Sie sind auf Seite 1von 1

ab Quarta-Feira, 16 De agosto De 2017 ★★★ opinião a3

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular
PAINEL DO LEITOR
A seção recebe mensagens pelo e-mail leitor@grupofolha.com.br, pelo fax (11) 3223-1644 e no endereço
o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900. A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
debates@grupofolha.com.br www.folha.com/tendencias

O STF e o poder das agências Encontro no Jaburu


Dodge não precisa explicar por
que foi àquele inexplicável en-
Colunistas
Brilhante a coluna de Hé-
lio Schwartsman (“Tolerar a in-
Diogo R. Coutinho contro com Temer no Jaburu an- tolerância?”, “Opinião”, 15/8).
tes de sua posse. Que fique por Se um líder semeia e capitali-
Troche
conta da amizade, respeito e ad- za a raiva contra imigrantes, mu-
As agências reguladoras brasilei-
miração à sua pessoa. Só seria lheres e determinadas religiões
ras, criadas no bojo das reformas li-
conveniente que a PGR nomeas- em suas atitudes e regulamenta-
beralizantes dos anos 1990 e 2000,
encontram-se numa encruzilhada e se outro procurador, isento, pa- ções cotidianas, espera colher o
seudestinoestá,emboamedida,nas ra tratar especificamente dos ca- que de seus apoiadores e eleito-
mãos do Supremo Tribunal Federal. sos que envolvessem diretamen- res? Alguma dúvida do que vem
Nestaquinta(17)acortedeverájul- te o presidente. Só para não des- por aí por parte dos “suprema-
gar a ADI (Ação Direta de Inconstitu- pertar suspeitas (“Dodge tem cistas” contrários à ciência, des-
cionalidade) 4.874, cuja decisão se- de explicar reunião com Temer, crentes das mudanças climáti-
rá essencial no lento e hesitante pro- diz procurador”, Poder”, 15/8). cas e hostis à conservação cultu-
cesso de construção institucional da Jorge A. NurkiN (São Paulo, SP) ral e ambiental, por exemplo?
regulação econômica no país. ★ ANtoNio MArqueS, professor da USP
A ADI trata, entre outros aspec- (São Paulo, SP)
tos, do poder normativo da Anvisa Os encontros noturnos secre- ★
(Agência Nacional de Vigilância Sa- tos de Temer com Raquel Dod-
nitária). O imbróglio que levou o ca- ge, Joesley Batista (e quantos ou- Perguntas que surgem ao final
so ao Supremo sobreveio com a edi- tros?) têm sido tratados por to- da leitura da coluna de Bernardo
ção, pela agência, de resolução que da a mídia como “encontros fo- Mello Franco (“Vitória dos sem-
veta aditivos nos produtos fumíge- ra da agenda”. Imagino se fosse voto”, “Opinião”, 15/8): que de-
nos derivados do tabaco. Dilma Rousseff recebendo, nos mocracia é essa que franqueia a
A Anvisa proibiu o uso de pala- porões do Alvorada, o procura- não eleitos o direito de legislar?
vras como “light”, “suave” e “soft” dor-geral da República e um em- Como uma situação anômala co-
nos maços de cigarro, além de ter presário que ela mesma chamas- mo essa pode ser constitucional?
desautorizado a utilização de agen- se de mutreteiro. Com certeza ve- luiz roBerto NuMA de oliVeirA (São Paulo, SP)
tes flavorizantes e semelhantes, que ríamos manchetes falando em
deixam os cigarros mais atraentes ★
“encontros na calada da noite”.
para fumantes e também para quem MouzAr BeNedito (São Paulo, SP) Sobre a coluna de Bernar-
não fuma. do Mello Franco, acredito que a
A Confederação Nacional da In- Reforma política solução em relação ao suplen-
dústria (CNI), autora da ADI, ques- te de senador, hoje constituído
tiona a constitucionalidade do in- Observando o estado caóti-
co do Brasil (corrupção , refor- por simples indicação na com-
ciso 15º do artigo 7° da lei federal posição da chapa do candida-
9.782/99, que criou a Anvisa e defi- mas que violam os direitos dos
cidadãos, Congresso votando o to, seria a recriação da sublegen-
niu suas atribuições. da. Dessa forma, além de ampli-
Para a CNI, a agência estaria ex- “distritão”, presidente denunci-
ado), faço a pergunta: onde es- ar as opções de candidatos pa-
trapolando de forma ilegítima su- ra o eleitor, os menos votados fi-
as competências ao interditar o uso tão MBL, Vem pra Rua , Revol-
tados Online, Janaina Paschoal, gurariam como suplentes.
de aditivos. Sustenta ainda que eles
não acarretam danos adicionais à Miguel Reale, Hélio Bicudo? Será fláVio liMA SilVA (Maceió, AL)

saúde. Contra tal pleito, a Anvisa que esperam financiamento de ★


argumenta que lei lhe deu, como partidos para se posicionarem?
órgão técnico, competência explí- MAriA HeleNA BeAucHAMp (São Paulo, SP)
Definitivamente não temos
cita para avaliar o que é “risco imi- homens de bem na política.

nente à saúde”. pAulo de tArSo porrelli (Piracicaba, SP)
Rebate ainda a ação ao defender Ricardo Lewandowski (“Par-
que os produtos fumígenos tendem lamentarismo exige partidos au- Futebol
a criar novos contingentes de fu- tênticos”, Tendências/Debates, O homem de R$ 150 milhões é
mantes, em especial entre os jo- 13/8) está correto ao afirmar que o velho amigo Paulinho, corin-
vens. De forma correta, entende Tolher o poder normativo ra clara entre ambos, é infértil e di- a legitimidade do parlamenta- tiano de coração e de alma, as-
que seu papel também é preventi- das agências reguladoras versionista. Criar normas por meio rismo depende da autêntica re- sim como eu (“Paulinho é o quar-
vo (regulação de riscos) e que tal de poder normativo a elas conferi- presentação partidária como ex- to reforço mais caro do Barcelo-
possibilidade se enquadra em sua brasileiras é o mesmo que do por lei é parte das tarefas de pressão da diversidade de pro- na”, “Esporte”, 15/8). Chegou ao
missão institucional. torná-las fracas e, no limite, agências reguladoras onde quer que gramas e de princípios, sufra- badalado Barcelona para subs-
A própria concepção e a efetivi- a regulação seja levada a sério.
dade da ação reguladora do Estado
meramente decorativas Havendo excessos, claro, o con-
gados em eleições e com repre- tituir ninguém menos que o se-
sentação proporcional ao nú- gundo “Pelé brasileiro”, Neymar,
nos mais diferentes setores da eco- trole democrático e judicial da re- mero de votos. Mas é contradi-
gulação haverá de contê-los, caben- vendido ao time francês Paris
nomia estão em jogo nesta ação. certas medidas —neste tipo de ca- tório que, nesta quadra da vida
do ao Congresso disciplinar a exten- Saint-Germain por nada menos
Para além das peculiaridades do so, levando-se em conta aspectos política brasileira, venha a exis-
de saúde pública. são do poder das agências por meio que R$ 819 milhões. Precisa dizer
caso em debate, a decisão da ADI tir o “distritão”, que sufoca as
4.874 refere-se, em última análise, No entanto, persiste o mito se- de normas que criem e instituciona- mais? Desejo a ele todo o sucesso
minorias, institui eleições ma- na nova empreitada. Vai, Pauli-
ao reconhecimento, pelo Supremo, gundo o qual regulamentos expedi- lizem instrumentos de transparên- joritárias para a Câmara e aca-
do poder normativo (derivado de dos por órgãos reguladores não po- cia, estudos de impacto regulatório nho, você é o novo cara do Barça!
ba com o quociente eleitoral.
delegação legislativa) das agências dem “inovar a ordem jurídica”, is- e mecanismos de controle e partici- turÍBio liBerAtto (São Caetano do Sul, SP)
reguladoras em geral. to é, criar direitos e obrigações não pação social. luiz ANtoNio SAMpAio gouVeiA (São Paulo, SP)
A construção de um modelo de previstos explicitamente em lei. Tolher o poder normativo das Crise
regulação da atividade econômica Reguladores, em síntese, não po- agências reguladoras brasileiras é Turismo Cumprimentos ao amigo Mi-
baseado em agências independen- deriam legislar. Trata-se de uma fa- o mesmo que torná-las fracas e, no Com relação ao artigo “Fa- guel Srougi pelo oportuno e co-
tes e autônomas pressupõe que tais lácia que tapa o sol com a peneira. limite, meramente decorativas. zer do país uma potência do tu- rajoso artigo cidadão (“Bra-
órgãos possam demarcar o campo A disputa conceitual e binária rismo” (Tendências /Debates, sil, o ocaso de uma nação”,
DIOGO R. COUTINHO, doutor em direito
de ação de agentes privados e, se acerca da diferença entre legislar e pela USP, é professor de direito econômico 15/8), penso que Vinicius Lum- Tendências/ Debates, 14/8).
necessário, impedir que adotem regular, como se houvesse frontei- na mesma universidade mertz se esqueceu de dizer que O pensamento de Albert Eins-
precisamos investir pesada- tein precisa ser relido e prati-
mente em segurança e infraes- cado por aqueles que só obser-
trutura. Viajar pelo Brasil é si- vam e deixam o mal acontecer.

Tráfico de pessoas, combate atual


nônimo de insegurança e deso- ruy AlteNfelder, presidente da Academia Pau-
nestidade por parte de fornece- lista de Letras Jurídicas (São Paulo, SP)
dores (restaurantes, táxis etc.). ★
Prefiro viajar para o exterior.
Eloisa aRRuDa JoSé roBerto S. t. BArBoSA (São Paulo, SP) Com sua grande sensibilida-
de, Miguel Srougi expressa o sen-
★ timento de dor e desencanto de
O golpe não poderia ter sido mais Na sociedade brasileira, o lucrativa do mundo, perdendo ape- uma parcela significativa do po-
O político e burocrata cata-
covarde, a começar pelo instrumen- tráfico humano é enraizado. nas para o tráfico de drogas e armas.
rinense Vinicius Lummertz, na vo brasileiro, na qual me in-
to do crime: a fé das pessoas. Na sociedade brasileira, inclusi-
Ao longo das últimas semanas Oficialmente a escravidão ve, é algo enraizado —os primeiros sua falsa e tendenciosa argu- cluo. Ao mesmo tempo, apon-
mentação, reclama da insufici- ta a necessidade de não nos
jornais do mundo inteiro informa- deixou de existir, mas esse episódios remontam às primeiras omitirmos, de buscar o resga-
ram que brasileiros que denuncia- ência de investimentos em pro-
grave crime permanece décadas após o Descobrimento do
paganda estatal do setor no ex- te da consciência crítica e (so-
ram ter sido submetidos a trabalho país, com o tráfico de negros africa- bretudo, digo eu) da cidadania.
escravo nos Estados Unidos. nos. Mais de três séculos depois, a terior, citando alguns exem-
Os criminosos eram pastores de do pela primeira vez de forma de- escravidão deixou oficialmente de plos. Obviamente ele igno- MArciA eliSA dA SilVA WerNeck (São Paulo, SP
uma igreja, que prometiam muitas talhada em “Salve Jorge” (2012- existir, mas não o tráfico humano. ra que o grande problema do ★
oportunidades —e, em solo america- 2013), novela de Gloria Perez (TV Assim, enfrentar este problema crescimento do turismo nacio-
no, confiscavam os passaportes das Globo) que explicitava o funciona- depende não apenas da atuação do nal é que se confunde a explora- O artigo do professor Mi-
vítimas e as forçavam a trabalhar, mento do tráfico humano —das governo, mas de todos os setores da ção racional da atividade turísti- guel Srougi é excepcional e de-
sem remuneração. propostas milagrosas para melho- sociedade. Na última semana de ju- ca com a exploração pura e sim- veria ser leitura de cabecei-
Esse modelo não é novo: trafican- rar de vida à realidade cruel de se lho, realizou-se em todo o mundo a ples dos turistas, infelizmente! ra para todo brasileiro.
tes de pessoas quase sempre fazem transformar em refém de explora- campanha Coração Azul, iniciativa ulf HerMANN MoNdl (Florianópolis, SC) pAulo MAluf, deputado federal (São Paulo, SP)
promessas, aproveitando-se da vul- ção econômica e sexual. da Organização das Nações Unidas
nerabilidadeeconfiançadasvítimas. EmSãoPaulo,frequentemente as- que estabeleceu o Dia Mundial de
O mais recente Relatório Global sistimos a operações de investigação Enfrentamento ao Tráfico Humano
» LEIA MAIS CARTAS No SITE dA FoLHA - www.folha.com.br/paineldoleitor/
de Tráfico de Pessoas, elaborado em que libertam imigrantes em situação (30 de julho). » SERVIÇoS dE ATENdIMENTo Ao ASSINANTE: saa@grupofolha.com.br
2016 pelo Escritório das Nações Uni- detrabalhoanálogaàescravidão,ge- Em São Paulo, monumentos fo- 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090
das sobre Drogas e Crime, identifi- ralmente na indústria têxtil. ram iluminados na cor azul para nos » oMBUdSMAN: ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000
cou que criminosos e vítimas geral- E não importa se as vítimas são lembrar do sofrimento daqueles que
mente vêm do mesmo lugar ou re- brasileiros levados ao exterior ou es- são vendidos por outras pessoas.
gião, falam a mesma língua ou pos- trangeiros trazidos para cá: uma vez É necessário que todos nós pos-

ERRAMOS
suem origem étnica comum —fato- foradopaísdeorigem,todossetrans- samos nos colocar no lugar do ou-
res que ajudam os traficantes a con- formam em reféns dos traficantes, tro, entendendo melhor as vítimas erramos@grupofolha.com.br
quistar a confiança de suas presas. com documentos confiscados, uma e a necessidade da luta constante.
Outro fator tem transformado es- enorme “dívida a pagar”, pouco ou Ocombateaotráficohumanoéum
ses casos em algo ainda mais dolo- nenhumconhecimentodoidiomalo- dever de todos nós, a fim de tornar o PODER (12.AGO, PÁG. A6) Diferente- dora do Credit Suisse, mas de Pe-
roso: na fuga de países em guerra cal e a permanência no país de for- país —e o mundo— um lugar melhor. mente do que foi publicado no tex- ter Luchsinger, seu avô, que era
ou de perseguições por regimes au- ma absolutamente irregular. to “Neta de banqueiro suíço quer acionista e correntista do banco,
toritários, os refugiados acabam Paradoxalmente, uma das mais ELOISA ARRUDA é secretária de Direitos doar a ex-presidente R$ 500 mil em e sobrinha de Roger Wright, que
Humanos e Cidadania da Prefeitura de
sendo presas fáceis dos traficantes. graves violações aos direitos huma- São Paulo e procuradora de Justiça aposentada itens de luxo”, Roberta Luchsinger foi alto executivo do Credit Suis-
No Brasil, o tema foi apresenta- nos é a terceira atividade ilegal mais do Ministério Público de São Paulo não é herdeira da família funda- se no Brasil.

Das könnte Ihnen auch gefallen