terminar por entravão outros Senhorios. E dalli
sentença do Magistrado, controver entrarem v. g. os Templarios, os da
sia, discordia, acção, accusação. Ordem do Hospital, & c. se disse,
De Intendere, contender, ou litigar que elles tinhão alli sua Entrada,
se disse Intentio: toda, e qualquer ou Entradas. Não se me esconde, que
acção judicial, e Intentionare: mo Du Cange V. Entrata faz a Entra
ver a alguem alguma demanda. Tam da Synonymo de Parada, ou Jau
bem se disse Intentio, (que alguns tar; porém se no Documento, em
lêrão Intemptio) por accusação, ou que se funda , assim se entende;
acção em Juiso, in Leg. 4. Cod. Th. em as Inquirições, que adduzimos
de Famosis Libellis, e n'outras Leis só no sentido proposto se podem
Imperiaes. No Foral de Bragança entender semelhantes Entradas. Vid.
de 1187, e traduzido em Portuguez Hist. da Ord. do Hospit. por Figuei
no de 1281 se diz: Mulher viúda, redo T.I. S. III, e seg.
que com algum ome, que nom for da ENTRAMEN. Entretanto. Doc.
vossa Vila morador , ouver entença, de 1292.
em vossa Vila aia sujoizio, Doc, de ENTRAMENTO. Entrada, por
Bragança. Porém no L. dos Foraes ta por onde se entra. Doc. do Secu
Velhos, onde se conserva em La lo XIV.
tim, se lê deste modo: Mulieres vi ENTRAR. Obrigar-se, compro
duae, quae cum aliquo homine, quinon metter-se. Eu prometto , e entro, que
sit vestre Ville morator, intentionem dé, e pague em cada huum anno dez
ibabuerint, in Villa vestra babeant suum libras sempre por dia de Entrudo ao
judicium. V. Intenção. Prior , e Convento de Villella. Doc.
ENTENÇAR. Mover pleitos, deste Mosteiro de 13o8.
contestar demandas. V. Entença. ENTREGADAMENTE. Fiel
* ENTENDIMENTO. Intelligen mente , sem falhas, nem diminui
cia Passiva, o verdadeiro espirito de ção alguma. E vos devedes a darfalF
•
es
EN EN 4O5
ras cousas bem, e entregadamente, e Damno , perda , desgraça , reixa,
nom chus. Prazo das Salzedas de 1295. dissensão, queixa, guerra, conten
ENTREGAMENTE. Inteira da. El-Rei D. Diniz fez avivar os
mente. Do Latino Integré. limites entre Moncorvo , e Moz,
ENTREMENTES. O mesmo no de 1 3o9. Para que bums, e ou
que Entramen. tros vivessem em paz, e sem eyxequo.
ENTROYDO. Entrudo, tem Doc. de Moncorvo. Nos Doc. de
po do Carnaval , que por ser en Lamego se chama Enxeco, e Eixe
trada para a Santa Quarentena se co, apena, ou multa, que algum
chamou Entroydo, quasi ab Introitu pagava por ser chegado, ou citado
Doc. de 14o2. per ante o Juiz. V. Yxeco.
EN UNO. Juntamente, de mão ENXEROUA, e Enxerca. Car
commúa , e o mesmo que Emsem ne de enxerqua a que se vende fóra
bra. Corresponde ao Latino una, ou do açougue , e a olho , ou talvez
insimul. Doc. de Bragan. de 1281. de chacina, e salmoura. No Foral
V. Pobradores. que El-Rei D. Manoel deo a Pe
ENVEREAMENTO. O mesmo nadono no de 15 12 se diz : E da
# /ereação, ou Oficio de Verea carne , que se comprar de talho, ou
or. Consta do Foral antigo de San enxerqua, não se pagará nenhum di
tarefTl. •
*
Lº de sorte, que no presente anno de Inundadas as Hespanhas pelos
1795 , segundo a Era vulgar, são Sarracenos, continuou a Era de Ce
verdadeiramente 179o da Era Chris sar nas Escrituras dos Hespanhoes;
tã , ou do Nascimento de Jesu mas quando figuravão nellas princi
Christo. palmente os Mouros, ordinariamen
Quatro annos justos depois que te erão datadas pelos annos da Egi
Julio Cesar foi morto no s## ra, que segundo a opinião mais
no anno 467 r do Periodo de Ju bem fundada succedeo em o anno
liano, 71 1 da Fundação de Roma, de Christo 622 em a noite de 15
e 38 antes que Jesu Christo nas para 16 de Julho; e daquelle mez,
cesse de Maria Virgem feito ho e dia he que os sequazes de Ma
mem, he que principiou a Era Hes foma começão os seus annos, ou a
panhola, por occasião da notavel mu Epoca do seu Imperio. Mas he bem
dança do Governo, que naquella para notar, que os Mouros de Por
idade, tempo, e anno aconteceo tugal algumas vezes chamárão Era
nesta Peninsula ; cabendo a Octa á sua Egira. Já hoje não temos os
Viano Cesar todas as Hespanhas, na Documentos Arabigos , que Brito
\
I1OS
Ao8 ER. ER
nos accusa, como existentes em seguinte, corria já o anno 1o f9 de
Lorvão , (nem ali se descobre al Christo, segundo a Egíra; mas ain
gum vestigio, que nos persuada, a da não tinha despedido o anno de
que algum tempo existissem. ) Com ro 18, que os Hespanhoes contavão,
tudo no L. dos Testamentos do mes desde o primeiro de Janeiro.
mo Mosteiro , se achão duas Cartas Mas aqui incidentemente, e pa
de venda feitas a Lorvão, e datadas ra ajuisarmos de outros semelhantes
pela Era Mourisca. A 1º, que se Documentos , que em Lorvão se
acha no dito L. N. 9. he de huma conservão desde o tempo, que es
grande fazenda em Villela , não te Mosteiro foi de Monges; se ad
longe de Coimbra, feita pelo Mou virta, que ali se acha hum antigo,
TO # Iben Giarah Aciki ao Pergaminho, copiado *# ve
Abbade Dulcidio, e seus Frades por zes em pública fórma : delle mes
2o soldos Kazimos: E. CCCCVII, Men mo consta que não he a Carta Ori
se Ragiab. (Isto he em Maio de ginal ; mas sim hum, Relatorio,
1 o16) segundo a reducção, de que composto das forças do Original des
se tratou VA. Egíra. A 2.° se acha ta compra. Não foi isto, senão de
N. 15: he da quinta do Botam, que pois que os Sarracenos forão ulti
o Mouro Oborrós fez ao dito Mos mamente expulsos de Coimbra. En
teiro , sendo Prior Fr. Arias, que tão para memoria lhe interpolátão
lha comprou pro una equa apoldrada, varias declarações, como as seguin
Foi isto: E. CCCCX, secundum Reg tes: De predicto Mauro Aborroz (iu:
num Arabum: secundum autem Roma tempore quo Mauri Colimbriam rege
#mor. E. M. LVI. Esta não tem mez. bant.)... Et de hac venditione Car
Por ella se manifesta que foi feita tam coram idoneis testibus Ismaelitis
na Era, ou Egíra 41o, que corres (ut tune mos erat) & scribere jus
ponde ao anno de Christo 1o 19; sit, & manu propria roboravit. An
correspondendo a Era dos Romanos no (secundum Egiram Arabum) E.
ao de Io18. (Chamão-se os Hes CCCC.ºX.º: secundum Eram Romano
panhoes Romanos; porque ainda con rum, Mº Lº VI.º
servavão não só a Religião Roma Os Hespanhoes nem sempre co
na , mas tambem grande parte da meçárão as suas Eras, ou annos de
Lingua, e costumes dos Romanos, 25 de Dezembro, a que chamavão
que primeiro forão Senhores deste o Anno da Graça, ou do 1.º de Ja
aiz..) Nem deve causar dúvida o neiro, que disserão Anno da Circum
achar-se diferença em hum anno; cisão , para regularem o Anno do
porque não tendo já hoje o seu Ori Nascimento do Senhor, como fize
nal, pôde mui facilmente o Escri rão os Irlandezes, Inglezes, Alle
tor accrescentar , ou diminuir hum mães, Italianos, Chipriotas, e ou {
número em alguma das Eras; co tros. Os Francezes mesmo, que só #
mo se achão algumas outras do di no tempo de Carlos Magno adop
to Livro, cujos erros se convencem tátão o costume de Roma, ainda
por alguns Originaes , # ainda algumas vezes fazião distincção en
em Lorvão se conservão. E quando tre Amo Solar, ou Usual, e Amo
isto não fosse; diremos que era pas Lunar, principiando este no 1º de
sado o meio de Julho, e por con Março, e aquele no 1.º de Janei
fO ;
ER. ER 409
ro ; e mesmo não tiverão unifor populavit omnis populus quisquis ruam,
midade no seu computo Ecclesias vel alienam haereditatem. De ista Era
.tico; seguindo huns a Dionysio, que indenante vocaverunt illa Ecclesia San
o fixára em 25 de Março; contando cto Stephano. Correo o Pleito peran
outros do dia da Paixão, outros do te Egas Ermigiz, e ultimamente
dia de Pascoa , e outros em fim to foi levado a D. Sesnando, que man
mátão os dias da Encarnação, da Na dou ás partes fizessem certo o que
tividade de Jesus Christo , da Pai afirmavão : D. Guntina disse , que
xão , e da Pascoa , como Synony a Igreja sempre desde o seu prin
mos do 1.º de Janeiro, em quanto cipio se chamára Santo Estevão , e
Carlos IX. no de 1564 não tirou to nunca Santa Maria ; afirmando os
das as diferenças entre os seus vas Monges, que chamando-se, primei
sallos, estabelecendo por Lei a Era ro de Santa Maria , tomára depois
de janeiro ; como se póde ver em a Invocação de Santo Estevão. Ulti
Du Cange V. Annus, e Aera. Esta mamente se tratou a causa na pre
variedade de França tambem fez al sença de hum grande Concilio, pre
uns leves progressos em a nossa sidido pelo Commissario do Alva
# , além dos que se achão sir , Cidi Fredariz, VII. Idus De
em toda a Hespanha. •
cembris E. M. C. XXVIIII., e se de
".
Fff - 1T14
41 o ER ER.
ma herdade em Quintella de Bayam, rém nenhum Instrumento, ou qual
em Maio E. M. CC. IIII. Civita quer memoria de huma fé indubi
te Elhora, Óº quando fuit ablata. tavel nos resta, que havendo prin
Mauris. Doc. de Lamego. II. A cipiado a sua Data por Era, con
venda de humas Pesqueiras na Con tinúe as Notas Numeraes por An
tensa , e no rio Douro, feita por no do Nascimento, antes de 1422,
Egas Affonso ao Mosteiro das Sal em que se estabeleceo por Lei, que
zedas. E, MCCXXVII. Regnante Re abandonada a Era de Cesar, se datas
ge Santio in Portugalia, quinto Reg sem todos os Instrumentos públicos
ni ejus anno incipiente, quando capta pelo Nascimento de N. Senhor Jesu
fuit Civitar Silvis, translato de Por Christo. E então diremos, que he
tugaiensi Episcopatu in Bracharensem An, do Senhor a Era de MCLII., que
Metropolim Mart. Archiepiscopo, Sede se acha no juramento d'El-Rei D.
Lamecensi vacante. Doc. das Salze Afonso Henriques?... Não nega
zedas. IlI. Em fim , nas duas Ins mos, que Morales, ignorando o va
cripções que já correm impressas, lor do X, plicado , se persuadio,
huma na Torre Quinaria , que já que em muitos Documentos de Hes
não existe, e outra na da Estrella, panha se tomava a Era de Cesaar por
que ainda permanece, se acha não Anno de Christo: depois disto Ber
só a Era de Cesar, mas tambem a ganza L. II. Cap. VIII. foi do mes
Epoca do Reinado de D. Sancho I., e mo parecer. E com efeito na Hes
a da Conquista de Coimbra por El pan. Sagr. Tom. II, pag. 34., e Tom.
Rei D. Fernando, o Magno. Verda III, pag.28o, e particularmente Tom.
de he que ambas estão erradas em XXXVIII, pag. 1., se nos oferecem
fixarem a tal Conquista no de 1o64 alguns poucos Docum. até o Sec.
estando já averiguado, que ella foi XI., que assim o persuadem: po
no de Io58. • }rém com isto se compadece , não
Alguns poucos Documentos anti se achar em Portugal Doc, algum
gos , e originariamente Portugue legitimo do Sec. XII. , em que a
zes, se achão datados pelo Anno do Era se tome por Anno do Senhor.
Senhor: alguns ha, em que se acha Nem contra isto faz a Carta de Ven
a Era de Cesar, reduzida ao Nasci da á Confraría do Mosteiro de São
mento de Christo, ou Encarnação do Pedro de Coimbra , datada Anno
Senher , rebaixando constantemente ab Incarnatione Djii Nostri jesu Chris
38 annos. Disto se poderião addu ti E. Mº Cº Lº VIIII., que he anno
zir muitas provas: bastará porém a de Christo 1 159, correspondente á
Dôação do Couto da Sé do Porto Era 1 197; pois a Era aqui bem cla
feito pela Rainha D. Thereza a D. ramente se explica pelo Anno da En
Ugo , Bispo daquella Cidade: E. carnação. - Docum. de S. Pedro de
M. C. LVIII. Anno Incarnationis Do Coimbra.
minicae M. C. XX. E aqui se vê co Depois daquelle anno de 1422 se
mo chamavão Anno da Encarnação ao achão Escrituras innumeraveis , em
Anno do Nascimento , que começa ue os Tabelliães, e Notarios con
no dia da Circumcisão ; não obs undírão a Era com o Anno, dizen
tante haver sido a Encarnação a 25 do : Era do Nascimento & c.; ou tam
de Março do anno precedente. Po bem pozerão ambas as palavras ver
da
ER ER 4 II
dadeiramente Taballioas. V. g. Na No Foral que El-Rei D. Afonso
Era do Anno do Nascimento &rc. NaHenriques deo á Villa de Moz no
IReforma , que D. João de Chaves de 1 162 , que alli se guarda Ori
deo á execução no Convento de ginal, se diz: Et nom responda sem
Thomar de 1449 sendo Bispo de . rancurosu in nulla Calumpnia ; ergo
Viseu, (havendo-se passado a Bul a furtu descuberto , Óº a rouxu, #
la para ella por Eugenio IV. no de ad omicidio. Acha-se esta palavra na
1434 , sendo Bispo de Lamego) mesma significação em alguns Doc.
se conclue o Instrumento deste mo do Seculo XIII., e XIV. em Lin
do : Datum secunda die Octobris, gua Vulgar, de que a Latina da
in Thomerii Conventu. E. MCCCCXL, quelle tempo em pouco se diferen
IX. Incarnationis Domini N. Jesu çava. ...º
Christi. ERGO. II. Mas. Manda certo
Dizer agora, se, depois de esta Testador algumas alfaias para servi
belecida a dita Lei, o Anno se con ço de huma Capella, e prohibe es
tava de 25 de Dezembro , se do treitamente, que ninguem se apos
primeiro dia de Janeiro, eu o não se dellas , Ergo, que sempre sirvão
sei. Em hum Doc. de Tarouca, (e a essa Capella. Doc. do Sec. XIV.,
outros alguns) se diz assim: Saibão ERGO. III. Pois. Se ergo os se
quantos este Instromento.... virem, melhantes costumes são causa de amor,
que no Anno do Nascimento de Nosso & c.
Senhor Jesu Christo de mil e quinhen ERIUDO. A. Levantado, ergui
tor, e noventa e seis annos, por ser do, posto a prumo. Por Padroens cer
passado dia de Natal: e Anno de mil tor , que bi forom postos , e eriudos.
e quinhentos, e noventa e sinco, por Carta d'El-Rei D. Diniz, pela qual
não ser entrado dia de janeiro , aos dá ao Mosteiro de Tarouca a Vil
la de Sande , e outros bens, pela
31 dias do mez de Dezembro, Óºc.
ERAZEGE. Herança. Vendo a terça parte da Villa de Aveiro, que
vós quanto berdamento, e erazege , e d'antes era do dito Mosteiro , no
testamento bei nesse Logo. de 13c6. Doc. de Tarouca.
ERDADOR, e Herdador. Her ERMEYRMHOS. Acordes, de
deiro , o que succede na herança hum mesmo animo, vontade, e pa
} Testamento , ou ab intestato. recer. No de 1292 se fez huma Car
He do Seculo XIII., e XIV. ta de Venda, em que se lê: F. F.
•
* * **
…º ES ES 415
Espadim o valor de 3oo réis, sen luvas, e pantoneiras; huma cinta de
do d’ouro.) Igualmente fez bater prata, e huum esquiro lavrado, Doc.
Espadins de cobre prateados com o va de Pendorada de 1359. Se de todo
lor de quatro réis. me não engano por Esquiro se en
ESPANDIDURA. Espaço, ex tende Campainha, que na Baixa La
tensão de alguma cousa, ou lugar. tinidade se disse Esquilla, Schilla,
Vem do Latino Expando. Skella, Schela, e Skilla. Não só das
ESPANDUDO. Estendido. azemolas , e bêstas de carga, mas
ESPARGELADO. OS. Derra ainda das outras cavalgaduras, era
mado, espalhado, esparzido. proprio o Esquiro, que em algumas
ESPARGELAR. Derramar, es Provincias de França se chamou Er
parzir, espalhar. quilo, Esquileto, e Esquilou. Em hu
ESPASSAR. V. Espaçar. E vós ma casa tão rica, como do tal Docu
espassadºs moito, ante de vir ad Cor mento se infere, que muito houves
te. Doc. do Sec. XIII. -
se huma campainha lavrada?... Não
ESPEITAMENTO. Oppressão, SC IllC #, que tambem por
arrasto, vexame, que a alguem se Esquiro se poderia entender a Bol
faz por occasião de ter espiado, es fa do dinheiro, e tambem a Bolça
preitado, ou maliciosamente inqui para isca , e fuzil , da palavra Es
rido as suas particulares acções. V", quéro , que em Hespanhol tem os
de Espeitar.
5. Art. VI. V. Cod. Alfons. L.II. Tit.
|- •
mesmos significados; e ainda mesmo
de Esquilar, e Esquilmo , que sig
ESPEITAR. Arrastar, vexar, nificão Tosquiar o gado, e Torquía,
opprimir; espreitando para este fim poderiamos dizer, que Esquiro erão
os passos , e acções alheias. Nas Tizouras ; porém como na mesma
Cortes de Santarem de 1361. Art. Lingua Esquila, e Esquilon se tomão
43. se diz: Se os Meirinhos, ou ou por Campainha,
nosso Esquiro. isto dizemos ser o
• -
Lourenço, Conego em a Sé de La -
\
432 FA FA
mando corpus meum sepeliri in Domo que lhes lançava o Prior, em cujas
de Salzeda; quia Abbas, Óº Conven mãos promettião no mesmo dia Obe
tus receperunt me pro una de tribus diencia, Pobreza relaxada, e castida
Familiaribus : & ideo tam corpus, de conjugal, como hoje professão as
quam quidquid habuero sine contradi Ordens Militares. E que esta Or
ctione in obitu meo mando Domui de dem fora para os Illustres, e No
Salzeda. Et ipsi Fratres tenentur fa bres, como para os primeiros Reis,
cere prome, tamquam pro uno de suis e Rainhas de Portugal, e Grandes
Fratribus. L. das Doaç. a f. 6o. Des da sua Corte, e que dois dos sin
te, e d'outros Doc, que alli se con co Reis Mouros , prisioneiros no
servão, se manifesta, que os Fami Campo de Ourique, havendo-se ba
liares do número erão seis, tres ho ptisado, forão deste número. Porém
mens, e tres mulheres; sendo in a verdade he que S. Theotonio não
numeraveis, os que tinhão ração, instituio tres Ordens distinctas, mas
quando vinhão ao Mosteiro; ou que sim tres gráos da mesma Reforma;
só participavão das boas obras; ou não sendo os que elle chama Ter
que alli se mandavão sepultar ; ou ceiros, e Terceiras, outra cousa mais
que recebião vestido, e sustento, que Irmãos, ou Familiares da Or
e sepultura, trabalhando as mesmas dem, que latissimamente se chamão
terras, que por sua morte lhe dei Conegor , e Conegas em os antigos
xavão. Em huma palavra, não ha Monumentos. O A. das Memorias
via Familiar, que não désse ao Mos para a Historia d'El-Rei D. Jcão I.
teiro mais, ou menos; e á propor faz a mesma distincção de Conegas;
ção do que dava , assim pensava mas nem hum, nem outro nos obri
receber, mas nada de graça. gão a dizer, que S. Theotonio fo
Porém não só os Monges, tam ra primeiro que S. Francisco na Ins
bem os Conegos Regrantes de Por tituição da Terceira Ordem: só nos
tugal, abundárão destes Familiares, convencem de que eles erão Fami
ou Donatos de todos os Estados, e liares da Ordem na fórma, que en
ambos os sexos. D. Nicoláo de San tão se praticava, e era corrente em
ta Maria na Chron. da Ord, dos Co toda a Monarchia.
neg. Regrantes expressamente nos af Que ?... As mesmas Ordens Mi
firma, que S. Theotonio além da pri litares não ficárão isentas dos seus
meira Ordem de Conegos Emclaus Oblatos , ou Familiares de ambos os
trados , e da segunda que dizião sexos. Bastará reproduzir agora uni
Obedienciarios, que vivião fóra do camente a dos Templarios. Desde
Claustro em quintas , Granjas, ou que esta Ordem entrou neste Rei
Igrejas annexas, ou talvez nas suas no até os fins do Sec. XIII, temos
proprias casas com licença do Prior; nós em Thomar grande copia de
reputando-se propriamente como Instrumentos, que nos informão de
Leigos, e Conversos: instituíra hu que hon e mulheres, solteiros,
ma Terceira Ordem , ou Estado de e casados se alistárão por Confrades,
Conegos, que, diz elle, chama Familiares, ou Donatos nesta Mili
vão Terceiros, e trazião por habito cia. Humas vezes são chamados Fra
hum bentinho de linho de hum pal der, outras Confrades, e outras qua
mo de largo, e tres de comprido, si Frades. Muitas Senhoras Nobres,
, …
FA | FA 433
ficando viuvas, se mettião Fradas, anciosos desejos, que o devoravão,
ou Fratrissas do Templo. Estas fa de salvar a todos, lhe subministrá
zião Prazo de alguma Fazenda da rão meios para conseguir empreza
Ordem para sua subsistencia; mas tão remontada. Depois de instituir
sempre debaixo da inspecção dos a 1.", e a 2.° Ordem com todo o
Mestres, ou Prelados, a qual não rigor da perfeição Monastica; reu
podião trocar, vender, ou de qual nindo em hum só ponto de vista,
quer modo alienar sem licença del e a Santificação propria , e o zelo
les. E por sua morte ficava esta Fa da salvação alheia: Ele se propõe
zenda livre á Ordem , como tam fazer Religiosos a todos os Fiéis. Con- -
bem a que elas ordinariamente ti vém a Sé Apostolica neste projecto,
nhão; parte, se tinhão filhos; e to e approva sem demora a Veneravel
da , se os não tinhão. Com efeito Ordem Terceira da Penitencia. Não
nenhum destes Confrades apparece ha desde logo Ecclesiastico, ou Se
alli, que não deixasse á Ordem al cular, homem , ou mulher, rico,
guma cousa para ser participante ou pobre, que sem deixar a sua ca
das suas orações, e boas obras. Osa, oficio, estado, ou condição não
Principe D. Afonso Henriques pro possa ser Terceiro de S. Francisco.
testa na Dôação de Soure de 1 129, Mas destes houve alguns ainda em
ue a faz pelo muito amor, que ti vida do Santo Patriarcha, que não
nha áquella Ordem, ó quoniam in fazendo os tres votos essenciaes, se
vestra Fraternitate, ó beneficio om vestião pobre, e religiosamente, e
ni sum Frater. Logo os vassallos se se determinavão a servir nos Con
guírão o exemplo do seu Principe. ventos, debaixo da obediencia dos
Nomearei só a Fernande Annes, e Prelados ; chamando-se Devotos ,
sua mulher D. Odrozia, os quaes Confrades , Conservos , Oblatos , e
no de 12 1 1 deixárão , por faleci Donatos. E tal foi o B. Marcio, que
mento d’ambos , metade de seus depois de acompanhar por algum
bens moveis, e de raiz, que tinhão tempo a S. Francisco, como Dona
no termo de Linbares da Serra da to , viveo alguns 6o annos como
Estrella, á Ordem do Templo com Eremita em hum Valle do Monte
tal pacto, e condição: Ut vestiant Apenino , onde faleceo com gran:
nos ambos de brunetis , aut de ver de opinião de Santidade, e obran
dis, mantos, Óº sayas, Óº calcias; do Deos por este Bom Servo gran
é º dent nobis porziones , velud aliis des maravilhas, no de 12o I , como
Fratribus, quando voluerimus; Óº re se póde ver em Waddingo T.III. f3.
cipiant nos , quasi alios Fratres; Óº # não só nos Conventos dos Re
doceant, Óº faciant nostros filios esse ligiosos, mas tambem nos Mostei
Milites, qui aucti fuerint ad facien ros de Santa Clara havia destes Obla
dum; &" dent nobis de aliis pecuniis, tos , que se occupavão nas tempo
quibus indiguerimus, &c. E taes erão ralidades das Religiosas, que nel
os Familiares dos Templarios , e o les vivião clausuradas. A estes Ter
mesmo era das outras Ordens Mili ceiros , Oblatos, ou Donatos conce
tares, que então havia. deo Urbano VIII. no de 1296, que
Appareceo finalmente no mundo podéssem commungar nos taes Mos
Tom. I. Padre S. Francisco, e os teiros todas as vezes , que o jul
o Glorioso • •
434 FA FA
gassem conveniente ; exceptuando Leis as não cohibio ; forão substi
sempre o Dia de Pascoa, em que tuidos com honra por esta qualida
devião assistir aos Oficios Divinos, de de gente , menos dispendiosa
e commungar na Igreja Parochial. dos bens da fortuna; mais interes
Porém outros Summos Pontifices lhes sada porém em tudo o que respei
concedêrão cumprir com este pre ta os emolumentos, e vantagens da
ceito nas mesmas Casas Religiosas, su'alma.
a quem servem , e nas quaes são FAMULA de Deos, ou Famu
Comensaes continuos. Daremos aqui o la de Christo. V. Famulo de Deos.
dito Breve de Urbano VIII., para FAMULO de Deos, ou Famu
que se veja, quanto diferem os Do lo de Christo. Em toda a Hespa
matos , que a louca ambição insti nha, e mesmo em Portugal, se tem
tuio , dos que o Santo Patriarca descuberto hum grande número de
lhes deixou. Acha-se em Waddin. T. Inscripções Sepulcraes, que os Chris
II. ad an. 1296. tãos lavrárão desde o IV. até os fins
do VII. Seculo, nas quaes se lê o di
IDilectis in Christo Filiabus Abbatissis, ctado de Famulo, ou Famula de Deos,
&º Conventibus Monasteriorum Or ou de Christo; sendo certo, que al
dinis S. Clare per Alemanniam guns dos que alli jazião erão casa
constitutis. dos , solteiros, viuvos, Sacerdotes
seculares, Bispos, e até meninos,
Devotionis vestre praecibus benignuum e meninas de quatro , ou menos
impertientes assensum, authoritate vobis annos; como se póde ver na Hes
praesentium indulgemus; ut Oblati Mo panha Sagr. T. XIII. Tr. XLI. Cap.
masteriorum vestrorum , qui se , ac /III. S. LXXI. Já acima, V. Aço
sua, vel maiorem partem bonoram suo res, vimos huma destas Inscripções.
rum, sine fraude, ac dolo, Monaste Resende de Antiquit. Lusit. L. IV.
riis ipsis sponte, ac libere obtulerunt, f. 263., ef. 325. da Edif. de Coim
(&º nulli aliis sub nomine, seu colo bra de 179o. nos oferece algumas:
re bujusmodi Oblatorum) possint in mas o A. da Chronica dos Eremi
eisdem Monasteriis Corporis Dominici tas de Santo Agostinho de Portu
recipere Sacramentum, quoties fuerit gal T.I. desde f 136. até 14o ajun
oportunum; praeterquam in festo Re tou hum bom número dellas; per
surrectionis Dominicae, in quo pro Di suadido erradamente, que todas as
vinis, Oficiis audiendis, é º eodem Sa vezes, que se achasse Famulo, ou
cramento recipiendo , consuevistis in Famula de Deos, ou Virgem de Chris
Parochialibus Ecclesiis convenire; di to, se devia entender Religioso, ou
ctarum Ecclesiarum Parochialium ju Religiosa, Eremita de Santo Agosti
re salvo. Datum Anagniae 3. Kalend. nho. Porém no Thesaurus Theologi
Augusti, ann. 2. cus de varias Dissertações Eruditas
Os Terceiros de S. Francisco em da Ediç. de Veneza de 1762. Tom.
toda a parte forão imitados , e os I. a f. 321. se acha huma de Fran
Familiares antigos , que com espe cisco Ântonio Zacharias: De vete
cie de Devoção, e Piedade tantos bens rum Christianarum Inscriptionum in
temporaes acarretárão ás Mãos mor rebus Theologicis usu, na qual, Cap.
tar , em quanto a Providencia das II. S. VI, estabelece como Régra:
que
FA > FA 435
que nem sempre, que acharmos nas da sua salvação, e que não tinhão o
Inscripções de Hespanha, Famulos, seu afecto nos thesouros da terra,
ou Famulas de Deos, nos queiramos antes bem os fazião depositar no
logo persuadir, que erão Religio Ceo pelas mãos dos pobres. V. Fa
• •
FE FE 4.4 I
(4) He bem de crer, que no tempo em que Roma florecia , era frequentado, e não
inculto este montuoso , e pouco agradavel trato de terra; segundo podemos colligir das
muitas Medalhas de prata , e cobre, que neste presente anno de 1796 ali se descobrí
rão, assim dos Imperadores, como Consulares, ou das Familias Romanas: as de prata
em hum sitio entre Ferreira, e Barrellas, e as de cobre em hum Monte subranceiro ao
XValle da Ribeira, juntas com varios instrumentos de ferro , assim domesticos, como de
lavoura, ou fabris, consumidos já da ferrugem; mas que ainda nos Poderião informar do
seu uso, gosto, e feitio, se a rusticidade de quem os achou os não abandonasse , e des
truisse. Daremos tão sómente a figura de duas, que por occasião dos Jogos Equestres, ou Cer
censes forão cunhadas: no exergo da primeira se vê Lucio Julio Bursio regendo hum co
che de quatro cavallos no Circo Maximo, e huma Victoria está pondo hnma corôa so
bre o nome do Cesar: no anverso se vê o busto deste vencedor, com os symbolos de hu
ma roda, e hum tridente em honra do Deos Neptuno, que no dito Circo se adorava. No
reverso da segunda se vê igualmente a victoria, que conseguio nestes jogos Circenses Cayo
Kivio Pansa, filho de Cayo , e no anverso se acha o nome , que distinguia a sua Fa
milia, e junto do seu busto se vê hum rato morto, que se oferecia ao Deos. Apollo, a
que na Imagem do Sol se tributavão alli # adorações. Os mais intelligentes jul
garáô de outro modo: ellas são as da Tab. 5, n. 12, , e n. 13. •
452 FE FE
Pelo que se acha no T. XIX, da Her não padece a menor dúvida á vista
panh. Segr. af. 349., sabemos que dos Documentos de Lorvão , que
a Diocese de Lamego se achava re nos pintão o Bispado de Viseu por
parada de Igrejas, Clero, e Povo, então quasi hermado, e no Seculo
nos principios do Seculo X. E da XI. muitas Igrejas restituidas de no
qui inferimos, que a de Viseu des vo em terras de Apresuria, como se
fructava a mesma felicidade, achan póde ver nesta palavra. E não me
do se constantemente residentes nel nos por hum Doc. de Arouca de
la os seus Prelados desde Gundemi 1o91 se manifesta , como aquelle
ro que o era no de 905 até Iqui Territorio muitos annos depois de
la, que a governava ainda no de 925 foi destruido pelos Sarracenos,
981. Neste tempo de paz, ou ao e logo reparado pelos Christãos an
menos de tregoas, respirou a nos tes de 975 , em que novamente o
sa Christandade , reparárão-se as assolárão: e finalmente, que só no
Igrejas , e muitas se fundárão de de 1oor, he que começou cada qual
novo. Huma destas foi a de Santo a povoar a sua herdade, ou a alheia;
André no Concelho de Ferreira. visto que de muitas os donos havião
As Reliquias deste Santo que des faltado , e de quasi todas as bali
de a Cidade de Patraz na Achaia, zas se havião confundido: Populavit
(hoje Moréa quasi na boca do golfo omnis pupulus quisquis suam, vel alie
de Lepanto) forão trasladadas para nam bereditatem. Então se reparárão
Constantinopla no quarto Seculo, os Templos, e restituírão os Alta
e daqui para Amalfi em o IX., der res. Ferreira, por tão visinha, não
ramárão a devoção do Santo Apos deixaria de experimentar a mesma
tolo nesta Região Occidental. No fortuna: experimentou-a sem dúvi
de 87o achamos nós em o Mostei da, e a Igreja de Santo André foi
ro de Pendorada a Fundação da Igre reparada, quanto permittião as an
ja, e Mosteiro de Sozelo com # gustias daquele tempo; e mesmo
tulo de Santo André: depois deste
se erigírão outras neste Concelho de
tempo he frequente entre nós a me litimada fabrica , e insignificante
moria deste Santo. renda. •
(a). Estes sinaes hereditarios de extracção, e Dignidade nada tem de commum com o
Jeroglíficos , ou Emblemas , que cada hum fantasiava para ornamento dos seus Escudos,
e que muitas vezes trasladavão ás pedras, bronzes, páos, taboas, ou Paanos por, meio
dos sizeis, agulhas, escopros, e pinceis. Ainda que os AA. não estejão acordes sobre º
tempo, e o Paiz, em que a Arte Heraldica, ou do Blasom nascesse , os que melhor
sentem a attribuem aos Francezes pelo meio do Sec. XII. E com efeito antes de 115o não
apparece hum só A., que della tratasse. Dizem , que principiando nos Torneamentos cé
lebres dos fins do Sec. X., se augmentou com as Cruzadas, e por fim se veio a com
Pletar nas Juitas, e Feitos d'Armas do Sec. XII., segundo se acha no Diccion. Raís. V.
Armoiries.
454 FE PE
que os Actos Judiciaes se fizessem tos. Proinde ego Petrus Pelagii, una
junto da sua residencia, o que não cum fratribus meis Egea, Suerio, Fer
permittio D. Sancho I., mandando, mando , Memendo, Johane, Alfonso,
que se fizessem sempre em Santo Martino, Dordia, Maria, Tarasia,
André, como cabeça do Concelho, Marina , et Maiore Pelagii, firmam
para não privar o Castello desta Re facimus dimissionis , et firmitudinis
galia. Entre os mais bens, que os Cartam vobis mostrae Karissimae Ma
Hospitalarios (hoje Maltezes), alli
tri Mayore Suerii , de quinta, scili
adquirírão, forão dois Casaes, e hum
cet, parte omnium haereditatum, que
nobis ex parte nostri Patris, et Ma
puçal de vinho, que lhes deixou D.
Martinho Paes, Bispo da Guarda, tris attinebat , et de tota Hermida
pelo Testamento, com que faleceo Sanctae Eufemiae, et de quinta parte
na Curia, no de 1 226, havendo-o medietatis aliarum haereditatum, quas
feito antes, que sahisse do Reino, cum Patre mostro adepta fuistis ; ut
no de 1225, e do qual se conser amod) in honore Dei, er Sanctae Ma
va huma imperfeita copia no Mos riae , Sanctique Benedicti ipsa praedi
teiro de Santa Eufemia. \
cta pars integra semper sub jure sit,
D. Mayor Soares, viuva já de et dominio predictae Ecclesiae Sanctae
Pelagio Fernandes, se propoz o me Eufemie , et ibi babitantium. Sed si
lhoramento deste Mosteiro. Ella co forte nos , vel aliquis nostrorum pa
mo Padroeira o povoou de Reli rentum, sive extraneorum, aliqua fue
giosas de S. Bento ; levando em rimus presumptione commoti , et il
vista o recolher se nelle com algu lam vobis, vel vestris Successoribus,
mas de suas filhas, sobrinhas, e pa aut praedictae Hermidae S. Eufemie au
rentas. No de 1 163 já alli estavão .ferre, vel in aliquo infestare, minue
Religiosas; pois neste anno trocou re, vel perturbare voluerimus, quis
ella com Maria Dias, e seus filhos quis mostrum fuerit ausus, vel ausa;
huma herdade , que estes tinhão, quantum vobis inquisierit, tantum vo
junto a Santa Eufemia, dando-lhes bis, vel vestris Successoribus, et ei
por ella outra in Duas Ecclesias, e dem Ecclesiae S. Eufemiae in duplum
continúa : Habeatis vobis illa firmi componat : e insuper, usque in septi
ter , Óº ipsas Sorores , que semper mam progeniem sit maledictus , vel
fuerint in S. Eufêmia , cunctis tem maledicta , excommunicatus , vel ex
poribus seculorum. No de 1 17o te communicata, et cum juda Traditore
mos nós hum bello Doc, que nos in Inferno perpetuas lugeat panas. Qui
faz ver a influencia desta # vero eidem Ecclesiae plus benefecerit,
no augmento deste Santo Domici plus sibi mercedis à Domino retribue
lio, e he o seguinte: tur. Facta dimissionis , et firmitudi
In Nomine Sanctae , et individuae nis Carta, mense Februarii E. M. CC.
Trinitatis Patris, et Filii, et Spiri XIII. Nos vero predicti Fratres, Pe
tus Sancti. Amen. Jure pariter cogi trus, reilicet, Pelagii, Egeas, Sue
mur, et natura dignam bone Matrir rius, Fernandus, Menendus, fobanes,
assequi voluntatem, justitiae quidem, Alfonsus, Martinus, Dordia, Mari
et rationis debitum est, illius diligen na, Maria, Tarasia, et Mayor Pe
ter afectui obedire, ex cujus sanguine, lagii, qui banc Cartam vobis, nostrae
nor constat, et origine existere procrea Matri Mayore Suerii scribere jussi
mus 2
FE EE 455
mus, coram idoneis testibus eam vo herdade a D. Godinho, Albade de
bis, et Hermidae S. Eufêmiae robora S. Pedro de Arouca, e aos seus Fra
mus, et bec sig-J—J—J—J—J— des. No de 1285, em Março, lhe
J—J—J—J—J——na facinus. fizerão outra Gonçalo Zacharias, e
Oui presentes fuerunt Veila Trastemires; e em Dezem
bro do mesmo anno lhe fez outra
Johannes Archiepiscopus Bracharen
J13 - - - - - - - - TJ.
Fridixilo Egikazi. No de Io91 se
Johannes Prior Sanctae Crucis - ts. intitula Godino Presbytero, & omni
bus Fratribus de S. Petro de Arau
Martinus Abbas Alcobaciae - - ts.
Garcia Venegas - - - - ts. ca, e no de 92 lhe vendêrão algumas
Egeas Muniz - - - - - ts.
herdades a elle, e seus Frades: Ti
Martinus Venegas - - - - rs. bi Godino Presbytero , & Fratribus
Petrus Gomez Frater - - ts. tuis. Em 1o94 o intitula Prior D.
Petrus Subdiaconus notavit. Cresconio Bispo de Coimbra, ( e
juntamente de Viseu, e Lamego)
De concerto com os bens tempo na larga Dôação, que lhe fez em
raes entrou nesta Casa a Observan Agosto do mesmo anno : Tibi Go
cia Regular. E assim já no mez de dinus Prior, & Fratribus , qui ibi
Maio do mesmo anno achamos alli Deo servierint. Porém logo no de
por Abbadessa a Maria Fernandes, 96 Fr. Sesnando o intitula Abbade
a quem Sancha Pires fez Dôação de Monges na Dôação , que fez
da sua herdade de Barreiros. E da de muitas fazendas a este Mostei
ui se vê a razão, porque em hum ro. Desde 1o98 se intitula constan
# de 146o disse Pio II., que temente Godinho Prior; sendo que
este Mosteiro á primeva ipsius fun já no de Io78 Bonimenzo Argeme
datione pro Cohabitatione unius Abba riz fez Dôação de tudo o que ti
tisse , & nonnullarum Monialium, nha em Oliveira . e Lamas: Tibi
praefati Ordinis, (S. Benedicti) fun Gudinus Abbas , vel Fratribus , qui
datum, Óº dotatum fuisse, e a pou ibi Deo servierint... ut semper ser
ca, ou nenhuma, que teve o Au viat ad tolerantiam Monacorum. Nem
thor da Benedict. Lusit. para dizer se diga , que sendo Mosteiro Du
com o vulgo, que do Barrocal se plex , forão as de Ferreira ensinar
mudárão as Religiosas para Santa as Religiosas, e não os Monges;
Eufemia de Ferreira no de Io64, em pois só no de 1 ro5 se póde infe
que principião as suas memorias; e que rir , que ali houvesse Monjas pe
no de Io91 forão daqui algumas en la Dôação de Onega Ermiges, que
sinar os estillos da Ordem ás do Mos deixa certas fazendas : Ad Fratri
teiro de Arouca; pois a Tradição do bus, vel Sororibus , que ibi fuerint.
Barrocal, (onde hoje vemos huma E o mesmo por outra da Famula
insigne G") nem apparencias de Deos Godinha, e seu filho Men
tem de verdade, e pelos Doc. Ori do no de 1 1 14. Ut deserviant ipsi
ginaes de Arouca se evidencía, que Monasterio, & ad Fratres, aut Só
muitos annos antes, e depois de rores , qui ibidem habitantes fuerint.
1o91 foi aquelle Mosteiro habitado Em ambas estas Dôações se não
or Monges. No de 1o82 fez o faz menção de Abbade, nem de Prior.
onge Cresconio Dôação de huma Na E. M. C. 2XXXVI. o Famulo
de
456 FE • FE
de Deos Pelagio Odoriz fez Dôação mais que lhes pertencia em Alma
ao Prior Godinho, e ao Mosteiro de kavi, e Lamas; e dizem que con
S. Pedro de Arouca de metade da cedem tudo isto: Nostra Matri, Óº
sua igreja de Santa Marinha de Oli filias vestras Dordia , Tarasia , Óº
veira , e de metade de huma her Mayor Pelagii. Não tem dia, mez,
dade, que tinha junto de Arouca, ou anno este Doc.; mas sem dúvi
e diz: Habeas tu Godinus Prior, vel da foi antes de 1 183, em que seu
Fratres, aut Sorores, qui ibi Deo ser filho Martinho Paes, Abbade de San
vierint in omnibus temporibus saeculo to André de Ferreira, (que depois
rum. Daqui se vê que no de 1 148 foi Bispo da Guarda) dimittio ao
ainda em Arouca residião Monges; Mosteiro de Santa Eufemia, em con
e residírão até o de 1 154, em que templação de huma sua irmã, que
D. Tóda fez delle Dôação á Abba alli era Prioreza , todos os Dizi
dessa Elvira Annes, e ás suas Reli mos das terras, que o dito Mostei
giosas. V. Firma. E por estes , e ro fizesse agricultar em toda a sua
outros Doc, se patentêa, que des Freguezia, que se extendia desde
de o meio do Seculo XI. até depois o Vouga até o Paiva. Eis aqui a Es
de 1 148 residírão Monges em Arou critura desta dimissão:
ca, e só depois que D. Tóda no de In Nomine Domini. Ego Martinus
1 154 dôou este seu Mosteiro, he Pelagii , autorilate Episcopi Viscºsis
que passou a ser de Religiosas Be Joannis, Óº Germanis meis autorizam
nedictinas, ( em quanto no de 1224 tibus, ó Parochianis, tibi Prioris e
não passárão para o Habito, e Or é. Eufêmiae, germane meae, dº Suc
dem de Cister) e que nestes ter cessoribus tuis, facio firmitudinem de
mos não era praticavel hirem as Re omnibus Decimis omnium laborum,
ligiosas de Ferreira, que ainda não quos propriis imprensis, Óº propriis bo
existião, reformar hum Mosteiro, bus adquirieritis ab ipso rivo Pavi e,
onde os Monges habitavão. No de usque Kouga , sive in terris ruptis,
1 177 era Abbadessa deste Mostei sive non ruptis; videlicet: ut ab hac
ro D. Maria Martins } como se acha die nee Ego, nec Successores mei ha
por hum Prazo, que ela com o beamus licentiam exigendi Decimas ab
Convento, e seus Herdeiros, fize habitatoribus in S. Eufêmia, de labo
*-* • •
FE FE 457
Petrus - ts, Menendur - ts. Sueritis si e humilis Minister, Universis, per
f.f. Diocesim nostram constitutis, salutem,
Não sabemos o anno fixo , em dº benedictionem. Karitati vestre, di
que o Mosteiro de Santa Eufemia lectissimi, significamus presentibus,
entrou a ser habitado por Monges. Monachos S. Eufêmiae de Ferraria, in
He de presumir, que por morte de Diocesi nostra positos, in aedificatione
D. Mayor, e suas filhas faria Mar sue Abbatiae, Óº presertim Ecclesiae
tinho Paes esta mudança, recolhen sua noverit aedificata (f. noviter edi
do-se igualmente neste Mosteiro, ficande) & in aliis rebus quam plu
assim como seu irmão D.João Paes rimum indigere. Vestram itaque roga
estava em Santa Cruz de Coimbra, mus attentius fraternitatem in Domi
donde sahio para I. Deão da Guar no , quatinus intuitu Dei, Óº in re
da. Por hum Doc. de 12o2 achamos missione peccatorum vestrorum de ter
que Malada, com seus filhos, e fi renis vestris rebus caducis , Óº tran
lhas vendêrão huma vinha no Lu sitoriis , praedictis karitativé porri
gar de Pinheiro: Vobis Martino Pe gendo misericorditer succurrastis. Qui
lagii, & Monachis S. Eufemie. Não cumque igitur in Ecclesia predicta de
uero decidir, se Martinho Paes ain novo edificata per se, vel per suum
} neste anno era Abbade de Santo operarium steterit, seu operarii prae
André , e Padroeiro de Santa Eufe tium dederit, aut in aliis sibi neces
mia, se aqui era Abbade, ou Mon sariis per unum diem cum bobus, vel
ge : o que se manifesta he, que carro proprio laboraverit: Nos, auto
em Março de 12o2 ainda não era itate Dei Patris Omnipotentis , Óº
Bispo da Guarda, de que só foi Elei B. Mariae semper Virginis , (ad cu
to no de 12o3. E já não parecerá jus vos opus auxiliandum humiliterro
exaggeração, que D. Vicente, seu gamus) é º Apostolorum Petri , Óº
Successor naquella Mitra, allegasse Pauli, é omnium Sanctorum, ó nos
na presença do Arcebispo de Com tri Ministerii, XXX, dis ex injin
postella em Fevereiro de 1243. que ta sibi ligitimè panitentia relaxam us.
a sua Igreja, depois da restauração, Et in bunc modum quicumque eis plus
ainda não tinha 4o annos, depois helemosinae dederit , plus ei condona
que fôra condecorada com a Ca mus. Qui autem latorem praesentium
deira Episcopal ; como se vê do in hospicio receperit, ó" ei pro posse
Processo , de que emanou a Sen auxilium dederit, similiter ei XX, dies
tença da Divisão das rendas, que absolvimus: et qui eum disturbaverit,
alli se conserva no Tit. das Sent. vel praedictis Fratribus injuriam ir
Mass. I. N. 1. rogaverit , sit maledictus , quousque
No de 1226 andavão os Monges lesis satisfaciat. Data apud Wiseum
de Santa Eufemia afadigados na ree JVII. Kalendas Octobris. E. M. CC.
dificação da sua Igreja, e nos edi X. IIII. Valeat usque ad Operis con
ficios da sua Abbadia. Os Bispos de sumationem. — Ego Martinus AEgi
Lisboa , Guarda, Lamego conspi gantensis Eps. XXX. dies eis absol
rárão com o de Viseu em ajudar a vo. — Ego Suarius Ulisbonensis Eps.
obra com os thesouros da Igreja, XXX. dies absolvo. — Ego Petrus La
como se vê pelo Alvará seguinte: mecensis Eps. XXX, dies absolvo.
Nicolaus Dei gratia Visensis Eccle No de 12o7 ainda aqui residião
Tom, I. Mmm Fra
458 FE FE
Frades com seu Prior, chamado Fr. do "Casal de Bordonhos, que he do
Lourenço, como consta de hum Es Mosteiro ; porém desde 145o até
cambo, que elles fizerão com Mi 1455 habitárão nelle os Religiosos
guel Dias, e sua mulher Serra Pi Terceiros de S. Francisco, postos al
res, largando estes toda a sua her li pelo Prelado daquella Diocese.
dade , que tinhão na Veiga junto Mas vendo aquelles Bons Padres, e
ao Mosteiro , e recebendo outras nada ambiciosos, que as Monjas ex
propriedades em Villa Boa de Sa pulsas querião viver regularinente
tan. Porém no de 12o9 já vemos nesta sua Casa, e invigorar as cau
outra vez Religiosas em Ferreira, de sas da sua expulsão; prompta, e li
que era Abbadessa D Maria Fernan vremente lha dimittírão. Novas tor
des, como se vê de hum Escambo mentas alterárão o socego das Re
feito com Gonçalo Viegas sobre os ligiosas , que por authoridade de
Casaes do Castello , e do Carva D. Alvaro Bispo de Silves, e Le
lhal. Esta mesma Abbadessa se acha gado á Latere, elegêrão por Abba
em huma Carta de Venda de cer dessa a Ignez Martins, e proseguí
tos bens , que no de 1228 João rão constantemente na demanda, até
Paes, e sua mulher fizerão ao Mos que no de 146o, e a quatro de No
teiro de Santa Eufemia. Desde es vembro, obtiverão final sentença a
te tempo continuárão aqui Religio seu favor, dada por D. Fr. Fernan
sas de S. Bento até o meio do Se do Abbade das Salzedas, e Juiz
culo XV., em que as Professoras Apostolico , e conservada em Fer
deste Instituto se esquecêrão intei reira no seu original. Desde este
ramente, (e por todo o Reino) das tempo a Virtude, e Santidade es
obrigações do seu Estado, de que tabelecêrão alli o seu domicilio, e
se póde ajuizar alguma cousa pelo abundante de bens temporaes , he
que se disse V. Evazom. A corru hum dos Mosteiros mais respeitaveis
pção dos costumes, seguio-se o des da nossa Monarchia.
prezo dos Povos, e a supressão mes Tambem a Collegiada de Santo An
mo de alguns Mosteiros. /
dré de Ferreira d'Aves deve ser con
Ficára o de Ferreira com seis, ou templada. Principiou ela com menos
sete Monjas por falecimento da Ab perfeição, e com sinco Raçoeiros go
baderra Leonor Pires Mourata, quan vernados, e sujeitos ao Abbade, tal
do D. João de Chaves , Bispo de vez antes do Bispo D. Egas, que
Viseu, lhes não permittio elegerem lhes deo particulares Estatutos. Já
Successora; mas antes as lançou fó no tempo de Fernão Jeremias se ha
ra do Mosteiro, e o reduzio a Igre vião supprimido as Duas Igrejas, de
ja , e Beneficio Secular , unido ao que ainda hoje nos resta a lembran
Mestre-Scolado; dignidade, que de ça em o Lugar assim chamado. Nos
novo instituíra na sua Cathedral. principios do Seculo XIII. se erigí
Forão largas, e renhidas as conten rão duas Igrejas ruraes , a saber:
das , que daqui se originárão. No S. Miguel de Lamas, e Forles; mas
de 1448 por administração, e car estas forão unidas á nova Collegia
go, que então havia do Mosteiro de da pelo dito Bispo D. Egas , que
Santa Eufêmia, fez o dito Bispo Pra o foi desde 1287 até 1313. Corria
Zo a Gonçalo Annes, e sua mulher o anno de 1331 , quando D. Mi
• guel
FE FE 459
guel Vivas, eleito, e confirmado Bis Por occasião de fallarmos em Lo
de Viseu , achando-se de visita po Fernandes Pacheco, notaremos
em o Castello de Ferreira a 3o de que elle era filho de João Fernan
Dezembro, deo nova fórma, e qua des Pacheco: neto de D. Afonso
si instituio de novo a presente Col Annes de Cambra , e bisneto de
legiada ; consentindo nisso os Se Fernão Rodrigues Pacheco , bem
nhores da Terra, Lopo Fernandes Pa célebre em a nossa Historia por de
checo, e sua mulher D. Maria Go fender o Castello de Celorico ao
mes Taveira. Entre outras, cousas, Conde de Bolonha por El-Rei D.
que com muita discrição, e pruden Sancho II., e que dizem foi o pri
cia então se estabelecêrão, foi: Que meiro que tomou o Appellido de Pa
os Raçoeiros podessem ser dez: e que checo. Mas, reflexionando nós, que
chegando a este número, se podessem a Mái de Fernão Rodrigues era D.
chamar Comigos , e ter Deão ; tendo Thereza Pires de Cambra, e da Fa
só Prioste, em quanto ao tal núme milia dos Cambras, famosos em ou
ro não chegarem: que estes novos Be tro tempo, e com Solar no Valle
neficiados guardem á risca , o que o de Cambra, junto ao Rio Vouga,
Bispo D. Egas havia determinado a onde havia no Seculo XII. o Appel
respeito das barbas, e Coroas: que as lido de Pacheco, não podemos sub
rendas Ecclesiasticas de todo este Con
screver aos que fazem os Pachecos
celho se repartissem em tres partes:
tão modernos. (a) •
(a) Nas Sentenças, que El-Rei D. Diniz fez dar sobre as Honras , e no Tit. do
Sulgado de Sever a par de Vouga : se lê o seguinte: Em 4 freguesia de S. Maria de
Sever, o Couto, que chamam da Hermida, que he de Santiago de Tarouca. E o Cou
to , que chamam de Legiôo, que foi de Jobam de Barvudo, e óra bé de Pero Afonso.
E outro Couto, que chamam sam: Finz, que foi de Fernam Pacheco. Dizem as testemu
nhas, que os tragem per Coutos per padrooens, (isto he demarcados com grandes mar
cos de pedra) e tragem bi os Senhores seus Vigairos, e seus chegadores : e non dizem
as testemunhas, quem os coutou; nem des que tempo. E em todo o al da freguesia entra
o Moordomo. X Este , , como está. E saiba El-Rei , em que maneira som, contados , ou
quem nos coutou. E aqui, temos que já no Sec. XIII., senão sabia a origem do Couto de
3. Fins, solar sem dúvida dos Pachecos de Cambra : prova luminosa da sua antiguidade
bem notavel,
46o FE FE
Pires de Cambra : e Nuno Pires de da vez para aquelle Reino , por
Cambra, que sem dúvida erão seus haver aconselhado ao Infante D. Di
irmãos ; não só porque estes erão niz, que não beijasse a mão á Rai
os Padroeiros daquella Igreja; mas nha D. Leonor; outra vez foi cha
tambem por se intitularem como el mado por El-Rei D.João I. , e sen
la de Pires, e de Cambra. Se pois do já de 8o annos fez maravilhas
antes do Seculo XIII. já na Casa na batalha de Aljubarrota com os
dos Cambras, (da qual era a Mái seus tres filhos, D. João Fernandes
de Fernão Rodrigues) havia o Ap Pacheco, legitimo, e os dois bas
pellido de Pacheca: que muito este tardos, Lopo Fernandes, e Fernão
seu Descendente se quizesse distin Lopes; que D.João Fernandes Pa
guir com o nome de Pacheco?... checo, vendo que, a sua fidelidade
Além disto, nós sabemos, que mui não era remunerada , se passou a
tas Familias tomárão os seus Appel Castella em companhia de Egas Coe
lidos das mesmas terras , em que lho, e de João Afonso, Pimentel,
tinhão os seus solares. Pois eis-aqui levando comsigo 2oo de cavallo»
pelas Inquirições d'El-Rei D. Diniz entre parentes, amigos, e criados;
de 129o se achou no Julgado de havendo antes desbaratado inteira
Neiva , e na Freguezia de S. Mi mente a João Annes Barbuda, Ge
guel de Cepães, a herdade de Rio neral do Exercito Castelhano, que
de Moinhos, que fôra de Gonçalo, na retirada de Aljubarrota queimou
Abbade de Pachaco: se pois naquel a Cidade de Viseu, e passou á es
le tempo havia a Freguezia de Pa pada os seus habitadores: mãocom
chaco, que mui provavelmente teria munado com o Governador de Tran
este nome, já desde o Conde D. coso, e o Senhor de Linhares, e
Henrique: que nos impede o sus os Paisanos de Ferreira, matárão-lhe
peitarmos, que de Pachaco, se ori 4 booo de cavallo , e de todo os
ginaria Pacheka, e ao depois o Ap destruírão entre Valverde, e Tran
pellido de Pacheco, que os Genea coso. Com a retirada de D. João
logistas vulgares fazem oriundo dos Fernandes, passou a outros o Se
Senhores de Ferreira?... nhorio desta terra. El-Rei D. Ma
A nossa Historia nos oferece fa noel fez Marquez de Ferreira a D.
çanhosas emprezas dos Descenden Rodrigo de Mello, Conde de Ten
tes de Fernão Jeremias. Eu sómen tugal. Hoje he dos Excelentissimos
te direi, que Lopo Fernander Pache Senhores Duques do Cadaval.
co foi hum dos Cavalleiros da Ta FETOR. O mesmo que Feitor.
boa redonda, que forão despicar as Diz-se do homem, e da mulher.
Damas a Inglaterra: que seu filho FETTO. Feito, negocio, con
Diogo Lopes Pacheco foi hum dos trato. E iste fetto permaesca sempry
Conjurados, que tirárão a vida a em sua fortiliza. Doc. das Salzedas
D. Ignez de Castro, e que haven de 1 273.
do escapado ás crueldades d'El-Rei FEU. Tributo, pensão, feudo,
D. Pedro pela virtude da esmola, foro. Tiverão os Feudos o seu prin
foi chamado por El-Rei D. Fer cipio em Alemanha. Dirivou-se a
nando para se servir delle na guer palavra Feudum das letras iniciaes das
ra contra Castella. Fugindo segun seguintes palavras Fidelis. Ero. Vo
bis.
FE FI 461
bis. Domino. Vero. Meo. Pelos an FIADA. Medida , que levava
nos de 1 16o, imperando Federico meio galamim , segundo o Censual
I. , he que se reduzírão a escrito dos Vot. da Mitra do Porto. V. Trolho.
as Leis Feudaes , que até alli pen FIADURA, e Fiadoria. Fiança,
dião só da vontade de quem dava obrigação, que alguem se impõe de
os taes Feudos aos seus vassallos, responder, ou satisfazer por outro,
ou inferiores , com as condições, quando este o não faça, satisdação.
que entre si pactavão. Havia Feu Fazer fiadoria: ficar por fiador. No
dos Rectos , e Feudos Franchos: es Foral da Villa de Moz de 1 162 se
tes erão com postura; promettendo lê: Et si bomine de Molas pro quali
o vassallo ao Senhor # Ser bet fiadoria a medio anno non fuerit
viço á sua custa , e a seu manda requerido, sedeat soltum: Óº si mor
do , com certo número de cavallei tuum fuerit, sint filii, Óº uxor ejus
ros, ou homens de pé, ou outro liberi... Et homo de Molas, qui fia
qualquer, que expressamente se de dor daret , Óº contentor non li suc
terminava: aquelles erão inteiramen currer: qual fiar, tal pecte. No de
te livres, e sem postura. Ainda nos Thomar de 1 174. Qualquer fiadoria,
Paizes, em que mais cedo amanhe que alguem fezer, se a non cumprir,
ceo o Systema Feudal, não foi an segundo dereyto, peytea. No de San
tes do Sec. VII. ta Cruz da Villariça: Et si ome de
FEYRIR. Ferir. V. Feridas con Sancta Cruce pro qualibet fiadura ad
celhadas. medio anno, non requisierit, quod se
FIÃA , Fiaam , Ffia, Sfiáá, e deat soltum. Et si migratus fuerit,
Fiada. Vaso de barro, chato, e re sint filii, ó uxor sua liberi de fia
dondo, a que hoje chamão almofia. dura de benedictinos, Óº de directum
Servia antigamente para se pagar dare. De super cabadura ad XXX, dies.
certa medida de grãos, e tambem De fiadura de aver quod deveat a da
de manteiga. E na fião, que royam re, quando dederit , sedeat soltum.
a dar de XVI. em alqueire , agora Fiador de Sacramento, quando fiadu
dizem , que já he maior. Doc. de ra fiar, semper stet fiador, illa, Óº
Vairam de 1484. Em outro de 148o suos filios: &" si non habuerit filios,
se diz: Sfiaa de manteiga. Em ou qui recepirit sua bona, stet fiador sem
tro de 1492 se diz Fiaam. No de per, Doc, de Moncorvo de 1225.
153o se acha Efia. E finalmente em Em hum Doc, das Salzedas de 1288
hum de 1 535 do mesmo Mosteiro se toma Fazer fiadoria, por dar fian
se diz Fiada de manteiga. Daqui se ga, caução, ou penhor. E sobre es
manifesta, que pagandº-se em mui to faremos tal preito, e tal fiadoria,
tos Foraes, e Prazos antigos, fo e tal pea, qual quiserder.
ros, e pensões de manteiga. V. g. FIADURIA. O mesmo que Fia
hum almude , hum alqueire, ou meio doria. No mesmo Foral de Moz se
alqueire, se devia regular este, dan lê: Et si contentor abuerit, mittat il
dando 16 Fiadas, ou Fiaans a cada lum in manus, Óº exeat soltus de fia
hum alqueire; advertindo que esta duria. * -
Nnn sup
466 FI FI
supposto fosse da Encarnação , se o maior, ou dos maiores, que na
contava entre nós desde o 1.º de Ja quella Cidade se crião, e que na
neiro, 38 annos justos depois da quella feira se encontrão. Ao Pro
Era de Cesar. Doc. de Thomar. curador do Mosteiro pertence a es
:, , FISCO. Nos Prazos de Grijó he colha, e aos moradores dos ditos Ca
mui frequente a Pensão do Fisco. Em saes o pagállo por todo o preço, que
alguns se declara, em que deve con elle se ajustar. Para este fim ele
sistir este Fisco , como no do Ca em d'entre si dois homens, (a que
sal da Cósta, foreiro á Igreja de chamão Fisqueiros ) em cada hum
Perozinho , feito no de 1485 , no anno , para ajuntarem a contribui
qual depois da Pensão de 23 alquei ção dos outros Caseiros, com que
res de trigo, & c. se continúa: Epa deve ser pago o dito porco, que
guem o Fisco á dita Igreja, como be o vulgo se persuade sem fundamen
usso, e costume, saber; todo o pão , to algum , que antigamente nada
que se lavrar pela dita Igreja, segá mais era, que hum leitão. Porém o
lo, e malhálo; e dar huma mostèa de mesmo nome de Fisco, que só con
palha triga de trez vencilhos; e aju vém á Fazenda Real , bastava para
dar a lavar as cubas, e marquar; e os desenganar, que este serviço era
hir pelos arcos ao Douro, e os poer no cousa Regalenga , que El-Rei D.
cangueiro, cada vez , que requeridos Afonso Henriques, em contempla
forem ; e fazer º vinho da lavra da ção de D. Thereza Afonso, dôou
Igreja ; e dar cada bum anno bum ás Salzedas, com todos os mais Di
carro de esterquo no tempo de semen reitos, que neste , e n'outros Lu
teira; e pelo Natal trazerem á dita gares á Corôa pertencião; suppos
Igreja hum boo carro de lenba; e dar to, que a propriedade delles fosse
pelo anno, quando requerido for, X. dada , dôada , ou vendida por al
dias de geira. Não se me esconde, # particulares pessoas. Isto se
ue sendo esta igreja Mosteiro, ain ará mais claro pelo Documento,
} no de 1 126 alguma Dôação Beal que se acha no L. dos Doaç. das Sal
lhe daria este Fisco, que d'antes era zedas af13. Y. Por elle se ve como
da Corôa; se he, que a malicia, e No de 1 163. Pedro Viegas, com
abuso do tempo não baptisou seme authoridade d'El-Rei D. Afonso I.,
lhantes Foragens com hum nome tão vendeo a D. Thereza Affonso tudo
honrado.
o que tinha no Territorio de La
•
- (a) Paschoal José de Mello no L. Singular da Hist. do Direito Civil Lusitano, Cap.
7III. S. LXXX, diz, que Fl-Rei D. Manoel para exterminar os innumeraveis litigios, que
por occasião dos Foraes antigos se suscitavão, commettêra a sua reforma a Fernão de Pi
na , o qual, peragrando todo o Reino , de algum modo os reformou. Porém que não
tomára o devído tempo para Obra de tanto pezo ; levando a mira na brevidade , para
não perder o premio, que se lhe havia consignado, se a concluisse dentro de hum certo
tempo. Veja-se a Orden, L. 2. Tit. 27, e o Cod. Emman. L. 2. Tit. 45. E conclue: Qua
re ecdem hodie lites, é contentiones suscitantur, é digna profecto bacc res est, quae ite
rum Pública Auctoritate instituatur. Verum haer Deo Curae erunt. E com efeito a precipita
áo com que Fernão de Pina se houve nesta Empreza, resumindo os ditos Foraes em 5
# , segundo o número das Provincias do Reino , foi a causa de commetter nelles
muitos , e mui grosseiros erros historicos, eu de facto; posto que no que respeita aos
Direitos Reaes se houvesse com mais exacção. Na Hist, da Ord. do Hospital P. 1. S. 64.
da Ediç. de 1793 se achará o Juizo documentado sobre as Declarações historicas, dos Fo
raes novos , por onde se convence, que Fernão de Pina errou neste ponto a cada passo.
A'quelles factos se póde ajuntar o Foral de Aguiar da Beira, no qual diz que o Mos
teiro de Tarouca tem hum Reguengo em Gradiz; constando pelas Inquirições do Conde de
FO FO 473
FORAL. II. V. Dia de Foral. FORO morto. Casal de Foro mor
FORARIAS. O mesmo que Fo to se chamava aquelle, que estava
ragens. amortizado, livre, e isento de qual
FORÇADO he. Sem dúvida al # foro, ou pensão, o qual ver
ma, certamente, assim ha de ser. adeiramente havia morrido, e es
}
Cá hé forçado , que Herodes deman pirado para o Direito Senhorio, ou
de o Menino pelo perder. Correspon por Dôação , ou compra , ou por
de a Futurum est enim. outro qualquerTitulo. No de 1 139,
FORECA. Caderno , ou Livro e no mez de Julho , D. Afonso
de lembrança. Acha-se em huma Henriques, intitulando-se Infante,
Dôação d’El-Rei D. Fernando ao e hindo de caminho para o Fossa
Mosteiro de Alcobaça. do de Ladéra, dôou, e juntamente
FORLYS. V. Frolyees. vendeo a Monio Guimariz hum Ca
FORMAL. Vivenda, casas, ou sal em Travansela, termo de Satan,
residencia de huma quinta, ou ou e diz assim : Et accepi in pretio de
tra qualquer fazenda, e casal, que te uno caballo bono , Óº uno manto.
anda emprazado. Em a Universida Habeas tu ipso Casale firmiter, & om
de de Coimbra ha dois Prazos; hum nis posteritas tua a foro morto, usque
de 1 174 , e outro de 1 189 : no in temporibus seculorum... Facta Car
1.º se diz: Excepta quintana cum suo ta Donationis, & venditionis in men
formali : no 2.° Et habet formales se julii. E. I. C. 2. XXVII. Doc. de
equaliter cum ipso vestro Casale. Nos Viseu. * |
Fim do Tomo I.
ER
E R R A T A S.
274 que apoioer que a poso er 376 Não negareis Não negarei
Ibi. no de 1 147 no de 1145 394 Doc. 2. Dec 2.
Ibi. motivos muitos 4e 1 que sedeat que nem que sedeat .. que non
275 de 196. de 96 Ao3 ut tune til lt/ng
276 Tetroso Terroso 42; destes eyxhenticºs destes eyxhentios
277 V. Cifres. V. Chifres 42; Fazer praço Facer praço
28o Johannes. Tarau Johannis Taraucensis 434 nulli aliis nulli allii
C6/154 435 se acha no se acha que no
285 que nella que nelle 45 o suis carraxos suis carcaxos
292 ante ho Meffre antre hº Mestre 45 I trato de terra tracto de terra.
296 que derião que dezião Ibi, ou Cercenses ou Circenses
3o I de 1 2 13 no de 1213 453 se de ferradura se da ferradura
321 de final do final Ibi. pelas Inquirições pelas suas Inquirições
323 Monendus Menendus Ibi. com o Jerºglificos com osJeroglificos.
326 Tab. 5. n. 4. Tab. 5. n. 9. 464 de Mareira de Moreira.
*
344 A" Mitkos Aº Mifos Ibi. o mefmo Seculo do me fimo Seculo.
351 Ellas pricipiárão Ellas principiárão 467 D. Horroca D. Horraca
342 No de 23 15. No de 15 15 471 que lhe outorgasse que lho outorgasse
361 Femine Foemina Ib. Uno mantum Uno manto -
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ELUCIDARIO
D A S
PRINCIPEN,
Fr.
SENHOR
Joaqui» s***Rosa DE DE VITERBO,
Dos Menores Observantes Reformados da Real Provincia da
Conceição.
T O M O S E G U N D O.
L IS B O A : M. D C C. XCfX.
–
G.
G. por N. foi muito asado, quan
G. Na Arithmetica dos Anti do ao N. se seguia outro G. v. g.
gos valia 4oo: plicado 4odoo. Agguilla: Aggens: Aggulus &c, por
G. na Musica denotava, que se Anguilla: Angens : Angulus &c.
devia trinar a voz; fazendo na sol G. por N. algumas vezes se usou,
fa como passos de garganta, a que quando ao dito G. se seguia N.: v.
chamamos hoje garganteyos, ou tri g. stagneus: por stanneus. Nos fins
nador. do IV. e principios do Seculo V.,
G. algumas vezes se mudou em quando já a lingua Latina havia de
B.; v. g. Fibula, que devia ser Fi cahido muito da sua pureza, e Or
gula, á figendo. tografia, o G. singelo, ou dobrado,
G. por C. he mui frequente nos ou triplicado depois de AU, indi
Antigos que escreverão Gavea, Ga cava o numero dos Augustos , ou
melus &c, por Cavea, Camelus & c. Imperadores, que actualmente go
Mas particularmente em os nossos vernavão em alguma parte do Im
Doc. do Sec. X. e XI., v. g. Vaseli perio , ou que successivamente
ga: Eglesia: vogabulo : intrinsegus: haviaõ concorrido para alguma o
excomunigadus : Katholiga : sigut : bra, ou Empresa, assim Militar ,
complaguit : &c. por Vaselica : vo como Civil. E o mesmo succedia
cabulo: Ecclesia : intrinsecus: exco nas letras P. S. D. e N. Jacob Lau
municatus : Katholica : sicut : com ro no seu formoso livro Antiquae
placuit &c. Urbis splendor, nos conservou a ins
G. por f he mui frequente no Se cripção , que se achava no Arco
culo XIII., e XIV. v. g. sega, se Triumfal de Graciano, junto á Igre
gam, gouver, vega , boge &c. por ja de S. Celso em Roma, e he a
seja, sejão, Juver , veja, hoje &c. seguinte:
*
•
A ii IM
4. . GA GA
IMPPP. CAESSS. DDD. NNN. GRATIANUS
VALENTINIANUS, ET. THEODOSIUS, PII. FELI
CES, ET. SEMPER. AVGGG. ARCUM. AD. CONCLV
DENDVM. OPVS, ÓE. PORTICVVM. MAX. AETERNI
NÓIS, SVI. PECVN. PROP, FIERI. ORNARIQ. IVSSERVNT.
S. P. Q. R.
- - - ein
GA GE 19
entrárão á conta do preço Duas pel e Geira de Vinha: esta, segundo o
les de vulpinas, ó duas de gardu Tombo de Villarinho, devia cons
nias, & duos folles de cabrones. Doc. tar de 5o, homens de cava : e a
de Pend. • •
{'tue ouvesse o lameiro hua talhadu birmabos, come germabos boos, ger
ra, per que genese by a auga mais ; mayvilmente. Doc. da Graça de Co
peró que nom faría mingua na leva imbra de 1288. *
to, valia 4. livras e meia, que são GIANE. João. Sangiane Baptis
162. reis : a 2.º que se dizia de ta. Doc. do Sec. XIII.
dois pontos, valia 4. livras que são GIBANETE. Jibanete, e Juba
144. reis : a 3.° valia tres livras , nete. Piqueno gibão de aço , ou
e meia, que são 126. reis : a 4." ferro. No de 1485. eximío El-Rei
tres livras, e sinco soldos, que D. João II. a dous armeiros do
são 116. reis. As livras antigas va Porto dos encargos do Concelho:
lião a 36. reis: logo estas não erão hum delles faria Gibanetes, e o ou
das antigas. •
tro Armas brancas. E de hum Acór
GEORAAL. No seu Testamen dão do mesmo anno consta mandar
to de 1287. diz D. Sancha Pires El-Rei, que em certas terras hou
Item: Mando... hum vazo de prata vesse dous Armeiros : hum de bran
a minha filha, e bum georaal de pra cas; hum Coiraceiro, e bum Alimpa
ta. Doc. de Almoster. Gorjal se dor; dando-lhe o mesmo Concelho
chamou certo ornamento , que as huma tença ; e obrigando-se o mes
Senhoras trazião ao pescoço , or mo Senhor a tomar-lhe cad’anuo eem
{ COR"
GI. GO 2|
# corpos de coiraças, e sincoenta capa vagar. E disse, que nom avia gisa
cetes com suas babeiras, cujos fiba do; porque avia d’ir con no Bispo ade
netes se obrigão a apromptar. E fi Ordiis , e nom podia ald ir por esa
nalmente no de 1487, desobriga razom. Doc. de Tarouca de 2284.
El-Rei os moradores do Porto de GOARAZEL. V. Corazil.
terem arnezes brancos compridos; bar GOIVO. Contentamento, pra
tando só o terem jubanetes, ou so zer, alegria. He do Sec. XIV.
lhas com seu capacete, e babeira : ou GOLIARDO. Assim foi chama
bacinete Francez com sua babeira, e do o Clerigo , que costumava al
faldras, e gocetes de malha : ou ar moçar, jantar , merendar , ou be
maduras brancas de braços, e pernas. ber na taverna. Cod. Alf. L. III. Tit.
Doc. do Porto. Em huma Senten 15. S. 18. Tambem lográrão o mes
ça de 1481. se lê: Fizerão Irman mo nome os que não erão Cleri
dade , e se armárão de gibanetes , gos, mas tinhão os ditos costumes,
cascos , capacetes , loudés , béstas, V. jogral, e Refião.
espadas , lanças , e outros espingar GORAZIL. V. Corazil.
dar. Doc. de Pinhel. GORGILIM. Peça d'Armas
GIBITEIRO. Oficial, que fa brancas, com que se defende o pes
zia gibanetes, giboens, e vesti coço. Na Baixa Latinidade se disse
| dos d’armas, sayas de malha &c. Gorgeria. Hoje se diz Gorjal, ou
Entre os mais Oficiaes , a cujas Gorgueira. V. Bésta de Garrucha. . .
obras manda El-Rei D. João II. GOVENCO. a. Bezerro, a, no
pôr taxa , se contão os Corrieiros, vilho. a. Et si babuero necessitatem,
Alfayates, Gibiteiros. Doc. do Cam. ut me adjuvetir de govemco, aut de
do Porto de 1487. govenca, aut de reiselos. Doc. da
.
GILLONARIO. os. No Col. Graça de Coimbra de 115o. Ain
}Visig. Liv. II. Tit. 4. l. 4. se nomeão da hoje no Minho chamão juvanca
os Gillonarior entre os Servos Fir á bezerra. |
3o HE HE
Hereditatem de Gradis. E por tánto pignorarunt ipsum johannem Dias pra
lhe manda entregar a tal Herdade. venda de ipsa Haereditate. Et johan
E exaqui temos a Granja, constan nes Dias cum cuyta dedit Santio fo
te do Privilegio, ou Bulla de Celes banni quatuor quirelas de haereditate,
tino III., transformada em Herda pro tali, quod leixarent ipsum stare
de , sem lhe alterar a natureza de in pace. Et ipsae quirele sunt in lo
Casal , ou Predio rustico. Vejamosco, qui dicitur Maria Vilída, & In
agora que Herdade esta era , e de furcadas... Interrogatus de tempore ?
que peças constava. Nas Inquir. Dixit, quod in tempore Dii Regis
Reaes de 1258., e no Titulo de Sancij, Fratris istius Regis.
Aguiar, que se achão na T. do E tal era a Herdade, Granja, ou
T. se provou terminantemente : Pilla de Gradiz, que ainda com os
!Oue o Mosteiro de S. foão de Tarou seus foros vencidos, e não pagos,
ca comprára em Gradiz as Casas , e foi substituida por quatro coirel
Herdades , que forão de García Pe las, que hoje conservão os mes
queno, e de seus filhos , e filhas : e mos nomes, em lugares distintos,
que mesmo adquirira ali algumas ou e apenas merecem o trabalho da
tras belgas , herdades, ou courellas, cultura pela sua pequenhez, e fra
já por Testamento , já por compra ; co torrão: Courellas, que com os
mas tudo isto no Reinado d’El-Rei mais pedaços de terra, que o Mos
D. Sancho II. Tempore Diii Regis reiro adquirío até o de 1258. ( em
Sancij, Fratris istíus Regis. Não erão que foi inhibído pelo Foral de A
logo estas limitadas aquisiçoens, guiar do mesmo anno, para nada
as que fazião a Granja , ou Herda mais adquirir neste Concelho, )
de de Gradiz no de 1 193; pois se fizerão toda a Aldêa, que os Mon
sabia o modo, e o tempo em que ges, derão em Prestàmo a D. San
passárão para o dito Mosteiro. Po cha Fernandes no de 1 3 1 6., di
rém Domingos Gondofio, e joão Vi zendo: Conhoscam quantos este Stor
cente, D. Lourenço, D. Aparicio, e mento virem, e ouvirem como Nós Fr.
outros testificárão, que o Mostei Domingos Abbade , e Convento , e
ro tinha em Gradiz huma Herdade, Moesteiro de S. Johanne de Tarouca,
que lhe deixárão por Testamento; damos a Vós D. Sancha Fernandez..
mas que não sabião já, º quem lha em prestamento, e em dias da vossa vi
deixára, nem em que tempo : Di da a tansolamente , e nom mais , a
xit, quod Sančius fohannes habuit de nossa Aldêa de Gradiz , com todolos
Haereditate de Gradiz de Testamento. dereitos, que nos by avemos, e de de
Interrogatus, de tempore, & de homi reito devemos aver ... E á vossa mor
nibus , de quibus ipsum Testamen te deve essa Aldêa a ficar livre , e
tum ?. Dixit, quod nesciebat. Porém quite em paz, e em salvo a nós, e ao
todos concordárão em dizer Quod dito nosso Moesteiro ... com todas sar
johannes Dias de Gradiis morabat in pertenças, e com todas sas bemfeito
Hereditate de Sančio Johanne: Ó ipse rías... E este Prestàmo vos damos
Johannes Dias vendidit ipsam Here por moito bem , e por moita ajuda ,
ditatem, in qua morabatur, de San que vós sempre fecestes a nós , e ao
tio Johanne, sine mandato de Sančio dito nosso Moesteiro, e porque rodes
Johanne. Et foros demandarunt » & nossa Famaliára, e devedes amandar
f0f8
HE HE 31
soterrar o vosso corpo no dito nosso Mo no Mosteiro, como Direito Senho
esteiro á vossa morte. E devedes adar río, a Quinta da Lagôa, e a Aldêa
em cada huum ano por conhoeença da de Gradiz. Tornárão-se a chamar
dita Aldéea dous capoens... Feito foi Herdade estas Peças de terra em hu
o Strumento 6. dias de Março E. M." ma Carta atribuida a El-Rei D.
CCC."L." IIIIºanos. Doc.de Tarouca. João I. , de 1414 ; e Herdades no
Mas da palavra Aldêa ninguem Prazo, que o Mosteiro fez em tres
passe a inferir, que por ella se en vidas a Fernão Martins de Marial
tendia todo o Povo, ou Freguezia va no de 1436., dizendo, que lhe
de Gradiz; pois nada mais signifi emprazavão. A nossa Granja da La
ca, que as insignificantes herda góa, e todalas outras cousas, que nós
des, de que acima se fallou. Sou avemos em Gradiz, tambem pam, co
za, e Bluteau no Supl. nos dizem, mo vinho, e casas, e adégas, e foros »
que Aldêa, (ou Aldaia, segundo os e direito, e direituras... Ajades vós
Arabes,) he hum lugar tão pique as ditas couras, assi como de nós tra
no , que muitas vezes consta de zia Martim Annes , vosso Padre , e
huma só casa , como se disse V. melhor , se as vos melhor poderdes
Alquaría. E nesta persuasão esta aver... por tal preito, e condiçom,
vão os Portuguezes, que primeiro que o lavredes, e fruiteguedes as Her
povoárão no Brasil, chamando v. dades, e façades as casas de todalas
g. dez Aldéas a dez palhoças. Cha cousas , que lhes comprir ; per tal
ma-se logo neste Prestamo : Aldêa guisa, que senom perca por minga de
de Gradiz , não o Povo deste no bemfeitoria... E resalvamos pera nós
me , mas sim as casas de García a Colheita. &c. Porém na renovação
Pequeno , e seus filhos, com seus deste Prazo ao mesmo Fernão Mar
palhaes, cortes, curraes, encerra tins, e sua mulher Leonor Gomes
douros, e outros similhantes caze no de 145 1. se diz: Emprazamos a
bres , proprios de huma casa de vós todolos foros, e direitos, e direi
campo, e lavoura, e no mesmo fi turas , que nós avemos na nossa Al
tio , que ainda hoje se chama sua déa de Gradiz . . . Resalvamos para
Aldéa. Em hum Instrumento de o Mosteiro a Comedoria. It : vos em
1 288. se chama esta Aldéa: Herda prazamos a nossa Quinta da Lagôa.
mento; e nºhuma sentença de 1289. &c. Nas renovaçoens seguintes se
se chamão Herdades as coirellas, tratão estes bens de Gradiz com os
que assim o Mosteiro, como o Con nomes de Villa; Herdade; Quinta;
celho de Aguiar tinhão em Gradiz. Propriedade ; até que no de 155 1.
Este mesmo nome de Herdades deu se disse, que emprazavão o lugar de
o Abbade de Tarouca a esta Gran Gradiz; occasionando-se daqui re
ja, requerendo no de 1 329. ao Ju nhidas contendas, que só á vista
iz de Aguiar , não permittisse, dos Primitivos Documentos se de
que alguem comprasse ssás herda verião rer decidido, e terminado.
des de Gradiz , sem seu mandado , e Doc. de Tarouca. …
sen sa vontade. De huma Procuração E que a Herdade fosse muitas
de 1383. feita por Estevão García, vezes separada , e desunida , he
e sua mulher Tereja Dias, consta, cousa que não padece duvida. Em
que elles Emfiteutas renunciárão o Lº das Doaç. de Tarouca a f ; I.
32 HE HE
y. se acha o Doc. seguinte: Hec réstos sem duvida do Systema feu
est K. Venditionis , quam jus simus dal. Estes Prazos, ou Herdades
facere ego Johannes Andrías , ó" pagavão Luctuosa, por isso mesmo
uxor mea: Et ego Petrus Polagii , que erão de Vidas, e sujeitos a se
dº uxor mea, Óº Ego Gumsalvus Er rem hermados, ou povoados por mor
migij , Vobis Domno Abbati R. Óº te , dimissão, ou comisso do ac
tual emfiteuta. Em hum Doc. das
Fratribus vestris de Haereditate nos
tra, quam habemus in Cabana de Mau Bentas do Porto de 1261. se diz:
ris: in illa Cerzejra unum pedaçum : Quae es haereditas ipsius Monasterij
in Savugueiro alium pedazum : in il de hermare, ó populare. Em outro
lo Portu, qui venit de Aqua Levada de Paço de Souza de 1419. lêmos:
ad Cabanam de Mauros , aliud peda Porém o Moesteiro á d'aver as Lot
zum. Damus vobis istas Haeredita tosas per bem do ermar , e povoar.
tes... E se aliquis homo venerit... V. Loitosa, e Pobradar. +
HOMICIDIO. I. Tributo, e Pe
HOMEM. II. O mesmo que eu, na mui frequente nos Foraes anti
alguem, e cada qual. Me faça saber gos, a qual erão obrigados a pa
a gente que lá está, pera homem con gar os Povos, quando não queriáo
certar a despeza com a recepta — Que entregar para a morte o homicida,
homem nom pode ver , se nom depois que entre os seus moradores se ha
de sua vida — Maior amor nom ha, via refugiado, e acolhido.
que poer homem sua alma per seu a HOMICIDIO. II. Nas Inquir.
migo. Pina, Chron. do C.D. Duar d'El-Rei D. Afonso III, não só se
te. c. I. — Couras hiha, porque ho dá este nome á morte , que hum
mem deve trabalhar por cobrar o per particular comettia contra as Leis
dido. Ib. c. 36. Divinas, e Humanas; mas ainda
HOMEM de Rúa. O que vive a qualquer dilicto, que era sujeito
na Cidade, ou Terra grande, on a pagar Coima. V. Calumpnia, e O
de as casas estão arruadas. Esta miziero. Sunt exempti inde, nisi de
ualidade de gente, regularmente tribus calupniis; sed pro homine mor
fallando, mais rica em dinheiro , tuo, é pro rauso, Óº pro extercore
do que em Nobreza, e claros Avo in ore; de quolibet isto homicidio dant
engos, era reputada entre os Mili XXX. morabitinos veteres, &º tres
zer, ou Fidalgos, e os lavradores, Sagioni. Em huma Carta de Venda,
Peoens, e gente de campo, e or que Rodrigo Paes , e sua mulher
dinariamente erão timiveis, á pro Gontína Gonçalves fizerão, se diz:
porção da sua vida libertina, ocio Ego Gontina Gonçalviz ganavi istos
sa, e folgazãa. Os Cidadãos pre quatuor casales de viro meo Petro
sentes são os Homens de Rúa, co Menendiz (seu primeiro marido )
mo antiguamente se dizia. Em hu pro eo quod demisit me, et ut omici
ma Doação , que D. Chamôa Go dium non haberet inter gentem meam »
E ii &º
36 HO (HO
*9" suam. Doc. de Pendorada de determína : Item : Mando aos Corei
12oo. Não era morte d’homem o ror (Capellaens da Sé, ) que me vee
deixar a mulher, mas era hum cri rem fazer honra X, libras. Item: Aos
me º que merecia castigo, e a in Conigos, que me veerem fazer honra
dignação dos parentes, que o cul X. libras... Item : Mando aos Cleri
Pado remío, largando quatro ca gos de Almacave, que me veerem fa
S2CS. zer honra XL. roldor... Item: Man
HOMICIERO, V. Omiziero. do pera meu Sabbado XX, libras.Item:
HOMISEIRO, V. Omiziero. Et outras XX libras aos XXX. dias...
qui intermino de Aquilari filia aliena Item : Mando que me tenhão dous dias
rotirar extra sua voluntate , pectet a por soterrar, e dem bem de comer aos
Palacio CCC. solitos, & exeat homi que comego esteverem. Item : Mandº
feiro de suos parentes. Foral de A que ofrendem hum anno XVIII. di
guiar da Beira de 1258. na T. do T. nheiros cada dia , e candéas de minha
HONESTO. A. Acommodado, cara. Item : Mando , que ao dia do
conveniente. Procurai o lugar , que meu pa/amento quejmem duas arro
mais bonerto , e melhor pode ser, pa bas de cera. Item : Mando : que aa
ra se edificar o Moesteiro. dia do meu passamento , que cantem
HONRA. Fazer) I. Consistía a huma Missa Oficial, e quantos outros
Honra, ou Honras funeraes nos Of quizerem cantar, que cantem , e que
ficios, e Missas, Preces, e Oraço os paguem. Item : Mando C. libras pe
ens, que os vivos fazião, e ainda ra Missas cantar. V. Missa. +
quanto o não sepultavão. It: Man HONRA. III. Com este nome
damos, que no dia da nossa sepultu se chamárão aquellas rendas , ou
ra, que os Comigos , e Coreiros, e concessoens, que o Rei fazia de
Frades de S. Francisco, e Crelgar dº cousas certas, e determinadas per
Almacave, que nos fação honra; con tencentes á Corôa, por fazer hon
vem a saber: Horas, e Missas : e que ra a quem as recebía: v.g.: as ren
os nossos Testamenteiros as paguem, das de huma Cidade, Villa , ou,
como virem, que convém. Testam. de Castello: e isto sem postura algu
D. Lourenço Bispo de Lamego de ma de serviço. Vid, a l. 2. Tit. 26.
1393. E no de Lourenço Pires, e da Parti. IV. - -
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Zeca •
.(") N; º : Suppoto que no Livro dos Testamentos se lêa #" he bem de presu
mir que no Original estaria Et cum; pois este era o Formulario aquelle tempo. 2.º Po
IG . IG 47
No de 897, fez Gundesindo hu ma antiga Igreja de Santa Eolalia:
ma amplissima Doação ao Mostei (ambos entre Vouga , e Douro )
ro Duplex de S. Salvador da Labra, e o de S. Pedro de Dide entre Dou
que estava fundado ab antiquo in ro, e Tamega : os quaes entregá
ripa maris , não longe de Matosi rão ao Abbade D. Desterígo, pa
nhos, e no qual sua filha Adosin ra que nelles fosse Religiosa sua
da se havia feito Religiosa. Entre filha Froilo, debaixo da obediencia
outros muitos bens se nomeão as da Abbadessa D. Gelvira ; dando
Igrejas de Santa Eolalia de Gon lhe cem escravos forros entre ho
demar, de S. Pedro de Kauso, e mens, e mulheres, para que a ser
a de S. Martinho de Valongo : e vissem em quanto fosse viva : E
isto ad Fratres, & Sorores, qui ibi que ficando viuvo Gundesindo, elle
sunt avitantes, ve? qui ihidem Downi e sua filha Adosinda fundárão o Mos
nus superduxerint , & in vida Sanc teiro de S. Marinha de Avintes , ao
ta perseberint , sub manus de ipse qual doárão esta mesma Villa. E
Abba, e de ipsa filia mea, jam supe que a mesma Adosinda (da herança,
rius nominatis ; protestando , que que lhe coube de sua Mai, ) fez
he a sua expressa vontade, que em doação de algumas Herdades , e
nenhum tempo, e debaixo de qual Igrejas aos Mosteiros de S. Miguel,
quer pretexto, se possão estes bens e S. Christovão, antes que fosse pa
vender, dar , doar , ou por qual ra a Labra Doc. de Pedroso. E de
quer modo alienar do dito Mostei caminho se note, que nem o A. da
ro &c. Facta series amnitio Testa Benedictina Lusit. tratando do Mos
mento nodum die erit VIIII. K. Mar teiro de Pedroso , nem Telles na
cias. Era.D.CCCC.XXXV.Nesta mes Chron. da Companhia, denominada de
ma Doação se relata , que Gunde. $#ESUS'; Par II. e no anno de 1555.
sindo era filho de Ero, e casára com entenderão o que dizia esta Escri
Enderquina Pala , filha do Capitão tura, que hoje se conserva Origi
Mendo Guterres, da qual teve estes nal em o Archivo da Univers, de
Coimbra. • •
demos dizer, que as Reliqmias não serião contempladas para o preço, se não pela ra
zão dos ornamentos dellas, ou engastes de grande estima, em que muito se esmeravãº
os Fieis. V. Reliquias.
48 JG IG
mire, ou Crastumia, ( a que hoje In Dei Nomine. Ego Adaulfus Prer
chamamos S. Marinha de Crestuma, ) biter: placuit mihi , nullius quoque
na margem esquerda do rio Douro. gentis imperio, nec suadente articu
Mas escusando-se o Respeitavel lo, sed propria mihi accessit volun
Prelado de sahir do seu Mosteiro, tas, ut venderem tibi Cresconio Pres
·o Rei, e a Rainha pela sua Devo biter mea Ecclesia, vocabulo Sancto
ção, e toda a sua Corte, forão em rum Virissimae, Maximae, & Julie,
barcados até Crestuma, para visita qui est fundata in Villa Laciveto,
rem o Bispo, e fazerem Oração na territorio Colimbriae, Óº meas casas,
-quelle Santo lugar, a que fizerão dº suos dextros, exitu, vel regres
Doação da Villa de Fermedo, com su: Omnia quae sursum resonat , ab
outros grandes favores, e mercês. integro concedo. Et accepi de te in
E mesmo os Condes Lucidio Vima precio alia tua Ecclesia vocabulo S.
raens, e Rodrigo Luci, e outros Fi Mariae, cum suas casas, & cum suos
dalgos , doárão a este Mosteiro passales in Villa Octíl: tantum nobis
grande numero de Villas, e Igre bene complacuit ; ita ut ab hoc die,
jas. Entre estas se contão : Santa vel tempore sit ipsa mea Ecclesia, ó"
Marinha, não longe do Porto da Ci illas meas casas, & illos dextros de
dade de Anegia: Santa Cruz de Abu juri meo abrasa , Óº in tuo dominio
il: S. foão de Ameixiedo: S. Mar sit tradita. Et qui inde minime fece
tinho de Paradella, junto ao rio Fe rit, Óº ista Carta exierit , quomodo
bros: S. Miguel de Cortegáda : S. Pe pariat illa Ecclesia dublata, & vobis
dro de Villa Chã , na Avranca : S. perpetim abitura. Faca Carta Ven
Miguel de Dezanos : Santiago junto ditionis notum die VIIII. Kal. Februa
ao rio Ver : S. Miguel de Oliveira: rii. E. D. CCCC. 2 XV. Ego Adaulfus
o antigo Mosteiro de Santa Marinha Presbiter in hanc Kartula venditionis
na margem do rio Antuãa : S. Pela manu mea Of. R. Fradila — ts. Laga
ro-ts. Maiorelle-tr.
gio de Ossella : S. João de Cepellos: gildo-ts. Gemil-ts. Octavio-ts.
Stephano-tr.Teode•
(*) Rui de Pina na Chron. d'ElRei D. João II. C. 19. diz, que este Monarcha
mandára lavrar pela primeira vêz em Junho de 1485. as suas moedas d'ouro : a saber
Justos, e Espadins: as primeiras de 22. quilates, e preço de 6oo, réis: as segundas
exão em pezo, e valor metade dos 3ustos, com valor de 3oo réis ; mandando que o
marco de prata valesse dali em diante 228o. réis. W. Espadins, . . . . . .• --- :
*
*
66 JU
no de 5o6. fez huma compilação do Tit. 1. do mesmo Fuero fuzgo,
das Leis Romanas, que intitulou segundo hum Exemplar , que na
Auctoritas Altarici Regis, ou como Corte de Lisboa se conserva. (*)
vulgarmente se diz, Breviarium Ania Por este Fuero fuzgo se prohi
ni; porque Aniano as compilou por bião nos Tribunaes as Leis dos
ordem do Rei. E finalmente Theo Romanos; permittindo, e mesmo
doríco Rei de Italia , no tempo dezejando, se lessem, e estudas
que administrou as Hespanhas , sem as Leis estranhas, para eru
promulgou as suas Leis em 154. dição, e maior conhecimento das
Capitulos, a que deu o Titulo de Leis Patrias. Por este Codigo se
Edicto. Porém nenhum destes Co devião terminar todas as causas pe
digos he o Liber judicum, ou o los Juizes , a que pertencião. E
Fuero fuzgo, suposto que muitas succedendo caso, a que a Lei não
destas Leis nelle se recopilassem, tivesse providenciado, se devia rec-.
e servissem como de ensaio ao correr ao Principe, para que elle
Forum judicum , que o Rei Kin o decidisse , e o seu Aresto, ou
dasvindo acabou de escrever pela Decizão se devia logo apensar ao
primeira vez no de 643. , e que Forum judicum, para ser guardada
depois instituio seu filho Reces com força de Lei. Erão quasi in
vindo, quando no de 647., viven numera Aeis os Juizes, que os Go
do ainda seu Pai , solemnemente dos tinhão, para que as causas se
as publicou nas Cortes geraes do não demorassem. Julgavão os Du
Reino, que para este fim se con ques, os Condes, os Vigarios, os Ar
gregárão , e nas quaes o mesmo sertores da paz, os Tyuphados, os
Recesvindo com os Bispos, e Gran Millenarios, os Quinquagenarios, os
des, fez algumas Addiçoens, co Centenarios, os Decanos, os Defen
mo se convence pelo Liv. V. e IX. sores, os Numerarios, os Delega
dor
—T
(*) Na Advert: Prelim. Período 1. se disse fôra este Codice publicado, em Lingoa
Hispano-gotica pelo Rei Ervígio no de 682.: o que se deve entender do Original, es
crito em Latim no tempo deste Rei, e traduzido em Hespanhol depois do Sec. XI.,
com o Titulo de Fuero 3uxgo, que foi impresso pela primeira vêz em Madrid no de
E6oo ; havendo-se imprimido as Leis dos Wisigodos no de 1579 com o Titulo: Coditis
Legum VVisigothorum Libri XII. De fenão acharem no Fuero Juxgo muitas palavras Mou
fiscºs, que vogárão em Hespanha depois do Sec. VIII., nasceo o prejuizo, de que el
le, fôra escrito em vulgar no Sec. VII; mas a verdade he, que em Hespanha se não
acha, nem deu em vulgar.Doc. algum, antes dos fins do Sec. XII. Chega-se a isto,
que "º #º Jurgº, se achão as Leis do Codigo 17ísigotico não tanto traduzidas, quan:
to recopiladas , e algumas vezes invertidos os Titulos. Estas Leis confirmarão depois
D. Bermudo II., Rei de Leão, e Oviedo no de 982., D. Afonso V. no de Ioo3. »
D. Afonso VI., e outros, algums dos quaes lhes fizerão varias Addicçoens, e princi
Palmente os Reis, de Aragão: é mesmo em algumas copias antigasse áchão os Decre.
os do Concilio de Coyança (hoje Valença de D. João, entre Leão, e Benavente) de
Yo5º º que Aguirre se porsuadío sem fundamento fôrão escritos originariamente em Hes.
Panhol. 7: Hesp. Sagr. T. 38. 4 f. 243, & feqb. Na Recopilação das Leis de Hespanha,
# Se publicou no de 1567., dividida em IX. livros, e na qual se incorporárão as Leis
el Fuerº, que D. Afonso X.º havia promulgado, e o ordenamiento Real em tempo
àe D. Afonso XI. no de 1384. e as Leis de Toro no de 15os: tem as do Fuero 3uxgo
hum lugar distincto. Concluindo-se de tudo que o Fuero 3uxgo, que hoje temos (man
dado traduzir em Hespanhol por ElRei D. Afonso, o Sabio, ) sendo na sua Origem o
mesmo
soens, que
que ºnelle
Codice dos Vísogodos,
se encontrão, as alteraçoens
o fazem addicçoens, mudanças,
realmente distincto, • -
e supres
, - … •
JU JU 67
Aos do Rei, os Arbitros das Partes, cum Orthodoxis viris inlustris, per
e outros muitos.
fago Spiritu pleni callerectis produ
No Concilio XVI. de Toledo bio declararunt, de hereditate ad pro
procurou o Rei Flavio Egíca se pinquiº, extraneis, vel unuscujusli
recopilasse de novo este Codex Go bet personis : Ut unusquisque de re
thorum, inserindo nelle 1.° As Leis bus suis cujus libet personis cum omni
dos Reis Godos até o seu tempo. odore, Óº perpetuae firmitatem habe
2.° Os Decretos dos Concilios To re, tradere liceat : aproveitando-se
letanos. 3º As Leis Antigas, que pois desta liberdade de disporem
sem dúvida são as que os Godos dos seus bens, fazem Doação de
tomárão dos Romanos. 4.º Final todos elles por sua morte ao Mos
mente huma Collecção de Leis teiro de Lorvão no de 967. Liv.
sem Titulo algum , ou Nota do dos Testam. N. 2. Em huma Doa
seu Autor ; ainda que muitas são ção ao Mosteiro de S. Pedro de
de Kindasvindo , e de seu Filho Cete no de 985. depois das cos
Recesvindo, os que mais procurá tumadas execraçoens contra qual
rão civilizar os seus Vassallos. Mas quer, que a quebrantasse, conti
não foi esta ainda a ultima mão núa: Et super Judizes estantia, &"
que trabalhou no Forum judicum : Portivizes Ordinazio pariet ad ipso
até o de 976. lhe fizerão varias /oco , quanto inde usurpadus fuerit
adicçoens os Reis das Asturias, e dubladum , vel quatuor dubladum ,
de Leão, confirmando as Leis an secundum Lex dozet, &c. Doc. do
tigas , e promulgando outras de Collegio da Graça de Coimbra. No
novo. Nas Antiguidades de Navarra Seculo XI. ainda continuão semi
pag. 421. se diz: Cindasvinctus Rev. lhantes vestigios; mas depois que
Recesvinctus Rex. Egica Rex. Urra ElRei D. Fernando, e particular
ca Regina. Sancio Rex. Ranimirus mente o Conde D. Henrique, e
Pex. Sarracinus socius. Vigila scri a Rainha D. Thereza, derão par
ba. Garrea discipulus. Hi sunt Re ticulares Foraes a muitas Terras,
ges, qui abtaverunt Librum judi o Fuero juzgo só tinha lugar no
cum.... In tempore borum Regum, que pelas Leis Municipaes não es
atque Reginae perfectum est opus Li tava determinado. O mesmo Se
Bri bujus, discurente E. T. XIV e nhor Infante D. Affonso Henriques,
Moreto, vertendo esta passagem, feito já Princepe absoluto de todo o
diz: Estos son los Reis, que ajusta Portugal, não fazia escrupulo de
ron el Libro del Fuero juzgo. citar as Leis Romanas, e France
Este, pois era o Livro das Or zas juntamente com as Gothicas,
denaçoens daquelle tempo, segun tomando de cada huma o que mais
do o qual devião todos os Julga se conformava com o genio da Na
dores regular as suas Decizoens. ção, e variedade dos tempos. Na
Nas terras de Portugal se achão, Doação , que a 6. de Abril de
repetidos vestigios deste Fuero 1 129. fez a D. Monio das Villas
juzgo: exaqui alguns: Nezeron, , Sala, e Saela no Valle de Arouca,
e sua mulher Tortéra , em cum diz: Ego Infans Adefonsus, secumdum
primento da Lei , . Quod gloriosis auctoritatem Donationum Legum Ro
Arincipes mostri constituerunt, uma manarum, atque F{… , seu Go
11 10
68 TZ, | K
torum de hac Hereditate, quam tibi Aguias o que bem lhe parecer. Doce
Monio Roderici libera, é irrevoca de S. Pedro das Aguias. _*
lis , Frater Alfonsus Petri Farinha Nos fins do Seculo XIII, e prin
Ordinis Hospitalis S. Johannis fe cipios do XIV. se escrevia em Por
rosolimitani, existens aetatis 2. an tugal hum h em lugar do segun
norum , incepit edificare hoc Mo do L em as Dicçoens , que aliás
masterium .... Dictus Frater Alfon se escreverião com L dobrado. V.
sus.... vixit triginta annis, Óº.... g. Eu lhi , por. Eu lli, preterito
intravit Ordinem praedictum, ó ve do verbo ler: Elbe, Lbeixou, Da
uit Mauram, ó Serpam, ó vixit quilho , Tarouquelha, Cavalharia,
ibi viginti annis, &c. Se pois de Estabelhecemos, Todalhas, Fazelho,
3o annos entrou na Ordem, e vi Delhas , Pelho, Seelho, Prelhado,
veo 2o na fronteira dos Mouros; &c: Em lugar de Elle , Lleixou,
fica manifesto, tinha 5o, quando Daquillo, Tarouquella, Cavallaria,
começou a fundar este Convento, Estabellecemos, Todallas, Fazello,
e não 2o, como, por ignorancia, Dellas, Pello, Seello, Prellado, &c.; º
. disse o A. da Miscellánea. Em a afectando deste modo a pronun
Tab. 2. n. 3. se achão I I figuras cia dos Hespanhoes, senão era mo
do L, que valia 5o; prescindindo da, e corrupção dos tempos. ,
de outras muitas, que com alguma LABORAR, ou Lavorar. La
diferença se achão em os nossos vrar, romper a terra. Dixit": quad
antigos Documentos, mas todas quando dies versa fuit in noctem,
com o valor constante de 5 o. quod ipse tangebat boves in vessada,
L. Figurado deste modo 2. se quando laborabant. Isto he: ainda
acha alguma
Romanas. V. vêz nas Inscripçoens era rapaz, e tangia os bois; como
Caliabria. •
!
LA! "LA 7;
Mór da Terra de Gaia se lê o se» os Latinos formátão da Litaneia
guinte: It : ha d'aver o custume de dos Gregos, que propriamente si
4uantos navios entrarem pela foz do gnifica: Rogativa, súplica, depre
Doiro, e per antre amballas ladas. cação, e que ao depois se disse
I.º Preto de Grijó. Na Infima La tambem, Procissão, Preces, Ro
tinidade se disse Lada, ou Leda, gaçoens. As Ladainhas Maiores fó
por estrada , ou caminho largo; rão instituidas por S. Gregorio M.
porém aqui não se póde dizer que no dia de S. Marcos no anno de
Ladas são estradas da terra , mas 59o, para consiguir de Deos o re
sim caminhos d’agoa, por onde os medio da peste, a que chamárão
navios, ou quaesquer outras em Inguinaria , porque dava nas viri
barcaçoens, (que então indiferen lhas (e talvêz fosse prolusão do
temente se chamavão Navios) po Bubóm, Mentágra, ou Pudendágra,
dião navegar. São, pois, as La e hoje Mal Francez, que depois
das, as duas correntes do Douro, de 1493 tem consumido innumera
superior, e inferior á Cidade do veis escravos da torpeza.) As La
Porto; não só por lhe ficarem aos dainhas Menores instituio S. Mamer
lados; mas, e principalmente, por to, Bispo de Vienna de França, e
serem os caminhos, e estradas lar se fazem com o Titulo de Roga
# gas, por onde lhe vem os manti goens nos tres dias antes da Ascen
mentos, e riquezas, assim de fó são. Á imitação destas se institui
ra da barra, como de dentro della. rão outras muitas Ladainhas em di
|
//. Portelo. • -
(*) O CI. D. Fr. Manoel do Cenaculo, Bispo de Beja, no de 1791 fez imprimir
em Lisboa os seus Cuidados Litterarios: nelles a fol. 362 , e seguin. trata largamente da
A4ilagrosa Apparição de 3. C. ao Invictissimo Rei D. Afonso I., reproduzindo em sum
ma os Novos Testemunhos desta mesma Apparição, que o incansavel Padre Antonio Pe
reira de Figueiredo fizéra imprimir no de 1786, acrescentando-lhe alguns mais, e muitas
razoens tiradas do local do Campo de Ourique : o que tudo nos violenta a crer, que
esta victoria foi mais do Ceo, que da terra. Nenhum destes Grandes Homens duvída da
batalha; mas antes os Docum-, com que prováo a controvertida Apparição, prováo sem
replica a decantada Victoria. Porém hum, e outro fazem demasiada força no Juramento
Real da Era de 1152, que Pereira diz fôra alegado no de 1556, como existente em San
ta Cruz de Coimbra , e o Bispo accusa o mesmo Juramento , como depositado desde o
mesmo tempo da sua Data enrre os MSS. da Biblioth. Vaticana. Mas nisto ha manifesto
engano; pois a Obra Symmicta Lusitanica no vol. LI. Doc. XX, he muito moderna;
desde que se formalizou o tal Juramento para se metter no Almario das tres chaves de
Alcobaça, largo tempo houve para o inserir entre as muitas Pegas falsas, que na tal
. Bibliotheca se achão, como diz Baron. ad an. 604. Vid. Cruz.
Com isto não dizemos, que não houvesse o tal Juramento; tão sómente afirmamos,
que o Pergaminho de Alcobaça se não he apocrifo, não passa de apografo, e discordanº
te do que se conserva em S. Vicente de fóra: este foi copiado do de Santa Cruz de Coim
bra no de 1597, cujo sello pendia de Correas do mesmo pergaminho, quando o de Alco
baça pende de fios de seda vermelha. No de Alcobaça se nomeão os Bispos, que no de
1 151 existião : no de Santa Cruz se nomeão Pedro de Coimbra, e Estevão Braga:
anachronismo insanavel, e que nos mostra a supposição do Documento. Veja-se a Me
noria do taborioso Fr. 3oaquim de Santo Agostinho nas da Real Academia de 1793. Tom.
X- f. 297, no Cod. 309.
8o LÁ 1.LA
Documentos fieis, que ali se acha lium inter Paganos, & Christianos,
vão. Não foi logo a Epocha da Preside Rege Ildefonso Portugalensi
Batalha de Ourique o resultado de ex. uma parte , Óº Rege Paganorum
huma Tradição devota , e interes Examare ex altera, qui ibidem mor
sada ; pois ainda no Seculo XIII. tem fugiendo ...... evarit , in die
se não tinhão controvertido, nem Sancti jacobi Apostoli, mense Julii,
a Apparição, e Promessas de JE E. M. C. 2XXVII.
SUS Christo, nem as Pertensoens Eisaqui hum luminoso Documen
mal assombradas, e peior succedi ro, que quando não seja Synchro
das, de Castella. Escreveo-se uni no , ao menos he Supar. Elle nos
camente o que podia interessar os infórma claramente da Batalha de
vindouros com a noticia de hum Ourique, e afiança o credito de
Acontecimento, tão memoravel, e todos os nossos, e alheios Chro
honroso: Acontecimento, que até nistas, e Historiadores, assim mo
os Emulos da gloria Portugueza dernos, como antigos. Bastaría sem
senão atrevêrão a negar até o pre dúvida este Testemunho maior,
sente dia; negando só , que ali que toda a excepção para nos con
baixasse aos olhos do nosso Prin vencer de cousas tão remotas, e
cipe o Rei da gloria, Immortal, e nervando inteiramente o argumen
Invisivel. Bem sabemos nós as man to negativo. Porém acrescentemos
queiras de Gaspar Alvares Lousa outro, para que ambos tornem o
da; porém a Tradição de todos os feito de huma fé incontestavel.
lugares, de todas as Pessoas, e Em o Archivo da Mitra Bra
de todos os tempos não poderá in char. Gav. da Primazia. Mass. I.
demnizallo de qualquer nota de N. 8. se conserva huma dilatadis
menos verdadeiro?.. sima , e Original Inquirição de
|
(*) Prometterão trazer para dentro dos muros da Cidade os seus gados , e os seus
fructos, e renovos. V. Atondo , a que podemos ajuntar a Doaç. de algumas herdades,
que no de 1999 fez D. Pedro II., Bispo de Lugo, á Condessa Elvira Suares in presta
alto, é atondo; obrigando-se ella a fabricallas, sicut bonus agricola, e dimirtillas, quan
do muito quizessem o Bispo, e o Cabido, como direito Senhorio, que erão. Hesp: sa
gr. sup. f. 193.
LA LE 87
sias, & in meskinor, de predas, &" sa vos mo Lazararedes. Cod. Alf.
disrumptiones, dº rausos, ó homi L. II. Tit. 14, § 2. @
#*
que em algumas partes tem as lin corporés mei, é meam azemeiam,
guiças, se chamárão longariças. <&º meum lectum cum tota sua litei
*-*
•+
LINHADA. O mesmo que Ni ra. Testam. da Illº Snr." Orraca
| nhada. Mandastees, que todos os que
Fernandez de 1254. V. Facezeiro,
lobos matarem, ou achassem linhada e Froixel. Doc. de Tarouca. Esta"
delles , que ouvessem certa conthia. palavra mui frequente em os nos
Cort. de Santarem de 143o. sos mais antigos Documentos, vem
. LIPERA. V. Livra. *. sem dúvida de Lectarium, que na
de LIS.
13oo.O mesmo que lhes. Doc •
Baixa Latinidade nada mais era, que
Apparatus , & instrumentum lecti.
. LISIADO. Lezado, ferido, of Bastará reproduzir a Regra de S.
fendido, mutilado. Vem do Latino Fructuoso Arcebispo de Braga,
Jaesus. Et qui ferit de lancea , aut que no Cap. 4. diz: Quidquid in
d’espada, pectet X. f.: & si tran vestimentis, calceamentis, vel lecta
siret ad altera parte, pectet XX. f. riis Monachorum venustum fuerit...
al rancuroso. Et qui quebrantaverit pauperibus erogetur. E no cap. 1o
oculum , aut brachium, aut dente: tratando dos Hospedes, diz: Lec
pro unoquoque membro pectet C. f. a taria , lucerna, & stramina molia
lisiado, & ille VII." a Palacio. Fo exhibenda. Depois se disse Litario,
ral de Castello-Branco de 12 13. ou Leitario, e ultimamente Litei
Doc. de Thomar. ra, dee Leito
va variasdepeças.
Liteira, que consta •
LITARIO, ou Leitario: V. La
mio. No Doc., que ali se adduzio, LIVERDOEM. Liberdade.Doc.
onde se faz menção de porco, por de 1324. -
ca, e leitoens, não se póde tomar LIVRA, ou Libra, ou Lipera.
litario por synonymo de leito. is., Moeda de prata, que começou com
que se acha em huma Carta d' El o Reino, e com valor de 36 réis.
Rei D. Affonso III. no T. IV. da (*) Depois se lavrárão livras de
Monarch. Lusit. f. 279, significan cobre, mas de peso, e valor tão
do o leitão : gallinam , caponem, infimo , que em respeito ás anti
capritum, leitonem, &c. A meu ver, gas livras, se chamárão Livrinhas,
e se de todo me não engano, li 7oo das quaes fazião huma das
rario se toma aqui, como diminu primeiras livras: e depois 5oo das
tivo de leito; isto he hum piqueno segundas fizerão huma das primei
leito, com a sua ordinaria, e res ras. Nas Orden. dº ElRei D. Manoel
pectiva roupa. V. Liteira. •
• \
(*) No Cod. "Fisig. se faz larga menção de Libra d'ouro, Onça d'ouro, e Soldo
d'ouro. He certo, que estes Barbaros quando entrarão em Hespanha se regulárão pela
conta Romana, segundo aqual huma Líbra tinha 12 onças, a onça 6 solilos, e por con
siguinte a Libra continha 72 soldos. He verdade, que o ouro dos Godos cra mais bai
xo, que o dos Romanos. Tambem os Godos usárão de Tremisis, e Siliqua. Na Tra
ducção do #*# se não póde fazer grande força a respeito do valor das moedas
Wisigoticas; porém ha todo o fundamento para dizermos, que o Tremisse era a terça
parte, e a Siliqua a vigessima quarta parte de hum soldo.
92. | LI LI
em todos os Emprazamentos, ar Escudo dá nossa moeda 164 réis : a Do
rendamentos, rendas, fóros, &c. bra cruzada 18o réis: e o Marco de
que antes de 1395 se fizerão, se prata 84o réis. Porém nos Contra •
(*) Muito antes do Senhor Rei D. Manoel se contava o Maravidil da moeda anti
ga, ou o Maravidil velho de Alfonsins por 27 réis brancos, que são os que presentemen
te usamos de seis ceitís o real. Por pensam quarenta maravedís da móeda antiga.. S, º
maravidi de XXVII. soldos; contando o Grave a XIIII, dinheiros; e ho Pilarte a VII, di
nheiros; e a Barbuda a dous soldos, e quatro dinheiros; c o Soldo de nove novos. Doc.
da Univ. de 1 399, e 1414, e o mesmo se acha em Doc. de Santo Thyrso de 1495, e
nas Bentas do Porto no de 1451. Porém no de 141 1, e 142 1 valía tão sómente_2O réis
segundo os Doc. deste ultimo Mosteiro. Na Lei de D. Affonso IV. (sobre o Serviço,
que os Judeos devião pagar á Côroa) se declara, que o maravidi são 15 soldos; Cod.
Alf. L. II. Tit. 74.5. 2. Esta variedade he , a que se propoz exterminar o sobredito
Monarcha. -
II? MA MA
jes, que em seus logares rum, e ato réis por maravidi. O mesmo se vê
dolos Ricos-homeens, e os Cabidóós, por outro de 142 1 que ali se guar
e os Vigairos, e os Abbades, e Prio da. E finalmente no de 1489 se
res, e Conventos, e aos Moesteiros, acha em outro: Hum Maravidi, ou
e Comendadores, e a todolos Alquai 27 réis por elle , ou como ElRei o
des, e Alvazís, e juizes , e Con mandar pagar. E com efeito os
celhos de todo meu Regno, saúde, e mandou pagar todos a 27 réis nos
graça. Vos bem sabedes que Eu puis Foraes, que reformou, em que de
com vosco , que quando Eu quizesse Maravidís de prata, ou velhos se fa
acrezentar a minha moeda nova, que zia menção ; exceptuando alguns
vo-lo fezese ante saber. Unde sabede, poucos, dos quaes he o Foral de
que Eu quero acrescentar essa moe Mogadouro de 15 12 em que diz:
da, e comezar-la-ei acrezentar pri Nenhums destes Foros deve pagar a
mciro dia de Abril , este primeiro Pessoa que não tiver bens de raiz
que vem. E faço-vo-lo ante saber por que valham vinte Maravidís do Fo
seerdes certos do dia , que mando ral velho, que sam da moeda hoje
acrezentar, e fazer essa moeda. E corrente 97o réis; reduzido o ma
quem quer que aduga prata, ou ou ravidi a 48 réis e meio. Porém os
tros cambios a essa minha moeda, que tiverem bens de raiz , que va
dar-li-am por lo marco de prata qua lhão de Io maravidís até vinte, não
zorze libras da minha moeda velaha: pagaráõ mais, que doze soldos, que
e os outros cambios comprar-li-os-am são vinte e hum real e meio, de seis
per aquela medes razom da prata, ceitis o Real. E os que não chegarem
e gagar-los-am logo mui bem. E man aos dez maravidís, que sam 485 réis,
do , que todo-los Taballioens de meu não pagarám tributo algum. Doc. de
Regno, que screvam esta Minha Car Mogadouro.
za em seos Registros. Unde al non MARABITINO. V. Maravidil,
façades. Dada em Liixbona VI. dias MARAVIDIM. V. Maravidil.
andados de Março. ElRei o mandou. MARCAS. Nome de mulher,
Martim Anes a fez em a Era de que corresponde a Marcos, nome
mil, e trezentos, e oito annos (An de homem. /
(*) Se no territorio de Coimbra constava a Mea de seis quartilhos por ser a meta
de da quarta de hum almude; na Província do Minho se dissé Mea, ou Meya a mº
dida de dous quartilhos, por serem meia canada. Em cada huum anno por dia d entruído
tres mêas d'azeite, ou de } em dous annos á cafra huum alqueire, e nico, qual antes os
dictos aforadores quiserem. Doc, de S. Pedro de Coimbra de 1446. Aqui bem claramente
se vê hium
ceira que adoxio
me t são
de seis quartilhos.
manteiga. Doc: —de A primeira
Pend. pessoaSendo
de 1425. huma omeya
dozãode huma
manteiga : 4 ter
canada fi
ca manifesto, que a sua meya erão dous, e não seis quartilhos. ,
126 ME ME
mecedura do cabedal, peé de porco, Cathedral de Lamego, em que de
com tres soldadas depam, ou V, sol clara, que duas medidas velhas fa
dos, se os nós ante quisermos. Doc. zem hum alqueire da medida corren
de Bostello de 1 3 1 6. te acrescentado, a saber, leva mais
MEDALHA. O mesmo que Mea hum punhado. Lºvelho das Doaç.
lha. De corio de vaca, vel de zevra, Orig. a f. 1o8. 2º Pelo contrario,
duos Denarios : de corio de cervo, no Foral de Monte Mór o Velho,
vel de gamo, III, medalias. For. da declara , que quatro alqueires da
Covilhaã de 1 186 no Lº dos For. medida velha são 3 alqueires da no
7’elhos. •
tos. Cod. Alf. L. II. Tit. 7. Art. 92. huma mesa, como toalhas, guar
MENGOA.
goa. ".
•
O mesmo que Min danapos, talheres, cópos, &c. He
.… , , •
já do Seculo X, , , , , , , , , ;
MENGOADO.A. Falho, falto, MENSURA. Medida. Doc. de
desprovido. Pola, qual razão a dita Tarouca do Seculo XIV. e º sº\".
JZilla ficou menguada de gentes , e : - MENTARIO, Inventario, di
companhas, e esteve, e está em gram visão, partilhas. No de 1 1o8 se
perigo de se perder, e despovorar, fizerão certas partilhas, e princi
Carra d'ElRei D. Fernando de pia o Instrumento: :In Dei nomine
137o. Doc. de Moncorvo. ••
MI • • Mi 137
sas falla S. Willelmo nas Constit. de Thomar. E não se estrañhé ó
Hirsaug. L. I. Cap. 86: Sacerdos, cantar Preces, e Oficios de Defuntos
si privatam Missam cantare voluerit, no Domingo; pois ainda o não ha
inuit Converso cum signo Crucis, quod via prohibido a Liturgía daquelle
est signum cantandae Missae. E o tempo. * , |
(*) Havendo fallado da Missa, não será desacerto dizer alguma consa da sua esmo
la, que parece foi subindo gradualmente com os generos da primeira necessidade. Se
gundo alguns Doc, de Viseu, no Sec. XII. não passava ella de hren soldo. No Sec. XIII.
chegou a dous soldos. . No de 1304 era já de tres soldos, como se vê por hum Doc da
Igreja de S. Thiago de Coimbra. No de 152o se pagava huma Missa de tres em renge,
ísto he, com Ministros Sacros, a canto de Orgão, e com assistencia da Communidade
de S., Francisco de Lamego, por 2o réis; ficando-nos lugar de prosumir, que a rezada
e de hum só, Padre seria menos de 1o réis. Consta por hum Doc. da Univ. que no de
2523 se mando" pagar a Missa a 18 réis ; pagando-se antes, a 12 réis. No Synodo de
Coimbra de 1566 se mandou que a esmola da Missa fosse de 30 réis; sendo antes de
2o réis. No de 159o por huma sua Provisão para a Misericordia de Coimbra concede
o Senhor Rei D. Manoel, que fosse de 40 réis a esmola da Missa rezada. Ibidem. Na
da disto nos póde causar admiração á vista de hum Doc. de S. Christovão de Coim
bra de, 1401, pelo qual se commutou a pensão de sete alqueires de azeite por sete livras,
cinco das quaes fazião hum real de dez soldos. V. Decimas , onde se achará a avalia
ção dos fructos no de 1515 , e combinando o tempo que passou com aquelle em que
vivemos, será facil o saber quanto, excediáo os 2, ou 3 soldos dos Antigos aos 12o réis,
que algumas Constit. Diocesanas ultimamente prescrevêráo.
MI
MI 139
mavão ao Livro, que trazia as Mis do dáquelle, que he misteiroso, e º
sas de per annum, e tudo o que recompensamento da honra aaquelle ;
pertencia á Liturgía do Altar. Ou que he muito nobre , e excellente.
tros Missaes havia, que constavão Chron. do Conde D. Pedro. C. 1.
só de alguns Oficios Divinos, Ora MISTERES. De Ministeriaes se
çoens, e Collectas, que tambem formou Misteres, que erão os Ser
se chamárão Missas, como se dis vos da gleba, escravos , ou colonos
se V. Missa. Missal de papell, rro de certas fazendas, os quaes erão
maão, mistico. - Outro Missal soo diferentes dos Servos caratos, don
mente Oraçoens. Doc. de S. Pedro de entre nós se derivárão as pala
de Coimbra de 15 14. Está bem vras Casal, e Caseiro. Dos Roma
clara a diferença de hum; e ou nos, e depois dos Godos, que dis
tro Missal. Este Missal se chama punhão das terras, e pessoas dos
em outros Doc. Livro Mistico. No vencidos, segundo a vontade do
Inventario da Igreja de Santo An seu Principe, nasceo o Poder He
dré de Escariz de 1418 se achá rí!, que os Donos exercitavão nas
rão: Duas vestimentas perfeitas: Hu terras , e pessoas , que lhes erão
ma Capa de sirgo: Gum caliz de es dadas, e repartidas; chegando mes
tanho : Hum livro Mirral Mistico. mo a serem senhores dos Córpos,
Doc. das Bent. do Porto. e Vida (e talvez das honras) des
MISSÁM. Homem, ou mulher, tes Ministeriaes, Mistéres, ou Es
que servia de correio, ou de levar cravos do torrão. Quando principiou
recados. Vem do Latino Missus. a nossa Monarchia já o Poder He
Nos tempos antigos era frequente ril se havia convertido em juris
a Pensão de serem os homens, e dicção Patrimonial, que (exceptuan
mulheres peoens obrigados a ser do as vidas, e honras) nada dife
vir de graça ao Senhor da terra ria da 1.° na escravidão de rece
nestas viagens, como se disse V. berem as Leis arbitrarias, e talvéz;
Carreira. No Foral de Cêa de 1 136 dispoticas, dos respectivos Senhorios,
se eximem as mulheres de recado Contribuiçoens , Serviços, juizos,
desta obrigação gratuita : Nulla Penas, e tudo o mais, que estes
mulier missám non faciat nullum ser Legisladores lhes impunhão; pro
»itium de Senior terrae, nisi pro suo hibindo-lhes mesmo algumas ve
precio. Lº dos For. Velhos. zes, e com graves penas, o rec
MISSAR. alguem. Dizer Missas corerem á Real Córoa. E he bem
pela alma de algum defunto. No para admirar, que ElRei D. Afon
de 1 156 fez Mendo Viegas o seu so II. longe de exterminar, pare
Testamento : nelle deixa a terça ce deo a sua approvação a seme
parte de toda a criação de animaes, lhante abuso, quando no de 12 Ir
fructos , e renóvos aos cativos; determinou com graves penas: Que
Excepto unde me missem, ó" in mor o homem livre possa viver com quem
item, &c. Doc. de Pend. lhe aprouver : excepto os que vive
MISTEIROSO. Oficial meca rem nas Herdades, e Testamentos;
nico, trabalhador rustico, obreiro. entendendo pelos que vivião nas
E porque segundo o Filosofo , o re Herdades os Escravos dos Grander
compensamento do ganho deve ser da Senhores , e pelos que vivião nos
S ii Ter
••
•
I4O MI MO
Testamentos, os Escravos das Igre Achardõ Santa Maria, e Jozeph, e
jas, e Mosteiros, a quem por Doa o Moço posto no presepio. Assim tra
çoens as taes terras, e Colonos duzião : Infantem positum in pre
fôrão concedidos. ElRei D. Affon repto. •
à=
(*) He certo que no Sec. XII. coexistírão mais de hum Egas Moniz; e daqui po
dería alguem persuadir-se, que as tres mulheres antes de D. Tereza Affonso, fórão de
outros Egas. Mas esta persuasão se desvanece inteiramente á vista de que só na acquisi
ção dos # , que, sem a mais leve dúvida, fôrão do marido de D. Tereza Affonso,
os seus respectivos nomes se encontrão , e fóra das Salzedas se não achão , ou ao me
nos , sem que nos deixem bem persuadidos , que ellas de nenhum outro Egas Moniz
fôrão consortes. Em Pendorada, se acha hum Pergaminho de 1142.; que contém 2 Ins
trumentos: o 1.º he Doação da Villa de Savarigones, que Egas Moniz, e sua mulher
Gontina Ramirez fizerão, metade a S. Martinho da Espiunca , e metade a Pendorada:
C 2. º he huma Carta de meação de todos os seus bens , no caso que nenhum delles
se tornasse a casar, depois de viuvo. Estes mesmos fizerão o seu Testamento de mãe
commum no de 1163, em que libertão por sua morte todos os seus escravos Mouros »
que então forem baptizados: Et ipsa criaçom, que fuerit baptizata ad mortem nostram si:
fibera. Ainda erão vivos estes consortes no de 1174, como consta da Doação, que fi
zerão a Pedro Moniz, a quem tinhão criado, e elle os tinha servido: Pro criani: , 4
ro servicio. Mas daqui senão conclue , que Egas Moniz não tivesse quatro_mulheres:
nicamente se mostra, que Egas Moniz, senão teve companheiros na educação, e con
fiança intima do Principe, não foi com tudo singular em o nome, que tão honrosamen
te o distinguio. Doc. de Pendorada, o Nobliário do Conde D. Pedro Tit. 36. f. 187, e
seg. diz , que este honrado homem fóra casado com D. Mór Paes , filha de D. Payo
Guterresfórão
lheres da Silva, da qual
5, e que tivera
esta foi descendencia. A ser assim, diremos que as suas mº
a primeira. •
I 42 MO MO
E finalmente o mesmo D. Egas chivos todos da sua Congregação,
Moniz , e sua mulher D. Tereza falleceo no Convento da Serra do
Afonso , desde 1 134 por diante Porto , onde se guardão os seus
comprárão muitas, e diversas Her MSS.) se acha huma sobre os Mo
dades, que hoje são das Salzedas, dios das Vendas, e Compras anti
onde se guardão os Titulos, e to gas, em que o seu A. suspeita,
das se pagárão portantos, ou quan que elles erão Moedas, e não Me
tos Modios: E tudo isto parece nos didas. Com efeito, no Lº Baio fer
faz violencia, para dizermos, que - rado de Grijó (assim como em ou
os Modios erão Dinheiros daquelle tros muitos Doc.) se achão Com
tempo. Concorre para esta presum pras, e Vendas feitas sem dinhei
pção forte, o vermos ali a Carta ro, mas só pelo seu equivalente.
Original (Gav. 7. Mass. 2. n. 34.) Individuemos algumas. No de 1o87
pela qual a Rainha D.Tereza ven foi o preço de huma herdade em
deo a Igreja de Santa Leocadia de Villanes Unum scutum Franciscum in
Paços, no Concelho de Bayám, praetio defenito X, solidos, Óº X cubi
por D. modios. (*) E parece indig tus de panno antemano. Era então a
no da Magestade o vender Igrejas Terra da Feira do Territorio do Por
por alqueires de pão. to. No de 1 o9 1 se vendeo outra em
Com tudo eu me persuado, que Grijó por Duos modios milii, & unam
estes Modios erão verdadeiras mecapam nigram. No de Io98, sen
didas de pão, estimadas, e redu do ainda a Feira do Porto, vemos
zidas ao preço porque então cor o preço d’outra Unam equam pre
ria; como se disse V. Bragal. E tiatam in XXX, & V. modos, &
nem a venda da Rainha he de gran / solidos argenti. De outras cons
de força ; sabendo nós a grande ta, que se comprárão; já por hu
precisão, que ella teve de manter ma mula negra; já por huma vacca
gente de guerra , posta em cam com seu bezerro; já por hum boi;
po , que senão póde mover sem já por hum cavallo; já por X mo
largas muniçoens de bocca, entre dios in ganato: já por Unum obtimum
as quaes tem o lºo lugar pri Kaballum, é unam bonam mulam,
meiro : e isto nhum tempo , em é º sex morabitinos aureos; já por
que os Mouros cada dia talavão Duas equas bonas , ó praegnatas,
os campos, e os poucos lavrado é º XL. modios : & fuit finitus nu
res convertião os eixadoens, e ara merus CXX.fi modios; já por XIII.
dos em espadas, lanças, e capa modios in saia Francisca, & in bra
CeteS. cales VI, praetiata, & VII. braca
Não se me esconde que entre hes de panno; já por D. modios ple
as Observaçoens do Incansavel , e nos. No de 1 136, e sendo a Fei
Exactissimo D. Bernardo da Encar ra Territorio do Porto, foi o pre
nação, (Conego Regrante, que, ço de outra Unum caballum ruzuna
havendo manejado escrupulosamen cum freno. & sella. E no de 1 146
te, e com grande acerto, os Ar Unam equam bravam cum sua filia,
Ó
•
(*) Veja-se V. Igreja o que se deve julgar desta Venda. No de 12o8 ElRei D.
Sancho I. deo a Villa de Santa Leocadia de juro, e herdade a D. Ponço , e a sua
mulher D. Maria Martins: a Doaç. Orig. se acha nas Salzedas, G4 v. 7. Mass. 2. n. 24.
MO — MO I43
& XII, moravidis, ó unum bragal. do mais facil, e seguro de respon
No de 1 1 6o achamos ali duas Com der a tanta copia de Modios, que
pras, de huma das quaes foi o pre no Sec. XI. e XII. entre nós se
ço L. morabitinos in auro, & in ga encontrão.
nado : E o da outra Unum cabalum Porém se algum com bons fun
in L. modios , Óº tres morabitinos. damentos disser, que Modios era
E para não ser infinito no de 1 1 63 o mesmo que Morabitinos, ou Meyos
vendeo Gonçalo Garcia huma Ma Maravidis velhos, ou menores , a
rinha Vobis Praeposito Ecclesiole que chamárão Mozmodiz : e que
Dompno Petro , ó Priori dompno sendo estes Mozmodis o preço de
Godino, Óº omni Conventui canonico hum alqueire de pão : se tomava
rum de Ecclesiola ... pro pretio, o Modio, ou alqueire pelo preço,
guod a vobis accepi XIIII, modios, que ordinariamente valía : não con
vel solidos. Ib. a f. 8o. tenderemos; mas antes sería bem
Nas Bentas do Porto se acha digno dos nossos louvores, pois
huma Carta de venda de 1 124, nos esclarecia em huma cousa bas
cujo preço fôrão XIII. modios, si tantemente escura, e intrincada
cut in urum est. Em outra de 1 1 16 Ao menos, esta parece ser a ver
foi huma vacca , e hum boi, é? dadeira inteligencia da Doação do
PT. modios de pam, & vino. Em ou Mosteiro de Rio Tinto a D. Ugo,
tra de 1 122 fôrão XXX. modios ple Bispo do Porto, no de 1 1 19, que
nos. E finalmente no de 1 134 Egas se póde vêr V. Charidade. VIIII.
Monics, e sua mulher Tereza Af MODORRA, Monte de pedras
fonso, vendêrão huma herdade em miudas, ou cascalho. E des bi di
Taroukela, que lhes tinha dado o reito a hum viso levantado, pequeno,
Infante D. Afonso Anrics, e o pre onde está modorra pequena de pedras.
ço foi hum Kavallo de 25o modios, Tombo de Castro de Avelans de
e huma mula de 3oo modios. - 15 o 1. Havia, como hoje , Viros
Do sobredito se póde inferir Agrandes, e pequenos. Daqui viría
que os Modios , ou alqueires de chamar-se Modorra áquelle profun
pão erão synonymos de soldos : e do somno, especie de letargo, que
que sendo o soldo o preço regu deixa os viventes pesados como
pedras. •
*) Deste Prazo , e de outro de 1632 consta, que entre a mais herança, UIC COUl
be a D. Catharina d'Eça , Religiosa professa no Mosteiro Cisterciense de S. oão de
Val de Madeiros, que tambem se chamou Mosteiro de Canas de Senhorim, fôrão dous
Casaes, de que se fez este Prazo pelo Mosteiro de Maceiradám , a quem o Cardeal
JRei applicou as rendas daquelle Mosteiro, quando por justificadas causa; o extinguio
no de 156o. Foi D. Catharina d'Eça filha de D. Jerônymo d'Eça, e de D. Maria Ti
ba: por morte de seus Pais repartio-se a herança entre ella, e duas Irmãas suas, am
bas Religiosas: huma D. Jeronyma, na Esperança de Lisboa: outra D. Joanna º em Lor
vão : a cada huma coube 1: 134: 66o réis de legitima. De Val de Madeiros foi D. Ca
tharina para Cellas, e dali para Lorvão, onde deixou algumas peças de estimação, e
preço, que ali se conservão, e o seu nome, ainda que não por virtude, ferá repetidº
cternamente.
148 MO MO
guío nella a Confraria dos Moozi feixe. Trez mólos de palha. Doc,
nhos, antigamente mui respeita do Sec. XV.
vel, e então já por si mesma quasi MOLURA. Orvalho copioso,
extincta, e de consentimento do e repetido, que amollece, e re
seu Cabido, a unio á Collegiada frigéra a rerra. Man'inha Deos os
da mesma Igreja, a qual adminis campos com moluras, e chuveiros. He
traría os seus Hospitaes, e Alber de Azinheiro.
garías, e cumpriría os mais Lega MONACHINO, V. Moço".
dos , &c. Assim consta da Carta Qui etiam Monachinum habere secum,
de Confirmação, expedida pelo Vi &º manutenere procuret. "Esta obri
gario Geral do Bispo D. Fernando gação se impoem ao Vigario de
em 28 de Julho de 139o que alli S. Martinho da Espiunca, quando
se guarda. Sacco 1. N. 28. esta Igreja foi unida ao Mosteiro
MOLHAMENTO. Acção de de Pendorada, no de 1322. Dot.
molhar. Assim se collige de huma de Lamego.
Sentença de 1 369 para que a Por MONDAS. Michas, pão peque
tagem de Gondemar se pagasse no no, de centeio, ou milho, e de
Porto , e não em Valbom. Doc. toda a peneira, que ainda hoje se
da Cam. do Porto. costuma dar aos pobres nas Porta
MOLINHEIRA. V. Molleira. rias das Ordens Monachaes. Sete
MOLLEIRA. Moinho de moer mondas centeas. V. Cerome.
pão, azenha, atafona. Em hum MONESTEIROL. Mosteirinho,
Assento, que a Camara de Mon Mosteiro pequeno , e que ainda
corvo tomou no de 1 298 se deter hoje se diz Mosteiró, e no Latim
mina, que nenhum visinho desta Vil Monasteriolum. Facimus Kartam de
la possa vender, nem dar, nem cam baereditate nostra propria, quam há
bhar, nem supenhorar erdamento ro bemus in Ripa Dorii, inter Mont
to, nem por arromper, nem casas, teirol, & Sancto Veriximo. Doc, de
nem vinhas , nem molleiras..... (1 Tarouca de 12 o6.
Cavalleiro , nem a Escudeiro, nem MONGE nas Cathedraes. Sen
a Dona, nem a Freire, nem a Fra do em grande número os Docu
de, nem a Crerigo, nem a Omem de mentos, em que se achão assignan
Religiom. E o que contra esto for, do, ou mencionados Monges, des
fique por aleivoso do Concelho, e per de a Restauração mesmo das nos
ca quanto ouver na Villa, e seja to sas Cathedraes, como fôrão Brá
do do Concelho: e de mais, peite C. ga, Porto, Lamego, Viseu, Coim
libras de Portugal ao Concelho, e jas bra, &c.; poderia causar dúvida,
qua XXX, dias na quadea. E esta se estes Monges erão Membros da
Postura outorgamos, e afirmamos pe respectiva Cathedral, e sojeitos
ra sempre; porque entendemos, que immediatamente aos Bispos; se
é a Serviço de Deos, e de Nosso Se com efeito elles vivião recolhidos
mhor ElRei , e a nossa prol, e dos em algum Mosteiro, obedecendº
que pus nos veerem. Doc. de Mon particularmente ao seu Abbade.Mas
COrVO. a razão de duvidar se desvanece
MÓLLO. V. Mólo. ría por si mesma, senão medissº
MÓLO.OS. Mólho, pequeno mos o que hoje se pratíca, pelº
que
MO MO I49
que antigamente se usava. Os Mon Pontifex Civitatis in Clerum elege
ges he verdade, que nascêrão pa rit, agito que Clerici runt. O Papa
ra a solidão , para as lagrimas, S. Siricio respondendo a Himerio
para a contemplação das cousas . Bispo de Tarragona no de 385.
eternas, e para o retiro total do Epist. 1. Cap. 13. diz assim: Mona
mundo falso , e corrompido, de chos, quos morum gravitas , Óº vi
quem só buscavão algum indispen tae, ac fidei institutio sancta commem
savel, e grofleiro mantimento, pe dat Clericorum Oficiis adgregari, Óº
lo suor do seu rosto , e trabalho optamus, Óº volumus. E na Epist. 2.
de suas mãos. Elles ao principio a Victricio, Bispo de Roão Cap.
não tinhão parte nas Funçoens Ec1o., escreve deste modo Innocen
clesiasticas : não foi desde logo,
cio Iº: De Monachis, qui diu mo
que alguns poucos delles fôrão or
rantes in Monasteriis, postea ad Cle
denados Sacerdotes, e Diaconos, ricatús Ordinem pervenerint, non de
para não serem os Cenobitas pre bere eos a priore proposito deviare.
cisados a sahirem aos Póvos por Correndo o tempo, em muitas
occasião de assistirem aos Divinos Cathedraes se tomou o exemplo
Oficios, e receber os Sacramentos. de Santo Eusebio Bispo de Ver
O tempo multiplicou em grande celli, e de Santo Agostinho, Bis
número estes Ministros do Altar, po de Hiponia; fazendo o Prelado,
que sendo educados, talvez desde e o seu Clero Profissão Monastica,
meninos, no centro da virtude, e ou Regular, em quanto ao desapê
Santidade, e mesmo nas melhores go das cousas do mundo, viven
Aulas de toda a Erudição, que os do em commum, sem bolsa parti
podia illustrar , e distinguir, as cular, e servindo ao mesmo tem
Leis do Imperio , que não só as po em todas as occupaçoens de
da Igreja, os acarárão aos Bispos, huma vida activa pela conserva
para que delles se servissem na ção, e augmentos da Igreja.
Instrucção, e pasto das suas Ove Se antes que os Sarracenos in
lhas, quando no Clero Secular não nundassem, e destruissem as Igre
houvesse suficiente copia de sojei jas de Portugal, e Galliza no de
tos habeis, para salgar a terra, e 716, havia, ou não Monges nas
esclarecer o mundo. Em huma Lei Cathedraes, não será facil o deci
do Imperador Arcadio, que se acha dillo : sabemos sim, que conquis
in Cod. Theodor., se diz : Si quos tada Lugo por ElRei D. Affonso,
forte Episcopi deesse sibi Clericos ar o Catholico, no de 74o, no mes
Aitrantur , ex Monachorum numero mo anno foi Odoario seu Bispo,
rectius ordinabunt. S. Basilio, Sane Metropolitano de todas as Dio
to Agostinho , Santo Epiphanio, ceses de Galliza, que então con
Paladio, e outros são deste senti seguírão o serem libertadas. Des
mento , e S. Jeronymo na Epist. de aquelle tempo fôrão os Monges
IV, se explica nestes termos: Ita parte do Clero, que ornava aquel
age, & vive in Monasterio, ut Cle la Cathedral, como se vê da Hesp.
ricus esse merearis, cum ad perfec Sagr. Tom. XL. Na larga Doaç.
zam aetatem veneris ; si tamen vita que a Rainha D. Geloira (Elvira)
comes fuerit, Óº te vel populus, vel fez á Sé de Lugo no de 1071,
de
1 5o MO MO
depois de dizer: que a Igreja de muita, e a falta de luzes, que en
Ourense até aquelle tempo sojeita tão reinava, não permittia , que
a Lugo , fôra restaurada por seu os Principes das Dioceses achas
Irmão ElRei D. Sancho, que poz sem nos Povoados suficiente co
nella por primeiro Bispo a Here pia de Obreiros: reccorrião então
donio : Que Braga, assim como aos Claustros, onde nunca faltá
Ourense, esteve até aquelle tem rão zelosos, que se interessassem
po sojeita a Lugo (da mesma sor pela causa do Senhor. Então com
te que Tuy o esteve a Iria, ou a Benção dos seos Prelados, e sem
Santiago). Que a Sé de Dume, mudarem do seu Proposito, se addíão
junto a Braga , esteve em poder ao Clero das Cathedraes, onde não
dos Bispos de Britonia, e que es achavão menos a Santidade dos
ta era Mondonhedo : Que as Sés Claustros. Ali trabalhavão com hu
Episcopaes de Coimbra, Viseu, ma mão no Edificio da Casa de
e Lamego, e outras (que não de Deos, occupando a outra no de
clara) conquistadas por seu Pai, sempenho da santificação propria,
mas in barbarico positae, não podé que o caracter de Monges lhes
rão ser ornadas com Bispos, pre impunha. E taes erão os Monges,
venindo a morte os seus dezejos: de que fallamos, e de que a nos
In tali desiderio stante obit ; mas sa Historia nos informa. V. Jan
que seu filho D. Sancho restaurou tí17".
pe
MO MO 165
pedras. Antigamente se tomava ção, acção de medir. Cod. Alf. L.
pelos muros, torres, fossos, ou II. Tit. 74. § 3. e 5. -
*
e qne por erma, e solitaria neces
sitava de ser guarnecida a modo MOYER. Mulher. +
- MURADOURO.OS. Tapígo,
muro, parede; vallo, comàro. As --
- [ …
quaes herdades com seus muradouros, * * "> ! } @
NE , … |- NO 171.
do Seculo XIV., e vale o mesmo entregou á Parte o Instrumento,
que, Para que não succeda. em que a tal fórmula se encontra.
NEMU. Nenhum. Doc. de 131 r. Então (como hoje) succedia mui
, NEVES. Nome de mulher. Ne tas vezes projetar-se huma Doa
"ves dos Santos. -
174 NU NU
da do rio Douro. Não se póde Rei D. Diniz conservando-lhe o
dúvidar, que já no tempo dos Ro nome de Monforte, como Synomy
manos foi Praça defensavel, e hum mo de Numam). Facta Carta VIII.
dos seus grandes Presidios. . As julii E. M. C. LXVIII. Regnante
muitas medalhas de ouro , prata, Rege Alfonso in Legione, ó in to
e cobre, que no seu Castello, e ta Strematura. Imperante Portugal
contiguidades se tem achado, comInfante D. Alfonso. Archiepiscopo in
as Efigies dos Imperadores Ro Brachara D. Pelagio, Potestas in Bra
manos, e com outros simbolos, e gancia, é º Lampasas Fernandus Mem
cunhos daquelle tempo, assim o diz. Lº dos Foraes Velhos. No
persuadem. Mas daqui se não se de 1 145 o mesmo D. Fernão Men
gue que esta fosse a decantada dez havendo povoado o Castello
Numancia, que ficava junto a So de Langrovia , que estava entre
ria, onde hoje vemos sobre o Dou Marialba, e Nomám, o doou aos
ro a Ponte de Garai, e no terri Templarios, como se dirá V. Tem
torio de Zamora, que tambem nos preiros. Por todo este tempo, a
principios do Seculo XII. foi cha saber, antes de 1 1 3o até depois
mada Numancia; como está demons de 1 145, era Numám, Penadonº,
trado pelo Mº Flores no T. VII. Langroiva, Marialba , e todas as
da Hesp. Sagr. tr. 19. n. 24. e no mais Igrejas entre Tavora, e Côa,
T. XIV. tr. 54. Cap. I. n. 5. O no do Arcebispado de Braga; como
me, com que os Romanos a dis da sobredita Doação de Fernão
tinguírão, nós verdadeiramente o Mendes, e da Monarch. Lusit. T.
não sabemos; mas se Numancia, ou }''. f. 174. claramente se manifesta.
Naumám na Lingua primitiva dos A falta de Bispos em Lamego, e
Respanhoes queria dizer Cidade, Viseu occasionarião huma tal ex
ou Povoação fortissima , edificada tensão de limites, e diametralmen
sobre escarpadas rochas , podemos te opposta ás demarcaçoens anti
avançar, que desde aquelle tem gas. Até os fins do Século XIII.
po conservaría esta Fortaleza o no se acha constantemente intitulada
me de Numão. No de 96o. erão Nomám , a contar-mos do Seculo
Castellos Langobria, e Naumám, XII. Depois, transferida a Villa
assim como Penadedono, Semorzelli, para o lugar de Freixo, se come
e outras , nomeadas no Testam, çou a chamar Freixo de Nemám; to-,
de D. Flammula, que se acha no mando por Armas huma mão es
L.º de D. Mummadomna de Guima tendida ao alto, debaixo de humº.
raeus a f, 7. Com a revolução dos Côroa Imperial, entre hum N e
tempos parece que esta parte da hum. E, que quer dizer Nemâm
Estremadura se despovoou, e que Mas este Escudo d'Armas parece
D. Fernão Mendez de Bragança, demasiadamente novo , e pueril,
Genro da Rainha D. Tereza, a e só alusivo ao presente nome; º
fez povoar de novo. Com efeito isto ao mesmo tempo, que seven"
no de 1 13o elle, e seus filhos de tila ainda, com que letras se hº
rão Foral aos Povoadores de Civi de escrever, se Naumám, se N*
tate Nomam, cognomento Monforte. mám, se Nomám, ou se finalmen",
(Este Foral confirmou depois El te Nemam, a quem nada favor"
ÇCII!
NU NU 175
cem os antigos Documentos. El Coimbra, que depois se fundou
Rei D. Manoel reformou-lhe o seu no lugar, em que hoje a vemos.
Antigo Foral, que diz fóra dado Vindo do Castello para a Villa
por ElRei D. Afonso III., mas se achão em huma fraga os carac
isto he hum dos erros historicos teres da Tab. 3. n. 4.
de Fernam de Pina, como se dis A sua intelligencia chama pelas
se V. Foraes. attençoens dos mais eruditos: eu
O seu antiquissimo Castello se subscreverei ao seu voto.
acha pela maior parte arruinado. NUMATAS. V. Dinheiradas ;
Sahindo delle para a Villa pela pois são synonimos, e se tomão,
porta, que fica ao Poente, se vê ou pelo mesmo Dinheiro, que em
huma pedra inserida no muro , e Latim se diz Numus ; ou pelo seu
á mão direita, que diz: (Tab. 3. valor ; ou pela mesma cousa em
n. 3.) Incepit tarrem in E. M. CC. propria especie, que com elle se
XXVII. Porém o que a mandou comprava. Et dedisti mihi pro robo
fazer, ou o Architeto, que a fez, ra duas numatas vini. Isto he, tan
ou principiou a fazer no de 1 189, to vinho, quanto se comprava com
não declara esta Lapide, na qual dous Dinheiros, ou Numos. Doc.
se acha o N. Grego Etrusco com a de Tarouca de 1234. -
* * * *
O Beberete, merenda, convi
-
•
•
zer fazer mal ao Marido, que cas OMIZIO. II. ElRei D. Afonso
tigar a sua mulher adultera, na IV. por huma Lei tirou o máo cos
fórma que no mesmo Foral se pres tume, que d'antes havia, de cada
creve, Pectet V. sol. ad Concilium, hum acoimar morte, e deshonra de
é ejiciatur de villa pro traditore : seus parentes , do que se seguião
se alguem pozer as mãos violen chagas, mortes, e deshonras aos
tas em mulher casada, e recebida que nos taes omizios vivião. Por
na face da Igreja , pague-lhe 6o tanto manda, que se guarde o Di
soldos, Et sit inimicus de suis Pa reito commum, e que os culpados
rentibus. No Foral que ElRei D. sejão castigados pelas Justiças, e
. Affonso I, deu ás Extremaduras, segundo as Leis, e não por auto
e que D. Afonso II, confirmou no ridade particular. E quanto aos de
de 12 18 se manda sahir da Terra safios, ou retos, o que até alli se
como Homicida o que diz palavras praticou entre os Fidalgos era: que
da maior afronta, e lhe chama Ho por deshonra, que hum fizesse ao
O1
184 OM ON
outro, de que lhe demandava cor sejão; pois já muito tempo antes
regimento, nom pagava mais que 5oo do seu Reinado senão praticavão,
soldos. Quanto a isto manda, que por serem contra todo o Direito:
se pague a pena á proporção da e manda, que todo o que se achar
culpa, e segundo por Justiça for agravado, e ofendido reccorra a
julgado. Depois disto se queixá Elle, ou ás suas Justiças pela sa
rão os Fidalgos ao mesmo Rei, tisfação condigna. E só permitte
de que lhes tolhesse com pena de o custume de o marido mattar o adul
morte o costume que elles d'anti tero, e a sua mulher, que com ele
gamente tiverão de acoimar pelas achar. Cod. Alf. L. 5. Tit. 53.
mortes, e deshonras, que aos seus per tot.
parentes se fazião , e lhe pedião OMNIA. Todas as cousas, to
revogasse esta Lei , o que Elle da huma herdade, ou fazenda, em
não quiz fazer por ser muito justa, que se crião , e produzem todos
e necessaria pera bem de seus Vassal os fructos. Munio Rooriguiz doou
los, e honra de Deos. E por tanto certos bens em Almofála ao Mos
manda, que se hum Fidalgo mat teiro de Tarouca no de 1 168 pa
tar a outro Fidalgo, Pai, ou Mai, ra remedio da su'alma. E acrescen
ou Irmão, ou outra pessoa, porque ta: Similiter & corpus meum do vº
elle, segundo costume antigo, po bis, ut semper servitium Dei faciam
dia acoimar: ou se algum Fidalgo vohircum. Quod si aliquando suadente
laidar outro Fidalgo , ou lhe cortar diabulo, deceptus fuero, ó"fugerº de
braço, ou perua, ou lhe tolher outro domo vestra, numquam mihi detis de
membro, ou lhe fezer outra muy gran ista omnia nichil in perpetuum; #4
de deshonra, ou gram vilta, que se Ilibera, & integra sit de S. Johanne.
ja mais receada, e de maior vergon Doc. de Tarouca. Gav. 3. m. 2.
ça , que cada huma destas cousas: n. 13. E note-se a Estabilidade des
Se o Fidalgo acoimar por cada huma te Converso... Em Santarém cha
destas couras, que moira porém, co mão-se Omnias as hortas, e poma
mo na dita Lei be contheudo, &c. res da sua Ribeira, onde tudo se
E se o Fidalgo tomar por si vin acha, assim frutas, como horta
dita de outro homem que não seja liças.
Fidalgo: se omatar, que moira po ONCO. Lugar escuro, escuso,
rém: e se laidar, ou tolher membro, e retirado , angra defendida com
ou fezer outra desboura que seja igual, altos montes, e roubada, ou qua
ou maior que nenhua destas , seja si encuberta aos olhos dos inimi
desterrado para sempre. E senom gos. He de João de Barros.
matar, nem laidar, & c. pague tu ONIÃO. V. União.
do em dobro, e perca todo o di ONJUDO. Convém este nome
reito, que contra a outra parte ti a todo o Christão; pois verdadei
ver. Finalmente ElRei D. Affonso
ramente são ungidos com a Graça
V. extingue por huma vez seme do Senhor, que no Baptismo rece
lhantes coimas , ou acooimamentos, bêrão. Acha-se no Poema da Per
desafiaçooens, Emendas, e Vinditas Hespanha ap. Faría.
entre todos os seus Vassallos de da de
ONRRA.V. Honras. Direitos,
qualquer estado, ou condição, que e foragens, que se pagavão de hum
$lº
ON OR. 18;
Casal, que tinha os Privilegios, extinguio o Mosteiro de Religio
e Regalias de Honra. E ora xe-lhy sas de S. Bernardo , cujo Titulo
quitava do dito Casal pera sempre; era S. João de Val de Madeiros, e
salvando da Onrra; isto he, reser applicou as suas rendas, e encar
vava para si o foro, que pela Hon gos ao Mosteiro de Masseiradão,
ra, ou por ser Honrado o Casal e diz : Considerando Nós, que este
lhe pertencia. Doc. de Pendorada Mosteiro tem tão pouca renda, que
de 13oo. V. Pobramento. com ella se não póde sustentar em ne
ONRADO. — Casal.) V. Hon nhum modo, para nelle poder haver
ras, e Onra. as Religiosas, que convem para Con
ONZENAR. Comerciar, contra vento, e para se fazerem os Oficios
tar com demasiados lucros, que Divinos, como be razã ; e assi as
realmente são onzenas. Doc. de necessidades , que as que nelle ora
Lamego do Seculo XV. estão padecem , assi no que cumpre
OOYTE. Hontem.Doc. de 1743. á sua sustentação, como á Clausura,
ORAÇOEIRO. Livro, que só que convem a Religiosas ; por não
trata, ou contém Oraçoens. Doc. haver no dito Mosteiro nenhuas Offi
de Lamego de 1455. cinas, nem cérca, nem outras casas
ORACULO. Oratorio, Capel necessarias; nem renda, de que se pos
la, pequena Igreja, ou lugar de são ordenar: Pero que nos pareceo, &c.
Oração. No de 12o3 vendeo o Mos Doc. de Masseiradão.
teiro de Santa Marinha da Cósta ORDIAYRO. Ordinario. Doc.
de Guimaraens o Oraculo de S. João. de 1 288. Em outro de 133 o se diz:
Doc. do Most. de Bostello. E des Hordinhayro. Bent. do Porto.
tas vendas de Igrejas, e Mostei ORDIM. Religião, Ordem re
ros há entre nós innumeraveis Doc. gular. Doc. de 1292. E no de 133o
desde o Sec. IX. até o XIII. V. se acha Hordim no mesmo sentido
Igreja. de Ordem. Bent. do Porto.
ORDENAMENTO. Mandado, ORDINAR. Determinar, dis
Ordem, Preceito, Ordenação, Es pôr, ordenar alguma cousa, que se
tatuto, Lei. Doc. de Tarouca do deva fazer, ou mandar que se faça.
Seculo XIV. Doc. de 1 292.
ORDENANÇA. Decreto, Or ORDINHADO. Ordenado,Cle
dem, Lei, Estatuto, ou Preceito rigo de ordens Sacras, ou Menores.
do legitimo Superior, assim Tem Ordinhados de ordees SSagras, e door
poral, como Espiritual. E que ella dees Meores. Carta d'ElRei D. Af
queria estar, e fazer por qualquer fonso IV. de 1352. Doc. de Coim-
Ordenança, e Mandamento, que lhe bra.
mór ordenasse-mos , e mandasse-mor. ORDO. Cevada. Vem do Lati
Doc. de Reciám de 1436. no Ordeum. De hum Prazo das Sal
ORDENAR, Pôr em ordem, zedas de 1278 consta, ser o Foro do
reformar, viver com decencia, e quinto, e hum alqueire d'ordo por Ei
sem desordens, consiguir o pre radiga, e hum quarto de corazil; além
ciso, e necessario para os usos da de outras direituras, e pensoens.
vida, segundo o respectivo Esta ORELHAS. Não foi ignorada,
do. No de 15 6o o Cardeal Rei e sem uso, entre os Portuguezes a *
Tom. II. Aa pe
186 OR * OR>
pena de Orelhas cortadas; mas antes o pudessem jurar. Este costumê lhes
em alguns Foraes, e Cartas Regias proveio dos Romanos , entre os
se faz della menção. Os ladroens, quaes levava o Autor ao Réo peran
que segundo as diferentes Leis do te o Juiz, pegando-lhe pela ore
Territorio, já erão privado da vida; lha, se elle não queria hir por sua
já marcados na testa; já lanhados livre vontade. De huma pedra pre
com açoutes, e desterrados: não ti ciosa, em que estava esculpida hu
verão algumas vezes por hum dos ma mão apertando huma orelha;
menores castigos o ficarem sem ore com huma Inscripção que dizia Me
lhas. No Foral de Santa Cruz da mor esto faz menção Revardo ad Leg
Villariça se lê:De furto descuberto det XII. Tabul. Cap. 5. Ainda hoje se
a suo dono toto suo haver dupplato, puxa pelas orelhas aos meninos para
&º novenas partiant cum Palatio: Óº se lembrarem das cousas: résto sem
prendant illos alcaldes las orelias. Et dúvida da superstição dos Gregos,
si allia vice furtaverit, matent illum. e Romanos, que assim o praticavão
Em hum Assento, ou Determinação em obsequio da Deosa Memoria, a
Regia de 22 de Fevreiro de 1499 se quem as orelhas erão consagradas:
determinou, que toda, e qualquer Mas que razão haveria para deso
pessoa, que fosse tomada, cortan relhar os criminosos?... He bem
do, ou desatando bolsa: ora na bolsa plausivel a opinião de que os deso
se achasse dinheiro, ora não: se fosse relhados, ou cujas orelhas até á raiz
peão fosse açoutado , e desorelhado, se fendêrão são inhabeis para a ge
&c. V. Orden. L. V. Tit. 6o. S. I 1. ração; porque junto dellas corre hu
A pena de Orelhas cortadas, ou ma vêa, que depois de cortada faz
fendidas foi muito usada nas Leis ao homem impotente. E querendo
dos Antigos, e principalmente con se exterminar da República homens
tra os roubadores dos Templos, e tão scelerados, e facinorosos, até
cousas sagradas (e estes tambem al se proveo a que delles não ficasse
gumas vezes erão castrados.) S.Luiz mais geração, que algum dia resus
Rei de França mandou, que todo, citasse os delictos de seus pais.Com
e qualquer ladrão, pela 1.° vez fosse tudo a razão obvia parece consistir
desorelhado: pela 2.° lhe cortassem na infamia, fealdade, e torpeza de
hum pé e pela 3." o enforcassem. huma pessoa sem orelhas. E por is
Ainda no Seculo XVI. se praticava so quando os Romanos se querião
naquelle Reino esta pena, que fóra vingar das injurias dos Grandes,
delle se extendia a outros dilictos, hião-se ás suas Estatuas, e lhes cor
e nem sempre dos mais graves. Foi tavão as orelhas, como diz juvenal
tempo, em que os Francezes, e ou Satira VIII. fizerão á de Galba, que
"tros Póvos pegavão da orelha ás não só lhe cortárão as orelhas, mas
testemunhas, e assim as levavão a tambem lhe quebrárão os narizes:
“darem o seu depoimento na presen Galbam auriculis, masoque carentem.
*ça dos Juizes. Igualmente puxavão ORGE. Cevada. V. Ordo, e Or
pelas orelhas, e davão bofetadas go. Tambem se escreveo Orgbo, e
aos meninos, para que sendo já cres Orio em muitos Doc. do Sec. XIV.,
e XV.
"cidos se lembrassem do que passou •
'.»
entende casando-se dentro d'anno, Acerat morem, ut nemo sine ejus per
e dia. missu uxorem duceret, ut ipse in omni
! #
Do sobredito se collige, que não bus nuptiis prégustator esset. E este
º foi o nosso Paiz inteiramente livre Desertor da Humanidade talvez o
de hum costume barbaro, que anti tomaria de algumas Naçoens, não
gamente fundio por toda a Europa: menos barbaras do que elle , as
Costume pessimo , a que depois quaes antes de casarem suas filhas
chamárão Marcheta , Marcheto, e as oferecião ao Rei, para que usas
Marketta. Comistía elle na préliba se dellas, como de cousa, que in
ção da vassalla em a primeira noite teiramente lhe pertencia. Veja-se
das suas bodas, e antes que se ajun Polydoro Virgilio L. 1. de Rer. in
tasse com seu marido: Pensão, ou vent. p. 18. |
OUTORGAMENTO. Consen
-- - - - - -
- - - - PA I93
no Reinado de D. Diniz Lourenço
Escolla. Depois se lhe mudou o no
me de Páaceiro para Veador Mór
P. das obras. Hoje se intitula Provedor
das obras. Anda nos Condes de
P. Na Arithmetica dos Antigos Soure. . . - •
Tom. II.
194 PA PA
PACÍDO. Campo pacido: o mes os bens, que tinha em S. Martinh
mo que campo cuja hervagem já de Angueira de Miranda, e em Fran
está comida pelos animaes, pasta ça, e Aveléda de Bragança, com to
do, comido, pellado, e que já não dos os seus Fóras, e padeliças, &c.
tem para os gados pasto algum. a Estevão Pirez de Bragança, pa
Doc. de Bragança do Seculo XIV. ra este se pagar do que os Monges
PACIGO. Campo, releixo, mon lhe devião. Doc. dos Figueiredos de
te, prado, em que os gados tem Bragança. |
PA PA 2O3
pois tanta mais terra lhes coutas E tambem algumas pequenas Pen
sem, menos lhes ficava livre , e soens, reconhecimentos, e luvas,
desembargada para as suas pasta que se impoem nos Arrendamen
gens, e lavoura. E mesmo estas tos, Prazos, e Contratos. No de
Coutadas são prohibidas em outros 951 fez Ansur Goesteíz, e sua mu
Foraes daquelle tempo. E finalmen lher huma grande Doação ao Mos
te se era Prandium, synonymo de teiro de Arouca, que elles havião
jantar, ou Parada: quiz o Sobe fundado, e poem graves penas a
rano aliviar este Povo daquelle Tri quem for contra ella , como pa
buto ; deixando na sua vontade gálla quatro vezes em dobro, dous
aprontarem alguma cousa para man talentos d’ouro, e o julgado, & c. as
timento do Senhorio, ou não lhe quaes pagaria a quem fielmente a
dar cousa alguma por obrigação, observasse. Et pariet illo pario post
ou Lei, que a isso os constran parte de isto, qui Testamentum ob
CSSC. servaverit. Doc. de Arouca.
PAREDE. Francez. Taipa en PÁRIO, ou Parèo. Parelha. Jo
tretecida de pedras, e tijólos, quear, ou correr o Pário, ou Pa
antigamente se usava. Parece que rèo, Hé de Barros, e outros.
dos Francezes nos veio este modo PARTICIMEIRO. Participan
de fabricar, que em Coimbra prin te, quinhoeiro, socio, companhei
cipalmente consiguio o nome de ro. E praz-nos, que se alguns qui
Parede Francez , como se vê por zerem dar , ou doar , ou mandar
muitos Doc. do Sec. XIV. A dita dar dos seus bens pera sustentação,
casa , asi como parte de sima do ou governação da dita Capella : nas
sobrado pela parede Francez do fun Missas, e Oraçoens sejão particimei
do do sotom. Doc. de S. Thiago ros; segundo a parte que a eller acon
de Coimbra de 1 324. tecer. Escriptura do Dote da Ca
PAREDEIRO. Pardieiro, ca pella de Santa Maria do Thesou
sa derribada , e posta já em rui ro na Sé de Lamego por D. Fr.
na, deserta, inhabitada. Doc. das Vasco de Alvellos, Bispo da Guar
Salzedas de 1296. - da no de 13o2.
PARIMENTOS. Criaçoens, PARTIÇOM. Partilha. Doc. de
I 2.95. •
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2O4 PA PA
PARTIR-SE. II. Deixar-se, le mente se chama Dextros, ou Pas
vantar mão, alçar-se, ceder da cau saes. E o de Valhadolid do anno
sa, e qualquer acção della. E elles de 1 144 diz, que estes Dextros,
partirom-se de toda a demanda contra ou Passaes se extendião até trinta
elle. Doc. de Pendorada de 1 315. passos geometricos em torno das Igre
PASSADA. I. Permissão tacita, jas ; e que de dentro delles não
passe, connivencia, disfarce. E que podião ser tirados os criminosos;
el dá pasada por algo aos que ven como se havia determinado já no
dem, que vendam pela Villa. Doc. Concilio de Coyança. Assim cons
da Cam. de Coimbra de 1 331. ta do Lº Preto de Coimbra, a f
PASSADA. II. Passo, ou pas 259, 26o, e 285. Porém isto se
sal, que constava de quatro palmos entendia das Igrejas Ruraes, ou
largos. Em hum Prazo de S. Vi pequenas; porque os Dextror, ou
cente de fóra do Sec. XVI, se achou Passaes das Igrejas Maiores , ou
que cada hum de dous astins de Cathedraes passavão de 3o passos,
terra no campo da Golegãa Tem E ainda (senão ha erro) no Con
de largo 5 varas cada hum : e por cilio de Oviedo de 1 1 15 se assig
outra medida , seis Passadas cada nárão 7o Passos para o lugar do
hum : que hé o que costumão os la azílo. •
de 12 palmos cada hum. Tão va res; pois não fôra sua tenção quí
rio como isto era o Passo daquel tar mais do que a elle pertencia:
les tempos. declarando , que lhas devião pa
PASSAGEM. I. Certa Pensão gar, quer o Infante fosse com El
mui frequente nos Prazos da Pro Rei seu Pai, quer fosse pelas di
vincia do Minho, e terra da Fei tas Comarcas sem elle. Doc, da
ra, desde o Sec. XIII. até o XVI; Torre do Tombo.
a qual os Emphiteutas pagavão PASSAGEM. II. Direito, que
quando ElRei passava o Douro, pagavão os que passavão por algu
huma só vez no anno; porque se ma Terra, a quem este tal Direi
mais vezes o passasse, já de segun to se concedia. Os excessivos abu
da. Pensão não erão responsaveis. sos que nisto se comettião, fôrío
E de Passagem, quando ElRei pas occasião de que semelhantes Pas
sar á quem Doiro, huma vez no an sagens inreiramente se abolissem.
no, hum maravidi. Prazos de Vai V. Pena de Sangue.
rám de 1 484, e 15o7. V. Buzeno. PASSAGEM — Santa.) Assim
Algumas vezes fazia esta Passa chamárão nos principios do Seculo
gem o Infante, ou Principe, her XIII, á mais piedosa, que pruden:
deiro da Corôa, e então só rece te Expedição , que se meditava
bia metade da dita Pensão. E pa para restaurar os lugares Santos,
gareis pasagem d'ElRei dez réis, e que huns demasiadamente Devotºs
do Principee cinquo. Doc. de Paço aprovavão, e outros hum pouco pº
de Sousa de 1529. - E cinquo sol liticos contradizião. No de 13130
dos pasando ElRei a augoa do Doiro, Vigario Geral de D. Fr. Estevão,
e pasando o Infante herdeiro , dous Bispo do Porto, impoz gravespe
soldos, e meio. Doc. da Univ. de nas aos que se havião com pouca
1474. No de 141 o dirigio ElRei fidelidade nas esmolas promettidas,
D. João I. huma carta a todos os ou já tiradas, para a Santa Pariá
Corregedores, Meirinhos, e Jus gem, e contra os que andavão dº
tiças # Reinos, dizendo-lhes, zendo, que esta Passagem era fal
que o Infante D. Duarte, seu fi sa, ou fantastica: O que tudo em
lho, lhe dissera que os Ifantes Er contra a Bulla Exurgat Deus, e
deiros , que ante elle forom aviam Mandado certo do Papa Clem. W.
outro tanto, como a meatade das co Doc. das Bent. do Porto.
lheitas, que ElRei tinha de haver PASSAMENTO. Fallecimento,
dos Mestrados de Christo, Santia morte, passagem desta vida mor
go, e Aviz, e no Priorado do Spri tal para outra feliz, ou desgraçãº
ital, e dos Prelados, Mosteiros, da, que não tem de acabar eterna
e Igrejas, quando hião pelas Co mente. V. Missa Oficial.
marcas delles, ou passavão o rio PASSARA. Perdiz. Comforo 4
Douro para a Comarca d’entreDou hum par de passâras. Prazo de S.
ro, e Minho, e o rio Roxho para Pedro das Aguias de 1444.
a Comarca d’entre Tejo, e Odiana. PASSO. adv. Baixo, em voz
O Rei assim lho concedeo , não submissa, brandamente. E lheliº
obstante , que Elle tinha quitado se passo, que se fosse. He do tem
as Colheitas da Corôa aos ditos Mes po do Azinheiro,
trados, Priorado, e Commendado PA
PA • PE 207
PATINA. Patena. Em hum an v. g.: Peça ha , muito tempo ha.
tiquíssimo Inventario da Igreja de Peça de Conigos, de gente, muitos
Castelloens se lê: Hum Calez de Conegos, muita gente. Doc. de
chumbo com sa patina , que era co Lamego do Sec. XIII. e XIV. .
seita com linha. Que linha fosse es PECCAR. Pagar , satisfazer.
ta, com que a patena estava cosi Ego peccavi pro Stephano Reimondo
da , eu o não sei : persuadome, Miles quinquaginta morabitinos per
que seria alguma bolsa , em que unum equm. Doc. da Univ. de 1 245.
andava, ou que estaria presa ao PECENO.A. Pequeno, peque
pé do caliz com algum cordão de na. E ei muy gram vergunha , de
linhas, onde andava, como cosida, que tam pecena manda faço; mas pe
fóra do Sacrificio do Altar. ró, nom me porría culpa quem ma
PAXOEIRO. Livro, em que se fazenda soubesse. Doc. de Vairám
achão escritas, ou estampadas as de 1289. • •
* * *
PE PE 2 II
da de 1298. |
// =
se per essa Inquiriçom , que mi foi brar, despobrado. Povoar, povoa
julgada, que valesse, que mbas nom do, despovoar, despovoado. Doc.
deviam y a fazer: Mando, e outor de Moncorvo de 1 37o.
go que esse Abbade aia sas herda POÇAL. V. Pugal.
der, que ora á, e que deve aver (se POÇIMA. Finalmente, por fim.
gundo a Composiçom que é feita antre E quem quer que queira viir contris
mim e el: Da qual Composiçom el to, peite mil maravidiís, e aa po
tem ende de mim huma mha Carta) gíma valla sempre a ella esta mba
assi Onrradas, como as ouve do Po Carta saylada dº meu sayelo. Doc.
bramento da terra, e como a Carta, de Tarouca de 1261. V. Aá porcíma.
e o Foro de Bragança manda. E quan PODEIDOIRO. Apto, bom,
to é á Inquisiçom , nom lhi empees e capaz de podar as videiras. Dous
ca, quanto é sobre das Onrras, que coitellos boos, podeidoiros. Doc. de
deve aaver pelo Foro de Bragança, e Pendorada do Sec. XIV.
do Pobramento dela. E mando a Af PODERIO. Poder, Jurisdicção,
fonso Rodriguez , meu Procurador, faculdade, autoridade, licença. E
e aos outros, que depos el veberem, tambem a Posse de alguma cousa.
que lhis aguardem , e façam aguar No Cod. Alfonsino L. III. Tit. 92 :
dar tod’esto, assi como desuso dito é, Da execuçam, que sse faz pelo Por
Unde al nom façam. Em testemunio teiro perpoderío desseu Oficio. Acha
d’esto dei ende a esse Abbade esta se nos Doc. de Lamego de 1424,
mha Carta. Dada em Coimbra tres e 1436 : Este mesmo poderío tenha
dias de Fevreiro. ElRei o mandou per o Guardiam, qualquer que for , em
sa Côrte. Francisque-Anes a fez. Era no meu finamento. E no Foral de
de mil trezentos e vinte e nove annos. Thomar de 1 174 : Por ende em a
(de Christo 1291.) terra soó nosso Poderío stabeleçuda,
taes damos degredos : se alguem rous
Lugar do X Sello pendente. so, &c. Doc. de Thomar.
PO
224 PO PO
PODEROSO — ser.) Poder fa tates nuncupati apud Hispanos Primi
zer isto, ou aquillo. Nom seermos res, isto he, os Principaes, os mais
poderosos de levar, &c., isto he, Nobres, e Illustres. Não negamos,
não poderemos levar. Doc. de Pend. que erão Personagens bem distin.
de 1 313. tas; mas reflectindo na Etimolo
PODESTADES. Milites de Cas gia do nome, que indíca Poder,
telbranco sint in Juditio pro Podes não de qualquer modo ; mas sim
tades , & Infanzones de Portugal. quasi absoluto, independente, e
For de Castello-Branco de 12 13, mesmo hum Poder como por anto
segundo a Copia de Thomar. Isto nomasia ; bem podemos avançar,
mesmo, e pelas formaes palavras que erão Ministros Supremos, assim
se determina no Foral da Covilhãa, no Militar, como no Civil, que pre
por ElRei D. Sancho no de 1 186. sidião nas Provincias, ou Comar
Lº dos Foraes Velhos. Segundo es cas, e que em razão do seu Mi
tes Doc., vemos que hum Podes nisterio, e como Vicarios do Prin
tade, ou Potestade precedia ao In cipe , precedião em Portugal aos
fanção ; mas não he facil decidir Infançoens. E assim em os nossos
com segurança que Potestades erão Documentos , achando-se algum
estas de Portugal. Nós sabemos que Potestade confirmando, se deve en
este nome vem do Latino Potestas, tender pelo que tinha o Governo,
que na Baixa Latinidade teve mui ou Senhorio da Terra da mão, e
diversas accepçoens, significando: em nome do Principe. Poder-lhe
já o Rei, o Principe, ou Magis hia-mos chamar, Alcaides Múres,
trado Supremo; já a Honra, o Of Pretores, Prepositos, Tenentes, Mais
ficio, ou a Preeminencia do Julgarinos, Adiantados. V. Maiorino. Em
dor ; já o Senhor, e Dominante alguns Documentos se chamão Pri
de alguma Terra; já os Primeiros cipes estes Potestades das terras. Na
Ministros, ou Desembargadores, Doação da Hermida, e Couto de Ja
que na maior alçada dicidião as ta Comba do rio Corrègo pelo Prin
causas; já o Destricto, ou Terri cipe D. Afonso Henriquez a Fr.
torio de algum Concelho, ou Jul Jeremías, e seus companheiros no
gado. E finalmente em França, e de 1 1 39, se acha esta assignatura:
Italia fôrão chamados Potestades os Ego Veta Menendi Princeps de Pá.
Magistrados Supremos, que as Ci noyas — — — — — — — J.
dades livres elegião, e chamavão Doc. de Tarouca. No Lº das Douf
de fóra do seu gremio, e bem as das Salzedas a f 86. se achão duas
salariados , e assistidos de Juris Cartas de venda : pela primeirº,
consultos, Oficiaes, e Serventes. D. Sueiro Viegas, e sua mulher
Tinhão inspecção na guerra, e na Sancha Vermuíz com seus filhos,
paz, e o seu governo não passava e filhas, vendêrão á Salzeda huma
de hum anno. O Inviado de Ge vinha junto á Granja do Moçúlº
nova em Constantinopola, ainda Facta Carta E. M. CC. XXV, Ill
hoje conserva ali o Titulo de Po Non, Octobris, Regnante Rege Diº
testade. Porém Morales in Eulogium Sancio, anno Regni ejus II., & º
f. 316, contando sobre os Monu Lamecensi Sede presidente Doño Gº
mentos mais antigos, diz: Potes dino, Domino verò Terra existe"
Dño •
PO •
PO 225
Dño Suerio Venegas. Pela segunda está suscitando a idêa de hum Po
consta, que Affonso Reimondo, e der Coercitivo, e tendente á exe
seus Irmãos vendérão ao mesmo cução das Leis, assim da Milicia,
Mosteiro huma vinha em Valongo como da República : o que era
junto á sua Granja do Moçulo mais proprio dos Meirinhos Mores,
E. M. CC. XXVI, Rege Sancio Reg ou Corregedores, e Tenentes daquel
mante, anno Regni ejus recundo (com le tempo, que dos Ricos-Homens.
pleto) Principe Lameci existente Sue No Foral de Numão por D. Fer
rio Yeegas, Episcopo Gaudino. E aqui não Mendez no de 1 13o se acha
temos o Senhor da Terra, ou Poter a sua firma nesta fórma: Potestas in
tade com o nome de Principe. Em Bragancia, ó Lampasas, Fernandus
huma Doação de Pedroso de Io77 Mendiz. Lº dos For. Velhos. No
se lê: Non sedeam aurus illud Testa magnifico Privilegio de Couto , e
mentum inrrumpere, non per Potesta Isenção , que ElRei D. Afonso
fes , non per Maiorinos , vel Saio Henriquez concedeo á Ordem do
nes... nec per tnmustoner, aut supo Hospital, sendo seu Mº D. Rai
sitas malas; sicut in Decretis Sanc mundo, se manda, que a nenhum
forum Canonum de talibus est insti Ministro, Maior, ou Menor, nem
tutum. V. Inmissão. ao mesmo Rei, respondão as Pes
Na Doação do Couto de S. Pe soas, que a esta Ordem perten
dro de Mouráz á Sé de Viseu, cem, naquellas cousas, que são
por ElRei D. Afonso Henriquez, do Real Fisco, nec Comitibus, nec
no de 1 152, segue-se immediata Potestatibus, nec Infanzionibus, ne
mente ao sinal da Rainha: Monio que Archiepiscopis, &c. E aqui te
Menendi Provinciarum Visiensis, ó: mos os Potestades entre os Condes,
.Senae judex, & justitia - - Of. e Infançoens, occupando , ao que
Doc. de Viseu. E na Doaç. do parece, o lugar que devião ter os
Couto a Masseiradám pelo mesmo Ricos-Homens.
Rei no de 1 173 se acha : Comes POER. Pôr. E no preterito Pu
Fernandus tenens Terram Visei, ó" gy, Eu púz. Doc. de 1 312.
2urarae - Of. Doc. de Masseira POER contra alguem. Dar li
dám. E finalmente na Doaç. da bello, requerer, allegar contra el
Herdade de Travanca, que o mes le. Quando o devedor quiser poer con
mo Rei fez ao Bispo D. João Pi tra o crédor. Cod. Alf. L. 3, Tir
IO I. S. 3. • •
228 PO PO
as ditas partes , que qualquer del POR ende. I. O mesmo que
las, que contra esto fosse, pagasse Porém. Acha-se nos mesmos Do
CUlIT1CIltOS,
4 parte teente, &c. Doc. do Sec. •
XV. — Convêm, poem , e promet POR ende. II. Por tanto, por
te, que nunca birá contra elle. quanto, á vista do que, por esta
POR em pés. Mostrar ser ver razão, por isto, por esta causa.
dade, e ter fundamento o que se Por ende, nós feitas as amoestaçoens
conta, diz, ou alega. E que o que do Direito. Doc. de Lamego de
riam poer em pées. Doc. de Tarou 1337. Vem do Latino Proinde.
ca de 1279. Esta fraze ainda ho PORLLAS. O mesmo, que P
je se usa no mesmo sentido. las, ou Por-as. Doc. das Bent, do
POR testaçoens. Fazer seques Porto de 142o.
tro. Doc. de Lamego do Sec. XV. PORQUAL guisa se quer que
PORA. O mesmo, que Para. Por qualquer maneira que seja. Dot.
Doc. das Salzedas de 1 276. do Sec. XIV.
PORCALHO. Leitão, porco PORQUE. Razão, causa, mo
pequeno. V. Lanio. tivo. Cod. Alf. L. V. Tit. 32., que
PORCARIÇO. O guarda, ou he: Do que mata, ou fere alguém
pastor de pórcos. V. Alfeire. sem porque.
POR cima. Acabar, findar, con PORRADA. Assim chamário
cluir, pôr fim, termo, e remate. qualquer guisado , em que entra
Cobiçante nós pôr cima aas demandas, vão alhos porros. V. Porretas. Ho
e que por aquesto hajão fim , qual je nas Provincias se diz vulgar
devão: estabelescemos, que se algum mente: Porrada d’agoa, de vinhº,
trouxer a nosso fuizo áquel com quem de leite, &c. quando algum liqui
houve demanda depois da Sentença de do , ou licor se bebe, ou toma
nossos juizes , &c. Lei d'ElRei em mais que ordinaria quantidade.
D. Affonso II. * * * "… - Porrada de leite, e de pam compúr
PORCO de dez covados. Era ros. Doc. de Pombeiro de 1367.
o que valía dez covados de bragal, PORREGER. Offerecer, apre
ou seis alqueires de trigo. Assim sentar. Vem do Latino Porrigº,
o explica o Censual de Lamego. Faço meu Procurador a F com poder
PÓRCO de hum lenço. % que de citar ... artigoos porreger, te:
valía7 varas.
de hum bragal
Ib. , que constava temunhas nomear. Doc. do Sec.XVI
•
In Dei Nomine. Ego Rex Domnus Fernandus, uma cum filio meo Rege
Alfonso, Óº uxore mea Regina Tharasia, notum facio universis de Regno
meo, ad quos hec Carta pervenerit, quod recipio in Comendam meam, é
defensionem totam Caram Sancti Johannis de Taroca, & Fratres univer
sos, qui ibi sunt, cum omnibus directuris suis, & pertinentiis, cum tota
suo ganato, & laboribus, quos nunc habent, vel suit habituri: & comem
do hoc totum vobis bonis Vassallis meis, Ó amicis, toti Concilio de Ci
vitate Rodrici, ó caeteris de meo Regno. Libero etiam homines, & equi
f ($
PO * PO 23 I
taturar de Portatico toto , &• Pedagio ; quod de cætero recuri eamt , &•
redeant , quacumque parte ire mercatum , &* redire voluerint per meum'
IRegnum. Hanc autem Donationem facio $. 3obammi de Tarauca, &- umiver
sis suis Fratribus , tam presentibu* , quam futuris , . pro remedio amimae
meæ, &* parentum meorum , & de rogatu Curiae meae , pro Dei servicio, .
quod Deo faciunt ; unde me participem deridero promereri. : Quicumque igi
tur de toto meo Regno Caram suam violenter intraverit, vel gamatum pren
diderit , vel in aliquo Fratres ipsius Monasterii infertaverit , seu de suis
hominibus , vel Equitaturis Pedagium acceperit , vel ob aliquam vocem,
excepto debito proprio , ipror disturbaverit , infidelis meus , &• imimicus
erit: quantum acceperit , eis reddet im decuplum , &* Regiae J^oci mille au
-reor persolvet in paenam maledictus. Facta Karta apud Civitatem Roderici,
: ' memre Decembris , sub Era M.* CC.* XVII.* Regmamte Rege D. Fermando
.Legiome, Gallecia, Arturiis , &*: Extremadura. Ego Rex Dommur Ferman
dur, cum filio meo Rege Alfonso , &* uxore mea Regima Tharasia hoc Scrip
tum roboro , &* Confirmo. ' ' • .. -
{ No meio
—
3f. Fermandus Pomtii Comes — —
3f. Didacur Exemeniz in Legione
3f. Guterrius Roderici in Bemavento
Qf. Ordomiu* Garriae im Vilar-Pando
3f. Feruandus Guterris Sigmifer -
*
***
* * ** *
- - 4: 2 -
- -
*
quilari in casa de Cavaleiro, mec de
* * *
*--
* • •
(*) Não padece dúvida, que o Prestamo fosse synonimo de Atondo, e verdadeirº
mente huma consignação vitalicia, não só de alguma pensão em dinheiro, certa, º*
bida; mas tambem de qualquer fazenda, cujos frutos, e rendimentos, agricultados º
lo mesmo Prestameiro, cedião em sua utilidade, e proveito; reconhecendo ao mesmº
tempo o Direito Senhório com alguma foragem. Na Casa de Penacha, que he nº º
pado de Lugo, se achou hum Doc. Orig. do I de Maio de 867: por elle consta, dº
Sabarico, ultimo Bispo
da a sua Diocese de Dume
destruida, junto aos
e assolada pelosmuros de Braga,
Sarracenos (o vendo esta pouco
que seria Cidade,
antesº "
do
Reinado de D. Afonso o Grande) se dirigio a Flaviano, Bispo de Lugo, e lhe pcdº
a graça de conceder-lhe em Prestamo para seu vestido, e sustento as Igrejas, que *
tião no Condado de Montenegro, desde o rio Eume até o rio Euve, e desde o nati"
to do rio Minho até a costa do mar; condicçionando, que as possuiría só pelo temº
que for do agrado de Flaviano: e que este, ou seus Successores as poderáó reassumir
quando muito lhes parecer, sem estrépito algum de Juizo, e sem que alguma presº"?
#ir todos
de 3o , ou mais annos lhes sirva de embaraço. E o mesmo Sabaríco se # {
os annos á Cathedral de Lugo na Solemnissima Festa da Assumpção de N.
Senhora com o Clero, e Povo daquellas Igrejas; levando a Reconhecença de cem º
gros, e assistindo devotamente com cirios, e oblaçoens a mesma Festa. Fez pois Sabari
co o seu assento no lugar chamado Mindunicto, que hoje se diz Mondonhedo. E exa
qui a verdadeira Origem deste Bispado, e não a que com menos exacção, alguns Autº:
res nos transmittírão. Hesp. Sagr. Tom. XL. in Fláviano. No Tom. XVIII, se acha"
2 Escrituras d'ElRei D. Affonso III. dirigidas a Sabarico, Bispo de Mondonhedo, *.*
S. Rozendo, que presidio na mesma Igreja: dellas igualmente consta, que Sabarico "
gio nºhuma irrupção de Sarracenos (muito depois que havião entrado em Portugal
levando o Titulo do Bispado de Dume a Mondonhedo.
|
PR PR. 24 I
244 PR PR
abrangia a superioridade toda, que que no de 1433. se verificou no
considerar se póde em quem era o Infante D. Affonso, filho d'ElRei
Soberano de toda a Monarchia Lu D. Duarte, jurado então Successor
sitana?... No Livro dos Documentos da Corôa. Hoje entre nós #
confirmador da Mitra Bracharense N. Principe o Primogenito do Rei,
4. se acha a Doação magnifica da herdeiro immediato na Successão
Rainha D. Thereza á Sé de Tui do Reino. •
laia, Rex media, & habitatores alia Ego Gonsalus Didaci, qui t"
eram judex ipsius terre, viúi º…
media: De Vigilia de muro, Rex me confirmavi. •
lía 3d).34o réis: por esta Lei ficou PROMESSA. Certa Pensão ar
valendo 24oo. Hoje o marco de bitraria, que o Colono, ou Em
prata de XI. dinheiros (que he a fiteuta promettia dar ao Mordomo,
Lei da moeda) vale 6 doooo réis; se este a favorecesse. Era propria
e sendo de X. dinheiros, e 6 grãos mente huma Ofreção , ou Luvas.
(que he a Lei dos Ourives da pra V. Offreção, e Pedida do Mordomo.
ta) vale 5 do 6oo réis : e isto pela PROMETEMENTO. Promessa
Lei de 4 de Agosto de 1 688. de fazer alguma cousa. Doc. das
PROCURADOR. Dizia-se i Bent. do Pórto de 14o2. .*
(*) Entre a diversidade de Provas, que antigamente se praticavão, tinha hum lugar
da Caldeira, que consistia em metter o accusado o braço inteiramentº nú em1.
distincto a
huma caldeira de agua fervendo; e demorando-se algum tanto logo lhe cobrião º "º
sellando a ligadura. E se depois de hum certo tempo não apparecia sinal de queimadº,
tinhã
dava-se por innocente o accusado ; assim como apparecendo vestigios do fogo # de
por convencido. No de 986 se decidio a final a contenda entre D. Pelagio ?
Lugo, e D. Pedro, Bispo de Iria sobre certas pessoas, que o de Lugo dizia {ôrão d'anº
tes tributarias á sua Igreja: o que D. Pedro confessava não saber. Depois de lºtº avê
riguaçoens reduzio-se a causa a prova, ou pena da Caldeira, na qual mettéráo ºs #
• C
duas pessoas, huma de cada partido, e sahio a Sentença contra . Pelagio, que º
3 rdeconvencido,
Fevreiro de dizendo: De huma
995 se deu me dato judicio,nahanº
Sentença agnitionem
Cidade de Lugoveram
contraesse prófitror.
Isófredº? e sua
mulher Igilo, accusados de furto. Mandou-se primeiramente que se purgassem deste cº"
me, mettendo-se até o pescoço nas agoas do rio Minho. E não bastando esta fºrº" pº
ra que elles confessassem a verdade, se lhes impôz a pena da Caldeira, e lºº as em"
polas, e queimaduras os fizerão confessar, dizendo : In peccato nostro exivit." panº
i stulata super nos. V. Hesp. Sagr. T. XL. f. 148, 15o, e 226. A remissão destas "
"vás veio finalmente a comprar-se, como dos exemplos assima se manifesta,
PS • 247
\ PR.
### Carregaães, dos navios, que esteve PROVICO. Público, claro, ma
#### rem na provenda. Chamarião Pro nifesto, á vista de todos.
"… venda, ao lugar, tempo, ou acção, : PROVINCIA. I. Antigamente
#
12 ****
•• • •••
em que o navio está á carga, ou se tomou por hum Territorio, Des
…º provendo-se de mantimentos, ou trito de huma Cidade , ou Villa
0;# reparando-se, e compondo-se , do Notavel, Julgado, Conselho, Cor
}; # que lhe he preciso, e necessario? reição. v. g. Provincia de Lamego,
* #: PROVEZA. Pobreza, falta, de Braga, do Porto, de Guimaraes,
-- # mingoa, indigencia, lazeira. To de Viseu, de Céa, de Coimbra, de
.….!!!
dos os moradores da Piconha são Santa Maria (hoje a Feira) de Li
$0 # obrigados a pagar no fim de cada nhares, de Castello branco, &c. Nes
"…
cu: *
mez ao Alcaide , que estiver no tas Provincias, ou Comarcas pu
e ºs}: seu Castello , hum pão centeio, nhão os Reis hum seu Ministro
#### dos que cada hum igualmente faz de maior alçada chamado Maiori
## ! para sua casa, O qual não pagaráõ no, ou Juiz do Rei, ou Sobre-jus
:#
os Clerigos, nem as pessoas, que não tiça , ou Vigario , ou Presidente,
amassarem pam com proveza. Foral &c... V. Podestades, e Principe III.
sí, dº PROVINCIA. II. No XV. Se
d'ElRei D. Manoel de 15 15. Doc.
O fiº de Chaves. | culo se deu o nome de Provincia
n, º PROUGUER. Ter por bem, a qualquer Hermida , Oratorio,
V2" |
1 …"
ser contente, agradar-se de algu Capella, ou Recolhimento, e Hos
ma cousa.
Este he hum dos ver picio religioso, em que vivia al
For: , bos irregulares. No Indicativo di gum, ou alguns homens, ou mu
## remos: Me praz, te praz, lhe paz, lheres, que fazião voto de Profissão.
no Preterito perfeito: Me prugue, Estas Provincias erão isentas de pa
*;
| rº: ou me prougue, te prougue, lhe prou garem Portagem pelos Foraes d'El
gue, &c. O Honrado Baram, e Sa Rei D. Manoel. •
• Tom. II.
Hi Q.
25o QA QA
de fazer em sa quadrella; ficando
para outras quadrellas reparar ou
tros lugares do Castello. Senten
Q. ça de Moncorvo de 1366. K. 4
quadrellar, e Aquadrellamento.
Q. Em quanto letra numeralva
te 5oo: com til
QUADRELLA. Por casal. V.
Cwirella, º
lía antigamen
valía 5ood) ooo. -
QUADRELLA do muro. Re
Q. Não se usava delle como si partição, ou certo espaço de mu
nal em a Musica dos antigos, por ro, cuja vigía, e defensa, estava
senão poder separar do V. comettida a determinada gente na
Q_ Fazendo as vezes de C, e K, occasião de guerra. Doc. de Pend
e pelo contrario, he frequentissi de 1 379.
mo em os nossos mais antigos QUAEES, e Quejandas. Seendo
Documentos. sobrello certificado ao Senhor Rei
QAMPA, Qampaa, Qampam, quaees, e quejandas som, Ell torna
e Quampa, 9*** Quampãa, rá a ello. Cort. de Lisboa de 1434.
e Quampam. Com toda esta varie Quer dizer: Quaes, e de que natu
reza, e em que númerosão. V. Que
dade se acha escrita esta palavra, jendas. •
RA RA 265 |
de trigo medido pela rara antiga. T III, p. 324. E note-se que o
E rendo caso, que não haja medida violatores virginum, he diffinição de
da rara antiga, e não se poder medir Rausatores. No Foral da Lourinhãa
por ella : então elles cazeiros paga de 12 18 se determina : O rousador
ráõ pela medida nova, ao respeito da seja prezo , e justiçado : se fogir,
medida da rara antiga , que vem a pague CCC. soldos ao Pretor, e ave
dizer: 3o alqueires, e meio de tri nha-se com os Pais, ou parentes da
go da medida da rasa nova. E por mulher. Lº dos Foraes Velhos. Em
esta conta excedia a Rasa antiga é o antiquissimo Poema da Perda de
Medida nova em hum falamim , e Hespanha, cujos fragmentos nos
botelho, e meio, com insignificante conservou Faría , se chama a D.
diferença. Rodrigo Rouçom, como Forçador
RASCAM. Escudeiro, pagem, da Cava (huma das grandes Novel
moço grave de acompanhar na ca las, em que abunda a Historia do
sa dos Grandes. Ant. nosso Paiz.)
RASCAR. Dar vozes, clamar O Rouçom da Cava emprio de tal
sobre alguem, gritar Aqui d'ElRei sanha. •
268 RE RE
este nome por nelle se achar o tanho. Os que se batêrão antes de
Real Escudo das Armas Portugue 1446, valião I o ceitis , e tres.
zas. E que muito os houvesse em quartos de ceitil: Os que se lavrá
Portugal, havendo-os em França, rão até o de 1453 , valião hum
em Sicilia, e outras partes?.. O real, e dous ceitis, e dous quin
Real de prata lavrou-o ElRei D. tos de ceitil: Os que ao depois
João I., sempre com o mesmo pre se lavrárão até o de 1462, valião
ço, mas cada vez menor no peso. hum real, hum ceitil, e hum quin
Seus Successores os continuárão até to de ceitil: E finalmente os que
ElRei D. Manoel, em cujo tempo se lavrárão desde então , valem
havia Reaes de prata com o valor seis ceitis, e este he o valor do
de 2o réis, e outros valião 3o réis. presente real. Porém nos Contra
ElRei D. João III. continuou os tos de compras, vendas, obitos,
Reaes de prata, mas com o valor &c., os contratantes se fazião hu
de 4o réis: Tinhão os mesmos cu ma Lei particular sobre o valor
nhos, que as suas moedas de 8o do Real , e assim como algumas
réis, mudado sómente o 8o em 4o. vezes declarão, que o Real valía 35
Lavrou tambem esta moeda ElRei livras; dizem outras, que o Real
D. João IV, e he o meio tostão, que constaría de sinco ceitis.
ao presente corre. Na Camera do O Real Preto, chamado assim por
Porto se conserva huma Carta d'El ser de puro cobre, fez lavrar El
Rei D. João II. sobre o valor das Rei D. Duarte: déz destes Pretos
moedas d’ouro, e prata, que manda fazião hum Real branco. E daqui
va lavrar no de 1 489, e pela qual vem que nos Prazos de Almacave,
manda, que o Real de prata fosse e outros, já nos principios do Se
de 2o réis, e o meio Real de 1o réis. culo XVI, se faz larga menção de
E que em cada marco de prata haja Real de dez Pretos. Valia cada hum
I 14 péças dos ditos Reaes , e 228 pouco mais de hum ceitil; porém
dos ditos meios Reaes : E que fosse os que se lavrárão no de 1473 va
o preço do marco de prata I Q)28o lião sómente tres quintos de cei
réis , que he o preço de seis cruza til. Para evitar tanta confusão, des
dos. Tambem havia Reaes antes d'El de ElRei D. João II. até ElRei
Rei D. Afonso V., hum dos quaes D. João III. se lavrárão os Reaes
fazia o valor de 3 livras, e meia Pretos de seis ceitis. Tinhão de hu
das antigas, que sendo de 36 réis, ma parte hum R debaixo de huma
valía o dito Real 126 réis. E des Corôa , e da outra o Escudo do
te Real se faz expressa menção em Reino , com o nome do Rei na
huma Carta de compra do Cabido orla. Desta moeda lavrou tambem
de Lamego pelos annos de 1454. Meios Reaes, ElRei D. Sebastião,
V. Livra. com valía de tres ceitis : tinhão
Dos Reaes de cobre huns se cha de huma parte hum S coroado,
márão Brancos, e outros Pretos. Os que queria dizer Sebastianus : da
Primeiros fez lavrar ElRei D. Duar outra hum R entre dous pontos no
te, e D. Affonso V., e se disse alto, e a letra Sebastianus I." (*)
rão brancos, pela muita liga de es REAL, e meio. Moeda dº El
Rei
("O Pelo Cod. Alf. L. I/. Tít. 1. S. 63. se vê, que ElRei D. Duarte mandou se
|
RE RE 269
Rei D. Sebastião: valía nove cei a causa impulsiva. E nas Cartas de
f1S. |
pagassem vinte brancos por huma libra, e hum branco por hum soldo, e bum preto por uum
dinheiro ; valendo déz Pretos hum Real branco como ora valem.
27o RE RE
no Lº dellas a f. 122, a qual ra Odorio, Bispo de Viseu, com o
tificou depois, Et pro robora unum Cabido eximírão ao depois esta
Breviarium de carreira de dia, Óº Igreja dos Diteitos , que nella se
de nocte. Rebora de hum cadeado, pagavão á Mitra; não só dizem,
se póde ver V. Emtruviscada. Re que a isso se movêrão Pro remedio
bora de hum pouco de burel. V. animarum nostrarum ; mas tambem
Moravideada. Da Reboração. V. Ar Pro eo , quod dedistis nobis hunam
remedilho. A Monio Gonçalvez doou luram mensalem obtimam , apretia
o Infante D. Affonso Henriquez a tam triginta morabitinis. Doc. de
Villa de Parada, sobre o Douro, Alafoens. De sorte, que esta pe
e no Territorio de Lamego , no ça, ou aparelho de mesa, foi quem
de 1 1 3o. Et in revoratione uno cor grandemente influio na Doação.
reiom, Óº uno potengo, Óº unas lu Mas disto ha infinito em os nossos
vas. Doc. de Arouca. No de 1 139 Documentos, muitos dos quaes
fez o mesmo Infante Carta de Doacolligio o A. das Observ. de Diplom.
ção, e juntamente de venda a Mu Portug. P. 1. Observ. 4. f. 98. Ho
nio Guimariz , de hum casal em je se pratícão em algumas das nos
Travancella, Et accepi in pretio de sas Provincias os Alborques entre
te uno Caballo bono, Óº uno manto... os que comprão, e vendem, e os
Facta Carta Donationis, Óº venditio que servem de testemunhas: con
nis, &c. Doc. de Viseu. E eisaqui sistem em pagar algum dos con
o Donativo promovendo a Doação. tratantes (que ordinariamente he
Sendo já Rei o mesmo Senhor, o comprador) huma vez de vinho
doou á Sé de Viseu o Couto de para cada hum dos presentes. E
Mouraz, com a Consorte do seu Rei com esta alegre ceremonia dão por
no a Rainha D. Mafalda no de 1 152, feito, e solemnizado o contracto,
Pro remedio animarum nostrarum, ó: de sorte que já o vendedor não
parentum mostrorum, Óº ut memoria póde variar, ainda que lhe ofere
mostri apud eandem Sedem habeatur ção maior preço. Parece ser isto o
sempiterna. E tal he o principal résto,unico das antigas Révoras.
motivo desta Doação; porém não REBORA, Róbora, e Révora.
so isto, alguma cousa mais os mo II. Idade capaz da razão, tempo
veo: Dedistis etiam nobis unam mu de hum pupíllo sahir de tutorías,
lam in sexaginta morabitinis adpre e de se governar por si mesmo,
ciatam, nec non & quinquaginta mo adquiridas já aquellas forças, e
rabitinos. Ibidem. V. Charidade IX. luzes, que são indispensaveis pa
Havendo o Sacerdote Domingos ra dirigir com sagacidade, e pru
doado ao Mosteiro de S. Christo dencia as suas acçoens. Treze, 14,
vão de Alafoens a Igreja de Val ou 15 annos alguma vez se julgá
ladares, que ficava dentro do seu rão bastantes , para adquirir esta
Couto, Pro charitate, & vinculo Rébora, ou força do corpo, e Espi
dilectionis não negou o mais, que rito; porém as Leis, que se fun
a isto o movêra , pois continúa: dão no que commummente succe
Et pro eo, quod dedistis mihi XX. de, e não em factos particulares,
numos aureos, quia tantum mibi, &" estabelecêrão mais largo espaço,
vobis bene complacuit. E quando D. para que o homem , e a mulher
po
\ •
RE RE 271
podessem viver sem Guardas, e de chamar succesivamente para a
Tutores, como capazes de admi Corôa ao seu filho mais velho D.
nistrarem por si as suas casas, ren Afonso, D. Pedro o segundo, e
das, e Morgados. No Testamen D. Fernando o mais novo de todos
to, com que faleceo ElRei D. Af os filhos, e filhas (pois ainda não
fonso II, de 1 221, depois de dei tinhão nascido da Rainha D. Dul
xar o Reino aos seus filhos legiti ce, D. Henrique, D. Raimundo,
mos, principiando do mais velho, D. Mafalda, D. Branca, e D. Be
continúa : Et si filium masculum non rengaria, e D. Constança, a mais
habuero de Regina D. Urraca : filia velha de todos , havia falecido
mea Infans D. Lianor, quam de ipsa quasi no berço) acrescenta: Man
Regina habeo, habeat Regnum. Et si do preterea, ut si (qnod Deus aver
in tempore mortis mee, filius meus, tat) omnes filii mei fuerint defuncti
&º filia, qui, vel que debuerit habere sine semine: Filia mea Maior, Re
Regnum, non babuerit roboram: sit gina D. Tharasia Regnum obtineat.
ipse, vel ipsa, Óº Regnum in potes Et si ipsa sine semine obierit, filia
tate Vassallorum meorum, quousque mea Maior D. Sancia habeat Regnum.
habeat roboram. E se quando Eu ... Hoc iterum in praeceptis adjungo,
morrer (continúa o Real Testa quod nemo illorum, qui filium meum
mento) o meu filho, ou filha, que Regnantem in tutela babuerint, mit
me suceder no Reino, tiver idade tat manum , vel expendat illos 2X.
competente: mando a todos os meus morabitinos, qui sunt in turibus Co
Ricos-Homens , que lhes entre limbriae, vel illos X quisunt in El
guem os meus Castellos, como os bora; sed servent illos usque ad tem
entregarião a Mim : Et si roboram pus illud, quo filius meus fuerit adul
non babuerint : mando quod Magis tus, Óº capax rationis. Interim vero
ter Templi, & Prior Hospitalis, te defendant Regnum cum reditibus ter
meant eis in custodia suum habére, rarum. Doc. de Viseu. E se já nas
quousque habeant roboram. Et si ali Côrtes de Lamego se tinha regu
quis illorum roboram habuerit : man lado a successão da Corôa , que
do habeat suum habére in pace. T. necessidade havia de a estabelecer
do T. Gav. 16. Maço 1. N. 17. por huma Lei Testamentária ?..
Com este mesmo espirito foi Na Instituição das Capellas da
regulado o Testamento, ou mais Córga , e do Morgado da Bouça
bem Codicillo, d'ElRei D. San no de 1 356 se lê: Porém se ber
cho I, quando no de 1 188 se pre dar mulher, por não haver varão:
arava a ultimar em pessoa a con tanto que o houver legitimo, de re
quista do Algarve (o que efeituou vora de XV. annos, aja o dito Mor
no anno seguinte) pois diz: Ad gado. Doc. de Viseu. |
*
tes, e que vivem nos Mosteiros, RELANPADO. Aliviado, abo
lido,
28o RE RE
lido, relaxado, relevado, extincto. Senhoríos, que tem Relégo. Dos
Seria proveito áá vossa terra taaer Relégos , e como se devem vender
degredos serem relanpados. Cort. de os vinhos d'ElRei, durando o tem
Lisboa de 1434. po delles, V Cod. Manuel. L.II. Tit.34.
-
282 RE RE
sima, houvesse Reliquias em Gui je he do Mosteiro de Santo Thyr
maraens, se convence pela Doa so ) feita por ElRei D. Afonso
ção, que D. Gonçalo, filho da Fun Henriques no de 1 145 ao Mostei
dadora, fez áquella grande Casa no ro de S. Miguel de Riba Paiva (que
de 983 ; dando-lhe huma herdade já era Mosteiro Duplex no de 989)
na Ribeira do Avizella , em que e no qual era Prelado D. Fr. Ro
havia hum Mosteiro de Santa Te berto, e diz: Ego Alfons us... fa
cla, e nelle innumeraveis Reliquias: cio K. donationis, Óº firmitudinis ti
Dominis Invictissimis... quorum Ba bi Rouberto , Óº consociis tuis ejus
felicáê fundatae cernuntur in loco nun dem Cenobii, & S. Mariae semper
tupato Morariae fundo, ... idest San Firginis, & B. Archangeli Michae
cte Tecle Virginis, & Martiris Chris lis, quorum Reliquiae in eádem Here
ti , cum caeteris innumerabilium Re mita habentur, que est in ripa Pa
Iiquiae Martirum, Apostolorum, Pon vie, de hereditate mea propria, quam
tificum, Virginum, & Confessorum... habeo in Heremita in S. fohanne de
Ego exicuus Famulus Christi , licet foze de Dorio... propter quod a vobis
indignus, Gundesalvus... laetus ofe nullum accepi praetium, nisi in remis
ro, atque concedo.... Domui Sanctae sione omnium peccatorum meorum. O
Mariae Virginis, ó Genetricis Domi não receber cousa alguma por esta
ni nostri, & Salvatorem Dominum Doação, foi dizer, que a roborou de
mostrum, cum Apostolis, Martiribus, graça: Ego Alfonsus Portugalensium
Firginum, ó Confessorum, quorum Rex propriis manibus robor ——o;
in Cenobio Wiinarames sunt reconditae porém que Reliquias de S. Miguel
Reliquiae , pro remedio anime me e Archanjo serião, as que ali se guar
cre. Ibidem, "No L. dos Testamentos davão? Seria o seu Altar, o seu Re
de Lorvão N. 6o. se acha huma lar
trato, a sua Imagem º Seria; po
guissima Doação , que a Senhora rém o grande Mabillon nas Actas
Inderquina Palla fez áquelle Mos dos SS. Benedict. Sec. 3, part. 1. f.
teiro, no de 96 1., das Villas de 87. c. 3. nos informa das Reliquias
Sperandei, Villa Nova, Savugosa, do Archanjo S. Miguel, que do Mon
Ferrouho, Lourosa , &c. e princi te Gargáno, onde se dignou appa
pia: Hob ouorem Däi Nostri fESU recer nos fins do Seculo V., forão
Christi, Óº Sanctorum Gloriosissimo levadas ao monte Tumba, segundo
rum Martirum S. Mametis, & cate hum Anonimo, que escreveo antes
va Sanctorum pignora; qui in eodem do Seculo X., e erão: Partein sciiiz
Joco runt recondita , in loco nomina cet rubei pallioli, quod ipse memo
to Urbauensi Cenobio.... In primir: randus Archangelus in monte Gargano
Killa Spera in Deo, ubi recondite sunt supra Altare, quod ipse manu sua
Reliquiae sub Aula S. Salvatoris , & construxeral, posuit, Óº partem sci
omnes Sancti Apostoli, sive Reliquia licet marmoris, supra quod stetit, cu
rum S. Mariae semper Virgo perma jus ibidem usque nunc superextantiu
mens, cum suas Virgines; (havia ali eodem vestigia. Alguma reliquia pois
hum Mosteiro á#) ipsa Vil deste Altar, ou do penhasco, sobre
Ja, cum omnes adjacentiis & c. que o Santo Archanjo foi visto no
__ Em Arouca se acha a Doação da "Gargáno, ou da Mole de Adriano enº
fermida de S. João da Foz (que ho JRoma, viria parar em Riba-Paiva e
- - -- \ …
*
|-
e
RE RE 28;
e estas serião as Reliquias de S. Mi duzir as Santas Reliquias em cha
guel, que alli se conservavão; não rólas, e andores, e tambem as Ima
se podendo verificar outras em hum gens dos Santos, para ajuntar di
Espirito , e substancia pura, em nheiros, com que se edificassem
quem se não póde achar a mais le de novo, ou reparassem as Casas
ve sombra de materia. de Deos , ou se aliviasse a ex
. . Desde o VII. Seculo, e por hum tremosa pobreza de seus Ministros:
excesso de piedade, que não por foi cousa que virão sem grande es
desprezo, quando os Ecclesiasti candalo os Seculos passados ; e
cos, e Monges de França não po mesmo o levar as Reliquias Sagra
dião conseguir justiça das vexações, das aos Lugares , que ás Igrejas,
que lhes fazião os Grandes do Rei ou Mosteiros se davão, ou doavão,
no, e ás suas Igrejas, e Mostei como para tomarem posse delles.
ros, depositavão no pavimento das E que muito, se nos Exercitos, e
Igrejas, e na mesma terra as Reli Campanhas se achavão as Reliquias
quias, e as Imagens dos Santos, dos Santos como fiadores, e garan
e até a mesma Cruz do Redemp tes da victoria ?... E finalmente
tor, cercando-as, e cubrindo-as de tempo houve, em que nas Oitavas
espinhos, e abrolhos, tapando as das Rogaçoens levava cada Igreja
mesmas portas dos Templos com as suas Reliquias com Procissão so
matagáes espinhosos, para que des lemne a hum determinado lugar,
te modo provocassem a indignação em que se expunhão todas juntas,
dos homens contra os agressores para sinal de boa paz, e união en
injustos: e só depois que as inju tre os moradores das respectivas
rias, e malfeitorías se reparavão, Parochias , que alli se reconcilia
se abrião as portas, se levantavão as vão de todas as suas desavenças,
Reliquias, e Imagens, se purifica rescindião-se as demandas, sepul
vão os Templos, se tornavão a en tavão-se as discordias, e agrade
toar os Psalmos, e continuar as cendo ás Reliquias de seus Patro
Funcções Sagradas, que durando as nos prazer
de tanto abem, voltavão cheios
suas casas. •
ROUSO. V.V.Rauso.
de Molas, ó sedeat solto, & defen - ROUSSO. Rauso.
:
•
-
•
* SAN
3O4 SA SA
SANTELLO. Especie de rede res abastantes. Cod. Alf. L. III. Tit.
de pescar peixes. Algums deitam em I 2.6. S. 4.
rios nom cabedaaes covoens, e massas, SATISDAR. Dar fiança, ou cau
e santellos, e armazellos, e tesoens, e ção. No Cod. Alfons. L. III. Tit. 25.
tarrafas pera seus mantimentos. Cort. SATISFAZIMENTO. Cumpri
de Lisboa de 1434. mento , satisfação. Cod. Alf. L. II.
SANTOANNE. I. S. João. Tit. 1. art.36, , , -
rião infructiferas. * ;
No de 1316. deixa João Duraens no
SARRADO. Cerrado, inteiro, seu Testamento. A Pedro Rial a sua
completo, e sem diminuição algu saya do arrais: e a saya do veram, e º
ma. V. Qarradamente. Se pela ventura Çoramevelho a Martim Esteves. Doc.
ElRei nom vier 6 Doiro, que nom leve de Lamego. Mando a todolos Frades
as Coleytas, nom darem, se nom XIII. do dito Moesteiro ( de Maceiradão)
maravidis , menos quarta: e se ElRei que lhis dem pelo meu aver senhas say
Ievar as Coleytas, seerem XII. maravi as. Doc. do dito Mosteiro de 1 3o7.
dis farrados. Doc. da Graça de Co SAYBO de cubeiro. Cheiro des
imbra de 1326. agradavel, e peior gosto, que con
SARRAO. V. Raza, e sarrão. trahe o vinho lançado em huma cu
SARTAL. Cordão, ou fio de pe ba, que não anda bem limpa. E a
rolas. It : Dexo uno fartal al Rei de dita cuba, que lha traguam bem la
Castella. Testamento de D. Mecia vada, e nom tenha nenhuum saybo de
Rodrigues Hespanhola de 1258. cubeiro.
imbra dePrazo de Santiago de Co
15 1 3. •
SAY
SA. SA 5os
SAYLO. Sello. Ibidem. diz Ducange. V. Saiones. Com ef.
SAYNTE. Sahindo, na occasião feito não longe da Cidade de Za
de sahir. Saynte das Matynhas , e mora, no Reino de Leão, ha hum.
saynte de Missa de Terça, e saynte paiz, a que chamão Tierra de Saya
das Vesperar, que digamos cantado ex go, cujos habitantes se vestem de
1
te pt.: Inveni dd. (David ) servum hum panno mui grosso, e vil, a
meum & c. Testam. de D. Fr. João que chamão Sayal, e daqui se dis
Martins, Bispo da Guarda, de 1298. se Sayaguéz, o homem rustico, e
Doc. da Guarda. grosseiro. Porém antes he de pre
SAYOADO, e Ssayoado. Cou sumir, que da vestidura dos Sayões
sa de Sayão, Oficial infimo, e exe viesse o nome á Terra de Sayago,
?•} cutor de Justiça. E esse Moordomado e não que ella o désse aos Sayões,
do Srayoado há as chegas, e vozes, e sendo certo que estes já tinhão o
coimas , e entregas. Dom. da Cam. mesmo nome em tempo dos Lon
secular de Lamego de 1436. gobardos. Em o antiquissimo Poe
SAYOANE. S. João. Doc. de ma da Perda de Hespanha, de que
1278. V. Sam Oane. Faria , e outros se lembrárão, lê
SAYOM. Em os nossos mais an mos do modo seguinte :
. tigos Documentos, e nos de toda O gazu, e assalto, que os da aleivoria
a Hespanha, e mesmo já desde o
tempo dos Godos, se usou com fre Tramárão, poz voltos de algo Sayones.
quencia da palavra Sayão até o Se Tambem havia Sayom militar, a
culo XV, por algoz, verdugo, exe que igualmente chamavão Cliente ,
cutor da Justiça, cortando, dece ou Bucellario; porque acompanhava
pando, açoutando , enforcando, na milicia algum Poderoso, a quem
queimando , afligindo, e matando havia tomado por seu Patrono. V.
de mil modos os criminosos, pertur Bucellario. /
SE 309
da Cam, secular do Porto de r343; }a-Cara-se acha hum 4 fol. 94,
. SCOMUNGADOIRO. Mere '. feito no de 1536, a 26 de Qu
qedor, e digno de ser excomunga tubro pelo Prior Crasteiro, e Co
do Cometeo sacrilegia, e he sacrile negos, dizendo que estava a Sé-Fa
go, e comungadoiro. Doc, da Univ. gante. E com efeito, estava o Mos
de 1445. - - ! teiro vago, porque era falecido o
{ SCONDONDU,US.Escondido, Bispo de Safim, D. joão Sutil 3 no
sonegado. Per que soubessemos bem, Abril do mesmo anno, e se não ha
e dereitamente os vossos Regaengos, e via provido de Prior. E ou fosse
ºs vossos Foreiros per todo termo de por isto, ou porque este Mosteiro
Kouga, os quaes som scondondus, e en tem jurisdicção, quasi Episcopal no
halheados, e malparados. Inq, d'El seu Izento , estava, vaga a Sé de
Pei D. Diniz, Doc, de Grijó, -- -- Grijó. Em Santa Cruz de Coimbra
- SCULCA. V. Arricaveiro, e Ata se acha See Vaguante no de 1541,
laya II. - - - : : : : :: ……… segundo hum Doc. da Unv. A mes
. SECUNDA, ou Segunda. Assim ma razão de Grijó militava em San
chamárão ao milho, e painço, por tº QRiº, , ,,, , ,, . .
serem a 2. especie do pão, sendo a ; SEE. Está. Terceira pessoa do in
1.° o trigo, cevada, e centeio. V. A dicativo do verbo Seer, que igual
tuno. Seis quarteiros de pam secunda. mente faz no inperativo Segaa, se
Doc. das Bentas do Porto de 1246. ja eu. * . * . * … …,
Nos Doc. de S. Pedro das Aguias há º SEEDA. Assento, banco, lugar,
larga menção de Teigas de segunda; posto, e tambem estada, ou jazida,
e de Moinho alveiro, e segundeira, E os que tinhão arrendados os açougues
ainda no de 1616. * # : ; ; , ), º alqueiavão essas reedas a pessoas asi
s : SEARA. Não só se tomou por nadas, e nom deixavam by outrem reer,
huma terra de pão, ou de vinha; se nom esses, a que as alqueiavam...
mas tambem por toda, e qualquer E quanto da reeda nom dem nada. Cap,
propriedade, fazenda, ou perten Espec. de Santarem..…… # > −s,
ça de herdade. Duos molendinos (qui SEELO DAS TAVOAS, Ha
molendini runt reara nostri Monaste vendo ElRei D. Diniz terminado as
rii) devetis preparare, & adubare; contendas, entre D. Orraca Afon
taliter, quod posint molere, é º totace so, (sua meia irmáã) e seu genrº,
veira nostri Monasterii deber esse si>
sobre os bens que havião sido de Pee
me maquia. Doc. da Univ. de 1285. dre-Annes seu \marido, já defunto}
SEDENHO. Cilicio de sedas as: todos os Documentos , e razoens)
peras, duras, e mortificantes. Foi que sobre este negocio se havião
achado que morreo virgem, e com hum processado, mandquiseelar do teu-se
sedenho cinto à carão da carne. Pína, elo das itavoas, e guardar. Doce de
Chron. do C, D, Duart. de Meneses Tarouca de 133#, ºvo e; e , 8 :
-C. II,2, … ::… ….…… :o) - 2:22, …irrº SEENDA. Pode duvidar-se, se
SEDERENTO A Séquioso,se. esta palavra vem da Larina Sedes ,
iosa. E ai… …º tro o ofi ºs habitação, casa, ou assento, se de
. SÉ-VAGANTE. No Mosteiro de demita, atalho, verêda, ou caminho
ijó se dizia Sé Vagante, quando estreito, quasi-semi-iter. Na Relaçãº,
não havia Prior. No T, IIc dos Prazºs ou seja Chronica, da tomada de Lisboa
<\'\{\
* por
3 Io SE SE
por ElRei D. Afonso Henriques, Coimbra a f 96. se achão estes dous
que se guarda em S. Vicente de fó termos judenga, e Segitorio, cuja in
ra, se diz, que o Cabido, e todo o telligencia pende das suas formaes
Clero, disserão a huma voz, que palavras, que são estas: Os ferrei- .
ElRei havia conquistado aquella ros, e serralheiros da Cidade, e termo
terra aos Mouros com ajuda deIDeos, ham de dar o Segitorio bem concertado,
e deu voz , seenda, e morada da San e huma bandeira, e bam de bir a pola
ta Egreja. Parece quizerão dizer , Judenga, e elles ficam a traz do Segito
que estando, havia muitos annos, arre rio em percissão. No de 15 17. se es
dada daquella terra , acantonada , e creveo este Doc. em que parece se
muda a Fé de Jesus Christo, e a voz toma o Segitorio por huma figura ar
do seu Evangelho tão sonóra, e grave, mada de settas ( quando não fosse o
que havia retumbado nos cabos da ter andor de S.Sebastião, a quem pelas
ra; agora exalçou sobre aquella Cidade settas darião aquelle nome) e a Ju
a sua voz de magnificencia, adquirio denga era sem duvida dança de Ju
nome, titulo , esplendor , e respeito; deos, ou a figura da Santa Judith,
não só por entre os Christãos , que a mui propria do Misterio.
professavão, mas tambem dos Sarra SEGLAAES , Segraaes, e Sse
cenos, que então, e depois ali se ba graaes. O mesmo que seculares.
vião de converter : que o mesmo Rei Doc. de 1 3o7. e 1 33o.
abrio caminho plano as conquistas, que SEGUNDEIRO. Moinho, que
a Lei Santa dali havia de fazer entre moía centeio, e milho. Huma casa
as gentes mais distantes do aprisco do com dous moinhos, hum alveiro, ou
Redemptor: E que finalmente ali esta tro segundeiro. V. Secunda.
beleceo o Assento, e Morada da Re SEGURAR o rosto. Levantar a
Iigião verdadeira; fundando repetidos cabeça, fitar os olhos, e por-se em
Templos de huma gloria sempiterna so accção, de quem escuta, e attende
bre os destroços, e ruinas do Alcorão em silencio, com gravidade, e res
torpe de Mafoma. O Hespanhol diz peito. Os Cidadaoms enleados de sua
Senda, por entrada, ou caminho. proposiçãn, sabendo que era homem
SEENTE. Sendo, estando, o que de autorydade, cessáram de suas pra
está em alguma parte , o que está ticas , em que estavam, e seguráram
presente. Seente hipresentes D. João os rostos, e as vontades pera o ouvir.
Peres d'Alprăm Dayam, Maçam Paes Chron. dº ElRei D. Duarte c. 5o.
. Chantre, Mº Martinho & c. Doc. da SEIDAS, ou Sseidas. Sahidas.
Cam. secular de Viseu de 13o4. Doc. de 1338.
SEER. Ser, ou estar sentado. SELHOS. A.S. O mesmo que
Scendo, ou estando, isto he, sentado, Senhos, e Senhas.
ou em pé. Doc. das Bent. do Port. de SELLADA. Portella, lugar mais
1318, e no Cod. Alf. L. III. Tit. 53. baixo, e abatido de huma serra, ou
. 5- -
312 SE SE
de XIV, alqueires o quarteiro. Doc. de &º successores vestri, secundum quod
Tarouca de 1443. potueritis: E por morte d’ambos, fi
SEMICHAS, e Ssomichas. Hu caráõ livres ao Mosteiro, Ad tole
ma canada mais em almude. Seis al rantiam Fratrum cujuscumque Ordi
mudes de vinho molle á bica do lagar nis fuerint, Deo servientes , in San
com suas ssomtchas. — Oito almudes éiam Vitam perseverantes.E depois das
de vinho com suas semichas. Prazos imprecaçoens mais horriveis con
de Vairám de 1528. e 153o. tra os refractarios, concluem : Et
SEMIDEIRO. V. Semedeiro. insuper redat ipsis Senioribus Loci duo
SEMPLE. Sempre. Doc. das Sal auri talenta, ó D. modios, & Regiae
zedas de 1287. Potestati aliud tantum, ó"judicatum.
SEMPREMENTE. Simplesméte. Já, V.Passaes, vimos como este Mos
SENHOR. He mui frequente no teiro não só era de Conegos, e Mon
femenino até o Sec. XVI. Presente ges, mas ainda Duplez, segundo a
mim Vaasco Lourenço , Tabaliom da disciplina daquelle tempo. Isto se
confirma pela Doação de certas fa
dita Senhor Rainha na dita Villa.
SENHORES, ou Seniores. De zendas em Nogueira, que D. El
pois de se haver tratado com tanta vira Nunes fez a Grijó no de 1 133,
erudição do Titulo de Dom, não só e no 1. de Fevereiro ; declarando
por Blut. nesta palavra; mas prin que este Mosteiro estava fundado
cipalmente pelo A. das Memorias Territorio Portugalensi, Terra Civita
para a Historia d'ElRei D. João I.: tis S. Mariae, e que dellas se utili
pareceria quasi impossivel descobrir zassem os que ali a Deos servissem,
alguma cousa a este respeito, que a saber Presbiteri, Monachi, Diaco
até hoje não fosse vista, e exami ni, Clerici, Fratres, Deo-Vota. E a
nada. Com tudo nos Doc. de Grijó todos estes se dava o tratamento de
se achão não poucos , que dão o Dom debaixo do titulo de Senhor.
tratamento de Senhores , ou Senio SENHORIZAR. Fazer Senhor,
res aos Conegos, e Monges, que dar o governo, e poder a alguem.
ali vivião. E sendo certo, que Se Senhorizar seos parentes, e collacía,
nhores corresponde ao Latino Domi isto he, dar o seu poder aos seus
ni, se manifesta, que o Dom presen parentes, e aos que forão seus col
te, que se dá aos Conegos Regran laços, e criados com elle desde me
tes, he abreviatura do Senhor anti ninos. Doc. do Seculo XV.
go, com que os nossos Maiores os SENHOS. AS. Seus, ou suas, ou
distinguião. VTerço, e Quinto. Ago cada hum seu, ou sua. Vem do La
ra ajuntarei somente , que no de tino Singuli, v. g. senhos colmeiros,
To81 Egas Fruilaz ( ou Forjaz) e senhas vaccas , cada hum seu col
sua mulher Gudina Paes , deixarão meiro, cada hum sua vacca. V. Chu
por sua morte a Grijó certos bens maço.
em Nogueira, os quaes elles des SENOGA. V. Cinuna. -
frutarião em sua vida, como colo SENOS, AS.O mesmo que Senhos
nos, ou caseiros, pagando as suas e Senhas. {
pensoens, e não os podendo de SENRA. Chamárão os nossos.
qualquer modo alienar , acrescen antigos Seára, não só aos paens,
tando: Et nós habeatis ad honorem, vós, que estavão semeados, ou …? C
SE SE 313 |
de serem colhidos ; mas ainda ao grados, e principalmente do Santo
terreno habil para nelle serem seme Sepulcro, gasalhado, segurança,
ados. Nos Doc. mais antigos de La e amparo dos peregrinos , que á
mego se chama Senra do Bispo , o Cidade de Jerusalem se encami
que hoje se chama a Rua da seára, nhavão , fosse instituida a Ordem
porque antes que os Bispos de La chamada do Santo Sepulcro , com
mego a fizessem povoar ( como se posta de Cavalleiros, e Conegos,
diz nas Inquir. Reaes dº ElRei D. Af estes para os Divinos Oficios, a
fonso III. ) nada mais era, que hum quelles para as armas, quando a ne
campo raso, e mui proprio, e ca cessidade o pedia: que esta Ordem
paz de nelle se fazer seára de pão. se distinguia da dos Templarios, Hos
No de 933. doou ElRei D. Rami pitalarios, Teutonicos, e de S. Laza
ro II, a Lorvão duas partes da Vil ro : que principiasse já naquelle
la de Alvalat, Óº de sua senra (isto tempo , que os Sarracenos ganhá
he, do seu campo ) ut sit pro sur rão a Cidade Santa aos Imperado
tentatione vestra, seu hospitum paupe res da Grecia: E que os dous pri
rum, Óº perigrinorum, Óº propter re meiros Reis de Jerusalem (conquis
medium animarum nortrarum. L. dos tada no de Io99 ) Gotfredo, e Bal
Testam. N.3. Nas Copias autenticas duino, lhes concedessem largos Pri
de Lorvão se diz Serra, estando no vilegios, de que nos informão os
Original Senra, que he contracção indicados Autores, e outros, que
de Senara, ou Senaria. |
elles nos accusão: o que mais inte
SENTIDO. Sentimento, dor, ressa a nossa Historia são os Doc.
aficçã. E tambem o mesmo que incontestaveis, anedoctos, e mes
Malsentido. Doc. do Sec. XV. mo por acaso descubertos, que nos
SEPOSIÇAO. Empenho, ou su mostrão esta Ordem companheira
plica para conseguir alguma cou das do Templo, e Hospital na en
sa justa , ou injusta. V. Inmissão, trada, que fizerão em a nossa Mo
e Supositas. narchia , que sem duvida foi nos
SEPULCRO. Assim chamárão ultimos annos da Piedosissima Rai
á Ordem Militar, e Canonica do San nha D. Thereza, e por conseguin
to Sepulcro , que antigamente foi te antes de 1 129, ou II 3o , em que
vista, e recebida em Portugal. E ella falleceo.
como em alguns dos nossos Docu Esta Soberana , pois, fez Doa
mentos, e principalmente nas In ção aos Conegos da Ordem do
quiriçoens Reaes, se achão mui Sepulcro do Senhar, das Villas, de
tas terras, Igrejas, Villas, e Ca S. Payo de Gouvêa (hoje S. Payo da
saes, que se diz erão do Sepulcro; Serra) da qual fez Couto á mesma
não serei digno de censura se de Ordem ElRei D. Affonso Henri
pois de tantos, que desta Ordem ques: da do Ladairo (que lhes cou
tratárão, eu disser tambem, como tou ElRei D. Sancho I.) e mui pro
de passagem , alguma cousa para vavelmente da de Paços de Penalva,
instrucção dos presentes , e vin e outras Mercês, que o tempo nos
douros. invejou. Assim consta das Inquir.
Nenhuma duvida se nos ofere que no de 1258. fez tirar ElRei D.
ce, que para guarda dos LugaresSa Affonso III. nas Terras,
• T e Julgados
de
Tom. II.
314 SE SE
de Cêa, Gouvêa, e Viseu. O exem f. 1. No de 1 13o, havia naquelle
plo dos Principes foi logo seguido Mosteiro Conegos com o seu Prior;
dos vassallos, e assim por Doações, como se vê pelo contrato, ou con
e Compras chegou a ter a Ordem do venção, que no mesmo anno se fez
Sepulchro largas fazendas em Gou entre D. Ugo, Bispo do Porto, e o
vêa, Satam, Penalva &c., e mes Prior, e Clerigos de Santa Maria de
mo algumas Igrejas, e outros be Agoas Santas , sobre o fantar, ou
nesses , que das mesmas Inquiri Parada, que aquella Igreja, ou Mos
!coens claramente se colligem. (*) teiro lhe devia pagar ; de que se
Introduzidos assim neste Reino pode ver o Catalogo dos Bispos do
os Conegos do Sepulcro (pois dos Ca Porto Part. II. Cap. 1. Se pois antes
valleiros da mesma Ordem não te de 1 129 havia em Portugal Cone
mos hum só Documento ao menos, gos do Sepulcro : e no de 1 1 3o não
que nos persuada nelle a sua exis existião ainda em Aguas Santas :
tencia) não se estabelecerão desde será preciso nos digão , onde era
logo no Mosteiro Canonical de Agoas a sua residencia. E como por hu
Santas; mas sim em Villa Nova de ma parte se não descubra lugar al
Penalva, que por isto se disse Vil gum fóra de Penalva: e por outra
la Nova do Sepulcro. Ficava ella so se achem ali, e na Torre do Tom
branceira, e na margem do rio d'Om, bo indicios, e provas , que desde
na Freguezia de Trancozello (a logo ali residirão: forçozo he con
nexa hoje á do Castello de Penal fessarmos, que ali foi a 1.° Casa,
va) onde permanece a Igreja, que que entre nós occupárão.
mostra a mais avançada antiguida Porém depois de alguns annos,
de, e os vestigios bem claros do e talvez já no Reinado de D. San
Convento, em huma grande quin cho I. , , elles se estabelecerão no
ta, pertença da Comenda de Cezu Mosteiro de Aguas Santas. Assim
res, e onde até os nossos dias se consta da Escritura original de Vi
tem conservado sem interrupção al seu, de que se fez menção V. Loi
guma o nome de Mosteiro. Mas in tosa, e cujo final, por interessan
dividuemos isto. Prescindindo de te, aqui reproduzimos:
quem fosse o Fundador, ou Res Facta Carta mense Octobris E.° M."
taurador do Mosteiro de AguasSan CC.º XX.º IIII.º
tas: he certo que elle existia com Qui presentes fuerunt, & viderunt:
moradores no de 1 12o ; pois he Ego Johanes Visensis Episcopus Of.
hum dos expresamente nomeados Ego Fernandus Prior Of
na Bulla de Calixto II. deste anno, Ego Gunsalvus Cantor Of
e aos quaes se manda, que obede Ego Pelagius Presbiter 2f
gão, e paguem os Direitos á Cathedral Et omnes caeteri confirmant.
do Porto; como se lê no seu Censual Ego Egeas Prior de Aquis Sanctis Of
Ego
(*) . No de 1 123 doou D. Emisu Trastemeriz (que se chama exigui, indign4 F#
mula Dei), ao Mosteiro de Pendorada certas herdades, que ganhára, com seu marido D
D.
Egas Mendes; eceptis inde illa, que testavimus a Sancto Sepulcro. Doc, de Pend. Era
viuva naquelle tempo esta Serva de Deus : estando ainda com seu marido fizeráo de }
mão commum Doação de huma herdade aos Conegos do Santo Sepulcro: e porque nãº
seria antes
Thereza parade inrroduzir-mos
112o?... Não esperemos
a Ordem dologo pelos ultimos
Sepulcro annos da Senhora Rainha D.
nesta Monarchia. •
SE SE 31j
EgoTempli.
Fernandus Monacus , Canonicus
• Of foi taxado na forma seguinte:
It: Mõn de Aquis Sanctis. CCCC;
Et caeteri Canonici Templi confirmant. livras: é pro eis, que habet in Dio
Existião pois, em Agoas Santas ceri Visensi. CC. XXXVII. It : Colle
no de 1 186 os Conegos do Santo gium dicti Monasterii. C.
Sepulcro, que aqui se intitulão do Ora, pelo Mosteiro se entende a
Templo; pois nelle he que se guar Collegiada de Agoas Santas, onde os
da o Sepulcro do Senhor, para cujo Conegos vivião em commum. V.
serviço elles forão instituidos, e Mosteiro. Pelo que tinha no Bispa
só de secundario, como dizem, he do de Viseu se entende tudo o que
que nesta Ordem entrárão os Ca pertencia ao Mosteiro de Villa Nova
valleiros. O contrario disto se vio de Penalva, em quanto não foi uni
na dos Templarios, que destinados do, e mudado para o de Aguas San
para guerrear os inimigos da Cruz, tas. E finalmente pelo Collegio se
e não tendo mais que algums Frei entende o Mosteiro, ou Recolhimen
res Sacerdotes para serviço , uso, to das Conegas. V. Du-Cange V.
e administração das cousas Santas, Collegium. E que tambem por aquel
elles se chamão Guardar, e Defen les tempos se chamassem Collegios
sores do Sepulcro do Senhor, na Doa os Mosteiros de Santa Clara, cons
ção do Ecclesiastico de Santarem, ta do Himno, que se canta nas Lau
que ElRei D. Afonso I, lhes fez des do seu Oficio. Custos Sacrarum
no de 1 147 por estas palavras: Ego Kirginum, Omni uirtute praevia, Du
Alfonsus ... incipiens iter meum ad cis ad Sponsum Dominum Puellarum
illud Castellum , quod dicitur Santa Collegia. O tempo, que tudo acaba,
rem... Votum vovi, quod si Deus... illud e apouca afeição a Prelados Estran
mibi atribueret, omne Ecclesiasticum geiros, extinguirão este Mostei
darem Deo, Óº Militibus Fratribus ro, e o seu Collegio; e unido tu
Templi Salomonis, constitutis in Ihe do , pelos fins do Seculo XV; ou
rusalem pro defensione Sancti Sepul mais bem no de 15 5 1 , á Ordem de
cri, quorum pars mecum erat in eodem Malta, se levantou sobre as ruinas
comitatu. Doc. de Thomar. de AguasSantas huma boaCommen
Estabelecidos os Conegos da Or da com 4 Beneficios simplices ,
dem do Sepulcro do Senhor no Mostei ue o Commendador aprezenta.
ro de Aguas Santas , o seu Prior SEQUER. adv. Ainda. Apare
era sempre da Apresentação Real, lhado a ser enfinado, se quer de mo
e a Collação do Bispo do Porto, ço de hum anno. Pina, Chron. do C.
até que no de 1 309 se verificou a D. Duarte. c. 1.
Dimissão, que ElRei D. Affonso SER-PODEROSO. V. Poderoso,
III. havia feito deste Padroado no SERGENTA. Criada, moça de
Prior Mór, do que a Ordem do Sepul servir. V. Sergente. Johana Martins,
cro havia em Hespanha. Já então ha sergenta que foi d'Affonso Domingues
via junto deste Mosteiro Parochial Doc. do Salvador de Coimbra de
hum Recolhimento ou Mosteiro de I396.
Conegas do mesmo Instituto; pois SERGENTE. O moço, ou mo
no de 1312 havendo-se concedido ça de servir, criado, ou criada, mi
hum subsidio a ElRei D. Diniz , nistro , servente, assalariado , e
Rr íi promp
316 SE SE
prompto para todo o serviço de Leigos , com habito Religioso, e
seu amo. V. Scola. No de 1385. o Refeitorio commum, contra a sua
Senhor Rei D. João I. Regedor, e priméva instituição. Nas Consti
Defensor dos Reinos de Portugal, tuiçoens de Thomar de 1326.se diz:
e do Algarve mandou, que os La Ordenamos , e estabelecemos, e outor
vradores, sergentes, e moradores dos gamos, que pera todo sempre haja na
Coutos, e herdades dos Mosteiros de dita nossa Ordem 86 Freires, ao me
Santa Cruz, Santa Clara, Lorvão , nor, como dito be. Dos quaes rejão 71
Semide , e outros dos Mosteiros , e Freires Cavalleiros , guisados de ca
Igrejas da Cidade, e termo de Coim valos, e armas, e os outros (que erão
bra, em quanto durar a guerra, vel 15) serem Clerigos, e Sergentes. E
Iem, rondem, e paguem para fintas, daqui se vê que os Sergentes já por
talhas , e pedidos, pera repairamen estes tempos, em que sobre as rui
to, e afortelezemento da Cidade; não nas da Ordem do Templo principi
obstante os seus Privilegios, que não ou a de Christo, lato-modo se cha
devem ter lugar neste tempo de meste mavão Freires, por terem ração, e
res. Doc. da Cam. Secular de Coim Habito differente dos seculares.
bra. V. Aberregaar. Doc. de Thomar.
SERGENTES. Primeiramente SERIGA. V. Sessega.
Criados, depois Leigos nas Ordens SERNA. Herdade, que se se
Militares, do Templo, de Calatrava, mêa, e tributo , que se paga para
de Avis, e finalmente na de Christo. ella ser cultivada. (V. Senrra.) Ap
No principio erão hums moços, e Bergança.
criados fieis, que servião os Caval SERRA. O mesmo que Serna.
leiros dentro, e fóra dos Conven He do Sec. VIII. IX. e X.
tos, preparavão-lhes as armas, ves SERVIÇAL. Lavrador, mordo
tião-lhas, cuidavão dos cavallos mo, caseiro, homem do campo , e
&c., e estando em casa, cuidavão que trata da abegoaría. E geralmen
do serviço, limpeza, e asseio del te fallando, todo o homem, que ser
la. Havia Sergentes do numero, e via, como criado, ou moço. Servi
outros supernumerarios. Estes não çal, que foi de D. Berengueira. Doc.
erão contemplados, se não confor das Salzedas de 131o. Serviçaes de
me ao ajuste, que se lhes fazia. A Ceuta, os que erão obrigados a hi
quelles tinhão alguma leve distinc rem servir a Ceuta. Doc. do Porto
ção dos meramente seculares: ves do Seculo XV.V. Cerviçaria. Man
tião humildemente , e muitas ve do que o meu serviçal, que tem trin
zes dos vestidos velhos de seus a ta e sete moios de pam, com este re
mos: tinhão sua ração certa, mas novo d'ora. Doc. da Guarda de 1299
frugal: criados em fim de gente Re SERVIÇO, I. Esta palavra an
ligiosa. Com a revolução dos tem tigamente se tomava em muitas,
pos, secularização dos Cavallei e mui varias significaçoens. Hu
ros, e repetidas Reformas, que mas vezes era huma Pensão sabida
com menos prudencia quizerão fa de dinheiro, ou frutos: outras erão
zer dos Freires Monges, passárão os cerras geiras, ou dias de pessoa:
Sergentes a pertender o predicamen tambem se tomava por jantar, cêa,
to de Donatos, e finalmente o de ou refeição honesta, que o …
O»
SE SE 317
lo, colono, ou emphiteuta devia E fazerães a nós serviço. No de 1142.
ministrar em certas occasioens ao S. Paes, Deão de Viseu, deu Fo
Direito Senhorio. Igualmente cha ral aos que povoassem as suas her
márão Serviço ao saguate, presen dades das Gouvêas, e seu termo,
te, e obsequio, que o Direito Se junto a Pinhel com foro do sexto
nhorio esperava da generosidade, de todo o fruto ( além das oitavas
e primor dos seus colonos, que do trigo, e centeio) excepto verças,
tendo obrigação de fazer-lhe este e porros, e frutas das arvores; mas
mimo, não erão com tudo obriga ainda destas, Faciant mihi servitium.
dos em certa quantidade, ou qua Tombo velho da Sé de Viseu a f 9.
lidade da cousa , que havião de Y. E nota o Deão no de 1 142. Em
mandar. E finalmente não só dos fim, nos Doc. de Reciám de 1323.
Mosteiros 3, Igrejas,7 Casaes.2 Cou se lê em huma Carta d'ElRei D.
ros, Reguengos, Prazos, e Conce Diniz : E que agora algums desses,
lhos se pagava Serviço ao Princi qui vinhão bi penhorar por Serviços,
pe, ou Senhorio ; mas ainda os e Comeduras, e por Cavallarias, e Ca
Naturaes, e Herdeiros das Igrejas, e samentos, que dizião, que ende de
Mosteiros levavão delles, ou mais viam aver, come Naturais, e Herdei
bem extorquião , Serviços , Caval ros, non no sendo de dereito. V. Di
reituras. •
(.*) A significação de Sigillar pende de fabermos, que cousa era o Sello, ou Sinal
do Paix, ou do Alcaide. Dizem alguns, que era hum ramo , varinha, ou palha, que
o Oficial de Jultiça entregava diante de testemunhas áquelle, a quem o Juiz chamava
a juizo , ou fazia penhorar. E que o ramo , que ainda hoje trazem os Porteiros nas
Execuçoens , e a mesma palavra Arrentatar , são vestigios do antigo ramo , que
era o Sinal, ou Sello do Juiz, com que a pessoa , a casa, ou bens de alguem assim
moveis, como de raiz, erão socrestados, embargados, ou dados á penhora. Porém no
Cod. }^tisig. L. II. Tit. 1. temos a Lei 18. com esta rubríca: De his, qui admioniti Judi
cis "Pistol, º vel sigillo ad judicium venire contemnunt. E as palavras da Lei são às se
g"intes: ºu lex cui ah aliquo fuerit interpellatus , adversarium querellantis amnionisione
tinius epístole, "vel Sigilli ad judicium venire compellat ; sub ea uidelicet ratione, ut corant
ingenuis Personis is, qui a judice missus extiterit, ei, qui ad caussam dicendam compellitur,
ºfera epistolam, vel Sigillum. Daqui se vê , que as Citaçoens para qualquer acto judi
Sial devião ser precedidas de huma Carta, ou Sello do Juiz (segundo traduzio o Fuero
3u380). Para isto melhor se entender, he de notar, que por aquelles tempos poucos Jui
zes sabi㺠escrever: os que sabião pegar na penna escrevião hum mandado de Citação,
que se dizia Carta : os que não sabião escrever entregavão huma Crux, Cifra , Sinal,
ou grifo árbitrario, que nada dizia, mas que era reconhecido, tido, e havido por seu
si;al; feito com_penna, ou impresso com sinete. E este era o Sinal , ou Sello com que o
A4ordono, Sayão, ou Porteiro hião Sigillar, isto he citar, ou penhorar.
Na Orden. Af. L. III. Tir, 1. se nomeão 4 modos de fazer citar. O 1. he por palha,
o 2. por Porteiro, o 3. por Tahallião, e o 4. por Editos. O 1. modo só era concedido an
11gamente aos Regedores da Casa da Justiça, e do Civel, e ao Chanceiler Mór, e isto
Pela sua Dignidade, e preeminencia. Igualmente se concedia ao Corregedor da Corte,
Pelas suas muitas occupaçoens. Devia ser feita eta Citação por palha ao Reo perante
duas testemunhas, ou ao menos huma; pois de outra sorte senão poderia accusar a re
Velia dº Reo, que não compareceo ao termo, para que foi citado. E o Corregedor da
Corte devia dar a palha ao que por ella quizesse citar até certo termo, e quantia. Fid.
Cod. Alf. L. J. Tit. 19. S. 1. e Tit. 72. S. 12. Esta palha citatoria tambem foi dita Sinal; pois
nº mesma Orden. L. III. Tit. 64. S. 1o. se diz : Nem mandem citar , nem dem poder para
*Itár por Carta, nem Porteiro, nem por outro sinal pera chamar outra pessoa a 3uizo. E de
tudo o sobredito se deve concluir, o que devemos entender por Sigillar, e Sinal do Juize
SI SI 225
res; não obstante a Ordenação em Sino d'Ooraçom. No mesmo Cod. L.
contrario. V. Açores. II. Tit. 1o2. De como as portas das
, SINAL. Peça, traste movel, ou Mourarias devem sseer carradas ao
semovente. Mando mecum unum si ssino da Trindade. E daqui se mani
mal, quod meliorem babuerimus. Doc. festa , que assim os Judeos, como
das Bent. do Porto de 12 15. E dar os Mouros vivião em ruas, e bair
des de loitosa o milhor sinal, que hou ros separados, e fechados sobre si,
verdes. Prazo de Pend. de 14o4. Por e que logo ás Ave Marias devião
Colheita d'ElRei dar cinquo soldos, e estar nelles sob pena de serem ri
juytosa de cada pessoa o melhor sinal. gurosamente castigados.
Prazo de 1 384. Ibidem. SINQUINHO. Moeda de prata,
SINAL do Juiz. V. Sello do fu que fizerão lavrar ElRei D. João II.
iz. No Foral de Thomar de 1 174. D. Manoel, e D. João IV: valia 5.
se diz: Sinal d'Alcaide, ou juiz reis. O d'ElRei D. Manoel tinha
com testimonyo seja teudo. E no de de huma parte os cinco Escudos do
Castello Branco se lê: Et quinon Reino em Cruz com a letra: Ema
fuerit a sinal de judice, & pinos sa nuel P. R. & Al , da outra huma
cudir ad sayam, pectet unum f. a Malta com a mesma letra.
Judici. Doc. de Thomar. V. Sigillar. SIPRES. O mesmo, que Simplez.
SINALPENDE. Medida agraria SISA Judenga. A que os Judeos
de 12 o pés em quadro. V. Astil, e pagavão. No de 1489 ElRei D.
Mina. João II. fez Mercê a Affonso Lei
SINGRANTE. fá aconteceo a te da renda da Portagem, e sisa fu
cada huum dos sobreditos vossos vas denga, serviço novo, e velho dos Ju
sallos vender o moyo de sal a vinte deos , e foros de casas, e caracº , e
libras singrante, tirado de todos cus de quaes quer outros Direitos, que
tos. Cod. Alf. L. II. Tit. 59. S. 31. tivesse dos lugares, e Beatrías de
Parece quer dizer, simplesmente, Meijam-frio, Villa Marim, &c. O
ou sobre si. tributo da Sisa introduzio em Cas
SINO de colher. V. Sino de cor tella ElRei D. Sancho no de 1295,
rer. Depois do Sino de colher , até e dali passou a Portugal.
a manhãa clara devião estar fecha SISOO. Juizo, entendimento,
das as tavernas. Cod. Alf. L. I. Tit. razão perfeita. Doc. de 13o I.
62. S. 12. SYHA, ou Ssyha. Estava. He a
SINO de correr. He o derradei terceira pessoa do preterito do Indi
ro sino, que se tange depois do Si cativo do verbo Seer. Doc. de 1289.
no da Oração. Ib. S. 14. SYNADO. A. Asinado com o
SINO d' Oraçom. Assim chama nome , ou firma de alguem. Doc.
vão o sinal, que ao anoitecer se da das Bent. do Porto de 1 418.
va para rezar as trez Ave Marias SÓ. O mesmo que Sob, isto he,
da Saudação Angelica. No Cod. Al debaixo. So pena, sob pena, deba
fonsino L. II. Tit. 78. se trata Da pe xo, ou com obrigação de ficar So
pena que averám os judeos, sse forem jeito á pena. Doc. de 1336.
achados fora da judaria despois do SOAO. O Nascente do Sol, a
ssino dooracom. parte que fica para o Nascente ; as
- SINO da Trindade. O mesmo que sim como a Travesía, o Poente, ou
a par
226 SO SO
a parte que fica para o Poente. São to de vontade. Doc. de Tarouca do
termos mui frequentes nos antigos Seculo XIV.
Prazos, e Tombos. V. Abrego. SOBEJO, adv.Cousa por de maiº,
SOAR. O mesmo que Solar, não e bem escusada. Parece-me sobejo ,
em quanto he lugar, ou Edificio , pedir homem, o que tem. He do Azi
ou Torre, ou Castello, em que te nheiro.
ve o seu principio alguma Familia SOBEMENDA. Salvo o vosso
Nobre, e bem conhecida; mas sim dictame , á vossa satisfação, sem
em quanto nos mostra algum Ter prejuízo de quem melhor sentir
ritorio, Couto, ou Concelho, onde al Corresponde ao Latino. Sub correc
guem exercita a Jurisdicção, ou po tione Óºc. -
•
328 | SO SO …
solação, refrigerio. Vem do Lati cienda, nisi a Domino de solar. Doc.
no Solatium. *
de Thomar.
SOLLAMENTE. Sómente, só, SOLAREGO , Solarengo, So
unicamente, tão sómente. Haja as lariego, e Solariengo. O que vive
rendas do meu casal de Lourosa em no solar de alguem , isto he, na
sa vida tam sollamente. Doc. do Al sua herdade, cazal, ou fazenda,
moster de 1287. |
como seu caseiro, lavrador, servi
SOLAR. Não se toma aqui So çal, colono, &c. V. Conducteiro 2
lar por Solar grande, Solar conheci e Conductereiro.
do , Solar com jurisdicção, ou sim SOLAROSO. A. Que consola,
plesmente Solar, em quanto deno que dá prazer, allívio, refrigerio.
ta origem, ou berço de alguma II V. Solaz.
lustre Familia (de que se póde vêr SOLAZ. O que favorece, e aju
Plut. V. Solar de Fidalgo.) Toma da o seu proximo, o que se empe
se no sentido, em que os antigos nha em lhe dar consolação, e allí
Foraes o tomavão, a saber, por vio. Doc. de Tarouca do Seculo
quintas, fazendas, casaes , herda XIV. Vem do Latino Solor, ou So
des, e outras quaesquer terras de lator.
lavoura, onde o seu dono tinha al SOLDADA. AS. O fôro de hum,
guns homens assalariados, ou a bem ou mais soldos, ou o que se com
fazer , que se empregavão na sua pra com hum, ou certa quantia de
cultura ; e isto, ainda que o Se soldos; como se disse V. Dinhei
nhor das taes propriedades, e abe rada, Livrada , e Maravediadas. D.
goarías fosse de mais dinheiro, que Godinha Fernandes vendeo a Da
Nobreza. E neste sentido se disse niel Alvuraz, e a Mido Olidiz hu
Solar de Solum, que significa a ter ma sua herdade, que tinha em Mos
ra, chão, ou assento, em que al teiró, junto a Sande, a qual tinha
guem está, reside, mora, trabalha, sido de D. Emiso. O preço foi hum
e se sustenta. No Foral de Aguiar porco de sinco modios , hum carneiro
da Beira de 1258 se lê : Et homi grande , e quatro cordeiros , quinze
nes de Aquilari, qui homines tenuerint capoens , e trinta e duas fogazas , e
in suas hereditates , aut in ruos ro duas soldadas de pimenta , isto he,
lares , &º non fuerit ibi suo Senior, a que se comprava então por dous
veniat ad sinal de Judice, & det fia soldos. Doc. de Tarouca de 1 125,
dor á venida de suo Senior, ó"fuciat, quando ainda os Cistercienses não
quod mandarent. Et calumpnia qua havião entrado em Portugal ; mas
Iibet fecerit , sedeat de suo Senior, vindo ao depois a comprar, e pos
&º septima a Palatio. Et non serviat suir estas terras de Mosteiró, lhe
ad nullo homine, nisi a suo Senior, in vierão á mão os Titulos, por onde
cujus solar sederit. Doc. da T. do os Doantes, ou Vendedores as pos
T. Isto mesmo se lê pelas mesmas suião. No Foral de Lisboa de 1 179,
palavras no Foral da Villa de Moz lêmos assim : Mercatores naturales
de 1 1 62. E no de Castello Branco File , qui soldadam dare voluerint,
se diz: Qui habuerit vassallos in suo recipiatur ab eis : si autem soldadam
solar, aut in sua hereditate, non ser dare noluerint , dent portaginem. L.
ziat ad altero bominem de tota sua fa dos Foraes Velhos. No Aforamen
tO
*
SO SO 329
to de Villa-Chãa de 1295, se man tros soldos de cobre, que valião
da pagar ao Mosteiro das Salzedas hum real, e dous septimos de real,
por cada lavrador : Senhas soldadas e se dizião Soldos de 24 livrinhas.
de pam, e senhos bragaes de VIII. va Depois se lavrárão outros, que va
ras, ou IX, soldos, e senhos quartei lião dous quintos, e hum vigessimo
ros de castanhas seccas. Doc. das de real, e se dizião Soldos de sete
Salzedas. — No vosso Foro era con livrinhas. Para dar fim a tanta va
tehudo , que mercadores naturaes da riedade , declarou Fernão de Pina
Killa pagassem bum soldo ; e se per em muitos dos Foraes d'ElRei D.
ventura soldada dar nom quiserem , Manoel (como he no de S. Fins
dem Portagem: e que ora peró paga de Paiva de 15 13) que se enten
vam o soldo, nom deixavom de levar da : Por hum Dinheiro, hum ceitil:
delles Portagem. Cap. Espec. de San E por Soldo, onze ceitis: E por li
tarém, que explicão a fundo o Fo vra trinta e seis reis. V. Livra. Em
ral de Lisboa. O Tributo da Solda hum Doc. de Bostello de 1 467 se
da , ou Soldo era imposto por Fogo: lê: Dez soldos de boa moeda antiga,
de sorte, que quem tinha duas ca a saber , setecentas por huma , que
sas habitaveis, pagava dous soldos. montam dez reis. E daqui se mos
Na Carta de Povoação dada por D. tra, que então valia o Soldo hum
João, Bispo de Viseu, e pelo seu real.
Cabido aos que povoassem de ca SOLDO á livra. Frase prover
sas o seu campo do Soar, se diz: bial. He o mesmo que réctamente,
Si quis de ibi morantibus duas casas á risca , com a mais escrupulosa
ibi habuerit - duos persolvat solidos. igualdade, até o ultimo real, e pro
Doc. da Cath. de Viseu de 1 187. porcionadamente aos bens de cada
SOLDO. Antes já da nossa Mo hum. Esta parece ser a verdadeira
narchia achamos em os Doc. de intelligencia de muitos Foraes d'El
Portugal frequente menção de hu Rei D. Manoel, em que esta ex
ma moeda , a que chamavão Soli pressão se encontra. No da Villa de
dus, que depois disserão Soldo. Já no Mont’alegre de 15 15 se declara,
tempo dos Romanos se usou moe que os desta Villa pagaráõ4d).85|o,
da d'ouro com este nome, que lhe pelos 1oo maravidís velhos, que
proveio da sua bondade, e solidez; devião pagar. Porém das terras , e
pois valia tanto como pesava. Qua Aldéas da dita Villa (a que chamão.
si todas as Nações da Europa usá Terra de Barroso, que havião de pa
rão , e usão de Soldos ; mas com gar 8oo maravidís) devem pagar bo
diferente valor, e peso. Entre nós je 38Q)85 o réis da moeda corrente,
os houve de ouro, prata, e cobre. repartidos soldo á livra por todos os
Dizem que os de ouro valião 32o, moradores, segundo os bens, e fazem
e os de prata 1o réis. Os de cobre das , que houverem , assim moveir,
durárão até ElRei D. João II. ha como de raís, e gados; excepto algu
vendo-se os de ouro, e prata ex mas Aldéas, que por antiga Composi
tinguido antes. Valia cada hum dosgão pagão seu foro cerrado. Doc. de
de cobre I o ceitis, e quatro quinChaves. He pois o sentido: que
tos de ceitil, e 2o delles fazião se reparte este fôro com tal exac
huma libra de 36 réis. Houve ou ção, que se contemplão
• f os bens até
Q
Tom. II.
33 O SO SO
o ultimo Soldo, ou livra, para que Soldos?. Serião pannos assim cha
cada hum pague á proporção do mados, que ao depois se disserão
que tiver. Solias ?. Serião trez pares de çapa
SOLHAS. Armadura defensiva tos, que tambem se chamárão Sol
dos Antigos , especie de cóta, leas, e ao depois Solas?..
guarnecida com laminas de aço, ou SOLORGIAM. Cirurgião. Di
ferro, quasi da feição das Solhas, zees, que os Alveitares sejam exami
que no mar se pescão. E daqui nados assi como sam os Fisicos, e So
lhe veio o nome. Havendo-se man lorgiaeens ; porque muitos máus Al
dado, que os moradores de Freixo veitares matam as béstas, que podiam
de Espada-cinta tivessem Bérta de guarecer. Doc. de Santarém de 1436.
garrucha, e Solhas, e Gorgilim; el SOLTEIRAMENTE. Livre, li
les respondêrão, que tinhão Arneses geira, e desembaraçadamente, sem
d'homens d'armas , a saber, Cotas, e algum empecilho, carga, ou peso.
Bacinetes de camal, e Laudeis, e del O Mosteiro de Pendorada fez hum
les peças. Então ElRei D. João I. Escambo de certas herdades no de
no de 141o lhes deo a escolher: 1 1 65 ; não ficando a outra parte com
ou ter Cótas, ou peças com Bacinetes mais obrigação em sua vida, Nisi
de camais, ou de babejra, e com avam in anno tres vias mesuratas , soltei
braços: ou ter as ditas Solhas, e Gor ramente, cum una lancea in sua má
gilim: qual antes quizerem ter , tal nu. Doc. de Pend. V. Carreira.
tenhão. Doc. de Freixo de Espada SOMICHAS. V. Semichar. As
cinta. Explicadas nos respectivos sim chamavão ás verteduras do vi
lugares estas palavras, já hoje pe nho mole, medido á bica do lagar,
Ia maior parte desconhecidas; res que era huma canada mais em al
ta advertir, que de Ante, ou Avan mude.
te , e de braços se formou Avam SOMITIMENTO. Inspiração
braços , certa porção de Cóta, ou malvada, astucia perniciosa, per
Peça, ou Laudel, com que os bra verso conselho, que dolosamente,
ços se defendião dos golpes, e lan e como ás escondidas, se introduz
çadas. nos coraçoens danados. Vem do La
SOLIA. Certo panno, ou dro tino Submitto. E porque muitas ve
ga , de que pelos annos de 13oo zes por somitimento do Inimigo das
se vestião em Portugal Senhoras almas dos Servos de Deos, vem a ca
Nobres, e distinctas. jom aquelles, que a Deos servem. Doc.
SOLIAS. Solas, çapatos, qual de Thomar de 1 326.
quer calçado dos pés. Ap. Bergan SOO. Sou. He a primeira pes
fa. V. Solica. soa do presente do Indicativo do
SOLICA. AS. Em hum Doc. de verbo Seer. E por que Eu ende assi
Grijó se lê: Quando aliqui istorum soo certo. Carta d ElRei D. Diniz
(dos Padroeiros) volebant nubere fi de 1 318. Doc. das Salzedas.
Jios , vel filias veniebant ad dictam SOPAS. Refeição commua, e
Ecclefiam (era a de Silvade ) & di ordinaria no Refeitorio das Com
ctus Rector dabat illis sex solicas, munidades Religiosas, comida fru
&º panem, & auxilium ad ipsos nu gal , moderado banquete. Manda
bendos. E que serião Solicas ? Serião mos que todalas cousas , que lhis fo
*
T04/1
SO SO 331
-rom mandadas pola alma dos Passa persticiosa, para curar algumas en
dos , pera Pitanças, pera Sopas, que fermidades , ou livrar de alguma
ayam livres, e sem outro embargo. Car doença, ou maleficio. D. Chamôa
ta do Bispo de Lamego D. Affon Gomes, natural de Castella, man
so das Asturias, sobre as Offertas da no seu Testamento de 1258,
das Salzedas no de 13o6. Doc. das que as suas sortelas das vertudes as
Salz. gardem pora as enfermas. Doc. das
SOPE'. Ao sopé , para baixo, Salzedas. Os Hespanhoes ainda ho
ao fundo. Aut. je chamão ao anel Sortija.
SOPONTADURA. Pontinhos, SOSANO. Desembaraço, reso
que se poem debaixo de algumas le lução. Ap. Berg.
tras, ou palavras, para sinal, que SOSTIMENTO. Fundo, cabe
estão de mais. Doc. de Pend. de dal , soportamento, soccorro pre
I 32 O. ciso, e indispensavel para alguma
SORREIÇOM. Subrepção, ac cousa se manter, e levar ao perten
-ção de procurar alguma cousa com dido fim. Nas Côrtes de Braga de
narraçoens, ou exposiçoens falsas. 1 387 se concedêrão sisas dobradas,
-Contra a qual excepcom, e artigos de pera sostimento da guerra , que en
Sorreiçom, e Orreiçom, o dito N. veo tão havia com Hespanha ElRei de
com huums artigos de Verificaçom. Portugal D. João I.
Doc. do Sec. XV. SOTAL. Com tanto, debaixo
SORTEGAMENTO. O resulta de tal &c. Doc. de 1 3o I.
do das sortes, que se lançárão, o SOTERNOCAMENTE. ElRei
sorteamento. E a petiçom, e demar de Castella , com gram cobiça , so
camento , e sortegamento, nós o ha termocamente, os quer sobjugar a si,
vemos por firme. Doc. de Vairám do e tiralos da liverdom, e izençom, que
Sec. XIII. houverom, des o tempo que nossos Avós
SORTEGAR. Deitar sortes, os ganhorom aos Mouros. Cort. de
sortear. Damos poder a Margarita Coimbra de 1385. Parece que de
Kiegas, nossa Companhóa, Monja do Soterraneo, Soterranho, ou Soterre
dito Mosteiro pera partir, e marcar, nho (que he cousa escondida, e oc
e sortegar, e scolheita receber, e dar culta debaixo da terra) se disse So
sem malicia, e sem engano. Ib. termocamente, isto he, ás escondi
SORTELAS. Aneis, que ser das, com dadivas, e promessas oc
vião de ornar os dedos. He pala cultas. Pois esta era huma das ma
vra mais Hespanhola, que Portu quinas , com que ElRei D. João
gueza. Os nossos Maiores disserão de Castella , queria subjugar a si
*Sortelhas, e ainda hoje dizemos Sor o Reino de Portugal, corrompendo
telha huma Villa na Comarca de os Grandes, e Alcaides, ou Gover
Castello-Branco, sem dúvida, por nadores das Praças.
que hum anel são as suas armas pre SOTERRAÇOM. Funeral, en
sentes, havendo sido antigamente terro, acção de metter debaixo da
huma meia Lua. •
3) S
TA TA 339
lasca de páo. V. Du Cange V: Ta tuphir. L. dos For-Velhos. Era pois,
lea , e V. Tallia 8. E nom lhis pa o Talho dos peixes o mesmo que ho
gam os dinheiros, e dam-lhis senhas je o Talho das carnes, isto he, o ce
talhas de fuste, e que passa por huum po, ou banco , ou barraca, onde o
anno, e por tres, que nom podem aver peixe se vendia, ou fosse inteiro,
delles nenhuma cousa. Cap. Espec. de ou em pósta. E de cada hum destes
Santarem de 1 325. V. Barro. Talhos se pagava de fôro ao direito
TALHADOR. Cutello, faca. V. Senhorio hum moio depam, que aqui
}Yendima. se declara ser de 32 alqueires; ex
TALHADURA d’agua. Porção ceptuando com tudo a venda dos
d'agua, talho, medida rustica das peixes atuns, que aqui se chamão
aguas, pela qual se entende huma Tuphos do Latino Thunnus, por quan
vêa d'agua, bastante a regar, ou to estes se não vendião nos Talhos;
limar hum prado, campo, ou lamei sendo reservados ao Real Fisco.
ro. Achamos nós Omeens boons jura TALIGA, Thaliga, e Taleiga.
dos, que er ouvesse ó lameiro hua ta Até hoje permanece o nome de Ta
lhadura. Doc. de Pend. de 1 3o9. leiga, principalmente na Provincia
TALHAMENTO. Talha, taxa, da Beira: huma Taleiga são alli qua
repartição. Daõ de talhamento VII. tro alqueires rasados, que fazem
moios, isto he, 7 moios repartidos tres acugulados. E esta he a medi
por talha, segundo os bens de ca da, que hoje se pratíca na Provin
da hum. cia do Minho, onde a tres alquei
TALHANTE. V. Talan. res de sal acugulados chamão Tei
TALHAR. I. Não só se toma ga. Porém não sendo a Teigula, ou
va antigamente por cortar, separar, Teiga dos antigos huma medida cer
ou dividir alguma cousa; mas tam ta, e geral, senão para hum par
bem por tomar o caminho direito, ticular territorio, celleiro, ou Se
cortando sem rodeio de huma par nhorio ; daqui nascia haver Teigas
te a outra. E des hi direito, talham de quatro alqueires, de tres, de dous,
do aos Barreiros. Doc. de Bragança e ordinariamente de hum só alqueire
de 15 5 1. No de 12o 3 se deixou ao Mostei
TALHAR. II. Taxar , ajustar, ro das Salzedas huma Pitança de 14o
repartir. Talhar soldada com alguem, paens, declarando-se, que de cada
he ajustar-se com elle sobre a quan Taliga se farião 5 paens. E daqui
tia da soldada. Levem com rigo os mes se infere bem, que ella seria de trez
teiraes, e talhem com elles a dita em quartas da medida corrente, que fa
preitada. L. Vermelho d'ElRei D. Zião hum alqueire daquelle tempo.
Affonso V. N. 7. V. Charidade III. No de 1 227 se dei
TALHO de peixes. No Foral, xou para aquelle Mosteiro outra se
que D. Willelmo de Cornes deo aos melhante Pitança em dia de S. Mar
Francezes, e Gallegos, que povoá tinho, que constava de dous modios
rão a Atouguia, no tempo d'ElRei de vinho, 2o peixotas, & XXVII."
D. Afonso Henriques, se diz: que taligas de farina in pane cocto. Liv
dos peixes do mar se pague de uno das Doaç. das Salzedas f. 31. V. Pa
quoque talio unum modium de XXXII. ra o vinho, e peixe se proporcionar
alqueiris; exceptis illis, qui vocantur com o pão, havemos de dizer, que
-
VV ii Ca
34O TA TA
cada Taliga era hum alqueire. Ain serão alguns dos nossos Escritores:
da hoje dizem Taleigo (diminutivo //id. Sousa. V. Tamarma.
de Taleiga) hum sacco de dous al TAMBEIRA, e Tameira. A ma
queires, e Taleiga de azeite, dous drinha dos Esposados no dia das
cantaros de azeite da medida de suas bodas. Esta palavra ainda tem
Lisboa. V. Teiga. algum uso na Provincia da Beira,
TALINTOSA. Dizião os anti e se acha no mesmo sentido no Tom
gos a mulher diligente, e cuidado bo do Aro de Lamego de 1346. V.
sa na boa economia, e administra Tamo.
ção da sua casa. E huma mulher TAMBEM. Tanto, assim. Tam
desta qualidade não só he mulher bem da nossa parte , come da estra
de talento; mas ainda o seu preço nha. Doc. de Vairám de 1312.
não poderia ser menos que hum TAMBO. V. Tamo.
grande número de talentos. E da TAMBO. Banco-, meza baixa,
qui me persuado a chamárão Talin escabêlo. Comer em tambo, o mesmo
tosa, por Talentosa. que comer em terra, ou debaixo da
TAMALAVEZ. adv. Algum tan meza: ceremonia, que nas Commu
to, alguma cousa, de algum modo. nidades Religiosas, já desde a sua
Não he esta pedra tam splendida, e origem se praticou.
fransparente como vidro, mas algum TAMEIRA.V. Tambeira, e Tamo.
tanto densa, e na cór dava huma ap Doc. de Lamego.
parencia de madre perola; porque ti TAMO. Celebridade, festa , e
nha tamalavez de azulado. Duarte regozijo, que os noivos fazem no
Nun. do Lião na Descrip, do Reino dia das suas bodas. Vem de Thala
de Port. c. 23. Falla da pedra Obsi mus, o leito nupcial. De todas as
diana, de que Plinio faz menção, bodas, que algum dia se celebra
a qual tinha semelhanças de vidro, vão em Lamego, e em todo o seu
nascia em Portugal , e della se fa Julgado no mez de Fevereiro (se
Zião baixellas. O mesmo A. afirma nellas se tangia adufe) tinha o Mór
víra desta pedra huma panella bem domo d'ElRei a melhor Fogaça que
figurada, e outros pequenos vazos vinha ao Tamo; se o tangião sem o man
lacrimatorios em hum sepulcro Ro dado do Mordomo, e nom se avindo an
mano , que nos seus dias se des te com ell. E se lhi nom quizer dar a mi
cobrio em Lisboa , junto ao Con lhor Fogaça, o Mordomo por si o pi
vento de Santa Clara. nhorará pera Direito perante o juiz:
TAMANHAM. Tamanho, tão E o noivo, e a noiva juraráõ qual foi
grande. Ainda hoje he usado com a milhor Fogaça, que hi veo ao Tamo,
desprezo , fallando-se de hum ho e essa lhe daráõ. Tombo do Aro de
mem, mui grande de corpo, e pe Lamego de 1346 a f. 7. Y. Em quan
queno de espirito. to ao tocar o adufe. V. Achacar. Mas
TAMARMA. Assim chamão ain que razão haveria , para só neste
da hoje huma fonte na Villa de San mez ser prohibido o tocar adufe ?..
tarem. Os Mouros lhe pozerão es TAMPELO. Mando á Confraria
te nome, que quer dizer agua de do Tampelo dez libras. Doc. de Al
tamaras, ou agua doce, e não aguas moster de 1287. Quiz dizer D. San
amargosas , como erradamente dis cha Pires (Mãi de D. "…sº »
UlIl
TA TA 34. E
Fundadora deste Mosteiro) de cu TAPAGEM. O mesmo que Ta
jo Testamento he esta verba, que padura. Doc. de Lamego do Sec. XV.
deixava dez libras aos Confrades, TAPIGOOS. Tomadías, qne se
ou Terceiros da Ordem dos Templa fazem nas terras do Concelho. No
rios , que se chamavão do Templo. de 1375 se tomou posse do lugar
,-#
V. Temple, Tempre, e Tempreiros. de Cernade por parte d'ElRei a 14.
TANGER. Pertencer, tocar, ser de Junho, e se nomeárão logo Ju
da sua particular inspecção, e cui rados com alçada de 6o soldos, e
dado. Salvo de todas aquellas cousas, conhecimento dos estímos, e tapígoos;
que ataá qui tangiam especialmente nós, prendendo os malfeitores, e remetten
fy
e nossa Eigreja. Doc. de Lamego de do-os para o Castello de Coimbra. Doc.
I 292. — Se succeder, que estes beens da Cam. Secular de Coimbra.
tangam & c. Doc. das Bent, do Por TARDAM. O vagaroso, remis
to de 1337. __ so , frouxo , descuidado, inerte,
TANGOMAO. Desta palavra, preguiçoso.
que usa a Ordeu. L.I, Tit. 16. § 6., TARDINHEIRAMENTE. Va
tem sido a interpretação mui vária, garosamente. Doc, de Tarouca dos
e discordante. Os que dizem, que princ. do Sec. XIV.
Tangomão he o que foge, e deixa TARDINHEIRO. Remisso ,
a sua pátria , e morre fóra della, frouxo , vagaroso. Nem nos fagem
ou por suas culpas, ou por seus par tardinheiros pora queréllas, e cubiçal
ticulares interesses, tocárão sem dú las. Doc. de Almoster de 1287.
vida no verdadeiro espirito da Lei; TARECENA. AS. Não só se deo
pois se a sentença pronunciada con antigamente o nome de Tarecena,
tra os bens do Tangomão ha de subir Taracena, Tercena, ou Tercenas ao
á presença d'ElRei, para se dicidir Arsenal , em que se construião, e
se elles pertencem, ou não ao Real guardavão os armamentos navaes,
Fisco; fica manifesto, que o dono e tudo o que era pertença da mari
morreo ausente , e fugitivo. Não nha: igualmente se chamárão assim
negaremos com tudo, que havendo os almazens , e arsenaes, ou par
passado esta palavra de Guiné a ques , em que no interior da Mo
Portugal; particularmente se enten narchia se fazião largos depositos
de dos que fogem, e morrem por de muniçoens de guerra. No de 1488
toda a Guiné, e Cafraria. ElRei D. João II. fez prover, e re
TANJUDA, e Tanjuga. Dizião parar as Fronteiras (não obstante
A canpaa tanjuga, a toque de sino. que tinha paz com Castella) assim
Doc. das Bent. do Porto de 142o. de muros, e torres, como de muni
Campa tanjuda , he frequentissimo çoens, e abastecimentos de artelha
nos Prazos antigos dos Mosteiros, rias , polvora , salitre, armas, al
e Cabidos. V. Batudo. mazens ; para o que mandou fazer
TANJUGA. V. Tanjuda. em todas as fortalezas novos apou
TAPADURA. Vallado, valla, sentamentos, e casas deputadas pa
sebe, parede, tapúme, e qualquer ra isso. Epera repairo, e acalmamen
outro resguardo dos campos, quin to das ditas artelharías, na Comarca
+as, ou fazendas, segundo o costu da Beira mandou novamente fazer a
me da terra. Doc. de Bragança do {Tarecena da Villa de Pinhel, em que
Sec. XIV. (1J
242 TA TE
as ditas cousas estavão em deposito; Acha-se tambem na Ord. L. II. Tie:
e abastança. Chron, d'ElRei D. João 5. S 3.
II. c. 3o. • TEEDOR das estradas, e cami
TAREIJA. Thareza, nome de nhos. O ladrão público , que com
mulher. Doc. de 13oo. mão armada, e violentamente, oc
TAUSA. O mesmo que Talha. cupa, tem, e embarga estes luga
Não paguem em fintas , ou tausas. res, roubando os passageiros: este
Carta d'ElRei D. João I. de 1427. não goza da immunidade da Igre
Doc. da Cam. de Viseu. ja, assim como nem o incendiario
_TAUSAÇOM, ou Tousaçom. das searas, nem o que insidiosamen
Taxa, que se põe, e determina so te, e de preposito, e só a fim de
bre o preço , ou valor de alguma injuriar, commette algum delicto.
cousa. Doc. de Ceiça do Sec. XIV. Cod. Alf. L. II. Tit. 8. § 6.
- TAUSAR , e Tousar. Taxar, TEEYA. Tinha, preter. do ver
pôr taxa ás mercadorias, aos man bo Teer.
timentos, ao tempo, aos gastos, TEIA. No Foral de Figueiró dos
aos louvores, ás palavras &c. Doc. vinhos, dado por D. Pedro Affon
de Ceiça. Daqui se disse: Eu tau so, filho d'ElRei D. Afonso Hen
so, ou Touso, eu ponho taxa &c. riques no de 1 176 , fallando das
TOUSAÇOM. V. Tausaçom. divisoens pela parte, que demarca
TOUSAR. V. Taurar. com o Pedrogão, diz: Quomodo ve
TAXAÇAO. Certo Direito, que nit pela teia de Monasterio de Agia,
se paga aos Ministros, que mane &º venit ds cabeças de Nadavis. & c.
jão a Real Fazenda. He de Barros. L. dos For. Velhos. E aqui temos
TAXADOR. O que põe a taxa o Mosteiro da Aguia, de que os nos
a qualquer cousa, que se vende, sos Escritores guardárão até hoje o
arrenda, ou aluga; e isto com obri mais alto silencio. Mas que Teia
gação de lhe pôr o justo preço. Não seria aquella, que de Figueiró dos
obstante a Cidade do Porto haver vinhos o separava?. Poderiamos di
destinado sitio, em que as meretri zer, que por Teia se entende aqui
zes vivessem separadas, no de 1402; o muro , parede , vallado , cava,
por ordem Régia de 1585 se man sebe, estacada , ou qualquer outro
da assignar-lhes bairro separado; tapume, com que a cêrca deste Mos
nomeando-se Taxadores para o alu teiro se defendia; pois ainda hoje
guer das casas , que serão obrigados se chama Teia o frontal, ou reparo
a despejar os mesmos donos ; não en de madeira, com que nas justas,
trando homem com armas no mesmo touros, e cavalhadas se fechão os
bairro ; nem tendo as mesmas mulhe campos , e terreiros em que ellas
res comsigo meninas, que passem de se executão. Se dissermos, que de
sete annos , ainda que sejão suas fi Teda se disse Teia; isto he, pinhal,
lhas. Doc. da Cam. do Porto. ou matta de pinheiros bravos des
TÉDO. O mesmo que Teudo, tinados para o fogo, depois de fei
obrigado. Faría. ros em rachas, não seria desatten
TEEDOR. O que actualmente divel esta lembrança. E finalmente
tem , e possue. Meu irmão, teedor se de Telia, que na baixa Latini
desta Carta. Doc. de Pend. de 1291. dade era o mesmo, que Modus agri>
aut,
TE TE 343
aut vine é , se chamou Teia alguma ga sêxta, Teiga direita, Teiga do Cel
belga de campo, ou leira de vinha, leiro, Teiga do jugundo, Teiga ja
que fosse do dito Mosteiro, teria Agunda, Teiga fugadeira, Teiga, Coim
mos dado fim ás nossas conjecturas, brãa, Teiga de Ponte, Teiga da terra
promptos a dimittillas, quando a de Lamego & c. Humas ainda não fa
verdade se manifeste, ou o mais che zião hum alqueire da medida, que
gado a ella se descubra. hoje corre, outras pouco mais fa
TEGELADA, e Teghelada. De zem; humas constavão de hum al
mui diferentes Tigeladas se trata na queire , outras de dous, outras de
Arte de Cozinha; mas nenhuma del dous e meio, outras de tres, outras
las se parece com as que antigamen de quatro , e alguma havia , que
te usou a frugalidade Portugueza; constava de cinco. Individuaremos
pois em humas se lançava vinho isto com alguns exemplos, para que
branco, em outras leite, em outras cada hum consulte , e combine os
ovos, em outras codeas de pão &c. respectivos Foraes, Prazos, e cos
O que parece não ter dúvida he, tumes, e não queira medir tudo por
que de serem feitas em tigelas gran huma rasoura.
des, se originou o nome de Tege Da Teiga de Abrahão falla a Or
lada, que humas vezes se dava ao den. L. II. Tit. 33. E já ElRei D.
Senhorio de Entrada no Prazo, ou Affonso Henriques a nomêa no Fo
arrendamento; outras erão do Mór ral, que deo aos moradores de An
domo por Pedida. Deu dentrada hua cião, Rabaçal, e Penela, a qual se
teghelada, e com o vinho branco pera chamou assim de hum certo homem
ela. Doc. de Paço de Sousa de 1418. chamado Abrahão , que della pri
— Dedes por Pedida do Mordomo hua meiramente usou. Assim o diz o
fogassa d'uum alqueire de farina, e Padre Bento Pereira in Elucid, n.
huum frangoom, e hua tegelada. Doc. 1968, in Apend., onde dizendo,
de S. Pedro de Coimbra do Sec. que a Teiga do Alemtéjo constava de
XIV. — Em cima de Maio huum al dous modios, que fazem hum al
queire de farinha amasada, com huma queire; não explica de quantos cons
tegelada, e com cinco ovos, e a dita tava a dita Teiga de Abrahão ; mas
nós sabemos, que ella constando
tegelada freer de codeas , de Pedida.
Doc. de Santiago de Coimbra de antigamente de quatro alqueires,
I 349. faz hoje cinco rasados, que actual
TEGEREMO. O dia trigessimo. mente se pagão á Universidade de
No dia do tegeremo VI. alqueires de Coimbra.
trigo amarado a XXX. reis o alquei Nas Inquirições d'ElRei D. Af
re. Doc. da Un. de 1458. fonso III., e no Tombo do Aro, e
TEIGA. Se em todas as medi outros Documentos de Lamego, se
das, de que os nossos Maiores usá encontrão com frequencia Teiga da
rão, particularmente na Teiga se ob Terra de Lamego, Teiga do fogun
serva huma variedade tão notavel, do , do jugundo , e Teiga fagunda
| que quasi podemos afirmar serem Não saberei dizer, se de algum ho
tantas, e tão diferentes as Teigas, mem chamado fogundo ella tomou
como erão as terras. Elle havia Teio nome: eu me inclino antes, a que
ga de Abrahão, Teiga Reguenga, Tei afim chamassem a Teiga jugadeira º
que
344 TE TE
que foi a mais usada, e pela qual que se guarda na Serra do Porto de
se costumavão pagar as fugadas. Es 15 6 1 consta a seguinte verba: Dis
ta constava de quatro alqueires, e se mais ella Testadora, que ella deve
a 6 Teigas fazião hum moio de 64 a Antonio seu filho , e lhe deixa por
alqueires. Esta Teiga fugadeira tam seu fallecimento huma teiga de pão, a
bem foi chamada do Celleiro : por saber, dous alqueires de centeo, e dous
que no Celleiro Real por ella se de trigo. Era logo a Teiga de 4 al
pagava. Mas isto não era uniforme queires.
em todas as terras; pois no Tom Huma grande variedade de Teigas,
bo do Aro de Lamego, a f. 7. Y., que no tempo d'ElRei D. Manoel
se diz: Seis quarteiros de centeo pe corrião, forão reduzidas cada huma
la medida fugunda fazem seis teigas a hum alqueire da medida corrente
pela medida da terra de Lamego, e a em muitos dos Foraes, que no seu
f. 9. V. Hum moio de pam da medi tempo se reformárão. Taes forão,
da direita de Lamego são quatro moios por exemplo, o de Valença do Dou
pela medida fagunda. Ora sendo o ro, o da Villa do Castinheiro , que
quarteiro de quatro alqueires, e fa são do Mosteiro de S. Pedro das
zendo seis quarteiros 24 alqueires: Aguias; segundo consta do seu Ar
fica manifesto que a Teiga da Terra chivo, e outros. Porém não foi as
de Lamego constava igualmente de sim nos de Alcobaça, onde as Tei
quatro; pois tambem o moio de La gas se pagão em humas partes por
mego era de 16 alqueires (cujo mais de hum alqueire, e em outras
quarteiro são quatro) sendo o do fo por menos. E tambem no Foral do
gundo de 64: e por conseguinte, I Mosteiro das Salzedas se declara,
moio do fugundo (segundo o que que dous alqueires e meio de trigo se
em outras partes se praticava) in paguem pelas duas Teigas, que d'an
cluia em si quatro moios da medida tes se pagavão. E deste modo fica
direita da terra de Lamego. Em al mos entendendo , que alli a Teiga
guns Doc. desta Cidade se acha, constava de cinco quartas. Doc. das
que huma Teiga, das que algum dia Salzedas. No Foral, que ElRei D.
se usavão naquella terra, faz hoje Sancho II. deo em Setembro de
hum alqueire menos hum falamim. Em 1 223 aos I O Casaes, que fazião a
huma sentença, dada pelos Viga Villa, ou Concelho de Barqueiros,
rios Geraes de Braga no de 1486 se diz: Habete teigam, & quartam,
a favor do Mosteiro de Roriz, da qualem semper habuistis, L. dos Fo
Ordem de Santo Agostinho, se jul raes Velhos. Prova terminante, que
gou (feita a conta pelo Contador) era medida particular daquella ter
que 3o Teigas de Pensões decursas ra. No de 1284 se tirou hum Ins
importavão justamente 12o alquei trumento em Ponte do Lima, que
res. Doc. da Univ. de Coimbra. E se acha na Torre do T. no L. II. das
por elle se vê, que foi reputada a Inq. d'ElRei D. Afonso III. a f 65.
Teiga a quatro alqueires. Isto mes pelo qual consta , que atestando-se
mo se convence por huma senten a medida velha de Ponte com a medi
ça do Mosteiro de Moreira de 15o2 da Regaenga de Óan Payo de forlla
pela qual foi reduzida a Teiga a 4 (Jolda) achárão que fazião dez e
alqueires. E de hum Testamento, fez teygas Regaengas cinque teygas.»
62
TE
TE 345
e almude pela medida velha de Ponte. que sempre" derom. Doc. de Bostel
Daqui se vê, que a Teiga de Ponte lo de 1 347. -
—==
|
348 TE TE
rido do Castello de Soure. E sabendo o tate Bracara; tali modo, & tali pa
dito Principe seu filho, que ella fize cto: ut, si illud Castellum ante mor
ra a dita Doação, pertendendo elle o te mostra dederimur, nullis de mostrir
Senhorio da terra ser seu , e não da inimicis in eo recipiant. Et si ibi in
dita sua Mãi : por lhe não pare traverit, mittant eum foras: sic, qui
cer razão dar desgosto aos Religio nulla contraria inde nobis exeat.
sos da dita Ordem (a que tanta obri Não se me esconde, que entre o
gação tinha ) em hir direitamente Concilio de Troya, e a data da Doa
contra a dita Doação, e a revogar: ção de Soure mediárão dous mezes,
tornou a fazer outra Doação, em seu tempo bastante para chegar a Por
nome, do mesmo Castello aos Religio tugal a noticia do novo Instituto,
for da dita Ordem... Fez mais Doa e do quanto podia ser util a huma
fão a dita Rainha aa mesma Ordem Monarchia, que sobre as ruinas dos
da terra deserta, e despovoada entre Agarenos se fundava ; porém da
Coimbra, e Leiria, onde fundárão os mesma Apostilla se convence, que
Castellos de Pombal, Ega, e Redi a 19 de Abril, não foi feita a dita
nha, e as Igrejas, que alli tiverão; Doação , mas sim ratificada: e se
como se disse V. Ladéra. então se ratificou, he bem de crêr,
Prescindindo do prejuizo, em que estava feita d'antes, o tempo sim,
Pedralves estava sobre o tempo da que nós não sabemos, mas antes,
vinda dos Templarios; não reparan que chegasse o resultado do dito
do ao menos, que a virem no tem Concilio. Além disto, sendo Soure
po do Conde, se lhes deveria ter huma Praça de tanta importancia,
feito alguma Doação Real antes de e na fronteira dos Mouros, e de que
1 128: passamos a dizer, que sup o Conde D. Fernando tinha o go
posto no Concilio de Troyes, ou Troya verno, a Rainha lhes não concede
de Champanha de França, celebrado desde já a posse real, e actual, mas
a 14 de Janeiro de 1 128 recebessem antes declara : Que se d'antes da sua
osTemplarios de Honorio II. a Conº morte lha entregar, nunca dentro del
firmação do seu Instituto, a Regra, la recebão algum de seus inimigos (co
e a fórma do Habito, e que desde mo então chamava a seu filho, e aos
então se difundissem por todo o da sua parcialidade.) E que razão
Occidente, recebendo como á pro haveria para desde logo não doar
fia, favores, e mercês dos Princi este Castello aos Cavalleiros do Tem
pes, e dos seus vassallos: daqui se plo, senão o vêr, que elles erão hu
não prova, que algum, ou alguns ma gente estrangeira, sem Regu
annos antes , elles não estivessem lamento formal, e que ainda não
em Portugal. Insistamos desde lo havião conseguido huma approvação
go na 1° das Doaçoens de Soure solemne?... E que motivo haveria
(de que já se fallou V. Cruz) e no para dalli a dez dias (isto he a 29
temos esta Apostilla , que parece de Abril do mesmo anno) lhes fa
nos mostra já a Ordem do Templo zer segunda Doação solemne, ab
com Casa, ou Residencia na Cidade soluta, e sem restricção alguma,
de Braga em 19 de Abril do dito an de todos os Direitos Reaes de Sou
no : Et hanc Cartam fuit roborata in re, demarcando-lhe miudamente os
manu D. Raimundi Bernardi in Civi seus largos limites, senão a certe
Z3l
TE TE 349
za de que já o seu Instituto era Re Casa, e Convento mui notavel por
gular, e tinha as approvaçoens de Doaçoens, e Compras, que em Tho
Successor de S. Pedro ?... De tudo mar se conservão.
isto se convence, que antes deste Na cópia de Pedr’alves não appa
Concilio, e por conseguinte antes rece vestigio de quem recebesse pa
já de 1 128 entre nós havia Templa ra a Ordem a Doação da Rainha;
rios: e mesmo, que residião em Bra porém n'outras mais antigas , que
ga, onde D. Raimundo, aceitan alli se achão, se lê o seguinte:
do-a para a Ordem , chegou a ro Guilhermus P. Templi in istis par
horar a primeira Doação de Soure. tibus recepi Cartam.
Porém da Casa de Braga fallaremos E este dizemos que foi o 1.° Mes
ainda no 2.° Mestre: vamos agora tre em Portugal antes de 1 126. E
aproveitar o que o mesmo Pedral note-se de caminho, que nem to
ves Secco fez lançar no I. T. das Es das as Doaçoens, e Instrumentos
crit. Part. II. T. do Porto. Alli nos públicos dos Templarios, erão en
conservou huma larga Memoria das tão assignados pelos Mestres. Co
Doaçoens, que se fizerão á Casa do mo a Ordem era a que figurava, não
Templo de Font’arcada de Penafiel. julgárão indispensavel naquelle tem
Por ella consta, que a Rainha D. po de mais candura, e menos for
Thereza doára aos do Templo de Sa malidades , que os Prelados assi
Ilomão a Villa de Font’arcada com to gnassem sempre em os taes Docu
dos os seus termos , e beneficios. Im mentos. Confirma-se o Mestrado de
mediatamente se seguem 18 Doa D. Guilherme Ricardo por huma
çoens de particulares, que deixárão Doação original que se acha na Tor
muitos bens á Ordem do Templo, re do Tombo Gav. 7. Maç.3. N. 9., e
os quaes bens pertencem hoje a es copiada no L. dos Mestrados a f 38.
ta Commenda de Font’arcada; po y: he da metade da quinta de Vil
rém como nestes summarios senão la Nova , que Affonso Annes fez
copiárão os dias, mezes, e annos; Deo , & Fratribus Militize Templi,
ficamos duvidando se a Doação da no caso que morresse sine haerede
Rainha he a 1", se alguma das ou bone, & legitima mulieris. Não tem
tras. Mas o que não padece dúvi data alguma, e se parece com as de
da he, que a Rainha fez esta Doa Font’arcada , de que acima se fal
ção antes, que seu filho lhe con lou. No fundo della se acha esta
testasse o Dominio de Portugal; verba : Hoc donum recepit Magister
pois não consta, que elle fizesse es Donus Ricardus. E não faça dúvida
ta Doação de novo , nem ainda a o nomear-se ora Guilherme, ora Ri
confirmasse: sinal evidente, de que cardo ; pois assim o praticavão os
sempre a reputou legitima , como Binomios. O tempo de todo o seu go
feita por huma Soberana independeu verno he segredo inscrutavel por
te de todo o Portugal. Ora, esta So falta de Documentos: podemos affir
berania não teve lugar depois de mar, que não passaria dos princi
1 126 por diante, pelas causas, e pios do anno de 1 128. Depois de D.
disturbios, que os nossos Historia Guilherme Ricardo seguio-se :
dores referem: logo antes de 1 126 II.D.Raimundo Bernardo no de 1 128.
foi feita a Doação de Font’arcada, Deste 2.° Mestre ninguem até hoje
SC
35o TE TE
se lembrou; mas he sem controver K. funii E. M. C. 2 X. Doc. de Tho--
sia, que no de 1 128 elle occupava mar. No de 1 148 se concordárão o
este Ministerio, tendo já Casa em Mestre Gualdim Paes , e Godinho
Braga a sua Ordem. Nós já vimos, Godins sobre a herdade de Bauça
que alli roborou, e aceitou a Real Mala , sita na ribeira do Aliste;
Doação de Soure de 19 de Março afirmando o Mestre Gualdim que el
do dito anno (sem que obste o não la sempre fôra de Domo Templi, que
se dizer , que elle era Mestre , e est in Bracharensi Civitate. Feita no
Mestre do Templo; pois havendo-se mez de Junho in Era M. C. 2XX..."
feito a Doação á sua Ordem, e di PT. (No tempo d'ElRei D. Manoel,
ctando-se a Apostilla por gente cu em que o Pergaminho estaria mais
rial, não se julgou precisa a decla bem conservado se copiou a Era
ração de huma cousa , que todos 1 186.) E diz a Escritura: Super hoc
sabião, e ninguem duvidava) veja convenerunt in Bracharensi Capitulo.
mos agora , como já os Templarios E feita huma Inquirição por homens
residião em Braga; prenotando, que bons, e que tinhão razão de sabe
elles costumavão residir nas Terras, rem a verdade, a prazimento das
que se lhe tinhão doado , ou por partes , foi a herdade julgada ao
qualquer outro Titulo adquirido, e Mestre Galdino, e á Casa do Templo,
segundo a cópia dos rendimentos, a quem o Contendor fez liberal Doa
ou a precisão de promover a popu ção de qualquer Direito, que nella
lação, e a lavoura, assim era o nú tivesse. E conclue: Ego Godinus Go
mero dos Frades, que alli residião. diniz hoc scriptum tibi Fratri foba
Em todas estas Casas tinhão seu ni , qui praedictam Domum Templi
Oratorio, e Cappellão, e tomavão custodis, Óº regis, propria manu ro
por seus Familiares os que fazião boro. De Fr. João ter as chaves, e
alguma Doação , ou Beneficio á sua estar governando a Casa, onde se
Ordem. Tal foi, por exemplo, Ai fez Capitulo da Ordem , e se de
res Dias, e sua mulher Maria Men terminou se fizesse Inquirição, não
des, que no de 12o I fizerão huma se infere, que o Mestre Galdim não
grande Doação a Fr. João Domin fosse Commendador della : só nos
gues, que com quatro Frades mais persuade, que feito o Capitulo, o
residia no Castello de Almoriol, os Commendador Galdim se ausentou,
quaes os recebêrão por seus Fami e passado algum tempo, que era in
liares : Et sint nobircum in mostra Ora dispensavel para se fazer a indaga
tione, & in Domibus Templi. V. Fa ção precisa , Fr. João recebeo a
miliares. E desta qualidade era a Ca Doação, que o Godinho fez áquel
sa, que os do Templo desde logo la Casa. E eis-aqui temos, por estes
tiverão em Braga. Annalizemos is dous Originaes de Thomar, Casa,
to. No de 1 152 Ejeuva Aires, e e Hospital dos Templarios em Braga,
seus filhos vendêrão Vobis feroso que agora não duvidamos serem ha
Timitani Templi Militibus , Pelagio bitaçoens differentes, posto que ad
Gontimiris, Óº Martino Pelagii huma ministradas pelos mesmos donos.
herdade , que elles rinhão In Civi Pelos Doc. de Thomar extrahidos
tate Bracara, circa illum vestrum pu da T. do T., sabemos que no de
teum de Hospitali... Facta Carta II. 1 145 (E. M. C. LXXXIII.) e no
IIIC/4
TE TE 35 t
mez de Agosto, D.João Ovilheiro, do o dito Hospital com muitas herdaº
Arcebispo de Braga, com o seu Cle des, e fazendas, que os de Braga lo
ro, ou Cabido, approvando, e con go depois da sua morte lhe havião usur
sentindo ElRei D. Affonso Henri pado. Manda ElRei, que tudo se
ques, confirmárão, e mesmo de no ja tornado áquelle estado, em que
vo concedêrão Domno Suerio, Mi o Fundador o deixára á hora da sua
litie Templi Domini Ministro , nec morte ; e que os Templarios usem des
non & vestris Fratribus, ejusdem Pro tas rendas, e as dispendão em servi
fessionis Militibus o Hospital, que ço da sua Ordem.
seu Antecessor D. Payo de boa me E aqui temos o Hospital, de cu
- moria, havia fundado, e dotado em jo poço acima se faz menção: Hos
Braga, para uso dos pobres, e mi pital, que D. Payo fundára, duran
seraveis, e para remissão das suas te o seu longo Pontificado; mas
* culpas, e de seus Pais, e paren Hospital , que nada nos obriga a
tes, e do qual em sua vida havia crêr , que antes de 1 128 houvesse
feito Doação á Ordem do Templo. E doado aos Templarios; sabendo nós
não só confirmão a Doação do dito que ainda sobreviveo huns 8, ou 9.
Hospital; mas ainda lhe dão, e doão annos ; e sendo mais natural, que
metade dos seus Dizimos de todas nos fins da sua vida fizesse esta Doa
as rendas, e dos ferros, que tinhão ção , que talvez por impugnada,
dentro, e fóra da Cidade de Bra precisou ser feita de novo, e confir
ga. V. Ferros. Entre os mais, que mada pelo Soberano, como acima fica
nesta Escritura confirmão , he D. dito. Igualmente se manifesta, que
Pedro Pitoens, em outro tempo Bra o Hospital não era a Casa, ou Resi
charae Prior, tunc Portugalensis Ele dencia, que os Templarios tinhão
ctus. Esta Confirmação, e Doação, em Braga antes de 1 126. Não será
não só foi confirmada por ElRei D. desacerto grande publicar aqui por
Afonso I.; mas ainda por sua Car inteiro huma Escritura, que no Ar
ta passada no de 1 146 lhe dá ex chivo da Mitra Bracharense, e no
presso consentimento , e declara: L. dos Doc, confirmados N. 6. se acha;
Que o Arcebispo D. Payo havia dota diz assim:
In nomine Patris, & Filii, & Spiritus Sancti Amen. Ego Alfonsus,
Egregii Comitis Enrrici, e Egregiae Reginae Tarasiae filius, & Alfonsi Obº
rimi Regis nepos , S. Mariae Bracharensi, & tibi Archiepiscopo D. Pela
gio, tuis que Successoribus in perpetuum promoveudis , nec non Clericis ibi
dem commorantibus : Concedo quod omnes haereditates S. Mariae Bracharen
sis, ubicumque sint , cautatae sint , sive cum servis, sive cum junioribus,
sive cum ingenuis, qui ad Regem pertinent: Et sicut Avus meus Rex Alfon
sus dedit adjutorium ad Eccleriam S. Jacobi faciendam, simili modo do, at
que concedo S. Maria Bracharensi Monetam, unde fabricetur Ecclesia. Ee
Ecclesiae Regales, quae sunt Parochiales, sint sub manu Pontificis, Óº nul
Jus laicus in eis habeat potestatem. Monasteria Regalia dent tibi tantum,
quantum dederunt Praedecessoribus tuis. Insuper etiam dono , atque concedo
in Curia mea totum illud quod ad Clericale Oficium pertinet, scilicet , Ca
º pellantam , & Scribaníam, ó caetera omnia, que ad Pontificis curam per
ti
.
552 TE TE r ^
*}iient. Et }m manu tua , &- im mahu Succefrorùm tuorum , qui me dilexe:
*rimt , totum meum, Concilium comitto. Et im Civitate tua Bracbar. nullam
potestatem habeant praeter voluntatem ttiam , e praeter volt;mtatem $uccesso
rum tuorum. Et quando habuero Portugalem rem terram adquisitam , Civita
tem tuam , &* Sedem tuam , &* ea quæ ad eam pertimemt , tibi , tuis que Suc
cerroribus in pace dimittam , sime aliqua comtroversia. Et de rebus Ecclesiae
8. Marie Bracharensis, sive de rebus tuir, sive de rebus $uccessorum tuorum
michil vmquam requiram , aut per me, aut per meo r J^icarios, sime volunta
te ttta , aut sime voluptate $uccessorum tuorutt!. Et hæc doma facio S. Ma
riæ Bracharem ri , &> tibi, tuisque Successoribus , & Clericir tuis , pro ami
ma Patris mei , &• pro remedio animæ meæ , &* ut tu sir adjutor meur. Et
si aliqui r homo, aut ego, aut propincur meus, aut extrameu r , hoc nostrum
domum violare , attt irrumpere temptaverit , à Deo sit excommunicatur , &*
cum juda Dominii Traditore habeat participium , &* habeat partem cum dia
bulo , &* angelis ejus , &* imsuper incurrat iram iprius Reginæ S. Mariae.
Facta fuit K. VI. Kal. junii. E. M. C. LX. VI. Ego Aifon rus Infans boc
?Testamentum mamu mea roboro. Qut præ remter fuerunt : *
• . Petrus — ts. Pelagiur - tr. Suerius — tr.
- I. Co/. 3. Col. -
- (*) No seu tempo , como no de 1 145 , Fernão Mendez de Bragança, e sua mulher
a Infante D. Sancha, filha legitima do Conde D. Henrique, doarão á Ordem do Templo
o seu Castello de Langroiva. Este Doc. por importante, e raro em a nossa Historia, ti
rado do seu Oríginal daremos aqui por extenso:
In Nonin e Sancte, Z. Individi e Trinitatis Patris , videlicet , & Filii, & Spiritus
Sancti, Ego Fernandus Menendix , una cum uxore mea Infante D. Sancia , é filiis meis,
nulla necessitate compulsus, sed sana, atque libera voluntate, videns istius mundi divirias
cito labentes: Placuit mibi, ut de istis rebus transitoriis aliquid in servi:io Dei expenderem.
Quapropter, ego Fernandus, una cum conjuge mea, ó: filiis meis, cum filio Regis Portu
galensis D. Alfonsi, pro remedio anime mex, & parentum meorum, facio Cartam Testamen.
ii, ó firmitatis illis Militibus, qui Templo Jerusalem Deo serviunt, de Castello meo, quod
populavi, in Extrematura: é, illud Castellum vocatur Langrovia, habet?ue jacentiam in Ter
ritorio Bracharensi Metropoli , inter illul Castellun , qāod voc 1tur Nomam , ó aliud ,
quod dicitur Marialba, ó-fluvium, qui vocatur Coa. Do, atque concedo hoc Castellum su
pradictis Militibus, eorumque Successortbus, per suos terminos antiquos, cum omnibus , que
ad me pertinent. Habeant illum jure perpetuo. Quod si aliquis venerit , vel, venero, é hoc
factum meum frangere temptaverir: In primis, sit excommunicatus, é cuni Juda, Traditore
Donini, habet: participationen. Insºp r, quantum quesierit, inpda"um resti tiere cogatur, é
Pegie Potestati duo auri talenta : %. Carta ista semper habeat firmitatem. Facta series Tes
tamenti IIII. Id. Gunii. E. M. C. LXXX. iii. Ego Fernandus Menendix, um i cum supradicta
conjuge mea, % filiis meis, hane K. Testamenti propriis manibus roboravim… I $
Johannes, Brácarens. Arp us - Of. , Egeas Munix, Curic Dápifer - Of. Fernandus Capti
rvus - Of. Alvarus Petri, Regis signifer -.2f. Menendus Moniz - Of. Gonsalvo Roderi
ri - of Godinus Presbiter notuit. Doc. de Thomar. Na Confirmação de todas as Doaçoens
de Terras, Villas, e Castellos, que Urbano III. deo á Ordem dos Templarios, nomêa,
como as mais principaes: o Pombal, que havião edificado na Terra Deserta, e na Marca
dos Sarracenos, Thomar, Ozezar, e Almourol, a Cardiga, a Pinheira , a Casa d'Evo
ra, a Casa de Sintra, a Casa de Lisboa , a de Leiria, a de Rodrigo, a de Santarém,
a terra Deserta da Penna, ubi oppidum, ad illius terre custodiam , construxistis , Soure,
a Casa da Ega, Langroiva, e Mogadouro , que por Doação dos Vassallos vierão á Orº
dem, e todas as mais Terras, e Casas, que elles possuião naquelle anno de 1186.
354
•* . • *
TE TE
interrogare porrit. Sed si forte evene culdubio credatis, mor Fratres Militiæ,
rit, ut im aliquo tempore mihi Deus Templi cum Ulixbomensi Epircopo, con
sua Pietate daret illam Civitatem , quae silio Regis , ut rupra refert , comcor
dicitur Ulixbomia , illi concordaremtur diam quaesi r.re ; sed ipse moluit. Tume
cum Epircopo ad meum comrilium. $i Rex com.rilio suo praerentiam Domini
quis autem hoc domum mostrum irrum Papæ Eugenii mor , una cum Episco
pere temptaverit , mom rit ei licitum po , petere jus rit. Ad quem cum adve
per ullam a r.rertionem. Et ri contra missemus , &* im conspectu ejus adsta
dicere hoc eis vo/uerit aliquis, â com remur ; ita inter mor , & illum decre
sortio $anctæ Ecclesiae sit separatur, vit, ut im Re.rcripti r continetur.
&• im bonis jherura/em mom comircea Por este Memorial, que ao Sum
tur. Facta Karta men re Aprilis. E. mo Pontifice se offereceo , e pelos
M. C. L. XXX. J^. Ego Alfom tu* rupe sinaes claros de andar appenso , se
rius Rex nominatus , pariter cum com convence ser este o proprio Origi
jttge mea Domma Mifalda , qui Kar nal, que andou nos Autos, que se
tam facere jurrimur, cum mamibus mor processáráo entre o Bispo de Lis
tris coram idomei r testibus rovoravi boa , e os Templarios , sobre , e
mus , &> signum fecimus. ——II—— por causa das Igrejas de Thomar,
5fohammer Archiep'us - - - t r.. e Santarém , como abaixo se tocará.
Petrus Portugalem ris Epp* - t r. No de 1 1 5 3 (E. M. C. LX. I. )
Petruj Prior J^imarem riy. — - ' ty. se vendeo â Casa do Templo em Bra
Ferramdus Petriz, Curiæ Dapifer tr. ga huma herdade na Ribeira do
Memendus Alfonsus - - - - tr. Aliste , onde se chama J^illar, sendo
Memendus Moniz — — — — t.r. IMestre da Milicia do Templo D. Ugo.
ÂMocellus Venegar, - - - - t s. No de I 1 5 4 se acabou de edifi
Gualterus Burgundiensi* — - t r. car a Igreja de Santa Maria da Al
Ugo Martomiensis , Frater Temp/i cagòva de Santarém por mandado
tunc temporis in his partibus Kartu do Mertre D. Ugo, que he bem de
1am recepit. - presumir entregaria o cuidado , e
Mememdur jurru Prioris im Vimara superintendencia desta Obra a Fr.
mir Kartulam motuit. - Pedro Armaldo, logo que o Rei lhes
No fundo deste Documento, e doou o Ecclesiastico desta Villa.
com letra daquelle tempo-, porém Assim consta da Inscripςâo , que
mais miuda, e a tinta mais preta , depois da morte de D. Ugo , eºde
se lé a verba seguinte : D. Pedro Arnaldo se mandou exarar
INos autem , Summe Pater , pro naquella Igreja , e diz assim:
ANNO AB INCARNATIONE M. C. L. IV. AB URBE ISTA CAPTA VII.
REGNANTE D. ALFONSO REGE COMITIS HENRICI FILIO , ET
UXORE EJUS REGINA MAHALDA: HAEC ECCLESIA FUNDATA EST
IN {HONOREM S. MARIÆ VIRGINIS, MATRIS CHRISTI, A MILI
TIBUS TEMPLI HIEROSOLOMITANI, JUSSU MAGISTRI UGONIS:
PETRO ARNALDO AEDIFICII CURAM GERENTE.
In Nomine Patris, & Filii, & Spi E eis-aqui temos trez Mestres:
ritús Sancti. Amen. Fida memori.e hum Geral nas partes d’aquem mar
custos est Scriptura: hec enim anti com o Titulo de Procurador: outro
qua innovat , nova confirmat, confir em Terra de Campos, e em Castellain
mata conservat, conservata, ne pos titulado Ministro : e outro em fim
terorum notitie oblivioni tradantur, como Mestre da Nação Portugueza,
representat. Idcircô ego Alfonsus , como D. Gualdim, que aqui acha
Dei gratia, Portug. Rex, Deo, &" mos igualmente como synonimo de
Mi'itibus, qui dicuntur de Templo Sa Procurador.
Ionionis, tam praesentibus, quam fu No mesmo anno, e no mez de
turis, Óº vobis Fratri Gaufrido Ful Outubro, e ainda nas mesmas Cal
cherii, citra mare totius Militiae prae das de Alafoens, o sobredito Mo
T131 -
–=+
… --
/** dadeira data não seja posterior, fi fóros, e costumes da Idanha nova:
ca manifesto se não póde mais an forão testemunhas D. Martinho Bis
ticipar. po da Guarda, D. Bartholomeu de
No de 1218 (E.M. CC. LVI.) Viseu, D. Pedro de Coimbra, e D.
e no mez de Abril lhe confirmou Pelagio de Lamego; sendo Mórdo
ElRei D. Afonso II. as Doaçoens mo de Casa de rege D. Pedro An
das duas Idanhas. No mesmo anno nes. D. da T. do T.
se intitúla Mestre do Templo nas par Os moradores do Termo da Vil
tes de Portugal, Leão, e Castella na la do Touro junto á Guarda, que erão
Doação, que com os seus Frades de sesmo de feria secunda , & defe
fez a Pelagio Farpado , e a todos ria tertia , Óº de feria quarta doá
os seus descendentes, do Lugar darão aos Templarios, sendo seu Mes
Ceiceira, com a condição de alli tre D. Pedro Alvitiz, e no de 1 22o,
fundar huma Albergaria, para nel o Padroado de todas as suas Igrejas,
la servir a Deos, recolhendo, e hos e os dizimos de todas as suas herda
pedando a todos os passageiros, fos des. E logo no mesmo anno, e no
sem pobres, ou ricos; e mesmo que 1.º de Dezembro, por authoridade,
o Donatario, e seus Successores fi e consentimento d'ElRei D. Affon
cassem vassallos da dita Ordem, e so II. , e do Concelho da Guarda
sob seu poder, e termo; e que não derão os mesmos Templarios Fo
podesse este lugar vir a outro al ral, á Villa do Touro, e seu ter
gum Senhorio. Nas cópias de Tho mo. Parece, não era muito corrente
mar se acha a data nesta fórma: E. naquellas terras, e por aquelles tem
POS »
366 TE TE
pos, pagar os Dizimos ás Igrejas; sabendo nós hoje porque modo a
pois neste Foral se acautéla que de dimittírão. Este memoravel Edificio
todas as suas herdades tenhão os mo pelo seu gosto, e Architetura se ex
radores a quinta parte, e o Senho tinguio de todo nesta ultima reedi
rio a sexta: Et vos detis ad nos de ficação, que depois de 177o se tem
cimam de pane, & de vino, Óº de continuado ; não restando outros
lino, & de criancia de ganatos ad San Monumentos da antiga , que duas
cta Ecclesia: o que pareceria super pedras, postas sem ordem , nem
fluo, se os Dizimos já então se prati tino da parte de fóra da parede da
cassem com rigor em todo o Reino. Capella Mór, do lado do Evange
Em Maio de 122 I, e a tempo, que lho, e agora ultimamente cubertas
andavão fazendo o Castello daGuar de cal, as quaes juntas dizem as
S1II] *
da fez Doação o Concelho desta
Cidade aos Templarios, sendo seu | E. I. M. 1 CC. | 2. || V. 1 MAGISTRO. I
Mestre D. Pedro Alvitiz, da grande ] MENDO. 1 CONSTRUCTA 1 FUIT. 1
herdade de Cabeça de Touro; com l ISTA. 1 ECCLESIA. 1
condição , que na Campanha hiria
a bandeira dos Templarios junta com Eu não descubro outro mysterio
a do dito Concelho. Depois deste tem do Mestrado deste D. Mendo, que
po renunciou D. Pedro o Mestrado; ser Commendador de Celorico ; se
pois na Doação do Padroado da Igre gundo o que acima já por vezes
ja de Soure, que ElRei D. Sancho fica notado. E se o Mestre Mendo
II. fez á Ordem , achando-se em seria o Architeto , ou Mestre da
Lisboa em Maio da E. M. CC. LXI. obra?..
(de Christo 1223) se diz, que el E pois nos achamos nesta Villa:
le faz esta Doação pro Amore Dei, cujas Armas são: em huma parte do
dº Beate Virginis Mariae, & pro ro Escudo, huma aguia voando sobre
gatu, Óº amore D. Petri Alviti, quou hum Castello com huma truta agar
dam Magistri Templi. Em alguns ou rada nas unhas, e da outra huma
tros Documentos se intitúla D. Pe meia lua com cinco estrellas; allu
dro Alvitiz Procurator Militiae Tem dindo, não só á truta, que huma
pli in quiburdam partibus Expaniae. aguia deixou cahir no Castello,
Acha-se ainda intitulado Mestre, quando ElRei D. Afonso III. o ti
ou Mestre do Templo no de 1 226, nha sitiado , e D. Fernão Rodri
e 1227 ; mas daqui se não segue, ues Pacheco, natural de Ferreira
que actualmente o fosse ; bastava d'Aves, o defendia (o qual a man
que o tivesse lido, para se lhe dar dou de refresco ao Rei, que logo
trado.cortesanía o Titulo do Mes fez levantar o cerco , persuadido
por • -
(*) Em 2o de Maio de 1254 (E.M. CC. XC. 11.) fez huma amigavel Composição com
D. Egas Mendes, Bispo de Lamego, e o seu Cabido sobre os Direitos Episcopaes # Igre
jas que pertencião a Longroiva, e a Mêda: por ella fica o Commendadór de Longroiva ob"
ado a dar annualmente aos Bispos de Lamego na Mêda X moios de centeio, à eigados?"
a medida dº terra : e X, moios de vinho no lagar , sendo cada moio de XVII, quartº
E quando o Bispo, huma vez no anno visitar estas Igrejas, deverá receber do dito Comº
mendador esta Procuração: VI, quarteiros de trigo cozido, e VI, quarteiros em grão: º Kl.
puçaes de vinho: e hum porco de hum maravidim vclho: e dous carneiros bons : e IV, cabritºs:
e dous leitoens: e XIX, galinhas: e L. ovos: com huma onça de pimenta: e duas restes de alhos:
e dous braços de cebolas: e duas cargas cavallares de lenha : e outras duas de palha: sal, e º
magre quanto baste: e XIII. onças de cert. E isto não só na Mêda, mas tambem outra º
melhante Procuração em Longroiva; e deste modo renuncião a todo, e qualquer Direitº,
que a Igreja Cathedral podesse ter nas Igrejas da Mêda, e de Longroiva: Salva tamien 3"
risdictione, quam de jure debet Episcopus in Scculares exercere. E as Partes se obrigárão aº
cumprirem assim ; sob pena de mil marcos de prata; plazo isto in suo robore <valituro til
chilominus. E disto se fizerão duas Cartas partidas por ABC, e selladas com os sellos, dº
Bispo, do Mestre, e do Cabide. Doc. de Thomar.
TE TE 371
Mestrado nos tres Reinos ha muitos Paixão, sobre humas fazendas em
Documentos até o anno de 1265; Casével: a 2.° em Maio do mes
mas não temos algum authentico, mo anno, sobre os Direitos Epis
que lhe dê por Successor a D. Vas copaes da Santarém.
termo de Igreja do Pinheiro em
•
co Lourenço.
. XXII. D. Gonçalo Martins, Mes XXIII. D. João Annes em 1271.
tre em Portugal em 1265. Por au Acha-se (na T. do T. Gav. 6, maç.
thoridade, e consentimento do Ca 1o. N. 23) huma sua Carta com
pitulo Geral, celebrado em Castel sello pendente, em que se diz ser
lo-Branco, concede elle a D. The Lugar-tenente do Mestre do Ultramar
reza Affonso de Mello a Aldéa da da Ordem do Templo, dada no Ca
Sardaça, em termo de Folgosinho, pitulo Geral de Zamora a 27 de
para que a desfrute em dias de sua Março do mesmo anno, e pela qual
vida; com condição, que ella pague confirma aos Povoadores de Man
ao Commendador de Ferreira (d'Aves) carche, vel Castel-branco de Mancar
annualmente 25 libras no 1.° de chino, todos os bons foros, e cos
Maio. E a dita D. Thereza deve dar tumes de Elvas, que erão o Foral
á Ordem hum Casal em Mello, e que os Templarios lhe havião dado.
outros bens, á Ordem do Templo: Parece que Mancarche precedeo ao
e por sua morte deve ficar a dita Al nome de Cardosa, que tinha o si
dêa, com todas as suas bemfeitorias, tio, onde aquella Villa se fundou.
aos Templarios livre, e desembar XXIV. D. Beltram de Valverde.
gadamente. Feita a Carta E. M. CCC. em 1272. Brandão em a Monarch.
III. apud Castellum blancum. E no L. XV. T. IV, nos oferece huma Es
Capitulo Geral, que alli mesmo se critura , pela qual consta , que a
celebrou no de 1266 (E.M. CCC. Ordem do Templo em Portugal con
IIII.) a 24 de Maio, emprazou o cedêra a D. Sancha Pires, e a sua
Mestre D. Gonçalo Martins, e seus filha D. Berengueira a Villa do Ro
Frades, a D. Diogo Lopes, e a sua dam para a desfrutarem em sua vi
mulher D. Urraca Affonso (Confrei da; havendo a dita D. Sancha doa
res d'Ordim, e sepultura) muitas fa do muitas fazendas aos Templarios,
zendas no Marmeleiro, no Rechoso, sendo seu Mestre D. Beltram de Val
em Avelans, em Freixo, nas Antas de verde. Tanto este Emprazamento,
Penadono, e outras partes; com con como a Outorga , que D. Beren
dição, que por morte d’ambos fique gueira Arias, filha de D. Sancha,
todo o movel, e raiz, com todas e Rui Garcia de Pavha, seu mari
as suas bemfeitorias á Ordem , á do , lhe derão , tem a data na E.
qual os ditos Confrades já efectiva M. CCC. X. Mas parece, que esta
mente fazem entrega de huma lar boa harmonia entre os Templarios,
ga porção de bens em Alpedrinha, e D. Sancha Pires Freira do Tem
Castello Novo, e na Torre d'Arriza plo no de 1 272, não foi permanen
do , com todos os seus direitos, e te; pois do Testamento desta, que
pertenças, e Padroados de Igrejas. se guarda Original em Almoster L.
No de 1 268 fez duas Concordatas II. dos Pergaminhos f. 51. consta a
com o Bispo de Lisboa, D. Mat verba seguinte, segundo se copiou
theus: a 1.° em Thomar em o dia da no de 1 682 : Item ; mando aos Tem
Aaaii pla
#
372 TE TE
plarios hum vaso de prata, o qual no faleceo a 23 de Maio do anno de
meyo a minha filha: e hum georaal de 1288; como constava do seu Epi
prata: e eu lhos deixaria, se non fos tafio na Igreja de Santa Maria de
se, que estes nou fizeram contra mim, Thomar, ou dos Olivaes. Foi o ul
assim como non deveram. Em alguns timo Mestre, que governou ao mesmo
Doc. da T. do T. se lê Fr. Beltram tempo os tres Reinos de Portugal,
de Pedra-Verde, que parece deve ser Leão, e Castella.
Penna-Verde , pois ambos estes lu XXVI. D.Afonso Gomes, Mestre
gares de Val-Verde, e Penna-Ver em Portugal em 1289. Em 18 de Ju
de, fazião naquelle tempo huma só nho da E. M. CCC. XXVII. D. Do
freguezia do Bispado de Viseu. mingos jardo , Bispo d'Evora, e o
XXV. D.João Fernandes, Mestre seu Cabido fizerão Composição ami
nos tres Reinos no de 1283. Assim gavel sobre os Direitos Bispaes da
consta de hum Privilegio de D. Af Igreja de Arens, com D. Afonso Go
fonso, Rei de Castella, a quem es mes, Meestre do que a Ordem do Tem
te Mestre servio com os Templarios ple ha em Portugal, e os Freires des
de Portugal; havendo-se os de Hes sa meesma Ordem & c. V. Cruz. Ain
panha posto da parte de seu filho da se acha o seu nome em outros
D. Sancho, que o havia deposto do Documentos de 12 9o.
Throno. Nesta Escritura diz o Rei XXVII. D. Lourenço Martins era
D. Afonso, que Gomes Garcia, Com Mestre no de 129 1. Assim se ma
mendador, era Lugar-tenente do Mes nifesta da Composição , que os
tre, nas cousas, que o Templo tinha Templarios de Portugal fizerão por
em Castella , e em Leão , e que D. authoridade deste seu Mestre ,
João Fernandes era Lugar-tenente do com D. Aimiríco, Bispo de Coimbra,
Mestre Maior nas cousas, que a Ca sobre a Procuração da Igreja de Pa
vallaria do Templo tinha em Castel ços, em 5 de Abril da E. M. CCC.
la, Leão , e Portugal. E daqui se XXIX. No de 1 293, e no mez de
manifesta, que todos os Mestres, Junho apparece o Mestre D. Lou
assim de Portugal, como dos trez renço Martins na Instituição da Ca
Reinos, nada mais erão, que huns pella, chamada dos Tamaraes (por
meros Commissarios immediatos , ou que neste Lugar principalmente a
mediatos do Gram-Mestre Ultra-Ma dotou com muitas fazendas D. Mar
rino , ou que fóra de Hespanha resi tim Gil, Amo do Infante D. Afon
dia. Em os annos de 1 283, e 1 285 so , e Mórdomo da Rainha Santa
parece estava fóra deste Reino; pois Izabel) e fixada na Bailía de San
se acha D. Gonçalo Gonçalves, Com ta Maria de Thomar, dita hoje dos
mendador Mór de Portugal, e Lugar Olivaes , onde então permanecia o
tenente do Mestre da Cavallaria do Convento da Ordem, e a sua Ca
Templo em Portugal, segundo os pital. Esta Capella tem hoje o Ti
Doc. da T. do T. Havendo feito em tulo de S. Bartholomeu ; sendo a
Castello-Branco huma Concordata tenção do Instituidor, que se inti
com D. Fr. João, Bispo da Guarda, tulasse de S. Martinho. D. Lourenço
sobre os Direitos Episcopaes de renunciou logo depois o Mestrado:
Nisa, Alpalhão , e Montealvão, feito Commendador de Santarém,
em 16 de Maio da E.M.CCCXXV., faleceo no 1.° de Maio de 1 3o8.
XXVIII.
TE |- TE 373
XXVIII. D. Vasco Fernandes, ulti duas costumadas columnas, huma
mo Mestre em Portugal em 1295. dos Grandes do Reino, e outra dos
Já em Abril deste anno se acha o Prelados, mas não confirmando, for
nome deste Mestre do Templo em malidade, que já se hia esquecen
huma Composição, que a Ordem do. Os Prelados são os mesmos de
fez com os Conegos da Sé de Coim 1297 só com a diferença de já ser
bra, sobre as Comedurías, que a es D. João Bispo de Silves. Esta Igre
tes se devião dar , quando (duas ja de Portalegre unio perpétuamen
vezes no anno) passassem pela Vil te D. Bartholomeu Bispo da Guarda,
la de Soure, aos quaes o Commen á Mesa do Mestre da Ordem de
dador as devia apromptar na fór Christo, que então era D. Martim
ma, que então se ajustou. Em 1296 Gonçalves , a 7 de Setembro de
fez outra Composição com D. Fr. 1 332 : e no mesmo dia se terminá
João Martins, Bispo da Guarda. Nes rão por Juizes arbitros, e sem fór
te mesmo anno lhe doárão, e á sua ma, nem figura de juizo, as muitas
Ordem ElRei D. Diniz, e a Rai demandas, e controversias, que es
nha Santa Izabel humas casas, que candalosamente corrião entre a Igre
tinhão junto á porta da Villa do Sa ja da Guarda, e a Ordem de Chris
bugal : e no de 97 lhe doárão os to por occasião das Igrejas , que
Padroados de Mogadouro, e Penas esta Ordem tem naquelle Bispado.
Royas, como se disse V. Azinhoso; Continuão as Memorias de D.
sendo Confirmantes os Prelados se Vasco, pois no de 1 3o3 os mesmos
guintes: D. Martinho Arcebispo de Reis fizerão Doação á Ordem do
Braga, D. João Bispo de Lisboa, D. Castello de Pena-Garcia , e no de
Sancho do Porto, D. Vasco de Lame 13o6 lhe derão o Padroado da Igre
go, D. Egas de Viseu, D. Fr. João ja de Alvayazere, e a Villa de Ferrei
da Guarda, D. Pedro de Coimbra, D. ra do Zezere no Bispado de Coim
Fernão Martins d'Evora, e a Igreja bra, e a Villa de Villa Rei, que lhe
de Silves vaga. . . . fica fronteira , e já no Bispado da
No de 1299, e a 27 de Novem Guarda, pelas quaes a Ordem lar
bro os mesmos Soberanos, queren gou á Coroa outros bens. (*) Nes
do remunerar aos Templarios os seus te mesmo anno , e a 15 de Abril,
muitos, e grandes serviços, e sen se achavão os Bispos de Portugal,
do seu Mestre em Portugal D. Vasco e Hespanha congregados em Sala
Fernandes, lhes doárão todo o Pa manca, e presididos de D. Gonça
droado , e Direito de apresentar, lo, Arcebispo de Toledo, para in
que tinhão na Igreja de Santa Ma quirirem das horriveis culpas, que
ria , a Grande , de Portalegre , e a malicia excogitou em França (mas
de todas suas Capellas. Nesta Car que se não verificárão em Hespa
ta feita em Portalegre se achão as nha , e Portugal) contra os Tem
pla
(*) ElRei D. Diniz havia dado Foral a Villa Rei a 19 de Setembro de 1285, e nel
le se nomeão sem confirmarem: D. Tello Arcebispo de Braga , D. Vicente Bispo do Porto,
1). Anrique de Coimbra, D. Fr. João da Guarda, D. atheus de Viseu, D. Bartholomeu
de Silves, D. Domingos Annes d'Evora, as Igrejas de Lisboa, e Lamego vagas. Os bens,
cue os Templarios dimittírão á Coroa , forão: a Liziria dos Freires junto a Santarém, a
Portagem de Coimbra, e o Padroado da Igreja de Santiago de Trancoso; declarando, que
se dava o Espiritual pelo Espiritual, e º Temporal pelo Temporal,
374 TE TE
plarios, que ultimamente forão ex bal, Ega, Redinha, que são na
tinctos no de 1 312 , e ao mesmo Estremadura, e Bispado de Coim
tempo acabou o Mestrado de D.Vas bra, e tambem as Idanhas nova, e
co, que faleceo no de 1323, Com velha, Salvaterra, Segúra, Proen
mendador de Monte-alvão, e Professo ça, e o Rosmaninhal, que são no
na Ordem de Christo. -
tarem onde fosse necessario, e pre dos Wisigodos em Italia (que senho
ciso, como Ornamentos, Livros, reados daquellas Terras, as repar
Fabrica; segundo o parecer do Bispo, tírão em tres partes, duas para os
e seus Parochos. V. Garda. vencedores, e huma para os venci
dos,
TE TE 377
dos , da qual ainda estes pagavão prescripti Monasterii , suis antiquir
huma certa pensão, ou Terragio ao determinatam terminis. L. Baio f. 25.
Real Fisco) nascêrão as Reaes Ter E a f. 3o. W. se acha, como no de
ças em Portugal. Esta Monarchia 1 15o Sueiro Soares doou ao Prior
se fundou não sobre hum Povo es D. Tructesindo, e aos mais Cone
cravo, e sujeito ao cativeiro; mas gos de Grijó muitas fazendas, e por
antes foi obra de huma gente li sua morte tudo o que se achasse
vre, e que com o seu forte, e va pertencer-lhe : si absque legitimo se
leroso braço expulsou do seu Paiz mine mortuus fuero. Si verò filium ex
os possuidores intrusos, que sem legitima uxore, unum, vel duos, vel
mais Titulo , que não fosse o da usque quinque filios habuero : aequa
tyrannia , e prepotencia, o domi lem vobis partem unius filii concedo.
navão. Quod si amplius quinque filios mihi
Além destas Terças, méramente Deus dederit ; quintam partem vobir
seculares , tambem aos Reis de concedo integram. Et hoc facio pro re
Hespanha, e Portugal concedêrão medio animae meae, Óº ut me vos ad
antigamente os Romanos Pontifices juvetis, Óº manuteneatis, in quantum
(e ultimamente Gregorio IX, a D. justitia, cºratio populaverit. E logo
Affonso X, o Sábio) as Terças de to no mesmo anno Gonçalo Paes doou
dos os bens Ecclesiasticos, que es todos os seus bens á Canonica (Mos
tavão applicadas ás Fabricas das teiro de Conegos) de Grijo, Tali
Igrejas , para manterem a guerra pacto, Óº convenientia: quod si semen
contra os Mouros, e outros inimi habuero, ad unum, vel duos, mediam
gos do nome Christão. Mas desta partem uno filio facio : duobus, ter
Concessão nem sempre se aprovei tiam : tribus verà, quartam: Sivero
tárão os nossos piedosissimos Mo plus, quintam mando praedicto loco S.
narchas : deixando ao patriotismo Salvatoris; caetera autem filiis meis.
dos seus Ecclesiasticos o subminis Quod si ego absque legitimo filio, vel
trar semelhantes auxilios, quando filia mortuus fuero; omnia mea reci
a causa assim o persuadia , e de piant Canonici praescripti. Et si ex con
mandava. V. Castellatico. cubina mei filii fuerint; fiat illis, pro
TERCER. Terceiro. Doc. de ut viderint ipsi Canonici , Óº secun
Pendorada de 1 292. dum bonitas seminis postulaverit a f.
TERÇO, e quinto. Se em al Ioo. Y. E note-se o uso das Con
guns dos nossos Doc., particular cubinas , ou não Recabedadas por
mente nos de Grijó, se acha com aquelle tempo, que sendo permit
frequencia a disposição da Terça, tidas para remediar a incontinen
e Quinta parte da herança a beneficio cia, os seus filhos não erão admit
das almas dos pios Testadores ; e tidos por justiça ao beneficio da he
isto ainda que tivessem filhos de rança. V. Marido conoçudo, e Avoen
mulher legitima, e forçosos herdei ga. O Rei Chindasvindo no Cod.
ros. No de 1 1 38 Mendo Affonso }Visig. L. IV. Tit. 5. determinou, que
doou áquelle Mosteiro o Terço de o Pai podesse dispôr do Terço para
toda a herdade, que elle tinha en algum filho, ou filha, e do Quin
tre Arcuzello, e Valladares per ubi to para Obras pias, e do mais não
22/am potuerint
Tom. II. invenire Seniores ipsius podesse Bbb
- •
dispôr, salvo por certas
• C2\]
378 TE TE
causas de desherdação. ElRei D. la sua má qualidade, nem ao me-.
Affonso II. no seu Testamento dis nos produzião hervas, silvas, arbus
pôz só do Terço: o que depois de tos, ou matos.
muitos annos ficou servindo de Lei; TERRA Chaan. Aldêa, ou po
se he que esta não nasceo dos Arabes, voação pequena, que não he cabe
que igualmente podião dispôr só da ça de Concelho, nem tem muros,
terça parte dos seus bens. A disposi torres, ou Castellos. Ainda hoje ve
ção do Terço, e Quinto que princi mos, que antigamente todas as po
piou com oReino, ainda se continuou voaçoens defensaveis não erão na
entre nós até o meio do Sec. XIV., planura dos campos, mas sim no
segundo muitos Doc., e principal cume, ou recosto dos montes, ou
mente de Bostello, e Pendorada. O collinas. Homeens de pee scudados se
Terço só podia ser da ganhadéa, ou lançam nas matas, e continuadamente
compradéa , que nós hoje dizemos andam valdos pela terra , comendo o
bens adquiridos: o Quinto porém era alheo pelas terras chaans , forçando
dos bens da Avoenga, ou herdados: muitas moças virgens, e fazendo ou
e isto segundo o costume de Portugal, tros muitos males. Cod. Alf. L.V.
e Leão. O Sábio A. das Observaç. Tit. 96. § 1.
de Diplom. Portug, P.I. Observ. 7. f. TERRA Gallega, ou Gualega.
1o8. faz vêr claramente, que a nos Com o mesmo espirito, com que se
sa legislação antiga exhorbitava da disse Psalterio Galego , se chamou
do Codigo Wisigothico pelo que Terra Gallega , a que não era de
respeita ao Terço, e Quinto da he campo fertil, e rendoso; mas sim
rança, e mostra, como por degráos, de charneca, delgada, e não mui
a origem , que tiverão as nossas to rendosa.V. Ademêa, que era iden
Leis, que hoje permittem o dis tica á terra de que fallamos. Da ter
pôr tão sómente do Terço por qual ra gualega, de seis buum: e das ter
quer titulo, ainda mesmo havendo rar do bairro , ho quinto. Doc. do
herdeiros forçados. Salvador de Coimbra de 1495. To
TERMINOS. Termos, limites, dallas terras gallegas, que nom sejam
confrontaçoens, balizas. Doc. das dadas a Cabeças dos outros casaes, as
Bent. do Porto de 1285. adugades a fructo. Doc. de S. Pedro
TERRA. Segundo a Partida IV. de Coimbra de 129o. -
L. II. Tit. 25. as rendas, que o Rei TERRA dos Pagons. Assim cha
concedia aos Grandes, e Cavallei mavão os nossos Maiores as terras,
ros em certos lugares, mas sem pos que os Mouros occupavão, quer fos
tura de algum serviço, se chamavão sem ao Norte, quer ao Meio dia,
Terra, e daqui se disse Senhor de ou para a parte do Nascente. Men
Terras. do Bernardo , e sua mulher Godi
TERRA Calva. No Sec. XIII. nha Paes doárão ao Mosteiro de
se chamavão Terras Calvas, as que Santa Cruz de Coimbra certos bens,
já estavão limpas de mato, rotas, e as trez partes da Igreja de Santa
e lavradas. Doc. de Tarouca. De Maria de Alkarovim: com condição,
pois se applicárão estes termos, não que se morrer alem Douro, até a Ter
ás terras fructiferas ; mas sim aos ra dos Pagons , será sepultado no
montes ermos, e bravios, e que pe Claustro daquelle Mosteiro, a quem
- QS
TE TE 379
os seus parentes daráó a melhor pe algumas vezes Quarentena.Ainda hos
ça , que então se lhe achar. Doc. je em algumas partes deste Reino
de Pedroso. Daqui se vê, que este se não esqueceo de todo a palavra
Cavalleiro morava entre Douro e Terradégo.
Minho, em que já não havia Mou TERRADEGO. II. Esta pala
ros no de 1 1 39 , e no mez de Ju vra na significação de Laudemio se
lho, em que fez esta Doação, as introduzio nos Prazos de Coimbra
sim como os não havia entre Dou depois de 15o3 ; pois antes deste
ro e Mondego: e que entendeo por anno se não acha tomada pela par
Terra de Pagons a que ficava desde te da venda, ou preço, que se de
Soure, e Leiria para o Téjo, e Gua via dar ao Direito Senhorio. Em
diana, que naquelle mez, e anno hum Prazo de S. Christovão de
se hião a conquistar, e onde elle Coimbra de 1 29o se determina, que
talvez chegaria a morrer. E note querendo o Emphyteuta vender o
se a Devoção dos antigos Portugue Casal, de venda, quam feceritis, de
zes, ainda na liberdade das armas, tis dictae Ecclesia nortrae , sicut alii
que querião esperar a Resurreição mostri homines de Bruscos. Em mui
Geral á sombra , e na companhia tos Prazos do Sec. XIII., e XIV.
dos que então mais se distinguião se impõe o Laudemio já da 4.", já
na virtude. Tal foi o Capitão Suei da 5.", já da 6.", já da 7.° parte do
ro Telles, que estando a partir pa preço , porque se vendia o feitio,
rº huma Expedição Militar em a Ter ou bemfeitoria, que agora dizemos
r 1 de Campos, fez huma mui larga o dominio util, sem que já mais an
Doação ao Mosteiro de Pedroso no tes do dito anno se fallasse em Ter
de 1 131 : declarando logo, que se radégo por Laudemio, o que depois
nella morresse, os Monges fossem he frequentissimo.
conduzir o seu cadaver , e no seu TERRADEGUEIRO. Assim
Mosteiro o sepultassem. Si contige chamão na Cathedral de Coimbra
rit me mori in hac via, in qua Dom ao Conego, que recebe os Laude
mus meus Alfontus Rex jubet ire, sci mios, pertencentes ao seu Cabido.
licet ad Campus: eatis prome, ó se Os quaes Laudemios se chamão al
peliatis corpus meum in Monasterio. li Terradégo. .
Doc. de Pedroso. E eis aqui o In TERRADIGO. Renda, ou pen
fante, ou Principe D. Afonso Henri são annual, que se pagava por vi
z intitulado Rei, 8 annos antes ver, e cultivar em terra alheia. Era
da batalha de Ourique. segundo se estipulava: já de 4.",
TERRADEGO. I. Laudemio, já de 5.°, já de 6.°, ou menos ain
ou certa parte do preço, ou estima da. E dardes a nós a meya da dizima
ção da cousa vendida, que paga o por terradigo de todo fruyto, que Deus
Foreiro , quando com licença , e y der. Doc. de S. Christovão de
consentimento do Direito Senhorio Coimbra de 1 276.
a vende, troca, dá, ou alheia. Se TERRADO. Certo foro , que
gundo o Direito commum he a quin se paga aos Bispos de Coimbra,
quagesima parte: em Portugal, não de todas, e quaesquer proprieda
se estipulando o contrario, he a qua des, que naquelle Bispado se ven
dragesima, que por isso lhe chamão derem; não podendo Tabellião al
*
• • • Bbb ii gum
38o TE TE
gum fazer Carta de venda, que vá os Livros dos Testamentos de Lor
Iida seja, sem que nella vá inser vão, e Santa Cruz de Coimbra são
to o bilhete do Bispo , pelo qual exhuberante prova) mas tambem se
dá licença , e conste, que se pa disse Testamento, o Direito de her
gou o Terrado; sob pena de perdi dar, ou succeder, naquelles rudes,
mento dos seus Oficios, fazendo o e calamitosos tempos, em que o Do
contrario. Assim foi determinadote das Igrejas, e Mosteiros era pro
por hum Alvará de 16o5 confirma priamente o morgado, e apanagem dor
do ultimamente em 3o de Junho de Descendentes do Fundador, ou Dota
1785. dor. Elles, como Herdeiros, e Na
TERRADORO. Theodoro, no turaes vinhão requerer annualmen
me de homem. E seendo a todo tes te Casamentos, fantares, Cavallarias,
temunhas presentes , Terradoro Gon Pitanças , Raçoens & c. a que cha
{alves, & c. mavão Testamento. Pedindo ende ser
TERRATORIO. Territorio. viço, e geiras, e Testamento. Carta
Doc. da Cam. Secular de Coimbra d'ElRei D. Diniz para o Tabellião
de 1354. de Lamego, e a favor do Mostei
TERREO. Terrado, terra livre, ro da Salzeda. Doc. da Salzeda. Gil
inculta, baldia. Doc. de 13o4. Esteves vendeo hum Casal em Ten
TERSOL. Toalha, e propria daes ao Mosteiro da Salzeda no de
mente manustergio do Altar , que 1279, com condição, que ninguem
serve para alimpar os dedos do Sa possa demandar no tal Casal servi
cerdote ao Lavabo. Vem do Latino go, nem geira, nem Testamento, nem
Tergo. Prepara-se o terrol em o canto Maladía, nem outra demanda nenhua.
do Altar, e fas-ce o lavatorio: e lim Doc. da Salzeda. •
TOJEIRO. O que conduz lenha delle fizerão para seu Senhor, a Vil
para os fornos. Sendo esta ordina la, e Beatria de Canavezes, o Cou
riamente de tôjo em Santarém , e to de Tuyas, as Honras de Loure
outras partes, deo o nome aos seus do, e Gallegos, Paços de Gayol
conductores. E os Tojeiros, que acar lo, Gontingem, e Santº Isidro. L.
retão a lenha pera os fornos, sem os II. dos Misticos da Torre do T. f. 88.
quaes se nom pode manter essa Villa TOMBORO. No dialeto da Ter
<rc. Carta d'ElRei D. Fernando de ra de Bragança era antigamente o
1372 para os de Santarém. mesmo que Comoro. No Tombo do
TOLER. O mesmo que Tolher, Mosteiro de Castro de Avelans de
embaraçar, tirar, impedir. He fre 15 o I se acha esta verba: Até o mar
quentissimo no Sec. XIII. , e se co no Comoro da Veiga, ou Tomboro,
guintes. • -
segundo sua lingoagem. Já em 1457
TOMADAS. Não tanto as cou se acha alli a mesma palavra. Doc.
sas, que se tomão, quanto o Direi de Bragança.
to, que alguem tem de tomar algu TONELLADA. No Foral de
mas cousa. Salvo se alguns teem di Monção de 15 12 se declara, que a
reito d'averem algumas tomadas , ou verdadeira Tonellada são 5o almudes
Comedorías. Cod. Alf. Tit. 7. Art. 8. de vinho, os quaes devia levar hum
TOMADIA. I. Preza , roubo, tonel, e a pipa 25 almudes.
despojo, que se faz á força, e com TORCER. Dia de torcer, dia de
as armas em punho. Em saltos, e to trabalho, ou geira, que se emprega
madías de escravos. Barros Dec. I. f. va em amanhar as videiras, as quaes
17. da 1.° Ediç. ". . - se costumão gemer, ou torcer, para
TOMADIA. II. Direito de to que a vara, que chamão do vinho,
mar mantimentos, roupas, &c. sem fique logo nos primeiros olhos da
pagar a seus donos cousa alguma, vide. Nos Prazos do extincto Mos
que abusivamente se praticava en teiro de Villarinho se acha com fre
tre os Senhorios, e os seus vassal quencia: Pagaredes tanto depam, e
los, ou colonos. No de 1395 se deo dia de torcer. Doc. da Serra do Porto.
Sentença na maior alçada contraJoão TORMENTA. Affiicção, pena,
Rodrigues Pereira, Senhor da Quin dor , angustia. Diz huma regra de
Di
384 TO TO
Direito, que gram torto seria, se aos TORNAMENTO.Tornada, vol
atormentados tormenta ades remos... ta. Doc. de Tarouca do Sec. XIV,
Assi que lhe he tormenta emaduda. TORNAR. Voltar-se contra al
Doc. da Cam. do Porto de 14o8. guem, indignar-se. Ap. Berg.
TORNADIÇO. Nome injurio TORNAR-HI. Tomar vingança
so, que se dava aoJudeo, ou qual por suas proprias mãos, usar de hu
uer Gentio, ou Infiel, que volta ma rigorosa justiça , adoptar pro
va da Religião Catholica á sua an videncias fortes, castigar com as
tiga crença, ou pelo contrario. No pereza, e sem dó dos insolentes,
L. de Foraes, e costumes de Béja e culpados. Eram em ponto de tor
lha huma Lei, que diz assim: Cos nar hi; porque vyam que esses máaos
tume he, que quem chamar Tornadiço feitos nom eram estranhados... E nom
ao que he de outra Lei , e se volveo seerdes aaro de tornarmos bi, nem nos
Christão, pague sessenta soldos ao Al sas justiças, nem nossos sojeitos per
caide. Sempre os nossos Monarchas outra guisa. Carta d'ElRei D. Af
forão zelosos de que fossem trata fonso IV. para D. Jorge Bispo de
dos com respeito os que do Judais Coimbra no de 1352. E era frase
mo, Mahometismo, ou Gentelis por aquelles tempos: Tornabo me ad
mo se havião convertido á Religião vos, em algumas Cartas d'ElRei
Catholica. No Cod. Alfonsino L. D. Afonso III. depois do Unde ali
V. Tit. 81. se trata: Da penna, que ter non faciatis , sin autem. E nas
averá o que chamar Tornadiço ao que d'ElRei D. Diniz, e seus Succes
foi Infiel, e sse tornou Christão. Por sores: Unde al nom façades, senom
huma Lei de Filippe II. de 16o I se a vós me tornaria eu per ende.
manda que ninguem chame Chris TORNAR MAÁO. Defender-se
tão novo, ou Confesso, ou Marrano, com mão armada, ferir, espancar.
ou judeo , nem outro nome algum Antre os graves maleficios , assy be
afrontoso , por escrito , ou de pa tornar maão , e desobedecer aa nossa
lavra, em Juizo, ou fóra delle, a Justiça. — Por grande mal ouverom
pessoa alguma, que descendente se os Sabedores antigos , se alguum re
ja dos convertidos á nossa Santa Fé siste, e torna maão aa justiça, que
Catholica , nem aos que de novo rendo-o prender, ou despois que he
se converterem a ella, nem aos seus preso, em qualquer tempo. Cod. Alf.
descendentes: e fazendo-se o con Tit. 63. § 3. e 6.
trario: os Fidalgos, ou Cavalleiros TORNESES, Tornezes, e Tu
pagaráõ 4o cruzados em dinheiro, ronenses. Dizem, que ElRei D. Pe
e serão prezos trinta dias sobre sua dro I. fizera lavrar os Torneses. Era
homenagem, por cada vez que as de prata esta moeda, e tinha de hu
sim chamarem a alguem; e os que ma parte a cabeça do Rei com bar
de menos condição forem , serão ba comprida, e a letra: Petrus Rex
prezos na cadêa pública pelos mes Portngaliae, & Algarbii, da outra o
mos trinta dias, e pagaráó 2 o cru Escudo do Reino, e na orla: Deus
zados em dinheiro; a metade para adjuva me. Valião então 13 reis;
os cativos, e a metade para quem mas hoje, pelo valor da prata, va
os accusar. Mas sobre tudo se at lerião 4o reis. Tambem fez lavrar
tenda a Lei de 25 de Maio de 1773. Meios Torneses, com os mesmos cu
nhos
TO - TO sº;
nhos, e metade do preço. ElRei castigo. V. Tormenta. Et nullus sit .
D. Fernando fez cunhar Torneses de ausus, qui vobis facial malum, nec
3 soldos, chamados Petites, isto he, forciam , neque tortum. Carta d El
pequenos. Sobre a origem do no -Rei D. Afonso III. para os da Vil
me Torneses he que não concordão la de Moz de 1253. Quanto deman
os nossos Escritores. Eu me incli dar, tanto dubry, e petti áquel, que
no aos que dizem, ser corrupção padecer o torto CCC. maravidis. Doc.
de Turonenses, moeda de que tanta das Salzedas de 1 273. V. Vozeiro.
menção ha nos antigos Canones. TORRELHAS. Hum dos jógos,
Ella se dizia Denarius Turonensis por que antigamente se usárão, e que
se lavrar com diverso cunho, peso, hoje se ignorão. No Cod. Alf. L. V.
e valor na Cidade de Tours , em Tit. 41. § II. se manda, que nin
França. E que muito pela semelhan guem jogue dinheiros secos, nem mo
ça do feitio fossem os nossos cha lhados a torrelhas , nem a dados fe
mados Tornezes: e isto em hum tem meas , nem a vaca , nem a jaldeta »
po, em que tanto se idolatravão as nem a butir, nem aa porca, nem a ou
vozes , fábricas , e costumes da tro jogo, que se ora chama curre-cur
quelle Reino ?. Quem adoptava a re, nem a outro jogo nenhuum , de
voz Petite: porque desprezaria o Tu qualquer nome que seja chamado.
ronense? Mas a verdade he, que os TORVA. O mesmo que Torvo.
Portuguezes já muito antes de D. Doc. de 14o9.
Pedro I. tinhão conhecimento, e uso TORVAMENTO. Inquietação,
dos Turonenses. Na Cathedral da desassocego. Doc. de Tarouca do
Guarda se acha o Inventario, que Sec. XIV.
de todos os seus dinheiros, e mo TORVAR. Inquietar, pertur
veis fez D. Fr. João Martins, Bis bar , causar desassocegos, e fadi
po daquella Cidade, no de 13o I, gas. E prometto a Deos, nom moles
e nelle se nomêão com frequencia: tar, nem torvar daqui avante os ditos
Turonenses Brancos: Turonenses Ne Clerigos, meus Irmãos , e Companhia.
gros: Turonenses grossos: e Turonen Doc. de Reciam de 1 438. Não me
ses miudos. Não se me esconde, que tórvo, não me indigno , não me
este Prelado era de Valhadolid, on agasto, nem perco a igualdade, so
de poderia grassar esta moeda, e cego , e repouso de animo. He do
não correr em Portugal; porém se Azinheiro. •
388 TR
.tagioso. Este era o seu antigo si TRASTEMPAR. Prescrever,
gnificado, segundo Lopes, Chron. passar além do tempo. Entende apro
d'ElRei D. João I. P.I. c. 149 e 15o: var, que o traftempo daquella terra,
hoje se toma pela traça º engano, 4ue tratempára em cinquianos. Carta
falacia, artificio, tramoia, maqui d'ElRei D. Diniz de 1284. Doc. de
nação, intriga, e tambem pelo fio Tarouca.
da lançadeira, com que se tapa, e TRASTEMPO. Prescripção,
tece a ordidura. tempo já decurso, e passado. V.
TRAPASSADO. O que já pas Trastempar. *-* •
dos ... Escudeiros, que nam hajam bem . TREMISSE. A terça parte de
de Senhor, que sejam lidimos, X, rol hum soldo. Vem do Latino Tremis
dor... Escudeiros guisados, vassalor sis. Na II. Part. da Monarch. Lusit.
delRei, ou que ajam bem de Senhor, L. VII. c. 8, diz Fr. Bernardo de Bri
XX, soldos... Outorgarom os ditor to, que tinha em seu poder a céle
Fidalgos o dito trauso. Doc. da Uni bre Doação, que D. Theodo,
versidade de 1 366. V. Tausar. Conde de Coimbra, fez a Lorvão
TRAUSO. Taxa. V. Trausar. no de 77o, que alli se transcreve,
TRAZER panno de alguem. Ser e nella se faz menção de Tremisses,
seu criado, moço, pagem, ou apa trez dos quaes fazião hum soldo.
niguado, que delle recebe manten Do valor do Tremisse não duvida
ga, e vestido, e he da sua familia. mos; mas deixamos á conta de Bri
Cod. Alf. Tit. 59. § 19. to o credito da Doação, que accu
TRAZIDA. A acção de trazer sa, e da qual em Lorvão não se
alguma cousa. Pagavão os Direitos descobre ainda o vestígio mais le
da Trazida, e da Levada. Era pois ve da sua, existencia. V. Livra. -
a Trazida hum Direito, que se pa TREPÉES. Trempe, instrumen
gava do que á Praça de Lamego se to, ou traste de cosinha bem conhe
trazia. Doc. de Lamego do Sec. XV. cido. E humas greelbas, e huas tre
TREBELHAR.I. O mesmo que péés, e dous morteiras
de Pendorada de 1359.de pedra. Doc.
Trabalhar. -
•
de Coimbra de 1459.
TRESPASSAMENTO. Que TRIGAR. Apressar. E assi tri
brantamento da Lei, inobservancia, gou suas jornadas, que em mui poucor
transgressão. dias chegou a Thomar. Pina, Chron.
TRESPASSAR. Transgredir, d'ElRei D. Affonso V. c. 4. -
não observar, não cumprir. TRIGO Mourisco. Assim cha
TRESPORTALECER. Desap mavão antigamente ao trigo, de que
parecer, ausentar-se, não ser mais hoje commummente usamos, e que
visto, como aquelle, que possa além nada tinha de equivoco com o tri
de huma portella. Tresportaleceo, e go tremez , e menos com o trigo
nom foi ende mais visto. mouro. Trinta alqueires de trigo mou
TREU. Certo panno que se fa risco, e outros trinta alqueires de tri
bricava na Comarca do Porto, e so go galego, ou tremes. Doc. de S. Pe
bre cuja largura, que devia ser de dro de Coimbra de 1 352. •
queriçom com homeès boos, per sen U. O mesmo que Ut. Para que,
tença julgou & c. ou de tal sorte que. Ita u, de vdie
-
>
394 VA VÁ
n'outros Documentos,ainda mais an causa injuriar a mulher honesta, leve
tigos se lê valle de vico,ouvalle de vice. sinco açoutes por cima da camisa. E o
. VALEDEIRA. Valiosa, firme, homem que deostar algum homem gra
e sem cousa, que dúvida faça. Em ve, e de bem, ou mulher bonrada X.
sa revora valedeira. Doc. de Vairão varancadas recipiat.
de 1 292. VARAVIDI, Varavidim. iz. V.
VALEGO. O mesmo que Vele Maravidim.
gado, preso, unido, aferrado. Odres VAREJAR. Tomar conta das fa
pegados, e valegos: acha-se em hum zendas, cousas prohibidas, ou con
Doc. de Moncorvo de 1407. E pa trabandos, que cada hum tem em
rece quer dizer: odres novos, e que sua casa, tomando-as a rol, ou me
ainda estão com o pez, e sem ser dindo-as para pagar os direitos,
virem. Em hum Doc. da Cam, do sem poder sonegar alguma cousa
Porto de 1436 se usa metaforica Tambem algum tempo se costumá
mente de Velegado, por apegado; rão Varejar, ou dar Varejo ás casas
pois diz: Se os d'outra gisa trilhas dos Ecclesiasticos, para lhes apre
sem, logo se parteriam a outras par henderem as mulheres prohibidas,
tes; porque não hão heranças, que os e que retinhão por mancebas, ou
em ella tenhão velegados. Em outros concubinas. Daqui Varejado, o que
da mesma Cam. de 1439 se usa de tem, ou deve ter Varejo em sua ca
Relegados, no mesmo sentido, do sa. Daqui mesmo se disse: Darva
Latino Religatus. Não tem em ella rejo a alguem, socrestallo, perdel
heranças, que os tenhão relegados, e lo, destruillo. E mesmo he de pre
de ligeiro se vão, quando lhes praz. sumir, que esta palavra Vereador,
De sorte que Valego, Velegado, e seria antigamente Varejador; pois
Relegado são synonimos de atado, ainda hoje os Vereadores, como Ze
preso, unido, aferrado. ladores das conveniencias do povo,
VALENSA. Fortaleza , poder, se intromettem em tudo o que he
authoridade, força. Do Latino Va conveniente ao bem da Républica,
leo. Vobis dabo juvemen , auxilium, e intendem sobre as coimas, que
valensam, & defentionem. se devem levar. No de 1469 fez
VALHER. Valer, Doc. das Bent. ElRei varejar os pannos da Cidade do
do Porto de 1 292. Porto por vara, e covado; mas que
VALLA. Valha, terceira pessoa se não entrasse nas casas dos mer
do presente do verbo Valler. Doc. cadores ; excepto constando , que
do Sec. XIII., e XIV. elles sonegavão alguns Direitos
VARA. O mesmo que madeira, Reaes. Doc. da Cam, do Porto. »
ou varas para arcaría. He frequen VAREJO. Dar varejo, dar bus
tissimo nos Prazos de Grijó, Vil ca, fazer vereação, procurar, des
lella, e outros. E assi hiráõ catar cubrir as cousas de contrabando, e
vara, e telha com bois, e outros quaes prohibidas. No de 1488 se deter
Quer carretos. minou, que a Regra dos Varejor,
VARANCADAS. Golpes de va e desvairo da receita senão entenda nar
ra, vangaladas. No Foral da Atou pannos, que tem o segundo selle. Ar
guia por ElRei D. Afonso Henri tigos das Sizas, Cap. 25. Varejo de
ques se diz: A mulher torpe, que sem artilharia, descarga. Barros. *
VAR
VA
VA 395
VARGA, I. Certa armadilha pa tro de si toda a cabeça do anoja
ra caçar peixes. V. Arrinhos. De Bar do, representando huma figura, que
gus, que na baixa Latinidade signi mettia espanto , e horror, a que
ficou Truncus arboris, vel ramus, he chamárão Carantonha; pois no Cod.
bem de presumir se disse Varga, Manuel. da Ediç. de 1565 se não fal
no sentido de Ramata. V. Abarga. la já em Vaso , e só diz : Ninhãa
VARGA. II. O mesmo que var pessoa de qualquer qualidade, e condi
zea, ou veiga, terra plana, e que ção que seja , nom traga, nem tome
na força do Inverno , pela maior por ninhua outra pessoa ninhum vesti
parte ao menos, se cobre de agua. do de burel, nem almafégua, nem ca
Na Beira alta ainda hoje dizem Var pelo de ninhum outro dóó preto &rc.
gem no mesmo sentido. Fazemos Pra E eis-aqui o Capello occupando o lu
zo dua nossa varga em Roosendi, a gar do Vaso. V. Carantulas. Na mor
4ual se deve lavrar de la boca de fos de te d'ElRei D. João I. todo o Rei
Sousa, ateer o esteiro de Cibram. Doc. no foi coberto de vaso, e burel. Pi
da Graça de Coimbra de 129o. na, Chron. d'ElRei D. Duarte c.
VARLETE. Moço da Câmera, 1. — ElRei tomou doo de preto, e hos
vem do Francez Valet. E se for bees Ifantes tomaram burel, segundo sem
teiro, ou barlete, ou homem de pee, pre atee aqui se custumou. Ib. c. 2.
ou page, cortar-lhe-ham a orelha di E na Chron. d'ElRei D. João II.
reita. Cod. Alf. L. I. Tit. 51. § 62. diz o mesmo A. , que pela morte
Os Marceneiros, Escultores, e Car d'ElRei D. Affonso V. todo o Rei
pinteiros segurão as madeiras ao no tomou burel, e vaso c. 1. E na
banco com o barrilete, a que alguns Chron. do mesmo Rei D. Affonso
chamão o seu moço, pois os ajuda V. c. 2o7 lamentando a desconsola
no seu oficio: a sua origem parece ção da Princeza D. Izabel pela des
ser a mesma de Varlete. astrada morte de seu marido, o In
VASO na cabeça. Pela Ordena fante D. Affonso, diz que havendo
ção, ou Lei de 17 de Outubro de ella entrado nestes Reinos esposa
1499 se prohibe geralmente o lu da, cuberta d'ouro, e de preciosa pe
to, ou dó de burel; mandando-se draria, em cima de ricas facas, e tro
que nunca se podesse mais trazer toens, sahíra logo delles cuberta de
por qualquer pessoa, que fosse, e vaso, e almafega , em cima de aze
de qualquer modo que seja: prohi malas, escondida de todos.
bindo tambem ás mulheres de qual VASSALLO. Não nos empe
quer qualidade que fossem , o tra nhando com demasia º sobre a ori
zer Vaso na cabeça; debaixo de gra em desta palavra, que antigamen
ves penas aos transgressores, e aos te foi Titulo de honra , reservada
Ministros, que não os castigando, só aos Domesticos do Principe, aos
o consentissem. V. as Ordenaç. L. V. Fidalgos da sua Corte, e Reino, e
Tit. I o 2 na antiga, e Tit. 1oo em a ainda aos Ministros, e Assessores
nova, e a Pragmatica de 24 de Maio dos seus Tribunaes, e hoje he sy
de 1749 Cap. 17. E que se entendia nonima de subdito , que reconhece
por Vaso?. Parece que nada mais algum Soberano por seu Chéfe, e
era, que hum grande Capello, o qual ao qual obedece, ama, serve, e res
como Vaso cobria, ou incluia den peita em tudo o que he conforme
Ddd ii á.
396 VA VA
áLei de Deos, e do Paiz: diremos sallos senão os Fidalgos. E finalmen
só que na infima Latinidade se dis te ElRei D.João II., requerido em
se Vassus , o soldado forte, e ge Cortes, que fizesse certo número
neroso. Daqui nasceo chamarem-se de Vassallos, homens Fidalgos, e
JVassallos os homens d'armas , em de nobre creação, em quem coubes
que consiste a fortaleza toda dos se a antiga honra, que os distin
Reinos, e Monarchias. Em Portu guia, ordenou, que houvesse 4dooº
gal se limitou este nome aos que Vassallos com as qualidades da No
servião com lanças a pé, e aos Ca breza apontadas, os quaes se inti
valleiros, que usavão de lanças d'ar tularião Vassallos d'ElRei, como sem
<mas, e se chamavão Lanceiros: e es pre se usára , e não poderião ser
tes principalmente se intitulavão Passallos de algum outro Senhor,
JVassallos. De todos estes , assim ou Rico-homem. Destes , 2 doooo
Lanças, como Cavalleiros, escolhião erão armados a cavallo, aos quaes
os Reis, Infantes, e Ricos-homens, os Reis, além dos antigos Privile
aquelles que lhes parecião de mais gios, havião de dar 2 à 5oo réis de
valor , e confiança, para os acom Contia: estes de cavallo se chama
panharem nas guerras , em guarda vão Lanças d'homens d'armas. Os ou
de suas Pessoas, e Bandeiras; con tros 2 booo erão Piqueiros de pé, ar
signando-lhes, quando os aceitavão mados, a quem se não dava Contia,
por Vassallos , quantias, e tenças e só logravão dos Privilegios. As
bastantes a sustentar o luzimento sim huns , como os outros tinhão
daquelle posto. Até o tempo d'El obrigação de estarem sempre pres
Rei D. Pedro I. não costumava ser tes com armas, e cavallos. No tem
Passallo, senão o filho , neto, ou po d'ElRei D. João III. parece se
bisneto de Fidalgo de linhagem. extinguio esta Milicia dos Vassallos.
Desde ElRei D. Fernando até El VASSALLOS das Lanças.V. Vas
Rei D. Manoel se ampliou o Titu rallo. Estes vivendo em terras fu
lo de Vassallos aos acontiados, e se gadeiras , e não tendo Sobre-Alva
veio limitar aos Lanceiros; de sor rás, Serviços, ou Linhagens, só erão
te, que neste tempo se incluião em escusos das fugadas em trinta al
o número de Vassallos os Oficiaes queires de trigo, segundo o Assen
mecanicos, e lavradores , que se to de 7 de Dezembro de 1 487. V.
admittírão a este Titulo com varios Cod. Manuel. L. II. Tit. 16. § 19.
Privilegios, e erão parte da Mili UCHÃO. V. Eichão.
cia, que estava efectivamente alis UCRATE, e Ocrate. A Villa,
tada no Reino: chamavão-se a es e Priorado célebre do Crato , no
tes, como antigamente, Cavalleiros Alem-Téjo, entre Niza, e Porta
Pevens. V. Cavalleiro. legre. Prescindindo, se sobre as rui
ElRei D. Afonso V. por neces nas da Cidade de Cataleucas, Catra
sitar de muita gente para as guer leucar, Cataleucos, ou Castraleucas,
ras de Africa , e Castella, e para se fundou a Villa do Crato; elle he
remunerar com honras os serviços, certo, que antes de 1 232, em que
admittio a Vassallor muitos mecani ElRei D. Sancho II. doou este lu
cos, a pezar dos Nobres, que lhe gar á Ordem do Hospital, para o
requerêrão não admittisse por Vas povoar, e fortalecer, elle tinha ou
TTO
VE VE 397
tro nome, que já hoje se não póde sas, que erão defesas pelas nossas .
lêr na Doação original, que se acha Leis, e que não podião trazer se
na Torre do T. Gav. VI. Maç. un. N. não certas pessoas, erão as pelles
22 ; pois diz o Rei , que lhes faz delicadas, e preciosas, como Mar
Mercê de illo loco... cui de novo no tas, Zebelinas Órc, de varias côres,
men imponitur Ucrate, ut faciatis ihi que de Hungría, Esclavonia, e ou
populationem, & fortelezam : & as tras partes se trazião, e que na in
signo vobis hos terminos &". Feita a fima Latinidade forão conhecidas
Carta em Coimbra XI. Kal. Apri com os nomes de Varium, Vairus,
lis E."M." CC"2XX", e depois dos }Yarus, Vayrus, Vayus, Veyrus & c.,
Confirmantes, e Testemunhas se lê: como se póde vêr em Ducange V.
Magister Vincencius, Electus Egitañ, Pares. Servião estas pelles de for
Cancellarius Curie. E logo no mes rar, e guarnecer vestidos, capotes,
mo anno , e a 6 de Dezembro os carapuças, barretes, &c. E a este
mesmos Donatarios lhe derão Fo forro , e guarnição se chamava pe
ral, em que lemos: Ego D. Melen na. Nom traga sobre si pena de veei
dus Gundisalvi, Prior de Portugal de ros, nem de grizés, nem de hermi
la Ordem do Espital , una cum Con nhos. Cod. Alf. L. V. Tit. 43. § 2.
ventu nostro, volumus populare o Cra Erão pois defesos, não só os Veei
to. E no corpo deste Foral se no ros , ditos assim da variedade das
mêa Ocrate. Maç. X. dos For. Ve côres, mas tambem os grisés, que
lhos. erão de côr pardacenta, e os armi
VÉDOR. O mesmo que antiga nhos, que erão inteiramente bran
mente Dapifer, e hoje Mórdomo cos. Na Armería tambem se chamá
Mór. Assim consta de huma Carta rão Veiros, huma risca colubrada ,
d'ElRei D. João III. Doc. de Ma lançada em faxa, e dando depois a
ceiradão. No de 1 1 3 1 se intitula D. huma parte, e á outra as côres, que
Ermigio Villicus Curiae , em hum declara o Brasão. Vid. Nobiliarch.
Doc. de Pend. Portug, Cap.27. f.229. Hoje se escre
VEDRO. A. I.Velho, velha, an ve Veiro, e Veiros no mesmo sentido.
tigo. Paço Vedro, Ponte Vedra & c. VEGA. O mesmo que Vegada.
isto he, antigo, do Latino Vetus. VEGADA. Vez. Rogamos ao Ca
De vedro, desde os tempos antigos. bidoo de Lamego, que váa em Procis
De tempo de vedro, desde longo tem são duas vezes no anno, desde a dita
po, e que já excede a memoria dos See á nossa Irmida de Santo Estevão:
homens. De lo comaro a suso, per ú á huma vegada , em no dia da Fer
a parede foi fundada de tempo de ve ta de Santo Estevão: e a outra vez
dro. Doc. de Pend. de 1285, e 1 3oc. por a Invenção do dito Santo. Doa
VEDRO. OS. II. Vallo, tapú ção, e Contrato do Bispo D. Du
me, comoro, com que se tapão, e rando com o seu Cabido. Doc. de
cercão os campos, e searas, v. g. Lamego de 1361. Aº huma vegada,
O vedro da lavoura. Vem do Latino huma vez. Em huma Sentença da
Zeto ; porque estes reparos impe Guarda de 1 399 se diz: Por estes
dem, prohibem, e embaração, que presentes escritos amoeste a 1.° e 2,"
os gados as destruão. e 3.° vegadas todos aquelles, &c.
VEEIROS. Entre as mais cou VELEGADO. V. Valego.
VE
398 VE VE
VELICE. Velhice. Doc. da Carn. no genero femenino. Eu dita veiº
de Coimbra de 1324. dedor mandei fazer esta Carta.
VELLO, e Velo, Vella, e Ve VENDIÇOM.Venda de qualquer
la. Velho, e velha. Doc. das Bent. cousa. Doc. de 1 322.
do Porto de 1 3o5. VENDIMA , e Vendimha, as,
VENARIOS. V. Barrarios. Cêsto vendimo, ou que serve para
VENATURAS. Veaçoens, toda a vendima, o qual em algumas par
a caça do monte, caçadas. Ex ve tes se chama Cibana. Em hum In
naturas non detis racionem. Doc. de ventario do Sec. XV. se lê: Trinta
Maceiradão. e sinco ovelhas : 29 cabras , e duas
VENDA. Laudemio, que se pa tinhalhas, e 4 talhadores, e dez seu
ava da fazenda aforada , que se dellas, e huma eixada , e duas fou
vendia. No de 1 2 5 1 D. Pedro Gon cer, e rete vendimbas. •
rarem a Villa
Bragança. . .de Brangança.
. Doc. de
•
VINDITA. V. O mizio. II.
VINER. Vir, tornar. Do Lati
VILLA-GÁA. O mesmo que Vil no Venire. E as Partes sobreditas nun
lá-Chãa. •
ca seerem tbeudas de vimer a outra de
VILLICO. O que presidia , e manda per neuma destas razoens. Doc.
governava em huma Villa, ou ter de Aguiar da Beira de 1289.
ra pequena, e na qual arrecadava a VINGAR quinhentos soldos.
Real Fazenda, e administrava Jus Ainda se não decidio a origem des
tiça. O Fuero juzgo quasi sempre ta expressão frequentada entre nós
traduz o Villico por Meirinho, e sem em o Sec. XIII. Dizem alguns, que
pre diverso do Preposito, que diz ser só os Fidalgos de Linhagem podião
o Senhor da Terra. requerer a satisfação de alguma in
VILTA. Injúria, sem razão, af júria, sendo condemnado o agres
fronta, vituperio, tratamento vil, sor em 5oo soldos; não podendo o
e com desprezo. Dessy, recebião del que não era de Linhagem requerer
les, e dos seos muitas viltar, e sem mais que 3oo em pena , e satisfa
rrazoens ; cá lhys desonrravam suas ção da sua injúria. Persuadírão-se
molheres, e filhas. Cort. do Porto de outros, que este modo de fallar en
I 372. tão começou, quando os Fidalgos,
VILTANÇA.Vileza, opprobrio, Vassallos d'ElRei D. Bermudo, se
confusão. Perder podem os Cavallei livrárão do tributo, que pagavão aos
ros per sua culpa honra de Cavalla Mouros por conta das 5o donzellas
ria, que he a maior viltança, que po Nobres, quando na batalha de Cla
dem receber. Cod. Alf. L. I. Tit. 63. vijo os derrotárão. Mas estando já
29. •
teudos.___
VINHO mole. Vinho mosto, o VINTÉM. Moeda de prata, que
que ainda não ferveo no tonel. Quatro principiou no tempo d'ElRei D. Af
almudes de vinho mole, e hum cesto fonso V.: tem de huma parte hum
boom de tinta. Doc. das Bent. do Por A que quer dizer Affonso : sobre
to de 15 o7. elle huma Coroa, e a letra Adjuto
VINHO de pé. O mesmo que rium mostrum in nomine Domini : da
Pinho podado , á diferença do que outra o Escudo Real com o nome
era de emforcado. -
do Rei na orla. Valia 29 réis de co
bre,
VI VI 495
bre, e daqui nasceo o chamar-se Vin la maior parte erão pessoas, não só
tém. Continuou esta moeda ainda da primeira Nobreza , mais ainda
com alguma variedade na fórma, e chegados ao Throno, a fim de que
na figura. ElRei D.João IV. lavrou na Corte fossem os seus Protecto
tambem meios vintens , que valião res, e advogassem sempre a seu fa
1O réis, e Cinquinhos de prata, que vor, procurando em tudo, que fos
valião 5 réis. Esta moeda já hoje sem melhorados, e bem servidos nas
está desusada, e se toma pelo va suas causas, e requerimentos. Em
lor intrinseco da prata. tempo d'ElRei D. Afonso III. os
VINTES. I. Vindouros, futuros, seus grandes validos D. João de
successores. Mandarvm, que o Priol, Aboim, D. Esteve-Annes, e D. João
e Convento do dito Moesteiro de Grijó, Moniz forão admittidos pelos Con
que no dito tempo ouvessem, e vintes celhos d'Evora, Béja, e outros a se
que depouis veessem, ouvessem a roua rem seus Visinhos, e gozarem de
parte da tal herdade. de todos os seus Privilegios; como
VINTES.II.Vindo. Sabendo, que o se vê por muitas Escrituras da Tor
Moordomo era vintes á Cidade lhe foe re do Tombo. No de 12 1 1 o Con
fazer queixume. celho de Meijom-frio (Mansionis
VIO. Vinho. Doc. de 13o8. frigidae) vendeo a Afonso Pires, e
VIRA. Pedaço de couro, que co a sua mulher huma herdade em Vil
bria a palma da mão, e segurava la Marim, que constava de casas,
no dedo polegar, a qual trazião os forno , vinhas, e hortas: (a qual
Bésteiros para se não molestarem herdade tinha comprado o mesmo
quando armavão as bêstas. E os Bees Concelho a D. Rodrigo Mendes,
teiros tragam á audiencia vira na maião, o qual a houve de Miguel Picon,
ou cinto cingido, segundo antiiguamen que a perdeo por haver dado alei
te sempre foi de custume. Cod. Alf. vosamente a morte a Garcia Paes,
I. I. Tit. 44, § 1. •
Mórdomo do dito D.Rodrigo) e jun
VIRGEU. Jardim, vergel, ou tamente o fazem seu Fisinho, para
mais bem pomar de fruteiras. Me que os ajudasse, e defendesse de quem
teu em posse perportas... e rama das os inquietasse. Doc. de Tarouca. A
larangeiras do dicto virgeu. Doc. de D. Abril doou todo o Concelho de
S. Pedro de Coimbra de 1 374. — Numão huma grande herdade entre
Murar o virgeu, que está apres do Cedavi, Muxagata, e Longrova: Us
pombal. — Chantar o virgeu de boas faciatis ibi moratam, ó pousatam. E
chantas. Doc. de S. Christovão de mesmo o fazem seu Visinho pro adº
Coimbra de 1339. jutorio, & defensione, quam nobis fa»
VISINHANÇA. Direito Real, citis, ó promittitis facere. Foi isto
que se paga em terra de Chaves. no de 1238. E no de 1 242 lhe fez
V. Paga dos fogos. o mesmo Concelho Doação do Cam
VISINHO. Chamárão-se Visi po da Touça, que alli se chama Grau
nhos antigamente em Portugal os ja da Touça: a qual vindo á Coroa,
que erão admittidos a terem bens, ElRei D. Diniz a deo ao Mostei
e herdades no termo de algumas ro de Tarouca pela terça parte da
Villas, Concelhos , ou Cidades, Villa de Aveiro : anda hoje empra
que de novo se povoavão. Estes pe zada por 36o alqueires de trigo "º
OS
4o6 VI VI
los quaes se pagão 36 dooo réis. nharem com Pinhel nenhuns. Poderosos.
Ibidem. A D. João Martins deo o Andando já com esta demanda, se
Concelho de Penamacor huma lar guio-se a guerra com Castella, e foi
ga herdade entre a sua Villa, e a creado Gonçalo Vasques Coutinho
de Sortelha, e a da Covilhãa; a Marichal, e Fronteiro na Comarca da
ual herdade manda ElRei D. Af Beira, por Carta d'ElRei, para que
# III. no de 1 267 conservar em o colhessem no alto, e no baixo, tirar
paz a seu genro D. Pedro Annes, Alcaides, e pór Alcaides, & c. E por
1.º marido da sua filha natural D. esta occasião chegando a Pinhel fez
Orraca Affonso. Doc. de # o que muito quiz, sem que alguem
Não consentia nestas Cartas, e com medo ousasse de se lhe oppôr.
Doaçoens de Visinhança o Conce Depois da guerra correo a causa, e
lho de Pinhel. No de 1372 lhes poderão os de Pinhel lançar de si
confirma ElRei D. Fernando todos tão máo Visinho. Doc. de Pinhel.
os Privilegios, Graças, Mercês, e ElRei D. Pedro I. não permittio,
Liberdades, que desde a sua popu que houvesse na sua Corte Pessoa
lação os Reis lhes concedêrão , e alguma obrigada, ou visinha dos Con
confirmárão, e particularmente o de celhos, para que não succedesse que
que sempre estiverão em posse, a o seu valimento , ou respeito pre
saber: Que Cavalleiros, nem Donas, judicasse á rectidão da Justiça. E
nem Fidalgos , nem Ordens, nem ou note-se que estes Visinhos tambem
tras Pessoas Poderosas podessem com se chamavão Naturaes dos ditos Lu
prar , ganhar, ou adquirir algumas gares, Villas, ou Cidades: o que
herdades, ou possessoens nesta Villa, he preciso notar para os não con
e seu termo; pois se alguma vez suc fundir com a verdadeira Pátria do
cedeo, que elles as ganhassem, o Con seu nascimento.
celho por sentenças os venceo; de gui VISITAÇÃO. V. Colheita.
sa, que sempre os ditos Privilegios es VISO. Portella, cume, collina,
Riverão em seu vigor. Este mesmo Pri lugar eminente, donde se descobre
vilegio lhes confirmou ElRei D. muita terra, ou grande parte della.
João I. achando-se em Almeida a 6 V. Rodeira.
de Junho de 1386, mandando aos VISTORES. Louvados, védo
Tabelliaens, que não fação Cartas res, apegadores, que vão vêr as
das taes vendas, sob pena de nul terras, e quaesquer propriedades,
lidade, e perda de seus Oficios. E frutos, ou bens móveis, ou de
no de 1405 se proferio na maior Al raiz, para averiguar a verdade, ou
çada sentença a favor deste Conce se decidir a dúvida, ou contenda.
lho, e contra Gonçalo Vasques Cou Ele do Sec. XIV.
tinho, que foi condemnado nas cus VIVENDA. I. Modo de vida,
tas. Havia este Fidalgo comprado subsistencia, ou preciso para viver.
humas casas clandestinamente jun E antre os foros, que pagam, e o que
to ao muro de Pinhel: e para isto lhys assi filham, nom podem haver vi
extorquio huma Carta de Visinhança venda. Doc. da Cam. Secular de La
de alguns do dito Concelho, que mego de 1 358.
de mão commua lhas demolio, com VIVENDA. II. Conducta, vi
o fundamento sólido, de não visi da , comportamento. Devemos mui
f9
VI VO 4o7
ro trabalhar , que nosso povoo faça que havião concorrido com dinhei
vivenda, que seja muito a serviço de ros, já pelos que havião mandado
Deos, e a sua prol; assy que quando cousas comestiveis, e que excitavão
lhe pedirem graça pera acrescentamen grandemente á gula, como tambem
ro dos beens temporaaes, e prol de suas pelos que se achavão convidados a
| almas, a possam del gaançar. Cod. estes rijos sacrificios de Cómo, e Ba
Alf. L. V. Tit. 41. § 1. cho : manda, e ordena, sob pena
VIZINO.Visinho. Doc. de 13o 1.
de açoutes, e degredo para os lu
UNDE al nom façades. He fór gares de Africa, que nenhuma pes
mula dos nossos Instrumentos Reaes soa de qualquer condição que seja,
desde os principios da Monarchia possa convidar para o jantar, ou cêa
até o Sec. XV., quer dizer: E por dos noivos (e o mesmo dos Baptir
tanto, ou á vista do que, vós não fa mos) pessoa alguma fóra do 4.º gráo
dos ditos noivos: e ainda estes pa
çaes cousa alguma contra o que nes
rentes, e debaixo das mesmas pe
Carta, Sentença, ou Alvará vos he
mandado fazer ; mas antes a cum nas, não poderáó dar cousa alguma
prí, e guardai inteiramente, e co para a dita voda , nem dinheiros,
, fno nelle se contém.
-• nem cousas de comer, o que se cha
UNIÃO, ou Onião. oens. Ajun mava Fogaça. V Cod. Manuel L. V.
tamento , conventiculo , assuada, Tit. 45. E como na Comarca d’en
revolta , levantamento, revolução tre Douro e Minho se continuasse
de mão commua. Os reprendeo de este pessimo costume, segunda vez
suas uniooens, e allevantamentos, com foi rigorosamente prohibido pelo
que faziam doesta aa Raynha, e a el Alvará de 27 de Janeiro de 1554 no
le. Chron. d'ElRei D. Affonso V. c. qual se manda, que na dita Comarca
a 6. – E elles seguros da parte da se devasse annualmente dos que não
JRaynha pele onião , que alevantárão observão á risca a sobredita Ordena
contra ella. Chron. d'ElRei D. João ção, que se acha em a Nova, L. V.
I. P.I. c.26. Tit. 9o. Doc. da Cam. do Porto.
UNTRE. Entre, no meio de ou VODIVO. V. Bodivo. .
tras cousas, ou pessoas, ou luga VODOS. V. Bodivo. Na Orden.
res. Damus vobis alia bauça untre d'ElRei D. Manoel da Ediç. de 15 14.
Sancti Mamete, & Pousada. Vem do L. V. Tit. 28. $ 8. permittem-se os
Latino Inter. Podos por devoção de alguns San
VODA de Fogaça, ou dinheiro. tos; com tanto que se não coma
Informado ElRei D. Manoel, que dentro das Capellas, ou Igrejas.
nas Comarcas da Beira, Traz dos VOENGA. Chamar-se á Voenga,
Montes, entre Douro e Minho, e he rescindir o contrato da venda,
Riba-Coa se fazião excessivos gas ou escambo de alguns bens de raiz,
tos nos banquetes dos Casamentos, com o fundamento, de que são de
e Baptismos (que hoje dizemos Ba herança de Pai a filhos, a qual se
ptisador) e nos quaes, depois de lar chamava Avoenga. Nem se poderent
gas comezainas , e borracheiras, chamar a Voenga, nem a menos pre
havia mortes, ferimentos, desho fa. Doc. de Pendorada de 1313.
nestidades, e outras innumeraveis VOGADO. Procurador, advoga
desordens, commertidas, já pelos do, e que tem, e faz a voz do seu
CQIlS*
4o8 VO VO
constituinte. P. Aprestamado, e Avon VOMIL. O mesmo que Gomil,
doramente. ou Gumil. Vem do Latino Vomo;
VOGAR. Fazer Officio de Advo porque os gomis, sendo antigamen
gado, patrocinar, defender, pro te de gargalo mui estreito, pare
curar. Doc. de Pend. de 13 17. cião estar vomitando a agua para
VOGARIA. Oficio de Advoga as mãos, e como ás lufadas. It: bum
do. E como alguns com as suas más vomil quebrado. Inventario dos mó
artes, mais de huma vez, deitão a veis, que se achárão por morte do
perder os seus clientes, se disse Venéravel D. Fr. Salvado, Bispo de
tambem por estes, que usavão de Lamego no de 135o. Tambem an
Máa Vogaria. Em hum Doc. de Pen tigamente se disserão Vomitaria, ou
dorada de 1 324 se diz: Sem preito, Vomitoria, os Adros das Igrejas, e
e sen Vogaria tuda, isto he, sem de as entradas dos Theatros ; porque
manda, e sem obrigação de consul a grande multidão de povo, que dá
tar Letrados , que advogassem na quellas sahia pela estreiteza das
causa. No de 1 315 fizerão os da Vil portas, buscando as ruas, e que nes
la de Moz tirar hum Instrumento
tes entrava, procurando os seus lu
sobre o Aggravo, que padecião, por gares , e camarotes, tinhão seme
causa de certas Demarcaçoens entre lhança de agua, que sahe como aos
o seu Concelho, e o de Memcorvo, empuxoens; alludindo sem dúvida
e requerêrão ao seu Procurador, ou áquillo do Poeta:
Advogado , que tomasse aquelle Manè salutantum totis vomit edi
Feito por aquelle logar, e segun bus undam.
do a intenção com que ElRei o VONTADES, ou Voontades. As
mandava sem máá Vogaria , e sem sim chamavão aos móveis, trastes,
máá pontaria, e que tudo cumpris e alfaias de casa , que cada hum
se , assim como ElRei mandava. compra, ou manda fazer sem mais
Doc. de Moz.
,
régra, ou direcção, que o seu pare
VOLTA. Briga, discordia, fe cer, gosto, e vontade. No de 12 1 1
rimento , desasocego , turbação, doárão ao Mosteiro de Pendorada
assuada , tumulto, desordem. Ha huma quinta em Nodar , cum suas :
ver bi volta, e eixeco, e peleja: e el searas, & suas voluntates. Doc. de
le querendo partir esto, & c. Doc. de Pend. Sete, ou oyto porcos, e cubas,
Santo Thyrso de 134o. e arcas, e outras voontades, que era
VOLTEIRO. Homem revolto mantimento da casa. Doc. de Tarou
so, suscitador de discordias, bri ca de 1326. No Capitulo Geral,
gas, e contendas. Salvo se esse pre que no Convento de Santa Maria
zo for traedor , ou aleivoso, ou vol de Thomar celebrárão os Templa
teiro publico, e ameudi, ou matador, rios no de 1231, emprazárão elles
ou chagador de chagas perigosas: e ex a Maria Pires Fratrissae mostrae ( a
ter taaer vaam ao Castello. Cortes de
qual era viuva de Estevão Pires,
Santarém de 1325. Daqui Terra avol Confrade do Templo) a quinta do Pi
ta, terra desinquieta, cheia de la nheiro, para a sua vida, sustenta
droens, malfeitore
e s. Ou a terra
andar avolta, que se temam de filha
ção, e mantença; com condição,
que ella por sua morte a deixasse
rem os meus dinheiros. Cap. Espec. livre, e desembargadamente á Or
de Santarém.
dem,
VO VO 4O9
}
dem, juntamente com a sua quin rapina, que as nossas Leis, ainda
"; ta de Puços, cum voontades, Óº va a bom tempo atalhárão ; para que
•
gavão á Real Coroa, não se pro ra levasse : e isto , assi das pessoas
hibio o appellar para ella naquelles particulares, como aos Concelhos, a
casos, em que o recurso, ou appel que foi jad posto ; com tanto , que o
lação cabia. Não negamos com tu tal custume seja por tempo immemo
do, que n'alguns Foraes antigos se rial. Doc. da T. do T.
prohibio aos vassallos, ou colonos VOZElRO. O que tem as vo
o recurso ao Soberano; mas isto era zes, e vezes do seu constituinte»
abuso, ou ramo do Systema feudal, como he o Procurador, Solicitador,
que, ou não teve uso, ou desde lo Advogado. No Foral de Thomar de
go se abolio. 1 174 traduzido em Portuguez nos
VOZ. IV. Commissão, poder, principios do Sec. XIV. se lê: Se
faculdade para representar a pessoa alguum Vozei o se composer com o
do constituinte, tomar a sua voz, Moordomo, que lhy dê ende algua cou
e fazer as suas vezes. E isto he o sa, se provado for per enquisa , que
que se entende pelas palavras con tal be ; couponha, segundo a quantida
vencionaes , e tão frequentes nos de da Coomba , que demandar : e re
Doc. antigos. v. g. : Qui vocem ves non ouver, que peyte, em o corpo seia
tram pulsaverit : Cui vocem vestram atormentado; e non seia ouvido, salvo
dederitis, órc. se der fiador" nas maãos da fustiça.
VOZ. V. Fallando-se em Prazos Defendemos a todos aqueles, que fa
he o mesmo que Pessoa, ou Pessoas, zen Vozeiros falsos, e non han torto
Fida, ou Vidas. V. g.: E as vozes, (por taes certamente toda a terra he
gue depos vos veerem , e vos soce perduda.) Doc. de Thomar. Isto mes
derem , nos deam , e paguem tantº, mo se determina no Foral de Ou
có"c. rem de 1 18o por estas palavras: Si
VOZ.VI. Commissão, mandato, quis Vozarius se cum Maiordomo com
procuração. Acha-se em Documen posuerit, causa inde aliquid habendi;
tos innumeraveis desde o principio si probatus est, quod talis est per en
deste Reino. Porém algumas vezes quisam : secumdum quantitatem Ca
se toma pela Sentença , Julgado, lumpnie , quam objecerit, in corpore
ou Acordão, que o Juiz pronuncía puniatur, si non babuerit quodpectet;
a favor de huma das partes. E a quem
dº non audiatur, nisi prius dederie
for dada a voz , cem maravidiz lhe fideifusorem in manibus de justitiis.
preitem ; e este nosso feito permanesca Prohibenius enim omnes bujusmodi, qui
em sa fortalheza pera sempre. Doc. faciunt Vozarios falsos , ó: non ha
de Lamego de 1298. bent tortum (per tales enim omnis ter
VOZ, e Coima. VII. Nos Pare ra perdita est.) L. dos For. Velhos.
céres de Qaragoça se diz, que ul Não negamos, que se póde enten
timamente se achára por Escrituras der por Vozeiro, o que se queixa,
authenticas, que por Voz, e Coima grita , créla, ou chama dqui d'El
se entendem estes Direitos, a sa Rei, dando vozes contra alguem ;
ber: Mordomado, e Portagem, e Ta como se disse V. Caritel. E tambem
folaria, pelos quaes se ha, e deve le se dirião Vozeiros , as mesmas vo
var todo o Direito , e Trebuto, que zes, ou accusaçoens falsas, e ma
se pelo dito nome Voz , e Coima em lignas, que tanto se oppõe á tran
qualquer lugar, e em qualquer manei quilidade pública, que com razão se
dis
UQ. X 4II
disse, que por ellas se perdia toda cebeo em sua uyuvidade. Doc. do Sal
a terra. . . vador de Coimbra de 148o.
UQUER. Onde quer que. Doc.
das Bent. do Porto de 12 95.
USADAMAR. Appellido, ou al
cunho, que houve em Portugal, que X.
se dizia em Latim Usus maris; co
mo se vê na Chron. de S. Domin, por XLetra numeral, sempre valeo
Sousa. P. II. L. VII. c. 7. f. 169. Y. déz: e com huma linha atravessada
col. 1. valia 1od)ooo.
USAGEM. V. Custumagem. Ho X. Com hum til, ou plica entre
je se diz Usual o tributo, que se as pontas, e outras figuras, que se
costuma pagar das cousas comes pódem vêr V. Algarismo, tinha va
f1VC1S.
lor de 4o. (*)
USAVEL. Usual, cousa, que se X. Ligado com L., e fazendo re
usa. Doc. de 1 359. presentação de hum R., valia 4o.
USURPAR a braçados. Furtar Vid. L. R. & V. Algarismo.
desbragadamente, roubar sem al X. Na antiga Musica denotava
ma, nem consciencia.
mego do Sec. XV. Doc. de La Expectare
•
; fazendo pausa, ou es
pera no Canto.
UXI. Onde-se. He frequente no X. Por A: XX. por E: XXX.jpor
Sec. XIII., e XIV. Uxi ajuntavão as I.: e X. por O. Vid. L. A.
hostes, isto he, onde se ajuntavão X. Por S., ou Sc, muitas vezes
as milicias, ou gente de guerra. se acha em as nossas Escrituras, v.
VYUVIDADE. Viuvez, estado g. Xexus por Sexus , Xire por óci
de viuva. Boas obras , que delle re re, Xancio por Sancio, Xantificar por
Fff 11 San
(*) Nem sempre, que o X, tenha alguma risca, ou variedade do X ordinario (Tab. 2.
n. 7.) se ha de julgar cégamente como nota numeral de 4o ; mas tão sómente aquelle em
que se verificar nexo, ou ligatura de X, e L. Em huma Carta de Venda do antigo Mos
teiro de Villella de 1231 se acha o X, na fórma, que se vê Tab. 2. n. 7. f. 13., não me
nos que seis vezes: Pro precio quod de te accepimus XII, morabitinos... Sit maledictus, é
eXcomunicatus... Facta Carta in Castello de Ajuilar, XXIIII, dies Maii, in E. M. CC. 2X.
PIIII: Regnante ReX Sancio. Brachãr Archiepiscopo Dão Silvester. No L. Baio de Grijo a
. 76. se acha huma Doação feita pela Rainha D. Thereza E. M. C. 2X., e o X. he o da
Tab. 2. n. 7. f. 14. No Archivo de S. Simão da Junqueira se achão huma Doação, e hº=
ma Carta de Venda, ambas datadas deste modo E. M. CC. 2XX. Regnabat Rex S. E o X.
he o da f. 15., e 16. ih. No de Moreira se acha huma Carta de Venda datada desta fór
ma E. C. XXIIII, post milessima; tendo o X, a f. 17.ib. Dous Instrumentos de venda em
Caramos tem as seguintes da as : o I. E. M. CC. 2XP. Regnante S. Portug. Archiepºis S.
mense Maii. O II. E. M. CC. XVI. In Portugalia Rex Sancius, in Sede Brachara Stepha
} nus Archiepºis, mense 3ulii: ali se acha o X com a f. 18. ib. E de tudo se mostra, que
| nem qualquer variação do X. he sinal de valer 40 , pois dos exemplos allegados , e ou
1,
tros muitos que ailegar podiamos, se vê que o X. não vale, nem póde valer 46, menos
que allada a X, e L. Daqui se vê, que tão sómente vale 1o o X na fórma; que se acha
Tab. 2. n. 7.. até a f. 23., é tambem Tab. 1, n. 5., e outras semelhantes. E finalmente se
notc que só á falta de particular letra na Impressão , he que se introduzio o escrever
se X. por Ao; sendo esta figura propria de 1óbooo, e não do Digramma numeral de X.,
e L. E o Doc. que Brandão adduzio no L. VIII, da III. Parte na Monarch. Lusit. C. 26.
f. 5o. Y. col. 1. não prova coisa alguma ; pois no seu Original está deste modo : Anno
%girur 4h Incarnaione Dhi Mº Gº XLº VII º Christianissimus Portugalensium Rex, & c. Como
se vê hoje em S. Vicente de Fora; sendo a nota de 4o o X, que se acha Tab. 2. n.1.f.41.
412 X X
Santificar, Xantus por Sanctus, Xe no de 87o, a qual se conserva no
leradus por Sceleratus , Xi por Si, Mosteiro de Pendorada, antes das
ou Se ( que era mui frequente no palavras In Nomine Domininostrije
tempo d'ElRei D. Diniz) Ximeno su Christi, se vê o Monogramma,
por Simão, e outros. com o XPS. bem claros, Tab, 5. n. 1.
X. Triplicado valia trinta; e as Alli mesmo se guarda a Doação,
sim os nomes numeraes, que consta que Fromosindo Romariguiz fez a
vão de trinta se escrevião com trez seus filhos no de 1o62, na qual se não
XXX, pondo o resto do nome por vê In Nomine & c., nem outra Invo
extenso , v. g. XXXgessimo, XXX cação alguma de Christo, de Deos,
tairo &c. por Trintagessimo, trinta ou da Trindade; mas antes das pa
rio, & c. Deixo a S. Francisco de La lavras Fromorindo Romariguizi Pla
mego cinco libras pera hum XXXta citum , vel Cartula facio vobis filiis
rio. Doc. de Tarouca de 1 335. meis, & c., se acha a figura da Tab.
XP. por CHR. he frequentissimo 5. n. 2.
em os nossos antigos, quando es Na grande Doação , que o Rei
crevião Xpina por Christina , Xpo D. Garcia fez a D. Affonso Rami
vão por Christovão, Xpãos por Chris res no de Io7o, que igualmente se
tãos, Sanxpão por Sacristão, e par acha naquelle Mosteiro, e princi
ticularmente Xpo, ou Xps por Chris pia Sub Trino Imperio, & Omnipoten
to, ou Christus. Ou a ignorancia, ti Deo auxilio. Ego Garsia , Gratia
ou espirito de singularidade, e pa Dei Rex & c., se vê o sinal da Tab
recer erudito , forão os Authores 5. n. 3.
deste abuso. A verdade he, que os Em o Mosteiro de Arouca vemos
Gregos escrevem Christus em bre a Doação, que D. Cresconio, Bis
ve deste modo XP, porém a pri po de Coimbra, fez áquella Casa,
meira letra não he o X. de que usão e á de S. João de Pendorada, repar
os Latinos, he sim o seu Chi, ou tindo entre ambas a grossa heran
C. aspirado, que responde ao nos ça, que ficou por morte de seu ir
so Ch, e o P. he o seu Rho, que mão Gavino Froilaz no de Ioy4, co
vale pelo nosso R. Devemos pois meça: In Nomine Sanctae, & Indivi
lêr Christo , Christina , Christão, dua Trinitatis , Patris , & Filii,
& c., reconhecendo que o X, e o ó Spiritus Sancti ; precedendo-lhe
P. são Letras Gregas, e não Latinas. Christus , na fórma que se vê Tab.
Desde o nono até os fins do Sec. 5. n. 4.
XII. era frequente escrever a pala No de 1 1 33 doou o Infante D.
vra Christus com variedade de mo Afonso Henriques ao seu grande
nogrammas no rosto, e á cabeceira Privado D. João Viegas , todos os
das Escrituras, assim dos particu bens que forão de Aires Mendes,
lares, como dos Soberanos, e antes e Pedro Paes, o Carafe, naturaes de
de todas as outras palavras. Dare Viseu, e que aleivosamente se ha
mos alguns exemplos originaes des vião rebellado, entrando com os ini
te piedoso costume. migos do Infante na Villa de Cêa :
Na Doação, que Castimíro, e sua razão porque forão desnaturalisados.
mulher Asarilli fizerão ao Mosteiro A Carta está em Pendorada, come
de Santo André de Sozello no an ça: Sub Xpi Nomine, ó ejus miseri
CU?"
XA Y 413
cordia. Hec est Carta , quam jussi confunde a cada passo com o I., ou
Jacere. Ego Djius Yldefonsi , filius J. dando-lhe a mesma pronuncia,
Henrici, ó Tharagiae Reginae, filia v. g. Yldefonsus por Ildefonsus, Yoan
Gloriosissimi Yldefonsi Rex, Placuit me por Joanne, Kºpania por Ispania,
& e. o sinal, que lhe precede, he o C OUltrOS 1Íln UÍT1CraVC 1S.
da Tab. 5. n. 5. •
416 ZE ZE
reconheço, que não passa de tenta gado ao seu maior auge, jazem as
tiva o meu pensamento. Leis, dormem os Magistrados, e os
Mas quanto seria para desejar, que linguarazes cada vez se fazem mais
nós tornassemos a vêr as rigorosas orgulhosos, e insolentes; chegando
penas contra as más linguas, que co a pôr a sua boca no Ceo da honesti
mo chammas do Inferno, assim abra dade mais pura, e fazendo talvez ca
são as honras, e famas dos seus visi hir no vicio algumas almas fracas, a
nhos, sem que os aggressores mal quem a boa fama havia conservado
vados experimentem já mais a espa largo tempo na virtude. No Cod. Af.
da da Lei !.. Em todas as Naçoens L. I. Tit. 62. § 1.3. se diz : Haverá
foi abominavel, e punida a desen mais o Alcaide-Mór todalas coimas, que
freada lingua, que não perdoa áre os homeens da Alquaidaría poserem aar
putação honesta do seu proximo. molheres, que som useiras de braadar: e
Nos Paizes Baixos, Alemanha, Fran he de pena, por cada vez que a assy pose
ça , e outras partes, havia antiga rem, tres libras da moeda antiga. Ó
mente duas grandes pedras na casa tempos! ó costumes?... E ainda os
do Senado, que a mulher convencida infamadores perversos continuaráõ
de ter chamado a outra Puta, ou ou sem pena as desordens da sua ma
tra palavra deshonesta, era obrigada licia ?..
a levar ás costas de freguezia em fre ZEGULO. V. Zegoniar.
guezia, sem mais vestidos, que a ca ZEVRARIO. O mesmo que Ze
misa, e rodeada de grande multidão brario. Nas Demarcaçoens do grande
de gente. E a esta vergonhosa pena Couto do Mosteiro de Crestuma,
chamavão Lapides catenatos ferre, a que se extendia á margem direita, e
qual igualmente se applicava aos esquerda do Rio Douro, no de 922,
adulteros, porém com circunstancias se faz menção na Terra de Sousa do
ainda mais vergonhosas. Em Portu Monte Zevrario, isto he, Monte de
gal se castigou antigamente o crime vacas. L. Preto de Coimbra a f. 39.
da lingua com todo o rigor, como se ZEVRO. A. Boi, ou vaca, novi
disse V. Fodidincul, Hervoeira, e Va lho, ou vitella. No Foral de Lisboa
rancadas. Na Casa da Camera da Vil de 1 179 se lê: Dent de foro de vaca I.
la de Sanceriz, junto a Bragança, se denarium, Óº de zevro unum denarium.
vê ainda hoje hum freyo, com que se De coriis boum , vel zevrarum , vel
castigavão as mulheres bravas de cervorum dent medium morabitinum.
condição, e maldizentes, e mesmo L. dos Foraes Velhos.
todas as pessoas, cujo crime proce ZORAME. Assim chamão os
dia de palavras: elle tem lingua pa Mouros aos seus capotes, ou ca
ra a boca, argola para o queixo de pas brancas. Vem de Solhame, que
baixo, cambas, que lanção sobre o he o seu proprio nºme em Arabigo.
nariz, tudo de ferro: tem igualmen Quicumque acceperit alicui capam ,
te cabeçada com sobretésta para a zurame, pellem, aut aliquam vestem,
cabeça , com fivela que fecha para pectet ipsum duplum. Lei de D. Af
traz, e redeas com passador. Hoje fonso VI. na Monarch. Lus. T.IV. Es
porém que a maledicencia tem che crit. 27. V. Cerome.
Fim do Tomo II.
SUP
\,
A.
SUPPLEMENTO,
ADDICÇOENS, E CORRECGOENS
A O Iº, E II.º TO M O
DO E LUCI DARIO
D A S
A.
ADUR. O mesmo que Adur. A ue nem sempre com o nome de Aba
dur se poderá manter huum Rec engos. No de 114I doou a Pendorada
tor. D. da Univ. de 1438. Dordia Ramires metade de seus bens ,
AAGUADOIRO. O mesmo que Au e hum Mouro dos da sua criação , e
gadeiro. De nove feixes , ou aaguadoi ao seu Abbade uma mula insellata, et
ros de linho , hum no tendal. D. da infrenata , et una pellicea de corpore
Univ. de 14oC. meo, investita in tiraces. Ali mesmo
AAZADOR. Se dizia no genero mas se acha hum Doc, de 131I, pelo qual se
culino, e femenino aquelle , ou aquel faz huma Doaç. a D. Pere-Anes, per ra
la, que fomenta, ordena, dá occasião, zom tam solamente de sa pessoa, e nom
ou motivo para se fazer alguma cousa. per razom do abadengo, nem d'Abbade
E a Communa nom recebesse por ello pre de Sam fohane. E aqui bem claramen
juizo, quando nom fosse aazador, nem te se destinguem os dous respeitos, de
consentidor de a dita Lei ser quebram Confessor, e de Abbade daquelle Mos
rada. Cod. Alf. L. XI. T. 75. S. 4, e teiro; declarando-se que a nenhum del
T. 114.S.2. les a tal Doaç. se extendia. Entre os
ABADENGO. II. Legado pio, es mais legados, que João Affonso Barba
mola , agradecimento, ou reconhecen dão, homem bom , e morador na Villa
ca, que se dava em vida, ou deixava de Veiros , deixa no seu Testam. de
por morte ao Confessor, Padre Espiri 1432 , se acha este : Ao Prioll, meu
tual, ou Director, que antigamente se abade, dº abadengo des reis. D. da Gra
chamava Abbade. Differia do Abbada ça de Coimbra.
gio; pois este se dava, ou mais bem se Julgárão-se obrigados os nossos Ma
extorquia, só pela razão de Abbade iores a recompensar o trabalho, que os
de huma particular Igreja , ou Mos Confessores tinhão, e o tempo que gas
teiro. Até os fins do Sec. XV. ha Doc. tavão em purificar as suas consciencias:
sem numero das retribuiçoens, ou lega a pobreza, pouco fausto, e menos lu
dos, que aos ditos Abbades , ou Con xo, que então caracterizavão os Mi
fessores se derão, ou deixárão , ainda nistros da reconciliação, fazião ver com
A olhos
2 AB AB
ºlhos de piedade semelhante Disciplina, 14oo se diz: E 4; seja o dito tempº
que no Direito Natural, e Divino se freeguês da dita Eigreja de S. Pedro,
apoyava. V. Decimas. Com o tempo se e em ella vaa ouvir as Orar, e Mis
introduzio o abuso, fazendo-se obriga sas come freeguês áás festas principa
{ão o que principiára piedade. Come aes do anno, convem a saber: por dia
çou-se a chamar Manefesto, Meefesto, de Natal, e Pascoa, e de Pentecoste, e
e Menefèrto, a Confissão Sacramental, que da dita Eigreja receba os Ecclesi
e Manefestar, Meefestar, e Menefès articos Sacramentos. Em outro final
tar, o que hoje dizemos Confessar, e mente de 141o se contem: E outro s.sy,
ouvir de Confissão. O'ra estes Manefès ue os dictos veessem á dicta Eigreja de
tos forão depois seguidos de certas ga { Pedro, como fregueeses, e recebessem
jes, ou emolumentos, não tanto livres, os Sacramentos tres festas em cada hum
quanto obrigatorios. Daqui veio, que (277770.
não obstante no Conc. Lateran. de 1215. Por huma Bulla Pontificia do Sec. XIV.
se não impor obrigação rigorosa mais que na Cathedral da Guarda se conser
que de huma Confissão annual; entre va, nos consta, que sendo mui poucos
nós se ficou conservando, como de pre os Confessores para reconciliar todos os
ceito, a dita Confissão nas tres, ou qua Fieis no dia de Paschoa, em que devião
tro Festas principaes do anno , e na receber a Sagrada Communhão da mão
qual achavão os Confessores huma não do seu proprio Sacerdote ; se facultou
insignificante parte da sua subsistencia: para aquella Diocese o Commungar por
e isto ao mesmo tempo que a obriga toda a Quaresma , e satisfazer assim ao
ção da Missa nos Domingos, e Festas Can. Omnis utriusque sextir. Que ra
deguarda se não escrupulizava; pois de zão haveria logo para ainda assim se
muitos Doc., consta, que só de quinze propugnar como *# a Confis
em quinze dias, ou de tres em tres se são tres, ou quatro vezes no anno ? Não
manas devião os Parochos fazella dizer digo que fosse interesse temporal nos
em algums Póvos das suas Freguezias. Ecclesiasticos: persuado-me com tudo,
Por huma sua Provisão de 1297 au que sendo os emolumentos do Manefès
toriza D. Vasco, Bispo de Lamego , o to parte da sua Congrua, elles pugna
Contrato entre o Reitor de S. Martinho vão pelos Usos da sua Igreja. Augmen
da Espiunca , e o Mosteiro de Pendo tando-se porém com o tempo, e á som
rada, convem a saber: Que o dito An bra da paz, o grosso dos Dizimos , e
dré fohaner en sa vida diga , ou faça reconhecendo-se que os Dons de Deos,
dizer Missa no dito lugar de Cornhas de que de graça se recebêrão , de graça
tres em tres Domingos, e que lhys déhy mesmo se devião repartir ; desaparece
o manefèrto, e a Comuniom ; salvo áás rão os salarios, e pagar das Confis
festas principaes , em que os ditor bo soens, que talvez fóra deste Reino ain
meens devem hir aa dita Eygreia a ou da de todo se não abolírão : verdade
vir as Mirras, e a manefestar, e a co he, que só pelo titulo do trabalho , e
mungar. D. de Pend. E no de 1223 o não por administrar os Sacramentos »
Vigario Geral de D. Rodrigo, Bispo da se recebem. Entre nós com tudo parece
mesma Cidade , mandou dar posse da serem réstos do antigo costume, assim
dita Igreja a João Martins, que confir as Reconhecenças, como tambem os 4
mára em Vigario perpetuo, com trinta folares, que na Quaresma, ou na Pas
/ivrar, e tres moyos de pam e de vinho choa se praticão. E deste modo se pro
meados, e no que ouver, e aver poder curou exterminar ainda as mais leves
de seus menefèrtor. Ibidem. V. Clerigo sombras de Symonía; substituindo es
PT. Em hum Doc. da Collegiada de S. tes agradecimentos livres, que hoje se
Pedro de Coimbra de 1391. lêmos o se usão , os benérses , que pelas Confis
guinte: E pagardes mais a dizema de soens antiguamente se cobravão. Neste
guado, e linho, e legumes, e aves , e sentido se deve entender o que se diz
receberder os Sacrameutos quatro fer V. Confissoens, e V. Clerigo VI.
*as do anno em S. Pedro. Em outro de ABÃIXAR á Fé. Humilhar, abater,
{T2 -
AB AC ;
tratar com desprezo, e mesmo com indifº e Azequia. Em D. de S. Christovão de
ferença a Religião de JESU Christo, im Coimbra de 1456 se diz: Cem reis bran
pugnalla, mostrando com palavras, ou cos que lhe emprestei pera huma acequa.
acçoens que se nega, insulta, ou desa ACERTAMENTO. Verdade, certe
prova. Se alguns Clerigos quiserem abai za, exclusão de toda a falsidade, enga
xar a Fee dos Christãos, e disserem no, ou mentira. Se o podes reis saber per
mal della : estes devem ser penados por acertamento. Cod. Alf. L. I. Tit. 71. c.
ElRey, Cod. Alf. L. I. T. 15. S. 42. 2o. S. I3.
ABARITA?M. Entre as horríveis ACERTAR-SE. Succeder achar-se,
maldiçoens, de que os Antigos fizerão vir, estar. Enviou logo ao Princepe An
uso, tinha lugar distincto a de ser al tam de Faria, que a esse tempo hy se
guem tragado vivo pela terra , e sepul acertou. Chon. de D. Af. V. c. 1o2.
tado nos Infernos, como forão Datán, ACHAADA. Planície , escampado,
e Abirón. Em dous Doc. da Univ. de ou terra baixa, e plana. Poderião morar
I392 se acha ser abaritám no sentido até cem pessoas em tres Povoracoens, as
de ser semelhante na desgraça áquelles { eram na achaada da serra. Chr.
dous infelices: no I. se diz: Seja con o C. D. Pedro.
Justro, e abaritám, e no 2.: Aja a mal ACHACER. O mesmo que Acaecer.
di com de Deos, e a nossa, que nonca lhi O qual casal ma achaceu de meu padre.
canse, e seja confuso, e abaritám. D. de Bostello de 13o4.
ABOCAR. Tomar a boca de huma ACONOCIMENTO. Reconhecimen
rua, praça, enseada , porta, embocar, to, reconhecença do Emphiteuta para
entrar por ella, e tambem desembocar, com o Direito Senhorio. Ajamos ende
vir ter, ou dar em algum determinado huum capom cada ano de aconocimento.
sitio. Abocando huma rua larga. - Tan D. de Bostello de 1307.
to que abocasse as portas. -- Vinhão as ACONTHIOSO. O que deve ter de
principaes ruas abocar naquella ponte. terminada contía de bens para poder go
He de Barros. zar de algum Privilegio, ou servir al
A BOLAR. II. Dizia-se da móssa, ou gum Oficio, Cargo, ou Ministerio. Que
contusão , que hum corpo solido faz vos dem fiadores aconthiosos, e abona
n'outro, deixando-o amassado, pisado, dos. Cod. Alf. L. II. Tit. 77. § 4.
torcido, desfigurado. Ainda vulgarmen ACORRO. V. Accorrimento. Não
te se diz : Tem a cabeça n’hum bolo, do devem os Cavalleiros empenhar o cava
que nella recebeo graves contusoens, lo , e as armas por grande coita que
e pancadas. •
houvessem, ainda que nenhum outro a
; Rompe, córta, desfaz, abóla, e talha. corro nom podes sem haver. Cod. Alf. L.
Cam. Cant. 3. Est. 51. I. T. 63. S. 28.
AGAAGADOR. O que açacalava , ACTA. Os Autos de huma causa, ou
| polía, dava córte, e afiava todo o ge letigio, tudo o que de parte a parte se
nero de ferramentas, e armas. fobam tem escrito, dito, e ajuntado. Que lhi
Lourenço a caagador, Afonso Esteves dava acta, e todo o feito, e o proces
cuiteleiro, moradores na Cidade do Por so por apostolos. D. do Salvador de Co
lo. D. da Univ. de I425. imbra de 1315. S. Acordão, resolução,
ACEITAMENTO. Rêto, duello, assento, postura. Deste acordo de Lis
desafio. No Cod. Alf. L. IV. Tit. 58. §. boa perou muito ao Conde , e em rece
* 3. se determina, que nenhuns não sejão bendo a acta da Cidade, non pôde difri
presos por querellas, nem denunciaço mular ho desprazer. Chr. de D. Af. V.
ens, nem enformaçoens, que delles fos C. 2O.
si, e não longe do povoado, que natu .fine % posito, et tabula. Foral de
ral, ou artificialmente se rega, e que Coimbra de I I I I. pelo Senhor Conde D
não só he apto para dar frutas, e hor Henrique, segundo se acha no Archivo
taliças, mas tambem linho, milho, e daquella Cathedral, e sem os grandes
toda a casta de frutos. Em hum D. de S. erros da Copia de Brandão na Mon. Lur
Christovão de Coimbra de 1317. se diz: P. III. Escrit. II. f. 387.
E devedes a almoynha em cada huum an ALQUIAR. Alquilar, alugar, dar de
no bem lavrar, e fruytevigar, e ster renda qualquer cousa movel, semoven
car, e chantar de bomas arvores hu mes te, ou immovel. Adubassem as ditas ca
ter fezer, e devedes a nír dar em cada sas, e as alquiassem, e os dinheiros do
huum desres dez annos vinte e tres li alquier, &c. D. de S. Christovão de Co
bras de dinheiros Portuguezes, e a de imbra de 138o.
zima do fruyto, que Deus em ela der.— ALQUIER. Aluguel. V. Alquiar.
E que estando medindo seu milho na dita ALROTAR. Hoje se toma por insul
almoinha, e tendo já apartado a dizi tar, ou escarnecer de alguem; por ja
ma do dito milho, a qual extima a hu étar-se, e presumir de si, assoalhando
um moyo, D. de S. Thiago da mesma Ci com vanglória as suas obras, virtudes,
dade de 1349. E finalmente, entre os Doc. e talentos: antigamente significou tam
da Collegiada sobredita de S. Christo bem, dar grandes vozes de piedade, e
vão se acha hum Escambo, que ella fez compaixão, pedindo esmola com clamo
com os Frades Menores de certas terrar res, e alaridos, ou ainda cantando ao
nas almuinhas além da ponte , ex vo som de varios instrumentos. Mandamos,
luntate, et mandato D. T., Colimbri que assim homens, como molheres, que
ensis Elečii. An. de 124o. Estavão estas andarem alrotando, e pedindo, nom usam
Almuinhas nas margens do Mondego, do dº outro mester, rejão catados (pre
para onde os ditos Padres mudárão o seu sos) pelas justiças de cada hum lugar.
Convento, que primeiro tiverão em S. Cod. Alf. L. IV. Tit. 81.S. 9. Deste mo
Antonio dos Olivaes. do he que as nossas Leis se armárão sem
ALQUEIRE de mão posta. Este era pre contra os ociosos, e vagabundos,
o alqueire medido entre o acugulado que inimigos do trabalho se propoem
(que se dizia Alqueire sem braço posto, viver á custa alhea, ensaiando-se talvêz
e sem taboa) e o arrasado que se cha na escola do pedir, para depois fazerem
mava Abraçado; porque com o braço, maioresd*# na arte de furtar.
ou rasão se aplanava. Mas quando tão Nas Cortes d'Evora determinou El
sómente se lhe punha a mão, nem raso Rei D. João I. , a requerimento dos Pó
ficava, nem acugulado. V. Alqueire de vos, que aquelles que não tem oficio,
braço curvado. Tres quarteiros de orgio nem vivem com Senhores, e se presume
abraçados , et atceigados, et ipsos ne vivem de mal fazer , sejão presos até
tos dent nobir panem mampostum , et que tomem oficio, ou amo, e não que
ateigadu. D. de Arnoia de 1267.—Tres rendo continuar esta vida, sejão publi
quarteiros de pam segunda com maaom camente açoutados. Ib. Tit. 34, § 1.
8 AL AN
ALVIDRADORES. Assim forão cha dos Bérteiros do Conto (isto he, do nu4
mados, e tambem l'aliadores, Avalia mero, que em cada Cidade, Terra, Vil
dores, ou Estimadores os que hoje di la, ou Concelho havia de haver) e tam
zemos Louvados do Concelho. A estes bem os Galioter, ou homens do mar. Os
nada pertence de Direito, mas sim, e tão primeiros não devião ser Lavradores,
sómente o que he de feito; á diferença mas sómente Céeiros de mesteres, que
dos Juizes Alvidros (Arbitros) que co erão oficiaes mecanicos, e casados. Os
nhecem assim do feito, como do Direi segundos devião ser tirados das Vinte
to. As avaliaçoens, ou estimaçoens dos nas do mar, que erão companhas de 2o
A/vidradores se chamárão Alvidramen homens, cujo capataz se chamava Vin
tor: a acção de avaliar Alvidrar: O seu taneiro, por governar sobre 2o: destes
juizo, arbitrio, e parecer Alvídro. Cod. se devião tirar os que servião nas Reaes
Alf. L. III. Tit. II4. Dos juizes Alvi Armadas. Não havendo Mesteiraaer, se
dros se trata no Tit. I 13. tb. Dos Alvi podião fazer Bérteiros do numero os que
dradores ainda na Ord. L. III. Tit. 12. não tinhão mester, sendo mancebos, e
ALVIDROSO. A. Arbitrario, a jui capazes ; com tanto que tenhão casas
zo de Varão prudente. Ainda que aja per mantheudas, com suas molheres, e man
que correga, e pague as custas, de-lhe cebas theudar, e nom sejam lavradores.
de mais huma pena alvidrosa, qual vir Os Bérteiros do Conto devião ter béstas
que merece. Cod. Alf. L.V. Tit. 3o.$ 11. fortes, e que se não armassem se não com
AMERCEAMENTO. Commutação folga, e com pollé, para com ellas arma
da pena corporal. V. Amerecar-se. Ha rem maior bésta, e mais folguadamen
verá mais (o Marichal) todos os amer te. Tinhão estes Bérteiros seus Privile
ceamentos da horte, a saber, todo aquel gios, e Isençoens; mas para lhes serem
/o que Nós per via de graça, e mercee guardados, devião elles manter em suas
mandar-mos pagara alguum per mal que casas certo numero de aguias, e dar as
haja feito, perdoando-lhe a pena, que mãos dellas aunualmente ao Almoxarife
principalmente merecia. Cod. Alf. L. I. d'ElRei, ou ás suas Justiças no mez de
Tit. 53. S. 3. Maio, ou pelo S. João. Cod. Alf. L. I.
AMO. OS. — Antigameute chamavão Tit. 68. per tot. E note-se a lembrança
os Fidalgos seus Amos áquelles, que lhes das aguias domesticas, a beneficio da
tinhão criado os filhos. Cod. Alf. L. III. lavoura; pois consumião, e extermina
Tit. 117. § 2. vão as aves daninhas, os ratos, e inse
AMOORAR, e Amorar. — Retirar, étos, que tanto ditrimento causão aos
apartar, encobrir, sonegar. Nem devedes frutos, e searas. Introduzido depois o
amoorar, nem frutar nenhua coussa do uso das espingardas, e clavinas, esque
que ouver nos herdamentos , atá que o cerão-se as aguias, e forão obrigados os
nosso Prioste nom parta com vosco. D. póvos a presentar nas respectivas Cama
de S. Pedro de Coimbra do Sec. XIV. ras hum certo numero de cabeças de par
Escondem, e amoram os bens movees de daes, ou ratos; mas tambem esta dili
guisa, que renam pode em elles fazer gencia se acha quasi abandonada, resga
execuçam. Cod. Alf. L. III. Tit. Io6.S. tando-se com huma pequena multa ne
I. V. Amorado, e Amorar. gligencia tão fatal para a conservação,
AMORETE. Certo panno. O meu co e augmento daquellas producçoens, que
rame dº amor ete, e o meu forame do mar tem o lugar primeiro nos usos da vida,
vila Fernando, conlaço de D. Durdia. e riquezas do Estado. V. Couteiro, Man
Doc. de Pend. de 1294. gra, Sacarías, e Sesmariar.
AMURUJAR. Cobrir d'agua, limar ANDADORI’A, ou Andoria. Minis
o predio , o campo. Agua do rio pera terio, ou serviço de Andador, a quem
amurujar seus campos.D. da Vniv. de pertencia a leva, e guarda dos presos.
1465. V. Andador.
ANADARI’A. — Cargo, oficio, ou ANDAIEM. Casa de hum só andar.
Ministerio do Anadel Môr. Da sua ins Fazemos Prazo de huma andaiem deste
pecção era o alistamento, e apuração Mosteiro (de Pedroso) e que a *#
ef •
AN AN 9
desper vossas pessoas, e non per outras. Instrumentos se deu tambem o nome de
D. da Univ. de 1423. Privilegio, ou Placito. Siva isto de cor
ANDAR em Paço. Estar, ou andar na recção ao que se disse. V. Annicio. No
Sala livre, que antigamente se chamava de Io78, reivindicou Vistrario, Bispo de
Casa da adova, # nella andavão Lugo, para a sua Igreja varias herda
os presos por culpas leves com grilhº des, que os Condes Vela Ovekiz, e Ro
ens, ou algemas, á diferença dos que drigo Ovekiz lhe tinhão usurpado: foi
tinhão grandes crimes, que eráo postos isto em Juizo contradictorio ; e depois
nas enxovias, e ligados a cepos, ou ca de hum largo exame dos respectivos Ti
dêas de ferro. Perõ se o preso quiser pa tulos, os Condes reconhecérão a Justi
afo , ou andar em ferros pela casa da ça do Bispo, e a confirmárão, e promet
prirom, que antigamente se chamou, an terão estar pela Sentença d'ElRei D.
dar em paaço, sem jazer aprisoado na Affonso VI., a qual principia: Dubium
cada, &c. — Se o preso for aconthiado quidem non est &c.; e a sua Epigrafe
em Cavallo, ou Vassallo, ou Mestre de he: Privilegium, seu Placitum Annun
Náao de Castello d'avante... e quiser ciacionis. { Sagr. Tom. 4o. f. 417.
paafo , que se agora chama, casa da ANRRIQUES, Moeda de Castella,
adova, sem jazer mais aprisoado na de que veio muita a Portugal: ao prin
cadéa , e o seu feito for tão leve, &c. cipio erão de receber: depois os falsifi
Cod, Alf. L. I. T. 33. in pr. e T. #### cárão , e por isso derão occasião a se
ANNO máo. Foi este anno o de fazer particular Regimento no de 1471
1124. Da terrivel fome, e peste que nel sobre os seus quilates, e modo com que
le se experimentou em Portugal, do in havião de entrar na arca do Cainbo, L.
calculavel numero de # , que }Yer. do Sr. D. Afonso V. n. Io. Em o
estinguio, e do excessivo preço a que n. 12. se declara, que os Primeiros Henr
chegarão os generos da primeira neces riques forão mandados correr neste Rei
sidade, tratão os nossos Historiadores, no a 34o reis: e os segundos erão de tão
e Chronicoens. Este calamitoso anno baixa liga, que, segundo o seu valor in
chamado máo por antonomasia, servio trinseco, nem 2oo réis devião valer.
de época a muitos Documentos. Em hu ANUGAR. Renunciar todo e qual
ma Carta de Venda de Pend. de 1 125 se quer Direito, que alguem tenha, ou pos
lê: Irta Carta fuit facta uno anno post sa ter. Martim Pirez, Cavalleiro de Lo
annum malum. brígos, deu a Maria Pirez sua mulher,
ANNOS. O Agnus Dei da Missa. huma herdade em Villa Marím por com
Huum Livro Santal de oficiar as Mis pra do seu corpo. E ella por esta Doa
ras, com Glorias, e Kirior, e annos.D. ção diz: Anuiço a vós, Martim Pirez
de S. Pedro de Coimbra de 1414. meu marido, a Carta de meyedade, que
ANNUNCIÃO. Até o Sec. XIV. se entre mim e vós á, que nunca possa va
achão entre nós muitos Instrumentos de ler a nenhum tempo em jhoyzo, nem fó
Annuncião, Annunciação, Nucião, 4 ra de jhoyzo. E outro ri, anufo ás Car
nição, Óºc, que não parecem ser cada tas, que eu ei do casal da Torre... E
# delles huma simples Noticia; mas eu Martim Pirez fobredito, outro ria
antes hum Reconhecimento solemne da muço essa Carta de meyedade. D. de
Justiça, e Direito, que assiste á Parte Arnoia de 1287.V. Nucion.
opposta, e Aceitação da Sentença pro ANORMOLO. A. O que tem irre
ferida : ou mais bem Renunciação au gularidade, exhorbíta, e discrépa da
zhentica de toda , e qualquer acção, natureza, e qualidades das outras cou
que o vencido podesse ter na cousa d' sas; o que não segue a regra commum,
antes litigiosa, e agora judicial, ou determinada, e certa: quasi fine rega
amigavelmente decidida, perante o Se la, seu a regula deflectens. Hoje dize
nhor da terra, e os Homens-boms; exa mos Anomalo, e Anomalía. Cod. Alf.
minados os Titulos , Noticias, Testa L. III. Tit. 56.
mentos &c, que as Partes adduzião abe ANO'VEAS. Nove vezes outro tan
neficio da causa. V. Verdade. A estes to. Nas Cortes de Santarem mandou El
B Rei
IO AN AP
Rei D. Affonso IV. ue do I.º furto se de Coimbra de 14oI. V. Divído.
possão livrar por Anóveas os que forem APOIMENTO. Posição , acção de
Zirinhos , ou naturaes do lugar , cujo por alguma cousa, postura. E porque se
Foral lhes conceda este Privilegio : E elo nom aviamos, o apoimento do reelo do
que aquelle que houver de ser anoveado, ditto Abbade outorgamos. D. de Bostel
o seja por este modo: Que o levem ao lo de 13o8.
pee da forca com o baraço na garganta, APORTALECER. O mesmo que
e com as maños atadas de traz, e ali Portalecer. Ainda elles bem nom porta
pague, e entregue todalas nóveas, e o leciam, quando os Mouros endereçarom
dobro ao Senhor da cousa, e a Setena ao a eller. Chr. do C. D. Pedro L. II. c. 28.
Senhorío; e se o assi logo nom fezer, en APORTELLADO. Oficial do Con
forquem-no. Estas Anóveas erão para El celho, e da Justiça abaixo do Juiz. No
Rei. E para isto milhor reer guarda de 1314. mandou com graves penas El
do , e se nom fazer by outro engano, Rei D. Diniz, que nenhum contrato se
nem escondimento: Temi ElRei por bem, fizesse, e firmasse por juramento, ou á
que estas nóveas nom sejam rendadas boa fé; por quanto os que a ella falta
daqui em diante, e que as ajam de veer, vão erão infames, e não podião ser Con
e tirar os seus Almiuxarifes. Cod. Alf. selheiros dº algum Rei, nem de nenhuum
L. IV. Tit. 65. V. Nóvea. outro Commum, nem podiam ser juizes,
ANTREPOIMENTO. Interposição, nem Aportellados, nem podiam aver ne
tempo ; ou cousa que se mette de pre nhuma honra, nem algum Officio de jus
meio. Continuadamente teverom guerra, tiça. E assim manda que se cumpra. Cod.
sem nenhum antrepoimento de paz. Chr. Alf. L. IV. Tit. 6. N. 1. e no L. V. Tit.
do C de D. Pedro de Meneses. L. I. c.76. 13. (qnehe : Do que casa escondidamen
APARTAMENTO.—Cêrca, muro, te com mulher virgem , ou viuva, que
fortaleza, torres, castellos, e quaesquer está em poder de seu Pai, ou Mái, Avô,
outras obras de fortificação, e architec ou Tutor sem sua vontade ) se poem a
tura militar. Ardendo esta Cidade ( de Lei de D. Affonso IV. que no § 2. orde
Lisboa) a fogº de sua gram tribulaçam, na, que os que assim casam fiquem en
na forfa da sua maior quentura (que famados pera sempre , de guisa, que
era aficamento de # cerco, e ro nom possam aver honra, nem reer apor
frença de muita fame) o apagou Deos; tellados nos lugares hu_viverem, e a
porque seu apartamento nam prestava çoutem-nos per toda a Villa , onde esto
coura alguma que fazer podes reis con acontecer, e ponham-nos fóra della pe
tra o poderío d'ElRei de Castella. Lopes ra sempre. E se forem Fidalgor, sejam
Chr. P.I. c. 151. defamador, e nom aportellados pera tem
APARTAR dos bens, ou da herança. pre, e deitados fóra da terra. Em Doc.
Esta era huma frase Testamentaria, que de Lugo de 1295, e 1312. se toma Apor
entre nós se acha até os fins do Sec. XV. tellado no mesmo sentido. Hesp. Sagr.
Por ella declarava o Testador ser a sua Tom. 41. f. 387.
ultima vontade, que os seus parentes, e APOSTO. Ornado, limpo, aceiado,
adherentes (não sendo herdeiros força grave, decente. E deitalo no mais apºs
dos) não tivessem a mais leve parte nos lo leito, que poderem haver. Cod. Alf.
bens que deixava, e contra o que no seu L. I. Tit. 63. S. 2o. V. Aportado.
Testamento expressamente dizia. Huns ARADOIRO.— Assim se chamou o
os apartavão v. g. com hum arratel de li arado. Duas enxadas, dous aradoiros.
nho, ou de laã; outros com hum puca D. de Pend. de 1326.
ro de agua, outros com hum soldo,&c. ARAL. —Unum medium de uno aral,
Porém o commum era despedillos com cum sua casa, ó cum vinea, Óº cum
sinco soldos a cada hum. V. Avendar. E sua aqua. D. de Paço de Sousa de 1116.
que apartava todolos seus parentes, e ARCA. V. Mamôa.
parentar, que avia, que a seus bens ARCA da Piedade. A caixa , ou co
quissessem entrar, com cynco cynco sol fre onde se recolhia o dinheiro aplicado
dos a cada huum. D. de S. Christovão para a redempção dos captivos. L.V."# •
Cº
AR. AR I I
mais pobres, que acostumados ás suas Porém nada disto erão os Budeis, que
codeas, lhe não fazião má cara. Os Se entre nós havia no Sec. XIII. Em huma
nhoríos porém, como mais delicados, Sentença de 129o se lê: Intorrogatus:
admittião só o miolo deste pão, despi Si Budelles, et Parrochiani presenta
do já da rija, e amargosa côdea. D' bant tamquam Parrochiani , vel tam
entrada hua leitôa, huma boroa scaro quam Haeredes? Respondit : Se mercire.
lada, e cabaça de boo vinho. D. de Paço Milites , Budeller, et Parrochiani bus
de Sousa de 1417 cabant Clericum , et veniebant cum eo
BRACELLOENS. Armadura , com ad Sanóiam Crucem. D. da Univ. Não
que se guarnecião os braços. Huuns coi erão logo os Budeir, propriamente fal
acoees , e canelleirar, e huuns bracello lando, nem os Fidalgos, ou Grandes da
ens , e huum morrequill, e hua ocha, terra, nem simplesmente os freguezes
e huma sextuma, e mais dous terços de da Parochia: erão sim os Herdeiros, ou
Huum tendilhom, com seus garnimentos. Naturaes , a quem pertencia o serem
D. de Bostello de 1418. Defensores dos # , e Testamentor da
BRAGAL.—O bragal constava de 8 Igreja , em que ordinariamente tinhão
varas pela medida antiga; mas pela noseus Casamentos, ou raçoens. V. Casa
mento, e Defensor. Em outra Sentença
va erão 7 varas. Dous bragaais, em que
montam XIV. varas per nova. D. de Pa de 1217.ib. se faz menção de fo㺠Pe
ço de Sousa de 1419. dro Budel, Prelado de Santa Maria de
BRAGEL. O mesmo que Bragal. E Lamas, junto ao rio Vouga: mas quem
hum bragel, e meo, que som X. varas, nos dirá, se Budel aqui he agnome da
e mea. Ih.., e no mesmo anno. uelle Abbade, ou se he o mesmo que
BRANCO. V. Preto. }#: , e Natural daquella Igreja ? -
BRENSEDA. Multidão de brenhas, BUFAM. ens. V. Refiam.
silvados, matagaes, brejos, paúis. An
dárão quanto poderão, mas a grande ar C.
pereza da terra, e a brenseda da noite * * •
( 1. e que naquella noite passárão) não
consentio , que chegarrem, se não par C
ABDEL, LES. He o que hoje dize
te do dia parsado. Chr. do Conde D. mos Almirante. Quando antigamente os
Pedro L. I. c. 37. { Reis, e os Imperadores fazião guerra
BUDEL. Não duvidamos, que os por mar, e armavão náos poinham Cab
Bedeir das Univertidades herdassem o delles sobre ellas, a que chamam em es
nome dos antigos Budeis das Igrejas; te tempo Almirante, o qual he assy cha
mas parece que os seus ministerios, se mado, porque elle he, e deve seer Cabdel,
não em tudo, em huma grande parte se ou guiador de todos aquelles que vaam em
diferençavão. Em hum Regulamento de galles, ou navios por fazerem guerra
D. Toribio Arcepispo de Lima, que se sobre mar, e bam tam grande poder em
acha no Tom. IV, dos Conc. de Hesp. p. na frota, como se ElRei bi presente fos
667, se diz: In antecessum ibit bedel se. A estes Cabdeis punha ElRei hum
lus, post hunc sacrista cum thuribulo, anel na mão direita , em sinal da hon
et post eum acoluthi cum candelabrir. ra, que lhe fazia; e huma espada núa na
Aqui bem claramente se toma Bedel pe mesma mão, em sinal do poder *#*
- C
18 CA | CA
lhe dava: e na esquerda huma bandeira unças, e foragens. V. Capdal. No de
com as armas de Portugal, para sinal do 12o7 doou ElRei D. Sancho I. a D. Mar
seu Almirantado. Devia ser descenden tinho Sanches, e a sua Irmãa D. Urraca
te por linha direita de Mice Manuel Pe Sanches (os quaes houvera de D. Maria
çanha (outros Doc. dizem Pacanho) pri Aires) as herdades de Villa Nova das
meiro Almirante nestes Reinos, e só fal Infantes, e de Golaens de juro, e her
tando desta se podia fazer de outra. dade. Elles as venderão ao Mosteiro de
Cod. Alf. L. I. Tit. 54. Santo Thyrso: o Irmão no de 1226 por
CABEGA da mata. O que morava, 3d)oco maravidís: e a Irmãa no de 1242
e tinha o seu Casal, ou vivenda dentro por 2d)5Comaravidís; incluidas tambem
de alguma mata, ou lugar coutado, e as Igrejas , do que tudo teria ella , e
defeso. Este podia trazer os seus porcos possuiría em sua vida solummodo cabe
na tal coutada nos mezes de Outubro, dal panis, et vini, e o Mosteiro pos
Novembro, e Dezembro. L. Verm. d'El suiría direóiurar omner. D. do mesmo
Rei D. Aff. V. n. 39. Mosteiro. Em outro de S. João de Al
CABEGAL. O que tinha obrigação medina de 1236 apparece Decima capi
de responder ao Direito Senhorío por talium : o mesmo se lê em outro de S.
todos os direitos, e foros do Casal, que Pedro de 13o3, ambos na Cidade de Co
andava repartido por muitos, ou alguns, imbra. Dedes a nós por pam, e por vinho
dos quaes cobrava a respectiva porção. % moyos, e freer pela teyga de
F. Casal encabeçado. No de 1265 fez artim Gonçalvez : e o Cabedal reer
assar ElRei D. Affonso III. huma ce terzo de centeo, e d'orgo, e as duas
# Carta para o seu Tabalião, e Por {" de mylo, feitos em celeyro. D. das
teiro do Julgado de Viseu; ordenando ent, do Porto de 1329. Nos Doc. de
lhes, que tomassem para a Coroa todas Pend. do Sec. XV. se achão com frequen
as herdades foreiras, ou Regalenguei cia Cabedal, e Cabedaes neste mesmo
ras, que achassem terem vendido, da sentido, v. g. Quando se pagam os cabe
do, ou deixado por testamento os ho daes do pam, e do vinho. — Dardes ao
mens do dito Julgado a taes pessoas, Moesteiro de cabedal tres moyos, e tres
que não pagassem direitamente os fo quarteiros de segunda feitor, e tres ta
ros, e direitos dessas herdades , e as ligas de trigo. —Ao tempo que se pa
fizessem tornar ás Cabeças dos caraes, gam os cabedaes de pam, e vinho, XI.
e não permittissem mais, que isto se fi alqueires de pam terçado, e de vinho
zesse: e que os compradores tornassem nove almuder.
a receber o seu dinheiro, que por ellas CABEDELEIRO. O que tinha rece
derão, e não mais; e se o não quizes bido, e estava devendo bens, fructos,
sem receber, lhas tomassem, e dessem dinheiro , ou cabedaes alheios. Mandou
a povoar a taes homens, que lhe pagas ElRei D.Diniz que se algum devesse pão,
sem bem os seus foros. E depois de ou vinho, azeite, ou dinheiro de empresti
tras cousas, manda que os Irmãos da mo, ou cabedal, se tal devedor, ou ca
quelles, que tem os seus casaes povoa bedeleiro nom pagar a divida, ou cabe
dos, não tenhão quinhão nelles, ri non dal ao tempo que prometeo de pagar, e
dederint Cabeçalen, qui serviat totum por isso for chamado a Juizo, e andar
casale. D. da T. do f{ com burla , ou inlizamento, esconden
CABECEIRA. Primeiro motor, Che do os seus bens; seja preso até que pa
fe, Capitão, a quem os outros seguem. gue. ElRei D. Afonso V. estendeo esta
Povo, e gente meuda, que sem cabecei Lei ainda mais contra os Burlooens, e
rar mom teriam forçar. Chron. de D. Inlizadores, que vendem, ou empenhão
Aff.V. c. 1o. Fazer cabeceira em alguem, a mesma cousa a mais de hum, não che
ôr nelle a sua confiança. gando para satisfazer a todos : manda
CABEDAL. AES. O grosso dos Dizi que sejão presos, e paguem da cadêa to
mos, foros, ou pensoens, v. g. pão, vi das as perdas, e danos, e dali partão lo
nho, azeite &c. ficando o nome de Di go para o degrêdo. Cod. Alf. L.IV.T.89.
reituras para tudo o mais que erão mi CABIDUAL , e Cabidoal. "#"
C/Z/7f
CA f CA 19
cabidual, estrada larga, caminho de car CALUMPNIA. — No fim do S. se
ro, principal, corrente. Qualquer que acha: (e isto em attenção ao Infante,
achado for dentro da dita coutada, fó filho do Rei de Leão, contratado para
ra dos caminhos cabiduaes com beesta , casar com a Rainha D. Thereza , a
e almazem : queremos que perca a dita qual elles tinhão criado desde menina).
beesta, com todalas cousas que assy com Lea-se: (e isto em attenção ao Infante
ella trouverem, e a ella pertencerem ; D. Fernando , filho de D. Affonso IX,
salvo se trouver virotes cabeçudos, e Rei de Leão, e da Santa Rainha D. The
nam outro almazem; com tanto que o lu reza, a qual elles tinhão criado desde
gar nom seja coutado de coelhor; f%"| menina: et pro Infante, filio Regis Le
se suppoem , que só por desenfado leva gionis , et Reginae Domnae Tarasiae,
va a dita beesta. L. Verm. do Senhor quam ab infantia nutrivirtis, segundo
D. Affonso V. n. 39. o D. Orig. que em Viseu se guarda) de
CABO, adv. O mesmo que Cabe. A clara o Rei &c.
outra cuba que sya cabe della. D. de CALLANDAIRO. V. Kalendario.
Santo Thyrso de 1415. CAMARA Garrada, ou sarrada. —
CAGOARIA. Parece ser todo, e qual V. Porta carrada. •
zo da verdade
Univ. de 146o.nom- devem valer. D. da
•
CANTADORIAS. V. Chantadorías.
* *
*• •
***
•
… Ipsam haereditatem, rcilicet, cantadu
C ii rías
2O CA – CA
rías in vinear, in pereiras, figeiras, pos. Daqui se disse Careáva, ou Car
maceeiras ; mogeiras , castineirus. D. cova , o fosso, valla, ou cova, nomes
de Santo Thyrso de 1233. •
frequentes nas Inq Reaes, e outros Do
CANTEIRO. V. Gallinha de cantei cumentos. Em hum de Lugo de 1263 se
ro. Quando se não pagava a gallinha, pa diz: Debent tbi facere carcovas adre
gava-se esta Direitura, ou foragem a di movendas aquas nocivas baereditatibus.
nheiro. Vinte soldos de canteiro, e xx. }'. Carcóva.
de linho. D de Paço de Sousa de 1419. CARDEO. A. De côr rouxa.V. Cober
CANTICO grão. Os XV. Psalmos tal.
Graduaes, que pela razão sabida se dis CARISTIOSO. De grande falta, pe
serão Canticum graduum. Santo Rei era nuria, carestía. Os annor foram muito
David, e pedia que o livrasse das lin caristiosos D. da Univ. de 1441.
guas mordazes , como se escreve ao I. CAATA dº Alforría. V. Carta de in
Psalmo do Cantico gráo Chron. do C. genuidade. Ainda que a Lei do Reino
D. Duarte de Meneses. c. 1. prohibia forrar servo Mouro, a não vir
CAPEIRETE. Pequena capa. Este o resgate de fóra do Reino: ElRei D.
meu tabardo,e o capeirete. D. de S.Thia Affonso V. em Septembro de 1473 con
go de Coimbra de 1278. cedeo, que qualquer possa forrar o seu
CAPELLA. Todas as alfaias, orna escravo por Testamento, ou Condicillo,
mentos, livros, peças, que se costumão com tanto que o escravo assim forro
empregar na # dos Divinos Of não sahia do Reino. L. Verm. n. 27.
ficios, e tremendo Sacrificio do Altar. CARTA de Camera. — Alvará , ou
V. Reporte. _ licença Real. No ultimo de Dezembro de
- CAPELLAO dos Judeos. O Ministro 15o2 determinou S. Senhoria (ElRei D.
que servia nos Sacrificios Legaes, e ce Manoel) que, exceptuando as Senhoras
remonias Judaicas. Em Portugal os hou Rainha , e Infantas, todos os outros
Ve em quanto durarão as Communar, ou Grandes de seus Reinos, quando pesso
Judiarías, que os devião ter, e conser almente se acharem na Côrte , possão
var ; pagando-lhes o convencionado es ser citados pelo Escrivão do Desembar
tipendio, Cod. Alf. L. II. Tit. 81. S. 19.
gador, que conhecer do feito, sem que
CARACTER. Em os nossos mais an para isso seja precisa Carta de Camera,
tigos Doc. se achão devisoens de terri e que este era o estillo antigo; sendo só
torios, e termos, feitas por marcos, ou necessaria quando efectivamente se a
nativos, ou levantados, nos quaes se chão fóra da Côrte. L. das Posses na Ca
abrião algumas letras, sinaes, ou cru fa da Supplicação.
zes, a que chamavão Caraºteres. V. De CARTA direita. Aquella, pela qual
curia II., e Mamôa. Na Divisão das ren se manda fazer direito, e justiça. Cod.
das entre o Bispo, e Cabido de Lugo no Alf. L. II. Tit. 81. S. 8. e 9.
de 1 12o se chama Caracter a demarca CARTA de maldizer... Qualquer es
ção das Igrejas, ou terras ali nomeadas. critura, que contem o crime, injuria,
v. g. Adjicio vobis Ecclesiam de Puti ou infamia de alguem (ou se ache em pu
milos, hereditates quorum et familias blico, ou na mão de algum particular,
cum carastére, quos vobis mei decesso com o nome do Autor, ou sem elle;
res contulerunt, — Villis S. Laurentii e nisto se diferenção estas Cartas dos
cam hereditatibus, et familia, et ca Libellos famosos.) Por esta Carta, ou
raºer. — Eccleriam S. Joannis de Pen Escritura nenhum Magistrado pode pro
na cum sao cara fére super omnes homi ceder a prisão, sem as mais condiçoens
mes ad illam concurrentes. V. Hesp. que a Lei requer. Nenhuma pessoa nem
Sagr. Tom, XLI. f. 296. seja presa por carta de maldizer, nem
CARCABEAR. Fazer, abrir fossos, pºr libellos famosos, nem por quere
vallas, ou cavas, não só para defender har, nem denuncieçovens, que della rejãº
os Arraiaes, Praças, ou Castellos; mas dadas por persºas, a 2" os feitor mais
tambem para divertir as aguas, que não perteencem, salvº sendo della querella
destrúão as searas, ou alaguem escam do com juramento, e testemunhar nº
771&ºg
CA CE 2 I
( ). Por este Doc seria facil persuadir-se alguem que Flomarico se achava atualmente
casado com deas mºlheres legitimas: huma sem as solemnidades, prescriptas na Lei, chama
da Gondilo, o" Cundila Scclemondo, e aqui dita Conjugea, que os Latinos disserão Conjux,
é algumas vezes se tomou R# Concubin , , e a outra solemnemente recebida, e com a Ben
ção Sacerdottl, segundo o itual do Paiz, por nome Astragundia, que com toda a pro
priedade se diz. Usor: nome que entre os Romanos competia só às que erão pomposa
mente conduzidas à casa de seus maridos, e antes de entrar nella enfeitavão a porta com
firas de láa, e a ungião com hum certo oleo; persuadindo-se que deste modo se rouba
vão a qualquer desgraça, ou maleficio : unde uxores dict e sunt, quasi unxores Asim o di
zem Servio, e Plino, e particularmente o mostra aos olhos a bella Estampa de Jacob
Lauro no seu Splendor Urbis antique, tratando dos Casamentos dos Romanos.
Mas esta Bigamia simultânea por nenhum # se pode sus entar entre as pessoas
de que faltamos; não cabendo em a Disciplina das grejas de Hespanha, e Portugal seme
* •
1hante abominação, e já nos fins do Sec. X. He verdade, que Roma, Gentílica (não re
conhecendo antes por legitimos os filhos, que não erão procreados de hum honesto Ma
trimonio entre legitimas pessoas) quando já corrompidos os costumes, admittio os Concu
binaros com aquellas, com quem se não podião facilmente celebrar as nupcias po Dote,
} e formalidades da Lei (excluindo sempre da successão os filhos naturaes, que delles pro
cedessem) não permírio já mais duas mulheres legitimas a hum só homem. Estas Contu
binas pois nada tinhão de commºm com as Ancillas, Pélas, ou Amigas torpes : ella erão
verdadeiras Eposas, que se tomavão para remedio da incontinencia, procriação dos fi
Ihos, e com inião índissoluvel: differião com tudo das mulheres legitimas; em não par
ticiparem dos direitos, privilegios, e honras de seus maridos. Mas ainda assim a Reli
gião Christ㺠procurou desde logo extinguir tão grosseirº abuso, fazendo que º Grande
*Sacramento do Matrimonio em tudo, e em todos fosse honrado, e as Leis do Imperio
ssárão a favorecer os filhos das Concubinas, ue os Pais recebessem por suas legitimas
mºlheres, Cod. Th. cit. de Naturalih. Liber. Novell. 18, e 89. Ducange. V. Dos. E para di
zer tudo n’huma palavra: devia a Concubina ser unica , e o homem solteiro.
Destas Concubinas pois, ou Conjugeas menos solemnes, he que os amigos Canones,
}
3o CO CO
COROGA, Corossa, e Oroça — Em não. Da Coroca, capa vil, rustica, em
muitas Const. antigas, como nas do Por- fim de juncos, ou palha, passou o nome
to de 1585. Tit. 16. Const. 2. se deter- a esta vilissima, e paliada simonia.
mina: Que se não ponham os beneficios CORONHO. O mesmo que Colonho.
em corossa; declarando-se logo isto, e E ajudar á vinha d'Oniga, e aos coro
condenando-se, como verdadeira simo- nhos da feira da Caresma...D. de Pend. de
nia paliada. Daqui Beneficios encorossa- 1481.
dor, em corossa, em corofa, ou em oro- CORREGEDOIRO. A. Digno, e me
ga, aquelles em que a simonía se occul- recedor de ser correcto, e emendado.
ta , cobre , e esconde com mil pretex- Corregua o Sobre-juiz a Sentença, se
tos, contratos, e enredos, que as Leis corregedoira for. C. Alf. L. III. Tit. 71.
Divinas, e humanas detestão, e abomi- § 31.
•
CO
Padres, e Concílios, citados por Graciano in C. Isqui, dist. 34. se devem entender, quan
do admittem ao Baptismo, e, a Communhão esta qualidade de Concubinarios, e Concubi
nas; pois Coucubinº bie e º inteligiºur, que cessantibus legalibus instrumentis, unita est, et con
jugali afectu adscicitar. Hane Conjugen facit afectus, Concípipam lex nominat. Era pois pro
hibido ao Christão por todas as Leis da Igreja, e do Estado, não só o ter maior número de
mulheres, mas nem duas simultaneamente podia ter . huma só lhe era permittida; e esta
ou havia de ser Uxor na forma acima dita, ou em falta desta, huma só Concubina, e co
mo por Indulgencia, lhe não era estranhada. Este he o sentir dos melhores_Theologos, e
Canonistas, adoptado mesmo por hum Binghamo nas suas Orig. Ecclesiast. Tom. IV. L. 11.
c. 5. S. Tom.seVII.
11. a&-isto L. m16., que
oppoe 5. tempo de Santo Agostinho na Africa, e no de S.
c. 11.jáS. no
Nem
Leão Magno em França, e logo depois na Hespanha, se fosse introduzindo hum pessimo
costume de se tomarem Concubinas ? não a moda dos Christãos, mas sim dos Gentios; por
que estas verdadeiramente er㺠Péllas, ou Ancillas, que supposto se associassem ao leito
por algum tempo, ficava na liberdade destes Contrahentes libertinos dissolver este via- .
culo de maldade quando muitº lhes aprazía. Estes chamados Matrimonios protesta Santo
Agostinho diante de Deos; e dos seus Anjos, que nunca forão, nem são, nem hão de
se licitos na Sociedade Christáa; pois os que se ajuntão com semelhantes Concubinas fa
zem dos membros de Christo membros da meretriz. Não era logo conforme ás Leis do
Imperio, e menos da Igreja, o uso das Concubinas neste sentido, por mais que a desordem
dos apetites assim o julgasse.
o
Eu sei que nesta Regiã Occidental poderia o máo exemplo dos Sarracenos fazer
•
alguma impressão nas almas fracas, e corrompidas. Estabelecendo Mafoma, que todos
os homens devem casar i, tres qualidades de Matrimonio , autorizadas pela sua Reli
gião , e Leis Civís reconhecem os Mahometanos. Entre elles pode-se casar com huma
mulher, ou com quatro º cºm º formulas da Lei ; e esta , ou estas são legitimas: ou
compralía como escravº * * destas podem tomar quantas quizerem : ou finalmente to
malta de aluguel, e a certo Preçº, Pºr tantos annos, ou anno, meses, dias, noites,
ainda por menos tempo : E quem nos pode assegurar , que Flomarico não
horas , ou ste numero : e que Gondila, se não para o leito , ficasse ainda lo
grandoálgum
fosse a horaº detitulo que teve de Consorte? E quem sabe se a fundação do Mos
ao menos
feito seria a Penitencia, que º Bispo lhes impoz por seu peccado, depois de os ter san
tificado pela absolvição Sacramental? E que sería , se sendo antes Mouros, se houves
Flomarico a Astragundia para sua unica Con
sem santificado pelº Baptismo, reservando
sorte, e chamando Conj"gº" º que algum tempo gozou impunemente na sua companhia
os fóros de casada? - - • • •
Mas nada dísto nos ºº nvence de que este homem tivesse ao mesmo tempo por suas
• • • • •
a duas mulheres : e que est as lhe fossem permittidas: elle era Christão, e por consi
• • •
guinte só o Matrimººººº? huma podia ser valioso. De outra sorte , nem o Bispo
aceitaría para Deos o Donativo de huma Igreja, fundada por huns peccadores actuaes,
• as suas letras, e virtudes (que de Bispo do Porto, com algum a inspec
eçãopublic os, nem
spado de Braga, que tinha por seu Prelado o Arcebi».spo de Lugo,
*>
no Arcebi •
o ele
várão depois a ser junfº" Bispo de Coimbra, donde foi morrer como Santo no Mos
reirº de "C'estuma) lhe permitirião ver a sangue frio, o que os Sagrados Canones tão
positivamente censuravaº. A_ - - - • *
A verdade he , que o bom Flomarico não tinha duas mulheres ao mesmo tempo :
• • • •
depois de ficar viuvo de Astragundia, com quem primeiramente vivêra casado, recebeo
CO CR. 3I
COTRIM. — Valía cinco ceitís. Cen do Hospital tinha hum Couto, marcado
to e quarenta reis cotrás , desta moeda por Padroens, de que não fazião foro a
corrente de cinco ceptís ho cotrim. D. ElRei, e as crianças (do dito Couto )
de Pombeiro de 1482. forão feitas do tempo de D. Afonso,
COUDEL das pioadas. Este nome se avoo deste Rei. Tambem se tomou por
deu principalmente ao Almocadém, por toda a criação de gados, ou frutos. V.
ser o Capitão, guia, e conductor da gen Tempreiros M. e XI.
te de pé nas expediçoens, que lhe erão CRERIAS. A Clerezia, assim secu
comettidas. Dos Coudees se fazião os Al lar, como ####
prescindindo de te
mocadens. Do boom piam se fazia o bo rem Ordens Sacras, ou só estarem ini
om Almocadem, e do boom Almocadem o ciados, ou com Menores. E me digam
boom Almoguavare de cavallo, e daquel as orar dos mortos toda/lar Crerías da
le o boom Adayl. Cod. Alf. L. I. Tit. 66.Cidade, e Moesteiros. D. de S. Thiago
CRIANGA. AS. — Principio, insti de Coimbra de 1415.
tuição, origem, nascimento , erecção. CROYO. Claudio, nome proprio de
Nas #4 R. de 1288. se achou na fregue homem. D. de 13c8. nas Inq. R.
zia de S. Payo do Carvalhal que a Ordem CRUZADA. No principio do anno
de
por sua legitima mulher em segundas nupcias a Gundila , com quem actualmente vivia
ao tempo, que se exarou a presente Escritura , da qual se tirão as provas , que assim
o persuadem. E primeiramente está fora de questão, que na Baixa Latinidade se tomou
sempre Conjugea por Conjux: e Conjux em todo o tempo foi synonimo de Uxor; porque
se este nome nasceo ab ungendo, como fica dito; igualmente a Conjux se disse assim de
Conjugo-as , quási ad unum, idemque jugum alligtta, tomada a metafora do jogo, que
une os bois: além disto a mulher casada se pintava, e esculpía entre os Romanos com
hum jugo, ao pescoço, como bem sabem os que ao menos de longe saudárão as Anti
guidades de Roma. Isto supposto não se toma aqui Gundila por Ancilla, ou Pellex, e nem
ainda por Concubina, ou mulher de inferior ordem; mas sim por huma *# verda
deira , legitima, e solemnemente recebida , que succedeo a Astragundia já defunta. Da
mesma Doação se evidencia, e a mesma razão está mostrando, que mediou largo tem
po entre a determinação, e consulta de se fundar huma Igreja, ou Mosteiro, e a sua
ultima perfeição, e complemento, quando foi sagrada por D. Gomado, que não só ins
pirou o projecto da fundação, mas talvez benzeo a primeira pedra; pois não só dizem:
Sacravinius eam cum ipsos dominos Gomadus episcopus; mas tambem deixavão dito, que a
edificárão per Sanctificationem Gomatos. No espaço logo, que deccorreo entre o principio
e a conclusão da Obra, viuvando o Fundador, he que tomou a Gundila por segunda mulher.
E nem se me opponha, que das Firmas da Escritura claramente se vê, que ambas
estas Consortes estavão vivas; pois a roborárão cum manibus nostris. Fromaricus, et Gondi
lo Scelemondo , et Astragundia : e se esta já estivera sepultada, não figurara aqui como
viva. Porém nisto não ha outro misterio, que ter ella roborado com sua mão propria na
particular minuta, ou primeira, Doação , que precedeo á fabrica do Mosteiro, a qual
cedula, ou Carta só agora se deu em publica forma, ampliada com o nome da segun
% da Consorte, e com a solemnidade de 12 testemunhas: Notum die , quod erit 1 1 1º. Ilus
Februarii. E D. CCC. VIII. V. Firma III, Nodum, e Noticias. No Tom. XLI. da Hesp.
Sagr. f. 11. se vê hum exemplo decisivo, de que tambem os que já erão falecidos se
achão algumas vezes como prezentes, ou confirmando nas Escrituras. Em hum Testa
mento , que fez o Abbade de Samos, inventariando nelle todos os bens , que havia
adqnirido para aquelle Mosteiro desde o anno de 11oo, até 6 de Abril, de 1 124; em
quê o fez, se achão confirmando D. Pedro II. Bispo de Lugo , e D. Pedro III_Bispo
da mesma Cidade: o que parece dá a entender, que no de 1124 ainda era vivo. D. Pe
dro II. (que havia renunciado a Mitra no Concilio de Palencia de 1 113) sendo certo
que havia falecido no de 112o. Escreveo-se pois a sua firma, não porque vivesse no de
1124, senão porque confirmou alguma daquelas accquisiçoens quando vivia. E pela mes
ma razão se acha confirmando neste Relatorio D. Afonso VI., que sem controversia fal
leceo no de 11c9. Fica logo manifesto, se de todo me não engano, que Astragundia pri
meira mulher de Flomaríco, já era falecida quando esta Escritura de Dote foi exarada;
: mas como por força havia de ser contemplada na da Fuudação, que havia precedido,
aqui se reproduzio o seu nome, como se fôra existente ainda, assim, e na fórma, que
então se praticava , e depois mais de huma vez se praticou.
32 CR CU
de 1436, estando ElRei D. Duarte em Es CUSTODIO. Assim disserão o Pro
tremoz veio ele por Delegado do Papa visor de huma Diocese. Pela qual razam
Eugenio, D. Gomes, Portuguez, que en }fiz jurar aos Santor Evangelhos em mã
tão era D. Abbade em Florença, e de aos do Arcebispo de Braga, o Custodio,
pois foi Prior de Santa Cruz de Coimbra, e o Dayom &c. Cod. Alf. L. II. Tit. 65.
o qual trouxe a ElRei a Bulla da Cruza • 22 , C. 23.
da contra os Infieis, como no Concilio *&#e "… r… º
de Ferrara o Conde de Ourém requere que se funda no Direito, razão, e con
ra, e a tinha conseguido. Chr. d'ElRei sentimento geral do Povo, ou Nação.
D. Duarte c. 13. E os costumes desta qualidade se chamão
CRUZADOS. Moedas bem conheci Custumes louvados. Cod. Alf. L. II. Tit.
1. art. 4o. e Tit. II. art. 1o. •
Saleeiro por dous annos, e dous dias DORMIR. Tambem se tomou dor
( quer dizer que farião a Igreja , ou mir por passar a noite em vigilia 5 por
Oratorio, em que o seu Parocho, ou que supposto o que velava não dormia
Capellão rezasse as Horas como então se era com tudo a noite o tempo, que mais
costumava, e a que tambem chamavão naturalmente se tomava para dormir. E se
Psalterio. V. Missa de Psalterio). E o Confrade enfermar, vaão dormir com
concluem com a multa de onze pretos, elle dous , ou tres Confrades, até que
e mil libras em ouro aos transgressores. faça termo. — E o Confrade, que nom
D. do Cartorio dos Bachareis (Benefi for dormir com o Confrade, {{# huma
ciados ) da Sé dº Evora, dado em Ins mea livra de cera. Doc. da Univ. de
trum. de 1375. 1290, e 1348.
DIZIMOS capitaes. V. Cabedal. DUE’O. OS. Duelo, combate de duas
DOBRADO de cera. Rôlo, ou pavío pessoas, pactado por autoridade pro
de cera, que tambem se disse candéa. A pria, e designado o tempo, e lugar. Es
sua figura lhe deu o nome de dobrado. tes duellos, tão indignos de gente illu
Mando que me obradem dous annos ca minada, e ao mesmo tempo contrarios
da Domingo com sete paaens dº huum ás Leis Divinas, e humanas, passárão
alqueire de trigo, e duas meyas de vi sem castigo por entre os antigos Portu
nbo, e huum # dobrado de cera. D. guezes, e principalmente sendo Milita
do Salvador de Coimbra de 1377. res os que singularmente, e por hum de
DOBRAL de coyro. Rôlo de perga sagravo particular, e mal entendido,
minho, bolsa, ou carteira de couro. E tão barbaramente pelejavão : abomina
acharám hi huum dobral de coyro, em ção esta, que talvez algumas gentes não
que eu tenho pagas de quanto eu devya. vejão ainda com horror; mas que entre
D. da Univ. de 1386. os filhos da Igreja Santa até com a pri
DOMICÍLIO. Tudo o que pertencia vação de sepultura Ecclesiastica se cas
á casa , e vivenda de hum lavrador, v. tiga. Na Carta d'Armas, que ElRei D.
g, familia, trastes, instrumentos de la Manoel fez passar a Fr. André do Ama
voura, animaes de tiro, rebanhos, cria ral, do seu Conselho, Chanceller Mór,
çoens &c. O qual casal avees de morar, Embaixador de Rodes , e Commenda
e povoar per vós de foguo, e loguo, com dor de Vera Cruz de Portel &c. (por ser
todo vosso domicilio. — %% o dito descendente por linha direita de Domin
carall corporalmente, com todo o vosso gos Joannes, fundador da Capella, e
àomicilio. D. de Sanuo Thyrso de 1485 , Morgado de Oliveira do Hospital, on
e de Pend. de 1496. de está sepultado) se diz, que com el
DONAS. O mesmo que Doas. D. das las podería entrar em todos os feitos, e
Salzedas do Sec. XIV. lugares de honra, como batalhas, cam
DO3RA. — Quando o Mestre de Avís pos, dueos, retos, excaramuças, dera
foi acclamado Defensor do Reino consta fios, e exercitar com ellas todos os ou
va cada dobra de cem libras. Prometteo tros autos licitos de guerra, e de paz,
lhe a Cidade (de Lisboa) cem mil libras e trazellas em seus firmaer, aneis, fi
em ferviço, que erão mil dobras. Chr. metes, e devizas, ou polas em suas ca
S3S »
EI EM 37
sas, e edificios, ou deixalas em sua se Eu nom quero emmentar, nem especi
pultura. D. da T. do T. de 1515. ficar os feitos de cada hum destes no"
bres homens. Chr. do C.D. Duarte c. 59.
E. EMNEIXAMENTO. Anexação, ou
mais bem obrigação perpétua. Estor
mento de pura doaçom, e de emneixa
E IXERQUEIRA, ou Enxerqueira. mento. — Emmeixamento de Noversa
Mulher que anda pelos Povos venden-, rio. D. da Univ. de 1392.
do carne, que sobejou no açougue, ou EMNEIXAR. Anexar, perpétuamen
a de salmoura, que já não he fresca. V. te unir. Em neixamos pera sempre ao
Enxerqua. Os Almotacees, quando nom dito Moesteiro em Noversario. Ib.
reverem carniceiros, e paateiras, e re EMSEJAS. Vem do Latino Insidiae.
gateiras, e eixerqueiras, e mostardei Matar por em rejas , o mesmo que á
rar, e almocreves, que ajam de servir traição , e com aleivosía , á falsa fé,
o Concelho, requeirão aos Vereadores, com perfidia, não de cara a cara, mas
que lhos dem. Cod. Alf. L. I. Tit. 28. antes quando mais descuidado se acha
ELLO de linho. Era meia mão, ou va o que foi morto. Confessa ElRei D.
seis estrigas de linho. Há ho Convento Fernando, que os pleitos, e demandas
pagará catro éllos de linho. D. de Bos arrastão o Povo, o empobrecem, e ti
tello de 15 12. rão das occupaçoens uteis, e proveito
EMAVESAR , ou Emavessar. Dar sas, e além disto, por azo destes plei
com alguem do avesso , desorientallo, tor, e demandas levantam antre si máás
transtornar os seus projectos, perdel tençooens, per que recrecem mortes, e
lo, distrahillo com engano, destruillo, omizíos, e se matam assi em voltas ,
derrotallo. E verei se poderemos ema como em pelejas, como per em rejas, e
vessar estes infieis. Chr. do C, D. Pe per outras muitas guisas de maldade,
dro L.I. c. 23. E de feito combatessem e enguano. Cod. # L. III. Tit. 64, § 2.
rijamente por emavessar os da Cidade MXERCAR, ou Exercar. Vender
em desvairados lugares , isto he, fin carne de salmoura, ou chacina. V. Ei
gindo que querião entrar por huma par acerqueira. Todo judeo, que matar car
2 te, sendo sua tenção entrar por outra. me pera seu comer, ou pera vender,, ou
} Chr. d'ElRei D. João I P.I. c. 139. pera emxercar, e for do seu comer, & c.
EMBROLAMENTO. OS. Qualquei Cod. Alf. L. II. Tit. 74. S. 7.
bordado de ouro, prata, ou seda. Tam ENGARRAR. Fazer hum Processo
bem se disse Broflado, do Verbo Bros concluso, nada mais escrever nelle, di
lar. No Cod. Alf. L. I. Tit. 27. § 1o zer, ou apensar. Os procuradores das
se determina, não se ponha vereação ditar partes enfarrarom, e o dito Vi
em sellas, e freos, e fapatos e frola gario ouve o feito por encarrado. D.
dos, ou de pontas, e em tapetes, e em de S. Christ. de Coimbra de 1352.
brolamentor, e vidros. ENCOMENDAMENTO, — Incum
EMCAMPAGOM. Renúncia do Pra bencia, oficio, ministerio, occupação.
zo, feita pelo emfiteuta nas mãos do Qualquer encomendamento, que lhe for
Senhorio. D. de S. Christovão de Coim dito dos Mayores. D. da Univ. de 129o,
bra de 1467. que são os Estatutos de huma Confra
EMMENTA, ou Ementa. — Livro ria, e quer dizer que o Confrade cum
da Ementa, aquelle, em que se escre pra tudo o * os da Mesa lhe orde
vião em summa, e só as forças das Car narem, que faça.
tas Régias, Doaçoens, Graças, Mer ENGUEYRA , e Engeira. Serviço,
cês, para que facilmente se podessem ue o Emfiteuta, ou Colono prestavão ao
comprehender , e andarem sempre na ### Senhorio. V. Angueiras. E por
lembrança. Cod. Alf. L. I. Tit. 1o. § 1. geira, e engeira quatorze omens d'ei
EMMENTAR. Dizer em summa, xada na nossa Granja de Villa boa. —
recapitular, trazer á memoria as acções Dous homeens d'engeira de réga, e ma
todas boas , ou más de algum sujeito. /ha. — E engueira na vindima da dita
quin
38 EN EN
quintaan, Doc. de Santo Thyrso de xugarom as dictas vacas. D. de S. Tia
I495, 148o, e 1485. go de Coimbra de 1377.
ENTRAR a alguem. Ficar por seu ENXUNDIA de porco. He o que ho
fiador. Intravit ipsi pro ipsis denariis. je dizemos unto de porco. Alguns an
D. da Univ. de 127o. nos antes do de 1279 fizera There
ENTREGUE, adj. Inteiro, ou intei za Rodrigues o seu Testamento, que
ra, sem quebras, diminuição, ou fa se acha por Instrumento do mesmo an
lhas... E dar-des luytosa entregue , e no na Graca de Coimbra. Nelle deixa
colheita d'ElRey, D de Pend de 1312. aos Frades # da Cidade do Por
ENTREGUEMENTE, e Entréga to huma carga de vinho, metade de
mente. O mesmo que Entregadamente. hum porco, & quatuor exundias de
Necebi em dinheiros contados entregue porco , e hum sesteiro de trigo em re
mente, e outorgo-me por mui bem pa gueifas : e aos Padres de S. Francisco
gº. D. de Santo Thyrso de 1323. Opo outro tanto; preter um uni, quod none
nho, e traslado todo entregamente nos dent é7y, & mando eis dare butírum
ditor Abbade, e Convento. D. da Univ. Erão logo synonimos o unto , e a enº
de 1315. acundia. E daqui se manifesta que os
ENTREMENTE. Em quanto, en Frades Menores, quando em Portugal
tre tanto, pelo tempo que. Doze libras se estabelecêrão , não só se abstinhão
da moeda antiga , ou tres libras por com muita frequencia da carne , mas
cada huma desta moeda, que ora éor ainda do unto, que hoje mesmo, e sem
re, dez soldos por real, entremente el pre, teve o maior uso naquella Cida
la correr. D. do Salvador de Coimbra de: não que elles adoptassem com isto
de 1390. as erradas Maximas de Fr. Elias, pro
ENTUNAS. O mesmo que Bandou pugnador acerrimo da abstinencia per
mar. Os velhos leoens levam os filhos pétua de carnes na Religião Serafica;
aas entunas das animalias, por lhes fa mas tão sómente por zelo de imitarem
zerem perder o temor. Chr, do C.D. Pe a rigorosa Penitencia, que fez distinguir
dro. L. II. c. 7. na Igreja o seu adorado Patriarcha.
ENVESTIDOYRO. Parece que as ERMAR. V. Hermar.
sim chamárão á camisa, por servir co ERVA. Como por excelencia entre
mo de forro aos demais vestidos. V. as hervas venenosas se deo este nome
Envertir. A Beatriz García a almoce á cicuta, porque com ella se ervavãº
la nova, e tres envestidoyros. D. de Pend. as setas , é outras quaesquer armas of
de 1289. fensivas, e defensivas, para que o seu
ENVEZAMENTO. Transtorno, des tiro, ou golpe fosse mortal. Daqui a fra
ordem , avesso, contradicção. A qual se tirar com erva, atirar, ou ferir com
cousa era muito seu deserviço, e gran arma, ou pelouro envenenado com ci
de envezamento do que começado tinhão. cuta. Acrescentando mais, que os Mou
Lopes. P.I. c. 85. ros se trabalhavam de buscar erva, pe
ENXAVEGUA. Pésca de solhas, e ra tirarem com ella. Chr. do C.D. Pe
outro peixe miudo, que nos rios , e dro, L.I. c. 71.
praias se fazia com redes, a que cha ESCADA'M, ENS. Esquadrão, tur
mavão enxavegos. Mandamos, # po ma, fileira, gente posta em ala, e que
nhaaes mar ditar vintenar todolor ho hoje dizemos procissão. Item: mando,
reens do mar, e do rio, e todolos ou que no dito dia (da sua sepultura) le
tror... que andarem na enxavegua, e vem dous alqueires de farinha amassa
aa sardinheira. Cod. Alf. L. I. Tit. 7o. dos , e dous cantaros de vinho, e dour
S . ENXUGAR.
2-
Ordenhar, mungir, ti ercadaaens da Eygreja comigo, D. de
S. Pedro de Coimbra de 1364. Ainda no
rar o leite. Ou de alguns gados , re na Sec. XIV. mantinhão as Igrejas hum
dita herdade esteverem , e dormirem, avultado número de pobres, e inváli
parirem, e enxugarem. — Que tevera dos,
levar
que desde a Primitiva costumárão
para os thesouros do Ceo * li
by o curral, e que parirom hy, e en
C
ES ES 39
beralidades dos ricos, e depois a quar dro L.I. c. 81._unicamente se diz, que
ta parte dos Dizimos, de que talvez ho elle mudára os Reaes brancos em outra
je se lamentem despojados. Estes fre moeda mais baixa, a que chamárão Es
quentavão os nossos Templos, onde padins, que só podia ser de cobre, a
rogavão a Deos pelos que abrírão as fon valer menos, que hum Real branco de
-tes da sua subsistencia, ou parte della, cinco, ou seis ceitís.
e não faltavão nos actos, e funcçoens ESPIGA do monte. O mais alto, e
de piedade, e muito principalmente nos empinado delle; alludindo á espiga do
enterros; que por isso ainda hoje em pão, que antigamente entre nós se co
algumas partes vão escoltadas as tum nhecia, o qual occupa o mais alto, fim,
-bas com largas provisões de boca, pa ou remate da cana. Hoje dizemos espi
"ra os que gemem aferrolhados na po gão. Perilla spina de illo mons. D. da
breza. Isto se manifesta da Verba do Un. de II4I.
Testam., * adduzimos, em que o Tes ESQUENGA. Dita, sorte, andança,
tador manda ir com o seu cadaver dous fortuna. Tambem se acha Escança no
alqueires de farinha amassados (cozi mesmo sentido. Tambem se usou Er
dos) e dous cantaros de vinho, sem dú quencar, e Esquentado, por ser afor
:
vida para serem distribuidos aos pobres, tunado, feliz, ditoso. Dos quaes os que
… que estavão addidos áquella Igreja, os erão a cavallo tiverão boa esquença,
#
quaes o devião acompanhar, assim co porque se poderão afastar por aquella
Jmo os Ecclesiasticos, em duas alas. V. vez da morte. Chr. do C. D. Duarte.
Scala, e Missa dos pobres. c. 13.
ESCOL. A flor, o mais precioso, no ESTADA. Cavalhariça, estrebaria,
bre, e escolhido de alguma cousa. Em lugar destinado para estancia dos caval
este mesmo lugar foi já desbaratado los. E todo o ou "ro tempo os terem (os
> o escol d'ElRei morro Senhor. — Estes cavallos) na estada de dia, e de noite.
som tais, que desbaratarom jaa o ex Cod. Alf. L. I. Tit. 71. cap. 9. in princ.
col (a flor { exercito) d'ElRei de Cas ESTANG. Dizia-se boa, ou ma es
tella. Chr. do C. D. Pedro L. II. c. 9. tança, pela boa, ou ma reputação que
ESCOMUNHOM. Assim o Arrabí alguma obra, acção, ou discurço ren
Mór, como os seus Ouvidores não po dia ao seu autor. E por ende som mais
dião por nenhuns feitos pôr pena de ex theudos de fazer bem, e guardar-se de
comunhão aos Judeos , salvo naquel erro, e de maa estança. Cod. Alf. L. I.
les casos, em que os seus direitos a man Tit. 63. S. 7.
dam poer. Cod. Alf. L II. Tit. 81. § ESTA'OS. V. Estado. Nas Cort. de
25. Esta pena entre os Hebreos não ti Lisboa de 1o. de Dezembro de 1439. se
nha mais efeito , que privar o exco concedeo a esta Cidade, que não hou
mungado do trato familiar, e civíl dos vesse nella Aposentadoria, e que se fi
que seguião a mesma Lei, e excluillo, zessem Estados, e casas, em que ElRei,
como immundo, de entrar na Sinago e a sua Corte podessem alojar. Depois se
ga, em quanto não era relevado; e ab concedeo o mesmo a Evora, e a Santa
solvido : o que entre os daquella Na rem, e a outras terras. Por este grande
ção se reputava pela cousa mais infame, beneficio quiz o Povo de Lisboa erigir
e vergonhosa. huma Estatua ao Infante D. Pedro sobre
ESFEMENGA. Attenção, desvélo, a porta dos Estáos, que ele mandou lo
reflexão, cuidado. Vy, e ly, e pergran go fazer. E perguntando-lhe em que for
de esfemença esguardei huum tralhado. ma queria que se lhe fizesse, o Infante
D. de Santo Thyrso de 1312, que he triste, e carregado lhes respondeo, que
o Testam, do Conde de Barcellos D.Mar se ali estivesse a sua lmagem, viria tem
tim Gil de Sousa. po, em que os mesmos Lisbonenses a
ESPADINS. V. Espadim, e furto. dirribarião, e com pedras lhe quebra
Não parece de todo certo que ElRei rião os olhos. Chr, de D. Aff. V. c. 49.
D. Affonso V. lavrasse Espadins de ou Estavão no Resío estes Estáos de Lis
ro, e prata; pois na Chr, do C.D. Pe boa, onde pousárão depois os E## O
4O ES EX
dores. Ih. c. 131. No de 1487. mandou EXPROVADO. A. Purificado, refi
ElRei D. João II. que o dinheiro, e im nado, sem fezes, fiel, puro, legitimo.
osiçoens, que para os Estáos de Setu E elles, Senhor, entendem, que tão expro
#" se tinhão aplicado, se gastassem nos vados som em vosso serviço, como a pra
dispendiosos canos , que conduzem á ta, que o ourives mete no fogo, por ver
Villa copiosas aguas desde a serra de se he fina. Cod. Alf. L. II. Tit. 74. S. 32.
Palmella, e nº outras obras publicas, co EXTIMO. V. Estymo.
mo forão as duas Praças, huma do Sa EYVIGUAR, e Eyvigar. Romper de
pal, e outra do Paço do trigo. E com novo , e pela primeira vez os montes
isto soltou á Corte, que o acompanha virgens , e incultos, e fazellos rendo
sos, e fructiferos. V. Deviginar, e Ei
va, aposentadoría por toda a Villa , da
qual antes, como Lisboa , estava isen veger. E nom damos a vós poder de ven
ta. Chr. dº ElRei D. João II. c. 25. der, nem doar, nem em outro lugar es
ESTATUADO. A. Collocado, pos tranyar, mais chantedes, e eyviguedes,
to, assente, que está, fica, jaz. A zenha e façades bi quanto bem puderdes. — E
de Paradella, que he estatuada no Cou se arromperdes em monte virgem dés en
to, D. da Univ. de 145o. de a quarta parte do pam, e do vinho.
ESTYMO, e Extimo. Estimação, ou D. de Arnoia de 1284, 1292, 1295. —
F"# do que poderia render Chantedes , e eyviguedes, e que façades
uma terra inculta, e deixada em pou hy algo, assi de vinhas, come de ulvei
sío, se fôra aproveitada; ou do que se 7"/Z.f. { da Graça de Coimbra de 1283,
poderá colher de huma seara, que ain e 1289.—E do que arromperdes na char
da está em pé, e exposta ás contingen neca (este era o Eyviguar) o quinto. D.
cias do tempo. Que vaam extimar as da Univ. de 1345.
terrar, que nom lavraron, e que o ex EYXARVIAS. Joias, pedras precio
tímo, que hi for achado em boa verda sas, louçainhas. Leixo as mbas eyxar
de , que o pague aa diéia Egreja de vias pera a Cruz de S. Pedro de Cety. D.
Santiago de Coimbra. D. della de 1377. da Graça de Coimbra do Sec. XIII.
— Tragam sempre as terras lavradas,
e semeadas has folhas , como suas vizi
nhar, e paguarem ho estimo do vazio. F.
D. do Salvador da mesmaCidade de 1531
ESTORCER. Conseguir , alcançar F ACANE".EES. Cavalgadura, maior
por força, ou com importunos rogos, que faca, ou cavallo pequeno, e menor
extorquir. Vem do Latino Extorqueo. E que cavallo de marca. Hoje dizemos A
se o accusado chama o preito per ante o canéa , ou Hacanea: he propria de Se
juiz da terra: em tal que por esse ca nhoras, e gente delicada, que attendem
jom possam levar, e estorcer delle al menos á necessidade, que ao fausto,
uma cousa os davanditos poderosos , pompa, e regalo. Nom andem de muas,
{ Cod. Alf. L. II. Tit. 1. art. 23. nem facaneer, nem em sendeiros; renomz
ESTRECER. Estreitar, diminuir, quem quizer andar de bértas de sella,
rebater, apoucar, reduzir a menos. A ande { cavallo, ... ou em potro de dous
saudade nom se estrece. Sá de Miranda annor acima, que seja de boa levada.Cod.
Eclog. VIII. Alf. L. V. Tit. 119. S. 21. Esta Lei do
ESTREMAGA. O mesmo que Estre Senhor D. João I. tinha por fim multi
mança. D. de 139o. plicar os cavallos de boa raça, que po
ESTREME. Monte, parte, quinhão. dessem servir na tropa. ElRei D. Afon
Epaguem de foro vinte alqueires de tri so V, concedeo mulas a varias pessoas,
gº, bom , e recebondo % J'ºtt "J'f7'e/71&º a quem d'antes erão prohibidas. E fi
delles ditos emprazadores pela medida # liberdade sem limites, que nas
nova. D. da Univ. de 1509 — E defoga Côrtes de Thomar se concedeo, para que
ça do seu estreme sete alqueires de tri cada qual usasse das cavalgaduras, que
go limpo á joeira. D. do Salvador de quizesse, atirava sem duvida a destruir
Coimbra de 1448. a Cavallaria Portugueza ; consumindo
OS
EA . FE 41.
os sendeiros, e bestagem de pouco pres sa indigna, o levar porcos á Igreja.
timo o que deveria manter cavallos ge FAZENDA. Peleja, duello, procedi
nerosos para a guerra. mento, e tambem aquillo que se faz,
•
FALLAR com o Confessor. Confes tem feito, ou está para se fazer em qual
sar-lhe as suas culpas, reconciliar-se com quer negocio , ou empresa. O Mestre
Deos por meio do Sacramento da Peni foi a elle, e contou-lhe toda sua fazen
tencia. Fallou ante menhaam com seu da, e quanto lhe aviéra com o povo da
Confessor aquellas culpas, de que sentio Cidade. — Partio-re d'ante ele assaz
sua consciencia gravada, e tomou o San cuidadoro de sua fazenda. Lopes, P.I.
*o Sacramento. Chr. d'ElRei D. Duar C. 25.
te. C. 2. FAZIMENTO. Amizade , ou con
FAMILIA Régia. Assim se chamá versação torpe, e deshonesta: o mesmo
rão os Servos Fiscaes, que pertencião Que Afazimento. Em quanto o Conde
ao Rei, o qual muitas vezes os dava, foão Fernandes (Andeiro) fosse vivo,
e doava ás Igrejas, ou Mosteiros, a não havia de cessar do fazimento, que
quem unicamente devião servir. V. Fa com ella avia. Lopes, P.I. c. 3.
milia. No de 1231 confirmou ElRei D. FEDEGOSO. A. Cousa ascorosa, de
Fernando III, á Igreja de Lugo os Pri máo cheiro, immunda, que molesta o
vilegios, que seus Antepassados lhe ha olfato, e corrompe o ar. Nom consinti
vião concedido, e diz: Quicumque ex róm, que se lancem bestas, nem caaens,
Regia familia nostra ad habitandum in nem outras couras fujar, e fedegosas na
ea (na dita Cidade) venerint, nulli Do Cidade, ou Villa. Cod. Alf. L. I. Tit.
mino , vel Patrono obsequium cujus li 28. S 16. - |
•
5o MO MO.
os Dinheiros, que de novo lavrára, a com que quebrou, e desfez todo o po
huma Mealha , que he meio ceitil. der de seus adversarios. Lembrando-se,
O Senhor D.João I., sendo ainda De-º que havendo nascido em Roma a moe
fensor do Reino, e vendo-se na mais ur- da chamada Libra (por ter o peso
gente precisão de resistir a todo o poder de 12 onças) e que os Romanos, pe
de Castella, e ainda mesmo aos inimigos las grandes urgencias da Républica, a
de casa, não só recebeo o grande serviço lavrarão depois com o peso de duas on
de mil Dobras que Lisboa lhe apron- Ças, e finalmente de huma , mas sem
tou , e 287 marcos de prata em cru- pre com o valor de 12 onças: fundio de
zes, e calices, e outras peças que a Sé, novo as antigas libras Portuguezas, di
e as vinte Igrejas, que então havia na minuindo-lhe cada vez mais e mais ope
Cidade, lhe emprestarão (não fallando so, e conservando-lhe sempre o valor
no ouro, e prata que por todo o Rei- de 36 réis. O mesmo fez nos Reaes de
no se ajuntou ): igualmente fez, que os prata : principiou pelos de lei de 9 di
pouco metaes valessem por muitos. Des- nheiros, depois fez outros de 6, logo
de logo fez lançar copiosa liga de es- outros de 5 , havendo feito antes gran
tanho nos Graves, Barbudas, e Pilar- de cópia delles de lei de hum só dinhei
tes, que por isto, e então conseguírão ro; ficando sempre o Real de prata na
o nome de moeda branca. Porém a que- mesma valia, e ganhando o mais. (*)
bra das libras foi a principal maquina E sem falarmos agora nos Escudos de
|- + + - Off
(*) Se houvessemos de jurar nas palavras do Mestre, sem averiguarmos a verdade nas
suas fontes; ou a chusma popular fosse bastante para dicidir em factos de Historia , e
mui antigos : seriamos precisados a sobscrever ao prejuizo , de que ElRei D. João I.
fabricára Dinheiro de solt na occasião do cêrco de Lisboa. José Soares da Silva nas
A4em. d'ElRei D. João I. L. I. c. 38. S 262, foi o primeiro que nos disse haver disto
memoria, sem nos dizer onde a achara. D. Francisco de Menezes, Conde da Ericeira,
e que por si mesmo se recommenda , escrevendo quatro annos depois que, se publicá
rão as taes Menorias (ap. Hist. Geneal. da C. R. Port. Tom. IV. f. 419. ) diz haver
Author verdadeiro (sem dúvida o mesmo Silva ) que assim o dixia. A estes seguírão ou
tros sem mais exame, e a credulidade do vulgo se pôz da sua parte. Examinemos com
tudo se he sustentavel semelhante facto, e admissivel em os Annaes da nossa Monar
chia. Todo o mundº sabe, que não tendo a moeda do Paiz outro valor , senão o que
a Authoridade pública, lhe confere , e assigna; sendo da sua privativa inspecção de
terminar a materia , de que ella deve ser fabricada, a sua fórma , figura, qüilates,
peso: occasioens houve, ha, e póde haver, em que a moeda não seja de puro ouro,
prata, ou cobre , e nem ainda de outros inferiores, e vilissimos metaes; mas sim de
páo , barro , louça , panno , pergaminho; couro, cascas de arvores, ossos, conchas,
zimbos , sedas , plumas , algodão, papelão, papel, &c. como seria facil mostrar pela
Historia Geral, antiga, e moderna das Naçoens. Mas ainda assim dizemos, que nunca
ElRei D. João I., nem ainda quando ElRei de Castella cercou rigorosamente Lisboa,
fez, ou permittio que se fizesse Dinheiro de solt. E eis-aqui os fundamentos por onde as
sim o julgamos, prontos a sobscrever a quem adduzir outros melhores , e que deci
dão pela, real existencia do tal Dinheiro. I. He hum dos impossiveis moraes, que nem
no Senado de Lisboa, nem na Torre do Tombo, appareça (como de feito não apparece )
ainda, o mais leve Documento de semelhante Dinheiro; não sendo de presumir", e me
nos de crer, fosse adoptado no uso Civíl , e corresse no Povo sem Decreto, ou Alvará
de quem tinha o Governo, a Regencia, e a Defensão de todo o Reino. II. Fernão Lopes,
e outros, que tão miudamente escrevêrão do cerco de Lisboa, pintando ao vivo as cala
midades da Cidade, não exagérão a falta de dinheiro, mas antes nos informão da penu
ria dos generos da primeira necessidade, que com elle se havião de comprar; havendo
nos dito as providencias, que se tomárão para que o dinheiro não faltasse. Ora aquelle
Chronista fiel, e diligente, supposto que não seja synchrono , he supar, e não só teve
a mão os Monumentos coevos, sobre que escreveo a vida daquelle Monarcha; mas ainda
se podia muito bem informar com os que figuráráo naquelle tempo de calamidade , e
apertura; pois no de 1454 já pelos seus annos o aposentou ElRei D. Afonso V. de Guar
da Mór da Torre do Tombo: temos logo que o seu silencio, nesta parte não he augmen
to puramente negativo; mas antes positivamente nos informa, que tal Dinheiro nunca
MO MO 51
• *>
euro mui baixo, que fez cunhar ElRei de ouro , mais subido do que antes se
D. Duarte, assim como Reaes brancos usava na moeda. Nos sete Reinados se
(2o dos quaes fazião huma Libra an guintes se lavrárão diversas moedas de
liga das que se pagavão a 7oo Livri ouro, prata, e cobre, subindo sempre
nbar) ElRei D. Affonso V. por tres ve o valor dos metaes. Os Reaes de cobre
zes mandou fabricar estes Reaes, sem d'ElRei D. Manoel corrêrão pouco,
pre com o mesmo valor, e menos peso, porque as cousas que d'antes valião hum
até que nas Cortes d'Evora de 1473, Ceitil, se levantárão logo ao valor de
para satisfazer ao clamor da Nação, es hum Real. O mesmo succedeo aos Meios
tabeleceo o modo como estes Reaes se Tostoens d'ElRei D. João III., que se
devião pagar a respeito do seu peso. davão pelo que antes custava hum Vin
Tambem lavrou as Dobras de Banda tem. Lavrou tambem este Monarcha
com diferentes valores, e os Cruzados grande cópia de Ceitis, Reaes, e outras
G ii II1OC
houve no cérco de Lisboa. III. As Obras dos primeiros dous AA, que deste Dinheiro fi
2eráo menção, forão publicadas em 1734, e 1738, havendo # muito mais de tres
Seculos depois daquelle cerco, que foi no de 1384; e além disso não susten áo a razão
do seu dito com algum Documento, que passe de hum rumor, ou tradição vulgar, e in
subsistente: o que não basta para afiançar hum facto afim raro, e notavel, e tão alheio
do que em taes apertos se tinha praticado neste Reino. IV. Não se compadece com a or
dem das coisas, que o Dinheiro de sola, se algum dia corresse, de tal sorte se extinguis
se , que absolutamente não ficasse huma só medalha, que fizesse número em os nossos:
Muséos, onde se achão as mais raras, e extravagantes dós nossos Monarchas. E nem a ré
plica de que foi mandado recolher para ser pago em metal, póde ser de algum peso ;
pois repetidas vezes foi a moeda Portugueza mandada recolher, para ser apagada, e de
novo fundida, sob pena de perdimento; e não obstante isso, nós temos boa cópia del
las, não só estampadas, mas ainda em propria especie, e realmente as mesmas. E nem
o ser este Dinheiro de sola, materia branda, e sujeita a huma facil corrupção, pôde ser
a cansa de inteiramente se extinguir ; pois em nossos dias temos visto solts, que appare
cêrão na terra humida das sepulturas, onde havião sido postas muitos annos antes do de
1384, as quaes náo tinhão perdido a figura, e consistencia. Além disto, os pergaminhos,
e membranas são incomparavelmente mais débeis, e corruptiveis, e nós temos visto não
poucos de 800, e 9oo, e alguns de mil annos sem corrupção alguma, e que bem conser
vados prometem a duração de muitos Seculos. E que digo eu pergaminhos?... Não
temos nós Papeis de farrapos, ou de chife do tempo d'ElRei D. Diniz?... Não foi logo
a corrupção, mas sim a não existencia, quem roubou inteiramente este Dinheiro á nossa
vista. V. Havendo fundido a famatica epidemía do Dinheiro de sola por entre Grandes, e
pequenos, não faltárão Visionarios, que disserão o tinhão visto com seus olhos, e tocado
com suas mãos: allegárão outros com certos Caixoens, Cofres, e Casas mui distincras,
em que actualmente ( dizião ) se guardavão avultadas porçoens daquelle Dinheiro. Com
tudo hum sério, critico, e diligente exame fez ver, que os primeiros não tiverão mais
luzes que huma esquentada fantasia, a qual lhes pintou o que na realidade não era: e os
segundos (que sempre nos propunhão testemunhas mortas, e de longe ) quando não fos
sem mentirosos, confessárão de plano, que forão seduzidos, e enganados; deixando-nos
na certeza, de não existir huma só moeda de sola em tantos lugares, que della se dizião
fornidos, e abastados. VI, finalmente. Por huma sua Lei de 1426 manda ElRei D. João
I. que nenhum seja tão ousado, que engeite moeda alguma crunhada do seu crunho, a
não se mostrar com evidencia, que ella he feita de ferro, arame, latão, ou, de outro
desvairado metal, de que se não costuma fazer moeda nestes Reinos; sob pena de prisão,
e açoutes aos peoens, e de degredo aos de maior condição. Cod. Alf. L. IV. Tit. 69, § 1.
X. Peltre. Daqui se manifesta a repugnancia , que muitos tinhão em receber as moedas de
ouro, prata, e cobre, que por Authoridade Real se fabricarão , pela sua muita liga,
uco peso, e grande valor; não obstante serem dos metaes, de que ellas sempre neste
# se lavrarão. Igualmente se vê, que exceptuando o Rei unicamente as que fossem
de outros desvairados metaes; com muito mais razão exceptuaria a que no seu tempo fos
se feita de sola, que, dizem, tinha como as de metal, as Armas, e Cunhos, que in
dicão a Magestade, e Soberania. E o Real silencio nesta parte, quem não vê ser huma
prova decisiva, de que nunca em Portugal correo, ou se lavrou Dinheiro de sola, nem
ainda no cérco de Lisboa ? . . V. Moeda de couro, e Apartamento.
52 MO MO
moedas de cobre de pouco peso, pela fal Sebasfão, as despezas da infeliz jorna
ta que havia dellas, causada pelos Es nada, e o resgate dos Fidalgos obrigá
trangeiros, que como mercadoría da ga rão o Cardeal Rei a fazer subir a moe
nancia, as levavão para fóra do Reino. da , e dar ao marco de ouro o valor de
Quando Filippe II. entrou em Portugal 4cd)oco, e ao de prata o de 4d)ooo réis
achou valendo 5oo réis os Cruzados, (estando o 1. a 3od)ooo, e o 2.° a 2 d)6co
que principiárão com valor de 4ooréis: desde o anno de 1563, e a este preço
elle os subio a 515, e fez moeda de ou correo no tempo dos Filippes, e prin
ro de 4 Cruzados , que valia 2d)cóo cipio do Reinado do Sr. D. João IV.)
réis. porém no de 1642 se mandou, que o
ElRei D. João IV, para defender o marco de ouro de 22 quilates valesse
Reino fez recolher esta moeda, e lavrar 42d)24o, a 66o por oitava. E finalmen
outra do mesmo peso, mas com valor te a Lei de 4 de Agosto de 1688 man
de 3d)ooo réis, e meias de Id)5CO réis, da levantar o ouro, e a prata a 2o por
e quartos de 75o réis; valendo então o cento, a saber: a 8° de ouro de 22 qui
Inarco d’ouro de 22 quilates a 3Qd)OoO lates a Id)5oo réis; a onça a 12})OOo
réis. ElRei D. Affonso VI. fez subir es réis, e o marco a 96@oco réis. E para
tes quartos a Id)ooo réis, e D. Pedro com os Ourives seria o ouro de 2o qui
II. a IQ)2oo réis, ainda que pelo * lates, e 2 grãos, e valeria a 8.° a Id)4oo
não cheguem bem a Id) réis. Tambem réis; a onça a 11@zoo réis, e o marco
fez subir a 5oo réis os Cruzados de pra a 89@6oo réis. E que o marco de pra
:a, que D. João IV, havia feito com ta de 11 dinheiros valería a 6çòocoréis;
valor de 4oo réis, e logo depois os le a onça a 75o réis, e a 8°, e grãos a ex
vantou a 6co réis. E como ainda assim te respeito. Porém a prata dos Ouri
os levassem para fóra do Reino, fez ou ver sería de lei de dez dinheiros, e 6
tros Cruzados mais diminutos no peso, grãos, e se pagaria o marco de peças
os quaes igualmente desapparecêrão por a 5d)6oo réis ; as onças , oitavas, e
haver subido em toda a parte o valor grãos respectivamente. E este he o pre
da prata. E para supprir esta falta he ço porque hoje se pagão estes metaes,
que o Senhor D. João V. fez os Cruza se tem , e não excedem os ditos quila
dos novos de ouro, com o valor de 4oo tes. V: Hist. Geneal da C. R. Portug
réis, e estimação de 48o réis. . . . . Tom. IV, a f 99. usque infin.
De tudo o que em summa fica dito E de tudo se conclue, que nas ur
se manifesta, que sempre os nossos Mo gencias graves da Fazenda Real, além
narchas quebrárão a sua moeda, quan de outros recursos economicos, que os
do o bem da Nação, e do Estado assim nossos Fidelissimos Soberanos adoptárão
lho sugería. Isto mesmo se manifesta (alguns dos quaes apontou Mattheur
do augmento gradual, com que foi su Pisano no L. da Guerra de Ceuta) não
bindo o valor do ouro, e da prata desde foi dos menos eficazes o augmento da
os principios da Monarchia até o pre moeda. E nem á balança do Comercio
sente. A ser certo (segundo Mariz) lhes pôz tanto medo, que por isso dei
ue 6o Maravidiz de D. Sancho I. fa xassem de dar mais valor ao ouro, e á
zião hum marco de ouro, e que cada prata, e ainda ao mesmo cobre, e fa
huma destas moedas (como alguem se zerem uso da correspondente liga ; na
persuadio) não valia mais que Io8 réis; certeza de que as Naçoens todas, com
diziamos que valia o marco de ouro quem os Portuguezes commerciavão, erão
6})48o réis, e o da prata ainda menos as primeiras em augmentar o valor do
que 4oo réis. O que nos consta he, que seu dinheiro, diminuindo-lhe ao mesmo
no tempo de D. Pedro I. correo o mar tempo o seu valor intrinseco. Hoje mes
co de ouro a 73038o réis, e o da pratamo correndo o ouro Portuguez em toda
a pouco mais de 5co réis. V. Dobra. a parte, ainda mesmo com ganancia, e
Depois deste tempo sempre estes me sendo a este fim levado com ambição a
taes forão subindo com passo mais, ou todas as quatro partes do mundo; não
menos vagaroso. A perda d'ElRei D. vemos que em Portugal corra moeda al
gu
MO - MO 53
guma estrangeira, sem dúvida por não escolhão a seu arbitrio huma Villa das
chegar ao valor da Portugueza.No de1471 que tinhão, na qual sómente tomassem
se prohibírão neste Reino os Anriques de o direito do Montado, e não em as ou
Castella.V. Anriques. No de 1547 igual tras, e que não fosse mais do que El
mente forão # sob graves pe Rei manda tomar nas suas Villas, a sa
nas as Dobrar, Meias Dobras, e Quar ber: De rebanho de vaccas, huma vac
fos dos Xarifes de Marrocos, e de Sus; ca, e do rebanho de ovelhas 4 carnei
permittindo, que podessem ser levadas á ros ; porém nada dos porcos , egoas,
casa da moeda de Lisboa, ou do Porto, ou outros gador. E que não tirassem
onde serião recebidas pelo seu justo Portagem das couras, e dos homens,
fº: em que erão muito diminutas. Pe que passassem pelos seus Lugares, se
a mesma razão se prohibírão geralmen não em aquelles , nos quaes lhes fosse
te as moedas feitas fóra do Reino no concedido por Doaçoens Reaes, sob pena
Alvará de 13 de Janeiro de 1564; e pe de quem o contrario fizesse, pagar 5co
lo de 9 de # do mesmo anno se roldos, alem das custas, e despezar,
/
logo manifesto, que o nosso mesmo co Com efeito já desde o Sec. XII. foi
bre subio ao menos 18 tantos mais, que bem recebida entre os Canonistas a dis
não valia nos principios do Sec. XV., e tincção entre Lei Diocesana, e Lei da
ue os Chéfes desta Monarchia nas gran jurisdicção: por esta se entendia tudo
} precisoens do Estado se não esque aquilo, em que o poder, e jurisdicção
cêrão já mais da quebra, ou augmento dos Bispos, como inherente á sua Or
da moeda. V. Osmar. dem, e Dignidade Episcopal, tinha fi
MQLHO de linho. V. Fogueira rup. cado, e persistido inviolavel sobre os
MONTADO. V. Mantafico. No de Mosteiros, Militares, ou Monges isen
1261 dirigio ElRei D. Afonso III. hu tar, ou sobre as suas cousas: por aquel
ma Carta Magistro Militie Templi, la se tomava tudo aquillo, em que os
vel Commendatori, tenenti locum Ma mesmos Mosteiros, e Corporaçoens se
giftri, e aos mais Commendadores da propunhão isentos, principalmente quan
mesma Ordem em Portugal, em que lhes to á administração particular das suas
dá parte , como tivera Conselho com cousas, e Pessoas, eleiçoens, castigos,
os da sua Corte sobre o Montado, que &c. Porém já desde o mesmo Sec. suc
recebião nos termos das Villas, e Ter cedeo, que algumas vezes se unírão as
ras da Ordem sem moderação alguma, Irençoens destas duas Leis, e daqui nas
e com damno, e perda de seus vassal cêrãos os Prelados Nullius Diocerir,
los. Portanto lhes manda, que elles por exercitarem a furisdicção Episco
(e os mais. Religiosos do seu Reino) pal, ainda externa, no Clero, e rº
C
MO "
de certos territorios, ou separados das de repente sobre alguma collina, ou em»
outras Dioceses , ou insertos nellas, minencia, tomada a metáfora do Sol,
além da que lhe pertence sobre todos que vem apparecendo, e subindo sobre
os seus subditos, e pessoas, que lhes o orizonte. Meteram-se os Mouros per
são subordinadas. detraz de hum cabeço, e vieram nar
Esta Isenção se adquire por algum cer onde os nossos estavão. Chr. do C.
dos tres principios: Origem, Privile D. Pedro L.I. c. 39. Em se tornando pe
gio, e Prescripção immemorial. A Ori ra os seus, veo nacer ácerca dos cou
gem (que então se dá, quando certas trairos. Chr, do C. D. Duarte c. II3- -
Cidades, Lugares, Povoaçoens, terras NEICIIDADE. Falta de conhecimen
incultas, ou occupadas dos Infiéis se tos, e noticias, insciencia, ignorancia;
restaurão, ou povôão pelos mesmos Re impericia do que pertence aos deve
ligiosos, ou Pessoas, que ali instituem, res de cada hum. Ainda que os juizer,
ou restabelecem o Divino Culto) quasi e Alvazís de graça, ou persa neiciida
sempre coincide com o Privilegio Apos de ponham o dia de aparecer 4, parter>
tolico; pois em attenção a semelhantes além
L. III.dosTit.
trinta dias, &c. Cod. Alf
71, $29. •
P.
N.
PACO. No de 127o se ajustou, que
NASCER, e Nacer. Vir nascer, ap quando os Bispos d'Evora fossem vi
parecer, sahir, apresentar-se quasi de sitar as Igrejas de Portel, entre as mais
COUl"
PA PA 55
cousas, que pela Procuração deverião ella, é comegava de lhe falar passa
receber, sería unum pacum mediocrem. mente. Lopes, Chr, P.I. c. 1o. : " …
V. Terças Pontificaes. Mas que Paco PASSAREIRO. Caçador de perdizes.
meão, e arresoado entre o maior, e o Fezeram-se despois monteiros , e bo
mais pequeno seria este?. Sería talvez meens da adiça, e moedeiros, e valla
huma mesa frugal, fantar, ou Apo dores , e passareiros. Cod. Alf. L. I. * * #
PALHA. V. Sigillar, e Faste. Não e brancos, que parece forão asssim cha
só se usou da cana, troço, fragmento, mados, já desde os principios da nos
ou pedaço de palha nas citaçoens, e au sa Monarchia; pois segundo alguns Doc.
tos de posse de alguns bens de raiz (don da T. do T. no de 129o, e 1291 se ar
de na baixa Latinidade se disse Absti rendárão certos devassos para a Coroa
).
pulare, dimittir os bens de que se ha por tantas, ou quantas libras de bran
via tomado posse por huma palha : e cos, de XL. pretos a libra, que a se
nós dizemos ainda Estipular, dar, pe rem os brancos de 6 ceitís cada hum,
dir, ajustar, prometter, aceitar alguma e fazerem Io pretos hum real, diremos
cousa com toda a solemnidade, que a que a libra era de 4 réis, ou 4o dinheiros;
Lei prescreve) mas tambem nas Doa pois em outros arrendamentos se diz:
çoens se praticou metter-se a palha na libras de pretos brancos (isto he, de
mão do Donatario, o que se dizia Ad 1o pretos cada branco) de XL. dinhei
fatomare. E algumas vezes se cosia na ros a libra. Igualmente se arrendárão
mesma Carta de Doação huma limitada outros por hum anno, a XL. libras de
parte do mesmo symbolo ; chamando Portuguezes velhos. E se a libra era com
se estes Instrumentos Adfatimae Epis efeito de 4 réis; 4o libras farião 16o
role. réis, que parece tanto valião cada hum
PASSAMENTE. Mansamente , em daquelles F#. E daqui pode
voz baixa , com brandura, de vagar, a mos ajuizar sobre a antiguidade desta
passo. Estava estance de giolhos ante moeda, que não he tão moderna, co
1\]O
56 - Q_ R.
mo se disse V. Portuguez; pois já os e róldas retraçou-se pera filhar algum
havia velhos no tempo d'ElRei D. Di repouso. Chr. do C. D. Pedro c.37.
IllZ. REVOSO. A. Indignado, raivoso,
cheio de ira , e furor. Muito revosa
{ } •
dos movimentos, e alvoroços de Lisboa.
Chr. d'ElRei D. Aff. V. c. 36.
UARTEIROENS. Nas Inq. R. de
1288 se achou na freguezia de San
ta Maria de Freande, Julgado do Baiám, S.
que o Hospital tinha ali oito casaes,
pagando ende os quarteiroens, que som SEDA Tribunal, em que o Juiz se
dezoito dinheiros de cada casal; decla
assenta nas funcçoens que são proprias
rando-se, que onde entrava o Mordo do seu ministerio. Ante que } Jº
mo a receber os ditos quarteiroens, en levantasse da réda, em que fazia Au
trava tambem pela Voz, e pela Cooima. diencia. C. Alf. L. III. Tit. 81. in princ.
D. da T. do T. Tambem se acha quar Vem do Latino Sedes,
teirão nas de 1311, pelo qual se enten SUBLIMEÃO. Eminente , grande,
dião os mesmos 18 dinheiros. sublime como por excellencia. Tal foi
- QUEBRAR a moeda.V. Moeda. Tam o Evangelista S. João, que, a respeito
bem se dizia Apagar a moeda, quando dos outros Apostolos, foi mais honra
de novo se fundia, ou fabricava. do , querido, e estimado pelo Divino
Mestre. Em huma Inscripção de 15 Io,
R. que se acha na Capella do Casainho,
junto á Villa de Infías, se diz: São foão
sublimeão foi filho da Virgem Maria.
AT. os fins do Sec. XVI. ha innu
meraveis Doc. em que se escreveo o R
singello, quando devia ser dobrado; T.
notando-se porém que o escrevião mui
to mais encorpado que o r ordinario,
• TALENTo d'ouro. Em os Doc. de
Fim do Supplemente.
E R R A T A S.
Error. Emendas. Error. Emendar.
Pag. Pag.
I asado usado 163 Heurique Henrique
# 6 estão então I83 de 1199 de 12 o 9
Io O2,6 may Ozêzar, 186 privado privados
11 voluterit Toluerit 218 BINDRAR PINDRAR.
12 dingo digno Ib. Pastará Bastará
13 1 1 93 I I 97. 22o Ovença avença
Ib. Inngnes Insigner 221 alguma hera alguma hora
2 o estas não erão estas erão 23; Pma oftura ma Portura
24 supesticioso, V. O. supersticioso, feiticei- 243 Potestados Potentados
A TO, Ib. ajustaremos ajuntaremos
27 Ott tinm • Oll llll/71 244 PRINDIPE PRINCIPE
28 plaucit placuit 248 governão-se governando-se
32 Polagii Pelagii 249 Posoança Possança. I.
34 sonbudo sanhudo 2;o o Qaer ou Qaer
42 dividindo dividido a 54 6: canadas 8. canadas
, o ant /11/f 2; 6 que o que he o
51 Monemas AMonemur 27, V. Bebora V. Rebora
5; IGUARDAR IGUALDAR. 28; oito moaos oito matos
64 artigo antigo 286 traia tTOC2
68 com antigos com os antigos 29o enfonia eufonia
74 destruirão destruião 294 Rompimento terra Rompimento de terra
Ib. precerão precederão 3o; com freguencia com frequencia
7; de 1473 de 1 5" ; 3 o4 roboral roborar
76 os que os quaes 3o; tersas tCTr33
78 occometter aCCOIThettCf 3o3 Softegar Sortegar
8; donam donum 3o9 alqueia vão alquiavaõ
87 larvara lavrara 3 2 1 cx aqttore tx equore
. 88 respondea responder 347 apercadas apertadas
9 o flecte pectét 3; 2 Concilium confilium
2 ; 2; , ou 36 2; , 35 , ou 36. 3 54 2X 2X"
I I ; tê de 3;; no III. Mestre no II. Mestre
1 16 aqui a que Ih, confirmado . confirmando
Ilº. Nomini Nominº 366 tivesse lido tivesse sido
129 ouvira ouvir a 37 o Na de 1 25o No de 12;o
Ib. Carra Carta 4o4 1oo foldos Idioco. soldor:
, 13; regularmentes regularmente
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