Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
&
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Educação t. .iTecnologia
.g
. .o
...............................................................
.60
The goal of this paper is to present the contributions of the Master’s degreeProgram in Technology
of the Federal Center for Technological Education of Minas Gerais, Brazil (CEFET-MG), for the
teaching of Engineering and the engineer’s formation. This program has its focus on the area
of Technological Education. Eight dissertations were analyzed, which present investigations on
Engineering courses, the professional performance of engineers or the situation of graduates
from the CEFET-MG Engineering courses. Based on those dissertations, we conclude that the
Master’s degree in Technology contributes to the Education of the engineer and the acquisition of
new qualifications and skills, offering support to the teaching of Engineering and to the engineers’
technical and professional performance. The dissertations focused also emphasize the need
for more studies in the initial and continuous formation of the engineer, about his professional
performance and career, as well as continuous observation, by means of scientific investigation,
of new developments and changes in the scientific technology of flexible production processes.
1
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais: Mestrado em Educação Tecnológica e Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Mestrado
em Ensino de Matemática. laudaresjb@dppg.cefetmg.br.
2
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais: Mestrado em Educação Tecnológica, Diretoria de Ensino Superior e Diretoria de Relações Empresa-
riais e Comunitárias. edmilson@adm.cefetmg.br
3
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais: Mestrado em Educação Tecnológica e Unicentro Newton Paiva: Newton Paiva Virtual. adalci.prof@
newtonpaiva.br.
Recebido em: 12/6/2008; Aceito em: 11/5/2009. Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 60-67, jan./abr. 2009
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Educação
. . . . . . . . . .&
. . Tecnologia
...............................................................
61
aptos a atuar como “[...] bom condutor de homens e se a capacidade de se tomar decisões baseadas numa
para isso terá desde cedo de habituar-se a dirigi-los, visão global das diversas consequências que essa decisão
orientá-los e, [...] comandá-los.” (KAWAMURA, 1981, p. implica. “Uma visão global requer uma visão filosófica de
69). Estendeu-se o princípio mecanicista cartesiano do mundo, de valores, de princípios e do próprio homem”
homem enquanto dominador e controlador da natureza (CUNHA, 1999, p. 18).
para a construção de um princípio de dominação de Ao engenheiro coube o papel de recuperar o
homem sobre homem. tempo perdido, tornando-o apto a responder à demanda
Em uma terceira fase (KAWAMURA, 1981), que se de qualidade exigida pelos mercados transnacionais,
estendeu de 1945 à década de 1970, houve ampliação requalificar os engenheiros já formados e atualizar os
do número das escolas de engenharia no Brasil. Essa cursos de engenharia.
ampliação visava a atender aos interesses de uma Foi dentro desse espírito de retomada do tempo
política econômica industrializante, difundida através perdido que surgem, em julho de 1987, os cursos de pós-
da internacionalização das economias, e reservava ao graduação do CEFET-MG, dos quais emerge, em 1988, o
engenheiro um papel de administração e gerência de Mestrado em Tecnologia com área de concentração em
empresas e utilização e manutenção da tecnologia Educação Tecnológica.
instalada. Sua atuação era limitada à manutenção e à O mestrado viabilizou um espaço para a
utilização, visto que a concepção e a criação de novas requalificação do profissional em tecnologia, visando à
tecnologias realizavam-se nas matrizes, geralmente geração e ao desenvolvimento da inovação do processo
indústrias ou institutos de pesquisa dos países centrais e do produto.
ou desenvolvidos. Nas palavras de Vieira (Apud CUNHA, 1999,
Segundo Cunha (1999), esse período também p. 51), “[...] sempre existiu uma interrelação muito
foi marcado por maior influência norte-americana, grande entre o desenvolvimento social e econômico
consolidada através de acordos como o MEC-USAID. do País e a formação do tipo de engenheiro necessário
Esse acordo previa o incremento na área técnica, para satisfazer às demandas que surgiram, com esse
em prejuízo da formação humanística. Não há, até desenvolvimento”.
este momento, disciplinas que trabalhavam com o
estudante o desenvolvimento de uma visão humanista
e crítica, no que diz respeito à sua própria formação.
Assim sendo, as escolas de engenharia reforçavam sua
posição de aparelho ideológico do estado (ALTHUSSER, FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO
1985). Tratava-se de uma domesticação de indivíduos
propiciando sua rápida inserção no sistema produtivo.
O CEFET-MG, em meados da década de 1960,
iniciou o curso de Engenharia de Operações, com O histórico traçado faz transparecer a nítida
duração de três anos e duas modalidades, Mecânica e relação entre as inovações tecnológicas e o perfil de
Elétrica. Em 1978, o CEFET-MG, então Escola Técnica engenheiro demandado por nossa sociedade. Essa
Federal de Minas Gerais (ETFMG), eleva-se à condição relação é tão marcante que se encontra presente
de Escola Superior, dotada de autonomia administrativa, até mesmo na própria definição do profissional em
patrimonial, financeira, didática e disciplinar (LAUDARES, engenharia:
1992; CUNHA, 1999). Procede-se, então, à reavaliação e
à transformação do curso de Engenharia de Operação.
Comprova-se que 2200 horas didáticas concentradas Com a formação superior plena, o engenheiro é um
em três anos eram insuficientes para a formação do profissional que desenvolve sua atividade na área de
engenheiro (PENA, 2000; BATISTA, 2003). A partir dessa tecnologia; sua responsabilidade é produzir tecnologia
constatação, cria-se o curso pleno de Engenharia Industrial e trabalhar os processos industriais gerando bens para
(Mecânica e Elétrica), com duração de cinco anos. a sociedade, a partir da produção científica disponível.
(LAUDARES, 1992, p. 52).
A década de 1980 caracterizou-se pelas
transformações tecnológicas baseadas na organização
de produção e trabalho flexíveis, a partir das experiências O curso de engenharia tem como perfil do formando
japonesas e europeias. O mercado internacional começa egresso/profissional o engenheiro, com formação
a voltar-se para a busca de profissionais qualificados, generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a
em detrimento do trabalho desqualificado e barato. absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a
Questionava-se o porquê de a política de aquisição de sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução
tecnologias prontas e acabadas em formato ‘pacote’, de problemas, considerando seus aspectos políticos,
iniciando a luta contra o imperialismo tecnológico e econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão
ética e humanística, em atendimento às demandas da
científico dos países desenvolvidos. É nessa mesma
sociedade. (BRASIL, Resolução 11/2002, p. 1, que
década, e com base no mesmo espírito crítico, que se
regulamentou as Diretrizes Curriculares Nacionais
inicia a formação humana e social do engenheiro. Busca- para os cursos de engenharia).
Uma vez que há estreita ligação entre o engenheiro Cunha (1999), ao estudar as disciplinas da área
e as novas tecnologias, as recentes mudanças nos cenários de formação humanística dos cursos de engenharia,
mundial e local, como globalização da economia, criticou o currículo. Em sua pesquisa, o currículo era
terceirização, código de defesa do consumidor, Programa caracterizado como um “campo de força”, visto que se
de Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – trata de um espaço em que os docentes se posicionam
PBQP-H – e o acirramento da concorrência interempresas contra ou a favor de determinados valores, além de
têm apontado para a necessidade urgente de mudanças compartimentar o curso em disciplinas sem integração,
profundas nos cursos de formação e preparação desse pois o currículo “é o resultado da ação de sujeitos, que
futuro profissional (BATISTA, 2003). conscientemente ou não, fazem escolhas e dirigem
A grande questão que perpassa este tópico é: sua prática para determinados pólos que podem servir
como formar um profissional com características capazes ao interesse de um sistema socialmente construído”
de atender a essas exigências sociais, econômicas e (CUNHA, 1999, p. 112).
tecnológicas? Para Laudares (1992) e Batista (2003), o
As pesquisas realizadas, que são apresentadas nas currículo não é meramente um conjunto de matérias e
dissertações estudadas, apontam para a necessidade de disciplinas constituintes da grade curricular, e sim:
um engenheiro com qualificação de novo tipo.
Além da preocupação com o desenvolvimento
de habilidades e competências, a resolução 11/2002 [...] um conjunto extenso de ações que precedem a
apresenta, no quinto artigo, a necessidade de se reduzir formatação da grade curricular, a qual, por sua vez, se
o tempo de sala de aula, enfatizando a importância de torna conseqüência destas mesmas ações, sendo capaz
de refletir seus efeitos e suas demandas. [...] a estrutu-
atividades individuais e em grupo entre os estudantes.
ração e elaboração da grade curricular deve partir da
O artigo se refere a atividades como, no mínimo, análise dos seguintes itens: diagnóstico das demandas
trabalho de conclusão de curso e as complementares, do mercado regional e nacional [...] alinhamento à
como: iniciação científica, projetos multidisciplinares, política nacional e internacional [...] estudo da clientela
visitas teóricas, trabalhos em equipe, desenvolvimento [...] definição clara e objetiva do perfil do profissional
de protótipos, monitoria, participação em empresas [...] Orientação conforme linha filosófica humanística
juniores e outras. [...] forma de ingresso adequada e de engajamento do
O sexto artigo divide o curso em três núcleos de estudante à vida universitária [...] inter-relação Escola-
conteúdos: um básico, que corresponde a 30% da carga Empresa-Sociedade [...] definição de programas de ini-
ciação científica [...] e escolha de orientação pedagógica.
horária mínima; um profissionalizante, que corresponde
(LAUDARES, 1992, p. 65-69)
a 15% da carga horária mínima; e específico, que
corresponderá ao restante da carga horária mínima do
curso (55%). Esse mesmo artigo outorga semiautonomia Merece destaque, ainda, no tocante aos currículos
para as IFES escolherem, entre as 53 disciplinas citadas, de engenharia, a percepção dos alunos de que as
aquelas que comporão sua carga horária mínima do disciplinas humanísticas são “perfumaria”. Essa
núcleo profissionalizante e total autonomia para a percepção é herança do período positivista e cria maior
escolha da carga horária do núcleo específico do curso. valorização das disciplinas ligadas ao saber técnico-
A única pré-condição citada é que sejam consideradas prático da profissão, em detrimento daquelas que
as habilidades e competências esperadas do profissional buscam transmitir aos alunos a visão crítica da relação
egresso. do engenheiro com a sociedade e seu lugar no mundo
No sétimo artigo, encontramos a delimitação capitalista e do trabalho (CUNHA, 1999).
clara da carga horária mínima de 160 horas de estágio Ferreira (2004) não só concorda com essa
curricular a ser cumprido por qualquer instituição de postura de criação de um olhar crítico nos egressos
ensino superior que forme engenheiros. de engenharia, como também testa a metodologia do
É interessante ver os resultados da investigação ensino da maiêutica socrática, com o intuito de aguçar
dos mestrandos do CEFET-MG quanto a sua coerência e facilitar a aquisição dessa competência. O estudo por
com a legislação. ela desenvolvido conclui que essa metodologia não só
Em 1992, quando Laudares redigiu sua dissertação contribuiu para o aumento significativo da percepção
de mestrado, estava em vigor a resolução do CFE de crítica, como também melhorou a habilidade redacional
número 48/76. Não obstante, esse autor já chamava discente.
a atenção para a necessidade de reformulação do Outra dicotomia encontrada nas dissertações
quadro de disciplinas, tendo em vista as reformulações (LAUDARES, 1992; BATISTA, 2003) aponta para dois
tecnológicas, sociais e políticas sofridas nos, até então, perfis profissionais do engenheiro: o primeiro estaria
16 anos decorridos. Outro motivador de reformulação ligado à concepção, à abstração, à pesquisa e às atividades
era a necessidade de maior autonomia universitária, visto de direção, supervisão e ensino de engenharia e,
que cada currículo deveria atender, não só a parte básica portanto, seria chamado de “Engenheiro de Concepção”.
comum, mas também a diversidade regional do parque Já o segundo perfil, o “Engenheiro Industrial”, é um
industrial atendido. profissional que estabelece a ligação da concepção
(projeto) à produção. Trata-se de um engenheiro gestor, determinação de uma linha pedagógica para o currículo
apto a desempenhar as atividades do setor produtivo. discutida, definida e assimilada por toda a comunidade
A pesquisa realizada por Laudares (1992) em duas envolvida num processo participativo, democrático e
consciente, com autonomia para fixação e aprovação
instituições mineiras, CEFET-MG E IPUC-MG (Instituto
de parâmetros e regulamentação inerentes ao processo
Politécnico da Pontifícia Universidade Católica de Minas curricular. (LAUDARES, 1992, p. 73-74)
Gerais), demonstra a dicotomia, apresentando a primeira
instituição com traços voltados para a formação do
engenheiro industrial, ao passo que o IPUC-MG formaria
engenheiros de concepção. Essas diferenças seriam
oriundas dos diferentes enfoques dados à área prática
dos cursos. Enquanto o curso oferecido pelo CEFET-MG A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ENGENHEIRO E SUA
exigia do aluno 360 horas de estágio supervisionado, FORMAÇÃO CONTINUADA
o curso da IPUC-MG tinha apenas 30 horas de estágio.
Além dessa diferença, o CEFET ofertava maior número de
aulas práticas e utilizava mais as oficinas nas disciplinas
técnicas.
Batista (2003), em sua comparação entre os Segundo DALBEN (2004):
cursos de engenharia civil e de produção civil, demonstra
com clareza a necessidade de mais ênfase nas disciplinas
A formação continuada é aquela desenvolvida após a
de formação gerencial. Pena (2000) contribui quando formação inicial e que está vinculada àqueles projetos em
aponta, a partir de um survey com egressos dos cursos que ações de formação acontecem em situações específicas,
de engenharia dos anos 1979 a 1994, a necessidade de em espaços específicos, conforme propostas elaboradas a
uma didática sistematizada para melhorar o processo de partir de demandas também específicas. (DALBEN,
ensino e a relação professor-aluno. 2004, on line)
Todo esse questionamento trouxe quatro grandes
desafios aos cursos superiores de engenharia. O primeiro
desafio é a mudança da percepção de docentes e de Ainda segundo a autora, a formação continuada
discentes de que o curso não passa de um mero treinamento apresenta característica de superação dos limites do
empresarial, negando a validade de matérias básicas e de repasse de informações desvinculadas do contexto.
concepção humanística para a formação do engenheiro Essa característica seria fruto da inserção dos sujeitos
(LAUDARES, 1992; CUNHA, 1999; BATISTA, 2003). no ambiente profissional em dada realidade, podendo
garantir unidade entre o cognitivo, o afetivo e o
motivacional, ampliando a possibilidade de construção
Este trabalho defende ainda a idéia de que a escola, de uma cultura profissional diferenciada. Nesse sentido:
ao fornecer os instrumentos para o engenheiro exercer
a sua atividade profissional, deve levá-lo a refletir sobre
as finalidades e as conseqüências das aplicações desses A formação continuada não pode ser concebida apenas
instrumentos para a sociedade e para o contexto [...] como um meio de acumulação de cursos, palestras,
político, social e ecológico no qual sua ação se desenvolve. seminários, de conhecimentos ou técnicas, mas um
(CUNHA, 1999, p. 144-145) trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e
de construção permanente de uma identidade pessoal
e profissional em interação mútua. Além disso, a for-
O segundo desafio diz respeito à flexibilização dos mação continuada precisaria, ainda, estar articulada
cursos de engenharia, visto que sua parte tecnológica com o desempenho [...] dos profissionais, tornando as
tem avançado com cada vez maior rapidez (BATISTA, escolas lugares de referência. Trata-se de um objetivo que
2003). Diante dessa rápida desatualização profissional, só adquire credibilidade se os programas de formação
se estruturarem em torno de problemas e de projetos de
Laudares (1992) sugere ao egresso a intensificação de
ação e não em torno de conteúdos acadêmicos, apenas.
participação em cursos de reciclagem, ao passo que às (DALBEN, 2004, on line)
instituições formadoras cabe maior preocupação com a
formação continuada, a adoção de políticas agressivas
de interrelação escola-empresa e contínua atualização e As Diretrizes Curriculares Nacionais, no artigo
especialização do corpo docente. 4º, Inciso XIII, estabelecem como um dos objetivos
Ainda se almeja como terceiro desafio a aquisição da formação do engenheiro a busca permanente de
de um currículo tecnológico interdisciplinar, visando atualização profissional, estimulando-o a essa forma de
à união e à integração necessárias para se evitar as capacitação profissional.
atividades executadas sem um direcionamento sistêmico Nas dissertações em estudo, observa-se que
e as matérias ministradas sem conexão, com conteúdos Batista (2003), tratando da educação continuada,
repetidos e autônomos. cita Mundim, e justifica esse tipo de educação para o
O último desafio se pauta na engenheiro em função de: