Sie sind auf Seite 1von 5

MILAGRES

A análise do tema dos milagres está intimamente ligada à providência divina. Ali argumentamos que Deus
exerce um controle abrangente, contínuo e soberano sobre todos os aspectos da sua criação. Este capítulo
supõe uma compreensão da discussão da providência e nela se baseará na abordagem da questão dos
milagres.

A. DEFINIÇÃO

Podemos dar a seguinte definição: milagre é um gênero menos comum da atividade divina, pela qual Deus
desperta a admiração e o espanto das pessoas, dando testemunho de si mesmo. Essa definição leva em
conta nossa compreensão prévia da providência divina, segundo a qual Deus preserva, controla e governa
todas as coisas. Se compreendemos assim a providência, naturalmente evitaremos algumas outras
explicações ou definições comuns de milagres.

B. OS MILAGRES COMO CARACTERÍSTICA DA ERA DA NOVA ALIANÇA

No Novo Testamento, os sinais miraculosos de Jesus atestavam que ele provinha de Deus; Nicodemos o
reconheceu: “Ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2). A
transformação de água em vinho, operada por Jesus, foi um “sinal” que “manifestou a sua glória; e os seus
discípulos creram nele” (Jo 2.11). Segundo Pedro, Jesus foi “aprovado por Deus diante de vós com milagres,
prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós” (At 2.22).

De fato, aparentemente é característico da igreja do Novo Testamento a ocorrência de milagres. No Antigo


Testamento, os milagres pareciam ocorrer primordialmente vinculados a um líder eminente por vez, como
Moisés, Elias ou Eliseu. No Novo Testamento, ocorre uma explosão súbita e insólita dos milagres no início
do ministério de Jesus (Lc 4.36-37, 40-41).

C. OS PROPÓSITOS DOS MILAGRES

Um dos propósitos dos milagres é certamente autenticar a mensagem do evangelho. Isso ficou evidente no
próprio ministério de Jesus, pois gente como Nicodemos reconheceu: “Sabemos que és Mestre vindo da
parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2).
Isso também se mostrou claro à medida que o evangelho passou a ser proclamado pelos que ouviram Jesus,
pois, quando pregavam, Deus dava “testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres
e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade” (Hb 2.4).
D. ESTAVAM OS MILAGRES RESTRITOS AOS APÓSTOLOS?

1. Uma concentração incomum de milagres no ministério dos apóstolos.

Alguns já argumentaram que os milagres estavam restritos aos apóstolos, ou aos apóstolos e às pessoas
intimamente ligadas a eles. Antes de considerar seus argumentos, é importante observar que há algumas
indicações de que uma admirável concentração de milagres caracterizava os apóstolos como representantes
especiais de Cristo.

2. Quais são os “sinais de um apóstolo” em 2ª Coríntios 12.12?

Por que então alguns argumentam que os milagres eram sinais exclusivos que distinguiam os apóstolos? Seu
argumento se baseia principalmente em 2ª Coríntios 12.12, onde Paulo diz: “As marcas de um apóstolo –
sinais, maravilhas e milagres – foram demonstradas entre vocês, com grande perseverança” (2Co 12.12). Ao
ponderar essa questão, é importante lembrar que na passagem-chave usada para estabelecer esse argumento,
na qual Paulo fala dos “sinais de um verdadeiro apóstolo” em 2ª Coríntios 12.12 (RSV), ele não está tentando
provar que é um apóstolo que se distingue de outros cristãos que não são apóstolos. Antes, tenta provar que é
um verdadeiro representante de Cristo, ao contrário dos “falsos apóstolos” (2Co 11.13), falsos representantes
de Cristo, servos de Satanás que se disfarçam de “ministros de justiça” (2Co 11.14-15).

3. Hebreus 2.3-4.

Outra passagem que às vezes se usa para sustentar a ideia de que os milagres estavam limitados aos
apóstolos e às pessoas intimamente ligadas a eles é Hebreus 2.3-4. Ali o autor diz que a mensagem da
salvação, “tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do
Espírito Santo, segundo a sua vontade”.

4. Conclusão: estavam os milagres restritos aos apóstolos?

Se o ministério no poder e na glória do Espírito Santo é característico da era da nova aliança (2Co 3.1-4.18),
então nossa expectativa seria justamente o contrário: esperaríamos que a segunda, a terceira e a quarta
gerações de cristãos, que também conheceram a Cristo e o poder da sua ressurreição (Fp 3.10), que estão
continuamente se enchendo do Espírito Santo (Ef 5.18), que são participantes de uma luta que não é terrena,
mas que se desenvolve com armas que têm o poder divino de destruir fortalezas (2Co 10.3-4), que não
receberam espírito de covardia, “mas de poder, de amor e de moderação” (2Tm 1.7), que são fortes no
Senhor e na força do seu poder e que vestiram toda a armadura de Deus a fim de poder fazer frente aos
principados e potestades, às forças espirituais do mal nas regiões celestes (Ef 6.10-12), também teriam a
capacidade de ministrar o evangelho não somente em verdade e amor, mas também com as respectivas
demonstrações miraculosas do poder de Deus.
E. OS FALSOS MILAGRES

Os mágicos do faraó foram capazes de operar alguns falsos milagres (Êx 7.11, 22; 8.7), embora logo depois
tenham sido obrigados a admitir que o poder de Deus era maior (Êx 8.19). Simão, o mágico da cidade de
Samaria, assombrava as pessoas com suas mágicas (At 8.9-11), ainda que os milagres realizados por
intermédio de Filipe fossem muito maiores (At 8.13). Em Filipos, Paulo encontrou uma moça escrava
“possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores” (At 16.16), mas
Paulo repreendeu o espírito, que dela saiu (At 16.18). Além disso, Paulo diz que quando o iníquo vier, virá
“com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem” (2Ts
2.9-10), mas aqueles que os aceitarem e forem enganados o farão “porque não acolheram o amor da verdade
para serem salvos” (2Ts 2.10). Isso indica que aqueles que operarão falsos milagres no final dos tempos pelo
poder de Satanás não falarão a verdade, mas pregarão um falso evangelho.

F. SERÁ QUE OS CRISTÃOS DEVEM BUSCAR MILAGRES HOJE?

Uma coisa é dizer que os milagres podem acontecer hoje. Outra bem diferente é pedir milagres a Deus. Será
correto então que os cristãos peçam que Deus opere milagres?

A resposta depende do motivo pelo qual se buscam os milagres. Certamente é errado buscar poderes
miraculosos para aumentar a fama ou o poder próprios, como o fez o mágico Simão; Pedro lhe disse: “... o
teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja
perdoado o intento do coração” (At 8.21-22).

É também errado buscar milagres por mera diversão, como o fez Herodes: “Vendo a Jesus, sobremaneira se
alegrou, pois havia muito queria vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; esperava também vê-lo fazer
algum sinal” (Lc 23.8). Mas Jesus nem sequer quis responder às perguntas de Herodes.

É ainda errado que descrentes céticos busquem milagres simplesmente a fim de encontrar motivos para
criticar os que pregam o evangelho.

O DOM DE MILAGRES

Logo após apóstolos, profetas e mestre, Paulo diz “depois, operadores de milagres” (1Co 12.28). Ainda que
muitos dos milagres vistos no Novo Testamento fossem especificamente milagres de cura, Paulo aqui alista a
cura como um dom distinto. Assim, nesse contexto ele deve ter em vista algo diferente de cura física.

Devemos perceber que talvez a palavra milagre não dê uma ideia muito precisa do que pretendia Paulo, uma
vez que a palavra grega é simplesmente a forma plural da palavra dynamis, “poder”. Isso significa que o
termo pode referir-se a qualquer tipo de atividade em que se evidencie o grande poder de Deus. Isso pode
incluir respostas a orações por livramento de perigos físicos (como no caso dos apóstolos livrados da prisão
em At 5.19-20 ou 12.6-11), ou atos poderosos de julgamento contra inimigos do evangelho ou contra os que
precisam de disciplina dentro da igreja (veja At 5.1-11; 13.9-12), ou proteções miraculosas de ferimentos
(como ocorreu com Paulo e a víbora em At 28.3-6). Mas tais atos de poder espiritual também podem incluir
poder para triunfar sobre a oposição demoníaca (como em At 16.18; cf. Lc 10.17).

SOBRE O DOM DE CURA

1. Introdução: doença e saúde na história da redenção.

Para começar, precisamos compreender que a doença física surgiu como consequência da queda de Adão e
que a enfermidade e a doença são simplesmente parte do produto da maldição após a queda que acabam
levando à morte física. Cristo, porém, nos redimiu dessa maldição quando morreu na cruz: “Certamente, ele
tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] e pelas suas pisaduras fomos
sarados” (Is 53.4-5). Essa passagem refere-se à cura física e também espiritual que Cristo nos conseguiu,
pois Pedro a cita para falar de nossa salvação: “... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os
nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes
sarados” (1Pe 2.24).

2. Os propósitos da cura.

Assim como outros dons espirituais, a cura tem vários propósitos. Com certeza serve como um “sinal” para
autenticar a mensagem do evangelho e mostra que é chegado o reino de Deus. Depois, a cura também traz
conforto e saúde aos doentes e, assim, demonstra o atributo divino de misericórdia para com os que sofrem.
Em terceiro lugar, capacita as pessoas para o serviço, ao remover impedimentos ao ministério. Em quarto
lugar, a cura provê oportunidade para que Deus seja glorificado à medida que as pessoas veem provas
materiais de seu amor, bondade, poder, sabedoria e presença.

3. Que dizer do uso de remédios?

Qual a relação entre a oração pela cura e o uso de remédios e a capacidade do médico? Com certeza devemos
usar remédios caso disponhamos deles, porque Deus também criou na terra substâncias com que podemos
produzir remédios com propriedades terapêuticas. Os remédios, portanto, devem ser considerados parte de
toda a criação que Deus considerou “muito bom” (Gn 1.31). Devemos empregar de bom grado os remédios
com gratidão ao Senhor, pois “ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém” (Sl 24.1). De fato,
quando dispomos de medicamentos e nos recusamos a usá-los (em casos que isso poderia pôr em risco a
nossa vida ou a de outros), parece que estamos errando, “tentando” o Senhor nosso Deus (cf. Lc 4.12); isso é
semelhante ao caso de Satanás tentando Jesus para que pule do templo em vez de descer pelos degraus.
Havendo meios normais para descer do templo (os degraus), pular é “tentar” a Deus, exigindo que realize um
milagre nesse exato momento. Recusar-se a empregar um medicamento eficaz, insistindo que Deus realize
um milagre de cura em vez de curar por meio do remédio, é muito semelhante a isso.
4. O Novo Testamento apresenta métodos comuns empregados na cura?

Os métodos de cura empregados por Jesus e os discípulos variavam de caso a caso, mas com maior
frequência incluíam a imposição de mãos. No versículo que acabamos de citar, Jesus sem dúvida podia ter
proferido uma ordem poderosa, curando toda a multidão instantaneamente, mas em lugar disso “ele os
curava, impondo as mãos sobre cada um” (Lc 4.40). A imposição de mãos parece ter sido o principal meio
de cura empregado por Jesus, porque quando as pessoas chegavam e lhe pediam cura, não pediam
simplesmente que orasse, mas diziam, por exemplo, “vem, impõe as mãos sobre ela, e viverá” (Mt 9.18).

6. Mas, e se Deus não curar?

Entretanto, precisamos compreender que nem todas as orações por cura serão respondidas nesta era. Às
vezes Deus não concede a “fé” especial (Tg 5.15) de que a cura ocorrerá, e às vezes Deus opta por não curar
por causa de seus propósitos soberanos. Nesses casos, precisamos lembrar que Romanos 8.28 ainda é
verdade: apesar dos “sofrimentos do tempo presente” e apesar de gemermos “aguardando [...] a redenção do
nosso corpo” (Rm 8.18, 23), “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Isso também inclui a atuação de Deus em
nossa situação de sofrimento e enfermidade.

Das könnte Ihnen auch gefallen