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Dom XXXIII TC (B)

I. O livro de Daniel foi escrito no contexto de um grande sofrimento de Israel. Estava o Povo subjugado ao
poder do Império Selêucida, cerca de 200 anos antes de Jesus, e os que mais sofriam torturas eram os que
procuravam manter-se fiéis às tradições da Aliança do seu Povo, como foi o caso dos famosos “sete
irmãos” (2Mac 7).

Neste contexto surgiu o estilo apocalíptico para anunciar a Esperança e a Libertação. “Apocalipse” é uma
palavra grega que significa “Revelação”. É um estilo de linguagem cheio de imagens simbólicas e
acontecimentos catastróficos que reflectem o desejo de todos os que sofrem opressão: ver o “império do
mal” ser destruído totalmente!
Infelizmente, muitas vezes se esqueceu este contexto cultural e se leram estes textos apocalípticos como se
fossem “profecias do futuro” ou “avisos do final dos tempos”. Mesmo que seja com boa intenção, ler os
textos apocalípticos sem compreender o seu contexto cultural e o seu lugar próprio na simbólica bíblica é
preparar-se para dizer tolices! O objectivo de todas estas imagens e símbolos catastróficos é anunciar a
Esperança na Fidelidade de Deus e a certeza de que “o céu e a terra passarão, mas a Palavra de Deus não
passa”! Tudo é provisório, mesmo os poderes imperiais mais opressores. Só a Fidelidade de Deus é
perene! A linguagem catastrófica dos apocalipses serve para anunciar o fracasso de todas as estruturas de
mal, a destruição certa de todos os poderes opressores.

Este excerto apocalíptico do livro de Daniel abre também uma porta muito importante na história da
Revelação: a Ressurreição! Sim, é uma das referências explícitas à Ressurreição mais antigas que
conhecemos. O que o profeta anuncia é que a Fidelidade, maior que tudo e vitoriosa sobre tudo, é até
maior que a morte e sai dela vitoriosa!

II. Jesus de Nazaré é o Revelador e Realizador pleno do Evangelho da Ressurreição que Daniel começara a
intuir. O pedaço do evangelho de Marcos que hoje escutamos também está escrito em linguagem
apocalíptica. Por isso, devemos entender bem este anúncio de Esperança, dito com palavras que não
podem ser lidas como factos de uma “página de jornal”…

1. O fim do mundo…
Marcos coloca estas palavras na boca de Jesus imediatamente depois de falar da destruição do Templo de
Jerusalém e das abominações praticadas pelo poderoso Império Romano que o destruiu por volta do ano
70 (quando este evangelho foi escrito!). O mundo que está marcado para acabar é esse Mundo Velho de
opulência, opressão e violência. A “destruição do sol, da lua, das estrelas, do céu” não significa uma
destruição cósmica determinada por Deus, mas sim o anúncio do fim do Mundo Velho e a chegada do
Mundo Novo!
Isto não é um cataclismo cósmico universal, mas o nascimento definitivo de uma Nova Humanidade: “Eu
vi um novo céu e uma nova terra, porque a antiga já tinha passado, e o mar [símbolo bíblico do mal] já não
existia; já não havia morte, nem luto, nem clamor, nem dor. Tudo o que era antigo já tinha passado!”, diz o
autor do Apocalipse (Ap 21, 1-4)

2. A ilusão do provisório…
A linguagem do “fim do mundo” aponta-nos também o sentido do fim da história humana como
momento definitivo em que se colhem os frutos das sementes semeadas. Usando a linguagem apocalíptica,
o fim da história humana é um misto de desastre e alegria: desastre de tudo aquilo que não valeu a pena;
alegria de ter construído o que é eterno!
Com a parábola da figueira, Jesus convida-nos a apontar a os olhos para o horizonte eterno da Vida, a
viver com critérios de Vida em Ressurreição! Jesus convida-nos a “Ler os Sinais dos Tempos”, a discernir o
que é provisório e o que é eterno, a perceber a marcha do Espírito de Deus na nossa história…
O provisório pertence sempre ao Mundo Velho, aquele que acaba. O eterno pertence ao Mundo Novo,
aquele que é plenificado.

3. A Vinda do Filho do Homem…


Como sabemos, Jesus de Nazaré não “encaixava” no modelo messiânico que os judeus tinham em mente.
Os próprios discípulos de Jesus tiveram muita dificuldade em aceitar a novidade messiânica do Mestre.
Por isso, quando Jesus morreu ficaram profundamente desiludidos porque não tinha realizado nada do
que era esperado dele como Messias. Ao fazerem a experiência pascal de Jesus Ressuscitado, foram buscar
de novo as esperanças antigas do judaísmo e começaram a afirmar que tudo o que era esperado do
Messias se realizaria numa Segunda Vinda, já não na “carne e no anúncio da misericórdia”, mas “sobre as
nuvens, com grande poder e glória, a comandar um exército de anjos”… Viria para restaurar as Doze
Tribos de Israel e realizar do Dia da Ira de Deus, já anunciado pelos profetas antigos e que passou a ser
chamado “Dia do Filho do Homem”.
“Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça!” Como vemos, a espera da segunda vinda de Cristo
é um “resto judaico” que ficou na pregação da Igreja primitiva e que depois a Idade Média se encarregou
de aproveitar para fazer filas enormes no confessionário depois dos sermões!

Por causa da complicação da linguagem, os textos apocalípticos, que são anúncios de Esperança, apelos à
Fidelidade e promessas de Libertação, foram convertidos em “adivinhações do futuro”, “avisos de Cristo”
ou “chantagem divina para com a Humanidade que fazia muitas travessuras”…

Deus não anda a brincar com a História Humana para fazer e desfazer segundo a “sua Vontade”, porque a
Vontade de Deus não é arbitrária! No meio de um mundo que muitas vezes nós tornamos Mundo Velho e
conduzimos em direcção ao abismo da autodestruição e do fracasso, Deus revela-nos que está
absolutamente comprometido com a nossa história dizendo-nos o fim de tudo isso e a emergência
permanente de um Mundo Novo por Ele sonhado e construído por todos os que escutam ainda o eco da
voz do Ressuscitado aos seus discípulos. “Não tenhais medo! Eu venci o Mundo!!!” (Jo 16, 33). Depois,
ainda à escuta, percebemos que estamos chamados a colaborar com o projecto de Deus quando O
escutamos dizer: “Eis que EU renovo todas as coisas!” (Ap 21, 5)

ALELUIA

Que a Sabedoria do Espírito nos conduza a uma Hora de Alegria por termos construído o que é eterno e
nos previna de uma Hora de desastre por tudo aquilo que, afinal, não valia a pena…
Morra o Homem Velho e todas as suas escravidões! Acabe o Muno Velho e todas as suas injustiças!
A Renovação de que Jesus falava está muito mais nas nossas mãos do que nós imaginávamos…

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