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PROCESSO CIVIL I - P2 - AULAS 12, 13 e 14

Aula 12 - 01.11.2018

O art. 337 traz essas questões preliminares ao mérito (que são as questões
processuais), o § 5º do art. 337 traz um esclarecimento muito importante: em Teoria Geral
do Processo há uma distinção em relação a incompetência relativa e absoluta: a relativa
precisa precisamente ser invocada, alegada pela parte e não reconhecida de ofício pelo
juiz, caso contrário haverá a prorrogação de competência. O mesmo ocorre no caso da
convenção de arbitragem, o § 6º complementa o § 5º.

É importante, porque os casos em que o juiz pode conhecer de ofício, se não o fizer,
isso não impede que a parte alegue, mesmo em um momento posterior uma incompetência
absoluta, pois os pressupostos processuais e as condições da ação podem ser verificados,
devem ser verificados durante todo o curso do processo, inclusive de ofício pelo juiz.
Mesmo que não esteja na contestação, o juiz poderá verificar e deverá verificar, pois é mais
que um poder, é um dever do juiz verificar os pressupostos processuais e as condições da
ação e também as matérias previstas no art. 337, CPC.

Outros pontos importantes sobre legitimidade estão no art. 338 e 339 do CPC/2015.

No art. 338, visa o legislador uma correção em duas hipóteses:

(i) Uma de ilegitimidade mesmo, ex: a parte autora ajuiza em face da União quando
há um hospital federal, que é uma autarquia, então tem personalidade própria, então ele
(hospital) pode e deve ser a parte. É em respeito ao Princípio da Economia Processual dar
a chance ao autor de correção.
(ii) A segunda hipótese: pode até não ser uma questão de ilegitimidade, mas sim de
esclarecimento, como até de responsabilidade em relação ao fato, como diz a segunda
parte do art. 338. Ex: a pessoa descobriu que houve uma colisão com seu carro que foi
provocada por um outro veículo na garagem e a câmera filmou o carro sem identificar a
placa, e havia dois carros da mesma marca e cor no prédio e a pessoa acabou ajuizando
em face de uma delas e esta alega “não, eu estava viajando o mês inteiro”. Diante do
equívoco, é facultado ao autor a correção.

Fazendo o réu essa indicação, o autor não precisa concordar, ele pode insistir
com a parte que foi indicada na petição inicial ou então ele pode concordar com essa
indicação, e com isso tem que se abrir um prazo para que o autor se manifeste nesse
prazo de 15 dias, sendo realizada a substituição e será integrada essa nova pessoa
que foi indicada.
O § único do art. 338 apenas esclarece que realizada a substituição, como o réu
originário teve despesas, ensejará um reembolso de despesas e os honorários, só que
estes serão mitigados. É uma medida de economia para todos, não só para o autor mas
também para o réu, porque o autor deverá pagar para a parte excluída além das despesas
os honorários que não serão fixados naquele padrão normal, mas sim numa faixa entre 3%
e 5% do valor da causa.

Art. 339 do CPC/2015: Em primeiro lugar, ele pode alegar sua ilegitimidade e indicar
um substituto, se ele fizer isso, vai incidir o 338. A indicação de alguém é APENAS se tiver
conhecimento. Sabendo, e não fazendo o apontamento, pode ensejar responsabilização
pelas despesas realizadas a toa em razão da ilegitimidade.
Uma outra previsão é o litisconsórcio passivo. Após o apontamento do réu, o autor o
aceita sem excluir o réu originário do polo passivo (previsão no §2º).

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Art. 340: Usado no caso da competência. Usado para garantir o direito de defesa e
direito de ação e para isso abriu a possibilidade de que o réu possa executar a sua
contestação alegando a incompetência absoluta ou relativa no local em que ele entende
que seja competente, no foro do seu município. Sabe-se que quando uma pessoa é citada,
ela também é intimada para comparecer em audiência de conciliação e não para apresentar
a contestação, que é em momento posterior à audiência. Para o professor, esse artigo
abre a possibilidade é de antecipar uma apresentação de contestação, ainda que
centrada na questão da incompetência, (pode, na dúvida apresentar todo conteúdo da
contestação mas ele pode até protestar até para que haja depois da audiência, depois da
correção da competência e depois da própria realização da audiência de mediação e
conciliação, que ele possa apresentar, de forma definitiva, a sua contestação) → essa é
uma forma de interpretação pois o dispositivo é, de fato, confuso.
Obs: a parte que entende que há incompetência pode apresentar contestação no
local que ela entende competente, em regra, no foro de seu domicílio e o órgão local,
perante o qual foi apresentada a contestação, irá dar ciência e transmitir o teor da
contestação para o juiz da causa o mais rápido possível, de preferência, conforme o código
prevê, de modo eletrônico.

Pode alegar apenas a incompetência, porém essa legislação/alegação poderá ser


acolhida ou não. Porém, de qualquer modo, será suspensa e remarcada a audiência diante
desta alegação. Mas não prevalecendo a alegação, será prejudicial ao cliente, diante da
preclusão consumativa e por isso, o adequado, seria apresentar todo conteúdo da
contestação de uma vez, junto a alegação da incompetência.
Quem decide pela incompetência é juiz da causa, aquele que recebeu a demanda.
Se ele se der por incompetente e remeter para o órgão que a parte ré alegar competente,
esse órgão pode se declarar competente ou não, indicando outra competência – caso em
que será suscitado o conflito de competência.

Tem outra regra: se o réu tinha razão quanto à competência, haverá a prevenção do
órgão judicial, porque já se determina que haja distribuição. Se houver mais de um órgão, já
há o encaminhamento para um deles, sendo que ficará prevento aquele que recebeu a
contestação e tomou as providências de comunicação, se decidido que é o juízo
competente.
Nos casos em que o autor e o réu já tenham se manifestado dispensando a audiência,
terá de ser apresentada a contestação desde logo (porém, o professor também acha que
nesses hipóteses cabe correção da inicial posteriormente, até abrindo prazo novamente).

Art. 341: Não pode fazer uma simples negativa geral. Precisa refutar,
especificamente, cada fato. Os fatos que não forem negados, serão considerados
verdadeiros porque há uma presunção de confissão dos fatos.

Porém a presunção de confissão dos fatos não leva, necessariamente, a procedência


do pedido. Ex: podem os próprios fatos do autor não conduzir ao pedido feito, como pedir
que pelo réu não ter devolvido o carro que ele seja pendurado em praça pública. O autor
pode, também, estar alegando fatos absurdos, fatos que notoriamente não ocorreram, que
podem levar a improcedência do pedido, pois ainda que haja presunção de veracidade, ela
não é absoluta.

Segundo o art. 341 o que não pode é apresentar um fato que, embora você
alegue, esteja em contradição com documentos que você juntou. Apesar de ser
possível a contradição, por exemplo, de alegar que o contrato é nulo, inválido e discutir, ao
mesmo tempo, as cláusulas do contrato, a partir do princípio da eventualidade.

A impugnação específica tem uma exceção: art. 341, § único.

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Em razão da carência das pessoas que assessora, a Defensoria Pública tem essa
prerrogativa de poder fazer uma negativa geral. Em segundo lugar, quando há acordo
especial ou advogados atípicos. São hipóteses em que a pessoa não escolheu o seu
próprio advogado. Imaginem, por exemplo, uma citação por edital,e aí não há o
comparecimento, e é nomeado um curador especial, que não sabe dos fatos realmente.

Art. 342: No inciso II, mesmo que o autor não alegou a incompetência absoluta, o juiz
pode reconhecer de ofício.
No inciso III, quando houver previsão legal no sentido de que autorize ao réu deduzir
novas alegações após a contestação, como no caso da prescrição.

Além da defesa propriamente feita, o réu pode reconvir, ou seja, apresentar sua
demanda, havendo uma cumulação de demandas contrapostas.
A conexão com a ação principal precisa haver para que haja a reconvenção.
Uma outra coisa importante é que tem que se restabelecer o contraditório, o autor
tem que ter um prazo para apresentar a sua defesa, e uma outra coisa importante é
que embora cumulada as demandas, elas passam a ter uma certa autonomia.

Portanto, se o autor da demanda principal desistir, o processo poderá prosseguir


apenas em relação a reconvenção.

Substituto Processual: não é a melhor porque a substituição processual decorre da


legitimação extraordinária que significa que quando for uma legitimação extraordinária
CONJUNTIVA tanto legitimado extraordinário quanto o legitimado ordinário podem ajuizar
continuar com legitimidade para ajuizar a demanda; já na legitimação EXCLUSIVA retira do
legitimado ordinário a possibilidade de defender seu próprio direito.

AULA 13 - 13.11.18

Revelia

Trataremos dos possíveis comportamentos do réu.


As respostas que o réu pode oferecer: contestação e reconvenção. Na contestação
pode o réu alegar as defesas preliminares e as defesas de mérito que podem ser de mérito
direto ou indireto.

Além dessas duas respostas, poderá o réu adotar o comportamento da revelia.


É importante ressaltar que a revelia não existe uma relação de causa e consequência
entre a não apresentação de defesa e a procedência dos pedidos, não significa que os
pedidos serão julgados procedentes.

Ausência jurídica de contestação: 1º pressuposto → A revelia é prevista dos art.


344 ao 346: o artigo traz definição de revelia como ausência de contestação. A doutrina
apresenta uma definição mais depurada: ausência jurídica de contestação ou ausência
de contestação no prazo legal. É possível haver contestação e o réu ser revel pela
intempestividade da mesma. A doutrina é mais específica nesse aspecto ao dizer que é
a ausência jurídica de contestação. Ou seja, ela pode existir, mas o advogado
protocola no décimo sexto dia e, como vocês sabem, o prazo é de quinze dias - será
desentranhada - porque a defesa foi exercida intempestivamente.

É excepcionalíssima a dilação de prazo para contestar.

Citação válida do réu: 2º requisito

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É um requisito lógico e não está explicitamente previsto no art. 344. Não pode imputar
a revelia a alguém que não foi citado.

Requisitos da revelia: citação válida do réu e ausência jurídica da contestação

Efeitos da revelia

A revelia, em si, é um fato jurídico, que se dá no plano da realidade fática pois alguém
deixou de fazer algo. O fato é diferente dos efeitos jurídicos decorrente desse fato.
A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor é o principal efeito da
revelia, mas não é isso que é a revelia. Presunção de veracidade é o efeito decorrente da
revelia, a revelia em si decorre da ausência jurídica de contestação. O fato jurídico que
constitui a revelia é a ausência jurídica de contestação.

Presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor → art. 341 do CPC traz a
obrigação da impugnação específica que traz a mesma presunção, chamada pelo Jorge de
“micro revelia”. Se a ausência de contestação implica presunção de veracidade dos
fatos alegados, é como se o réu não tivesse se desincumbido do ônus da
impugnação especificada em relação a todos os fatos alegados.

A contestação também é um ônus do réu, que o permite ficar em condição mais


ou menos vantajosa. Se ele consegue se desincumbir desse ônus, fica em posição
mais vantajosa, porque o ônus da prova vai recair sobre o autor. Agora, se ele não se
desincumbir desse ônus, ele fica em posição extremamente desvantajosa, porque
agora os fatos alegados pelo autor vão ser presumidamente verdadeiros.

Se o advogado faz uma contestação em que ele não consegue impugnar nada, a
gente vai chamar essa contestação de negativa geral. Agora, normalmente, a grande
diferença vai ser a extensão. Na revelia, a presunção se dá a todos os fatos alegados.
No ônus da impugnação especificada da contestação, vai ser em relação àqueles
fatos especificamente não impugnados.
Porém, presumir os fatos não significa julgar procedente o pedido autoral.

Preclusão das matérias de defesa → é o segundo efeito da revelia

As matérias que não constituem matéria de ordem pública vão ficar preclusas. Por
exemplo, se você deveria arguir nulidade do contrato, você perdeu a possibilidade de alegar
esse tipo de matéria ao seu favor.

Desnecessidade de intimação do réu revel sem advogado → é o terceiro efeito da


revelia, art. 346.

Vejam que quando o réu revel não tem advogado nos autos, não tem a necessidade
de intimar a parte dos atos processuais praticados; eles começam a correr da publicação.
Normalmente, publica e intima; nesse caso, não precisa intimar.

A questão é: como réu revel pode ter advogado? A revelia não será a ausência
completa durante o processo, e sim a ausência jurídica de contestação, portanto pode haver
revelia, mesmo com manifestação no processo.

Nesse caso, que tem advogado constituído, a despeito da revelia, haverá


necessidade de intimação. Por outro lado, é possível que existam casos que o réu
nunca se manifestou no processo, não constituiu advogado e não tem nenhuma
notícia dele no processo. Aí sim, nesse caso, como não tem advogado constituído,
não tem motivo para haver intimação e os prazos começam a contar da publicação.

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Possibilidade de julgamento antecipado do mérito → art. 355, é o quarto efeito da
revelia. A revelia permite que o processo tenha um fim antecipado. Ela permite, em
alguma medida, “pular etapas”; e, esse salto de etapas é o que chamamos de
julgamento antecipado do mérito.

Efeitos da Revelia: presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor,


preclusão das matérias de defesa, desnecessidade de intimação do réu revel sem
advogado, possibilidade de julgamento antecipado do mérito.

Não incidência dos efeitos da revelia → Existem casos em que os efeitos da revelia
não incidem. Previsto no art. 345. Os casos são:

1) Pluralidade de réus e um deles apresentar contestação: Não irão


incidir os efeitos previstos no art. 344, principalmente a presunção de
veracidade dos fatos alegados pelo autor, se alguém contestar.
Então, o exemplo é o seguinte: tem o autor e dois réus. Um dos réus
não contesta. O que vai acontecer em relação a ele? Ele é revel. Mas o
outro contesta; então, nesse caso, os fatos contestados pelo outro réu,
pelo outro litisconsorte, vão impedir que se forme essa presunção de
veracidade dos fatos.
2) O litígio versar sobre direitos indisponíveis: A indisponibilidade do
direito impede que o fato alegado pelo autor seja considerado
presumivelmente verdadeiro (art. 354, II). O efeito da revelia será que o
alegado deverá ser objeto de prova. O autor alegou aquele fato, o réu não
contestou, mas, por ser direito indisponível, o demandante vai ter que
provar, a despeito da ausência de contestação relacionada àquele fato.

Obs.: Hoje em dia, a gente não entende mais que qualquer coisa que a Administração
Pública se envolve significa que o interesse é indisponível. A Administração Pública
também se envolve em relações paritárias; em relações tipicamente de direito
privado. E, nesses casos, a despeito de haver a Administração Pública envolvida,
os direitos não são indisponíveis; os direitos são disponíveis. Nesse sentido, o
STJ (REsp 1.084.745) já afirmou que os efeitos da revelia também podem incidir
nas hipóteses de litigância contra a Fazenda Pública, desde que se tratem de
direitos indisponíveis.

3) Petição inicial não acompanhada de qualquer documento essencial


para demonstrar a validade do ato: Quando a petição inicial não está
acompanhada de documento essencial para demonstrar a validade daquele
ato. Exemplo clássico: propriedade de bem imóvel. Se eu alego que sou
proprietário de um apartamento e o réu não contesta, isso não me faz
proprietário do apartamento

4) Alegações de fato inverossímeis: O quarto é quando as alegações


de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis. De fato, não é
razoável que haja uma presunção de veracidade de fatos que são
nitidamente inverossímeis.

5) Ação rescisória e ação de desapropriação: existem algumas


exceções criadas pela jurisprudência, sobretudo pelo STJ, de não
incidência dos efeitos da revelia em duas hipóteses específicas – na
ação rescisória e na ação de desapropriação. Nestes casos o STJ já
afirmou, mais de uma vez, que não incidem os efeitos da revelia. Tanto na
ação rescisória, quanto na ação de desapropriação. Na ação rescisória, o

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caso paradigma é o REsp 1.260.772 e na ação de desapropriação o
processo paradigma é o REsp 1.466.746. O efeito principal, no caso, é a não
utilizar a presunção de veracidade.

Providências preliminares

Essas providências preliminares, pelo fato de elas decorrerem do comportamento


assumido pelo réu, elas são sempre casuísticas. O artigo 347 do CPC, que é o capítulo
que inaugura sobre o tema de providências preliminares.
Nesse momento se encerra fase postulatória, iniciando a fase saneadora
(alguns autores chamam de fase ordinatória pois põe ordem no processo).

A ideia é que essas providências preliminares, elas estudam 2 propósitos: (i)


sanear e (ii) organizar o processo. Quando se fala em sanear, seria limpar, enxugar,
mitigar eventuais nulidades, de sanar nulidades. Quanto à organização do processo,
seria identificar as questões controvertidas, identificar o objeto do litígio.

Lembrando que há três grupos de comportamento possíveis do réu que desembocam


em providências distintas: O primeiro grupo é a defesa de mérito indireta, outro
comportamento que gera comportamento direto nessa fase é a defesa processual,
preliminar do art. 337, CPC. E o terceiro comportamento que gera efeito direto é a
revelia.

Nesse momento, a preocupação é quando não houver os efeitos da revelia. Porque


se houver os efeitos da revelia gerará o quarto efeito que é a possibilidade de julgamento
antecipado de mérito, não tendo providência preliminar.

1º comportamento → réu revel sem incidência dos efeitos da revelia.

2º comportamento → réu que oferece contestação com defesa de mérito


indireta.

3º comportamento → réu que oferece contestação com defesa preliminar, as


matérias do artigo 337.

 Providências

1.1.Réu revel sem incidirem os efeitos da revelia

1.1.1. Intimar o autor para produzir prova do direito alegado

Portanto, a despeito da revelia, o autor vai produzir prova do direito alegado. Então,
uma providência que o juiz pode tomar nesse caso é intimar o autor para produzir prova do
direito alegado (art. 348).

1.1.2. Intimar o autor para oferecer contraprova

art. 349 → pode intimar o próprio réu para que ofereça contraprova.

O autor pode falar assim: “contratei com ele, mas não me pagou”. O réu se mantém
revel, não contesta. Digamos que, a princípio, esses fatos serão considerados
presumidamente verdadeiros. Só que é dada ao réu a oportunidade de oferecer
contraprova. É como se houvesse uma espécie de inversão do ônus da prova? Num
primeiro momento, se é o autor que alegou, é ao autor que incumbia a prova do fato

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constitutivo do seu direito. Mas como ocorreu o efeito da revelia, cabe agora ao réu
provar em sentido contrário.

Há, portanto, a chance de contraprova, pois o réu busca elidir uma presunção. É
possível que o réu revel traga aos autos uma prova que demonstre que a presunção de
veracidade sobre a qual o juízo poderia construir seu convencimento não se sustenta, pois
o réu traz aos autos prova que comprove a inocorrência do fato - como no caso concreto,
poderia ser com a comprovação por meio de recibo de pagamento assinado pelo autor. É
importante destacar que o réu segue revel, ele não contestou.

É possível apresentar peça específica como mecanismo de prova? Não. Não são
apresentados argumentos, não se reabre a possibilidade do réu revel se defender! Abre-se
a oportunidade para a juntada de prova.

É lícita a produção de provas. Aqui, a única coisa que se abre ao réu é a possibilidade
de produção de prova – para que não se julgue com base em uma ficção jurídica, como a
presunção de veracidade. Trazendo isso na forma de uma petição de juntada, sem novos
argumentos, construção de narrativa ou qualquer outra comunicação.

1.2. Réu apresenta defesa de mérito indireta ou defesa processual

O réu só pode apresentar defesa direta. Porque normalmente a defesa indireta é


jurídica, e não é objeto de prova, não é meio de prova.

Entretanto, por exemplo, no caso do pagamento, trata-se de defesa de mérito indireta.


Pode ser que sim. É fato extintivo do direito do autor – mostrar um recibo é adimplemento
de obrigação, é forma de extinção de direito do autor.

A peculiaridade é a perda do direito de se defender. Preclui o direito de defesa, o


que pode ser feito é a juntada de prova.

Quando o réu alega defesa de mérito indireta ou defesa preliminar, nos dois
casos a medida adotada pelo juízo é a mesma. Intima-se o autor para que ele se
manifeste em réplica.

O que é a réplica? Espécie de nova oportunidade para o autor se manifestar a


respeito das alegações formuladas. Essa nova oportunidade também reabre para o autor
chance de juntar provas documentais ou quaisquer outras. É importante destacar que a
réplica é restrita ao que foi alegado, e ao que enseja a réplica.

art. 437, § 1º → Quanto ao procedimento, é o seguinte: (i) réu alegou defesa de


mérito indireta ou preliminar; (ii) intima o autor para réplica no prazo de 15 dias; (iii) autor se
manifesta. Se o autor juntou documento, intima o réu para se manifestar a respeito desses
documentos no prazo de 15 dias também.

Todas estas providências são providências de organização. E as providências de


saneamento são as que estão no art. 352, CPC.

A réplica já é elemento do saneamento. O saneamento começa quando termina os


comportamentos do réu. Todas as providências preliminares já são parte do saneamento
em fase ordinatória do processo. Então, quando o juiz analisa qual o comportamento do réu
e quais as providências, ele já estará organizando o processo. Também estará organizando
quando ele determina estas costuras, providências como intimar o autor, intimar o réu para
produzir prova, intimar o autor para oferecer réplica, isso é a organização do processo.

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AULA 14 – 22.11.2018

1. Fase saneadora
fase saneadora = fase ordinatória do processo.
1.1. Providências preliminares
As providências preliminares do art. 347 têm basicamente dois grandes objetivos de
saneamento e organização do processo, quando falamos em saneamento, estamos falando
basicamente de sanar vícios, de limpar, de superar vícios. É uma ideia de limpeza de
eventuais irregularidades processuais. A ideia é estabelecer exatamente quais são os
pontos controvertidos, quais são as matérias que estão sendo discutidas em juízo, o
que é matéria controvertida, o que não é matéria controvertida.
É importante, então, que o juiz consiga organizar o processo definindo quais são os
pontos controvertidos, e aqui também ele abre a oportunidade do contraditório, na medida
em que ele organiza o processo, ele abre as oportunidades para que as partes se
manifestem a respeito desses pontos controvertidos.
1.1.1. Providência preliminar de saneamento
Artigo 352. Esse artigo é bastante amplo abrindo mais uma oportunidade para que o
juiz corrija vício do processo. Hoje que essas tentativas de sanar vícios ao longo do
processo são cada vez mais constantes e mais intensas, e a ideia é garantir que o
processo caminhe para o julgamento de mérito.

Obs.: O direito processual civil, quando fala de nulidade, não se refere a essa
nulidade da mesma maneira que o direito civil se refere. No direito civil, temos,
basicamente, nulidades relativas e absolutas (anulabilidade e nulidade,
respectivamente); no direito processual civil, a tendência é de que toda nulidade,
todo ato, a despeito de qualquer vício que o macule, seja sempre sanado.

A ideia, no processo civil, é que tudo se aproveita, existe essa ideia de


sanabilidade geral, porém, dependendo do andamento, determinados vícios não se
corrigem, e é por isso que o artigo 352 fala de vícios que possam ser sanados.

Exemplos como ilegitimidade ativa, vício de citação, porque até mesmo a citação
pode ser sanado com o comparecimento espontâneo nos autos. Normalmente, os vícios
processuais tendem à correção.

Controvérsia quanto ao prazo de 30 dias do art. 352: Tem aqueles que dizem que
pode ser até 30 dias. Fundamento: está na lei. Já a Teresa Arruda sustenta que o prazo
pode ser dilatado em razão da instrumentalidade das formas. Entretanto, devemos ficar com
a ideia de que o prazo foi expressamente estabelecido pelo legislador como um prazo
peremptório, que não admite dilatação.

Sanar vícios → principal providência preliminar de saneamento do processo.

Lembrando que o juiz determina, mas não corrige. A determinação do juiz será
direcionada a uma parte. Ex.: se o advogado não tem mandato nos autos, o juiz vai
determinar que aquele seja providenciado.

1.1.2. Providências preliminares de organização

As providências preliminares de organização decorrem de três comportamentos


distintos do réu.

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1º providência: a apresentação de defesa de mérito indireta (art. 350), isto é, de
fatos impeditivos, extintivos e/ou modificativos do direito do autor: o juiz vai intimar o
autor para que, no prazo de 15 dias, apresente réplica, podendo também juntar novos
documentos e requerer a produção de provas.

2º providência : apresentação de defesa preliminar/processual (art. 337): o juiz


vai intimar o autor para que, no prazo de 15 dias, apresente réplica, podendo também
juntar novos documentos e requerer a produção de provas.

Essas duas primeiras providências, portanto, são consequências diretas do que o réu
manifestou, portanto. Todas essas defesas (processuais e de mérito) têm como
desdobramento a mesma providência preliminar.

3º providência : está no art. 348 e 349 do CPC, que é relacionada à revelia. A


revelia nada mais é do que ausência jurídica de contestação ou ausência de contestação no
prazo, enfim, o réu que não apresentou defesa no prazo legal ajustável.

Agora, os efeitos da revelia não necessariamente vão ocorrer automaticamente.

O principal efeito da revelia é o da presunção de veracidade dos fatos alegados pelo


autor.

Importante! Os art. 348 e 349 do CPC tratam das hipóteses em que o réu é revel
mas não incidem os efeitos da revelia.

Quando não se incidem os efeitos da revelia, o juiz tem duas providências a tomar:

Autor e réu. Duas providências: uma providência é chamar o autor para produzir
provas. A outra providência é intimar o réu para produzir provas. Uma está no artigo 348
(autor) e a outra no artigo 349 (réu). Nessas duas circunstâncias, não incidirão os
efeitos da revelia, o juízo vai determinar tanto ao autor como ao réu que se
manifestem no interesse de produção de provas.

O caso do réu revel, em que incidem os efeitos da revelia é hipótese de julgamento


antecipado do mérito.

Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas


Se o réu só apresenta uma defesa de mérito direta, não há necessidade de tomar
providência preliminar. Então, segue adiante e o juiz proferirá julgamento conforme o estado
do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.

1.2. Julgamento conforme o estado do processo

O Professor Humberto Dalla, fala de cinco caminhos: (i) extinção sem resolução
do mérito; (ii) extinção com resolução do mérito; (iii) julgamento antecipado do
mérito; (iv) julgamento antecipado parcial do mérito; e (v) decisão saneadora.

Alguns nomes da doutrina dizem que são três caminhos: extinção com ou sem
resolução do mérito e bota só extinção do processo, colocam julgamento antecipado do
mérito apenas, tiram o total ou parcial, e sobra a decisão saneadora.

O que é julgamento conforme o estado do processo? Essa anomalia ocorre por


razões de economia processual, celeridade processual, de duração razoável do
processo. Existem circunstâncias que fazem ser possível abreviar o rito, enxugar
etapas de um modo que a fase decisória se antecipe à fase instrutória, acontecendo o

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saneamento do processo e, na mesma ocasião, o julgamento do processo. Por isso é
o julgamento conforme o estado, é do jeito que está.

Para entender, o julgamento conforme o Estado é “julga do jeito que está”.

Julgar do jeito que está não significa julgar de qualquer forma, significa que o
processo, por algumas razões, está pronto para ser julgado. Ao pular as quatro fases
(postularia, saneadora, instrutória e decisória), quando a gente traz o julgamento para a
fase saneadora. Só a fase instrutória é perdida.

Quando a gente antecipa a fase decisória, a gente abre mão da fase instrutória,
porque vocês vão ver que têm uma razão de ser todos esses casos, porque, de algum
modo, eles dispensam essa fase instrutória. Se eles dispensam a fase instrutória, não
tem porque arrastar o processo para a fase instrutória. Esse é o raciocínio que está
por trás de todas as cinco hipóteses.

Exemplo: Vamos pensar no exemplo da cláusula compromissória A cláusula


compromissória está no artigo 337 como uma defesa preliminar, uma defesa processual.
Alguém ajuizou uma ação e o réu, em contestação, alegou a existência de uma cláusula
compromissória. Ele fez uma defesa preliminar ali com base no art. 337, inciso X, e, pelo
fato de ser uma defesa preliminar, abriu-se prazo, depois, para a réplica do autor. Se for
atestado há de fato convenção arbitral válida, o processo é extinto sem resolução do mérito,
com base no art. 485. Ou seja, o processo acabou ali de forma prematura.

Essa noção de morte prematura do processo é o que faz o julgamento ocorrer nesse
momento e não na fase decisória. Então, é perfeitamente visível que essas causas de
julgamento do processo, que estão nos artigos 485 e 487 (incisos II e III apenas) se
manifestam desse modo e nessas circunstâncias, fazendo com que o juiz profira sentença.

1.2.1. Extinção do processo sem resolução do mérito

O primeiro cenário, que é a extinção sem resolução do mérito, se dará nas


hipóteses em que o juiz julgará o processo com fundamento no artigo 354, conforme
o artigo 485. Quando o juiz profere sentença com base no artigo 485, a gente tem o
julgamento do processo conforme o estado, que vai desemborcar em um julgamento
sem resolução do mérito.

Tanto nas hipóteses do 485, como as hipóteses do 487, incisos II e III não
demandam instrução probatória.

1.2.2. Extinção do processo com resolução do mérito

O segundo caminho está no art. 487 que é da extinção com resolução do mérito –
é o artigo que a gente tem como clássico artigo de sentença com resolução de mérito. Mas
aqui no art. 354 ele faz uma ressalva, ele não pega o art. 487 todo, e eu vou dizer, mais à
frente, o porquê disso. Ele só pega os incisos II e III.

O inciso II fala de prescrição e decadência. O inciso III fala de sentença homologatória


de solução consensual (transação, renúncia, acordo). Nos dois casos é absolutamente
dispensável a fase instrutória, de modo que a existência de um acordo nesse
momento é o suficiente para se extinguir o processo, nesse caso, com resolução do
mérito. Da mesma maneira, o reconhecimento da prescrição ou da decadência nesse
momento também é suficiente para que seja extinto o processo com resolução do mérito.

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Obs.:. § único do art. 354 → dizendo o seguinte: “olha, essa medida pode ser
tomada de modo parcial”, ou seja, é possível que haja uma extinção parcial do processo
com ou sem resolução do mérito.

Exemplo: Digamos que a pessoa que ajuizou a ação está cobrando prestação de
alimentos de quatro anos. Nesses quatro anos (hipoteticamente, não estamos em um
cenário perfeito), dois anos de prestação de alimentos prescreveram e outros dois anos
não. A gente tem metade do direito prescrito; é um pedido só, mas ele consegue se
decompor, porque metade dele foi atingido pela prescrição. O fato de somente a metade da
pretensão autoral ter sido atingida pela prescrição, ter sido “tragada” pela transcrição, não
impede que seja proferida essa decisão. É exatamente isso que diz o parágrafo único: “é
possível que seja proferida a decisão parcial nos casos em que ela será impugnável
mediante agravo de instrumento”.

Está claro que aqui se trata de decisão interlocutória, pois há conteúdo decisório.
Porém, o caput do art. 354, CPC, afirma que “o juiz proferirá sentença”. Ao afirmar isso, o
dispositivo está se referindo a um pronunciamento que extingue o processo por completo,
seja com base no art. 485, seja com base no art. 487, CPC.

Porém, o parágrafo único muda a terminologia e diz assim: “A decisão a que se refere
o caput pode dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugnável
por agravo de instrumento.”, ou seja, diminui a extensão da decisão e diz qual o recurso
pertinente: agravo de instrumento – recurso que desafia decisão interlocutória.

Portanto, temos o caput que prevê a sentença, a qual desafia apelação, ao


passo que no parágrafo único temos uma decisão interlocutória, que desafia agravo
de instrumento.

1.2.3. Julgamento antecipado total do mérito

Terceiro cenário: julgamento antecipado do mérito (art. 355, CPC). Leia-se


julgamento antecipado total do mérito. Afinal, qual é a diferença entre julgamento
antecipado do mérito e o que acabamos de ver no art. 354, CPC (extinção do processo com
resolução do mérito)? Se dá no mesmo momento, os dois tem resolução de mérito. Qual é a
diferença? A diferença está no inciso primeiro que o artigo 354 não menciona.

Vocês vão me perguntar: que diabos é uma e a outra? Toda a vez que a gente falar de
mérito, uma palavra tem que vir na nossa cabeça: pedido. Mérito é pedido. Julgamento do
mérito é análise do pedido. E quando a gente está falando de sentença verdadeira de
mérito, sentença de mérito pura, a gente está falando das sentenças em que o pedido foi
julgado procedente ou improcedente. Então eu pedi alguma coisas, o juiz julgou procedente
ou improcedente, eu tenho uma sentença de mérito genuína, verdadeira.

Agora, existe as chamadas sentenças de mérito impuras, que são aquelas que o
legislador estabeleceu, elevando ao status de sentença de mérito, mas efetivamente não
houve a apreciação do pedido. Que casos são esses? É o que está previsto no inciso II e III
do 487 do CPC: prescrição e decadência; e sentença homologatória de solução consensual.
Em ambos os casos, nós não temos a apreciação do pedido, mas o legislador determinou
que isso também é sentença de mérito.

Qual é o desdobramento disso? O art. 354 e o art. 355 dividem essas sentenças
de mérito. O art. 345 que trabalha com a extinção do processo, ele pega essas
sentenças de mérito falsas, que são as do inciso II e III do art. 487. E o art. 355 pega
as sentenças de mérito verdadeiras, que é a do art. 487 inciso I.

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Tanto é que o art. 355, caput, diz: “o juiz julgará antecipadamente o pedido”. Vejam,
aqui está a sutileza do negócio, ele não faz menção ao art. 487, inciso I, ele diz
simplesmente: “o juiz julgará antecipadamente o pedido”. Por quê? Por que no art. 354 não
tem julgamento do pedido. Embora seja julgamento de mérito, não tem análise do pedido. O
que se tem é uma sentença de mérito por equiparação, porque o legislador quis chamar
esse tipo de sentença de mérito.

Então, quando a gente tem uma sentença de mérito legítima, verdadeira, genuína,
pedido julgado procedente ou improcedente, nós podemos ter um julgamento antecipado
total de mérito.

Pode acabar o processo ali. Em que circunstâncias isso pode acontecer? Em dois
casos: I – quando não houver necessidade de produção de provas; II – quando o réu
é revel, incidindo os efeitos da revelia.

1.2.3.1. Desnecessidade de instrução probatória

Por exemplo, discutir matéria unicamente de direito, não tem nenhuma discussão
fática. O objeto da prova são fatos, ninguém prova direito, não é objeto de prova. Se é
direito estadual, municipal, você tem que juntar a legislação. Mas, ainda assim, ainda não é
definitivamente prova.

Em regra, o objeto de prova são os fatos. Se eu tenho um processo cuja controvérsia


é unicamente de direito, não existe necessidade de provas. Por que, então, chamar o feito à
extinção? Não tem razão. A ideia do legislador é que o processo pode ter uma
sentença de mérito, uma análise do pedido, independente da produção de qualquer
outra prova, seja porque o processo dispensa qualquer outra produção de prova, seja
porque as provas que processo demanda já estão anexadas aos autos. Nesses casos,
é possível que o juiz julgue antecipadamente o pedido, alguns autores chamam de
julgamento imediato.

Então, quando o art. 355 CPC fala: “desnecessidade de produção de outras provas”, a
redação é um pouco imprecisa. Porque quando falo desnecessidade de produção de outras
provas, parece que ele já produziu provas e precisa de mais outras. Esta é uma hipótese,
mas há hipóteses de processo que sequer precisam de provas. Às vezes, não produziu
nenhuma e não precisa de nenhuma prova, porque é questão exclusiva e unicamente de
direito.

Por exemplo, uma controvérsia sobre uma cláusula contratual. Eu tenho um contrato
em que as partes estão discutindo, não o descumprimento em si, mas a interpretação de
uma cláusula (uma parte diz uma coisa e a outra parte diz outra). Não existe prova, não
existe fato, estão discutindo uma interpretação contratual. Aquilo ali não é objeto de prova,
não se pretende produzir provas com isso, autoriza-se o julgamento antecipado do pedido.

Outra hipótese: O processo demanda prova documental, mas o autor e réu já


juntaram todas as provas que existem. E o processo está devidamente instruído para ser
julgado, não precisa produzir mais nada. As provas documentais necessárias já foram
juntadas aos autos. Essa é a hipótese para que, tenha o julgamento antecipado do mérito.

1.2.3.2. Réu revel, incidindo os efeitos da revelia.

A segunda hipótese de julgamento antecipado total do mérito ocorre quando o réu é


revel e incidem os efeitos da revelia.

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O principal efeito de revelia é a presunção de veracidade dos fatos alegados.
Mesmo sendo objeto de prova os fatos controvertidos, aos incidirem os efeitos da
revelia, a presunção de veracidade dos fatos alegados faz com que ocorra a
desnecessidade de produção de provas. Dessa forma, não é necessário passar a fase
instrutória, motivo pelo qual o magistrado pode proceder ao julgamento antecipado
do mérito com base no artigo 355, CPC.

Uma das principais alegações vai ser cerceamento de defesa.

O julgamento antecipado de mérito, por si só, não pode ser cerceamento de defesa,
porque é uma previsão legal. Por si só, ele não pode constituir cerceamento de defesa. Mas
existe uma hipótese bastante interessante em que é um caso de cerceamento de
defesa, e que a jurisprudência que se construiu sobre isso já assentou entendimento,
que é o seguinte: “Se o juiz adotar a técnica do julgamento antecipado de mérito e
julgar o pedido improcedente por falta de provas, aí é cerceamento de defesa”.
Acontece pouco, mas já chegou ao STJ.

1.2.4. Julgamento antecipado parcial do mérito

Quarto caminho. Agora, para o parcial. O julgamento antecipado parcial de mérito está
no artigo 356. Ele dá duas hipóteses nas quais podem ocorrer o julgamento antecipado
parcial de mérito. A primeira hipótese é quando um ou mais dos pedidos formulados
ou parcela deles mostrar-se incontroverso.

A gente está falando, das duas uma, ou de uma cumulação simples de pedidos
própria, da espécie de cumulação simples; ou a gente está falando de um pedido único,
mas que pode se decompor em parcelas, por exemplo.

Exemplo de cumulação de pedidos: Locação. O sujeito formula uma ação, ajuíza uma
ação de despejo cumulada com uma ação de cobrança dos aluguéis atrasados em face do
seu inquilino lá. Então, ele está pedindo que seja determinada uma ordem de despejo para
o cidadão e que ele também pague uma quantia certa. O réu, locatário, está desesperado
com aquela situação, sabe que está devendo, não nega que está devendo, uma pessoa
que reconhece suas dívidas, e na contestação a grande preocupação dele é não ser
despejado. E aí ele se apega à cláusula contratual que diz que ele deveria ter sido
notificado com antecedência mínima e que essa notificação, esse prazo, não foi respeitado.
Com base nessa pequena brecha do pacto locatício, ele formula toda a sua defesa. A
defesa dele é o seguinte: “Não posso ser despejado, porque não foi observado o prazo
mínimo ajustado no contrato para que eu fosse notificado extrajudicialmente”. Ele fala só
isso. A respeito dos aluguéis atrasados ele não fala nada, passa batido.

Pergunta: Tinha dois pedidos muito claros na petição: um de despejo, um de


cobrança, o que aconteceu com o pedido de cobrança? Se tornou incontroverso. Se a gente
pensar no artigo 341, o ônus da impugnação especificada do réu, ele não impugnou nada a
respeito dessa alegação.

O réu, após o trâmite, junta contestação com recibos – relativos aos débitos
apontados pelo autor como devidos. A juntada desses recibos, por si só, é o bastante para
que o juiz julgue um dos pedidos, o pedido relativo à cobrança. Julgando improcedente este
pedido de cobrança do autor. Ocorre que o processo não acaba, pois ainda há um pedido
que dá continuidade ao processo – o pedido de despejo.

Nesse caso, observa-se que um raciocínio do art. 355 é aplicado a um pedido em


específico. Qual? É possível o julgamento antecipado do pedido, nas causas que
dispensem a instrução probatória, a produção de outras provas. No exemplo

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mencionado, não havia necessidade de outras provas, a única que seria necessária, já
estava constituída no processo – que eram os recibos dos aluguéis.

É comum, portanto, que se adote o raciocínio do art. 355 a um pedido


específico, e ao fazer isso, tendo outro pedido com vida no processo, que ainda
precisa ser analisado e julgado, depara-se com um fenômeno um pouco distinto,
denominado julgamento antecipado parcial de mérito.

1.2.5. Decisão saneadora

O quinto cenário é a decisão saneadora (art. 357). Vejam que é uma sequência
bastante lógica, pois é um artigo para cada uma das hipóteses, na verdade, as duas
primeiras hipóteses estão no mesmo artigo.

O art. 357 diz o seguinte: “não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
capítulo”, ou seja, não sendo o caso de extinção do processo sem resolução do
mérito, extinção com resolução de mérito, julgamento antecipado total de mérito, ou
antecipado parcial de mérito, não sendo o caso de nenhum desses caminhos
anteriores, o art. 357 diz que deverá o juiz, em decisão de saneamento e organização,
tomar algumas providências. Uma das principais providências é a delimitação de
questões controvertidas.

O julgamento conforme o estado do processo é uma peculiaridade, pois antecipa uma


parte do processo, ele torna o processo um pouco mais enxuto. Ele é uma espécie de
encerramento precoce do processo. Nós esperamos que as coisas aconteçam
definitivamente na fase decisória e percebemos que, em algumas circunstâncias, é possível
que essa fase se antecipe em relação à fase instrutória.

O fato de ela estar se antecipando em relação à fase instrutória diz tudo a respeito
desses artigos que estudamos hoje, pois esse é o ponto central que atravessa todos esses
dispositivos, que é a desnecessidade de uma fase instrutória, seja porque não é necessário
mais produzir nenhuma prova, seja porque os fatos são presumidamente verdadeiros, seja
porque a questão discutida em juízo é unicamente de direito. Em todas estas circunstâncias
o que há de comum é a desnecessidade de uma fase instrutória e é por isso que
conseguimos promover esse julgamento conforme o estado do processo.

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