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WORKSHOP SOBRE VESTUÁRIO MEDIEVAL CIVIL

-VESTUÁRIO DO POVO E DA BURGUESIA-


Óbidos
18 de Abril de 2010
Dado por Guildas Áureas – Associação de Recriação Histórica
INTRODUÇÃO

No que diz respeito ao vestuário medieval, algumas das regras de então ainda são
as mesmas de hoje, ou seja, quem tem mais dinheiro, tem acesso a roupas com mais
qualidade ou de maior luxo.
No entanto, devemo-nos sempre lembrar de dois aspectos muito importantes no
que se refere a este assunto:

A Sociedade Medieval estava impregnada, até ao seu âmago, pela divisão de


classes que determinava o estilo e a qualidade da roupa usada;
Os ideais democrático-liberais e o próprio capitalismo que permitem o acesso
igualitário da população aos recursos, são ideais que só aparecem na Europa nos
sécs. XVIII/XIX, com a Revolução Francesa e, antes, com a Revolução Industrial.

Em relação ao ponto 1, aprendemos na escola que a Sociedade Medieval estava


dividida em 3 partes: Clero, Nobreza, Povo. Mas o que a escola se esqueceu de referir foi
uma classe emergente, a Burguesia.
A religião, o pensamento politico, a divisão de classes, o ideal de vassalagem, a
economia centralizada, as leis sumptuárias são alguns dos muitos aspectos que
obrigavam as pessoas a respeitar determinadas regras em relação ao vestuário. Quanto
mais alto na classe social, mais acesso ao luxo havia.
O Povo, obviamente, usava roupa mais simples, não só pelo facto de ser a classe
mais baixa, mas também pelo lado prático. De nada vale usar mangas que se arrastam
pelo chão quando se vais trabalhar a terra.
Contudo, é a Burguesia que vem mudar, aos poucos, as regras da sociedade.
Provindo de Homens-livres, ou mesmo da Nobreza mais baixa, e de grupos á margem da
sociedade cristã local, como os judeus e os estrangeiros, a Burguesia é constituída por
pessoas com sucesso no comércio. Por conseguinte, ao enriquecer o acesso ao vestuário
e à riqueza começa a ser igual ou mesmo melhor que o da Nobreza.
Surgem leis sumptuárias mais rígidas, para garantir a diferença das duas classes,
mas o “mal” já estava feito.
Já em relação ao ponto 2 é a Revolução Industrial e a Revolução Francesa que
vieram moldar o pensamento Europeu e, mesmo assim, após estas, ainda foram precisos
mais 2 séculos até que todas as pessoas se comportassem da mesma maneira perante o
vestuário na Europa.
Mesmo que o liberalismo desse os mesmos direitos às pessoas, que a democracia
permitisse que as pessoas se manifestassem em relação a esses direitos e o capitalismo
permitisse a evolução do comércio ao ponto de só ser preciso entrar numa loja para
adquirir o necessário, ainda no séc. XX em Portugal, nem todas as pessoas se vestiam da
mesma maneira.
Em conclusão, praticamente durante toda a história civilizacional do Homem, o
vestuário determinou a origem social de cada um e, por conseguinte, os seus direitos.

Guildas Áureas 2
SÉC XII ATÉ MEADOS DO SÉC XIV

A última metade da Idade Média (os últimos 5 séculos) pode ser dividida em 2
partes, devido à evolução da tecnologia que também se reporta ao vestuário, podendo-se
fazer o corte a meados do séc. XIV.
Na 1ª metade, pode-se observar que não existe muita diferença no vestuário usado
pelas classes, somente na qualidade do pano, no comprimento das vestes e nos seus
adornos.
Abaixo iremos estudar o vestuário feminino e masculino em separado e por tópicos.

Vestuário Feminino

Bragas
São as cuecas daquela época. As pessoas conhecem-nas hoje em dia como ceroulas.
Vão abaixo do joelho, sendo atadas nesta parte e na cintura. Feitas sempre em linho
branco, podiam no Inverno ou nos países mais frios ser forradas (pela parte de dentro).
Constituem uma parte da roupa interior medieval. Presume-se que só eram usadas pelas
classes mais altas, porque envolvia gastar mais pano de linho, mas o seu uso feminino faz
sentido quando se pensa em termos biológicos e climatéricos.

Meias
O mesmo que hoje em dia, mas mais compridas (até ao meio da coxa) e feitas de lã, já
que esta fibra sofre menos desgaste.
Por vezes não eram incluídas nas vestes de trabalho, principalmente na agricultura em
que tanto os homens como as mulheres trabalhavam descalços.
Para quem não tinha dinheiro para comprar sapatos (envolvia o uso de uma quantidade
maior de couro, o que podia sair caro), usavam-se as meias com forro de uma palmilha de
couro na planta do pé.

Jarreteiras
São as fitas que seguram as meias abaixo do joelho para que estas não escorreguem. Foi
por uma destas ter-se soltado que se fundou a Ordem das Jarreteiras.
Também ainda parte da roupa interior.

Camisa
Outra roupa interior, de corpo inteiro (como um vestido) usada por todas as classes
sociais obrigatoriamente.
Tal como as bragas, feita de linho branco e que poderia levar forro mais quente (peles de
animal, tecido de lã).

Saia
Desde os tempos clássicos que o uso da saia nunca passou de moda. Esta seria aquilo
que hoje chamamos vestido e cobre o corpo dos ombros até aos pés.
Contudo, 2 simples rectângulos com orifícios para enfiar os braços e a cabeça evoluíram
para algo mais complexo (e, contudo, simplista para os dias de hoje).
Portanto, temos a saia como base de todo o vestuário medieval.

Guarda-cós
Tudo o que seja para proteger o cós, ou seja, a saia. Esta foi a origem e contudo o
guarda-cós assume uma evolução na moda tão drástica que passa a ter nomes variados
conforme os séculos, o modo de costura e o luxo envolvido.
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Normalmente era um outro vestido, mas que no séc. XII mais se traduzia numa esclavine
ou e, nos sécs. seguintes, num pelote.
A eslcavine (a pequena escrava, em francês) é um “vestido” que provém desde o antigo
Egipto e cujas mangas são apenas semi-círculos em vez de inteiras. Usada em todo o
séc. XII e XIII
O pelote, que aparece nos meados do séc. XIII, veio substituir a esclavine e a sua melhor
descrição é: um vestido sem mangas e com aberturas grandes dos lados do corpo.
Um dos guarda-cós mais preferidos, no entanto, e que servia como avental, era uma cota.
A cota feminina é tal e qual como aquela que os homens de armas usam para exibir o
brasão, mas era feita de linho (para as classes mais baixas) de variadas cores, contudo
maioritariamente de linho branco.

Coifa
Não existe termo hoje em dia para definir esta última peça que completa a roupa interior
medieval. Tal como todas as outras é feita por linho branco e tapava constantemente a
cabeça de qualquer pessoa, rica ou pobre, sendo mesmo usada para dormir. É reversível.

Vestuário Masculino

Bragas
Tal como as das mulheres, mas mais largas, eram de linho branco. Contudo, em vez de
serem opcionais, eram peça obrigatória, já que nelas se prendiam as calças.

Calças
Constituídas por duas pernas separadas, em lã, são presas por pequenos cordões às
bragas, Ou seja, temos duas pernas de calças que sobem em ponta (triangular,
quadrangular, para o século XIV, ou mesmo arredondado) até á frente da cintura e abaixo
do rabo, revelando as partes púdicas masculinas (frente e verso) tapadas pelas bragas.
Em muitos casos, para quem não tinha sapatos, cobriam igualmente os pés, com
palmilhas de couro, tal como descrito acima nas meias das senhoras. As meias eram
opcionais e só usadas em climas frios.

Jarreteiras
Também usadas pelos homens, mas para prender as calças abaixo dos joelhos.

Camisa
Uma peça que tanto pode ser considerada ou não parte da roupa interior. Nos sécs. XII,
XIII e inícios do XIV era uma camisa comprida que vinha até ou abaixo do joelho. Feita
em linho branco, mas o seu uso era a descoberto. Ou seja, os homens simples e que
trabalhavam, usavam a camisa como roupa normal e não a cobriam como as mulheres.

Túnica
Uma outra camisa mais rica, que podia ser de linho ou de lã e ornamentada, usada por
cima da camisa. Usada mais em ocasiões de lazer religiosos ou conforme a profissão, em
alturas em que não haveria hipótese de ser sujada.

Coifa
Igual para homens e mulheres.

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MEADOS DO SÉC XIV ATÉ FINAL DO SÉC XV

Nesta 2ª divisão, encontram-se os primeiros registos arqueológicos do uso de


botões, quer feitos de bolas de pano, quer feitos de metal ou madeira. Existem mesmo
iluminuras dos finais séc. XIII em que se vêm chapeirões com botões de pano. Contudo
os especialistas gostam de incidir o uso destes para meados do séc XIV.
Os botões eram tanto usados pelos Nobres (mais de metais ou outros elementos
preciosos) como pelas classes mais baixas (de madeira ou de pano):
A segunda característica que denotamos nesta última parte da Idade Média, é que
se inicia uma grande diferença na moda entre as classes.

Vestuário feminino

Bragas, meias, jarreteiras, coifa, camisa


Não sofreram alterações e continuam a ser o que se descreve como roupa interior.

Saia
Permanece igual à anterior, mas para algumas classes já se verifica o aparecimento de
botões nos punhos e antebraços e/ou à frente do peito.
Continua como base do vestuário feminino, mas que tanto poderia ser usada por si só, tal
como nos séculos anteriores, como apenas como mangas falsas a sair do guarda-cós, ou
mesmo inexistente (sendo a camisa a tapar o corpo e depois um guarda-cós por cima).

Guarda-cós
Aparece um novo tipo de guarda-cós, muito característico destes século e meio e que
diferencia as classes trabalhadoras por completo da Nobreza. Desta vez é um vestido de
lã, mas apenas com meia manga usado ou directamente por cima da camisa ou com
mangas falsas. É a chamada cotehardie, que nas classes mais ricas, como a burguesia,
tinha uma espécie de manga ou mesmo fitas presas à meia manga do vestido. Não
deixava de ser uma peça usada por todas as classes, mas o que mudava eram os
acabamentos, os materiais usados e o comprimento.

Vestuário Masculino
Bragas, coifa, jarreteiras
Não sofreram alterações, a não ser as bragas que diminuem de tamanho, até acima do
meio da coxa.

Calças
A moda dita o aparecimento de um novo tipo de calças, tapadas à frente e atrás,
enfeitadas com um tecido separável na zona genital passando a ser presas às bragas, se
não fosse preso a um novo tipo de vestuário, parecido a casacos, descritos em baixo.
Mas, as calças dos séculos anteriores, vigoram ainda nas classes mais baixas.

Camisa
Considerávelmente mais curta que anteriormente, dando apenas pelas ancas. Usada tal
como nos séculos anteriores.

Túnica/Saio
Deixa de existir a versão comprida e para o povo são mais curtas (tal como as camisas) e
para a burguesia é substituida por doublets ou gibões (espécie de casacos), cotehardies
(casacos com o mesmo feitio do vestido das mulheres). Mas estas últimas são roupas
ricas. Guildas Áureas 5
Aparece igualmente algo interessante que é uma espécie de um colete, usado por todas
as classes e no qual tambénm se prendiam as calças deste século.

Outros acessórios
Muito usados também são veús, lenços, redes de cabelo (combinados com véus ou não),
chapéus variados (principalmente de palha e lã e sempre com a coifa debaixo), aventais,
capas, chapeirões, cintos (de lã, corda ou de couro). Guildas Áureas

BIBLIOGRAFIA DAS IMAGENS ABAIXO

1. Thursfield, Sarah; “The Medieval Tailor's Assistant - making common garments


1200-1500”; Ruth Bean Publishers; Victoria Farmhouse, Carlton, Bedford; 2001

2. Housot, Mary G.; “Medieval Costume in England and France - the 13th, 14th and
15th Centuries”; Dover Publications, Inc; New York; 1996

1a) A evolução das bragas.

1b) Modo de costura das bragas de homem dos séc. XII até meados do séc. XIV (à esquerda) e modo
de costura das bragas de homem dos meados do séc. XIV até finais do séc. XV (à direita).

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1c) Camisa de senhora e respectivo molde para todos os séculos.

1d) Camisa de homem dos finais da Idade Média e molde. Pode também ser usado para a túnica.
1e) Coifa para todas as classes e séculos.

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1e) Molde de camisa de homem dos sécs. XII, XIII e inícios do XIV, mais comprida e com corte à
frente e verso para possibilitar o andar. Molde igual para a túnica.

1f) Imagem de túnica do final da Idade Média.


1g) Saia e molde para todos os séculos. Botões no punho e na frente no final da Idade Média.

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1h) Botões

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1i) Calças do final da Idade Média.

1j) Molde das meias.

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1l) Pelote e molde para 2 pelotes de 2 séculos diferentes (o mais recortado é para finais do séc XIV)

1m) Cotehardie feminina e molde respectivo.

1n) Rede e véu para senhora muito usado no último século e meio da Idade Média, mas o véu
sempre foi usado nos 5 séculos com pequenas variações, tal como a rede principalmente pela
burguesia , em separado do véu. 11
1o) Chapeirão e capa sem capuz.

1p) Chapéus variados para homem, tricotados e transformados em feltro. Os 2 com pêlo usados em
todos os séculos. Em cima à esquerda, no topo, séc XIII a XIV; logo abaixo, no século XV. À direita
chapeús do séc. XII ao XV respectivamente (da esquerda para a direita).
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2a) Esclavine usada até finais do séc. XIII.

2b) Aqui vêm-se todas as características das roupas usadas pelas mulheres simples nos finais do
séc. XIII, quer a saia a sós ou coberta pelo pelote. Ambos os homens estão vestidos com capuz, um
usa uma coifa e o outro um chapéu muito característico para médico e/ou arquitectos.

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2c) Roupas usadas pelos trabalhadores manuais por todo o século XII e XIII até inícios do séc. XIV.
A figura 85 demonstra um caçador com camuflado, a seguir 2 pastores e um lenhador.

14
2d) Vários trabalhadores manuais do séc XIII. A figura 90 demonstra um homem que não é camponês
a dar de comer a uns pássaros.

15
2e) Em cima à esquerda mulheres do séc XIV. Denote-se os aventais. Ao lado um pescador e um
homem com uma fisga. Em baixo, da esquerda para a direita, um lenhador, um caçador, um homem-
faz-tudo, 2 pastores e um semeador.

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