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1
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Literatura Brasileira
Poesia
2017
2
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Linhas prosaicas
Quem dera eu soubesse
Todas as línguas vivas e mortas
Para a versificação do meu sentimento
Tivesse algo se não soasse
Como improprio
Dou na brochura rubricada
Com a mais dedicada e delicada
Expectativa, coisa tão rara
Palavras de confissão
Anunciação da verdade
Que renunciaria minha eternidade
Só para ter mais um sorriso teu
E paradoxalmente,
Tua existência me faz querer
Viver eternamente
Se for ao teu lado
Mas tudo isso ainda é pouco
Do que quero dizer
3
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Em construção
Meu bem, qual é a cor do amor?
É da cor dos meus olhos ao te ver
4
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Aline
A duração do céu
Sugere o coração
Plano indireto
Certo incompleto
Valor de cotação
Rumores pelo ar
Romances pelo chão
Para ser mais sincero
Só meu olho sugere
A minha pretensão
Mas...
Talvez faltasse ar
Ou a respiração
Algum motivo para se inspirar
Inventar o vento e velejar
Para outra direção
A tua direção
5
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Susto, um absurdo
Olhei para frente e vi o mundo
Com insulto, tudo é surto
Quando as árvores forem culpadas
Por tuas guerras, tuas trevas
Exposto e expiatório tua oposição
Desatino é a nova moradia
Será que ainda temos casas?
Na folga boato canalha
Faz parte da alma
Lava-se com a sujeira do irmão
Um susto, entendi tudo
Vi tudo que há é um ar imundo
6
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Demasiadamente humano
Para ser humano
Negue tudo o que é de onírico
Tenha corpo em limo cínico
Fale em tese de mediocridade clínica
Ande com o amigo que furta tua aréola
Beba dos teus vermes
Na corrida dos covardes, seja atleta
Faça um muro de falsa moral
Crie um um morro de tesouros letais
Humano demais
7
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Chega
Chega o fim do dia
Chega o fim da vida
Chega o fim de mês
Chega a saudade
Chega a novidade
Chega o verão
Chega a chuva
Chega a nova geração
Chega tudo
Tudo chega
... Menos você
Chega de te querer
8
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Mito
Disfarça de amor amigo
Os dotes de manipulação
Faça uma capitania hereditária
Da fronte formosa do coração
Florestas de flores de navalhas
Buquês de atenta desatenção
Escambo inútil de falsa emoção
Olhos malditos, social convenção
Condenação do afago
Paixão pelo estrago
Chego então a conclusão que:
“O amor é só uma canção
Que aprende a cantar
Levando para vida
Soprando pelo ar
Morte é o que se pede
Quando o peito é impopular”
Sexo é um verbo, tão impreciso
Indiscreto no fórum intimo
9
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Kate
Ninfa de moral distorcida
Olhe teu rastro
Tua marca é de inimigo
Tua árvore de atos decanta
Sólido que se desconstrói
Rouba dos astros, dos sátiros
Dos metologistas e metafísicas
Pois teu pária perfeito
Não tomará teu enredo
Como ânsia de solução
E saiba:
O tormento de quem tem seu gozo
No azedume alheio
Será eterno e intenso
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Sina
As vezes para curar a dor é preciso fazer sangrar
Sem bisturi ou anestesia
Deixar o pulso transbordar
Fazer suturas com fogo
Queima a ferida com gosto
Até aprender a lidar
Com todas as dores que o munda dará
Com todos os cortes que você sofrerá
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Cupido
Cupido maldito
Não traz o meu amado amor
Mas, traz meu inimigo intimo
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Canção do iniciante
Deu calvo aplauso
Falso, carnívoro
Mas eu em meio
Ao devaneio do medo
De iniciante por inteiro
Não medi o impulso
Neguei a premissa da intuição
Sussurrava e gritava
Dizendo: -Tenha atenção!
Percebi logo então
E anotei:
Tão recente
Teu coração sente
Mas teu inconsciente
Ressente
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Selvagem
Por vezes deixo
Meu lado mais animal
Surgir e noto
Que sou um anjo
Um demônio ou um deus
O instinto íntimo vaga
Solto por entre as esquinas
Sou um homem, uma mulher
Uma criança
Me desfaço de ídolos
Crenças ou ideias
Sou um selvagem
Minha natureza mãe
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Ginge
Observo os enredos que nascem dentro de mim
Compreendo que neblina é coisa sem fim
Mas antes de chover
Vou ofertar meu sacrifício
Pego pelos dedos minha promessa mais singela
De parir a despedida
Antes que minha rotina converge
Pego no esboço uma profunda definição
Para dar sentido ao indefinido padrão
E então, logo então
O mais sincero afeto é incorreto
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Aline pt.2
Sei que esse verso vai sair errado
O peso da minha consciência
Não me deixa escrever
Confessar que minha primeira
Memória ao acordar é você
Meu lado racional
Diz, é libido direcionado
Potência, projeção, idealizado
Me fere...
Peço ao universo uma maneira de esquecer
Saber que isso é só mais um sonhar acordado
Me fazer desprender
Dos adjetivos que criei para você
É cruel ver o meu céu acorrentado
A alquimia falante de organização de átomos
Não quero está condenado
A pensar
A pesar
A penar
Por alguém
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Totalidade
Tente não ligar
Pois o mundo vai te persuadir
A não querer mais sonhar
Tente não lidar
Com fatos que não se deve controlar
Fique no mesmo lugar
Tente entender
Que não dá para se esconder
Quando tenta se encontrar
E hoje possa compreender
Que nem tudo se pode salvar
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
P.
Se ele ama
Eu também me sinto amado
Se ele sofre
Quero ser solidário
Se voar
Olho para cima
Me sinto o protegendo
Com meus pés asfaltados
Se ele sonhar
Quero que esse sonho
Seja sua realidade
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Apetecível
Meu delito
Querer por heresia
Está por entre suas pernas
Que eu:
Vem, vai, se esvai
Uma sucção de amores líquidos
Que em nós:
Nos transforma o que distrai
Atender os comandos do instinto
Como entendimentos do determinismo
Do farto e lascivo emparvecer
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Vermelho
Vejo a luz vermelha da cidade
Que me nega o cuidar
Vejo o tom vermelho da tua boca
Que me chama para brincar
E a chama vermelha nos nossos olhos
O vermelho vivo dos nossos olhos
Misturado ao calor vermelho dos nossos corpos
Vejo a luz vermelha nos teus olhos
Que me pede para parar
E contemplar o entardecer vermelho da cidade
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
21
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
22
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Bondage
Vou ao encontro do teu corpo
Peço e desprezo minhas roupas
Faço da tua língua o meu toldo
Tua envergadura insinua artes loucas
Me afogo entre tuas pernas
Sou tripulante do teu orgasmo
Fazemos do instante horas e eras
Sujamos os lençóis de inteiros, restos e cacos
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Puta perfeita
Cativa heroína do meu sonho fálico
Permeia a angústia da incerteza tátil
A tática de domar teu gozo
Por força forte ou fraca
Mas antes de tomar tua alma
Deveria está dentro do teu corpo
Os ditames do instinto são belamente frágeis
Invado o teu núcleo pelo suor das margens
Tentando me guiar me dê as placas
Envolto ao devorar das marcas
Mas antes de tomar tua alma
Deveria está dentro do teu corpo
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Pejorativa
Ostento de propósito minha versão
Faço da aversão minha melhor canção
O nome teu... não sou homem dos teus
Repito, digo como quem esquece de calar
As águas rasas vêm com despropósitos
Do teu declínio faço meu negócio
O nome teu é um pejorativo
Na minha boca e em todas as bocas
Que atravessam o curta-metragem da tua vida
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
O inventor
Desejei sem pretensão de possuir
Idealizei pois o real tão tinha
Um sabor tão doce e assim
Inventei qualidade que não podia existir
E neguei defeitos que pude sentir
Coloquei no mais sacro altar
Como algo para todo dia venerar
Apenas para provar que alguém eu podia amar
... Apenas para provar para mim mesmo
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
27
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
28
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Para todos
Às vezes a gente se entrega
Ou se escolhe a prisão
Achando que tudo nessa vida
Pode ser resumido num sim ou não
Buquê de flores incineradas
Ou redenção na crucificação
Será que a gente erra na melhor opção?
E todas as pessoas que vem e que vão
Habitam por um só momento
E sobra somente solidão
E para eternizar memórias que esvai
Se traça um verso singelo de uma canção
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Aline pt.3
Em vão
Tentei costurar o coração
Para não jorrar teu nome
Como uma citação
Um sinônimo para paz
Tarde demais
De negar o que está em cartaz
Nos muros e portões
Então
Vou logo lhe afirmar
Tentando afinar o olhar
Que tens toda minha atenção
...
Mas não adianta
Que hora que passa
Não sei se ultrapassa
A marca no peito é uma tormenta
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Fallax
Eu abracei a dor
E vi ela se aprimorar
Tomar todos os cômodos da minha casa
Eu contemplei com cada palavra
Que emerge do meu ser
Será que não serve mais?
Cada momento que neguei
Caindo em turva mágoa
Frutífera era a sombra
Das minhas pegadas
Eu abracei o amor
E vi ela voltar
Para dentro da minha alma
Devolvo o que era só meu
Eu sei que o universo sabe
Que sinto muito se tudo
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
É feito inacabado
Eu abracei de uma só vez
Tudo o que me cabe
Anti-Übermasch
Já estou farto de semideuses
Vomitando egoísmo
Para comê-los de novo
Dessas festas de Baco
Infestada de tolices
Tangos de estupidez
Prosas de hedonismo
Já estou farto de semideuses
E de seus brados dionisíacos
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Ao Sonhar Acordado
Eu sonho ao teu lado
Estou nesse estado
Quem sabe eu troque minha vida
Pelo troque de um olhar
Eu sonhar acordado
Tentando alcançar
Um modo de usurpar teu ar
Que te tire do horário
Que nos deixe na jornada certa
Eu sonho acordado
Em acordar ao teu lado
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Ultravioleta
Te dei a cor
O símbolo da minha incerteza
Imperativo e impreciso
Era meu dom de errar de todas as maneiras
Neguei calor
E todas as formas de fortalezas
Eu preciso saber qual a cor da tua tristeza
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Pecado
Espero que me leia de saia
Acariciando teu sagrado íntimo
Que faça um balé de dedos em segredos
Como quem revela a um amigo
Espero que queira me arranhar
E lamber exaustivamente minha ferida
E de euforia queira me matar
Para que dentro de você eu possa ganhar vida
Meu pecado preferido é desejar
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Nirvana?
Não me recordo quando o vento notava minha ausência
E a montanha não revelava minha desconfiança
O rio da minha vida cujo nome é nostalgia
É embelezado por uma terra chamada melancolia
Faço a conjuntura com o abismo
E da previsão o conclave
Cravo meu nome em um túmulo indigente
Para vossa gente possam ver que fui de verdade
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
A cor
De um daltonismo raro
Só via tua cor
Em um sentimento deformado
Moribundo, fugaz
Era meu rumor
De ter tua cor na minha aquarela monocromática
Mórbido era o teor
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Sono
A vida é tão sublime e tão fugaz
O sopro que se vai do peito
E que não volta mais
Quem vai testemunhar
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
O grito de evolução
Que sempre fica preso na canção
Vou enfeitar, decorar meus sonhos
Para mostrar ao mundo que são tão reais
Vou enfrentar, escrever meu sono
Para que esse sonho não se perca mais
Quem vai presenciar a revolução
Do grito que agora solto pelo ar
Para nunca aniquilar minha redenção
Da vida que leva sem parar
Vou me despedir
Despertar do sono
Para que esse sonho
Possa viver no mundo real
Vende-se
Me perdi
Só de te encontrar
Acho que a mim
Nunca mais vou voltar
O semblante do sentido
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
A pergunta
Eu contei para o firmamento
Todo o meu tormento
Tudo que em mim pode existir
Esperarei
42
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
43
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Me pede para
Me libertar daqui
Escrevo uma canção
Que pode salvar
O que o coração pede
Para votar para mim
E trago um gosto nobre
O vento tarde traz o norte
Vivo para o céu tocar meu chão
E trago um gosto forte
De horizontes que esperei:
"Não é tudo em vão!"
Assim diz a canção
Estrela
Canto no mar da ferida profunda
Quem já sabe lá encontre
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Minha cura
E as águas vêm para me levar
Para onde, eu não sei
Encanto no lar onde minhas rugas
De encarar minha noite absurda
No encarte da vida um nome raro
De uma rima que sacrifica meu quarto
Olho para o céu sem deixar o chão
Eu aqui nessa imensidão
De coisas que tentei
De tantas que falhei
Por versos que ousei lutar
Olho para as estrelas
Elas são silenciosas e assim
Talvez o silêncio
Seja a resposta para mim
O grito
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
47
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Oração à musa
Entre mil sois
Ia a musa ideal
Rasgando o peito
Dos seus satisfeitos
Pretendentes
Musa, fera animal
Como eram tolos
Esses meninos coxos de coração
Repetiam assim, como num mantra
Uma oração:
Mas se eu não parasse de morrer a todo momento
Mas se eu fosse de transferir o sentimento
Se com punhal minhas necessidades te tornasse obrigação
Agora seria resplendor, não devastação
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Psícodrama
Tantos versos de amor
Meu bem, como não ser mais ridículo
Como uma carta psícografada
Indo para alguém tão distante
De um enredo sem elegância
De um semblante psicótico
Latente de quiméricas esperanças
Com uma dança assimetrias de símbolos
Linguística vistosa, bipartida
Com a ausência dos gracejos sujos
Parcos e porcos
Mas mesmo assim,
Com toda a retórica pomposa,
Ridículo
Pois a trama psíquica que reveste cada fonema de um verso de amor
Tem seu sabor ridículo
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Sem
Foi roubada a eternidade das minhas mãos
Os sinos marcam até a derradeira pulsação
Que farei?
Uma dose de vida intensa tomarei?
Furtivo e alquímico ficarei na vida
Até a vida não me doar sensação
E empoeirar a carne
E carne tornasse não
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
51
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Marafeto
Eu já fui odiado por ter o mar no peito
E por necessidade velejar
Por outro mares
Ora calmos, ora turbulentos
E por fraqueza naufragar
Eu já fui odiado por tentar amar
E por intensidade não notar
Que dentro de outros lares
Ora raso, ora raríssimo
Existiam múltiplas formas de lidar
E por fé nos modos e nas modas
A roda (vida) desse marafeto
Gira de forma triangular
52
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
O monstro
Me trás de volta ao chão
Eu não suporto mais voar
O ar é rarefeito
Não consigo respirar
Tente ao menos entender
Só você pode me libertar
Do demônio de asas que sou
Negra e cálida sina
Da minha pestilenta alvorada
Deixe que eu caia do azul do céu
Pesando dez mil toneladas
Deixe eu morrer
E salvar minha alma
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Autocrítica
Quero hesitar
Os meus atos irão transparecer errados
Tomo a culpa de antemão
Para que apenas eu seja meu condenador
Tento resistir
Aos padrões de conduta
Que o mundo tentar impor em mim
Mas me pego em atos inautênticos
E minha constante averiguação de consciência
Constata que assim não poderei seguir
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
55
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Tudo acaba...
Eu não vou te enganar
Dizendo que isso tudo vai ficar em mim
Talvez não tanto o quanto eu queria segurar
A tua mão vai segurar tão forte
Outro coração
E algum modelo de bom moço
Vai o ocupar o que era meu posto
Quem sabe até melhor que eu
E vou sorrir por ti
Quando com ele você passar por mim
Pois não é que nosso amor
Acaba, e acabou
Que vou viver com algum rancor
Ainda tenho sim
Um sentimento que é bom por ti
Daqueles que a gente guarda para lembrar
O que é ser feliz
Não vou te enganar
Dizendo que tudo acabou em mim
Foi apenas que mudou o jeito de sentir
56
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
57
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Se eu fosse do tamanho
Do meu sofrimento
Quem seria maior que eu?
Procuro urgentemente um acadêmico
Para calcular a cinemática do tormento meu
Todos as músicas, todas as músicas
Todos os filmes, todos os livros
Todas as pessoas
Narram em todas as horas
Em todo lugar
O meu calvário particular
Em todas as placas
Pixado em todo lugar
Os dizeres: Até quando você vai suportar?
O que lhe resta
Essa linha reta
Que te leva até o nada mais haverá de se pronunciar
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Contaminado
Eu te amei
Mas foi sem poder sorrir
Pois pensar em ti
É apodrecer o que há em mim
Eu não sei se foi
Culpa do acaso
Ou do nosso sangue
Ainda ser amargo
Eu te amei
Sem saber sentir
Se era por cansaço
Ou desespero, enfim
Não quero mais assim
Está contaminado
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Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Sage
Hoje eu perdi todo meu juízo
Andei com desequilíbrio
Mergulhei na contramão
Angústia, sinais
Não há como negar o meu destino
O mundo inteiro estava contra mim
Correr, para quê?
Talvez encontrar algum abrigo
Notei que meu melhor amigo
Meu único amigo
Estava ocupado demais
Me joguei, sedento, no vento
Para que meu tormento
Tomasse um pouco de ar
E ele gritou para mim
Tão sincero assim
É chegada a hora da revolução
Dome teu ofício
Tua verve singular
Seja teu próprio juízo final
Te dedique as auroras
Pois o destino teu, assim como o de todos os outros,
É fatal
60
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Veneno
Hoje acordei em um dia mórbido
Meu olho de orvalho
Gotejou nos carvalhos, oliveiras e bonsais
A pequena caveira
Preenchida de carne desvalida
No espelho
Tem vergonha de mim,
De toda a minha humilhante modéstia
Uma forma ingênua de tingir a si
Mas olhe, meu amigo,
Para o livro da vida
No meu capítulo
Está escrito:
"Ele nunca desejou ser alguém"
Mas sei que algo eu sou
Mas o que eu sou
Eu não quero ser
Hoje acordei de um pesadelo sádico
Mas o mundo real
A isso é exatamente igual
61
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
62
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Canção circular
Tua imagem vai se deformar
Na minha memória
Nossa história
Em nenhum romance estará
Mas quando
Nossas almas
Estiverem em novos corpos
Tudo voltará
63
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
D20
Falei de mais o que não devia
E gostei...
Previ o luto
Lutei do lado da morte
Só para entender que todos os ossos são iguais
Falei de mais o que não devia
E falhei...
Pois todas as palavras são erros iguais
Mas gostei
De falhar
64
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Pequena morte
Me desvio da Tv
Frases banais ficam a minha espera
Eu estou fora do ar
Sou uma peça que se encerra
Vejo como ela se distrai
Com o sutil que acontece
Dentro dela
Vem a noite
Não vem ela
A pequena morte
Logo, logo me acontece
Como vou dormir
Com a frase que atravessa a janela:
...Que ela foi feita para mim,
Mas eu não fui feito para ela
65
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Poeta
Poeta fica atento
Pois teu corpo e tua alma se vão
Enquanto tu torna tua musa eterna
Nos teus versos
Nos teus resto o que sobrará?
Poeta, sei que teu peito é de atleta
Mas ouse descansar
Porque apesar das circunstâncias
A vida um dia vai pesar
E vai cobrar
Tu provarás se carcaça é de aquentar
66
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Timidez
Se eu soubesse ao menos dizer
Questionar e me defender
Da fera feroz das minhas vergonhas
Correria para o teu lado
Mesmo que mal informado
Se soubesse como entender
Se eu soubesse ao menos
O modo de dizer sem entorpecente
E jogar o pensamento errado
Confortaria a revelia do meu peito
Gritar: -Te quero sempre ao meu lado!
67
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Amada
Não sei se por você era verbo
Sujeito, ou adjetivo...
Perambula de um anseio abstrato
Ou só mais uma idealização para o instinto?
Não sei se você pousou no verso
Sujeito que estava oculto em todas as rimas
Mas, caluniado e profanado todo o resto
Tudo que restou agora é pejorativo
68
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Registro sentimental
Minha amada...
Minha amada...
Te amei mesmo antes
De saber que você poderia existir
Te amei em todas as canções
Que ouvi
Todas elas eram um presságio de ti
Minha amada
Todas as calçadas anunciavam sua chegada
E sendo sincero
O universo me faz sorrir
Pois nada insinua
Que um dia você irá partir
69
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Você
Enumerou todos os erros
Em categoria colocou meus defeitos
Fez dissertação: Como ser tão ridículo assim
Calculou como seria meu fim
Fez biografia da minha mediocridade
Mas todos atos e palavras
Lançadas em todas as casas
Só mostrará tua essência de víbora
E tua queda será pelas tuas mesquinhas armas
70
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Até o fim
Por tanto tempo ousava repousar
Não conceber nenhum desejar
Para ter a paz de ter o peito
A vagar vazio
Mas tua voz, teu olhar
Insinuava meio assim:
"Confia em mim"
E teu beijo, a flor flutuando
Em meus sonhos e meu medo
Comecei a notar que gostava de desejar
Se esse desejo fosse por ti
E ansiava agora, sem nenhum conflito
Que eu pudesse contemplar
Teu beija-flor descansando em meu jardim
Até o fim, de mim
71
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Patrícia
Enquanto te escrevo esse verso
Teu nome é emblema no meu peito
Minhas palavras serão suspeitas
Como poderia eu assim te eternizar
Com palavras, seria te gravar
Se uma forma rudimentar
Pois logo no início
Ao dá teu nome ao título desse poema
Sinto ódio do meu dilema
Lembrar que apenas teu nome
Que verdadeiramente
Poderei ter, teu, em mim
(Mas devo está enganado)
72
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Líquidos segredos
Ódio e desejo
Na língua o corpo, o meio
Sangue, cuspe e segredo
Te incita a ser selvagem
A dança que faço dentro da tua carne
Queimando o carma da cama
Chama enquanto me chama
Riscos no meu peito
Ensanguentados os teus dedos
Grito, rude despejo
Dos líquidos segredos
73
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Incubus e sucubus
O amor das flores e campos
Da donzela e do cavalheiro
Não cativa mais que gracejos
Morrendo em caminhos no vento
É mais belo o lascivo
De instinto, inquietante
De fulgores fascinantes
De ânsias mirabolantes
Pois o afeto é um demônio interno
Perdido e insiste em ser indiscreto
Pedindo exorcismo
74
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Passeio na alvorada
Então
Te entrego uma flor
Ou um aforismo?
Melhor…
Um convite em um pedaço
Rasgo, de papel azul
Para ir comigo
Por qualquer caminho
O singelo convite mais ou menos assim:
“Vamos dar uma volta?
Quem sabe desobedecendo as horas
Fiquemos um pouco mais”
75
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Questão de geografia
Talvez eu já não tenha amigos
E a culpa seja minha
Pois meus defeitos
Irremediáveis
Não sejam assim aceitáveis
Talvez eu tenha amigos
Que são, no fim,
Apenas só colegas
De trabalho, de lazer
De jornada
Talvez eu nunca tive amigos
E a culpa seja na verdade
Do local em qual não me enquadro
Mas, talvez, os defeitos
Que carrego em minha carne
Em outro ponto do mundo
Seja algo não notável
Até mesmo sejam qualidades
76
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Musa ideal
...E a utopia se vez carne
Embelezada mocidade
Capacidade de revolução
Purifica o que lhe passa
É verdade do céu ao chão
Se faz rude quando necessário
Pois a vida por vezes
Pede essa ação
Mas é feita, em essência,
De fino trato
Trata com educação
Que nasce do seu coração
77
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Musa real
Coragem em um tom Pastel
Está tingindo seu olhar
E sofre, pois é feita de carne
E ama, pois é feita de alma
E luta, pois é feita de vida…
Coragem já que enfrenta
Um mundo em oposição
Pensa: “Meu êxito será valorizado
O uma pele exuberante
Teria mais aceitação?’
As vezes rude
Outras não
Pois sua essência não
Se resume a um tipo de redução
E patética categorização
78
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Abstinência
Por muito tempo
Me vi cometa
Caindo tragicamente
Em qualquer planeta
Seria passional
Meu espírito errante?
Seria transcendental
O desejo constante?
Mas por causas vaidosas
Não vi que me embriagava
De carência
Batendo continência
Ao peito que pretendia abrigo
Talvez faltasse sangue
Talvez o sangue estivesse enfraquecido
79
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
80
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Tão inconcreto
Simplesmente é o renascimento
Das leves sensações
81
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
Sobre o autor
82
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
83
Sobre todas as coisas que esquecemos de falar
71
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