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David Barton n Carmen Lee

inguagem
on ine textos e práticas digitais
tradução Milton Camargo Mota
Título original: Language Online — Investigating Digital Texts and Practices
First published 2013
by Routledge
2 Park Square, Milton Park, Abingdon, Oxon OX14 4RN
© 2013 David Barton and Carmen Lee
All Rights Reserved.
Authorised translation from the English language edition published by Routledge, a member of the Taylor &
Francis Group.
ISBN: 978-04-1552-495-7

Direção: Andréia Custódio


Capa e diagramação: Telma Custódio
Revisão: Karina Mota
Imagem da capa: 123rf.com

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

B296l
Barton, David
Linguagem online : textos e práticas digitais / David Barton, Carmen Lee ;
tradução Milton Camargo Mota. - 1. ed. - São Paulo : Parábola Editorial, 2015.
23 cm. (Linguagens e tecnologias ; 1)

T radução de: Language online: investigating digital texts and practices


Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-7934-088-8

1. Linguagem e línguas - Inovações tecnológicas. 2. Linguística. 3. Escrita -


Estudo e ensino. 4. Internet. I. Lee, Carmen. II. Título. III. Série.

15-23510 CDD: 400


CDU: 81

Direitos reservados à
Parábola Editorial
Rua Dr. Mário Vicente, 394 - Ipiranga
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zida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou
mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema
ou banco de dados sem permissão por escrito da Parábola Editorial Ltda.

ISBN: 978-85-7934-088-8
© da edição brasileira: Parábola Editorial, São Paulo, julho de 2015.
Sumário

Prefácio.................................................................................................................7
Capítulo 1. Linguagem no mundo digital.............................................................11
Mudança contemporânea........................................................................................11
Abordagens da linguagem online: três direções fundamentais........................15
Questões abrangentes para discutir a linguagem online ...................................19
Linguagem online como textos e práticas ........................................................... 24
Capítulo 2. Estudar o mundo online para compreender a linguagem......................29
Dez razões.................................................................................................................29
Capítulo 3. Atuar num mundo social textualmente mediado..................................39
Práticas..................................................................................................................... 39
Escrever num mundo social textualmente mediado.......................................... 42
Virtualidades .......................................................................................................... 44
Multimodalidade......................................................................................................47
Postura .................................................................................................................... 49
Afinidades e outros agrupamentos ...................................................................... 50
Globalização.............................................................................................................53
Espaços de escrita online........................................................................................55
Flickr ........................................................................................................................56
Facebook................................................................................................................... 58
YouTube .................................................................................................................. 60
Mensagem instantânea (MI) ................................................................................. 60
Capítulo 4. H
 ello! Bonjour! Ciao! Hola! Guten Tag! Dispor de recursos
linguísticos online................................................................................63
Inglês e outras línguas online: uma visão geral ................................................ 63
Dispor de recursos multilíngues em espaços de escrita online ....................... 65
Capítulo 5. Utilizar as virtualidades de múltiplas línguas.......................................79
Novos encontros multilíngues e práticas translíngues online ......................... 85
Capítulo 6. “Este/a sou eu” Escrever o eu online .................................................93
Identidade e linguagem online...............................................................................93
Abordagem tecnobiográfica da linguagem e da identidade.............................. 97

5
Construção de identidades glocais em espaços públicos online ......................111
Um eu textualmente mediado num mundo em constante mudança...............114
Capítulo 7. Posicionamento por meio da língua e da imagem............................... 117
Expressando postura em espaços de escrita online ..........................................117
Flickr como ambiente rico em posturas............................................................. 124
Dois estudos de caso de posicionamento multimodal no Flickr ......................129
Levando em conta a posição do pesquisador ....................................................138
O posicionamento como poderosa ferramenta de análise da
linguagem online ..................................................................................................139
Capítulo 8. “Meu inglês é tão fraco!” Falando sobre língua online........................143
Falar sobre língua num mundo social textualmente mediado .......................143
Tipos de discurso metalinguístico online...........................................................146
“Meu inglês é tão ruim”: discurso metalinguístico autodepreciativo
no Flickr .................................................................................................................153
Construção metadiscursiva de um espaço social de apoio ..............................160
Reflexividade linguística como poderoso discurso digital...............................162
Capítulo 9. Aprender online todos os dias .........................................................165
Teorias sobre a aprendizagem de adultos ..........................................................166
365, um ato deliberado de aprendizagem ..........................................................167
Como as pessoas aprendem online.......................................................................170
A aprendizagem de línguas em espaços de apoio na internet .........................178
Capítulo 10. Linguagem online como novas práticas vernáculas .........................183
Letramentos vernáculos ...................................................................................... 184
Fotografia popular como uma prática vernácula..............................................189
Gravidez como práticas de letramento online: o caso de Peggy.......................195
Redefinindo o vernáculo num contexto global..................................................196
Capítulo 11. Linguagem online e educação........................................................203
Novas mídias no ensino e aprendizagem de língua e letramento
em sala de aula...................................................................................................... 204
Como a compreensão das práticas online pode mudar o ensino e
a aprendizagem de línguas...................................................................................212
Capítulo 12. A pesquisa da linguagem online ................................................... 219
Textos e práticas: a questão do ponto de partida...............................................219
Abordagem com métodos mistos ....................................................................... 222
Métodos online e responsividade à vida dos participantes..............................229
A postura do pesquisador.................................................................................... 234
Capítulo 13. Fluxos de linguagem online e offline..............................................237
Presença offline da linguagem da internet .......................................................237
Registro público da linguagem da internet ...................................................... 240
Comoditização e a indexicalidade da linguagem da internet......................... 241
Onde estamos agora ............................................................................................. 242
Anexos..............................................................................................................245
Bibliografia........................................................................................................257
Índice de nomes e assuntos................................................................................265

6 Linguagem online: textos e práticas digitais


Ca rt 11
Linguagem online
e educa~ao

s nms capitulos anteriores fornecem urn contexto para este capitu-

0 lo. 0 capitulo 9 identificou alguns elementos da aprendizagem ver-


nacula que ocorre em espa<_;:os online e argumentou que espa<;:os
online podem ser lugares importantes de aprendizado. 0 capitulo 10 de-
monstrou o interesse crescente das praticas cotidianas. Aqui nos voltamos
para contextos educacionais, tendo em conta o dia a dia. Este livro nao
come<;:a com uma agenda educacional, apesar de haver uma quantidade
crescente de pesquisas em letramentos digitais oferecendo novos signifi-
cados para o letramento numa perspectiva educacional. (Cf., por exem-
plo, Buckingham, 2007; Davies e Merchant, 2009; Alvermann, 2011.) Com
base numa teoria social do letramento e vendo a linguagem online como
pratica situada, nosso primeiro passo e examinar o que as pessoas fazem
com textos online em diferentes areas da vida cotidiana. No entanto, nossa
pesquisa sobre novas midias e com foco na linguagem leva naturalmente
a perguntar como a compreensao das praticas de linguagem e letramento
online pode informar praticas educacionais.
Essa e tambem uma questao particularmente relevante na area
de ensino e aprendizagem da lingua, especialmente com o surgimen-
to de panicos marais e discursos publicos sabre a queda dos padroes
linguisticos. Neste capitulo, vamos abordar duas questoes relacionadas
com a educa<_;:ao que podem ser iluminadas por este livro. A primeira
parte de uma condi<;ao existente, na medida em q ue toma por naturais
as estruturas educacionais cor rentes: como uma midia digital especifica

203
pode ser incorporada ao ensino e aprendizagem em sala de aula, espe-
cialmente no contexte da educa~ao linguistica. Trata-se de saber como
realizar praticas ja existentes de novas maneiras, o que, como indicado
anteriormente, pode ser o primeiro passo para uma mudan~a das prati-
cas. Quando os participantes veem as novas possibilidades tecnol6gicas
e podem imaginar novos futures, eles dao o proximo passo, e a educa~ao
tende a mudar. A segunda s e~ao explora como a compreensao das prati-
cas online pode mudar o ensino e aprendizagem de lingua.

Novas midias no ensino e aprendizagem de lingua


e letramento em sala de aula
Ha tempos, os computadores desempenham urn papel na educa~ao.
Na decada de 1970, a area de "ensino e aprendizagem assistidos por com-
putador" significava apenas o uso de softwares para facilitar a instru~ao
e aprendizagem em sala de aula. A aprendizagem de linguas assistida
por computador (CALL, na sigla em ingles) tambem surgiu como urn
campo independente de pesquisa (por exemplo, Warschauer, 1996; Levy,
1997). A estrutura dos estudos de letramento estabeleceu a tradi~ao de
pesquisar detalhes das praticas de letramento vernaculas e cotidianas.
Urn objetivo principal de estudar detalhes de praticas cotidianas das
pessoas e influenciar a educa~ao formal e a politica (como em Hull e
Schultz, 2002, por exemplo). 0 projeto Literacies for Learning in Further
Education (Ivanic et al., 2009), por exemplo, explora a rela~ao entr e pra-
ticas de letramento cotidianas e escolares de estudantes universitarios,
tanto digitais quanta nao-digitais. 0 projeto identificou caracteristicas
de letramento informais, tais como hibridismo, multimodalidade e par-
tilha de conhecimento colaborativo, que os professores podem empregar
em pedagogia. Embora o projeto original nao tivesse como foco princi-
pal as tecnologias, suas conclusoes indicam que as novas midias desem-
penham papel central nas praticas textuais e processes de constru~ao de
sentido dos estudantes.
Urn dos poucos estudos em grande escala de letramento digital de
jovens e a pesquisa de Ito et al. (2010), realizada durante tres anos em
varias localidades nos EUA, como mencionado anteriormente. Este tra-
balho fornece profundos estudos de caso etnogrcificos de praticas digi-
tais de jovens e explora como elas moldam as identidades dos jovens
e suas experiencia de aprendizagem . A maioria das praticas digitais e
mediada por textos. A produ~ao e utiliza~ao de textos online ocupam

204 Linguage:n online, textos e pratlcas OJgJtaJs


grande parte da vida das pessoas. Uma serie de estudos destaca a dimen-
sao textual dos letramentos digitais em diversas plataformas, como salas
de bate-papo (Merchant, 2001), mensagens instantaneas (Lewis e Fabos,
2005; Lee, 2007a), video game (Gee, 2004), e fan-fiction (Black, 2009), entre
outros. Este corpus, que da atenc;ao as praticas dos jovens, chegou ao con-
sensa de que os textos digitais sao criativos, hibridizados e multimodais.
Por exemplo, Merchant (2001) mostra como adolescentes exibem grande
criatividade, combinando caracteristicas de conversa falada e escrita
nas salas de bate-papo. Merchant defende que a criatividade e o hibri-
dismo sao caracteristicas do mundo social contemporaneo. Em outras
palavras, participar de bate-papos online e, de fato, uma forma de de-
senvolver capitallinguistico e habilidades de mercado necessarios para
participar da nova ordem social. No entanto, como o chat online ocor-
re geralmente em contextos informais e privados, ele nao e valorizado
pelas instituic;oes formais. Alem disso, com foco em praticas textuais,
Lea e Jones (2011) partem de estudantes universitarios em vez de ado-
lescentes. Ao fazer uma conexao entre as praticas textuais academicas
dos estudantes e seus textos digitais privados e cotidianos, Lea e Jones
ilustram que, no processo de produc;ao de sentido da escrita apreciada
no ensino superior, os estudantes recorrem com frequencia a uma gran-
de variedade de generos e modos digitais e nao-digitais. A importancia
de pesquisar textos como linguagem online tambem e salientada neste
capitulo e em outras partes deste livro.
Todos os estudos aqui analisados sao explicita ou implicitamente
orientados para a educac;ao. Eles sao ou realizados em contextos de apren-
dizagem formal, ou discutem implicac;oes para a educac;ao formal. Outra
linha fundamental de pesquisa sobre letramento digital procura fornecer
aplicac;oes praticas das novas tecnologias a educac;ao (como em Haythorn-
thwaite e Andrews, 2011). Urn exemplo especifico disso e urn estudo
sabre o valor da conferencia por computador na escrita de universitarios
submetida a avaliac;ao, especialmente em contextos de ensino a distan-
cia (Lea, 2001; Goodfellow et al., 2004). Ao mesmo tempo, nota-se forte
tendencia de mudanc;a para a midia social ou sites da Web 2.0 que apre-
sentam conteudo autogerado, redes sociais e compartilhamento de conhe-
cimento colaborativo. Em termos mais amplos, a maioria das pesquisas
comparaveis sobre aprendizagem online tern se preocupado com os jovens
em contextos educacionais, como o trabalho relatado em Carrington e Ro-
binson (2009) e Sharpe et al. (2010). Sites da Web 2.0 tambem foram con-
siderados valiosos pelo suporte que oferecem ao ensino e aprendizagem

CAPITULO 11 - Unguagem online e eauca~ao 205


de letrarnento na sala de aula (Braun, 2007) e a aprendizagern de urna
segunda lingua e de linguas estrangeiras (Benson e Chan, 2011; Benson e
Chik, 2010; Lam, 2000). A seguir, apresentarnos alguns exernplos de como
plataforrnas populares da Web 2.0 forarn adotadas para facilitar as ativi-
dades de ensino e aprendizagern relacionadas ao letrarnento.
Weblogs: como urn dos prirneiros e rnais populares exernplos
do que Tim Berners-Lee (2005) chama de "web da leitura/escri-
ta", os weblogs sao urn espa~o ideal para os alunos praticarern
a leitura e a escrita. Professores e estudantes de todo o rnundo
aproveitararn as virtualidades dos blogs, como a facil autopu-
blica ~ao e atualiza ~ao continua dos conteudos rnultirnodais, e
as transforrnararn nurna oportunidade educacional. Urna ativi-
dade educacional cornurn envolvendo blogs e pedir aos alunos
que escolharn urn terna de sua preferencia e fa~arn urna pes-
quisa bibliogrcifica sabre ele e, ern seguida, escrevarn nurn blog
suas descobertas. Escrever nurn blog nao s6 proporciona arnplas
oportunidades para a escrita autentica, como tarnbern provoca
grande quantidade de leitura - por exernplo, antes de escreve-
rern nurn blog sabre urn t6pico, os estudantes tern de pesquisar
e ler, bern como organizar as inforrna~oes ern torno do terna es-
colhido. Espa~os para cornentarios podern servir de plataforma
para cornentarios dos colegas, perrnitindo assirn que os alunos
se tornern leitores rnais criticos. (Cf. Richardson, 2006, 40-42,
para urna lista cornpleta dos usos possiveis de blogs em salas de
aula; outras listas, para blogs e outras plataforrnas, podern ser
encontradas corn urna busca online de sites dedicados ao ensino.)
Wikis: como os blogs, wikis fornecern possibilidades de escrita
sabre urn terna, gerada pelo usuario e corn facil publica~ao na
web, na forma de verbetes enciclopedicos. No entanto, a prin-
cipal caracteristica dos wik is sao a colaborar;ao e a cria~a o de
conhecimento ern grupo. Os verbetes de w iki sao norrnalrnente
escritos e atualizadas corn frequencia par varios autores. Essas
virtualidades incentivarn a escrita colaborativa e a edi ~ao de
conteudo. Pela cria~ao de verbetes de wiki e pela edi~ao da es-
crita alheia, os alunos tarnbern aprendern a trabalhar corn os
outros, a trabalhar ern grupo. Muitos wikis tarnbern incluern
links para fontes externas, que perrnitern aos alunos pensar cri-
ticarnente sabre rnateriais online (cf. tarnbern Augar et al., 2004,
para urna resenha dos valores pedag6gicos de diferentes wikis).

206 Llnguagem online, textos e praucas a1g1ta1s


Sites de fotos como o Flickr: o Flickr foi usado como exemplo
de aprendizagem vernacula deliberada no capitulo 9. 0 valor
educacional do Flickr foi r econhecido por alguns estudiosos do
letramento (como Davies, 2006; Davies e Merchant, 2009). Va-
rios recursos do Flickr podem apoiar a aprendizagem em sala
de aula. Por exemplo, ele fornece uma extensa base de dados
de imagens de livro (embora muitas fotos no site sob copyright)
para que os professores os baixem e usem como recursos peda-
g6gicos. A rica variedade de espa<;:os de escrita em torno de uma
foto favorece diferentes t ipos de atividades de ensino e aprendi-
zagem de linguas. A caixa de texto de descri<;:ao abaixo da foto
serve como ferramenta poderosa para contar hist6rias em torno
das imagens; adicionar tags permite aos alunos usarem novas
palavras que aprenderam em sala de aula para descrever uma
imagem; Richardson (2006) achou a fun<;:ao de notas no Flickr
Conde e possivel escrever anota<;:oes sobre as fotos) particular-
mente util para a sala de aula e propos varias maneiras de usa-la
- por exemplo, urn professor pode postar uma foto e pedir aos
alunos que anotem o que veem. A fun<;:ao de comentario pode
incentivar participa<;:ao e discussoes entre os alunos. E, como o
Flickr conecta pessoas de todas as partes do mundo, os alunos
que estao fazendo projetos sobre culturas internacionais podem
usar a fun<;:ao de busca de palavras-chave do Flickr para procu-
rar fotos e informa~ao sobre outros paises. Com orienta<;:ao dos
professores, os estudantes tambem podem come~ar a interagir
com pessoas de outras partes do mundo e aprender sobre suas
linguas e culturas.
Sites de video como YouTube: o YouTube e outro excelente banco
de dados de conteudo multimidia. 0 site promove a aprendiza-
gem autonoma de linguas, como se ve no exemplo do fansubbing
descrito no capitulo 9. Quanto a educa~ao formal em sala de aula,
cada vez mais professores estao usando o YouTube como recurso
para o ensino. As virtualidades multimodais do site sao especial-
mente valiosas para estudantes de linguas de todos os tipos, que
podem praticar fala, escrita e audi~ao. Por exemplo, em sala de
aula, os alunos podem ser convidados a realizar discussoes orais
acerca do conteudo de urn video no YouTube ao qual tenham as-
sistido antes da aula; alguns professores podem gravar e hospe-
dar suas aulas no YouTube para os alunos revisarem o conteudo

CAPITULO 11 - u nguagem online e eaucac;ao 207


depois da aula. A criac,:ao e a edic,:ao de videos sao relativamente
baratas e faceis, motivo pelo qual muitos professores de linguas
incentivam os alunos a fazerem seus proprios videos como ta-
refa escolar e a compartilha-los no YouTube. Par exemplo, urn
grupo de estudantes americanos apresenta o seu projeto de espa-
nhol na forma de urn curta-metragem. A conversa dos persona-
gens foi traduzida para o ingles usando a func,:ao de anotac,:oes do
YouTube. As func,:oes de anotac,:ao (propria e alheia) e de comen-
tarios no YouTube tambem incentivam os alunos a avaliarem
o conteudo dos videos, aumentando assim a interatividade par
meio da escrita fora da sala de aula.
Mundos virtuais como o Second Life: o Second Life e mais conhe-
cido entre os educadores par seu ambiente 3D realista, o que
torna as atividades de aprendizagem divertidas e agradaveis.
Professores e alunos interagem em seus mundos virtuais como
avatares, personagens criados par eles mesmos, que podem as-
sumir qualquer forma, incluindo seres humanos e animais, e ate
mesmo voar e se teletransportar dentro e atraves de diferentes
mundos. Essas caracteristicas permitem urn ambiente interativo
de aprendizagem, que imita a aprendizagem face a face da sala
de aula. Em comparac,:ao com os espac,:os de aprendizagem online
apenas textuais, o Second Life fornece urn contexto mais pesso-
al para a interac,:ao aluno-aluno e professor-aluno, pais eles se
sentem mais envolvidos comunicando-se num contexto proximo
do real. Alguns alunos acham os mundos virtuais menos intimi-
dadores do que a interac,:ao face a face em sala de aula e estao
mais dispostos a participar. Muitas universidades criaram campi
virtuais no Second Life (par exemplo, o campus virtual da Uni-
versidade de Ohio). 0 Second Life tambem e considerado valioso
para a aprendizagem de uma segunda lingua ou de uma lingua
estrangeira (Cooke-Plagwitz, 2008). Seu ambiente multimodal su-
porta nao apenas texto e imagens, mas tambem interac,:ao par voz
- o que permite aos alunos de linguas praticarem habilidades
de fala com avatares de outras culturas, reforc,:ando a aprendi-
zagem colaborativa. Outros usos gerais do Second Life na educa-
c,:ao podem ser encontrados na lista de "101 usos do Second Life
na sala de aula da universidade" de Conklin (2007). Para mais
informac,:oes sabre a educac,:ao em mundos virtuais, vale a pena
consultar Peachey et al. (2010) e Merchant et al. (2012).

208 Linguagem online: textos e praticas a,g,ta1s


Microblogging, incluindo Twitter: servi~os de microblogging
como o Twitter desempenharam papel cada vez mais importante
em ambientes academicos e educacionais ao longo dos ultimos
anos . Por exemplo, o Twitter e muitas vezes adotado por acade-
micos como suporte para discuss5es eletronicas em tempo real
em semin<hios e conferencias (Ross et al., 2011) e palestras em
universidades (Elavsky et al., 2011). Os participantes sao estimu-
lados a postar ao vivo no Twitter a medida que os conferencis-
tas estao dando suas palestras. Eles normalmente recebem uma
hashtag, uma palavra-chave que marca o tema ou assunto de urn
tweet, para anexar a seus posts, facilitando o armazenamento e
a pesquisa. A principal vantagem disso e que a discussao ao vivo
permite que estranhos ou pessoas que nao podem estar fisica-
mente presentes acompanhem o evento em tempo real. 0 Twitter
tambem e considerado util na aprendizagem de uma segunda
lingua. Borau et al. (2009), por exemplo, levaram a cabo urn es-
tudo de caso do uso do Twitter numa aula de ingles oferecida a
estudantes chineses. Todos os alunos deviam deixar pelo menos
sete mensagens por semana e ler as mensagens de outros alunos
como forma de praticar a leitura e a escrita. Isso nao s6 ajuda a
desenvolver urn senso de comunidade entre os alunos, mas tam-
bern oferece oportunidades para que eles "produzam linguagem
ativamente" (Borau et al., 2009: 78), inclusive fora da sala de aula.
Sites de redes sociais como o Facebook: desde seu lan~amento em
2004, o Facebook se tornou o mais popular site de rede social.
Seus amplos recursos e virtualidades tern sido adotados por edu-
cadores e estudantes de varias maneiras. A fun~ao "grupos" no
Facebook e especialmente adequada para facilitar atividades de
ensino e aprendizagem iniciadas pelos professores ou pelos es-
tudantes. Ao contrario de outros recursos do Facebook, os gru-
pos sao exclusives para membros. Os administradores dos gru-
pos podem tornar o conteudo privado e disponivel apenas para
membros que tiveram aprova~ao para entrar, tornando-os uma
plataforma relativamente privada e segura para salas de aula
(Lee e Lien, 2011; ver tambem, abaixo, o estudo de caso sobre
como ele e adotado num curso de gradua~ao em linguistica). Os
estudantes tambem podem criar grupos privados sem iniciativa
do professor para discutir as tarefas e organizar seus projetos,
como relatado em English e Duncan-Howell (2008).

CAPITULO 1! - Llnguagem online e educa~ao 209


Enquanto o carater de novidade e as virtualidades desses meios
podem ser tentadores e atraentes, explorar como exatamente o uso deles
pode melhorar a experiencia de aprendizagem dos alunos precisa ser
algo trabalhado em cada situa<;:ao. Lewis e Fabos (2005), em sua discus-
sao sabr e o aplicativo de MI, tambem lembram os educadores sabre os
possiveis desafios de introduzir em salas de aula praticas que os alunos
realizam em novas midias fora da escola:

A pergunta a fazer nao e como realmente usar Ml na sala de aula, mas


como aplicar a ambientes escolares as praticas de letramento que observa-
mos os jovens adotando com grande entusiasmo. (Lewis e Fabos, 2005: 496)

Come<;:ando por uma visao pratica social, o primeiro passo e en-


tender o conhecimento dos alunos e seus usos informais das novas mi-
dias. Como Ivanic et al. (2009) deixam claro, nao se trata de, em seguida,
incorporar as praticas na sala de aula. Em vez disso, havera aspectos
especificos das praticas que podem ser empregados. Por exemplo, uma
das quest6es a serem consideradas e que os conceitos de tempo e espa-
qo das aulas escolares podem ser muito diferentes daqueles da comu-
nica<;:ao interpessoal entre amigos. Tomemos o aplicativo de MI como
exemplo: as atividades de mensagens instanHineas privadas sao muitas
vezes sobrepostas, e a mult itarefa e vista como natural, enquanto nas
escolas as aulas sao organizadas em sess6es individuais, que nao condi-
zem com a flexibilidade temporal e espacial das mensagens. Pesquisan-
do urn ambiente educacional diferente, Kinzie et al. (2005) exploraram
a potencialidade das MI para fins de instrw;ao em aulas universitarias
nos EUA. Os alunos receberam u rn t6pico de discussao numa aula pre-
sencia! e tiveram de tamar notas e discutir entre si ao mesmo tempo em
que ouviam o professor. Embora os alunos fossem capazes de executar
multiplas tarefas nas palestras, alguns deles consideraram as MI fator
de distra<;:ao num contexto formal da sala de aula. Lewis (2007) tambem
chama a aten<;:ao para a questao da necessidade, au seja: as escolas que-
rem ou nao, e estao prontas para, reconhecer as praticas inovadoras em
letramentos digitais que os estudantes realizam fora da escola?

Grupos no Facebook para cursos universitarios


Para examinar como a considera<;:ao das praticas cotid ianas dos
alunos pode informar a pratica educacional, oferecemos dois exemplos

210 u nguagem online: textos e prat1cas 01g1ta1s


de nossa propria atividade de ensino. Mostramos inicialmente o caso em
que urn de nos, Carmen, criou urn grupo no Facebook para urn curso de
graduac;ao em linguistica, com 33 alunos. No segundo semestre de 2011,
urn grupo privado foi criado no Facebook como plataforma de comuni-
cac;ao para urn curso que incluia o compartilhamento de notas de aula
e discussao baseada em conteudos externos compartilhados, como links
e videos. A decisao de usar o Facebook em vez de outras plataformas re-
sultou da reflexao da professora sabre sua experiencia com tecnologias
de ensino, bern como da preferencia dos estudantes expressa numa pes-
quisa do curso. Ao longo do semestre de 14 semanas, os alunos postaram
ativamente no grupo e fizeram mais de 350 comentarios. Urn forte sensa
de comunidade se desenvolveu fora do contexto da sala de aula porque o
grupo serviu para reunir estudantes de diferentes disciplinas. A virtua-
lidade de rede social no Facebook tambem facilitou a aprendizagem co-
laborativa, em que os alunos compartilhavam informac;oes relacionadas
com o curso recem-descobertas na web.
AlE~m da facilitac;ao das atividades de ensino e aprendizagem, o que
foi particularmente revelador foi a maneira como os alunos constante-
mente negociavam e se reapropriavam de seus estilos discursivos e iden-
tidades de acordo com as mudanc;as dos prop6sitos do grupo. Em pri-
meiro lugar, os textos escritos nesse grupo exibiram urn hibridismo de
linguas. Tanto alunos como professores foram alem do veiculo declarado
de instruc;ao, o ingles, e mesclaram recursos linguisticos, uma pratica
comumente encontrada em usos informais no Facebook. Identificou-se
uma gama de estilos discursivos, desde anuncios academicos formais do
professor ate posts mais interpessoais e brincalhoes. A fronteira entre
professora e alunos nem sempre era clara. Os alunos, por vezes, atuaram
como professores, iniciando t6picos de discussao, enquanto a professora
tambem aprendia alga novo com esses posts iniciados pelos estudantes.
Estas caracteristicas ilustram que o grupo proporcionou o que Moje et
al. (2004) chamam de "terceiro espac;o" para o ensino e aprendizagem.
Eles definem urn terceiro espac;o como urn espac;o que "traz os textos
enquadrados por discursos e saberes cotidianos para as salas de aula de
uma maneira que desafia, desestabiliza e, em ultima instancia, expande
as praticas de letramento que normalmente sao valorizadas na escola e
no mundo cotidiano" (p. 44). No caso em questao, o grupo serviu como
urn espac;o onde o estilo de discurso academico relativamente controla-
do se encontrou com urn estilo de discurso hibrido, interpessoal e infor-
mal. 0 apendice 2 fornece mais detalhes sobre este estudo de caso.

CAPITULO 11 - Unguagem online e educa<;ao 211


Explorando as tecnobiografias de estudantes
Passando de Hong Kong para a Inglaterra, em Lancaster, David re-
corre as tecnobiografias dos alunos ern seus cursos (coministrados corn
Julia Gillen e Uta Papen). Tanto no curso de graduar;ao em linguagem e
midia quanta no curso de mestrado em letrarnentos digitais que ofere-
ce, seu ponto de partida com os estudantes e leva-los a investigar suas
pr6prias praticas online e offline. Isso tambem e importante para fazer
urna ideia do que eles estao usando e do que sabem em termos de novas
tecnologias (o que inevitavelmente muda de ano para ano, e o curso tern
de se adaptar para refletir isso). Suas tecnobiografias sao, entao, os dados
para o curso. No curso de graduar;ao, depois de investigar as suas pr6-
prias praticas em preparar;ao para o primeiro seminario semanal, os
alunos tern de entrevistar alguma pessoa fora de seu grupo, como urn
avo ou alguem de urna cultura diferente. Isso fornece uma perspectiva
comparativa entre gerar;oes e culturas. 0 proximo passo e analisar pes-
quisas nacionais de utilizar;ao da internet para localizar suas praticas
em estudos quantitativos mais arnplos que cubram o pais ou o mundo.
Quando entram em contato com os projetos que tern de realizar
para avaliar;ao, varios dos estudantes incluern entrevistas ou pesquisas
online. Tambem passam aver atividades online e offline como integradas
e nao separaveis. A estrutura, entao, se configura como urn afastarnento
sernanal de suas pr6prias experiencias e uma utilizar;ao de diferentes
tipos de dados. Durante o curso, eles tarnbern explorarn seus carninhos
de leitura online e refletem sobre as rnudanr;as ern suas praticas de letra-
mento academicas. A maioria das leituras para o curso esta disponivel
online, e urna das prirneiras leituras obrigat6rias consiste ern assistir a
urn video do YouTube e tornar notas sobre ele. Os estudantes tarnbern
rnantem urn diario reflexive das mudanr;as ern suas praticas desde o ini-
cio do curso e participarn de outras atividades online.

Como a com preen sao das praticas online pode mudar


o ensino e a aprendizagem de linguas
Para rnostrar a irnportancia da pesquisa descrita neste livre para
a pratica educacional, identificarnos varias maneiras como a cornpreen-
sao das praticas online pode irnpactar o que se passa ern sala de aula.
Manternos nosso foco no ensino e aprendizagern de linguas e estarnos
pensando ern todos os niveis de ensino, desde a pre-escola ate o ensino

212 unguagem onlme: textos e pr~ttcas Oigttals


universitario. Mostramos como a visao da linguagem como uma pratica
social fornece teorias, metodos e dados para a aula de linguas.
(1) Aprendizagem autonoma de linguas: a pesquisa aqui relatada de-
monstrou que no cotidiano dos estudantes ocorre muita apren-
dizagem de linguas, que e in iciada por eles e permanece sob seu
controle. Ela ocorre naquilo que para eles sao situa<;:5es autenti-
cas e fornece evidencias de aprendizagem autonoma de linguas.
Houve exemplos disso ao longo deste livro. No Flickr, algumas
pessoas usam deliberadamente o site para praticar e melhorar
a lingua. Na pesquisa sabre o aplicativo de MI, alguns dos par-
ticipantes, quando entrevistados, revelaram espontaneamente
que, as vezes, ampliavam as virtualidades do aplicativo de MI
e o viam como uma ferramenta informal de aprendizagem de
linguas. Urn dos participantes, Hang, disse que o MI poderia
servir como urn espa<;:o para praticar suas habilidades de digi-
ta<;:ao e escrita chinesas. Outra pessoa, Wing, lembrou que certa
vez escrevera mensagens para seus amigos apenas em ingles, a
fim de se preparar para os exames de nivel A nesta lingua. Estes
casas demonstram quais sao as abordagens da aprendizagem
informal por parte dos estudantes, como o aprender fazendo,
em suas vidas privadas e cotidianas. Os estudantes participan-
tes estavam bern cientes do que e como aprender com as MI. As
atividades de aprendizagem informal tambem permitiam aos
estudantes encarregarem-se de seu proprio aprendizado, num
espa<;:o em que podem aprender ativamente, de forma eficaz, di-
vertida e por urn meio de sua propria escolha.
(2) Compreensao das pniticas cotidianas dos alunos: como temos en-
fatizado ao longo do livro, nossos projetos concentraram-se em
textos e praticas online. Sempre prestamos muita aten<;:ao no que
as pessoas fazem com seus textos no cotidiano, em vez de ape-
nas focar nas palavras na tela. Compreender os detalhes a res-
peito das praticas tern importantes implica<;:oes para a educa<;:ao.
Em primeiro lugar, embora seja importante que os professores
em sala de aula aproveitem as oportunidades oferecidas pelas
novas midias, e fundamental empregar atividades que revelam
o que os alunos estao fazendo fora da sala de aula, incluindo
seus recursos de constru<;:ao de sentido e suas atividades par-
ticulares de produ<;:ao textual, bern como entender a natureza
das praticas online. Para dar urn breve exemplo, muitos paises

CAPITULO 11 - Llnguagem online e eouca~ao 213


ja incluirarn nos curriculos escolares a escrita de e-mail, que,
entretanto, e rnuitas vezes descrita como urn genero coeso e au-
t6nomo, sendo apresentada de forma bastante prescritiva (corn
regras sobre como escrever urn e-mail "eficiente"). 0 que a in-
vestiga~ao de praticas cotidianas revela e que o e-mail nao e urn
genero; ao contrario, ela dernonstra a criatividade subjacente e
a natureza bastante diversificada de tais plataforrnas. Escrever
consiste nurna serie de atividades situadas, e o e-mail serve a
rnuitos prop6sitos e pode assurnir varias forrnas. A lingua como
pratica social fornece rnodos de pensar e falar sobre linguagern
e letrarnento, ou seja, fornece teorias de linguagern e letrarnento,
valiosas na sala de aula.
(3) Compreensii.o das praticas dos professores: professores, ern todos
os niveis, variarn ern seu conhecimento e confian~a nas novas
tecnologias. A rnaioria dos professores na sociedade conternpo-
ranea nao e novata ern terrnos de tecnologia, mas teve anos de
experiencia corn praticas digitais educacionais e informais. Ao
tornar decisoes sobre os usos pedag6gicos das tecnologias co-
tidianas, eles podem ser reflexivos e refletir constanternente
sobre suas pr6prias rela~oes corn as novas midias dentro e fora
do contexto da sala de aula. Isto podera irnplicar urna renegocia-
~ao da rela~ao entre os conhecirnentos do professor e do aluno,
juntarnente corn a aceita~ao da pericia dos alunos ern algumas
areas e o respeito por ela.
A compreensao do conhecimento dos professores foi explorada,
por exemplo, no estudo de Graham (2008) sobre como a experi-
encia dos professores corn a tecnologia tern irnpacto sobre suas
praticas de ensino. Como urn exernplo extraido de nosso proprio
trabalho, o grupo no Facebook discutido acirna nasceu da refle-
xao da professora sobre seus anos de experiencia corn as tecno-
logias tanto educacionais quanto informais. Suas rnultiplas iden-
tidades como professora universitaria, pesquisadora e usuaria
ativa do Facebook nao cessarn de rnoldar suas praticas linguisti-
cas e forrnas de participa~ao ao interagir corn os alunos online.
Isso pode ate rnesrno se estender a sua adesao como membra da
cornunidade de discurso online de seus alunos. No estudo de caso
do grupo rnencionado, a professora p6de adotar urn estilo dis-
cursivo negociado que os estudantes universitarios ernpregarn
corn frequencia ern suas praticas textuais particulares online.

214 Linguagem online, textos e prM1cas Olgitais


Depois de terem visto a professora adotar seu estilo cotidiano
de escrita online, os alunos ficaram felizes em assumir uma voz
informal e ate mesmo brincalhona. Essa negociar;ao constante
de estilos de discurso certamente ajuda a criar urn ambiente de
aprendizagem amistoso e agradavel.
(4) Consciencia continua das mudanr;as nas praticas dos alunos: letra-
mentos digitais sao uma area de investigar;ao em rapida evolur;ao,
pois as tecnologias e seu uso mudam em ritmo acelerado. 0 que
funciona urn ano num curso pode ser inadequado no proximo,
e os curses precisam estar num estado de fluxo constante, com
espar;os para inovar;ao. Professores e alunos podem pesquisar as
praticas que estao mudando. Isso nao pode ser alcanr;ado pela
realizar;ao de estudos pontuais, nem pela leitura dos resultados
de uma pesquisa realizada alguns anos atras, mas s6 por obser-
var;oes continuas e talvez longitudinais das praticas digitais dos
alunos dentro e fora da sala de aula. Com os metodos de tecnobio-
grafias descritos anteriormente, professores e alunos se tornam
pesquisadores; e os metodos de pesquisa de praticas cotidianas
tambem podem ser usados em sala de aula. Isso funciona em
todos os niveis educacionais, e ate mesmo crianr;as com menos de
8 anos podem investigar suas pr6prias praticas, da mesma forma
que os graduandos universitarios ou professores em cursos de
desenvolvimento profissional. Desta maneira, a relar;ao entre as
praticas escolares e as praticas extraescolares muda.
(5) Novas pedagogias para novas tempos. Pesquisadores como Gun-
ther Kress (1995) tern reivindicado uma nova visao da educar;ao
que leve em conta as mudanr;as contemporaneas. Ate agora, os
exemplos assumem que a provisao educacional segue inaltera-
da. No entanto, ha uma progressao no fato de que, inicialmente,
os pr ofessores podem introduzir novas tecnologias para funcio -
nar dentro das praticas existentes e, em seguida, veem novas
possibilidades nas virtualidades do veiculo e comer;am a usa-lo
para novos prop6sitos, os quais, por fim, sao transformados em
novas praticas. As novas atividades online incluem as caracteris-
ticas da Web 2.0 identificadas anteriormente como, por exemplo,
novas formas de colaborar;ao, produr;ao conjunta e criar;ao de co-
nhecimento, em vez da aprendizagem exclusivamente de fatos .
Alguns educadores desenvolveram listas do que denominam "ha-
bilidades do seculo XXI" (como a lista em Jenkins, 2005), muitas

CAPITULO 11 - Llnguagem online e eauca~ao 215


das quais nao sao particularmente valiosas dentro das praticas
educacionais existentes. Elas sao baseadas nas virtualidades da
Web 2.0 e enfatizam atividades como: jogar para experimentar;
desempenho pela ado~ao de identidades para improvisa~oes e
descobertas; multitarefas; navega~ao em varias midias; utiliza-
~ao de inteligencia coletiva e contribui~ao para ela. Preferimos
nao isola-las como habilidades separaveis e as localizamos den-
tro de praticas, mas vale a pena examinar como essas praticas
trazem a tona diferentes aspectos da linguagem. De uma pers-
pectiva diferente, tambem e importante ver como as listas de
principios de aprendizagem de Gee (2003) tern impacto sobre
as praticas linguisticas. Essas abordagens desafiam a educa~ao
contemporanea a mudan~a. Para os cursos em sala de aula, e
necessaria desenvolver uma pedagogia em que a esfera online
seja central e nao introduzida apenas para incrementar praticas
atuais. 0 que se passa na sala de aula esta estreitamente ligado
ao que acontece fora dela. Em ultima analise, o deslocamento de
tempo e espa~o online pode mudar radicalmente a natureza da
educa~ao.
(6) Estabelecer politicas linguisticas na sala de aula: como foi mos-
trado nos capitulos 4 e 5, as prciticas de letramento multilingues
aos poucos se tornaram urn modo fundamental de participa~ao
no mundo online globalizado. Isto tambem tern implica~oes im-
portantes para as politicas relacionadas com o veiculo de instru-
~oes em comunidades multilingues, como Hong Kong, que foca-
ram amplamente em usar uma lingua de cada vez em ambientes
academicos. 0 nivel de destreza e criatividade que os alunos
demonstram na comunica~ao online e urn importante indicador
de sua preferencia por urn ambiente de aprendizagem com mais
diversidade linguistica. Nossas conclusoes sobre praticas mul-
tilingues no aplicativo de MI e no Facebook de estudantes em
Hong Kong fornecem dados empiricos (tanto sob a forma de tex-
tos autenticos como de conhecimentos especificos dos alunos) de
que existem divergencias entre os diferentes estilos de discur-
so em contextos diferentes. Diferentes combina~oes de linguas
e sistemas de escrita, ao lado de outros recursos de produ~ao
textual, sao evidentes na escrita online de pessoas multilingues
em todo o mundo (Danet e Herring, 2007). Muitas vezes, sao as
virtualidades (incluindo as restri~oes) das midias que abrem

216 Linguagem online: textos e pr~ticas dig1tais


novas possibilidades de constrw;ao de sentido, que nao estao
normalmente disponiveis em configurac;oes offline, incluindo
as salas de aula. A politica de ensino de linguas em Hong Kong,
por exemplo, busca promover a pureza linguistica (cf. discussao
detalhada em Evans, 2002). lnstruc;oes em sala de aula e traba-
lhos escritos devem ser feitos em ingles ou chines, mas nao com
mistura de c6digos. Tal como acontece com outras praticas de
letramento vernaculas, as praticas linguisticas hibridas online
nem sempre sao valorizadas nas praticas institucionais. No en-
tanto, a alternancia de c6digos online geralmente demonstra as
capacidades dos alunos de mesclar criativamente seus recursos
de produc;ao textual para responder as restric;oes das midias, no
intuito de satisfazer diferentes prop6sitos comunicativos.

CAPITULO 11 - Unguagem on line e eouca~ao 217

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