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UNIDADE 3

Equações diferenciais lineares


de primeira ordem

Objetivos de aprendizagem
„ Identificar e resolver as equações lineares usando
o método dos fatores integrantes ou o método da
variação dos parâmetros.
„ Reconhecer a equação de Bernoulli e a equação de
Ricatti como um caso redutível a equações lineares.

„ Discutir a modelagem de problemas práticos.

Seções de estudo
Seção 1 Equações lineares

Seção 2 Equações de Bernoulli e equações de Ricatti

Seção 3 Aplicações gerais

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, vamos discutir as equações diferenciais lineares de
primeira ordem e as equações de Bernoulli e Ricatti que podem ser
transformadas em lineares. As equações lineares são fundamentais,
pois têm aplicações na Geometria, na Física e na Engenharia.

Também vai ser interessante lembrar a história da família


Bernoulli. Os Bernoullis matemáticos têm uma árvore
genealógica com vidas marcadas por conflitos e por muita
produção científica.

A equação de Bernoulli fica reduzida a uma equação linear,


graças aos estudos dos irmãos Jacques e Jean Bernoulli e também
por Leibniz.

A equação de Ricatti foi estudada por Jacopo Riccatti e tem-se a


conjectura de que ele já tivesse estudado o caso especial analisado
por Bernoulli, pois a obra de Bernoulli foi bastante discutida na
Itália, local de estudos de Ricatti.

Vamos, então, detalhar métodos que foram estabelecidos


historicamente por grandes homens!

Seção 1 – Equações lineares


As equações diferenciais lineares são muito usadas no contexto
da Física, da Química e da Engenharia, além de muitas outras
aplicações geométricas e em outras áreas. Nesta seção, discute-se
apenas as de primeira ordem.

Quase sempre uma situação problema é destacada por ser de


grande importância para a Engenharia e para a Física. Aqui,
também serão destacados os problemas de Circuitos Elétricos.
Não pretendemos discutir as propriedades e características dos
Circuitos Elétricos, mas você tem a oportunidade de lidar com
esse objeto de estudo como um interessante exemplo de aplicação
das equações diferenciais lineares. Veja o problema P3:
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Equações Diferenciais

P3: O crescimento da intensidade de corrente elétrica num


circuito do tipo RL é descrita pela Lei de Kirchhoff das tensões.
Supondo que um circuito
Da lei de Kirchhoff das
elétrico tenha um resistor R de
resistência 1 Ohm; um indutor R tensões, para o presente
problema, temos que vale
de indutância igual a 2 Henries
e uma força eletromotriz a relação L  + Ri = E,
igual a 4 Volts, calcule o valor E sendo que estamos
da intensidade da corrente supondo um circuito que
elétrica para o tempo t = 2 possui um resistor de
segundos, sabendo-se L resistência R, um indutor
que para t = 1 segundo, a de indutância L e uma
intensidade da corrente mediu Figura 3.1 – Circuito elétrico do problema P3 fonte de alimentação
Fonte: Elaboração da autora (2011).
3,5 ampère. A Figura 3.1 constante E. A diferença
mostra o circuito. de potencial do resistor é
dada por VR(t) = Ri(t) e
a diferença de potencial
do indutor é dada por
VL(t) = L .
Para resolver esse problema, é necessário discutir com detalhes as
equações lineares.

O que é uma equação diferencial linear?

Uma equação diferencial de primeira ordem é dita linear quando


a função y e a sua derivada y’ são ambas do primeiro grau.
Vamos identificá-la com uma forma típica
É interessante ficar atento
que o grau e a ordem de
y’ + a(x)y = h(x). uma equação diferencial são
conceitos diferentes (rever a
Quando a função h(x) é igual a zero, a forma típica fica reescrita seção 1 da unidade 1). Toda
como y’ + a(x)y = 0. Neste caso, dizemos que a equação linear é equação linear é de primeiro
incompleta ou homogênea. grau, mas não necessariamente
de primeira ordem. A equação
y’’ + 2y’ + y = 0 é de primeiro
Quando temos h(x) ≠ 0, dizemos que a equação linear é completa grau (linear), mas é de segunda
ou não homogênea. ordem.

Unidade 3 79

equacoes_diferenciais.indb 79 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Exemplos

 –  y = 0 é uma equação diferencial linear de primeira


ordem incompleta ou homogênea.

 –  y = x + 1 é uma equação diferencial linear de primeira


ordem completa ou não homogênea.

Compare os exemplos dados com a forma típica e observe que:

no exemplo 1 temos a(x) = – e h(x) = 0.

no exemplo 2 temos a(x) = – e h(x) = x + 1.

Como resolver as equações diferenciais lineares?

Vamos analisar a resolução verificando, inicialmente, se estamos


diante de uma equação homogênea ou não homogênea.
Fique atento, pois daqui para frente,
usaremos com mais frequência a
terminologia homogênea ou não
homogênea ao invés de incompleta Resolução das equações diferenciais lineares homogêneas
ou completa respectivamente.
Lembre-se, também, que a Observe a forma típica da equação linear homogênea:
equação linear homogênea não é,
necessariamente, do tipo das Equações y’ + a(x)y = 0.
Homogêneas. Você pode observar isso
nos exemplos ao longo desta unidade.
Observe isto no desenvolvimento que segue:

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Equações Diferenciais

Portanto, a solução geral é dada por:

∫ + a(x) dx = ln C

ln y – ln C = – ∫a(x) dx

 = e–∫a(x) dx

y = Ce–∫a(x) dx

Observe que y = Ce–∫a(x) dx é uma fórmula que dá a solução geral da


equação y’ + a(x)y = 0. Recomendamos que na resolução de exemplos
e exercícios, o uso de fórmulas seja evitado, para que os conceitos
básicos não fiquem “perdidos” entre os algebrismos das fórmulas.

Exemplos

(1)  –  y = 0

∫  –  dx = ln C

ln|y| – 2 ln|x| = ln C

 = C

y = Cx2.

(2) y’ + x sen (x2 + 1)y = 0

+ x sen (x2 + 1)y = 0

+ x sen (x2 + 1) dx = 0

∫ + ∫ x sen (x2 + 1) dx = ln C

ln|y| –  cos (x2 + 1) = ln C

ln  =  cos (x2 + 1)

Unidade 3 81

equacoes_diferenciais.indb 81 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

cos (x 2 + 1)
 = e
cos (x 2 + 1)
y = Ce .

Resolução das equações diferenciais lineares não


homogêneas
Inicialmente, é interessante observar que a equação
y’ + a(x)y = h(x) não homogênea é, por definição, uma equação
que pode ser reescrita num intervalo I como Ly = h(x), sendo
que L é um operador diferencial linear de primeira ordem no
intervalo em que as funções a(x) e h(x) são contínuas. Podemos,
Vamos trabalhar mais intensamente
com os operadores diferenciais
então, supor ao apresentar os métodos de resolução que a
lineares. No momento, basta existência da solução está garantida em função da existência das
observar que, neste caso, integrais que envolvem essas funções.
Ly = y’ + a(x)y e que o operador
linear L = D + a(x) tem as Vamos apresentar dois métodos:
propriedades de uma transformação
linear, discutida na Álgebra Linear.
„ Método do fator integrante;

„ Método de lagrange ou
Método da variação dos parâmetros.

Método do fator integrante


Esse método já foi discutido, portanto, basta ter em mãos o fator
integrante para obter a solução da equação linear.

O fator integrante pode ser obtido seguindo o roteiro abaixo.


Acompanhe:

y’ + a(x)y = h(x)

+ a(x)y – h(x) = 0

dy + [a(x)y – h(x)]dx = 0

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Equações Diferenciais

Temos assim:

M(x,y) = a(x)y – h(x) ⇒  = a(x);

N(x,y) = 1 ⇒  = 0.

Calculando (  –  ) = a(x), podemos afirmar que


o fator integrante é uma função em x e que vale:

 = e∫a(x) dx.

O fator integrante para a resolução das equações


diferenciais lineares y' + a(x)y = h(x) é dado por
R = e∫a(x) dx .

Exemplo
(1)  –   = x + 1

Nesta equação, temos que:

a(x) = – e h(x) = x + 1.

Encontraremos, então, o fator integrante usando a expressão

R = e∫a(x) dx.

Temos,

R = e∫a(x) dx = e∫–
–2
dx
 = e–2 ln|x| = e ln x  = x–2 =  .

Unidade 3 83

equacoes_diferenciais.indb 83 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Aplicamos o fator integrante na equação dada e constatamos que,


agora, estamos diante de uma equação diferencial exata.

O sistema que precisaremos resolver é dado por:

Iniciaremos pela segunda equação. Observe que a função


C(x) surge naturalmente, pois a integral está sendo resolvida
considerando-se x temporariamente uma constante.

 = 

u = ∫ dy + C(x)

u =  y + C(x)

O resultado obtido deve ser levado para a primeira equação do


sistema. Veja:

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Equações Diferenciais

Assim, a função potencial é dada por

u =  y – ln|x| + + C.

A solução geral da equação é dada por u(x,y) = C, ou seja,

y – ln|x| +  = C.

A seguir, discutiremos o segundo método para a resolução das


equações diferenciais lineares de primeira ordem.

Método de lagrange ou método da variação dos parâmetros


O método da variação dos parâmetros é muito interessante e
bastante simples.

A solução fica sempre apresentada na forma explícita. Partimos da


suposição de que a solução geral é da forma y = u1v, sendo que:

„ u1 = u1(x) é a solução particular da equação homogênea


associada u’ + a(x)u = 0 fazendo-se a constante de
integração igual a 1;
„ v = v(x) é uma função que pode ser encontrada por meio
da fórmula

A base desse método está alicerçada na propriedade da solução


geral das equações lineares que garantem a forma y = u1v. A
generalização dessa propriedade será usada quando discutiremos
as equações lineares de ordem n.

Unidade 3 85

equacoes_diferenciais.indb 85 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

A forma da função v = v(x) fica garantida fazendo-se:

y’ + a(x)y = h(x)
(u1v)’ + a(x)u1v = h(x)
u1v’ + vu1’ + a(x)u1v = h(x)
u1v’ + v(u1’ + a(x)u1) = h(x)

Por suposição, a expressão que está dentro dos parênteses


se anula, pois, u1 = u1(x) é a solução particular da equação
homogênea associada (u’ + a(x)u = 0). Assim:
Dada a equação
y’ + a(x)y = h(x), vamos sempre
u1v’ + v(u1’ + a(x)u1) = h(x)
denotar como equação homogênea u1v’ = h(x)
associada, a equação em que
h(x) = 0, ou seja, u + a(x)u = 0.
v’ =  ⇒

Segue, assim, o roteiro de resolução.

Roteiro de Resolução 6
1. Inicialmente, certifique-se que a equação está escrita na forma
y’ + a(x)y = h(x).
2. Escreve-se a equação homogênea associada: u’ + a(x)u = 0.
3. Resolver a equação homogênea associada obtida em 2, usando o
método das variáveis separáveis.
4. Particularizar a solução geral encontrada em 3, fazendo C = 1.
Procure apresentar a solução particular na forma explícita fazendo
u1 = e–∫a(x) dx .
5. Encontrar a função . Observe que, nesse caso, vai
surgir a constante de integração C que não deve ser descartada.
6. A solução geral será y = u1·v.

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Equações Diferenciais

Exemplos
(1) Resolver a equação 2xy’ – y = 3x2.

Observar, inicialmente, que se deve apresentar a equação na


forma y’ + a(x)y = h(x). Veja:

2xy’ – y = 3x2

y’ –  y = 

y’ –  y =  x

Assim, temos que a(x) = – e h(x) =  x e podemos seguir o


roteiro de resolução 6.

Vamos escrever a equação homogênea associada e resolvê-la.

u’ –  u = 0

 –   = 0

∫  – ∫  = ln C

ln|u| –  ln|x| = ln C

ln u × x–1/2 = ln C

u = 

u = Cx 1/2.

Vamos, agora, particularizar a solução encontrada fazendo C = 1.


Temos:

u1 = x 1/2.

Unidade 3 87

equacoes_diferenciais.indb 87 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Agora, vamos encontrar a função v = v(x) usando a fórmula

. Veja:

v = x 3/2 + C.

Estamos, portanto, com as funções calculadas para escrever a


solução geral:

y = u1v
y = x 1/2(x 3/2 + C)
y = x2 + Cx 1/2

Resolver o problema P3, apresentado no início desta seção.

Inicialmente, leia o problema e, a seguir, confira a tabela que


segue com a representação semiótica intermediária:

P3: O crescimento da intensidade de corrente elétrica num


circuito do tipo RL é descrita pela Lei de Kirchhoff das tensões.
Supondo que um circuito
elétrico tenha um resistor R de
resistência 1 Ohm; um indutor R
de indutância igual a 2 Henries
e uma força eletromotriz
igual a 4 Volts, calcule o valor E
da intensidade da corrente
elétrica para o tempo t = 2
segundos, sabendo-se L
que para t = 1 segundo, a
intensidade da corrente mediu Figura 3.1 – Circuito elétrico do problema P3
Fonte: Elaboração da autora (2011).
3,5 ampère. A Figura 3.1
mostra o circuito.

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Equações Diferenciais

Tabela 3.1 – Representação semiótica do problema P3

Unidades de Condições Condições


Variáveis Símbolos medida iniciais para a solução
Intensidade de corrente elétrica i Ampère 3,5 ????
Resistência R Ohm 1 —
Indutância L Henries 2 —
Força eletromotriz E Volts 4 —
Tempo t Segundos 1 2

Fonte: Elaboração da autora (2011).

„ Qual a função identificável?

„ Qual a taxa de variação presente no contexto do


problema?

„ Qual é a relação que envolve a taxa de variação? ou Qual


é a equação diferencial?

As respostas a essas questões nos levam à formulação do modelo


que está alicerçado na Lei de Kirchhoff. Veja:

Função: i = i(t)

Taxa de variação*:

Equação diferencial:

* variação da intensidade de corrente elétrica no decorrer do tempo.

Podemos apresentar a equação acima na forma de uma equação


diferencial linear não homogênea. Veja:

Unidade 3 89

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Substituindo os valores da resistência da indutância e da força


eletromotriz temos:

+ i = 

+ i = 2

Temos, então, a equação linear não homogênea do tipo


y’ + a(t)y = h(t) sendo que a(t) =  e h(t) = 2.

Segue a solução pelo método da variação dos parâmetros.

+  = 0

∫ + ∫  = ln C

ln|u| + t = ln C

ln|u| – ln C = – t

ln  = – t ⇒  = e–1/2t ∴ u = Ce–1/2t

Particularizando a solução da homogênea associada temos

u1 = e–1/2t.

A função v é dada por:

 = ∫ 2e 1/2tdt = 4e 1/2t + C

A solução geral é dada por:

i = u1(t)·v(t)
i = e–1/2t[4e 1/2t + C]
i = 4 + Ce–1/2t

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Equações Diferenciais

Vamos aplicar as condições iniciais i(1) = 3,5.

3,5 = 4 + Ce–1/2t
Ce–1/2 = 3,5 – 4
C =   = –0,5 × e 1/2 = –0,5 × 1,648 = –0,824.

Assim, i = 4 – 0,824e–1/2t é a solução particular. Para dar a resposta


final do problema temos que calcular a imagem da função
encontrada no tempo 2 segundos. Temos

i = 4 – 0,824e–1/2·2 = 3,696 Ampère.

Seção 2 – Equações de Bernoulli e equações de Ricatti


Nesta seção, vamos discutir duas equações específicas que estão
relacionadas, pois a equação de Ricatti pode ser transformada
em uma equação de Bernoulli. Já a equação de Bernoulli pode
ser transformada em uma equação linear. Assim, ambas têm
seus métodos de resolução resumidos, pois após as devidas
substituições, aplicaremos um dos métodos das equações lineares
discutidos na seção anterior.

Qual a forma padrão para a identificação da equação


de Bernoulli?

A equação de Bernoulli tem a sua forma típica expressa por:

y’ + a(x)y = h(x)·yn

sendo n um número real qualquer.

Unidade 3 91

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Numa análise rápida, podemos dizer que:

„ Se n = 0 ⇒ y’ + a(x)y = h(x), estamos diante de uma


equação diferencial linear não homogênea;
„ Se n = 1 ⇒ y’ + [a(x)y – h(x)]y = 0, estamos diante de
uma equação diferencial linear homogênea.

Para que a equação y’ + a(x)y = h(x)·yn (n ≠ 0, n ≠ 1) se transforme


em uma equação diferencial linear, é necessário fazer a troca de
variável usando-se a relação

z = y1–n.

Lembrando que se z = y1–n, vale z’ = (1 – n)y–n·y’ ou

y’·y–n = 

Para visualizar mais facilmente como se comporta essa


substituição, vamos multiplicar toda a equação por y–n.

y’ + a(x)y = h(x)·yn
y’·y–n + a(x)y·y–n = h(x)·yn·y–n
y’·y–n + a(x)y1–n = h(x)

Substituindo y’·y–n =  e z = y1–n na expressão anterior,


temos:

y’·y–n + a(x)y1–n = h(x)

+ a(x)z = h(x)

z’ + (1 – n)a(x)z = (1 – n)h(x).

Portanto, estamos diante de uma equação diferencial linear não


homogênea. Observe que a equação é na variável z e x e tem as
funções a(x) e h(x) multiplicadas pelo número (1 – n), gerando
novas funções, mas a forma da equação diferencial linear não
homogênea fica mantida.

Veja o roteiro para a resolução.

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Equações Diferenciais

Roteiro de Resolução 7
1. Multiplique a equação y’ + a(x)y = h(x)·yn (n ≠ 0, n ≠ 1), por y–n.
2. Faça a mudança de variável y’·y–n =  e z = y1–n.
Constate que você está diante de uma equação diferencial linear não
homogênea, sendo que as variáveis envolvidas são z e x.
3. Resolva a equação encontrada por um dos métodos apresentados na
seção 1 desta unidade. A solução geral encontrada é nas variáveis z e x.
4. Faça a substituição final na solução geral obtida em 3) usando a
relação definida em 2), ou seja z = y1–n.

Exemplos
(1) Resolver a equação de Bernoulli y’ –  y = 2xy2.

Observe, a seguir, os passos do roteiro de resolução 7, sendo que


a substituição a ser usada é

z = y1–2 = y–1 e

y’ –  y = 2xy2

y’·y–2 –  y–1 = 2x

–z’ –  z = 2x

z’ + z = –2x.

Estamos diante de uma equação linear em que a(x) =  e h(x) = –2x.

Vamos aplicar o Roteiro de resolução 6.


Neste caso, lembre-se
u’ + u = 0
de que é possível usar
também o método do fator
∫ +∫  = ln C integrante.

ln u + ln x = ln C

u·x = C ⇒ u =  .

Unidade 3 93

equacoes_diferenciais.indb 93 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Particularizando a solução encontrada vem u1 =  . A seguir,


vamos calcular a função v(x).

Temos, assim, a solução geral em z e x:

z = u1v

ou

, sendo que 3C1 = C.

Fazendo a substituição final na qual resgatamos a nossa relação


inicial z = y–1 para encontrar a solução geral da equação de
Bernoulli dada.

Podemos, agora, analisar a equação de Ricatti que se transforma em


uma equação de Bernoulli, após uma conveniente substituição.

A equação de Ricatti é considerada, na história da matemática,


como uma das mais interessantes estudadas no século XVIII. Sua
denominação foi dada por D’Alembert em homenagem a Jacopo
Ricatti (1676-1754), mas ela foi estudada por matemáticos da
família Bernoulli. Foi Euler o primeiro a chamar a atenção para o
fato de que quando se conhece uma solução particular (y1), então,
a substituição y = y1 + 1/z vai transformá-la em uma equação
diferencial linear em z. (BOYER, 1974).

Como identificar uma equação de Ricatti?

94

equacoes_diferenciais.indb 94 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

A equação de Ricatti na sua forma original não é uma equação


linear, nem de Bernoulli. Veja:

y’ = p(x) + q(x)y + r(x)y2.

Para transformá-la em uma equação de Bernoulli é necessário


conhecermos uma equação particular, denotada por y1. Essa
equação particular em alguns casos é observável por uma rápida
inspeção, mas em outros casos pode ser algo mais complicado.
É usual obter as soluções
Você poderá observar nos livros didáticos que, em geral, as particulares em problemas
soluções particulares já são apresentadas tanto nos exemplos práticos a partir das
como nas listas de exercícios. condições da modelagem
do problema, mas neste
texto não vamos avançar
nesta discussão, pois pode
Para transformar uma equação de Ricatti em uma
ser necessário envolver
equação de Bernoulli, basta ter em mãos uma solução
objetos mais complexos
particular y1 e usar as substituições y = y1 + w o que
que não estão inseridos nos
implica em y' = y1' + w'.
objetivos dessa disciplina.

Aplicando as substituições e lembrando que

y1’ = p(x) + q(x)y1 + r(x)y12 ou


y1’ – p(x) – q(x)y1 – r(x)y12 = 0,
Não esquecer que y1 é
vamos ter:
solução particular, por isso,
vale a relação dada.
y’ = p(x) + q(x)y + r(x)y 2

y1’ + w’ = p(x) + q(x)y1 + q(x)w + r(x)(y12 + 2y1w + w2)


w’ – [q(x) + 2y1r(x)]w = r(x)w2

A equação obtida é uma equação de Bernoulli, w’ + a(x)


w = h(x)·wn, sendo que a(x) = q(x) + 2y1r(x); h(x) = r(x) e n = 2.

Unidade 3 95

equacoes_diferenciais.indb 95 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Roteiro de Resolução 8
1. Certifique que a equação dada é da forma y’ = p(x) + q(x)y + r(x)y 2 e que
você tem em mãos a solução particular y1.
2. Aplique as substituições y = y1 + w e y’ = y1’ + w’, ou vá direto para a
expressão simplificada w’ – [q(x) + 2y1r(x)]w = r(x)w2.
3. Identifique a equação de Bernoulli e siga o roteiro 7.
4. Para finalizar, você deve retornar a substituição aplicada em 2),
fazendo w = y – y1 na solução encontrada.

Exemplo
(1) Resolver y’ = –6 – y + y2.

Numa investigação rápida, é possível ver que y1 = 3 é uma solução


particular.

Observando que p(x) = –6; q(x) = –1; r(x) = 1 e aplicando direto


na expressão w’ – [q(x) + 2y1r(x)]w = r(x)w2 temos:

w’ –[–1 + 2 × 3 × 1]w = 1w2
w’ – 5w = w2.

A equação obtida é de Bernoulli. Aplicando o roteiro 7 temos:

w’ – 5w = w2
w’w–2 – 5ww–2 = w2w–2
–z’ – 5z = 1
z’ + 5z = –1.

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Equações Diferenciais

Encontramos a equação linear não homogênea. Aplicando o


Roteiro 6 temos:

z’ + 5z = –1
u’ + 5u = 0

+ 5dx = 0

∫ + ∫5dx = ln C

ln |u| + 5x = ln C

ln |u| – ln C = –5x

ln = –5x

u = Ce–5x
u1 = e–5x.

Calculando a função v(x) temos

Assim,

Retornado as variáveis iniciais w = y – 3, temos a solução geral final:

Na seção seguinte, analisamos mais aplicações das equações


discutidas nesta seção.

Unidade 3 97

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 3 Aplicações gerais


Para ampliar um pouco mais a prática de resolução de problemas
que são modelados com equações diferenciais, seguem três
problemas cujos enunciados e dados foram adaptados de
Frank (1994). Observe que em cada problema é necessário um
conhecimento da Física. Como o nosso objetivo é a visualização
e cálculo da equação diferencial, sempre que necessário
apresentamos uma nota relativa aos conceitos da Física.

P4: Uma aeronave de 48.000 toneladas para transporte de


cargas inicia o seu deslocamento com o empuxo de 100.000 N
das hélices propulsoras.
a) Estabelecer sua velocidade em função do tempo t, sabendo-se
que a resistência ao movimento em N é de 1.500v, sendo v a
velocidade em metros por segundo.
b) Calcular a velocidade no tempo t = 5 horas.
c) Definir a velocidade máxima.

Preste muita atenção ao completar a tabela das


representações semióticas para que os dados tenham
as unidades coerentes com o sistema internacional de
unidades.

Apresentamos, inicialmente, a representação semiótica


intermediária.

Tabela 3.2 – Representação semiótica do problema P4

Condições Condições
Variáveis Símbolos Unidades de medida iniciais para a solução
Massa da aeronave m Quilograma (kg) 4.800.000 —
Empuxo (força propulsora) Fp Newton (N) 100.000 —
Velocidade v Metro por segundo (m/s) 0 ???
Tempo t segundo (s) 0 18.000
Resistência Fr Newton (N) 1.500v —
Fonte: Elaboração da autora (2011).
98

equacoes_diferenciais.indb 98 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Temos que responder as seguintes questões:

„ Qual a função identificável?

„ Qual a taxa de variação presente no contexto do


problema?

„ Qual é a relação que envolve a taxa de variação?


Qual é a equação diferencial?

Antes de responder às questões padronizadas que propiciam a leitura


da representação, é interessante lembrar alguns conceitos da Física.

Da Física temos que para o presente problema vale a


relação:
Massa × aceleração = força resultante
= força propulsora – resistência.

Temos portanto:

Função identificável: v = v(t)

Taxa de variação*:

Equação diferencial**:

* Aceleração. ** Analisando os dados que temos, obtemos a equação.

Aplicando os dados temos:

Unidade 3 99

equacoes_diferenciais.indb 99 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Portanto, a equação que modela o problema é uma equação


diferencial linear não homogênea.

Veja a solução, usando os métodos discutidos nesta unidade.

Particularizando a solução da homogênea associada temos:

u1 = e–t/3200.

Calculando a função w que compõem a solução temos:

w=

Assim, fazendo v = u1 . w temos:

Usando a condição inicial v(0) = 0 temos que C = – .

Assim, a solução particular que responde ao item (a) do problema é:

v =   –  e–t/3200.

A solução do item (b) é simples a partir do resultado anterior,


pois basta aplicar as condições da última coluna da tabela das
representações semióticas. Temos:

v =   –  e–18000/3200.

v = 66,426 m/s ≅ 239,11 km/h.

100

equacoes_diferenciais.indb 100 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Para responder ao item (c) é importante lembrar que usamos,


neste contexto, o termo velocidade máxima, portanto, estamos
supondo o tempo tendendo para o infinito, ou seja, estamos
analisando as potencialidades do aumento da velocidade no
decorrer do tempo.

Fazendo, então, o limite de v =   –  e–t/3200 quando t tende

para o infinito, vamos obter o valor v =  m/s = 240 km/h.

P5: Um corpo de massa m cai, partindo do repouso, em um fluido


em que a resistência dada em Newton é proporcional à velocidade
dada em metros por segundo. Sabendo que a densidade do fluido
é ¼ da densidade do corpo, e que a velocidade máxima limite é de
8 m/s. Achar a velocidade ao final de 3 segundos.
(Usar a aceleração da gravidade com o valor aproximado de 10 m/s2)

Veja a representação semiótica intermediária do problema P5.

Tabela 3.3 – Representação semiótica do problema P5

Unidades Condições Condições


Variáveis Símbolos de medida iniciais para a solução
Massa m kg
Velocidade v m/s 0 8 ???
Densidade do fluido d1 kg/m3
Densidade do corpo d2 kg/m3
Tempo t s 0 t→∞ 3

Fonte: Elaboração da autora (2011).

Temos que responder as seguintes questões:

„ Qual a função identificável?

„ Qual a taxa de variação presente no contexto do


problema?

„ Qual é a relação que envolve a taxa de variação?


Qual é a equação diferencial?

Unidade 3 101

equacoes_diferenciais.indb 101 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Antes de responder às questões padronizadas que propiciam a leitura


da representação, é interessante lembrar alguns conceitos da Física.

Da Física temos que para o presente problema vale a


relação:

Força resultante = peso do corpo


– força devida ao fluido – resistência.

Peso do corpo = massa × aceleração da gravidade.

Temos, portanto:

Função identificável: v = v(t)

Taxa de variação*:

Equação diferencial**:

* Aceleração. ** Analisando os dados que temos, obtemos a equação.

Aplicando o valor aproximado da aceleração da gravidade e


fazendo simplificações temos:

m =  m – kv

 =   –  v

+ v =  .

A equação + v =  é linear.

102

equacoes_diferenciais.indb 102 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Seguindo o roteiro de resolução 6, temos:

+ v = 

+ u = 0

∫ + ∫ dt = ln C

ln|u| – ln C = – t

 = e– t

u1 = e– t.

A integral é dada por:

Assim, a função velocidade pode ser escrita como:

Aplicando a condição inicial v(0) = 0 temos:

v =  + Ce– t

0 =  + Ce– ·0

C = – .

Assim, podemos reescrever a função velocidade como:

v =   –  e– t .

Unidade 3 103

equacoes_diferenciais.indb 103 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para encontrar a constante de proporcionalidade k, podemos usar


a segunda condição, fazendo o limite de v, quando t tende para o
infinito, e aplicando o valor de v igual 8 m/s. Veja:

v =  (  –  )
e– t  =  .

Assim temos:  = 8 ou  =  .

Novamente, a função velocidade pode ser reescrita como

v = 8 – 8e– t.

Usando essa relação, podemos identificar a velocidade no


decorrer do tempo. Em especial, temos que responder à pergunta
do problema para o tempo igual a 3 segundos. Veja:

v = 8 – 8e– ·3
 ≅ 7,5 m/s.

P6: Se um circuito elétrico tiver uma resistência de 10 Ohms


e um capacitor de capacitância igual a 10 –3 Farad e uma força
eletromotriz dada por E(t) = 100 sen (120πt) Volts, calcular:
a) a carga elétrica (q), supondo que q = 0 quando t = 0 s.
b) a intensidade da corrente elétrica (i), supondo que i = 5
ampères quando t = 0 s.

Veja, a seguir, a representação semiótica do problema P6.

Tabela 3.4 – Representação semiótica do problema P6

Unidades Condições Condições


Variáveis Símbolos de medida iniciais para a solução
Resistência R Ohms 10
Capacitância C Farad 10–3
Força eletromotriz E Volts
Tempo t Segundos 0
Intensidade da corrente elétrica i Ampère 5 ???
Carga elétrica q Coulomb 0 ???

Fonte: Elaboração da autora (2011).

104

equacoes_diferenciais.indb 104 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Podemos fazer os seguintes questionamentos para a análise da


representação semiótica:

„ Qual a função identificável?

„ Qual a taxa de variação presente no contexto do problema?

„ Qual é a relação que envolve a taxa de variação?

„ Qual é a equação diferencial?

Temos:

Função identificável: q = q(t), i = i(t) e E(t) = 100 sen (120πt)

Taxa de variação:

Equação diferencial*:

* Das equações básicas de circuito elétrico

Aplicando os dados da representação semiótica, temos:

10 +  = 100 sen (120πt)

+  = 10 sen (120πt)

A equação obtida é uma equação diferencial linear não homogênea.

Para responder ao item do problema, vamos resolvê-la.

+  = 0

+ dt = 0

∫ +∫ dt = ln C

ln|u| – ln C = – 100t

 = e–100t

u1 = e–100t.

Unidade 3 105

equacoes_diferenciais.indb 105 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Temos ainda que:

Veja integral 3:

∫e 10 sen (120πt)dt
100t

no anexo digital, disponibilizado no EVA.

Assim, temos a solução geral da equação diferencial:

Para a condição inicial q(0) = 0 temos

Assim, a solução particular é dada por

Para responder ao item (b) do problema, basta lembrar a relação

106

equacoes_diferenciais.indb 106 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Assim,

Aplicando as condições para o item (b), isto é, i(0) = 5 temos:

Finalizando temos:

Para finalizar esta unidade, é importante esclarecer que em alguns


momentos alguns formalismos matemáticos são omitidos, pois
algumas simplificações ficam implícitas. Por exemplo, na maioria
das vezes fazemos ln|u| = ln u, sem esclarecer que estamos em um
contexto prático em que os valores de u são positivos.

Unidade 3 107

equacoes_diferenciais.indb 107 28/03/12 11:10


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

Nesta unidade, foi possível analisar a resolução das equações


diferenciais lineares por dois diferentes métodos. No decorrer da
unidade, em geral, os exemplos foram resolvidos pelo método
da variação dos parâmetros, isso se deu pelo fato de já obtermos
as funções na forma explícita. Entretanto, o método do fator
integrante pode sempre ser usado e os resultados obtidos são
iguais após sofrerem simplificações.

Ainda nesta unidade, discutimos equações que podem ser


transformadas nas equações lineares.

Os problemas apresentados não esgotam o universo das


aplicações desse tipo de equação, apenas mostram a necessidade
de conhecer as leis do fenômeno em análise para que se possa
identificar os modelos adequados.

108

equacoes_diferenciais.indb 108 28/03/12 11:10


Equações Diferenciais

Atividades de autoavaliação

1) Resolver as seguintes equações diferenciais, apresentando a solução


geral de cada item.
a) xy’ – (3x – 1)y = 3xe3x
b) sen t + 2r·cos t + 1 = 0
c) 3 xy’ – 2y = 
d) xy’ = y + x2·sen x
e) y’ = 9 + 6y + y2

2) Resolver xyy’ – 3y2 – x2 = 0, sujeito à condição y(–1) = 2.

3) Resolver a equação de Ricatti y’ = e 2x + (1 + 2ex)y + y2, considerando que


a solução particular conhecida é y1 = –ex.

4) Um corpo cai sob ação da gravidade e está sujeito à resistência do ar


que é proporcional à velocidade adquirida. Se a velocidade limite é de
58 m/s, achar a velocidade ao cabo de 10 segundos.

Saiba mais

De um modo geral, as equações lineares são as mais


exemplificadas nos livros de Equações Diferenciais e também
nos livros de conteúdos específicos de Engenharia. Em especial,
para saber mais, recomendamos o livro Equações Diferenciais
Elementares e Problemas de Valores de Contorno, dos autores,
William E. Boyce e Richard C. Di Prima, da Editora Livros
Técnicos e Científicos, edição de 1994.

Unidade 3 109

equacoes_diferenciais.indb 109 28/03/12 11:10


equacoes_diferenciais.indb 110 28/03/12 11:10

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