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A Educação Superior e o resgate intelectual

Relatório de Yale
1828

Trechos selecionados da parte um


Uma visão concisa do programa de ensino da faculdade

“Qual é, então, o objetivo adequado a uma faculdade? Não é necessário


identificar aqui o que é que, em cada caso, confere a uma instituição o status de
faculdade. Todavia, se não tivermos compreendido muito mal o intento dos patronos e
guardiões desta faculdade, seu objetivo é lançar os alicerces de uma educação
superior: e isso deve ser feito em um período da vida em que é necessário fornecer um
substituto da supervisão dos pais. A base de uma educação meticulosa e completa
deve ser ampla, profunda e sólida. Para uma educação parcial ou superficial, o suporte
pode consistir de materiais menos rígidos, e erigir-se de maneira mais apressada.
As duas grandes qualidades que se adquirem com a cultura intelectual são a
disciplina e o aparato da mente, expandindo suas capacidades e cumulando-a de
conhecimento. A primeira delas é, talvez, a mais importante das duas. Por conseguinte,
deve ser objetivo peremptório de um curso acadêmico convocar as capacidades do
estudante a um exercício vigoroso e diário. Devem-se prescrever aquelas disciplinas e
adotar aqueles métodos de ensino que sejam mais aptos a ensinar a arte de concentrar
a atenção, direcionar a linha de raciocínio, analisar um tema proposto para
investigação; de seguir, com discernimento preciso, o desenvolvimento de uma
argumentação; de sopesar adequadamente os indícios e provas apresentados à
apreciação; de despertar, elevar e controlar a imaginação; de organizar com habilidade
os tesouros que a memória ajunta; de despertar e guiar os potenciais do talento. Tudo
isso não se alcançará com uma grade curricular leve e apressada; com a leitura de uns
poucos livros, a participação em umas poucas palestras, e uns poucos meses de
assiduidade a uma instituição acadêmica. Os hábitos de pensamento devem ser
formados por dedicação prolongada, contínua e minuciosa. As jazidas da ciência
precisam ser escavadas até muito abaixo da superfície para que comecem a revelar
seus tesouros. Se, em muitas das artes mecânicas, o desempenho habilidoso das
operações manuais requer um aprendizado de anos, com atenção diligente, tanto mais
o treinamento das capacidades da mente exige um esforço vigoroso, constante e
sistemático.
No lançamento das bases de uma educação meticulosa e completa é necessário
que todas as faculdades mentais mais importantes sejam postas em exercício. Não
basta que uma ou duas sejam cultivadas, enquanto outras são negligenciadas. Não se
deve deixar que um edifício suntuoso repouse sobre uma única coluna. Quando certos
dotes mentais recebem uma cultura muito mais elevada que outros, ocorre uma
distorção do caráter intelectual. A mente nunca atinge total perfeição a menos que suas
diversas capacidades sejam treinadas de modo a alcançarem as justas proporções que
lhes designou a natureza. Se o estudante exercita tão somente suas habilidades de
raciocínio, será carente de imaginação e refinamento, de eloqüência ardente e
fascinante. Se restingir sua atenção a provas tangíveis, não estará apto a decidir
corretamente em casos de probabilidade. Se contar, sobretudo, com sua memória,
suas habilidades inventivas ficarão debilitadas pelo desuso. Na sistemática de ensino
desta faculdade, um dos objetivos tem sido manter uma proporção tal entre as
diferentes disciplinas de literatura e ciência que promova no estudante um adequado
equilíbrio de caráter. Da pura matemática ele aprende a arte do raciocínio ilustrativo.
Ao lidar com as ciências físicas, ele se familiariza com fatos, com o processo de
indução e com as variedades de indícios prováveis.
Na literatura antiga ele encontra alguns dos modelos mais primorosos de
requinte. Pela leitura do inglês ele descobre o poder da língua em que deverá falar e
escrever. Por meio da lógica e da filosofia da mente, ele aprende a arte de pensar; e
com a retórica e a oratória, a arte de falar. Pelo exercício freqüente da composição
escrita, ele adquire riqueza e exatidão de expressão. Graças à discussão de improviso,
ele se torna ágil, fluente e dinâmico. É importantíssimo que eloqüência e aprendizado
sólido caminhem juntos; que aquele que tenha acumulado os mais preciosos tesouros
do pensamento possua as mais elevadas habilidades de oratória. De que vale um
homem ter-se feito profundamente versado se não tiver capacidade alguma de
comunicar seu conhecimento? E qual é a utilidade de uma demonstração de elegância
retórica por parte de alguém que saiba pouco ou nada que valha a pena comunicar?
Est enim scientia comprehendenda rerum plurimarum, sine qua verborum volubilitas
inanis atque irridenda est. Cic. [Cícero, De Oratore, Livro I: “Sem conhecimento de
muitas coisas, a abundância de palavras é vazia e mesmo absurda”.] Nosso curso,
pois, tem por objetivo uma união entre ciência e literatura, entre sólidos conhecimentos
e habilidade na arte da persuasão.
Nenhum aspecto de um sistema de educação intelectual tem maior importância
que uma combinação de deveres e motivos que efetivamente faça com que o
estudante lance mão dos recursos de sua própria mente. Sem isso, todo o aparato de
bibliotecas, instrumentos, espécimes, aulas expositivas e professores não bastarão
para assegurar exímia excelência. O estudante deve formar a si mesmo, por seus
próprios esforços. As vantagens oferecidas por uma residência na faculdade pouco
podem fazer além de incentivá-lo e auxiliá-lo em seus esforços pessoais. As
habilidades criativas devem ser especialmente engajadas em vigoroso exercício. E
ainda que sejam abundantes os conhecimentos de um estudante, se não tiver talento
para formar novas combinações de pensamentos, ele será obtuso e ineficiente. Os
esforços mais sublimes do gênio humano consistem nas criações da imaginação, nas
descobertas do intelecto, nas conquistas pelas quais os domínios da ciência se
expandem. Porém, o cultivo das faculdades criativas não é o único objetivo de uma
educação liberal. A mais talentosa das inteligências não pode promover grandes
acréscimos à ciência para a qual a sabedoria de eras tem contribuído. Se fosse
possível que um jovem tivesse suas faculdades cultivadas ao máximo, sem o
conhecimento oriundo de outras pessoas ele estaria pouco qualificado para a vocação
produtiva da vida. À disciplina da mente, portanto, deve ser associada a instrução. O
método analítico deve ser combinado com o sintético. A análise é mais eficiente no
direcionamento das capacidades de invenção; mas é demasiado lenta em seu
progresso para ensinar, em um espaço de tempo razoável, o círculo das ciências.
Em nossa estrutura de transmissão de conhecimento, bem como em disciplina
intelectual, tais disciplinas devem ser ensinadas de modo a produzir a adequada
simetria e equilíbrio de caráter. Duvidamos que as capacidades da mente possam ser
desenvolvidas, em suas mais justas proporções, pelo estudo exclusivo de línguas, ou
de matemática, ou de ciência natural ou política. Assim como a estrutura corporal é
levada a sua máxima perfeição não por uma movimentação simples e uniforme, mas
por uma variedade de exercícios, também as faculdades mentais expandem-se,
fortalecem-se e adaptam-se umas às outras mediante a familiaridade com diferentes
divisões da ciência.
[...]
O objetivo não é completar sua educação e dá-la por finda, mas lançar os
alicerces e avançar na construção da infraestrutura tanto quanto o curto período de sua
residência aqui o permitir. Se ele adquirir aqui um conhecimento minucioso dos
princípios da ciência, poderá, então, em grande medida, prosseguir sozinho em sua
educação. Ao menos, ele foi ensinado a aprender. Com o auxílio de livros e meios de
observação, ele pode avançar constantemente em conhecimento. Aonde quer que ele
vá, qualquer que seja a companhia em que esteja, ele terá aquelas visões gerais sobre
qualquer tópico de interesse, o que lhe permitirá compreender, assimilar e formar uma
opinião correta acerca das afirmações e discussões que ouvir. Existem muitas coisas
importantes que se deve conhecer e que não são ensinadas nas faculdades porque
podem ser aprendidas em qualquer lugar. O conhecimento, conquanto indispensável,
chega-nos tão livremente, através de nossas atividades, como nossos necessários
suprimentos de luz, ar e água.
O ensino ministrado aos alunos de graduação na faculdade não tem o intuito de
incluir estudos de formação profissional. Nosso objetivo não é ensinar aquilo que é
específico a nenhuma das profissões, mas lançar as bases que são comuns a todas
elas. Há escolas específicas para medicina, direito e teologia, vinculadas à faculdade,
bem como em diversas partes do país, as quais estão abertas a recepcionar todos
aqueles que estão preparados para ingressar nos estudos adequados a suas várias
profissões. Nestas, o curso acadêmico não pretende interferir.
Mas por que, pode-se questionar, um estudante deve desperdiçar seu tempo
com estudos que não têm conexão imediata com sua futura profissão? Haverá a
química de capacitá-lo a pleitear na corte, ou as cônicas de qualificá-lo a pregar, ou a
astronomia de ajudá-lo na prática da medicina? Por que não deveria sua atenção
ater-se apenas ao assunto que ocupará os esforços de sua vida? Em resposta a isso,
pode-se observar que não há ciência que não contribua com seu auxílio à habilidade
profissional. “Tudo lança luz sobre tudo.” O grande objetivo de uma educação
acadêmica, preparatória ao estudo de uma profissão, é promover aquela expansão e
aquele equilíbrio das capacidades mentais, aquelas concepções liberais e abrangentes,
e aquelas primorosas proporções de caráter que não se podem encontrar naquele
cujas idéias estão sempre confinadas a um canal específico. Quando um homem dá
início à prática de sua profissão, as energias de sua mente devem ser dedicadas
principalmente aos deveres próprios do ofício. Mas, se seus pensamentos nunca
exploram outros assuntos, se ele jamais circula pelos vastos domínios da literatura e da
ciência, haverá certa estreiteza em seus hábitos de pensamento, uma peculiaridade de
caráter que por certo o marcarão como um homem de opiniões e conhecimentos
limitados. Caso se destaque em sua profissão, sua ignorância de outros temas e as
imperfeições de sua educação estarão ainda mais expostas à observação pública. Por
outro lado, aquele que não só é eminente na vida profissional, mas também possui
uma mente ricamente abastecida de conhecimentos gerais, tem uma elevação e uma
dignidade de caráter que lhe confere uma influência poderosa na sociedade, e uma
esfera muitíssimo ampla de utilidade. Sua situação permite-lhe difundir a luz da ciência
em meio a todas as classes da comunidade. Um homem não deve ter outro objetivo
além de obter o sustento mediante atividades profissionais? Não tem ele deveres a
cumprir para com sua família, seus concidadãos, seu país; deveres que exigem um
aparato intelectual variado e extenso?
Estudos de formação profissional são deliberadamente excluídos do ensino na
faculdade para deixar espaço para aqueles conhecimentos literários e científicos que,
se não brotarem ali, na maioria dos casos, jamais serão alcançados. Eles não
florescerão de maneira espontânea, em meio à azáfama do trabalho. Não estamos
falando aqui daqueles intelectos extraordinários que, por sua energia inerente, superam
as barreiras de uma educação falha e abrem seu caminho ao renome. Essas são
ilustres exceções à regra geral, não exemplos de imitação geral. Não se encontram
Franklins e Marshalls em número suficiente para encher uma faculdade. E mesmo
Franklin não teria sido o que foi se não existissem faculdades no país. Quando as mais
importantes instituições acadêmicas mantêm um padrão educacional elevado, homens
de capacidades superiores que não tiveram acesso a elas são estimulados a buscar
elevação semelhante, por seus próprios esforços, e com o auxílio da luz que, assim,
resplandece à sua volta.
Visto que nosso ensino não se propõe a completar uma educação na ciência
teológica, na médica, nem na jurídica; tampouco inclui todos os pequenos detalhes de
atividades mercantis, mecânicas ou agrícolas. Essas jamais podem ser efetivamente
aprendidas, exceto nas condições mesmas em que devem ser praticadas. O jovem
comerciante deve ser treinado no escritório de contabilidade; o mecânico, na oficina; o
produtor rural, no campo. Todavia, não temos, em nossas dependências, nenhuma
fazenda ou loja experimental; nenhuma manufatura de algodão ou ferro; nenhuma
chapelaria, nem estabelecimento de prateiro ou de montador de coches. Então,
perguntar- -se-á, com que propósito rapazes destinados a tais profissões são enviados
a uma faculdade? Eles não devem ser enviados, em nossa opinião, com a expectativa
de concluir sua educação na faculdade, mas com a perspectiva de construir um
cuidadoso alicerce no tocante aos princípios da ciência, preparatórios ao estudo das
artes práticas. Como não se pode aprender tudo em quatro anos, a teoria ou a prática
deve ser, ao menos em certa medida, adiada a uma oportunidade futura. Porém, se a
teoria científica das artes tem de ser adquirida em algum momento, ela é
inquestionavelmente a primeira, no que diz respeito ao tempo. A pedra angular deve
ser colocada antes de se erigir a infraestrutura. Se se fizessem ajustes adequados, os
detalhes da educação mercantil, mecânica e agrícola poderiam ser ensinados na
faculdade, para graduados residentes. Assim, a habilidade prática estaria
fundamentada em informações científicas.
Pode-se indagar: Quando um rapaz recebe seu diploma, para que ele está
preparado? Ele deixa a faculdade qualificado para uma atividade profissional? Nossa
resposta é não – se ele parar por aí. Sua educação teve início, mas não foi concluída.
A faculdade deve ser censurada por não realizar aquilo que nunca se comprometeu a
fazer? Reclamamos do pedreiro que fez o alicerce de uma casa, dizendo que ele não
fez nada útil, que não terminou a construção, que o produto de seu trabalho não é
habitável, e que, portanto, não há nada de prático no que ele fez? Dizemos do
semeador, que cultivou e colheu uma safra de algodão, que ele não fez nada prático
por não ter dado a seu produto a forma de vestimenta?
Em educação, assim como em moral, costumamos ouvir a insinuação de que
princípios não são essenciais, desde que a prática esteja correja. Por que desperdiçar
com teorias o tempo necessário ao aprendizado das artes práticas? Temos consciência
de que algumas operações podem ser realizadas por aqueles que têm pouco ou
nenhum conhecimento dos princípios de que elas dependem. O marinheiro pode abrir
suas velas ao vento sem compreender as leis da decomposição de forças; o carpinteiro
pode dar ângulos retos a suas armações de madeira sem o conhecimento dos
Elementos de Euclides; o tintureiro pode fixar suas cores sem ser versado nos
princípios da química. Contudo, os trabalhos de tal homem estão restritos à estrada
estreita que foi demarcada por outros homens. Ele precisa da constante supervisão de
homens de conhecimentos mais amplos e científicos. Caso se aventure para além dos
procedimentos usuais que lhe são prescritos, ele trabalha a esmo, sem a orientação de
princípios estabelecidos. Graças à prática contínua e prolongada, ele pode ter
alcançado um alto grau de destreza. Mas a organização de planos de negócio, as
novas combinações de processos mecânicos, as descobertas e aperfeiçoamentos nas
artes devem, em regra, vir de mentes que receberam uma educação mais elevada e
sistematizada. Há uma fertilidade nos princípios científicos da qual o mero artista não
tem compreensão. Uma única lei geral pode abranger mil ou dez mil casos particulares,
cada um dos quais tão difícil de aprender ou lembrar como a lei mesma que os explica
a todos. Precisa-se de homens de mero detalhe prático, em números consideráveis,
para preencher as posições subordinadas nos estabelecimentos em que se
desenvolvem atividades mecânicas; porém, os cargos superiores exigem visões
esclarecidas e abrangentes.
Estamos longe de acreditar que se deve ensinar tão somente teoria em uma
faculdade. Ela não pode ser efetivamente ensinada, salvo em conexão com exemplos
práticos. Estes são necessários para despertar o interesse pelas instruções teóricas, e
particularmente importantes na demonstração da aplicação de princípios. Portanto, é
nosso objetivo, enquanto engajados em investigações científicas, mesclá-las, tanto
quanto possível, com exemplos e experimentos práticos. De que valem todas as
sublimes descobertas que imortalizaram os nomes de Newton, Arquimedes, e outros,
se os princípios que eles descobriram nunca forem ensinados àqueles que podem
aplicá-los na prática? Por que conferimos tantos elogios exaltados ao talento criativo,
se os resultados de investigações originais ficarem restritos a uns poucos cientistas,
em vez de difundidos entre aqueles que estão engajados nas tarefas ativas da vida?
Trazer os princípios da ciência à aplicação prática pelas classes laborais é a função
dos homens de educação superior. Foi a separação de teoria e prática que
desmereceu a ambas. Apenas sua união pode elevá-las a sua verdadeira dignidade e
valor. O homem da ciência está normalmente disposto a adotar um ar de superioridade
quando observa as opiniões limitadas e parciais do simples artesão. Este último, por
sua vez, ri das asneiras práticas do primeiro. As falhas na educação de ambas as
classes seriam remediadas ofertando-lhes um conhecimento de princípios científicos,
preparatório para a prática.
Sabemos que uma educação meticulosa não está ao alcance de todos. Muitos,
por escassez de tempo ou de recursos pecuniários, precisam contentar-se com um
ensino parcial. Uma educação imperfeita é melhor que nenhuma educação. Se um
jovem tem condições de dedicar apenas dois ou três anos a uma educação científica e
de formação profissional, ser-lhe-á adequado selecionar umas poucas dentre as
disciplinas mais importantes e dedicar sua atenção exclusivamente a elas. No entanto,
isso é uma imperfeição que emerge da necessidade do caso. Um programa de estudo
parcial inevitavelmente ofertará uma educação parcial.
Isso, estamos bem convencidos, é, de longe, preferível a uma educação
superficial. Dentre todos os métodos de ensino oferecidos ao público, esse, que se
propõe a ensinar quase tudo em pouco tempo, é o mais absurdo. Dessa maneira, nada
é efetivamente ensinado. O aluno é conduzido com tamanha rapidez pela superfície
que mal permanece algum vestígio de seus passos, ao terminar o curso. O que ele
aprendeu, ou pensa que aprendeu, é apenas suficiente para inflar sua vaidade, expô-lo
à observação pública e render-lhe o escárnio de homens de bom senso e sapiência.
Uma educação parcial costuma ser conveniente; uma educação superficial jamais o é.
Qualquer coisa que um jovem se comprometa a aprender, não importa quão pequena,
ele deve aprendê-la de modo tão efetivo que possa propiciar-lhe algum uso prático
dela. Se existe alguma maneira de ensinar em quatro anos tudo quanto valha a pena
saber, sentimo-nos livres para admitir que não estamos de posse do segredo.
Mas, pergunta-se, por que se deve exigir que todos os estudantes de uma
faculdade dêem os mesmos passos? Por que não permitir que cada um deles escolha
aquelas disciplinas que mais lhe agradam, a que seus talentos inerentes se mostrem
mais adaptados, e que estão mais intimamente relacionadas à profissão que pretende
exercer? A isso respondemos que o programa por nós estabelecido contém tão
somente aqueles assuntos que devem ser compreendidos, em nossa opinião, por todo
aquele que almeja uma educação minuciosa. Eles não constituem as peculiaridades de
nenhuma profissão ou arte. Estas devem ser aprendidas em escolas de formação
profissional e técnica. Não obstante, os princípios da ciência são o fundamento comum
de todas as elevadas realizações intelectuais. Assim como em nossas escolas
primárias ensinam-se a leitura, a escrita e a aritmética a todos os alunos, por diferentes
que sejam suas possibilidades, também na faculdade todos devem ser instruídos
naquelas disciplinas que ninguém destinado a profissões mais elevadas deve ignorar.
Que disciplina que atualmente se estuda aqui poderia ser deixada de lado sem prejuízo
evidente ao sistema? Sem mencionar de forma específica, neste momento, as línguas
antigas, quem é que, buscando uma educação superior e equilibrada, poderá
permanecer ignorante dos elementos das diversas ramificações da matemática, ou de
história e antiguidades, ou de retórica e oratória, ou de filosofia natural, ou astronomia,
química, mineralogia, geologia, economia política, ou filosofia mental e moral?
Pensa-se, por vezes, que um aluno não deve ser exortado ao estudo daquilo
que não lhe agrada ou para o qual não tem capacidade. Mas, como ele poderá saber
se tem gosto por uma ciência, ou aptidão para ela, antes de ter sequer iniciado o
estudo de suas verdades elementares? Se ele é realmente destituído do talento
suficiente para esses departamentos comuns da educação, então está destinado a
uma esfera de atuação limitada. No entanto, estamos bastante convencidos de que
nossos estudantes não são tão desprovidos de capacidades intelectuais como por
vezes professam ser, embora sejam facilmente levados a crer que não têm capacidade
para o estudo daquilo que se lhes dizem ser quase que totalmente inútil.
Quando uma turma se familiarizou com os elementos comuns das diversas
ciências, então é o momento apropriado para que se separem e se dediquem a seus
estudos prediletos. Assim, podem fazer sua escolha a partir de um teste real. Hoje, isso
é feito aqui, em certa medida, em nosso terceiro ano. A separação pode ter início mais
cedo e estender-se até mais adiante, desde que as qualificações para admissão na
faculdade tenham sido levadas a um patamar mais elevado.
Se a opinião que expusemos até aqui sobre a questão estiver correta, notar-se-á
que o objetivo do sistema de ensino nesta faculdade não é oferecer uma educação
parcial, que consista de umas poucas disciplinas apenas; nem, por outro lado, dar uma
educação superficial, que propicie um parco conhecimento de quase tudo; tampouco é
fornecer os detalhes que concluem uma educação de formação profissional ou prática;
mas iniciar um curso meticuloso de estudos e levá-lo adiante, até onde permita o tempo
de residência aqui. Pretende-se ocupar, para o máximo proveito, os quatro anos que
precedem imediatamente o estudo de uma profissão ou das operações que são
específicas às instituições superiores de caráter mercantil, manufatureiro e agrícola.”

O livro completo se encontra em PDF na ​Biblioteca Virtual do curso.​

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