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Delimitação da perícope

 É possível definir uma perícope nos seguintes termos: “Uma perícope é uma
unidade textual genuína, independente e completa”. Fee e Stuart dizem:
“Procure se certificar de que a passagem que você escolheu para a exegese é
uma unidade genuína e completa”.1 Entretanto, para que o estudante ou o
estudioso consiga ter certeza que está lidando com uma perícope, ele necessita
estabelecer sua delimitação, ou em outras palavras, os limites da perícope. Nesse
sentido o exegeta Cássio Murilo Dias Silva acertadamente afirma: “Delimitar
um texto, portanto, significa estabelecer os limites para cima e para baixo, ou
seja, onde ele começa e onde ele termina. O trecho da Escritura resultante dessa
delimitação recebe o nome de perícope”.2 Segundo Silva, para estabelecer uma
perícope é preciso observar pelo menos três grupos de elementos: elementos que
indicam um novo início, elementos que indicam o término, e elementos que
aparecem ao longo do texto.3
a) Elementos que indicam um novo início: “Ao iniciar um novo relato ou um
novo argumento, o autor precisa chamar a atenção do leitor para esse fato.
Para tanto, lança mão de alguns recursos de abertura ou de focalização”. 4 Em
outras palavras, o autor ao iniciar um relato ou argumento possui uma
intenção. É o que os estudiosos definem pelo termo intenção autoral. Com
isso em mente, é necessário que o estudante ou o estudioso sempre se faça a
pergunta: para onde o autor está tentando conduzir seus leitores? Isso ficará
evidente a partir dos elementos que o autor utiliza para comunicar sua
mensagem. A seguir serão listados alguns elementos que indicam um novo
início:
I. Tempo e espaço (A ida ao sepulcro de Jesus=Mc 16:1-2).
II. Personagens (A chegada do anjo Gabriel=Lc 1:26).
III. Argumento (geralmente como recurso retórico=Fp 4:8-9).
IV. Anúncio de um discurso. Silva diz: “Alguns retóricos, ao término de
uma parte de argumentação, introduzem ou antecipam os assuntos que serão

1
STUART, Douglas e FEE, D. Gordon. Manual de exegese bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2008, p.207.
2
SILVA, Cássio Murilo Dias. Metodologia de exegese bíblica. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 2009, p.68.
3
Os elementos listados ao longo deste trabalho bem como os subelementos que os compõem serão todos
tirados da obra de Cássio Murilo Dias Silva citada acima p.70-75. Quando necessário serão referenciados.
4
Ibidem, p.70.
tratados a seguir. Um bom exemplo é Hb 2:17-18, que anuncia o próximo
tema, Jesus Cristo como Sumo Sacerdote fiel e misericordioso, que será
tratado em Hb 3:1-5, 10”.5
V. Título (as cartas do Apocalipse=Cap.2-3).
VI. Mudança de estilo (discurso para narrativa/prosa para poesia=comparar
Mt 10:1-4 com 10:5-15)
b) Elementos que indicam o término: o término de uma perícope também é
perceptível a partir da observação de certos elementos tais como:
I. Personagens (Jesus e os discípulos=Mt 17:19-21).
II. Espaço (a geografia as vezes marca o término de uma perícope. Mc
1:39 ou Jo 7:53).
III. Tempo (O início e o término do Sermão do Monte. Mt 5:1-2 e 7:28-
29).
IV. Sumário: apresentação resumida daquilo que foi exposto. Ver Mt
1:1-16 e 1:17.
c) Elementos que aparecem ao longo do texto: alguns elementos aparecem
no meio da narrativa. Eis alguns:
I. Ação: a ação descreve o desenrolar da narrativa. Dias diz:
“Normalmente constituída por princípio, meio e fim, a ação é o
núcleo de qualquer narrativa”.6 Ver Mc 6:17.
II. Campo semântico: tem a ver com o uso das palavras no texto. Em 1
Tm 2 a palavra “hesichion” é traduzida no v.2 como tranquilidade e
no v.11 como silêncio.
III. Intercalação: as vezes uma ação é descrita, e logo após uma
interrupção, é retomada. Ver Mt 13:24-30 (31-32/33/34-35) e 13:36-
43.

Estudo de caso sobre delimitação da perícope


O presente texto (At 9:31) é uma perícope independente. Uma leitura atenta de
9:26-30, 9:31 e 9.32-35 demonstra que o narrador (Lucas) opera uma mudança em
relação as cenas, aos assuntos e a ênfases nos personagens.

5
SILVA, Cássio Murilo Dias. Metodologia de exegese bíblica. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 2009, p.71.
6
Ibidem, p.74.
A cena descrita em 9:26-30 ocorre nas cidades de Jerusalém, Cesaréia e Tarso. Já
a cena descrita em At 9:32-35 ocorreu em Lida e Sarona. At 9:31 por outro lado situa a
cena em: Judéia, Galiléia e Samaria.
O assunto de 9:26-30 é a chegada do recém-convertido Saulo, o temor dos
discípulos, sua aproximação dos apóstolos por meio de Barnabé, e a pregação do
mesmo. O assunto de 9:32-35 diz respeito a cura de Eneias e algumas conversões
daqueles que observaram tamanho milagre. Já o assunto de 9:31 é a paz, a edificação e o
crescimento das Igrejas na Judéia, Galiléia e Samaria.
Enquanto que em 9:26-30 tem destaque a figura de Saulo, em 9:32-35 a figura de
destaque Pedro. Já em 9:31, o destaque recai sobre a igreja da Judéia, Galiléia e
Samaria. Abruptamente Lucas desloca sua narrativa da pregação de Saulo em
Jerusalém, e sua viagem a Cesaréia e Tarso (9:26-30), para o crescimento e a paz da
Igreja de Jerusalém (9:31). A seguir, rompendo com o texto anterior, Lucas já narra
Pedro curando Eneias (9:32-35).
Ou seja, no bloco que compõe 9:26-30/31/32-35 são narradas três cenas
completamente distintas entre si. Isso demonstra que 9:31 é uma perícope completa e
independente.

Comparação de versões

A análise comparativa das versões pode evidenciar inúmeras questões: omissão,


acréscimo, intenções etc. Vejamos alguns exemplos:

a) Omissão: Vide estudo de caso.


b) Acréscimo: Vide estudo de caso.
c) Intenções: Em Jo 1:1 a Tradução do Novo Mundo acrescenta o artigo indefinido
“um” sinalizando que Jesus é “um” deus, e não o próprio Deus. Em Cl 1:17 a
mesma tradução acrescenta a palavra “outra” sinalizando que Jesus é anterior
apenas em relação as coisas criadas e não coeterno com o Pai. Em Hb 1:6 a
mesma Bíblia traduz “proskyneo” (adoração) por prestar homenagem.
Estudo de caso

ANÁLISE DE VERSÕES

ARA- A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-
se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em
número.

ARC- Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do
Espírito Santo.

ACF- Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito
Santo.

BJ- Entretanto, as igrejas gozavam de paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria. Elas se
edificavam e andavam no temor do Senhor, repletas de consolação do Espírito Santo.

ASV- So the church throughout all Judaea and Galilee and Samaria had peace, being
edified; and, walking in the fear of the Lord and in the comfort of the Holy Spirit, was
multiplied.

NAS- So the church throughout all Judea and Galilee and Samaria enjoyed peace, being
built up; and, going on in the fear of the Lord and in the comfort of the Holy Spirit, it
continued to increase.

R60- Enton ceslas Iglesias tenían paz por toda Judea, Galilea y Samaria; y eran
edificadas, andando en el temor Del Señor, y se acrecentaban fortalecidas por el Espíritu
Santo.

Observações:

a) Apenas a ARA introduz a fórmula “na verdade”. Nenhuma das demais versões a
introduzem. Até porque, ela não aparece no texto grego.
b) As versões ARA, ASV e NAS seguindo o texto da UBS 4ª edição traduzem o termo
Igreja no singular. Já as versões ARC, ACF, BJ e R60 seguindo o texto bizantino
traduzem o termo Igreja no plural.

c) Apenas as versões ARA e BJ traduzem o termo “oikodomoumenē” como:


edificando-se e se edificavam, transmitindo a ideia enganosa de que a edificação era
fruto muito mais da ação da Igreja. A versão NAS traduz o termo por “sendo
construída”. E as versões: ARC, ACF, ASV e R60 traduzem a expressão como “sendo
edificada”. As duas últimas opções deslocam da Igreja a capacidade ou o poder de se
auto edificar.

d) A BJ não traduz o termo “eplētyneto” que pode ser traduzido como “era
aumentada”, em alusão ao crescimento numérico da Igreja.

e) A ARA traduz o termo “paraklesei” como “conforto”. As versões ARC, ACF, BJ,
NAS traduzem por “consolação”. E a ASV por “consolo”.

Estudo de palavras-chaves: campo semântico e uso diacrônico.

Palavras chaves são palavras cuja utilização é determinante para decifrar certas
passagens bíblicas. Rm 16:1 descreve Febe como “Diaconisa”. Isso tem conduzido
muitas igrejas a ordenar irmãs para o “ofício” de Diaconisa. Quando lemos o v.2 do
mesmo capítulo, ali encontramos a palavra grega “prostatis”, traduzida como
“protetora”. Na verdade, a melhor tradução deveria ser “patrona”. Ou seja, Febe servia
à Igreja com seus bens, e não como Oficial de Igreja. No caso, o ofício de Diaconisa.
Isso fica esclarecido pelo estudo da palavra chave “prostatis”. Além disso, é importante
observar que uma palavra pode ser usada por um autor com vários sentidos sentido, e
ser usada por outro autor com outro sentido. Paulo usa a palavra “sarks” em 1Co 15:39
para falar do corpo. Em Rm 8:3 a mesma palavra é usada para falar da natureza humana
caída. Isso nos conduz a questão do uso sincrônico e diacrônico dos vocábulos. As
seitas (e os TJ’s são mestres nisso) cometem a falácia exegética de pensar o seguinte: se
um vocábulo tem esse sentido “AQUI”, todas as vezes ele vai ter o mesmo sentido. E
isso não é verdade. É preciso estudar o vocabulário do autor, e como ele usa esse
vocábulo em um livro, ou no caso de Paulo que escreveu 13 cartas, como ele utiliza o
próprio vocabulário.

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