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Teoria da Literatura

Aula 4
Gêneros Literários: Os Gêneros 
Dramático, Épico e Narrativo
Profª. Amanda Crispim Ferreira
Graduada em Letras (UEL)
Mestre em Estudos Literários (UFMG)
Doutoranda em Letras (UEL)
Objetivos

Pretende‐se que ao final da aula o aluno possa 
identificar as especificidades dos gêneros literários 
dramático, épico e narrativo, bem como as formas 
dramáticas e narrativas.
Gênero dramático
Drama, em grego,  significa “ação”.
Ao gênero dramático pertence os textos em poesia ou 
prosa, feitos para serem representados.
A voz narrativa está entregue aos personagens que 
contam a história, por meio de diálogos ou monólogos.
Retrata, fundamentalmente, os conflitos das relações 
humanas.
Teatro X texto dramático.
Elementos do texto dramático
Rubricas: informações, explicações a respeito de ações, 
gestos, marcações , cenários, tempo.
Ação: É o elemento fundamental do texto. Aquilo que uma 
personagem faz para conseguir o que quer. 
Diálogo: Contribui para a ação no drama.
Conflito: Divergências de vontades entre personagens.
Enredo: A história em si.
Personagem: Quem age no drama.
Espaço/Tempo: Local e horário/época.
O auto da compadecida
Ariano Suassuna
[...]JOÃO GRILO: É a velha, com o cachorro. Como é, o senhor benze ou 
não benze?
PADRE: Pensando bem, acho melhor não benzer. O bispo está aí e eu 
só benzo se ele der licença. (À esquerda aparece a mulher do padeiro e 
o padre corre para ele.) Pare, pare! (Aparece o padeiro.) Parem, 
parem! Um momento. Entre o senhor e entre a senhora: o cachorro 
fica lá!
MULHER: Ai, padre, pelo amor de Deus, meu cachorro está morrendo. 
É o filho que eu conheço neste mundo, padre. 
Não deixe o cachorrinho morrer, padre.
PADRE (comovido): Pobre mulher! 
Pobre cachorro!
(João Grilo estende‐lhe um lenço e 
ele se assoa ruidosamente.)
PADEIRO: O senhor benze o cachorro, Padre 
João?
O auto da compadecida
Ariano Suassuna
JOÃO GRILO: Não pode ser, O bispo está aí e o padre só benzia se 
fosse o cachorro do major Antônio Morais, gente mais 
importante, porque senão o homem pode reclamar.
PADEIRO: Que história é essa? Então Vossa Senhoria pode benzer 
o cachorro do major Antônio Morais e o meu não?
PADRE (apaziguador) Que é isso, que é isso?
PADEIRO: Eu é que pergunto: que é isso? Afinal de contas eu sou 
presidente da Irmandade das 
Almas, e isso é alguma coisa. [...]
ATIVIDADE 1

Observe o fragmento de O pagador de promessas e 
aponte os elementos do texto teatral.
O pagador de promessas, 
Dias Gomes 
MINHA TIA :(Para Zé‐do‐Burro) Não desanime, moço. Hoje é dia 
de Iansã, mulher de Xangô, Orixá dos raios e das tempestades. 
Mais nos terreiros, ela está descendo no corpo dos seus cavalos. 
Vai falar com ela moço, vai pedir a proteção de Iansã, que tudo 
quanto é porta há de se abrir' (Ouvem‐se trovões mais fortes que 
da vez anterior) Óia/... (Aponta para o céu) Iansã está falando!... 
(Abaixa‐se, toca o chão com a ponta dos dedos, depois a testa e 
saúda Iansã) Eparrei, minha mãe! 

(GOMES, Dias. O Pagador de Promessas. 
Peça teatral. v.4. Rio de Janeiro: Bertrand, 
2003.73).
Formas dramáticas
Tragédia: segundo Aristóteles, em sua Poética, a 
tragédia é “a imitação de uma ação de caráter elevado, 
suscitando o terror e a piedade. Tendo como efeito a 
purificação dessas emoções”. Retratada por um caráter 
mais sério e solene, com personagens humanos 
pertencentes às classes nobres, como reis, príncipes, 
que sofriam nas mãos dos deuses e do Destino. Há 
sempre um final trágico.
Édipo‐Rei, de Sófocles.
Formas dramáticas
Comédia: para Aristóteles era a “imitação de homens 
inferiores, não quanto a toda a espécie de vícios, mas só 
quanto àquela parte do torpe que é o ridículo”. De caráter 
cômico, tinha o cotidiano como temática, satirizando os 
defeitos humanos e a sociedade como um todo, 
representada por personagens estereótipos das debilidades 
humanas.
A megera domada, Shakespeare
Formas dramáticas

Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos 
trágicos e cômicos.
Farsa: pequena peça teatral, de caráter ridículo e 
caricatural, que critica a sociedade e seus costumes.
Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente.
Auto: forma predominante no período medieval, meio de 
evangelização. Caráter popular, mescladas a cantos e 
danças. 
Auto da barca do inferno, Gil Vicente.
Formas dramáticas

Teatro moderno brasileiro: revolução no modo de 
fazer teatro. Influência marxista e freudiana; luta 
contra governos ditatoriais; teatro do oprimido; 
experimentalismo cênico; reflexão existencialista; 
metateatro; surrealista; teatro do absurdo.
Vídeo

O teatro do absurdo

Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=djWkpf6gSGo
Gênero épico
Refere‐se à epopeia, extenso poema narrativo, que narra 
um fato grandioso, heroico, de uma pessoa ou um povo;
Há a presença de seres mitológicos que interferem nas 
ações do personagem e no enredo;
Poesia objetiva, impessoal, universal, postura contrária a do 
poeta lírico, que apresenta uma poesia voltada para o eu, 
confessional e emotiva;
Presença de um narrador que remete‐se ao passado.
Estrutura da epopeia

A epopeia apresenta uma estrutura fixa, que é dividida em 
5 partes:
Proposição (ou exórdio): introdução da obra com 
apresentação do herói e do tema.
Invocação: parte da epopeia em que o poeta pede auxílio e 
inspiração as divindades.
Dedicatória: a epopeia sempre é dedicada a alguém.
Narração: narração dos feitos heroicos.
Epílogo: encerramento da obra.
Os Lusíadas 
Luís de Camões
[...]
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Os Lusíadas 
Luís de Camões
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Os Lusíadas 
Luís de Camões
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale‐se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

(CAMÕES, Luiz Vaz de. Os Lusíadas. 
Disponível em: http://www.dominiopublico.
gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select
_action=&co_obra=1870  Acesso em 
22 mar.16)
O Uraguai
Basílio da Gama
Epopeia brasileira publicada em 1769.
O poema não é dividido por estrofes, mas por cantos. São 5 cantos.
A figura do indígena, juntamente com toda sua mitologia é a base do 
texto.
Apresenta uma forte crítica aos jesuítas, que, segundo o poeta, 
defendiam o direito dos indígenas para serem eles mesmo os seus 
senhores.
O tema central é a luta dos portugueses pela 
posse de terras,exaltando os feitos do 
general Gomes Freire de Andrade. É 
dedicado ao irmão do Marques de Pombal.
Atividade 2

Observe o fragmento de O Uraguai, de Basílio da 
Gama e aponte as características épicas presentes 
no texto.
Canto I
Fumam ainda nas desertas praias 
Lagos de sangue tépidos e impuros 
Em que ondeiam cadáveres despidos, 
Pasto de corvos. Dura inda nos vales 
O rouco som da irada artilheria. 
MUSA, honremos o Herói que o povo rude 
Subjugou do Uraguai, e no seu sangue 
Dos decretos reais lavou a afronta. 
Ai tanto custas, ambição de império! 
E Vós, por quem o Maranhão pendura
Rotas cadeias e grilhões pesados,  
Herói e irmão de heróis, saudosa e triste 
Se ao longe a vossa América vos lembra,
Protegei os meus versos. Possa entanto 
Acostumar ao vôo as novas asas 
Canto I
Em que um dia vos leve. Desta sorte 
Medrosa deixa o ninho a vez primeira 
Águia, que depois foge à humilde terra 
E vai ver de mais perto no ar vazio 
O espaço azul, onde não chega o raio. 
Já dos olhos o véu tinha rasgado 
A enganada Madri, e ao Novo Mundo
Da vontade do Rei núncio severo 
Aportava Catâneo: e ao grande Andrade 
Avisa que tem prontos os socorros
E que em breve saía ao campo armado.
[...]
Derivações do gênero épico: “gênero 
narrativo”

Ficção em prosa;
Presença de um narrador;
Representações da vida comum e não só de grandes 
feitos como na epopeia;
Representação de um mundo mais individualizado e 
particularizado;
Elementos da narrativa
Narrador: quem conta a história. Não é o autor.
Em primeira pessoa/ personagem/ homodiegético: 
participa da história, é um personagem da trama.
Em terceira pessoa/ observador/ heterodiegético: está 
fora da história.
Autodiegético: é personagem protagonista, conta sua 
própria história.
Onisciente: Sabe de tudo que acontece na trama e no 
pensamento das personagens.
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis 
despedir‐se do marido, e o desespero daquele lance consternou a 
todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só 
Capitu, amparando a viúva, parecia vencer‐se a si mesma. 
Consolava a outra, queria arrancá‐la dali. A confusão era geral. No 
meio dela, Capitu olhou algumas instantes para o cadáver tão fixa, 
tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas 
lágrimas poucas e caladas...As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as 
dela; Capitu enxugou‐as depressa, olhando a furto para a gente que 
estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá‐la; 
mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em 
que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o 
pranto nem palavras desta, mas grandes 
e abertos, como a vaga do mar lá fora 
como se quisesse tragar também o 
nadador da manhã. (ASSIS, 2003, p.76)
Elementos da narrativa

Personagem: Sobre quem recai a ação.
Principal:Suas ações são fundamentais para o enredo.
Secundária: Suas ações não são fundamentais para o 
enredo
Plana: Apresenta baixo grau de densidade psicológica.
Redonda: Apresenta alto grau de densidade psicológica. É 
uma personagem complexa.
Elementos da narrativa

Espaço: Local no qual se desenvolve o enredo.
Tempo: fluxo temporal.
Cronológico/Objetivo: Sucessão temporal dos fatos.
Psicológico/subjetivo: Tempo vivencial das personagens.
Enredo: a história em si.
Atividade 3

Observe o trecho a seguir e aponte os elementos da 
narrativa presentes no texto.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no 
horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios 
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da 
graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo 
de jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha 
recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais 
rápido que a ema selvagem, a morena corria o sertão e as 
matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da 
grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, 
alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as 
primeiras águas. (...) 
(ALENCAR, 2011, p.16)
Formas narrativas: mais comuns

Romance: Narração longa de um fato imaginário que 
representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do 
homem.
Novela: Narrativa média que apresenta um recorte da vida, 
valorização de um evento, passagem de tempo mais rápida.
Conto: Narrativa curta, centrada em um episódio da vida.
Crônica: Gênero híbrido; narrativa curta, do cotidiano.
Formas narrativas: mais atuais

Miniconto: micro narrativa. Surge diante da rapidez 
e dinâmica do contexto atual.
Formas narrativas: mais atuais

Dois palitos, Samir Mesquita (2008)

(Disponível em: http://samirmesquita.com.br/
doispalitos.html
Acesso em: 22 mar.16 )
Formas narrativas: mais atuais

Utilização de outros suportes: celulares, vídeos.
Vídeo com a Crônica “O fracasso não dá ibope” de 
Xico Sá. 
Vídeo

Crônica de Xico Sá “O fracasso não dá ibope”

Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=lK5b1996uvE
Referências
ARISTÓTELES. A Poética. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poética. 
1993. Edição Bilingue greco‐português
CAMÕES, Luiz Vaz de. Os Lusíadas. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?sel
ect_action=&co_obra=1870 Acesso em 22 mar.16
GOMES, Dias. O Pagador de Promessas. Peça teatral. v.4. Rio de 
Janeiro: Bertrand, 2003.73
MESQUITA, Samir. Dois palitos. Disponível em: 
http://samirmesquita.com.br/doispalitos.html Acesso em: 22 mar.16.
SÁ, Xico. “O fracasso não dá ibope”. Disponível 
em:https://www.youtube.com/watch?v=lK5
b1996uvE Acesso em: 22 mar.16.
VARELA, Fagundes. “Cântico do Calvário”. In: 
Grandes poetas românticos do Brasil.
São Paulo: LEP, 1959.

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