Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Engenharia Civil
Armando Gonçalves
2005
Conteúdo
1 Cálculo diferencial em Rn 1
1.1 Produto interno, norma e métrica em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Algumas noções topológicas em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Funções reais definidas em Rn . Limites e continuidade. Algumas propriedades
das funções contı́nuas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Derivação parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Mudança na ordem de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.6 Significado geométrico das derivadas parciais de primeira ordem . . . . . . . . . . 10
1.7 Funções diferenciáveis e diferencial de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.8 Regras de derivação das funções compostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.9 Generalização de alguns resultados anteriores a funções definidas em Rn e com
valores em Rm . Derivada direccional; gradiente e matriz jacobiana. Divergência
e rotacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.10 Derivadas direccionais de ordem superior à primeira, para funções reais definidas
em Rn . Fórmula de Taylor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.11 Funções implı́citas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.12 Planos tangentes e rectas normais a superfı́cies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.13 Optimização de funções reais de n variáveis reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.13.1 Extremos livres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.13.2 Extremos condicionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.14 Funções homogéneas. Teorema de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
i
2.6 Equação linear, completa, com coeficientes constantes e de ordem n. Método do
polinómio anulador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.7 Equação linear, completa e de ordem n. Método de D’Alembert ou de abaixam-
ento de ordem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
ii
1 Cálculo diferencial em Rn
A base canónica de Rn é constituı́da pelos vectores (1,0,. . . ,0), (0,1,0,. . . ,0),. . . ,(0,. . . ,0,1).
Munido do produto interno < ·, · > definido por
n
X
< (x1 , . . . , xn ), (y1 , . . . , yn ) > := xi yi ,
i=1
n
R é designado por espaço euclidiano de dimensão n.
Sendo (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn , (y1 , . . . , yn ) ∈ Rn e λ ∈ R, no espaço (normado) Rn consideraremos
a norma || · ||, definda por
q
||(x1 , . . . , xn )|| := x21 + . . . + x2n .
||(x1 , . . . , xn )|| ≥ 0,
||(x1 , . . . , xn )|| = 0 =⇒ x = 0.
Além disso,
p
||(x1 , . . . , xn )|| = < (x1 , . . . , xn ), (x1 , . . . , xn ) > .
1
Observação 1.2 É fácil provar que
d((x1 , . . . , xn ), (y1 , . . . , yn )) ≥ 0
B̄(x, α) := {y ∈ Rn : d(x, y) ≤ α}
Definição 1.8 Um subconjunto de Rn é limitado se existir alguma bola aberta que o contenha.
2
Definição 1.12 x é ponto fronteiro de S se não for nem ponto interior nem exterior de S.
Observação 1.13 x é ponto fronteiro de S se e só se qualquer bola aberta centrada em x tiver
intersecção não vazia com S e com Rn \ S.
Definição 1.22 x é ponto de acumulação de S se, para toda a bola aberta B(x, α), se verificar
(B(x, α) \ {x}) ∩ S 6= ∅.
3
1.3 Funções reais definidas em Rn . Limites e continuidade. Algumas pro-
priedades das funções contı́nuas.
sin x
Relativamente à função f (x, y) = , insere-se, em seguida, uma parte do gráfico de e
y
algumas curvas de nı́vel.
-1
-2
0
1
2
3
4
1
0.5
1 2 3 4 5 6
-0.5
-1
Notaremos
l := lim f (x).
x→a
se e só se
∀δ > 0 ∃² > 0 : (0 < ||x − a|| < ² ∧ x ∈ D) =⇒ |f (x) − l | < δ.
lim f (a + tv).
t→0+
Teorema 1.32 Se
lim f (x) = k
x→a
então
lim f (a + tv) = k,
t→0+
5
Observação 1.33 Para que exista
lim f (x)
x→a
é necessário que todos os limites direccionais de f (x) no ponto a existam e tomem o mesmo
valor.
x2 − y 2
Exemplo 1.34 Determine o valor dos limites direccionais, na origem, de f (x, y) = .
x2 + y 2
Conclua que não existe
lim f (x, y)
(x,y)→(0,0)
Observação 1.35 Podem existir todos os limites direcionais de f (x) em a e serem todos iguais,
sem no entanto existir
lim f (x).
x→a
Antes de apresentarmos um exemplo que ilustre a observação anterior, vamos definir os limites
trajectoriais.
lim f (x)
x→a
x∈C
se
∀δ > 0∃² > 0 : (0 < ||x − a|| < δ ∧ x ∈ C) =⇒ |f (x) − L| < ².
lim f (x) = L
x→a
lim f (x) = L.
x→a
x∈C
6
xy 3
Observação 1.38 Seja f (x, y) = .
x2 + y 6
Calcule os limites direccionais, na origem.
Existirá
lim f (x, y) ?
(x,y)→(0,0)
O teorema seguinte tem uma demonstração de tipo semelhante ao correspondente resultado para
funções de uma só variável real.
1.
lim (f (x) + g(x)) = lim f (x) + lim g(x);
x→a x→a x→a
2. Sendo α ∈ R, então
lim (αf (x)) = α lim f (x);
x→a x→a
3.
lim (f (x)g(x)) = lim f (x) lim g(x);
x→a x→a x→a
O teorema seguinte tem uma demonstração semelhante ao correspondente resultado para funções
de uma só variável real.
7
Teorema 1.42
3. Se f é contı́nua em a e f (x) 6= 0, então existe uma bola aberta B(a, α) na qual f (x)
mantem o mesmo sinal que toma em a.
Definição 1.43 Dá-se o nome de derivada parcial de f (x, y), em ordem a x, no ponto (a, b), e
∂f
nota-se fx (a, b) ou (a, b), à expressão fx (a, b) := φ0 (a).
∂x
∂f
A derivada parcial de f (x, y) em ordem a y, no ponto (a, b), que se notará fy (a, b) ou (a, b),
∂y
f (a, b + h) − f (a, b)
define-se por fy (a, b) := lim .
h→0 h
Exemplo 1.44 Sendo f (x, y) = y 3 + y 2 + xy 2 + x2 + 1, então fx (0, 1) = 1 e fy (0, 1) = 5.
8
Definição 1.46
∂2f
1. A derivada parcial de segunda ordem e relativa a x, notada por fx2 ou , é definida por
∂x2
fx2 := (fx )x .
2. De modo análogo a derivada parcial de segunda ordem e relativa a y, notada por fy2 ou
∂2f
, é definida por
∂y 2
fy2 := (fy )y .
fyx := (fy )x .
fxy := (fx )y .
A partir das derivadas de segunda ordem podem-se definir as de terceira ordem e assim suces-
sivamente.
Problema 1.47 Sendo k ≥ 1, qual o número de derivadas de ordem k que poderão ser definidas
(embora algumas possam ter o mesmo valor)?
Exemplo 1.48 Sendo f (x, y) = y 3 +x3 +2x2 y +x+1, então fx2 (x, y) = 6x+4y, fy2 (x, y) = 6y
e fxy (x, y) = fyx (x, y) = 4x.
Teorema 1.49 Sejam f uma função real definida em D ⊆ R∈ e (a, b) um ponto interior de D.
Se fx , fy , fxy e fyx existem em alguma bola aberta B((a, b), δ) e se fxy e fyx são contı́nuas
em (a, b), então
fxy (a, b) = fyx (a, b).
9
As hipóteses do Teorema de Schwarz podem ser enfraquecidas e, como pode ser consultado no
livro de Dias Agudo, podemos enunciar o seguinte resultado:
Teorema 1.50 Sejam f uma função real definida em D ⊆ R2 e (a, b) um ponto interior de D.
Se fx , fy e fxy existem em alguma bola aberta B((a, b), δ) e se fxy é contı́nua em (a, b),
então fyx também está definida em (a, b) e fyx (a, b) = fxy (a, b).
Definição 1.51 Seja (a, b) um ponto interior do domı́nio D da função real de duas variáveis
reais f .
f é diferenciável em (a, b) se existir alguma bola aberta B((a, b), δ) tal que, para quaisquer
reais h e k satisfazendo (a + h, b + k) ∈ B((a, b), δ), se verifica
f (a + h, b + k) − f (a, b) = αh + βk + ²ρ,
√
com α e β reais fixos, ρ := h2 + k 2 e ² uma função de h e k tal que lim ² = 0.
ρ→0
10
11
Mantendo as notações da definição anterior, temos
Teorema 1.52 Se f é diferenciável em (a, b), então é contı́nua e admite derivadas parciais de
primeira ordem nesse ponto.
Além disso, α = fx (a, b) e β = fy (a, b).
lim f (a + h, b + k) − f (a, b) = 0.
ρ→0
Logo,
∀µ > 0 ∃ θ > 0 : 0 < ρ = ||(a + h, b + k) − (a, b)|| < θ =⇒ |f (a + h, b + k) − f (a, b)| < µ.
Então
∀µ > 0 ∃ θ > 0 : 0 < ||(x, y) − (a, b)|| < θ =⇒ |f (x, y) − f (a, b)| < µ.
|h|
já que lim ²(h, 0) = 0 e é limitada.
h→0 h
Logo fx (a, b) existe e α = fx (a, b).
De modo análogo se prova que β = fy (a, b).
Observação 1.54 O recı́proco do teorema 1.52 não é verdadeiro, como se pode ver no exemplo
que se segue.
12
p
Exemplo 1.55 Seja f (x, y) = |xy|.
É evidente que f é contı́nua em R2 .
Além disso, fx (0, 0) = fy (0, 0) = 0.
Se f fosse diferenciável em (0, 0) terı́amos, por um lado
p
|hk| = f (h, k) − f (0, 0) = 0h + 0k + ²ρ
donde p
|hk|
lim = lim ² = 0.
ρ→0 ρ ρ→0
Chegamos assim a conclusões contraditórias, pelo que f não é diferenciável em (0, 0).
Observações 1.57
Se f admitir derivadas parciais de primeira ordem numa bola aberta B ((a, b), δ) contida
em D e se pelo menos uma dessas derivadas parciais for contı́nuas em (a, b), então f é
diferenciável em (a, b).”
2. Verificámos que se f admite derivadas parciais em (a, b) tal não garante a diferenciabili-
dade de f em (a, b).
13
3. Se f é diferenciável em (a, b), então (a, b) é um ponto do domı́nio tanto de fx como de
fy .
1.
2x sin 1 − cos 1 , x 6= 0
fx (x, y) = x x
0, x=0
e
fy (x, y) = 0;
Definição 1.59 Seja f uma função real de duas variáveis reais diferenciável em (a, b).
Chama-se diferencial de f , no ponto (a, b), relativamente ao vector ~v := (h, k), e nota-se
(df )~v (a, b), à expressão
(df )~v (a, b) := hfx (a, b) + kfy (a, b).
14
Observação 1.61 Para valores ”suficientemente pequenos”de dx e dy, df (a, b) é uma boa aprox-
imação de ∆f (a, b).
Logo, df (a, b) + f (a, b) é uma boa aproximação de f (a + dx, b + dy), já que f (a + dx, a + dy) =
∆f (a, b) + f (a, b).
Teorema 1.62 Sejam z := f (x, y), x := φ(t) e y := ψ(t), com f uma função real de duas
variáveis reais, φ e ψ funções reais de uma variável real.
Supondo que φ e ψ são diferenciáveis em t0 e f é diferenciável em (a, b), com a := φ(t0 )
e b := ψ(t0 ), então, sendo u(t) := f (φ(t), ψ(t)), temos
du ∂f dx ∂f dy
(t0 ) = (a, b) (t0 ) + (a, b) (t0 ).
dt ∂x dt ∂y dt
u(t0 + h) − u(t0 )
lim .
h→0 h
= h(fx (a, b)φ0 (t0 ) + fy (a, b)ψ 0 (t0 )) + ²1h hfx (a, b) + ²2h hfy (a, b) + ²ρ.
Logo,
u(t0 + h) − u(t0 ) ρ
lim = fx (a, b)φ0 (t0 ) + fy (a, b)ψ 0 (t0 ) + lim ²
h→0 h h→0 h
p
0 0 (∆φ)2 + (∆ψ)2
= fx (a, b)φ (t0 ) + fy (a, b)ψ (t0 ) + lim ²
h→0 h
p
h (φ (t0 ) + ²1h )2 + h2 (ψ 0 (t0 ) + ²2h )2
2 0
= fx (a, b)φ0 (t0 ) + fy (a, b)ψ 0 (t0 ) + lim ²
h→0 h
|h| p
= fx (a, b)φ0 (t0 ) + fy (a, b)ψ 0 (t0 ) + lim ² (φ0 (t0 ) + ²1h )2 + (ψ 0 (t0 ) + ²2h )2
h→0 h
15
Provamos, assim, que
du ∂f dx ∂f dy
(t0 ) = (a, b) (t0 ) + (a, b) (t0 ).
dt ∂x dt ∂y dt
t
Exemplo 1.64 Sejam z = x2 y , x = sin t e y = e 2 .
t t
Seja ainda u(t) = sin2 t e 2 = z(sin t, e 2 ).
Então,
t
du ∂z dx ∂z dy 1 t t e2
= + = 2xy cos t + x2 e 2 = 2 sin t cos t y e 2 + sin2 t .
dt ∂x dt ∂y dt 2 2
Teorema 1.65 Sejam z := f (x, y), x := φ(s, t) e y := ψ(s, t), com f , φ e ψ funções reais de
duas variáveis reais.
Supondo que φ e ψ são diferenciáveis em (s0 , t0 ) e f é diferenciável em (a, b), com a :=
φ(s0 , t0 ) e b := ψ(s0 , t0 ), então, sendo u(s, t) := f (φ(s, t), ψ(s, t)), temos
∂u ∂f ∂x ∂f ∂y
(s0 , t0 ) = (a, b) (s0 , t0 ) + (a, b) (s0 , t0 )
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
∂u (s0 , t0 ) =
∂f
(a, b)
∂x
(s0 , t0 ) +
∂f ∂y
(a, b) (s0 , t0 ).
∂t ∂x ∂t ∂y ∂t
16
1.9 Generalização de alguns resultados anteriores a funções definidas em Rn
e com valores em Rm . Derivada direccional; gradiente e matriz jacobiana.
Divergência e rotacional.
lim f (x) = b se ∀δ > 0 ∃² > 0 : 0 < ||x − a|| < ² =⇒ ||f (x) − b|| < δ
x→a
f (a + h~v ) − f (a)
f~v (a) := lim .
h→0 h
Observações 1.70
∂f
fe~k (a) = (a), k = 1, · · · , n.
∂xk
∂f ∂f
f~v (a) = (a) v1 + · · · + (a) vn .
∂x1 ∂xn
Demonstração.
f (a + h~v ) − f (a)
f~v (a) = lim
h→0 h
f (a1 + hv1 , · · · , an + hvn ) − f (a)
= lim
h→0 h
∂f ∂f
hv1 ∂x1 (a) + · · · + hvn ∂x n
(a) + ²(ρ)ρ
= lim
h→0 h
17
Como
²(ρ)ρ |h| √
lim = lim ²(ρ) v2 + · · · + vn = 0
ρ→0 h ρ→0 h
então,
∂f ∂f
f~v (a) = (a) v1 + · · · + (a) vn .
∂x1 ∂xn
Teorema 1.74 Sejam f uma função real com domı́nio D ⊆ Rn e a um ponto interior de D.
Supondo que f é diferenciável em a, então o valor máximo da derivada direccional de f , em
a, segundo um vector unitário v̂ é || (∇ f ) (a)||.
(∇ f ) (a)
Esse valor é atingido quando v̂ = vers (∇ f ) (a) := .
|| (∇ f ) (a)||
Demonstração. A prova deste resultado, decorre de modo evidente, a partir do teorema 1.71 e
das igualdades
18
Supondo que f1 , · · · , fm são diferenciáveis em a, então, pelo teorema 1.71, a i-ésima com-
ponente de f~v (a) é (fi )~v (a) e, com v̂ := (v1 , · · · , vn ), temos
· ¸ v 1
∂fi ∂fi
.
(fi )~v (a) = (a) · · · (a) .. .
∂x1 ∂xn
vn
Assim,
∂f
∂f1
1
(f1 )~v (a) (a) · · · (a) v
∂x1 ∂xn 1
.
.. .. .. .. ..
f~v (a) = . = . . . .
∂fm ∂fm
(fn )~v (a) (a) · · · (a) vn
∂x1 ∂xn
∂f ∂f1
1
(a) · · · (a)
∂x1 ∂xn
.. .. ..
Definição 1.75 À matriz Jf (a) := . . . chamaremos matriz jacobiana
∂f ∂fm
m
(a) · · · (a)
∂x1 ∂xn
de f , em a.
Definição 1.76 Se m = n,
∂f1 ∂fn
Observação 1.77 É evidente que div f = (a) + · · · + (a).
∂x1 ∂xn
19
Vamos agora ver como generalizar os teoremas 1.62 e 1.65, a funções vectoriais.
Então,
∂µ ∂µ1 ∂g ∂g1 ∂f ∂f1
1 1 1
··· ··· ···
∂x1 ∂xn ∂z1 ∂zm ∂x1 ∂xn
. .. .. . .. .. . .. ..
.. . . = . .. ,
. . . . .
∂µ ∂µp ∂g ∂gp ∂f ∂fm
p p m
··· ··· ···
∂x1 ∂xn (a) ∂z1 ∂zm (b) ∂x1 ∂xn (a)
Seja f uma função real de domı́nio D ⊆ Rn , com D aberto e f tendo as derivadas parciais de
primeira ordem, contı́nuas em D.
Logo, com a ∈ D e v = (v1 , · · · , vn ), concluı́mos, pelo teorema 1.71, que
∂f ∂f
f~v (a) = (a) v1 + · · · + (a) vn .
∂x1 ∂xn
Observação 1.81 A partir da definição 1.59, temos que (df )~v (a) = f~v (a), para qualquer vector
~v .
Exercı́cio 1.82 Justifique que podemos, no presente caso, definir, para qualquer vector ~v , a
função real f~v , de domı́nio D, que a cada x de D, associa f~v (x).
20
Teorema 1.83 Seja f uma função real de domı́nio D ⊆ Rn .
Se f admite derivadas de segunda ordem contı́nuas, em D, então f~v admite derivadas de
primeira ordem contı́nuas, em D.
Além disso, para i = 1, · · · , n,
(2)
f~v (a) := (f~v )~v (a)
∂f~v ∂f
= (a)v1 + · · · + ~v (a)vn
∂x ∂xn
µ 12 ¶
∂ f ∂2f
= (a)v 1 + · · · + (a)v n v1 + · · ·
∂x21 ∂x1 ∂xn
µ ¶
∂2f ∂2f
+ (a)v1 + · · · + 2 (a)vn vn
∂xn ∂x1 ∂xn
n n
X X ∂2f
= (a)vi vj .
∂xj ∂xi
j=1 i=1
convencionando que
µ ¶(2)
∂f ∂2f ∂f ∂f ∂2f
:= e ¯ := .
∂xi ∂x2i ∂xi ∂xi ∂xi ∂xj
Exemplo 1.84 Se n = 2,
µ ¶(2)
(2) ∂f ∂f ∂2f ∂2f ∂2f
f~v (a) = (a)v1 + (a)v2 = + 2 + .
∂x1 ∂x2 ∂x21 ∂x1 ∂x2 ∂x22
Observação 1.85 As derivadas direccionais podem também ser notadas do seguinte modo
(2) (3)
f~v (a) = D~v f (a), f~v (a) = D~v 2 f (a), f~v (a) = D~v 3 f (a), · · · .
21
Podemos, agora, enunciar o teorema de Taylor para funções reais, definidas em Rn .
Teorema 1.86 Seja f uma função real, com domı́nio D ⊆ Rn , admitindo derivadas parciais
contı́nuas até à ordem m + 1, numa bola aberta B(a, δ), com a + ~v ∈ B(a, δ).
Então,
1 1 1
f (a + ~v ) = f (a) + D~v f (a) + D~v 2 f (a) + · · · + D~v m f (a) + D~v (m+1) f (a + θ~v ),
2! m! (m + 1)!
Para definir uma função real f de domı́nio D ⊆ Rn , usamos, muitas vezes, uma expressão
analı́tica com o fim de determinar o valor de f em cada ponto x ∈ D.
Exemplo 1.87 z = x2 + y 2 define uma função real f de domı́nio R2 , dada por z := f (x, y) =
x2 + y 2 , sendo (x, y) a variável independente e z a variável dependente.
A função está definida explicitamente (ou z é função explı́cita de x e y).
Outras vezes a função é definida por uma equação da forma φ(x, z) = 0, com z ∈ R e x ∈ Rn ,
não resolvida em ordem à variável dependendente z, mas permitindo associar a cada x ∈ D
um valor z satisfazendo φ(x, z) = 0.
z está definida implicitamente ou é uma função implı́cita de x.
Exemplo 1.88 x cos (xy) = 0 define, implicitamente, uma função y(x), numa vizinhança de
(1, π2 ).
Exemplo 1.89
y1 2 − y2 = 3x1 + x2
y − 2y 2 = x − 2x ,
1 2 1 2
22
define z := (y1 , y2 ) como função implı́cita de x1 e x2 , numa vizinhança de cada ponto que seja
solução do sistema e tal que y1 y2 6= 18 .
z = (y1 , y2 ) é uma função de duas variáveis reais e com valores em R2 , definida por
z(x1 , x2 ) = (y1 (x1 , x2 ), y2 (x1 , x2 ).
23
Exemplos 1.92 1. Considere-se a equação x cos (xy) = 0.
• A função φ dada por φ(x, y) := x cos (xy) está definida e admite derivadas parciais
contı́nuas em R2 ;
∂φ π
• (1, ) = −1 6= 0.
∂y 2
Então existem uma vizinhança V(1) e uma função real ψ definida, em V(1), por ψ(x) :=
y(x), tais que
• ψ(1) = π2 ;
Como ¯ ∂φ ¯
¯ 1 ∂φ1 ¯
¯ ¯ ¯ ¯
¯ ∂y1 ∂y2 ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ 2y1 −1 ¯
¯ ¯=¯ ¯ = −8y1 y2 + 1,
¯ ¯ ¯ ¯
¯ ∂φ ∂φ2 ¯¯ ¯ 1 −4y2 ¯
¯ 2
¯ ¯
∂y1 ∂y2
então ¯ ∂φ ¯
¯ 1 ∂φ1 ¯
¯ ¯
¯ ∂y1 ∂y2 ¯
¯ ¯
¯ ¯ 6= 0.
¯ ¯
¯ ∂φ ¯
∂φ2 ¯
¯ 2
¯ ¯
∂y1 ∂y2 (0,0,0,0)
Podemos aplicar o teorema 1.90 e concluir que existe uma vizinhança V(0, 0) e funções
reais ψ1 e ψ2 definidas, em V(0, 0), por ψ1 (x1 , x2 ) := y1 (x), e ψ2 (x1 , x2 ) := y2 (x), tais
que
24
• ψ1 e ψ2 admitem derivadas parciais contı́nuas em V(0, 0);
Para cada j = 1 · · · , n,
25
Exemplos 1.94
2. Sendo
φ1 (x1 , x2 , y1 , y2 ) = y1 2 − y2 − 3x1 − x2 = 0
φ (x , x , y , y ) = y − 2y 2 − x + 2x = 0
2 1 2 1 2 1 2 1 2
e
y = (y1 , y2 ) = ( ψ1 , ψ2 ),
Observação 1.95 Podemos fazer, por um método semelhante ao que usámos neste parágrafo,
o estudo da derivada da função inversa, aplicando as técnicas da função implı́cita à igualdade
φ(x, y) := f −1 (y) − x = 0.
Tal também poderia ser feito aplicando à igualdade f −1 f (x) = x, a teoria relativa às funções
compostas.
Refira-se que Dias Agudo prova o seguinte resultado sobre a invertibilidade local de uma
função:
Teorema 1.96 Seja f uma função definida num aberto D ⊆ Rn e com valores em Rn .
∂(f1 , · · · , fn )
Se, em D, f tem derivadas parciais contı́nuas e 6= 0 , então f é localmente
∂(x1 , · · · , xn )
invertı́vel, isto é, para cada ponto de D, existe alguma vizinhança onde f é biunı́voca.
26
1.12 Planos tangentes e rectas normais a superfı́cies
• Como, para qualquer t ∈ [a, b], (f (t), g(t), h(t)) ∈ C ⊆ S, então F (f (t), g(t), h(t)) = 0.
• Pelo teorema da função composta, para t ∈ [a, b], Fx (x, y, z)f 0 (t) + Fy (x, y, z)g 0 (t) +
Fz (x, y, z)h0 (t) = 0.
• Desse modo, Fx (x0 , y0 , z0 )f 0 (t0 ) + Fy (x0 , y0 , z0 )g 0 (t0 ) + Fz (x0 , y0 , z0 )h0 (t0 ) = 0, ou seja,
f 0 (t0 )
< (∇F )(x0 , y0 , z0 ), r0 (t0 ) >= 0, com r0 (t0 ) = g 0 (t0 ) .
0
h (t0 )
• Logo, para qualquer curva C de S, passando por (x0 , y0 , z0 ), (∇F )(x0 , y0 , z0 ) define uma
direcção normal à tangente a C em (x0 , y0 , z0 ).
• O plano que passa por (x0 , y0 , z0 ) e é ortogonal a (∇F )(x0 , y0 , z0 ), designa-se por plano
tangente a S, em (x0 , y0 , z0 ).
27
• a recta normal a S, em (x0 , y0 , z0 ) tem por equações paramétricas
x = x0 + λFx (x0 , y0 , z0 )
y = y0 + λFy (x0 , y0 , z0 ) ,
z = z + λF (x , y , z )
0 z 0 0 0
com λ ∈ R.
∀x ∈ D, f (x) ≤ f (a).
Observação 1.98 De modo análogo se define mı́nimo local ou relativo e mı́nimo absoluto.
Teorema 1.99 Seja f uma função real definida e contı́nua em D ⊆ Rn , com D fechado e
limitado.
Então f tem um máximo e um mı́nimo absolutos, em D.
Demonstração.
Sendo a := (a1 , · · · , an ), defina-se, para i = 1, · · · , n, gi da seguinte forma
28
Logo, gi0 (ai ) = 0.
∂f
Como (a) = gi0 (ai ), temos, considerando ~h := (h1 , · · · , hn ),
∂xi
∂f ∂f
f~h (a) = (a)h1 + · · · + (a)hn = 0.
∂x1 ∂xn
Observação 1.103 Pelo corolário 1.101, podemos afirmar que, para determinar os extremos
relativos (em pontos interiores de D) de f , basta estudar o comportamento de f nos pontos
estacionários.
No entanto, a estacionaridade num determinado ponto, pode não ser suficiente para
que exista extremo local nesse ponto. Os pontos estacionários nos quais não seja atingido um
extremo, designam-se por pontos sela.
O próximo resultado fornece condições suficientes para a existência (ou não) de extremos
em pontos estacionários. No entanto, ainda vai deixar algumas situações em aberto (casos
duvidosos). A demonstração baseia-se na fórmula de Taylor (teorema 1.86)
Teorema 1.104 Sejam f uma função real de domı́nio D ⊆ Rn e a ∈ int D, com a um ponto
estacionário de f .
Se f possui derivadas parciais contı́nuas até à ordem m, numa bola B(a, δ) ⊆ D e m é o
menor inteiro positivo tal que alguma derivada parcial dessa ordem se não anula em a, podemos
concluir que
(m)
1. se m é par e se, para qualquer vector unitário ĥ, f (a) > 0, então f (a) é um mı́nimo
ĥ
local de f ;
29
(m)
2. se m é par e se, para qualquer vector unitário ĥ, f (a) < 0, então f (a) é um máximo
ĥ
local de f ;
3. (a) se m é ı́mpar ou
(m) (m)
(b) se m é par e existem vectores unitários ĥ1 e ĥ1 tais que f ˆ (a) > 0 e f ˆ (a) < 0,
h1 h2
ou
(c) se m é par e
(m)
i. para qualquer vector unitário ĥ, f (a) ≥0 e
ĥ
(m)
ii. existe ĥ1 tal que f ˆ (a) = 0 e
h1
(p)
iii. sendo p (obviamente p > m) o menor inteiro para o qual f ˆ (a) 6= 0, ou p é
h1
(p)
ı́mpar ou p é par mas f ˆ (a) < 0,
h1
4. (caso duvidoso)
(a) se m é par e
(m)
(b) para qualquer vector unitário ĥ, f (a) ≥0 e
ĥ
(p)
(c) sendo p (par) o menor inteiro positivo tal que f ˆ (a) 6= 0,
h1
³ ´ ³ ´
(m) (p)
f ˆ (a) = 0 =⇒ f ˆ (a) > 0 ,
h1 h1
(m) (m)
Observação 1.105 Se nas condições 3 c.i) e 4 b) substituirmos f (a) ≥ 0 por f (a) ≤ 0,
ĥ ĥ
deveremos, para que as conclusões do teorema ainda permaneçam verdadeiras, substituir, em 3
(p) (p) (p) (p)
c.iii), f ˆ (a) < 0, por f ˆ (a) > 0 e, em 4.c), f ˆ (a) > 0 por f ˆ (a) < 0.
h1 h1 h1 h1
Seguem-se algumas notas úteis para a resolução das dificuldades de aplicação do teorema
1.104.
Estas notas, embora generalizáveis, irão ser feitas para o caso m = 2.
30
∂2f ∂2f
···
∂x21 ∂x1 ∂xn
.. .. ..
Observações 1.106 Sejam ĥ := (h1 , · · · , hn ) e B := . . . .
∂2f ∂2f
···
∂xn ∂x1 ∂x2n (a)
h1
h i
(2)
1. f (a) = h1 · · · hn B ··· = ĥT B ĥ.
ĥ
hn
(2)
2. Se 0 é valor próprio de B, então existe ĥ tal que f (a) = 0.
ĥ
3. Se B tem todos os seus valores próprios positivos, então B é definida positiva e, para
(2)
qualquer ĥ, f (a) > 0.
ĥ
4. Se B tem todos os seus valores próprios negativos, então B é definida negativa e, para
(2)
qualquer ĥ, f (a) < 0.
ĥ
5. Se B tem todos os seus valores próprios não negativos, então B é semidefinida positiva
(2)
e, para qualquer ĥ, f (a) ≥ 0.
ĥ
6. Se B tem todos os seus valores próprios não positivos, então B é semidefinida negativa
(2)
e, para qualquer ĥ, f (a) ≤ 0.
ĥ
7. Se B tem valores próprios negativos e positivos, então B é indefinida e existem ĥ1 e ĥ1
(m) (m)
tais que f ˆ (a) > 0 e f ˆ (a) < 0.
h1 h2
Teorema 1.107 Seja f uma função real de duas variáveis reais, com derivadas parciais de
segunda ordem contı́nuas
¯ numa bola B(a,
¯ δ), e a um ponto crı́tico de f.
¯ ¯
¯ fx2 (a) fxy (a) ¯
¯
Seja ainda ∆ := ¯ ¯ = fx2 (a) fy2 (a) − (fxy (a))2 .
¯
¯ fyx (a) fy2 (a) ¯
31
2. Se ∆ > 0 e fx2 (a) < 0, então f (a) é um máximo local;
Exemplos 1.108
fx (x, y, z) = 2x − y + 2z;
fy (x, y, z) = −x + 2y + z;
fz (x, y, z) = 2x + y + 6z.
32
fy (x, y) = −2(x − y) − 4y 3 .
Em (1, −1) há um máximo local, pois ∆(1, −1) = 96 > 0 e fx2 (1, −1) = −10 < 0.
Em (−1, 1) há um máximo local, pois ∆(−1, 1) = 96 > 0 e fx2 (−1, 1) = −10 < 0.
(2)
f ˆ (0, 0) = (fx (0, 0)h1 + fy (0, 0)h2 )(2) = (h11 − h12 )2 .
h1
√ √
Logo, por exemplo, hˆ1 = ( 2
2
, 2
2 ).
Como
à √ √ !(3)
(3) 2 2
f ˆ (0, 0) = fx (0, 0) + fy (0, 0)
h1 2 2
à √ !3 à √ !2 √ √ à √ !2
2 2 2 2 2
= fx3 (0, 0) + 3fx2 y (0, 0) + 3fxy2 (0, 0) +
2 2 2 2 2
à √ !3
2
fy3 (0, 0)
2
= 0
à √ √ !(4)
(4) 2 2
f ˆ (0, 0) = fx (0, 0) + fy (0, 0)
h1 2 2
= −12 < 0,
temos, pela condição 3 c) do teorema 1.104, que, em (0, 0), não há extremo.
33
3. Estudo da existência de extremos locais da função f dada por f (x, y) = y 2 − 4x2 y + 3x4 .
fy (x, y) = 2y − 4x2 .
(2)
f ˆ (0, 0) = (fx (0, 0)h1 + fy (0, 0)h2 )(2) = 2h212 .
h1
(3)
f ˆ (0, 0) = (fx (0, 0)(±1) + fy (0, 0)0)(3) = 0
h1
e
(4)
f ˆ (0, 0) = (fx (0, 0)(±1) + fy (0, 0)0)(4) = 72 > 0.
h1
Reparando que
• f (0, 0) = 0,
34
• (y < x2 ∨ y > 3x2 ) =⇒ f (x, y) > 0,
h(x1 , · · · , xn−m ) := f (x1 , · · · , xn−m , φn−m+1 (x1 , · · · , xn−m ), · · · , φn (x1 , · · · , xn−m )).
Exemplo 1.109 Determinar três números reais positivos, de soma 10, e tais que o seu produto
seja máximo.
Este problema pode ter a seguinte formulação :
( 10 10
3 , 3 , 10 −
10
3 − 10
3 ).
35
2o caso: As restrições definem m das variáveis, implicitamente, como funções das outras n−m
¯
variáveis.
Observações 1.110
1. Sendo (x¯1 , · · · , x¯n ) um ponto de D, satisfazendo (A), eno qual f tem um extremo condi-
cionado, então existem escalares λ¯1 , · · · , λ¯m tais que (x¯1 , · · · , x¯n , λ¯1 , · · · , λ¯m ), é solução
de
∂f ∂g1 ∂gm
+ λ1 + · · · + λm = 0
∂x1 ∂x1 ∂x1
..
.
∂f ∂g1 ∂gm
+ λ1 + · · · + λm = 0
∂xn ∂xn ∂xn
(B)
g1 (x1 , · · · , xn ) = 0
..
.
g (x , · · · , x ) = 0
n 1 n
No entanto, nem toda a solução do sistema da forma (x̄, λ̄) nos permite concluir que x̄ é
extremo condicionado de f.
4. Há condições suficientes (de segunda ordem) para solucionar o problema da observação
anterior. Elas não serão objecto de estudo neste curso.
36
5. Se o subconjunto D1 do domı́nio de f que satisfaz as restrições é fechado e limitado,
então, pelo teorema 1.99, podemos, de entre os pontos (x̄, λ̄) que são soluções do sistema,
determinar o(s) ponto(s) (x¯1 no qual f atinge o seu valor máximo (ou mı́nimo) e afirmar
que, nesse(s) ponto(s), f tem um máximo (ou mı́nimo) absoluto.
Exemplo 1.111 Estudar a existência de extremos absolutos da função real f definida por
f (x, y, z) = xyz e sujeita à condição x2 + y 2 + z 2 = 1.
Neste caso F (x, y, z, λ) = xyz + λ(x2 + y 2 + z 2 − 1).
Determinação dos pontos crı́ticos de F (candidatos a extremos condicionados de f )
Começando por
yz + 2λx = 0
xz + 2λy = 0
xy + 2λz
= 0
2
x + y2 + z2 − 1 = 0
chegamos ao sistema
yz(1 − 3x2 ) = 0
xz(1 − 3y 2 ) = 0
xy(1 − 3z 2 ) = 0
2
x + y2 + z2 = 1.
Então, há 14 pontos crı́ticos de F, que irão ser da forma
à √ √ √ !
3 3 3
(±1, 0, 0), (0, ±1, 0), (0, 0, ±1), ± ,± ,± .
3 3 3
√
3
Aplicando a observação 1.110-5, o máximo absoluto condicionado de f , de valor 9 , é atingido
nos pontos
Ã√ √ √ ! à √ √ √ ! à √ √ √ ! Ã√ √ √ !
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
,− ,− , − , ,− , − ,− , e , , .
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
√
O mı́nimo absoluto condicionado de f , de valor − 93 , é atingido nos pontos
à √ √ √ ! Ã√ √ √ ! Ã√ √ √ ! à √ √ √ !
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
− , , , ,− , , , ,− e − ,− ,− .
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
37
Iremos agora provar a observação 1.110-1, no caso m = 2 e n = 3.
O caso geral (com m < n ) resulta de uma generalização óbvia e imediata.
O nosso problema é:
38
dU
0 = (x̄1 )
dx1
∂h1
∂x1
· ¸
∂f ∂f ∂f
∂h2
=
∂x1 ∂x2 ∂x3 (x̄) ∂x1
∂h
3
∂x1 (x̄1 )
1
· ¸
∂f ∂f ∂f ∂φ2
=
∂x1 ∂x2 ∂x3 (x̄) ∂x1
∂φ3
∂x1 (x̄1 )
39
• As linhas de B são linearmente dependentes.
µ ¶
∂(g1 , g2 )
• Como 6= 0, então a primeira linha é combinação linear das outras duas.
∂(x2 , x3 ) (x̄)
• O sistema
∂f ∂g1 ∂g2
(x̄) + λ (x̄) + µ (x̄) = 0
∂x1 ∂x1 ∂x1
∂f ∂g1 ∂g2
(x̄) + λ (x̄) + µ (x̄) = 0
∂x2 ∂x2 ∂x2
∂f (x̄) + λ ∂g1 (x̄) + µ ∂g2 (x̄) = 0
∂x3 ∂x3 ∂x3
µ ¶
∂(g1 , g2 )
é possı́vel. Tem uma só solução já que 6= 0.
∂(x2 , x3 ) (x̄)
então existem escalares λ̄ e µ̄ tais que (x̄1 , x̄2 , x̄3 , λ̄, µ̄) é solução do sistema
∂f ∂g1 ∂g2
+λ +µ = 0
∂x1 ∂x1 ∂x1
∂f ∂g1 ∂g2
+λ +µ = 0
∂x2 ∂x2 ∂x2
∂f ∂g1 ∂g2
+λ +µ = 0
∂x3 ∂x3 ∂x3
g1 (x1 , x2 , x3 ) = 0
g (x , x , x )
2 1 2 3 = 0.
40
1.14 Funções homogéneas. Teorema de Euler
Definição 1.112 Uma função real f de domı́nio D ⊆ R2 é homogénea de grau α se, para
quaisquer x, y e t tais que (x, y) ∈ D e (tx, ty) ∈ D,
Exemplos 1.113
³y´
1. A função f definida por f (x, y) = x2 + y 2 arcsin é, para x 6= 0, homogénea de grau
x
2.
p
2. A função g definida por g(x, y) = x2 + y 2 é positivamente homogénea de grau 1.
41
2 Equações diferenciais de ordem n
Definição 2.1 Uma equação diferencial ordinŕia é uma equação que contem uma única função
incógnita f, dependente de uma variável x e um número finito de derivadas de f.
Exemplo 2.2 f 0 (x) = x + 1 é, em R, uma equação diferencial ordinária, tendo soluções da
x2
forma f (x) = + x + c, com c uma qualquer constante real.
2
Exemplo 2.6 A função φ definida por φ(x) = e3x − 2, é, em R, uma solução da equação
diferencial y 0 − 3y − 6 = 0.
Definição 2.7 Uma famı́lia de soluções de uma equação diferencial de ordem n, contendo n
constantes arbitrárias essenciais, designa-se por solução geral ou integral geral dessa equação
diferencial.
Escolhendo valores especı́ficos para as constantes, obtêm-se as soluções particulares.
As soluções que não possam ser obtidas como as particulares, designam-se por soluções
singulares.
42
Exemplos 2.8
1 2
1. Prova-se que a equação de Bernoulli y 0 − xy 2 = 0, tem y = ( x4 + c)2 por solução geral.
x4
y= 16 é uma solução particular, resultante de considerar c = 0.
Há, no entanto, situações fáceis como as equações lineares, que estudaremos no próximo
parágrafo, ou os exemplos que se seguem.
3x2
y= 2 + x + c, y = x3 + 2x2 + c1 x + c2 e y = −e−x + c1 x2 + c2 x + c3 são soluções gerais,
respectivamente de y 0 = 3x + 1, y 00 = 6x + 4 e y 000 = e−x .
y(x0 ) = k0 , (2)
y 0 (x0 ) = k1 , (3)
..
.
diz-se que (1) - (4) formam um problema de condições iniciais ou um problema de Cauchy.
x2
Exemplo 2.10 A equação y 0 = x + 1 admite a solução geral y = 2 + x + c.
A mesma equaç ão, com a condição inicial y(0) = 8, tem a solução (particular) y =
x2
2 + x + 8.
43
2.2 Equações diferenciais, ordinárias e lineares
Definição 2.11 Chama-se equação diferencial, ordinária, linear e de ordem n, a uma equação
do tipo
Exemplos 2.12 1. y 00 + y = sin (2x), é uma equação linear, com coeficientes constantes e
ordem 2.
Observações 2.15 1. Há teoremas de existência e unicidade para casos mais gerais (ver,
por exemplo, Kaplan).
44
2. Édouard Goursat demonstra esse teorema na parte 2, do volume II, do seu livro A Course
in Mathematical Analysis.
Um último resultado no qual se relacionam soluções gerais de uma equação não homogénea
(completa) e da correspondente equação homogénea.
e ypc for uma solução particular de (5), então ygh + ypc é solução geral de (5).
Exemplo 2.17 Uma equação linear de 1¯a da forma y 0 + p(x)y = q(x), tem por solução geral
R R
Z R R nR R o
−p(x) dx −p(x) dx
y = c| e {z } + e e p(x) dx q(x) dx = e −p(x) dx e p(x) dx q(x) dx + c .
ygh | {z }
ypc
Seja E o espaço vectorial das funções reais com derivadas até à ordem n, em I.
Seja F o espaço vectorial das funções reais definidas em I.
Se L designar a aplicação linear de domı́nio E e com valores em F, definida por
L(y) = 0. (7)
45
1. N é um espaço vectorial real;
Definição 2.20 Um sistema fundamental de soluções , notado SFS, de (7) é qualquer base de
N.
Definição 2.22 Sejam y1 , · · · , yn funções reais, com derivadas até à ordem n − 1 (inclusivé),
num intervalo I de R.
Chama-se Wronskiano dessas n funções, e nota-se W (x) ou W (y1 , · · · , yn ) , ao determi-
nante ¯ ¯
¯ ¯
¯ y1 ··· yn ¯
¯ ¯
¯ ¯
¯ y1 0 ··· yn 0 ¯
¯ ¯
¯ .. .. .. ¯.
¯ . . . ¯
¯ ¯
¯ ¯
¯ ¯
¯ y1 (n−1) · · · yn (n−1) ¯
46
com a0 , · · · , an e f contı́nuas num intervalo I de R e, para qualquer x ∈ I, a0 (x) 6= 0.
Esta notação para a equação linear, completa e de ordem n, tem algumas vantagens ao nı́vel
do manuseamento. Veja-se o exercı́cio seguinte.
Observação 2.26 O sistema referido no teorema anterior tem solução pois a matriz do sis-
tema tem determinante não nulo ( W (x, y1 , · · · , yn ) 6= 0 já que y1 , · · · , yn formam um sistema
fundamental de soluções de (7)).
47
2. Determinem-se c01 (x), · · · , c0n (x), resolvendo o sistema do teorema 2.25.
4. Inserindo, em (9), as funções obtidas na alı́nea anterior, obtem-se a solução geral de (8),
na forma
y(x) = c1 (x)y1 (x) + · · · + cn (x)yn (x).
Observação 2.28 A razão do nome deste método prende-se com o facto de estarmos, de certa
forma, a ”fazer variar”as constantes consideradas na observação 2.27.
Observação 2.29 A solução geral de (8), obtida pelo Método de Lagrange, pode, muito facil-
mente, ser escrita, cumprindo o estabelecido no teorema 2.16, na forma y(x) = ygh + ypc .
48
Substituindo na solução geral da homogénea, obtemos a solução geral de y 00 − 4y 0 + 3y = ex ,
na forma
µ ¶ µ ¶
1 x 1 −2x
y = − x + α1 e + − e + α2 e3x
2 4
µ ¶
1 1 x
= α1 ex + α2 e3x + − x − e .
| {z } 2 4
ygh | {z }
ypc
Definição 2.32 Uma equação linear, homogénea, com coeficientes constantes e de ordem n é
uma equação diferencial do tipo
Observação 2.33 Se y(x) é solução de (10), então y(x) admite derivada de qualquer ordem.
P (D)y = 0. (12)
√
Observações 2.37 Sejam u e v funções reais admitindo derivadas até à ordem n e i := −1.
Se w(x) := u(x) + iv(x), então,
49
1. para j = 0, · · · , n, w(j) (x) := u(j) (x) + iv (j) (x),
2. sendo w(x) uma solução (complexa) de (12), u(x) e v(x) são soluções (reais) de (12).
Por indução, facilmente se prova o seguinte resultado, que enunciaremos no caso complexo,
sendo o real um caso particular.
Lema 2.39 Sejam r um número complexo e w uma função complexa, n vezes derivável.
Então
(D − r)n (erx w(x)) = erx Dn w(x).
Resumindo,
50
raı́z de P(r) solução de (12)
Definição 2.45 Uma equação linear, completa, com coeficientes constantes e de ordem n é do
tipo
O que foi exposto no parágrafo anterior permite afirmar que a determinação de um SFS de
P (D)y = f (x) é sempre possı́vel.
Portanto, a aplicação do método de Lagrange é uma primeira hipótese para calcular o integral
geral de (13).
51
Observação 2.46 Usando o método de Lagrange, podemos determinar sempre a solução geral
de (13).
No entanto, as integrações decorrentes da aplicação desse método poderão ser bastante difı́ceis.
Essa a razão pela qual vamos expor uma outra abordagem para a determinação do inte-
gral geral de (13), fornecida pelo método do polinómio anulador que, embora não tendo a
dificuldade inerente às integrações, é menos geral que o método de variação das constantes
arbitrárias.
Definição 2.47 Se Q(D) é um operador polinomial satisfazendo Q(D)f (x) = 0, então Q(r)
diz-se um polinómio anulador de f (x).
ygh = c1 y1 + · · · + cn yn .
P (D)ypc1 = f (x).
52
7. Por aplicação do teorema 2.16, concluı́mos que o integral geral de (13) é
y = ygh + ypc .
Observação 2.49 O método do polinómio anulador só é aplicável se for possı́vel calcular o
polinómio anulador do segundo membro de (13).
Portanto só aplicaremos este método se f (x) for uma combinação linear real de funções dos
tipos xj eax cos(bx) e xj eax sin(bx), com j ∈ N ∪ {0}, a e b constantes reais.
P (r) = r2 − 1.
1 1 1
ygc = ( x + α1 )ex + (− e2x + α2 )e−x = β1 ex + α2 e−x + xex .
2 4 2
Pelo que vimos na anterior abordagem concluı́mos que P (D) = D2 −1 e ygh = c1 ex +c2 e−x .
53
2.7 Equação linear, completa e de ordem n. Método de D’Alembert ou de
abaixamento de ordem.
54
2. Usando agora a mudança de variável (t → s) definida por t0 = s, (17) transforma-se na
seguinte equação de ordem n − 2
Observações 2.52 1. É bom não esquecer que, como o intuito é a determinação do integral
geral de (8), no final se deve voltar à variável y.
2. Este método nem sempre permite chegar a equações de ordem 1. Por isso, é muitas vezes
usado em associação com outros resultados.
z 000 − 3z 00 + 2z 0 = 1. (20)
Sabendo que y2 = e2x também é solução da equação homogénea correspondente a (19) e que y1
µ ¶0
y2
e y2 são linearmente independentes, w1 = = ex é uma solução particular, não nula, da
y1
equação homogénea correspondente a (21).
Fazendo, em (21), a substituição w = ex t, obtem-se, após as convenientes simplificações,
s0 − s = e−x , (23)
55
R hR R i
cuja solução geral é, como sabemos, s = e− −1 dx e −1 dx e−x dx + c = − 12 e−x + cex .
Voltando à variável y, temos o integral geral de (18), na forma
1
y = c1 e3x + c2 e2x + c3 ex + xex .
2
56
Bibliografia
1. Principal
(b) Breda, A. M. R. A. e Costa, J. N., Cálculo com funções de várias variáveis, McGraw-
Hill, 1996 (Cota 26-01/BRE)
(c) Kaplan, W., Cálculo avançado, vols. 1 e 2, Editora Edgard Blücher, 1972, (Cotas
26-01/KAP.Lic/V.1/ex.1/trd.pt. e 26-01/KAP.Lic/V.2/ex.1/trd.pt.)
(e) Zill, D. G., A first course in differential equations with applications, PWS-Kent, 1989
(Cota 34-01/ZIL.Fir)
2. Secundária
(b) Apostol, T., Calculus, vol. 2, edição espanhola, Editorial Reverté, 1973, (Cota 26-
01/APO.Cal/V.2/ed.esp.)
(c) Spivak, M., Calculus on manifolds: a modern approach to classical theorems of ad-
vanced calculus, W. A. Benjamin, Inc, 1965, (Cota 58-01/SPI)
(d) Swokowski, E. W., Cálculo com geometria analı́tica, vol. 2, McGraw-Hill, 1983 (Cota
26-01/SWO.Cal/V.2/ex.1/trd.pt)
57