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Eduardo Mariutti, na sua dissertação Balanço do debate: a transição do

feudalismo ao capitalismo trás uma disputa que remete aos anos 1950 entre
historiadores sobre o período pós-feudalismo e pré-capitalismo, sobretudo os
estudiosos Maurice Dobb e Paul Sweezy. O trabalho tem como objetivo
comparar as duas teses enquanto dialoga com outros autores, inclusive o
próprio Marx para buscar uma visão conciliadora desse período.

Nisso, os pontos principais a serem abordados são as relações


campo/cidade e como se deu a acumulação primitiva do capital, chamado por
Adam Smith por previous accumulation.

No feudalismo, a economia se baseava nas terras, e o trabalho Dobb


expõe que havia naquele período uma relação de propriedade entre os
produtores diretos e os meios de produção. Na visão de Dobb, violência e o
tratamento abuso aliada a essa relação, fez com que – remetendo ao
materialismo histórico – os mestres dos feudos entrassem nas contradições do
modo de produção e caíssem para um novo sistema que viria mais para frente.

Nesse caso, Mariutti vai comentar o que Dobb explica: que a emergência
das cidades serviu para a fuga dos camponeses e isso afetou os senhores
feudais diretamente, pois, sem trabalhadores nas suas terras não haveria
rendimento. O comércio, que estava ascendente no período feudal e mais
ainda na transição para o período mercantil serviu para a construção das
diferenças sociais notáveis entre as próprias massas rurais.

Para finalizar, Dobb coloca que não houve períodos de transição até o
capitalismo, dizendo que entre os séculos XV e XVI ainda sim era o sistema
feudal em desintegração, e nisso vale lembrar que a posição do mercador
nessa sociedade era de aliado ao senhor feudal decadente, sendo que
praticamente aqueles camponeses ou se aliavam ao senhor feudal ou fugiam
para a cidade.

Em contrapartida, Sweezy trabalha com uma ideia de que o processo foi


mais tranquilo e não envolveu violência e sangue para essa construção. Foi o
desenvolvimento das trocas comerciais, e não a evasão camponesa que foi um
fator fundamental para a ruptura do feudalismo.

Mariutti com seu viés materialista em termos que tenta usar Marx como
uma forma de terminar uma discussão, mas fica em alguns pontos visível que o
marxismo não conseguiria cobrir todos os pontos em pauta no debate. Em “O
Capital” e “Ideologia Alemã”, Marx trabalha sobre esses assuntos, mas não tem
uma profundidade necessária. A construção do materialismo histórico é uma
elevação de vários autores de acordo com os tempos.

De toda forma, é inevitável que o êxodo do campo para as cidades


acarretou num desenvolvimento da cidade, e nesse ponto, o movimento de
transição do feudalismo para o capitalismo redefiniu a organização das
diferentes organizações da vida social (VIEIRA, 2016, p. 101). Criou-se uma
massa de pessoas foram entregues à sorte. As cidades viriam tempos depois a
se estabelecerem como grandes metrópoles e elas se tornam polos de trocas
comerciais. Alguns camponeses que fugiram dos seus senhores feudais
conseguiram ascender e se tornaram camponeses prósperos e outros se
proletarizaram, mantendo-se em estado de servidão.

Todos esses fatores desestabilizam o sistema feudal, e isso poderia


considerar até algo esperado se tomar o materialismo histórico em mãos. Mas
podemos pensar na ótica que pode conciliar tanto Dobb quando Sweeze, sem
desprezar nem um nem outro.

Os pilares para a criação do Estado Moderno foram fundados quando as


metrópoles principais se tornaram centros de comércio, através dos
mercadores. As riquezas dos países iriam se concentrando mais e mais. Desse
modo, para Sweezy o feudalismo entra em colapso daí e essa concentração de
riqueza gera um fenômeno muito estudado pela economia clássica e por Marx:
a Acumulação Primitiva de Capital, que foi um dos principais pontos que
marcaram o período de transição – do mercantilismo ao absolutismo e
Revolução Inglesa. Trazendo Huberman ao debate, num ponto onde que cada
um dos Estados criou leis num esforço de conseguir riqueza e poder
(HUBERMAN, 1986, p. 118-119), a acumulação primitiva serviu para manter
uma soberania nos Estados.

Uma característica marcante da acumulação primitiva e que atingiu


diretamente os homens do campo foi a expropriação dos camponeses, que é
abordado num dos itens do capítulo XXIV de O Capital, que atingiu os, então,
camponeses livres. Através de processos de fechamento das terras pelos
homens de poder. Os camponeses foram privados de suas terras e não teriam
mais como subsistir e buscaram outras opções para sair desse problema
(MARX, s/d, p. 831), entre elas se submeter aos poderosos por pouco ou ir
para a cidade buscar novos horizontes num comércio já em passos largos.

HUBERMAN, L. Ouro, Grandeza e Gloria. In: História da Riqueza do Homem.


2ª Ed.. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

MARX, K. Capítulo XXIV: A Chamada Acumulação Primitiva. In: O Capital Vol.


I. 2ª Ed. São Paulo, Ed. Nova Cultura, s/d.

VIEIRA, C.A.C. Capital mercantil na transição para o capitalismo: Esboço


para uma apropriação do debate historiográfico. Rio de Janeiro: Revista da
Sociedade Brasileira de Economia Política, 2016. p. 96-120.

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