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Expedito Guanabara Júnior

Magister et Advocatus
CRBIO 67.150/05 – OAB/CE 12.027

EXMO. PROMOTOR ANTÔNIO GILVAN DE ABREU MELO

SECRETÁRIO EXECUTIVO DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA


CÍVEIS

REPRESENTAÇÃO COM DISTRIBUIÇÃO AS PROMOTORIAS DE


DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO

REPRESENTANTE: EXPEDITO GUANABARA JÚNIOR


REPRESENTADA: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ -
UECE

EXPEDITO GUANABARA JÚNIOR, RG 94024079802 CPF


43733000382, biólogo e advogado, residente na Rua Viriato
Ribeiro, 1739 – Fortaleza CEP 60442-640, vem perante V. Exa.
pedir a abertura de uma investigação sobre atos praticados
na UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE, com
personalidade jurídica de direito público, representada
pelo Magnífico Reitor, professor JOSÉ JACKSON COELHO

SAMPAIO, com endereço a Av. Dr. Silas Munguba, 1700 -


Campus do Itaperi, Fortaleza - CE CEP 60741-000, por
cobranças de taxas de matrícula indevidas, conforme os
fatos que seguem.

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Expedito Guanabara Júnior
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DA DENÚNCIA

A UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE mantém


um Núcleo de Línguas Estrangeiras, para o ensino de várias
línguas como inglês, latim, francês, etc. conforme segue:

“O Núcleo de Línguas Estrangeiras da UECE é um projeto de extensão ligado diretamente ao Curso


de Letras. O objetivo de proporcionar campo de estágio aos alunos das licenciaturas de línguas
inglesa, francesa e espanhola é alcançado plenamente através de cursos de idiomas a baixo custo
fornecido à comunidade.

Além de prestar esse serviço, o Núcleo de Línguas Estrangeiras da UECE, também apóia projetos
acadêmicos e culturais na Universidade Estadual do Ceará.

Portanto, esse projeto de extensão que, há várias décadas faz parte da comunidade acadêmica da
UECE, é um organismo vivo que dá bons frutos à sociedade de Fortaleza e eleva o nome da UECE
através de sua extensão.”

Existem dezenas de alunos matriculados nestes cursos.


Ocorre que neste serviço são cobradas taxas de R$ 300,00 ao
longo de cada semestre, conforme edital em anexo. Ocorre
que a UECE é uma instituição pública de ensino, não podendo
cobrar por seus serviços educacionais regulares. Conforme
casos análogos ocorridos na UFC e na USP (vide documentos
anexos), as universidades públicas não podem cobrar por
serviços educacionais (vide também documentos em anexo). E
além do que, se o objetivo dos cursos é servir de estágio
aos alunos de letras, por que ele é cobrado à população,
não se dando a oportunidade de isenção aos alunos carentes?
E aonde este dinheiro recolhido dos alunos é aplicado? A
conta corrente dos depósitos aparentemente está no nome do
IEPRO, mas o curso é ligado ao Curso de Letras, um curso de
graduação, e conforme entendimento jurisprudencial, cursos

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de graduação e pós-graduação stricto sensu, não podem ser


cobrados.

Pede-se então que o Ministério Público investigue


estes fatos denunciados, que ocorrem na UECE, chamando para
se manifestar e explicar, o representante legal da
instituição, o Magnífico Reitor, Professor JOSÉ JACKSON

COELHO SAMPAIO.

DOS DIREITOS DESRESPEITADOS

Com efeito, o artigo 206 da Constituição Federal é


absolutamente cristalino ao prever, em seu inciso IV, a
gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais
como um dos princípios basilares da educação no País:

“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;”.

Repetindo o texto constitucional, o artigo 3º. da Lei nº


9.394/1996 (LDB), em seu inciso VI, reitera a gratuidade do
ensino público nos estabelecimentos oficiais como princípio
essencial da oferta do ensino:

“Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

“VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;”.

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A prática da cobrança de taxa de matrícula e de


mensalidades pelas universidades públicas,
independentemente do tipo ou modalidade de curso ofertado
tem sido rotineiramente, declarada ilegal pelo Poder
Judiciário, como demonstram os arestos abaixo transcritos:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO SUPERIOR. UNIVERSIDADE


PÚBLICA. CURSO DE PÓSGRADUAÇÃO LATO SENSU. COBRANÇA DE TAXA DE
MATRÍCULA E MENSALIDADE. DESCABIMENTO.

1. A cobrança de taxa de matrícula e mensalidades relativas a curso de pós-graduação lato sensu,


ministrado por universidade pública é repelida pelo Ordenamento Jurídico, pois o princípio da
gratuidade de ensino nos estabelecimentos oficiais, encartado na Carta da República, art. 206, IV, não
discrimina níveis, razão por que é passível a sua aplicação a todas as modalidades de cursos, inclusive
os de pós-graduação lato sensu, compreendidos no conceito de educação superior (Lei 9.394/96, art.
44, III).

2. Por outro fundamento, revela-se indevida, também, a aludida cobrança, dado que fora ela instituída
por meio de Resolução, norma terciária, sendo certo que o princípio da autonomia universitária não
exime a Administração da observância do preceito maior a que está vinculada, qual seja, o da
legalidade. Portanto, tal norma interna corporis invadiu o campo reservado à norma jurídica de
atribuição constitucional exclusiva do legislador ordinário.

3. Apelação da UFMG e remessa oficial desprovidas.

ACÓRDÃO

Decide a Quinta Turma do TRF – 1ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à
remessa oficial.” (TRF da 1ª Região, APC nº 200738000222009/MG, Rel. Des. Federal Fagundes de
Deus, 5ª Turma, v.u. ,e-DJF1, nº 242, 19.12.2008, pág. 485 - grifamos).

“EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO


SUPERIOR. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU. INSTITUIÇÃO PÚBLICA.
COBRANÇA DE TAXA DE MATRÍCULA E DE MENSALIDADE. AFRONTA AO ART. 206, IV, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 12/STF.

I – A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal (Súmula Vinculante nº 12/STF).

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II - Afigura-se ilegítima a cobrança de taxa de matrícula e de mensalidade, por instituição de ensino


pública, em curso de pósgraduação lato sensu, tendo em vista a garantia constitucional de gratuidade
de ensino público (art. 206, IV, da CF). Precedentes do TRF/1ª Região.

III - Apelação e remessa oficial desprovidas. Sentença confirmada.

ACÓRDÃO

Decide a Turma, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial.” (TRF da 1ª
Região, APC nº 2007.35.00.019671-0/GO, Rel. Des. Federal Souza Prudente, 6ª Turma, v.u. ,e-DJF1,
nº 015, 26.1.2009, pág. 186 - grifamos).

Buscando alternativas para se esquivar do cumprimento do ordenamento jurídico pátrio, as


universidades públicas tentaram utilizar as chamadas fundações de apoio para promover a cobrança,
como se fossem essas as efetivas ofertantes dos cursos de pós-graduação objeto da inconstitucional
cobrança.

Sempre atento, o Poder Judiciário prontamente respondeu à indevida manobra, consolidando o


entendimento de que esta modalidade de oferta também estava em desacordo com o ordenamento
jurídico vigente, conforme demonstram as decisões ora apresentadas:

“EMENTA:

Administrativo. Constitucional. Processual Civil. Legitimidade do CEFET/AL. Cursos tecnológicos de


formação profissional. Ensino superior público. Convênio celebrado entre o CEFET/AL e a FAPEC.
Impossibilidade de cobrança de taxas e mensalidades. Devolução simples dos valores pagos
indevidamente. Ausência de configuração de danos morais. Precedente. Apelações improvidas.

ACÓRDÃO

Vistos etc. Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade,
negar provimento às apelações, nos termos do voto do Relator, na forma do relatório e notas
taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.” (TRF da
5ª Região, AC nº 364957/AL – 2004.80.00.008342-1, Rel. Des. Federal Lázaro Guimarães, 4ª Turma,
v.u., e-DJ nº 34, 16.2.2006, pág. 654 - grifamos).

“EMENTA

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. ENSINO SUPERIOR. CONVÊNIO FIRMADO ENTRE A CEFET (AUTARQUIA
FEDERAL VINCULADA AO MEC) E A FAPEC (PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
SEM FINS LUCRATIVOS). MATRÍCULA E MENSALIDADES. COBRANÇA PELA FAPEC.
INDEVIDA. INOBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA GRATUIDADE DO ENSINO PÚBLICO, EM
ESTABELECIMENTO OFICIAL. RESSARCIMENTO DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE
A TÍTULO DE DANOS MATERIAIS. POSSIBILIDADE. DANOS MORAIS. NÃO CONDENAÇÃO
NA DECISÃO SINGULAR. CONDENAÇÃO EM TAIS DANOS NESTA INSTÂNCIA.
IMPOSSIBILIDADE EM FACE DA AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. EXCLUSÃO
DE TAL CONDENAÇÃO. DEVIDA.” (TRF da 5ª Região, AC nº 384724/AL-2005.80.00.006669-5,
Rel. Des. Federal Petrucio Ferreira, 2ª Turma, v.u., e-DJ nº 107, 5.6.2007, pág. 446 - grifamos).

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Esta discussão chegou aos tribunais superiores, depois do entendimento acerca da ilegalidade da
cobrança pelo ensino público nos estabelecimentos oficiais ter restado pacificado nos tribunais
regionais federais, tendo sido objeto de manifestação expressa pelo Superior Tribunal de Justiça,
conforme a seguinte decisão:

“DECISÃO

Trata-se de agravo contra decisão que inadmitiu recurso especial, interposto com fulcro no art. 105,
inciso III, alínea "a", da CF/88, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região assim
ementado:

"ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO SUPERIOR. UNIVERSIDADE


PÚBLICA. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU. COBRANÇA DE MENSALIDADE.
DESCABIMENTO.

1. A cobrança de mensalidades relativas a curso de pós-graduação lato sensu, ministrado por


universidade pública é repelida pelo Ordenamento Jurídico, pois o princípio da gratuidade de ensino
nos estabelecimentos oficiais, encartado na Carta da República, art. 206, IV, não discrimina níveis,
razão por que é passível a sua aplicação a todas as modalidades de cursos, inclusive os de pós-
graduação lato sensu, compreendidos no conceito de educação superior (Lei 9.394/96, art. 44, III).

2. Por outro fundamento, revela-se indevida, também, a aludida cobrança, dado que fora ela instituída
por meio de Resolução, norma terciária, sendo certo que o princípio da autonomia universitária não
exime a Administração da observância do preceito maior a que está vinculada, qual seja, o da
legalidade. Portanto, tal norma interna corporis invadiu o campo reservado à norma jurídica de
atribuição constitucional exclusiva do legislador ordinário.

3. Apelação do estudante provida, para desconstituir a sentença de primeiro grau e, de conseqüência,


conceder a segurança, a fim de assegurar ao aluno a freqüência ao curso de pós-graduação em
Criminologia, independentemente do pagamento de mensalidades" (fl. 166).

A recorrente alega ofensa aos arts. 535, II, do CPC, 4°, I e II, e 5° da Lei n. 9.394/1996. Aduz ser
legítima a cobrança de mensalidades de curso de pós-graduação.

É o relatório. Decido.

Não merece prosperar o inconformismo.

A afirmada afronta ao art. 535 do Código de Processo Civil não merece prosperar, uma vez que os
embargos declaratórios foram rejeitados pela inexistência de omissão, contradição ou obscuridade,
tendo o Tribunal a quo dirimido todas as questões deduzidas pela recorrente, embora de forma diversa
da pretendida.

No mais, bem anotado pela decisão que inadmitiu o processamento do apelo nobre, a Corte de origem
dirimiu a controvérsia que lhe foi submetida adotando fundamento de índole eminentemente
constitucional, em torno dos arts. 37, caput, 206 e 208, da Constituição Federal de 1.988. Assim,
mostra-se inviável a revisão do aresto recorrido pela via do recurso especial. Nesse sentido:

"ADMINISTRATIVO – ENSINO SUPERIOR – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – COBRANÇA DE TAXAS


DE MATRÍCULA E MENSALIDADES NOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU",

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ESPECIALIZAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DA UFPEL – LEGITIMIDADE ATIVA DO MPF –


DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS – COMPETÊNCIA DO STF.

[...]

4. Quanto à alegação de legitimidade da cobrança de taxas de matrículas e mensalidades nos cursos de


pós-graduação "lato sensu", especialização e atualização, o recurso não merece conhecimento,
porquanto a questão se resolveu, no Tribunal de origem, mediante a interpretação e aplicação ao art.
206, inciso IV, da Constituição Federal, em razão de sua natureza eminentemente constitucional.

Agravo regimental improvido" (AgRg no REsp 967.910/RS, Ministro Humberto Martins, DJe de
7.4.2009).

Diante disso, nego provimento ao agravo.” (AG nº 1.425.042-GO – 2011/0178709-0, Rel. Ministro
Cesar Asfor Rocha, DJE-STJ, edição nº 917, 21.10.2011, pág. 1488).

Finalmente, atento às reiteradas manifestações de todos os tribunais pátrios, o Supremo Tribunal


Federal editou a Súmula Vinculante nº12, consolidando o entendimento acerca da
inconstitucionalidade da cobrança pelo ensino público nos estabelecimentos oficiais:

“Súmula Vinculante 12 - A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto
no art. 206, IV, da Constituição Federal.” (DJE, 22.8.2008 – grifamos).

“1. O acórdão recorrido decidiu pela inconstitucionalidade da cobrança de taxa de matrícula nas
universidades públicas.

2. Daí o recurso extraordinário interposto pela universidade.

3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 13.8.2008, ao julgar o RE 500.171/GO, rel. Min.


Ricardo Lewandowski, com repercussão geral reconhecida no RE 567.801/MG, rel. Min. Menezes
Direito, DJE de 23.5.2008, nos termos da Lei 11.418/2006, concluiu ser inconstitucional a cobrança de
taxa de matrícula nas universidades públicas por violar o disposto no art. 206, IV, da Constituição
Federal. Em razão da declaração de inconstitucionalidade proferida naquele feito, o Plenário, por
unanimidade, na mesma data, editou a Súmula Vinculante nº 12, nos termos seguintes: “A cobrança
de taxa de matrícula nas Universidades Públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição
Federal” (DJE de 22.8.2008).

4. Assim, o acórdão ora impugnado está em consonância com a orientação firmada pelo Plenário desta
Corte sobre a matéria em referência, razão pela qual nego seguimento ao recurso extraordinário com
fundamento no art. 557, caput, do Código de Processo Civil.” (STF, RE nº 542.625-4, Rel. Ministra
Ellen Gracie, DJe nº 170/2008, 10.9.2008, pág. 222 - grifamos).

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DOS PEDIDOS

Pede-se que o MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL entre


com as medidas legais, que se façam necessárias, obrigando
a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE a se eximir
de fazer cobranças ilegais de taxas de matrícula nos curso
de línguas estrangeiras. Ou que pelos menos, se dê a
gratuidade e/ou isenção aos alunos carentes e aos demais
beneficiários de programas sociais, o que não ocorre agora.
Pede ainda a citação da UECE para se manifestar,
explicando as denúncias efetuadas.
Sem mais, com protestos de estima e consideração,
subscreve abaixo.

Fortaleza, 11 de janeiro de 2018.

EXPEDITO GUANABARA JÚNIOR

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