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Conflito de jurisdição - Casos que, de acordo com a legislação brasileira ou com as

normas internacionais, os tribunais nacionais são competentes para julgamento de uma


determinada causa.

Há dois tipos de competência: a concorrente e a absoluta. Ou seja, em alguns casos a


justiça brasileira é competente em concorrência com justiça estrangeira e em outros
casos específicos a competência nacional é exclusiva.

Em casos de competência concorrente é possível a homologação da sentença estrangeira


no Brasil. Já em casos de competência exclusiva, não se admite homologação de
sentença estrangeira.

Quando se fala de julgamento de casos direto pelos tribunais brasileiros, fala-se de


jurisdição direta dos tribunais brasileiros. Se a justiça brasileira tiver competência
concorrente ou exclusiva se dá a jurisdição direta dos nossos tribunais.

Por outro lado, há casos em que, seja porque a competência é corrente ou porque o
tribunal brasileiro não tem competência, vamos estudar a jurisdição indireta dos
tribunais brasileiros.

A jurisdição indireta trata-se (i) de homologação de sentença estrangeira, (ii) cartas


rogatórias – a realização de qualquer ato de natureza processual oriundos de justiça
estrangeira em território nacional depende de carta rogatória.

Há divergência do STJ e do poder judiciário, de uma forma geral no Brasil, sobre a


validade de cláusula de foro de eleição no caso de contratos internacionais. Nos casos
em que a competência do nosso tribunal é concorrente, ou seja, no caso que o direito
brasileiro admite validação das decisões estrangeiras. É muito comum a análise da
exceção de foro quando há clausula de foro de eleição em contratos internacionais, caso
os contratos internacionais estabeleçam como foro de eleição uma jurisdição
estrangeira. Há um parecer bastante interessante, do ministro aposentado já falecido,
Athos Gusmão carneiro, em que ele defende a não aplicação da cláusula.

DIPRI consiste, basicamente, na criação e análise de critérios que vão definir qual a
legislação aplicável a um determinado caso concreto e qual a jurisdição competente para
análise desse caso concreto.

Desse modo, o objetivo final das normas de direito internacional privado é uma espécie
de harmonia internacional, uma vez que cada estado tem autonomia e prerrogativa de
selecionar quais são os casos em que ele tem jurisdição exclusiva e quais os casos em
que ele admite a aplicação de decisões e de atos processuais de direito estrangeiro.

Para isso, o DIPRI cria, estabelece e normatiza critérios em direito interno,


eventualmente pode haver convenções e tratados, de definição a respeito da norma
material aplicável, ou seja, qual o direito material aplicável ao caso concreto, lembrando
que é admissível a aplicação em tribunais brasileiros de direito estrangeiro.

Isso é princípio universal de admissão de direito estrangeiro em território brasileiro, mas


tem caso de jurisdição exclusiva que só o Brasil pode tratar.

O DIPRI é aplicável nos casos que envolvem aplicação, criação e escolha de critérios
que vão definir qual a legislação aplicável, qual a jurisdição competente.

Cada país tem um regulamento interno para definição tanto da norma material aplicável
aos casos concretos, como da sua definição de competência.

A grande diferença entre o DIPR do chamado direito interno é a presença de um


elemento de estraneidade. São questões que pela existência de uma conexão
internacional que envolva algum elemento estrangeiro há de se entender, antes de
qualquer coisa, se a competência de julgamento é nossa ou se a competência para o
julgamento é estrangeira; se o direito material aplicável é o nosso direito, se o direito
material aplicável é o direito estrangeiro. Falando em direito interno, falando em normas
internas que tratem de direito internacional privado, a mais conhecida, obviamente é a
lei de introdução ao direito brasileiro LINDB.

Ela define a partir de seu artigo 7º, 8º em diante, qual o direito material aplicável em
determinados casos concretos. Logo, é bem plausível a hipótese de um julgamento no
Brasil utilizando normas do direito material do estado do proponente.

Dentro do DIPRI, estudaremos a parte do direito internacional processual civil, ou


conflito de jurisdições, ou conflito de competência. A nossa missão é delimitar casos de
competência de dois tribunais brasileiros, casos em que haja competência dos tribunais
brasileiros direta, ou seja, casos em que os tribunais brasileiros vão ter a prerrogativa de
julgar o caso, não de simplesmente validar decisões estrangeiras.

Dentro da competência direta de nossos tribunais, a gente vai separar as competências


em competência concorrente, casos em que o Brasil admite o julgamento de tribunais
estrangeiros, e competência absoluta, caso em que tribunais brasileiros não homologam
decisões de tribunais estrangeiros.

O nome “direito internacional privado” atrai um monte de criticas, porque nem privado
nem internacional é. Ele trata de assuntos de direito público. Jurisdição é direito
público, direito do consumidor está bastante perto de direito público, tributação, casos
envolvendo alimentos. Além disso, não tem nada de internacional, porque a grande
maioria das normas que a gente vai tratar aqui é de direito interno, normas brasileiras, a
gente vai trabalhar com o CPC. Basicamente, na nossa matéria, a gente vai trabalhar
com o artigo 88 do CPC, com a lei de introdução ao código civil, e eventualmente com
algumas convenções internacionais, mas de forma subsidiária.

É muito comum também que a gente escute que o DIPRI basicamente é um


‘sobredireito’, no sentido de que ele traz normas não aplicáveis ao caso concreto, mas
normas sobre normas, normas que vão definir no caso concreto quais são as normas
aplicáveis. Numa rápida olhada na lei de introdução às normas de direito brasileiro, as
normas que tratam de direito internacional privado ali elas não se aplicam em caso
nenhum diretamente ao caso concreto, apenas definem efetivamente qual é a norma
aplicável ao caso concreto. Por exemplo, o artigo 9º da LINDB: Para qualificar e reger
as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.

Então, primeiro o intérprete vai ser definir em que local se constituiu a obrigação, e a
própria lei nos indica critérios para isso. A LINDB não diz como se vai definir o caso
concreto, apenas diz que lei vai definir o caso concreto, que lei vai regulamentar o caso
concreto. Por isso a expressão ‘sobredireito’. DIPRI é claramente uma espécie de
sobredireito uma vez que ele trabalha com normas sobre normas.

Do ponto de vista da nossa matéria nosso estudo se centra na escolha da jurisdição. É o


estudo, basicamente, do direito internacional privado civil, ou direito processual civil
internacional, melhor dizendo: conflitos de jurisdição, conflitos de competência,
internacionais.

Conflito de competência: há uma crítica muito grande também a esse nome. É muito
comum o uso do nome ‘competência internacional’, mas é uma expressão bastante
criticada também uma vez que não há efetivamente uma competência internacional; não
há um tribunal internacional competente para julgamento de questões de DIPRI. Então,
a gente falar em competência internacional parece uma impropriedade técnica.
Especificamente se a gente analisar competência sob o ponto de vista daquela teoria de
Chiovenda, “jurisdição é o poder que determinado estado tem para o julgamento de uma
causa”; e competência seria a medida da jurisdição. Competência, nessa análise mais
clássica, é a divisão interna da jurisdição. Então, uma vez definida a jurisdição do poder
judiciário brasileiro ou do poder judiciário estrangeiro, qualquer que seja, ou seja, a sua
capacidade de julgamento do caso concreto, aí sim se define a chamada competência,
que é a divisão interna para julgamento.

Há tantas expressões, tantas nomenclaturas inapropriadas no direito, que a gente vai


seguir aquela que está consagrada. Então, vamos falar em conflito de jurisdição, em
conflito de competência, vamos falar em direito processual internacional civil,
lembrando que há também o direito processual internacional penal.

Como disse cada estado é livre e independente para definir a extensão da sua própria
jurisdição, ou seja, cada país ao redor do globo tem a prerrogativa de definir a extensão
de sua jurisdição. Desse modo é a lei brasileira que define em que casos o poder
judiciário é competente para o julgamento de determinadas causas com conexão
internacional.

Cumpre destacar que, na competência exclusiva, qualquer decisão estrangeira a respeito


do mesmo assunto será considerada ineficaz. Ela não é nula, não é inválida,
simplesmente, no território brasileiro, é ineficaz, não produzindo qualquer efeito.

Vale pontuar que, em princípio, é praxe internacional que se evitem abusos.


Especialmente porque as decisões de direito internacional, que envolvem elementos
estrangeiros, dependem necessariamente de efetividade para que não haja um
afastamento da jurisdição, para que não haja uma denegação de justiça.

A questão é a efetividade da decisão. Então, por razões de efetividade cabe aos estados
evitar situações tanto de abuso na definição de sua competência (evitar carência de
efetividade) quanto de denegação de justiça.

A declaração universal de direitos humanos estabelece a inafastabilidade jurisdicional.


Então, não é incomum que tenhamos conflito negativo de jurisdição. Casos em que
havendo elemento de estraneidade dois tribunais de dois locais diferentes vão se
declarar incompetentes. Isso geraria uma situação que viola direitos humanos, que viola
a declaração universal de direitos humanos, que é a denegação de justiça, que é a
inexistência de um poder judiciário competente para análise daquele caso concreto.

Então, a competência internacional pode ser definida como “a aptidão de determinado


estado nos termos do seu regulamento jurídico para processar e julgar determinada
demanda”.

Seguindo a formatação criada pela prof. Nadia de Araujo, vamos definir os 5 princípios
da jurisdição internacional, da competência internacional. São eles:
1 – princípio da jurisdição razoável – Possui um aspecto claro de evitar, impedir,
a prática de abusos na definição de jurisdição de cada estado. Esse princípio determina
que em casos com elementos internacionais, este deve ser julgado por tribunal que tenha
razoável conexão com o objeto do litígio. Ou seja, é necessário que o tribunal tenha
uma conexão razoável com aquele caso concreto que vai ser julgado para que o
julgamento seja efetivo.
2 – principio do acesso à justiça (princípio universal) – (também conhecido
como direito efetivo à prestação jurisdicional) – dentre outros aspectos, o acesso à
justiça impede denegação de justiça, garante ao litigante assistência judiciária integral,
e benefício da justiça gratuita. Tudo isto inserido na ideia de acesso à justiça. Além de
ser princípio de direito internacional, antes de ser princípio de direito internacional, é
princípio do nosso direito interno também.
3 – principio universal da não discriminação –O principio da não discriminação
é o princípio da não discriminação entre nacionais e estrangeiros.
4- principio da cooperação - talvez o mais importante, considerando que o
direito internacional privado tem um caráter protetivo dos direitos humanos - Esse
princípio estabelece não apenas um sistema de relacionamento entre estados, mas um
sistema de cooperação. A parte mais sensível disso é o cumprimento de decisões de
outros estados no âmbito do território nacional. O fato de uma sentença estrangeira não
ser internalizada no direito brasileiro, seria uma espécie de denegação de justiça, e seria,
certamente, uma violação do direito humano do acesso à justiça. Então esse princípio
estabelece que de um lado a cooperação entre os estados para fazer com que as decisões
de um determinado estado sejam válidas e efetivas em outro território – a gente vai ver
com calma os requisitos para que isso funcione.
5- principio da circulação internacional – parece consequência do principio anterior.
Estabelece a interação entre ordens jurídicas sob vários aspectos. São vários aspectos
que possibilitam, mais uma vez, admissão geral de aplicação de direito estrangeiro no
nosso tribunal é um aspecto prático da circulação internacional.

Há a classificação do Agenor de Andrade, e ele parece ter razão, na qual ele sintetiza
esses 5 princípios em efetividade e submissão. De fato todos os 5 princípios que a gente
falou aqui passam pela ideia de efetividade das decisões e de submissão das decisões,
submissão no sentido de um estado permitir a aplicação de um direito de outro.

Vamos começar trazendo três problemas para discutir.

1º - o poder judiciário brasileiro ou estrangeiro pode julgar qualquer ação que seja
apresentada a ele?

2º - a quem cabe definir estes casos? A quem cabe estabelecer competências?

3º – como separamos normas de direito processual de normas de direito material?

O nosso CPC define a competência separada em duas fases. Primeiro há a definição de


competência internacional, ou, tecnicamente mais apropriado, o CPC define em
primeiro lugar a jurisdição dos tribunais brasileiros. Em um segundo momento, o CPC
define a competência interna. A melhor técnica diz que primeiro o interprete tem que
analisar se aquele caso concreto está sob jurisdição do poder judiciário brasileiro, para
num segundo momento definir a competência interna. Ou seja, dentro do nosso
território, qual o juiz, qual o tribunal é competente para o julgamento da causa.

A jurisdição brasileira está definida nos artigos 88 a 90 do CPC

TÍTULO IV - DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA


JUSTIÇA - CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou
simplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua
competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é
proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou
alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.
CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou
sucursal.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território
nacional.
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que Ihe são conexas.

O artigo 88 do CPC estabelece casos de competência concorrente dos tribunais


brasileiros, embora o caput não diga se a competência é concorrente ou exclusiva, como
o artigo 89 diz que a competência é exclusiva, entende-se que o artigo 88 trata de casos
de competência concorrente.

A competência concorrente trata dos casos em que os tribunais brasileiros têm


competência para a causa, mas admite-se o julgamento da mesma causa em tribunais
estrangeiros. Ou seja, decisões de tribunais estrangeiros sobre esses assuntos têm a
possibilidade de serem homologados em território nacional. Ou seja, o tribunal
brasileiro seria competente para o julgamento, mas se as partes, por opção, se
submeteram ao julgamento da mesma causa em outro país essa decisão estrangeira pode
ser homologada no Brasil, ganhando eficácia dentro do território nacional. Os casos do
artigo 89 não admitem homologação dessas decisões, o sistema jurídico nacional não
confere eficácia a qualquer decisão a respeito desses temas dentro do território nacional.

Inciso I - Independente da natureza da questão e da nacionalidade do réu, se o réu tem


domicilio no Brasil, o poder judiciário brasileiro é competente para julgamento do caso.

O § único do mesmo artigo 88, afirma que havendo filial ou sucursal de empresa
estrangeira no Brasil – matriz não, porque não seria estrangeira -, ação judicial em que
essa pessoa jurídica seja ré o poder judiciário brasileiro tem competência para
julgamento, tem jurisdição para julgamento.

Inciso II o poder judiciário brasileiro é competente se no Brasil tiver de ser cumprida a


obrigação.

Inciso III - o poder judiciário brasileiro é competente se a ação se originar de fato


ocorrido ou de ato praticado no brasil.

Fatos ocorridos no Brasil - Qualquer espécie de ato de responsabilidade civil que ocorra
no território nacional, não importa se a obrigação vai ser cumprida fora, se o fato foi
praticado no Brasil, o ato ilícito, por exemplo. Ou se ato foi praticado no Brasil, por
exemplo: casamento, testamento, doação,...
A jurisprudência é unânime no sentido de que basta a ocorrência de apenas uma dessas
três hipóteses para que o poder judiciário tenha competência internacional, jurisdição
para o julgamento dessa causa.

OBS: Artigo 90 do CPC - A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma
causa e das que lhe são conexas. É possível então haver duas causas pendentes sobre o
mesmo assunto em dois países diferentes. Consequência disso na prática: o STJ não vai
internalizar a decisão estrangeira porque o caso está sendo julgado aqui.

O artigo 89 trata de duas situações em que a jurisdição brasileira é exclusiva, não se


admite julgado estrangeiro a respeito desses assuntos.

Inciso I - Qualquer ação relativa à imóvel situado no Brasil é de competência exclusiva


da jurisdição brasileira.
Inciso II - Inventario e partilha de bens no Brasil, também.

Há mais uma razão ligando essas duas situações, além de efetividade e soberania, que
faz com que os tribunais brasileiros impeçam que sejam julgadas no tribunal
estrangeiro: arrecadação tributária, dinheiro. Quando você faz transmissão de
propriedade, quando você faz inventario e partilha, você tem arrecadação tributaria. A
arrecadação tributária impede que o Brasil aceite julgamento em tribunais estrangeiros.
Isso dificultaria a arrecadação tributária. Embora haja a questão de efetividade. Não me
parece que haja efetividade de julgamento no estrangeiro a respeito de imóveis
localizados no brasil.

OBS: Ações relativas a imóveis podem ter cunho real (ações envolvendo propriedade de
bens imóveis) ou pessoal (ações envolvendo contrato de locação de bem imóvel). A lei
não faz essa distinção. A melhor interpretação é a que estabelece que a jurisdição
exclusiva apenas em ações de caráter real, não no caso de caráter pessoal.

OBS: Está pacificado que a legislação trata exclusivamente da questão da partilha e


inventário causa mortis. A jurisdição não é exclusiva em caso de inventário e partilha de
bens em divórcio. Reforça esse entendimento a interpretação gramatical desse artigo: -
proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança
seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
OBS: Novo CPC - Os artigos 21 a 25 tratam de normas de competência internacional.
Além da ampliação dos casos, houve uma melhoria na redação do código. A novidade é
inclusão do artigo 22. Novas hipóteses de competência concorrente.

TÍTULO II - DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA


COOPERAÇÃO INTERNACIONAL CAPÍTULO I - DOS LIMITES DA
JURISDIÇÃO NACIONAL
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as
ações em que (competência concorrente, CPC anterior: art 88).
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
(manteve a redação do 88, I, CPC em vigor).
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; (manteve a redação).
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. (redação
mudou um pouco. Diz o CPC em vigor ‘a ação se originar de fato
ocorrido ou praticado’; o CPC novo fala em ‘fundamento’)
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou
sucursal. (mesma redação).
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar
as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens,
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; (parece claro o
desejo do legislador de dar efetividade à ação de alimentos)
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil; (extremamente importante, embora no
CDC)
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional. (há um passo adiante do legislador. Por incrível que pareça, há
controvérsia grande a respeito da validade ou não da cláusula de foro de
eleição. Para a maioria da doutrina e boa parte da jurisprudência não se
admite cláusula de foro de eleição em direitos internacionais qdo se
modificar a competência brasileira. Embora as partes tenham
estabelecido em contrato uma cláusula de foro de eleição para o caso ser
julgado em Londres, por ex, se fosse o caso de jurisdição, ainda que
concorrente, do tribunal brasileiro, o tribunal brasileiro afastava a
cláusula de foro de eleição e julgava o caso.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder
à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da
mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não
impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para
produzir efeitos no Brasil.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o
julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo
estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. (o
legislador deu um passo adiante para afastar qualquer discussão a esse
respeito).
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência
internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
CAPÍTULO II - DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I - Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou
não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos,
assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na
legislação brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos
pedidos de cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades
estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá
realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de
sentença estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos
que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas
fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na
ausência de designação específica.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira.
Seção II - Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de
decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de
delibação no Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão
estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente
assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o
auxílio direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso
no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas
congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis
pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e
recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas
constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central
adotará as providências necessárias para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o
encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida
solicitada quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a
medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional.
Seção III - Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de
Justiça é de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do
devido processo legal.
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos
para que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento
judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
Seção IV - Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade
brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior
envio ao Estado requerido para lhe dar andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente
e os documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade
central, acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado
se configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão
estrangeira dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação
de sentença estrangeira, de acordo com o art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de
cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a língua
portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade
central ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação
ou qualquer procedimento de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a
aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.

Definição da competência ocorre em duas fases distintas: na primeira fase o juiz tem
que avaliar se o caso é de jurisdição brasileira, ou seja, num primeiro momento o juiz
deve obrigatoriamente analisar se um caso deve ser julgado por nossas normas internas,
de jurisdição brasileira. Caso a resposta seja positiva, em um segundo momento há
avaliação de competência interna.

Quando o juiz brasileiro entender que é um caso de ausência de jurisdição nacional,


qual deve ser a conduta desse juiz? Não cabe ao juiz sequer dizer qual o Estado
competente para julgar, ele deve simplesmente extinguir o processo declarando a
ausência de competência interna para julgar.

OBS: Se for relação de consumo, o consumidor tem a prerrogativa de ajuizar a ação no


juízo de sua residência, se aplicando o CDC e não o art. 88 e 89, do CPC.

Vamos analisar agora o art. 89 do CPC, que trata de competência exclusiva.

Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer


outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

No artigo 89, se houver qualquer julgamento no exterior, o STJ vai ignorar esse
julgamento. São casos de soberania e arrecadação tributária.

OBS: Inciso I - Apenas ações relativas a direitos reais, por ex, quando houver direitos
de propriedade.

OBS: Inciso II - Somente inventário e partilha de bens causa mortis.

OBS: O rol dos artigos 88 e 89 do CPC não é exaustivo. É possível que existam outros
casos não abrangidos por esses artigos.

OBS: Quando existir um caso no tribunal brasileiro que não esteja previsto nos artigos
88, 89 ou em legislação especifica há 2 correntes.

Primeira corrente: Minoritária, a mais inadequada. Jose Ignácio Botelho de Mesquita.


Como a jurisdição é atividade onerosa, ela não deve ser prestada de forma
desnecessária. Desse modo, em situações que não há previsão legal, a jurisdição
nacional não deve ser competente.

Segunda corrente: Mais adequada. Marcelo de Nardi e Barbosa Moreira. Se houver


elementos de conexão e observada a melhor eficácia da decisão o juiz deve conhecer do
pedido. Se o juiz observa que, no caso concreto, a decisão vai ser mais eficaz se o
julgamento ocorrer no Brasil, ele deve conhecer o pedido. Havendo clausula arbitral no
contrato o juiz estará impedido de conhecer do pedido, de acordo com a lei 9307/96,
arts 10 e 11.

O art. 90 do CPC diz o seguinte:

Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro


não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que
lhe são conexas.

Isto significa que intentada uma ação no estrangeiro, a mesma pode ser ajuizada aqui no
Brasil, isso não importará em litispendência. Existem 2 consequências práticas disso.

Primeira – Havendo duas ações paralelas, cada sentença produzirá efeitos no país
respectivo no qual a mesma houver sido proferida, mesmo se forem conflitantes.

Segunda – Se a sentença do estrangeiro já tiver sido homologada em território nacional


esta é que produzira efeitos. Ou seja, se o STJ homologar uma sentença estrangeira
aqui, não será mais cabível o ajuizamento desta ação em território nacional.

Fórum shopping e Fórum non conveniens - Dois institutos ligados a ideia de


litispendência. São institutos da common Law, o dispositivo legal que abrange esses
institutos é estrangeiro, não existe correspondente aqui no Brasil.
Forum Non Conveniens – Quando em casos de competência concorrente,
eventualmente por questões de efetividade o tribunal pode se declarar não conveniente
para o caso. Permite que o tribunal decline sua competência quando existir outra melhor
a luz de considerações de justiça e conveniência. É um poder discricionário da Corte.

Fórum shopping - Deve ser analisado de forma complementar com o fórum non
conveniens. A parte mais fraca elege um foro, que embora não tenha nada a ver com o
caso concreto, lhe traga uma situação mais confortável. Embora eventualmente a
jurisdição tenha sido eleita pelas partes para o julgamento da causa se não tiver qualquer
elemento de conexão, ela deve se dizer incompetente para o processo. Ou seja, consiste
na procura entre jurisdições daquela onde o autor ou as partes supõe possa ser obtida
uma decisão mais favorável aos seus interesses em razão da lei a ser aplicada ou em
decorrência de normas processuais.

OBS: O importante é que ambos os conceitos sejam aplicados conjuntamente.

OBS: Barbosa Moreira - Nome “competência concorrente” é impróprio. Ele diz que não
existe uma competência concorrente, a competência é brasileira, mas a parte é que se
submete a outro tribunal para julgar sua causa, e aí sim surge uma competência do
tribunal estrangeiro. Desse modo, o que há é competência do tribunal brasileiro, mas o
nosso sistema jurídico admite que por ato da parte anterior ou no processo outro tribunal
se torne competente.

Foro de eleição, Imunidades de jurisdição e Cooperação internacional.


Há controvérsia se a cláusula de foro de eleição nos contratos internacionais é valida.
STJ - 2 posicionamentos distintos sobre esse assunto na mesma turma.
Primeiro - Jurisdição tem a ver com a soberania, logo as normas de jurisdição são vistas
como normas de ordem pública, que não podem ser afastas por vontade das partes.
Assim, a cláusula de foro seria inválida.
Segundo – Para o professor de forma corretíssima. Cláusula de foro de eleição está
dentro do âmbito de autonomia privada das partes, ou seja, pra essa corrente, exceto
quando a lide envolve interesse público ou interesse de vulneráveis, a cláusula de
eleição de foro é válida. Isso tem a ver também com a ideia do fórum shopping. As
partes podem escolher um foro que lhes atenda melhor futuramente.
Nos casos brasileiros, é muito comum que a jurisdição brasileira decline da competência
entendendo não ser ela a competente em razão da invalidade de eventual cláusula de
foro de eleição.
Nancy Andrighi - Trata da questão da vedação ao comportamento contraditório, quer
dizer, ela não analisa a questão da eleição de foro sobre a questão da legalidade ou
ilegalidade da clausula em si, ela analisa também sob a ótica da conduta das partes, pelo
fato da própria parte ter se comprometido com um contrato que tinha eleição de foro
mas acabou ajuizando a ação em lugar diverso do estabelecido na cláusula, sendo este
um comportamento contraditório.
Augustinho Fernandes - Sendo admissível no âmbito interno, não há nada contra a
adoção de foro no contrato no direito internacional privado. Professor acha perfeito esse
posicionamento.
Ignácio de Mesquita – As normas que definem jurisdição são fundadas em soberania
nacional e não se afastam por vontade das partes.
OBS: Essa controvérsia tem prazo de validade, pois o novo CPC, no art. 25 afirma:
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira
o processamento e o julgamento da ação quando houver
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

Existem regras especificas: o art. 101 do CDC, o art. 628 do CCom, e talvez o
mais importante é o art. 651 da CLT. Por ultimo art. 10 da lei 7565/86.

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e


serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão
observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; (regra especifica de


competência concorrente)

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao


processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de
Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o
pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil.
Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a
existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo,
o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada
a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o
litisconsórcio obrigatório com este.

Art. 628 - O contrato de fretamento de um navio estrangeiro exeqüível no


Brasil, há de ser determinado e julgado pelas regras estabelecidas neste
Código, quer tenha sido ajustado dentro do Império, quer em país estrangeiro.
(competência da justiça brasileira nos contratos de fretamento quando
exeqüíveis no Brasil)

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é


determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado,
prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local
ou no estrangeiro. (o foro competente para julgamento de reclamações
trabalhistas é do local onde o empregado trabalhava, ainda que tenha sido
contratado em outro local ou no estrangeiro)

§ 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a


competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou
filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a
Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade
mais próxima. (Redação dada pela Lei nº 9.851, de 27.10.1999) (Vide
Constituição Federal de 1988)

§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida


neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário. (Vide Constituição Federal de 1988)

§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades


fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços.

Art. 10. Não terão eficácia no Brasil, em matéria de transporte aéreo,


quaisquer disposições de direito estrangeiro, cláusulas constantes de contrato,
bilhete de passagem, conhecimento e outros documentos que:

I - excluam a competência de foro do lugar de destino;

II - visem à exoneração de responsabilidade do transportador, quando este


Código não a admite;

III - estabeleçam limites de responsabilidade inferiores aos estabelecidos


neste Código (artigos 246, 257, 260, 262, 269 e 277).

Imunidade de jurisdição - A rigor, não é matéria de direito internacional privado porque


envolve prerrogativa de organismos públicos. Mas o fato é que me parece muito
adequado tratar desse assunto porque é matéria processual. Imunidade de jurisdição é
uma prerrogativa dos Estados soberanos através da qual os órgãos jurisdicionais
de um Estado não podem conhecer do litígio envolvendo outro Estado ou seus
agentes.

OBS: Imunidade de jurisdição não significa ausência de responsabilidade e não


significa negação de acesso a justiça. O fato é que só o poder judiciário alemão poderia
julgar essa causa. Isso vai depender do ajuizamento da ação na Alemanha. Um país deve
respeitar a soberania do outro.

OBS: Imunidade de jurisdição não tem uma regulamentação, mas decorre de costumes,
jurisprudência,... Antes STF e STJ entendiam que a ideia de imunidade era absoluta, ou
seja, qualquer causa envolvendo estados estrangeiros ou seus agentes não seriam de
competência da justiça brasileira. Caráter ilimitado. Atualmente (após 1998/1999) o
STF acompanha o entendimento mais fluente nos tribunais internacionais. Diferenciar a
imunidade de jurisdição de atos de império para atos de gestão. Ou seja, quando se
tratar de ato de império os estados estrangeiros e seus agentes são imunes a jurisdição
brasileira. Obviamente que a contrario senso, em se tratando de atos de gestão os
estados estrangeiros e seus agentes não são imunes a jurisdição brasileira.

OBS: Os tribunais entendem que causas trabalhistas não são atos de império, e sim atos
de gestão. Talvez a linha mestra para tentar diferenciar atos de império de atos de gestão
é a afetação da soberania do país.

OBS: O próprio estado estrangeiro pode abrir mão de sua imunidade.

Cooperação jurídica internacional - É o intercambio internacional para cumprimento


extraterritorial de medidas processuais provenientes de Estado estrangeiro. Ou
seja, a mobilidade entre as fronteiras obriga os Estados a inevitavelmente cooperarem
no caso de ações judiciais movidas em seus respectivos tribunais para que tenham
efetividade fora também. Tribunais de vários países cooperaram para o andamento das
ações.

OBS: Exequatur é a decisão do STJ que determina o cumprimento de uma carta


rogatória.

OBS: Auxilio direto - É forma de cooperação jurídica internacional através da qual


a autoridade estrangeira solicita diretamente a uma autoridade intermediária, ou
autoridade central, a prática de atos processuais em seu território.

OBS: Novo CPC tratou em um capitulo inteiro do auxilio direto. De uma forma geral, o
CPC anterior não tinha qualquer dispositivo sobre cooperação internacional porque
havia um entendimento de que isso deveria estar no regimento interno dos tribunais.

Artigos 28 a 34, do novo CPC.

Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de
decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de
delibação no Brasil.

Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão


estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente
assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o
auxílio direto terá os seguintes objetos:

I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre


processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;

II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso


no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;

III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira.

Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas


congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis
pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e
recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas
constantes de tratado.

Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central
adotará as providências necessárias para seu cumprimento.

Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o


encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.

Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida


solicitada quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a
medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de
atividade jurisdicional.

Cooperação internacional - Trata de instrumentos de circulação internacional de


decisões, instrumentos ligados à ideia de efetividade de decisões pelos diversos países
do mundo. O primeiro assunto que a gente tratou foi o auxílio direto, que é uma forma
criada, primeiro, por tratado e convenção internacionais que permite superar a
burocracia e os autos custos de homologação de sentença e cartas rogatória.
OBS: Qualquer decisão de tribunal estrangeiro, para que produza efeitos no Brasil tem
que passar pelo crivo do STJ, e isso envolve uma série de requisitos, custos bastantes
altos e envolve, também, uma burocracia imensa, que faz com que a homologação de
sentença estrangeira e, eventualmente, o exequatur de uma carta rogatória seja algo
extremamente moroso. E a gente tem em situações mais delicadas, situações mais
sensíveis, por exemplo, as ações de alimentos, em que é possível chamar o auxílio
direto (forma de superar esse obstáculo).

OBS: Modelo brasileiro - Não se envolve no mérito da sentença que será homologada.
Sistema de delibação. STJ analisa requisitos formais e requisitos de ordem pública.

Homologação de sentença estrangeira e Cartas rogatórias.

OBS: Homologação de sentença estrangeira é um procedimento criado para dar


validade em território nacional a decisões definitivas de autoridades estrangeiras.

A decisão definitiva de um tribunal estrangeiro não pode ter validade automática no


território nacional.

Eventualmente há necessidade das partes de que tais decisões produzam efeitos no


território nacional.

Cabe ao STJ, atualmente, fazer uma análise, ainda que superficial, de cumprimento de
alguns requisitos para que essa sentença ou essa decisão, melhor dizendo, seja validada
em território nacional. É um procedimento criado, na verdade, para conferir efetividade
ao sistema jurídico internacional de julgamentos.

A gente vive um momento de globalização, um momento de enorme circulação de


pessoas e mercadorias. Não faria nenhum sentido que:
1- As decisões proferidas no Tribunal ficassem restritas exclusivamente àquele
país. Imagina se a cada país tivesse que ajuizar uma nova ação, por exemplo.
2- Por outro lado não faria sentido, sob o ponto de vista de ofensa à soberania
nacional que a decisão proferida em determinado país produza efeitos
automaticamente em outro país.

3 sistemas mais comuns de validação de decisões internacionais.

Para efeito de homologação de sentença, um conceito de sentença conferido pelo STF


é o mais amplo possível, não se adequando ao conceito de sentença disposto no
CPC.
OBS: Até a EC 45/05, a homologação de sentença estrangeira e para a execução de
exequatur e de carta rogatório era de competência do STF. Com a EC 45/05 houve o
deslocamento da competência para o STJ.

O nosso sistema jurídico processual interno, sentença é a decisão definitiva de mérito


de primeira instância proferida pela autoridade judicial da qual cabe recurso de
apelação.

Para efeito de homologação de sentença estrangeira: Sentença é toda decisão de


mérito, definitiva, emanada de autoridade detentora do poder jurisdicional.

Pelo conceito, vocês podem perceber que nem toda homologação de sentença
estrangeira tratará de decisão emanada de autoridade judicial.

Há 3 sistemas internacionais de homologação de sentença estrangeira:


1- Delibação – Maioria dos países, inclusive Brasil – Pelo sistema da delibação, o
Tribunal do país de destino analisa apenas superficialmente o cumprimento de
requisitos formais da decisão a ser homologada, bem como se há ofensa à soberania
nacional, à ordem pública e à dignidade da pessoa humana. Ou seja, o que o nosso
tribunal, em curtas palavras, vai analisar é se o juiz que julgou era competente e aí
já ressalvo, essa análise de competência do juiz julgador ou autoridade julgadora
não é da competência interna, vai analisar se o juiz lá no país dele era competente, o
que o STJ vai analisar é se internacionalmente o tribunal daquele país era
competente, além disso vai analisar se a decisão é definitiva, se houve citação
válida, se houve revelia configurada e requisitos formais (decisão traduzida
por tradutor juramentado, a decisão tem que ser consularizada). E aí sim, se
há ofensa à soberania nacional, à ordem pública, aos bons costumes e à
dignidade da pessoa humana. É óbvio que dentro da homologação de sentença
estrangeira há direito ao contraditório. Decisão colegiada do STJ. Não se ingressa
no mérito da decisão no que se refere a não ser no que diz respeito a se há ofensa à
soberania nacional, à ordem pública e à dignidade da pessoa humana.
2- Países do common law (anglo-saxão) – Sistema da Revisão – Possibilidade de
revisão parcial de mérito.
3- Raro atualmente – Sistema da Reciprocidade – Só há homologação de decisões
estrangeiras se houver tratado ou convenção internacional estabelecendo
reciprocidade de procedimentos entre os países.

Requisitos para homologação de decisões estrangeiras e Procedimento para


homologação de decisão estrangeira.

Os requisitos formais estão previstos no artigo 15 da LINDB.

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que


reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para
a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da
Constituição Federal).
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
Os requisitos de ordem material estão previstos no artigo 17 da LINDB:
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

O procedimento para julgamento da homologação de sentença estrangeira estava em um


primeiro momento estabelecido no Regimento Interno do STF. No momento em que a
competência se desloca para o STJ, o STJ é obrigado a tratar da matéria e aí o que o STJ
faz imediatamente é pegar para si emprestado o Regimento Interno do STF enquanto o
STJ não regulamenta a questão. Algum tempo depois o STJ edita uma Resolução nº
9/05 de caráter provisório para regulamentar internamente o procedimento de
homologação de sentença estrangeira. Recentemente, em dezembro de 2014, a Emenda
Regimental nº 18/14 alterou o Regimento Interno do STJ. Como a gente vai ver, ela
incluiu uma série de artigo, numerados do 216-A até o 216-X. Do 216-A ao 216-N trata
de Homologação de Sentença Estrangeira. Do 216-O ao 216-X trata de Carta Rogatória.

Certamente todas as bibliografias estão erradas a esse respeito, mas, de certa forma, não
é tão urgente, pois a ER 18 é bastante semelhante com a Resolução 9/05.

Pode haver normas específicas, que podem ser previstas em tratados internacionais, que
serão vistos nas próximas aulas.

O professor fez observações finais a respeito da matéria:


1- A análise da competência é a competência internacional, verificar se aquele país era
competente e se não se trata de competência exclusiva do próprio Poder Judiciário
brasileiro.
2- Deve se analisar se a parte voluntariamente se submeteu ao Tribunal daquele país.
Isso não significa que a decisão não será válida naquele país, ela só não será
homologada.
3- Com relação à cláusula arbitral não há análise da competência, apenas da
submissão voluntária.
4- Lembrar que nem toda homologação de sentença estrangeira tratará de decisão
emanada de autoridade judicial.
5- Violação à soberania nacional seria, em tese, a análise do tribunal internacional de
causa submetida de forma exclusiva a decisão de tribunal nacional.
6- Ordem pública e bons costumes são dois conceitos extremamente fluídos e a análise
deve ser feita de forma jurisprudencial. A homologação de decisão de cobrança da
dívida de jogo, por exemplo, é possível.
7- Citação válida é aquela válida nos termos da lei brasileira. A citação por correio,
por exemplo, não é válida.
8- A decisão deve ser definitiva para evitar custos desnecessários e insegurança
jurídica.

OBS: Se não houvesse nenhum julgamento de mérito ele remeteu ao STJ.


É importante que vocês frisem que a resolução n.º 9 está revogada, que o que vale
atualmente é o regimento interno que sofre uma emenda, que é recente.
Procedimento da emenda quanto à homologação de sentença estrangeira. O pedido de
homologação de sentença estrangeira é feito pelo advogado da parte interessada, através
de petição inicial ao presidente do STJ com o pedido de homologação de sentença
estrangeira. Cabe ao presidente do STJ processa e julgar a homologação de sentença
estrangeira. Cabe ao presidente do STJ abrir prazo ao contraditório. Logo, a outra parte
envolvida na homologação de sentença estrangeira tem a oportunidade de contestar
aquele pedido. Havendo contestação do pedido de homologação de sentença estrangeira,
aí sim, cabe ao presidente do STJ julgar monocraticamente, se entender que é o caso, ou
remeter o processo à corte especial.
OBS: O pedido de homologação de sentença estrangeira é feito por petição inicial, e a
petição inicial tem que ter os mesmo requisitos da petição inicial prevista lá no CPC. Se
não tiver os requisitos, cabe ao presidente do STJ oportunizar prazo razoável para que a
petição inicial seja emendada.
A parte não interessada em uma homologação de sentença estrangeira pode contestar
qualquer matéria, aqui é fundamental distinguir a defesa de mérito que a parte pode
fazer da defesa procedimental.
Art. 216-H. A parte interessada será citada para, no prazo de quinze dias,
contestar o pedido.

Parágrafo único. A defesa somente poderá versar sobre a inteligência da


decisão alienígena e a observância dos requisitos indicados nos arts. 216-C,
216-D e 216-F

No 216-C estão previstos os requisitos formais:

Art. 216-C. A homologação de sentença estrangeira será proposta pela parte


requerente, devendo a petição inicial conter os requisitos indicados na lei
processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser instruída com o
original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros
documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou
juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira
competente, quando for o caso.

Art. 216-D. A sentença estrangeira deverá:


I - ter sido proferida por autoridade competente;
II - conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente
citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia;
III - ter transitado em julgado.

Sentença arbitral - Admitida no Brasil. Seria validada. Mesmo uma decisão que aqui no
Brasil não teria qualquer validade judiciárias, eu homologo como sentença fosse.
Justamente para não violar a autonomia de cada país.
Cabe à parte que solicita a homologação de sentença estrangeira o ônus da prova de que
a decisão transitou em julgado. Se a parte não comprovar, mesmo que não haja
contestação, há o entendimento de que a citação é matéria de ordem pública. Então, em
tese, poderia o presidente do STJ indeferir a petição inicial pela ausência de elemento
indispensável.
OBS: Competência para julgamento inicialmente da
homologação estrangeira é do presidente do STJ. Havendo
contestação, em tese, ele deve remeter aquela sentença
estrangeira contestada à corte especial. Diz o artigo 216-K o
seguinte:

Art. 216-K. Contestado o pedido, o processo será distribuído para julgamento


pela Corte Especial, cabendo ao relator os demais atos relativos ao
andamento e à instrução do processo.

Parágrafo único. O relator poderá decidir monocraticamente nas hipóteses


em que já houver jurisprudência consolidada da Corte Especial a respeito do
tema.

Ou seja, o presidente deixa de ser responsável, há o sorteio de um relator, e o


julgamento se dá por uma corte especial. Porém o parágrafo único do 216K autoriza o
relator a realizar o julgamento monocrático.
OBS: Corte especial é do próprio STJ
Os motivos do parágrafo único do 216-K são a economia processual e a celeridade.
OBS: MPF necessariamente tem que falar em todas as homologações de sentença
estrangeira. Por força obviamente de defesa da soberania nacional, da ordem pública.
Então cabe o MPF opinar sempre em matéria de homologação de sentença estrangeira.
OBS: Cumprimento - STJ remete carta de sentença ao juízo federal de 1ª instancia, e ele
toma as providências cabíveis referentes à homologação de sentença estrangeira.
OBS: Cabe recurso ao STF? No STJ, denegavam o segmento por entender não caber
recurso extraordinário, sob o fundamento de que se a EC 45 fez questão de transformar
a competência do STF em STJ, ate por uma questão de desafogar o STF, seria
absolutamente ilógica a possibilidade de acessar do STF uma ata de recurso
extraordinário. Seria dobrar o contingente de processos, porque além dos processos que
inchariam o STJ, os mesmo processos desaguariam no STF de novo. Então o STJ não
recebia esses recursos. E aí, obviamente, cabia agravo diretamente ao STF, e o
entendimento que ficou valendo lá no início da vigência da EC 45, é o de que, conforme
Marco Aurélio, em tese, havendo análise de preceito da CRFB/88 cabe recurso
extraordinário de decisão do STJ em homologação de sentença estrangeira. Uma
decisão bem mais recente, e aí que trás alguns alertas interessantes, que eu faço questão
de trazer para vocês também, e aí já no relatório do Barroso, é o recurso extraordinário
598770, e o relator novamente era o Marco Aurélio, mas o voto vencedor foi do
Barroso. Era uma homologação de sentença estrangeira, uma decisão proferida pela
república italiana que afirmou que no caso não existia matéria constitucional, mas
admitiu, em tese, a interposição de recurso extraordinário contra esses acórdãos do STJ,
quando demonstrada, clara e fundamentadamente, a existência de afronta à Constituição
Federal.
Carta rogatória:
1- Competência de julgamento - Transferida do STF para o STJ. O assunto é
tratado no mesmo regimento interno do STJ, só que nos artigos 216-O ate 216-
X.
2- Carta rogatória é o procedimento cabível para a realização de atos e
diligências processuais determinados por juiz estrangeiro. Trata-se do
pedido formal de auxílio para a instrução de um processo feita por uma
autoridade judiciária de um estado para o outro.
Ou seja, a homologação de sentença estrangeira trata da internalização em
território nacional de um provimento em definitivo de outro tribunal, e a carta
rogatória trata do cumprimento de medidas processuais.
OBS: Enquanto que a carta rogatória é remetida de juiz para juiz, a homologação de
sentença estrangeira depende de petição inicial da parte.
OBS: A carta rogatória pode ser ativa (juiz brasileiro para estrangeiro) ou passiva (juiz
estrangeiro para brasileiro).
OBS: Requisitos formais para expedição de carta rogatória ativa - Artigo 202 CPC:
“Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e
da carta rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do
mandato conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.”

OBS: O Brasil não formaliza requisitos formais de expedição da carta rogatória. Então,
os requisitos formais de saída são estabelecidos pelo pais de origem, os requisitos de
entrada, esse sim, são estabelecidos pelo STJ através do seu regimento.

OBS: Art. 216-O do Regimento interno do STJ


Art. 216-O. É atribuição do Presidente conceder a cartas
rogatórias, ressalvado o disposto no art. 216-T.

§ 1º Será concedido à carta rogatória que tiver por objeto atos


decisórios ou não decisórios.

OBS: Atos não decisórios aí significa a inclusão de atos meramente de caráter


executório. Então, atualmente, está autorizada, a concessão de exequatur para carta
rogatória executória exclusivamente, sem a homologação de sentença estrangeira.

OBS: Procedimento da carta rogatória - Muito similar ao da homologação de sentença


estrangeira.
1- Competência do presidente do STJ para a concessão ou não de exequatur.
2- Se chegar algo com o nome de carta rogatória, mas que não tem de haver juízo
de deliberação do STJ cabe o STJ devolver a carta ao ministério da justiça, para
que o ministério da justiça realize de forma que entender cabível o chamado
auxilio direto.
§ 2º Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto
atos que não ensejem juízo deliberatório do Superior Tribunal de Justiça,
ainda que denominados de carta rogatória, serão encaminhados ou devolvidos
ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por
auxílio direto.
OBS: não será concedido exequatur a carta rogatória que ofenda a soberania nacional,
dignidade humana e a ordem publica.

OBS: Contraditório – 216-Q determina que a parte requerida seja intimada no prazo de
15 dias para impugnar o pedido de concessão.

OBS: 216-Q – Parágrafo 1º - A medida solicitada por carta rogatória poderá ser
realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação puder resultar na
ineficiência da cooperação internacional.

OBS: 216-Q – Parágrafo 2º - Não se discute o mérito da decisão estrangeira que


determinou a realização de atos de caráter processual. Discute-se apenas se o
documento é autentico, se a decisão está corretamente interpretada, e se os requisitos
todos estão sendo cumpridos.

OBS: MP tem vista do processo e pode impugnar o pedido de concessão do exequatur


especialmente quando envolve violação da soberania nacional, de ordem publica ou
dignidade da pessoa humana.

OBS: Se houver impugnação do pedido - O presidente mais uma vez determina a


distribuição dos autos, para a corte especial do STJ. Sorteia-se um relator e a aquele
pedido contestado vai a julgamento pela corte especial.

OBS: O relator pode julgar monocraticamente, cabendo agravo interno da decisão do


relator.

OBS: Concedido exequatur da carta rogatória, é expedida ao juiz de 1ª instância


territorialmente competente (216-V)

OBS: Em suma, os procedimentos são relativamente similares. Há uma ou outra


diferença, especialmente na questão da possibilidade de concessão sem a oitiva da outra
parte apenas quando houver a possibilidade que o procedimento perca em efetividade,
se bem que na homologação de sentença estrangeira cabia a liminar.

OBS: Ao juiz de 1ª instancia caberá, eventualmente, conceder decisões dos autos da


carta rogatória que cabe a ele cumprir. Cabe recurso dessas decisões proferidas pelo juiz
de 1ª instância, os quais são diretamente interpostos ao STJ (216-V, parágrafo 1º)

§ 1º Das decisões proferidas pelo Juiz Federal competente no cumprimento


da carta rogatória caberão embargos, que poderão ser opostos pela parte
interessada ou pelo Ministério Público Federal no prazo de dez dias, julgando-os o
Presidente deste Tribunal.

Aí sobre esses embargos que tratam o parágrafo anterior, diz o §2º


§ 2º Os embargos de que trata o parágrafo anterior poderão versar sobre
qualquer ato referente ao cumprimento da carta rogatória, exceto sobre a
própria concessão da medida ou o seu mérito.

OBS: Não cabem embargos para rediscutir a concessão do exequatur. Da decisão que
julgar os embargos cabe agravo.
(Não sei se é importante) OBS: Houve concessão de exequatur, vem para a 1ª instancia,
aí no âmbito da 1ª instancia o juiz dá uma decisão em 1ª instancia, cabe embargos ao
presidente do STJ, ele decide e cabe agravo para a corte especial.
Então diz o 216w
Art. 216-W. Da decisão que julgar os embargos cabe agravo.
Parágrafo único. O Presidente ou o relator do agravo, quando possível,
poderá ordenar diretamente o atendimento à medida solicitada.

E aí, para a gente finalizar, 216x


Art. 216-X. Cumprida a carta rogatória ou verificada a impossibilidade de
seu cumprimento, será devolvida ao Presidente deste Tribunal no prazo de dez
dias e ele a remeterá, em igual prazo, por meio do Ministério da Justiça ou do
Ministério das Relações Exteriores, à autoridade estrangeira de origem.

OBS: Tanto a devolução da carta rogatória passiva para o tribunal estrangeiro quanto a
remessa da carta rogatória ativa se dão pelo Ministério da Justiça.
OBS: Cooperação internacional no novo CPC
CAPÍTULO II - DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I - Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado* de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no
Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se
assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação
brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se
com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1 o para homologação de sentença
estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
*Há uma previsão aqui que diz respeito aos tratados. Porém o §1º do próprio art.
26 diz que “Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá
realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.”, ou seja,
num primeiro momento valoriza o tratado e num segundo momento, ainda que inexista
esse tratado, valoriza-se a reciprocidade entre países.
O importante no artigo 26 são os seus incisos que são as garantias a serem
observadas no âmbito da cooperação jurídica internacional.
Inciso I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente.
Inciso II – é fundamental a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros
residentes ou não no Brasil em relação ao acesso à justiça, tramitação dos processos,
assegurando-se assistência judiciária aos necessitados.
Inciso III – garantir a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na
legislação brasileira ou na do Estado requerente.
Inciso IV – existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação. Uma das características fundamentais do AUXÍLIO DIRETO e dos tratados
que autorizam o auxílio direto para algumas matérias é a obrigação tanto do Estado
requerente quanto do requerido de indicarem autoridades centrais, ou seja, uma
autoridade que pode ser judiciária ou administrativa, que será responsável por dar
andamento aos pedidos dentro da jurisdição competente. Basta que a autoridade central
local do outro país, remeta para a procuradoria geral da república no Brasil, o pedido
com os documentos, para esta então ajuizar a ação de alimentos aqui. Obviamente que o
autor será estrangeiro, residente fora do Brasil, e o réu não-brasileiro. Mas a PGR fará o
papel de procurador, de advogado, do autor estrangeiro.
Inciso V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
Destaca-se a importância do § 4º “o ministério da justiça exercerá as funções de
autoridade central na ausência de designação específica.”, portanto, para efeitos de
prestação de alimentos, a autoridade central é a procuradoria geral da republica, mas em
regra, a autoridade central será o ministério da justiça através de um departamento
específico (Departamento De Repreensão De Crimes E Cooperação Internacional –
DRCI) do Ministério da Justiça. Portanto em regra a autoridade central no Brasil
será o Ministério da Justiça se não houver outra determinada especificamente em
Tratado.
OBS: O Tratado não que determina quem é a autoridade central, apenas obriga os países
signatários a indicarem uma autoridade central. No caso da Convenção de Alimentos o
Brasil indicou a Procuradoria Geral da República.
O artigo 27 trata dos objetos da cooperação jurídica internacional:
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Inciso I – através de carta rogatória, a princípio.
Inciso II - colheita de provas, via de regra, por carta rogatória.
Neste caso, há uma controvérsia tendo em vista que o novo CPC autoriza a colheita de
provas através de auxílio direto. Alguns importantes autores dizem que este inciso é
inconstitucional, uma vez que colheita de prova é atribuição judiciária, de forma que a
sua aplicação deverá ser modulada para não autorizar qualquer tipo de colheita de prova
através de auxílio direto. Mas, em regra, ficamos com a colheita de prova através de
carta rogatória.
Inciso III – homologação será através do título de homologação de sentença estrangeira.
Cumprimento de decisão, a jurisprudência do STJ autoriza a execução de atos
executórios através de cartas rogatórias, antes, somente se admitia atos executórios
depois da competente homologação da sentença estrangeira. Atualmente,
principalmente por força de tratados, se admite a realização de atos executórios no
âmbito de carta rogatória.
Inciso IV – tanto a carta rogatória quanto a homologação de sentença estrangeira
admitem a antecipação de tutela.
Inciso V – assistência jurídica internacional
Inciso VI – demonstra que o rol do artigo 27 é meramente exemplificativo.
Artigo 28 ao artigo 34 - AUXÍLIO DIRETO
Seção II - Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão
de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no
Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro
interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio
direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas
congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela
tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo
Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as
providências necessárias para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o
encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada
quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida
apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade
jurisdicional.
Artigo 28 - Quando não se fizer necessário o juízo de delibação, ou seja, a análise de
autoridade judiciária no Brasil sobre a conveniência/presença de requisitos para
cumprimento de determinada medida judicial ou extrajudicial, esta pode ser feita através
de AUXÍLIO DIRETO. Ex: Interpretação de legislação nacional
Artigo 29 - A autoridade local remete para a autoridade central brasileira o pedido de
auxílio direto.
Artigo 30 – Inciso I - principal objetivo do auxílio direto: Prestar informações do nosso
ordenamento jurídico e de processos.
Inciso II – Se há a competência exclusiva de autoridade brasileira, por óbvio está
afastada a hipótese de auxílio direto.
OBS: Colheita de prova - Se admite, a princípio, colheita de prova através de auxílio
direto. Fato este extremamente temerário, uma vez que a colheita de provas,
especialmente, deve ser feita no âmbito do contraditório, sendo este garantido pelo juiz.
A colheita de provas tem que seguir rigidamente a ritualística processual do país de
destino. Quem garante o cumprimento desses requisitos, fazendo a análise da prova
lícita ou ilícita, é o juiz. Portanto, autorizar a colheita de prova por auxílio direto por
autoridade que não a judiciária, coloca em dúvida a constitucionalidade deste novo
dispositivo, segundo alguns juristas.
Inciso III – Indica o objetivo meramente exemplificativo do dispositivo.
Artigo 34 - Parece que o legislador tentou regulamentar a questão acima mencionada.
Havendo qualquer dúvida, cabe ao juiz federal de primeira instância apreciar eventuais
deliberações a respeito do auxílio direto prestado no caso. Professor acha que isto seria
uma usurpação da competência constitucional do STJ, que, originalmente é quem possui
essa atribuição. Neste caso, o CPC transfere a competência para o juiz federal de
primeira instância, ou seja, o pedido direto entraria por uma autoridade
extrajudicial/administrativa que transferiria a competência de julgamento de eventuais
problemas para um juiz de primeira instância, transparecendo a usurpação clara de
transferência constitucional do STJ por força da emenda 45. Vamos aguardar...
Seção III - Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é
de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo
legal.
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para
que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade
brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao
Estado requerido para lhe dar andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os
documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central,
acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se
configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira
dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença
estrangeira, de acordo com o art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação
jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando
encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via
diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento
de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação
pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
Artigo 36 – trata da carta rogatória
Artigo 37 e seguintes – disposições comuns às seções anteriores, ou seja, à
homologação de sentença, à carta rogatória e ao pedido de auxilio direto.
OBS: Artigo 37 - No âmbito do processo judicial brasileiro, havendo a necessidade de
um auxilio direto, deverá também remeter-se à autoridade central para que esta remeta
ao país estrangeiro. Isto é chamado de carta rogatória/auxílio direto ativo, ou seja,
quando parte da autoridade brasileira para o estrangeiro.

Convenção de Nova York: decreto legislativo nº 10, de 1958: Convenção sobre a


prestação de alimentos no estrangeiro.
1- Objetivo - Facilitar o acesso e a tramitação de processos envolvendo pessoas que
necessitem de alimentos no âmbito internacional quando requerido e requerente
estiverem em países distintivos, evitando, assim, a morosidade dos tramites
processuais de uma ação proposta em país diferente de uma das suas partes, sendo
do autor ou do réu, em que qualquer ato deverá ser praticado através de carta
rogatória e a sentença para produzir efeitos deverá ser homologada pelo tribunal
competente, conforme o artigo 1º da Convenção que dispõe:
ARTIGO I - Objeto de Convenção
1. A presente Convenção tem como objeto facilitar a uma pessoa, doravante
designada como demandante, que se encontra no território de uma das Partes
Contratantes, a obtenção de alimentos aos quais pretende ter direito por parte de
outra pessoa, doravante designada como demandado, que se encontra sob jurisdição
de outra Parte Contratante. Os organismos utilizados para este fim serão doravante
designados como Autoridades Remetentes e Instituições Intermediárias.
2. Os meios jurídicos previstos na presente Convenção completarão, sem os
substituir, quaisquer outros meios jurídicos existentes em direito interno ou
internacional.
A lei cria quatro figuras importantes: o DEMANDANTE, aquele que necessita de
alimentos; o DEMANDADO, aquele que teoricamente tem a obrigação de prestar
alimentos; AUTORIDADE REMETENTE, aquela indicada pelo país de residência do
demandante, ou seja, aquele que necessita de alimentos tem acesso no seu país a uma
autoridade remetente, a qual deve enviar o pedido para uma INSTITUIÇÃO

INTERMEDIÁRIA no país do demandado.


Demandante → Autoridade Remetente → Instituição Intermediária →
Demandado
Ou seja, aquele que necessita de alimentos acessa direto uma autoridade
remetente que envia para a instituição intermediária a demanda e faz contato com o
demandado.
A depender do caso concreto pode ser que não haja ainda sequer um processo de
alimentos ajuizado, onde o demandante entra em contato direto com a autoridade
remetente do seu país de origem (no nosso caso, a Procuradoria Geral da República).
Em maiores detalhes, o demandante, ou seja, aquele residente no Brasil que
necessitar de alimentos a serem prestados por alguém que esteja fora do Brasil, deve
procurar uma sede da Procuradoria da República no Brasil, seu território, remetendo o
procurador seu pedido com todos os documentos (a depender do caso que pode ser a
mera execução de uma sentença de alimentos ou mesmo o ajuizamento de uma ação de
alimentos) à Procuradoria Geral da República no Brasil, que remeterá à
autoridade/instituição indicada pelo país de destino (ex: MP francês) e esta tomará as
providencias cabíveis na localidade de destino. Sejam essas o ajuizamento de ação de
alimentos, intimação do devedor de alimentos para o pagamento dos alimentos devidos
(no âmbito do Brasil, este, se não realizar o pagamento de forma espontânea, será
obrigado por nossa instituição intermediária, a PGR, através de solicitação ao STJ o
exequatur de ato executório ou homologação de sentença estrangeira.
Em suma, o necessitado no Brasil faz contato com o procurador geral da
república no seu território, na sua proximidade. Esse procurador da república entra em
contato com o procurador geral da república, que remete o pedido para uma instituição
intermediária no país de destino, em que reside o demandado. A depender do caso
concreto, sendo um pedido de ajuizamento de uma ação de alimentos, essa instituição
intermediária localizada no outro país faz o ajuizamento da ação. Se for a execução de
um pedido de alimentos já determinado no Brasil, por exemplo, essa instituição
intermediária entrará em contato com o devedor, caso este não faça o pagamento
espontâneo, dependendo da legislação do país, cabendo um pedido de carta rogatória
para homologação de uma sentença estrangeira.
Observa-se que o mecanismo da Convenção de Nova York facilita muito o
tramite processual da ação, visto que não há necessidade de contatar advogados ou
mesmo aguardar diversas intimações em país estrangeiro. Tal é essa facilitação diante
do interesse social que traz um pedido de alimentos, pois aquele que faz o pedido de
alimentos tem pressa. Não há como aguardar o tramite de cartas rogatórias lentas e
custosas, nem um processo de homologação de sentença estrangeira, no qual há
contraditório, a possibilidade de recurso, etc. Portanto, o mecanismo da Convenção de
Nova York acelera esse processo.
OBS: Artigo 1º, item 2 - O mecanismo previsto na Convenção de Nova York é
supletivo. Não afasta outros mecanismos eventualmente à disposição do demandante.
O artigo 2º diz:
1. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de ratificação ou
de adesão, uma ou mais autoridades administrativas ou judiciárias que exercerão em seu território as
funções de Autoridades Remetentes.
2. Cada Parte Contratante designará, no momento do depósito do instrumento de ratificação ou
adesão, um organismo público ou particular que exercerá em seu território as funções de Instituição
Intermediária.
3. Cada Parte Contratante comunicará, sem demora, ao Secretário Geral das Nações Unidas, as
designações feitas de acordo com as disposições dos parágrafos 1 e 2, bem como qualquer modificação a
respeito.
4. As Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias poderão entrar em contato direto
com as Autoridades Remetentes e as Instituições Intermediárias das outras Partes Contratantes.”
OBS: Parte contratante - Cada país signatário da convenção. EUA não é.
Item 1: Cada país indica sua autoridade competente.
Item 2: Cabe aos países aderentes indicar quem são a autoridade remetente e a
instituição intermediária. Há uma cartilha no site do Ministério Público Federal sobre a
convenção de Nova York, onde está claramente escrito que na ausência de uma filial da
Procuradoria da República no local de residência do demandante, o pedido poderá ser
feito através da Defensoria Pública, para que ela remeta à Procuradoria Geral da
República.
OBS: Convenção de NY não faz distinção entre prestação de alimentos para credores
maiores ou menores de idade, basta que sejam credores de alimentos de acordo com a
legislação pátria do país do demandante. Então eventualmente, alimentos conjugais,
para maiores de idade, podem ser demandados. A convenção não faz distinção da
personalidade jurídica do necessitado. Basta que de acordo com a legislação pátria, o
demandante possa ser credor de alimentos (lembrando que não se faz distinção entre
nacionais e estrangeiros residentes ou não).
OBS: Artigo 3º - Apresentação do pedido à autoridade remetente - Demandante entra
em contato com a autoridade remetente, que faz contato com a instituição intermediária
que distribui o pedido e entra em contato com o devedor, dependendo do caso concreto.
Item 2 – Todo país signatário tem obrigação de informar ao secretario geral da ONU
quais são os elementos necessários para a apresentação do pedido de alimentos e quais
são as condições para a concessão desses alimentos no seu território. O Secretário geral
da ONU dá publicidade a esses elementos para que os organismos de cada país antes de
enviar um pedido de alimentos para um país da instituição intermediária conheça os
requisitos e, de antemão, já saiba se os documentos estão de acordo e se aquele caso
concreto é de concessão do pedido de alimentos. Lembrando que os alimentos serão
concedidos ou não, de acordo com a legislação interna do país do demandado. Dado o
grande numero de países signatários, este item se faz importante para que o secretário
geral da ONU reconheça os requisitos formais e materiais da documentação de todos
esses países.
OBS: Em suma, o demandante (aquele que precisa de alimentos) remete seu pedido à
autoridade requerente no Brasil (PGR – Procuradoria Geral da República ou defensoria
pública, caso esta não exista). Essa autoridade remetente (no Brasil a PGR) conhece de
antemão os requisitos formais e materiais do país onde se localiza a instituição
intermediária. A PGR remete à autoridade intermediária no país de destino e, conforme
o caso concreto, esta instituição intermediária representará o demandante.
OBS: Ausência do cumprimento espontâneo - Procurador da república local devolve
para o PGR e este pede a homologação de sentença estrangeira. Caso não seja ainda
nenhuma decisão definitiva, mas de caráter executório, faz-se um pedido de exequatur
da carta rogatória. Ou seja, em um primeiro momento cabe ao procurador da republica
local intimar o demandado daquela decisão de alimentos e buscar junto a ele o
cumprimento espontâneo. Porém, sendo uma decisão estrangeira, na ausência dessa
espontaneidade, esta obrigatoriamente passará pelo STJ, seja em caráter de
homologação de sentença ou de carta rogatória.

OBS: Convenção de NY não inova na criação de regras. Portanto se no Brasil autoriza-


se a prisão do devedor de alimentos, o juiz federal de primeira instância que julgar o
pedido do caso concreto está autorizado a determinar a prisão do devedor.

OBS: Não é qualquer caso de devedor de alimentos que tem a prisão decretada. O STJ e
STF possuem uma longa jurisprudência a este respeito, contando com o debito atual de
alimentos, que não deve ultrapassar 3 meses, a falta de condição do alimentante, o
pagamento imediato de alimentos, etc.

OBS: Artigo 5º - Transmissão de sentenças e outros atos judiciários já deferidos no país


do demandante
Item 1: “A Autoridade Remetente transmitirá, a pedido do demandante e em
conformidade com as disposições com o artigo IV, qualquer decisão, em matéria de
alimento, provisória ou definitiva ou qualquer outro ato judiciário emanado, em favor
do demandante, de tribunal competente de uma das Partes Contratantes, e, se
necessário e possível, o relatório dos debates durante os quais esta decisão tenha sido
tomada.”, pode ser que ainda não haja uma ação de alimentos proposta entre
demandante e demandado. Porém, esta pode já ter sido proposta, inclusive com
julgamento em definitivo no território do demandante. Através da Convenção de NY,
determina-se que as autoridades intermediárias enviem entre si (tanto a demandante
quanto a demandada) as decisões de caráter definitivo ou provisório que defiram os
alimentos, justamente para que a autoridade intermediária tome as providencias
possíveis no território demandado. Se possível, solicita também relatórios dos debates
realizados entre as autoridades, para que esta decisão possa ser cumprida.
Item 3 - “O procedimento previsto no artigo VI poderá incluir, conforme a lei do
Estado do demandado, o exequatur ou o registro, ou ainda uma nova ação, baseada na
decisão transmitida em virtude das disposições do parágrafo 1.”, restando claro que a
depender da legislação do Estado demandado, caberá o exequatur, registro,
homologação ou ainda a execução direta dessa decisão.
OBS: Artigo 6º - Funções da Instituição Intermediária
Item 1 “ A Instituição Intermediária, atuando dentro dos limites dos poderes conferidos
pelo demandante, tomará, em nome deste, quaisquer medidas apropriadas para
assegurar a prestação dos alimentos.* Ela poderá, igualmente, transigir e, quando
necessário, iniciar e prosseguir uma ação alimentar e fazer executar qualquer
sentença, decisão ou outro ato judiciário.” Ou seja, a autoridade intermediária tem
poder de transação
* podendo ser estas medidas: ajuizamento de uma ação direta, pedido de carta
rogatória, pedido de homologação de sentença estrangeira ou auxílio direto. Cabe,
inclusive, arresto, se este for necessário para o cumprimento da sentença.
Item 3 – Normas processuais e materiais – Estado do demandado.
OBS: Artigo 9º - Isenções e Facilidades
Item 1 - Demandantes mesmo que residentes em outro país gozam no âmbito do
território do país do demandado, de todas as isenções de custos e de despesa que
gozariam os residentes daquele país.
Item 3 - Atuação gratuita do Estado em favor de alimentante estrangeiro.
OBS: Artigo 11 trata em eventual caso em que o estado não é Unitário (cada Estado
dentro de um território federal possui leis próprias), tratando o artigo 12º da aplicação
da convenção nestes casos.
OBS: Artigo 17 - Reservas que as partes aderentes podem ou não fazer à Convenção,
que devem ser comunicadas diretamente ao secretario geral da ONU.
OBS: Artigo 18 - Reciprocidade.
OBS: Próprio MPF cita os três principais obstáculos para aplicação dessa Convenção:
1) Tribunais locais não vêm permitindo a validade da citação por edital, portanto, no
caso de não se encontrar o demandado, os tribunais locais no momento da
homologação da sentença ou da concessão de exequatur de uma carta rogatória, não
vêm admitindo de forma geral, embora esteja prevista na legislação pátria, a citação
por edital. Tornando inócuas as previsões da Convenção de NY.
2) Necessidade de cópia autenticada via autoridade diplomática de todos os
documentos. Gera obstáculo e aumenta custos do acesso à justiça.
3) Presunção de paternidade daquele se recusa a realizar o exame de DNA. Não é
reconhecida em muitos outros países. O pleito de alimentos contra aquele que não
reconhece sua paternidade é muito dificultado em função dessa ausência de
presunção de paternidade. Caso o país estrangeiro não presuma o mesmo, o
processo é dificultado pela necessidade primeira de uma ação de reconhecimento de
paternidade precedente a de alimentos.

Convenção de Nova Iorque sobre arbitragem - DL. 4311/2002. Instrumento


internacional de extrema importância, que prevê aplicação harmônica do instituto da
arbitragem em todos os países, que tem por objetivo harmonizar e pacificar o
cumprimento e execução de sentenças arbitrais proferidas em países signatários
produzindo efeitos em outros países signatários da convenção.
A lógica da convenção é: uma sentença ou uma decisão do Tribunal arbitral proferida
em um dos países deverá produzir efeitos obrigatoriamente tal qual tenha sido lançada
em outro país. Obviamente que ultrapassando os trâmites legais de cada país no qual se
pretende que ela faça efeito.
Vamos abordar artigos principais da convenção.

Artigo I

1. A presente Convenção aplicar-se-á ao reconhecimento e à execução de


sentenças arbitrais estrangeiras proferidas no território de um Estado que não o
Estado em que se tencione o reconhecimento e a execução de tais sentenças, oriundas
de divergências entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. A Convenção aplicar-se-
á igualmente a sentenças arbitrais não consideradas como sentenças domésticas no
Estado onde se tencione o seu reconhecimento e a sua execução.

2. Entender-se-á por "sentenças arbitrais" não só as sentenças proferidas por


árbitros nomeados para cada caso mas também aquelas emitidas por órgãos arbitrais
permanentes aos quais as partes se submetam.

3. Quando da assinatura, ratificação ou adesão à presente Convenção, ou da


notificação de extensão nos termos do Artigo X, qualquer Estado poderá, com base em
reciprocidade, declarar que aplicará a Convenção ao reconhecimento e à execução de
sentenças proferidas unicamente no território de outro Estado signatário. Poderá
igualmente declarar que aplicará a Convenção somente a divergências oriundas de
relacionamentos jurídicos, sejam eles contratuais ou não, que sejam considerados
como comerciais nos termos da lei nacional do Estado que fizer tal declaração.

Havendo decisão de árbitro ou tribunal arbitral estrangeiro, o Brasil, na qualidade de


signatário da convenção, se compromete a reconhecer a validade da decisão e dar
eficácia dentro de nosso território.
O artigo 2º trata da validade dos acordos e cláusulas arbitrais

Artigo II –

1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo escrito pelo qual as partes se
comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou
que possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico
definido, seja ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução
mediante arbitragem.
Estados signatários se comprometem a reconhecer a validade dos compromissos
arbitrais e das cláusulas arbitrais. Obviamente, só estará submetido à arbitragem aquele
que fizer essa opção no próprio contrato, através de instrumento separado.
Não basta que o tribunal reconheça obrigatoriamente a validade da decisão, mas
que reconhece também a validade da opção que as partes fizeram àquele tribunal
arbitral específico.
2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral inserida em
contrato ou acordo de arbitragem, firmado pelas partes ou contido em troca de cartas
ou telegramas.

3. O tribunal de um Estado signatário, quando de posse de ação sobre matéria


com relação à qual as partes tenham estabelecido acordo nos termos do presente
artigo, a pedido de uma delas, encaminhará as partes à arbitragem, a menos que
constate que tal acordo é nulo e sem efeitos, inoperante ou inexeqüível.

Ou seja, os Estados signatários têm a prerrogativa de, a pedido de uma das partes,
recusar o julgamento da causa e encaminha-las à arbitragem, salvo se o próprio tribunal
local reconhecer que aquele acordo de arbitragem ou cláusula arbitral é nulo, não
produz efeitos ou é inexequível.

Artigo III - Cada Estado signatário reconhecerá as sentenças como obrigatórias e as


executará em conformidade com as regras de procedimento do território no qual a
sentença é invocada, de acordo com as condições estabelecidas nos artigos que se
seguem. Para fins de reconhecimento ou de execução das sentenças arbitrais às quais a
presente Convenção se aplica, não serão impostas condições substancialmente mais
onerosas ou taxas ou cobranças mais altas do que as impostas para o reconhecimento
ou a execução de sentenças arbitrais domésticas.

A convenção deixa a cargo de cada país a escolha do procedimento através do qual o


país vai dar validade à decisão arbitral. Então, não se descarta por força da convenção
os procedimentos normais de homologação de sentença estrangeira, se for o caso. Não
há aqui, como na convenção de alimentos, o desvio, o drible ao procedimento normal
que é a homologação de sentença e a carta rogatória.
Nas outras duas convenções que a gente ainda vai mencionar hoje há também o recurso
ao auxilio direto, pulando, também, a etapa do STJ. Mas aqui não. Na convenção de
arbitragem, O Brasil se compromete a dar validade a acordos de arbitragem e decisões
arbitrais, passando pelo procedimento normal.
OBS: Artigo 5º - Rol exaustivo e Aplicação restritiva das matérias a serem invocadas
pela parte que se opõe a homologação de uma decisão arbitral estrangeira. Interpretação
vai ser sempre pró-sentença de arbitragem. São cinco matérias que podem ser
invocadas, e que através das quais o tribunal local pode recusar a validade de uma
sentença arbitral. O tribunal local não tem juízo de mérito a respeito da decisão arbitral.

Artigo V - 1. O reconhecimento e a execução de uma sentença poderão ser indeferidos,


a pedido da parte contra a qual ela é invocada, unicamente se esta parte fornecer, à
autoridade competente onde se tenciona o reconhecimento e a execução, prova de que:

Ou seja, o ônus da prova da ausência do reconhecimento da ausência do requisito é da


parte contra a qual a sentença é invocada. Aquele que se opõe à homologação de uma
sentença arbitral tem que provar a ausência de um desses elementos aqui.

a) as partes do acordo a que se refere o Artigo II estavam, em conformidade com a


lei a elas aplicável, de algum modo incapacitadas, ou que tal acordo não é válido nos
termos da lei à qual as partes o submeteram, ou, na ausência de indicação sobre a
matéria, nos termos da lei do país onde a sentença foi proferida; ou

a) Incapacidade das partes que se submeteu voluntariamente a decisão. A parte pode


provar que, nos termos da lei de onde a sentença foi proferida, era incapaz para
firmar compromisso ou cláusula arbitral.

b) a parte contra a qual a sentença é invocada não recebeu notificação apropriada


acerca da designação do árbitro ou do processo de arbitragem, ou lhe foi impossível,
por outras razões, apresentar seus argumentos; ou

b) Não tendo havido notificação a respeito da instauração do procedimento arbitral, ou


não tendo sido notificada a parte a respeito da nomeação dos árbitros, ou que não
tenha sido oportunizada a defesa.

c) a sentença se refere a uma divergência que não está prevista ou que não se
enquadra nos termos da cláusula de submissão à arbitragem, ou contém decisões
acerca de matérias que transcendem o alcance da cláusula de submissão, contanto que,
se as decisões sobre as matérias suscetíveis de arbitragem puderem ser separadas
daquelas não suscetíveis, a parte da sentença que contém decisões sobre matérias
suscetíveis de arbitragem possa ser reconhecida e executada; ou

c) Sentença/Decisão arbitral extrapola a matéria que havia sido submetida


voluntariamente à arbitragem. Se for possível a separação, a parte da sentença
que trata do assunto ao qual as partes estavam submetidas à arbitragem pode ser
validade, mas a parte que extrapolar o acordo de arbitragem, não vai ser
validada.

d)a composição da autoridade arbitral ou o procedimento arbitral não se deu


em conformidade com o acordado pelas partes, ou, na ausência de tal acordo, não se
deu em conformidade com a lei do país em que a arbitragem ocorreu; ou
d) Vício de procedimento. Seja de procedimento escolhido pelas partes ou pelo
procedimento estabelecido por lei local.

e) a sentença ainda não se tornou obrigatória para as partes ou foi anulada ou


suspensa por autoridade competente do país em que, ou conforme a lei do qual, a
sentença tenha sido proferida.

e) Decisão que não se tornou definitiva ainda, por decisão arbitral tenha sido
suspensa ou anulada por autoridade do país no qual ela for proferida.

2. O reconhecimento e a execução de uma sentença arbitral também poderão ser


recusados caso a autoridade competente do país em que se tenciona o reconhecimento
e a execução constatar que:

a) segundo a lei daquele país, o objeto da divergência não é passível de solução


mediante arbitragem; ou

b) o reconhecimento ou a execução da sentença seria contrário à ordem pública


daquele país.

Os artigos seguintes são basicamente procedimentais.

Mais duas Convenções importantes: uma que trata dos efeitos civis do sequestro
internacional de crianças e outra que trata da adoção internacional.

Convenção de Haia - Internalizada em nosso país pelo decreto 3.413/2000 - Aspectos


civis do sequestro internacional de crianças - Assinada em 1980. O Objetivo é
possibilitar e facilitar, através do auxílio direto, o retorno da criança para casa.
Sequestro internacional de criança ou subtração internacional é o ato de transferir
a criança do local de sua residência de forma forçada, ou mesmo de forma
consentida, pelo cônjuge que tenha a guarda da criança.
Preâmbulo:

Os Estados signatários da presente Convenção,

Firmemente convictos de que os interesses da criança são de primordial


importãncia em todas as questões relativas à sua guarda;

Desejando proteger a criança, no plano internacional, dos efeitos prejudiciais


resultantes de mudança de domicílio ou de retenção ilícitas e estabelecer
procedimentos que garantam o retorno imediato da criança ao Estado de sua
residência habitual, bem como assegurar a proteção do direito de visita;
OBS: Objetivo é proteger a criança no estado de sua residência habitual e o genitor que
não reside naquele estado de residência habitual a ter o direito de visita.

Artigo 1

A presente Convenção tem por objetivo:

a) assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para


qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente;

b) fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos


de guarda e de visita existentes num Estado Contratante.

OBS: Ou seja, os Estados signatários de forma geral se comprometem a respeitar os


direitos de guarda e de visita decididos por tribunais de outros estados contratantes.

Artigo 3

A transferência ou a retenção de uma criança é considerada ilícita quando:

a) tenha havido violação a direito de guarda atribuído a pessoa ou a instituição ou


a qualquer outro organismo, individual ou conjuntamente, pela lei do Estado onde a
criança tivesse sua residência habitual imediatamente antes de sua transferência ou da
sua retenção; e

b) esse direito estivesse sendo exercido de maneira efetiva, individual ou em


conjuntamente, no momento da transferência ou da retenção, ou devesse está-lo sendo
se tais acontecimentos não tivessem ocorrido.

O direito de guarda referido na alínea a) pode resultar de uma atribuição de pleno


direito, de uma decisão judicial ou administrativa ou de um acordo vigente segundo o
direito desse Estado.

OBS: Ou seja, a transferência é ilícita quando viola o direito de guarda. Se aquele


genitor que já tem a guarda no país de residência habitual da criança decidir transferir a
sua residência, não haverá, em princípio, violação a direito de guarda. Talvez haja
violação em relação a dispositivos legais do país de residência da criança. No Brasil
pode ser que haja, de acordo com a lei de alienação parental, violação aos direitos da
própria criança e aí há dispositivos legais na legislação interna para o juiz inverter a
guarda dessa criança. Para efeitos da convenção, não há violação dos direito de guarda.

Artigo 6

Cada Estado Contratante designará uma Autoridade Central encarregada de dar


cumprimento às obrigações que Ihe são impostas pela presente Convenção.

Estados federais, Estados em que vigorem vários sistemas legais ou Estados em


que existam organizações territoriais autônomas terão a liberdade de designar mais de
urna Autoridade Central e de especificar a extensão territorial dos poderes de cada
uma delas. O Estado que utilize esta faculdade deverá designar a Autoridade Central à
qual os pedidos poderão ser dirigidos para o efeito de virem a ser transmitidos à
Autoridade Central internamente competente nesse Estado.

OBS: Utilização do recurso do auxílio direto, obrigando que todos os estado signatários
da convenção nomeiem uma autoridade central que vai funcionar como uma forma de
contato e como forma de fazer cumprir de maneira mais célere os objetivos da
convenção de Haia. Nesse caso, no Brasil a autoridade central federal é a secretaria de
direitos humanos, vinculada à Presidência da República.

Artigo 7

As autoridades centrais devem cooperar entre si e promover a colaboração entre


as autoridades competentes dos seus respectivos Estados, de forma a assegurar o
retorno imediato das crianças e a realizar os demais objetivos da presente Convenção.

Em particular, deverão tomar, quer diretamente, quer através de um


intermediário, todas as medidas apropriadas para:

a) localizar uma criança transferida ou retida ilicitamente;

b) evitar novos danos à criança, ou prejuízos às parles interessadas, tomando ou


fazendo tomar medidas preventivas;

c) assegurar a entrega voluntária da criança ou facilitar uma solução amigável;

d) proceder, quando desejável, à troça de informações relativas à situação social


da criança;

e) fornecer informações de caráter geral sobre a legislação de seu Estado relativa


à aplicação da Convenção;

f) dar início ou favorecer a abertura de processo judicial ou administrativo que


vise o retomo da criança ou, quando for o caso, que permita a organização ou o
exercício efetivo do direito de visita;

g) acordar ou facilitar, conforme ás circunstâncias, a obtenção de assistência


judiciária e jurídica, incluindo a participação de um advogado;

h) assegurar no plano administrativo, quando necessário e oportuno, o retorno


sem perigo da criança;

i) manterem-se mutuamente informados sobre o funcionamento da Convenção e,


tanto quanto possível, eliminarem os obstáculos que eventualmente se oponham à
aplicação desta.

Artigo 12

Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do
Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da transferência
ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial
ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se encontrar, a autoridade
respectiva deverá ordenar o retomo imediato da criança.
A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o
período de uma ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da
criança, salvo quando for provado que a criança já se encontra integrada no seu novo
meio.

Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido tiver razões


para crer que a criança tenha sido levada para outro Estado, poderá suspender o
processo ou rejeitar o pedido para o retomo da criança.

OBS: Estabelece prazo razoável (um ano) entre a transferência e o início do


procedimento administrativo judicial, através do qual se obriga o retorno imediato da
criança que tiver sido transferida ou retida de forma ilícita. Caso tenha sido ultrapassado
o prazo de 1 ano entre a transferência ou retenção ilícita da criança e o inicio do
procedimento administrativo judicial, caberá às autoridade locais avaliar se é caso
retorno imediato ou se a criança já está adaptada a seu novo meio.
Artigo 13

Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial


ou administrativa do Estado requerido não é obrigada a ordenar o retomo da criança
se a pessoa, instiuição ou organismo que se oponha a seu retomo provar:

a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da


crinaça não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou da
retenção, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta
transferência ou retenção; ou

b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de
ordem fisica ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação intolerável.

A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-se a ordenar o e


retorno da criança se verificar que esta se opõe a ele e que a criança atingiu já idade e
grau de maturidade tais que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões
sobre o assunto.

Ao apreciar as circunstâncias referidas neste Artigo, as autoridades judiciais ou


administrativas deverão tomar em consideração as informações relativas à situação
social da criança fomecidas pela Autoridade Central ou por qualquer outra autoridade
competente do Estado de residência habitual da criança.

OBS: A parte que transferiu ou que retém de forma ilícita uma criança em estado
diferente daquele de residência habitual pode provar, dentro do procedimento, que a
criança estava em estado de perigo ou que a parte consentiu com a transferência ou que
essa parte não exercia de forma adequada a guarda do menor.

Convenção de Haia de 1993 - Proteção de criança e Cooperação em matéria de adoção


internacional. Dec. 3087/99.
Preâmbulo :
Os Estados signatários da presente Convenção,

Reconhecendo que, para o desenvolvimento harmonioso de sua personalidade, a


criança deve crescer em meio familiar, em clima de felicidade, de amor e de
compreensão;

Recordando que cada país deveria tomar, com caráter prioritário, medidas
adequadas para permitir a manutenção da criança em sua família de origem;

Reconhecendo que a adoção internacional pode apresentar a vantagem de dar


uma família permanente à criança para quem não se possa encontrar uma família
adequada em seu país de origem;

Convencidos da necessidade de prever medidas para garantir que as adoções


internacionais sejam feitas no interesse superior da criança e com respeito a seus
direitos fundamentais, assim como para prevenir o seqüestro, a venda ou o tráfico de
crianças; e

Desejando estabelecer para esse fim disposições comuns que levem em


consideração os princípios reconhecidos por instrumentos internacionais, em
particular a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 20 de
novembro de 1989, e pela Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios Sociais e
Jurídicos Aplicáveis à Proteção e ao Bem-estar das Crianças, com Especial Referência
às Práticas em Matéria de Adoção e de Colocação Familiar nos Planos Nacional e
Internacional (Resolução da Assembléia Geral 41/85, de 3 de dezembro de 1986),

Artigo 1

A presente Convenção tem por objetivo:

a) estabelecer garantias para que as adoções internacionais sejam feitas segundo


o interesse superior da criança e com respeito aos direitos fundamentais que lhe
reconhece o direito internacional;

b) instaurar um sistema de cooperação entre os Estados Contratantes que


assegure o respeito às mencionadas garantias e, em conseqüência, previna o seqüestro,
a venda ou o tráfico de crianças;

c) assegurar o reconhecimento nos Estados Contratantes das adoções realizadas


segundo a Convenção.

OBS: Quer o adotante esteja no Estado onde a criança resida habitualmente, quer o
casal ou a pessoa que pretende adoção esteja em Estado diferente de onde a criança
reside, aplica-se a convenção para facilitar a adoção dessas crianças, prevenindo o
sequestro infantil, observando sempre o melhor interesse da criança.
OBS: Há o recurso “autoridades centrais”. Secretaria de direitos humanos, vinculada à
Presidência da República faz esse meio campo com autoridades centrais de outros
países para facilitar a adoção internacional.

Artigo 4
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão ocorrer quando as
autoridades competentes do Estado de origem:

a) tiverem determinado que a criança é adotável;

b) tiverem verificado, depois de haver examinado adequadamente as


possibilidades de colocação da criança em seu Estado de origem, que uma adoção
internacional atende ao interesse superior da criança;

c) tiverem-se assegurado de:

1) que as pessoas, instituições e autoridades cujo consentimento se requeira para a


adoção hajam sido convenientemente orientadas e devidamente informadas das
conseqüências de seu consentimento, em particular em relação à manutenção ou à
ruptura, em virtude da adoção, dos vínculos jurídicos entre a criança e sua família de
origem;

2) que estas pessoas, instituições e autoridades tenham manifestado seu consentimento


livremente, na forma legal prevista, e que este consentimento se tenha manifestado ou
constatado por escrito;

3) que os consentimentos não tenham sido obtidos mediante pagamento ou


compensação de qualquer espécie nem tenham sido revogados, e

4) que o consentimento da mãe, quando exigido, tenha sido manifestado após o


nascimento da criança; e

d) tiverem-se assegurado, observada a idade e o grau de maturidade da criança, de:

1) que tenha sido a mesma convenientemente orientada e devidamente informada


sobre as conseqüências de seu consentimento à adoção, quando este for exigido;

2) que tenham sido levadas em consideração a vontade e as opiniões da criança;

3) que o consentimento da criança à adoção, quando exigido, tenha sido dado


livremente, na forma legal prevista, e que este consentimento tenha sido manifestado ou
constatado por escrito;

4) que o consentimento não tenha sido induzido mediante pagamento ou


compensação de qualquer espécie.

OBS: Todas as pessoas e instituições do Estado de origem da criança têm que estar
suficientemente informadas e de acordo, levando em consideração a ruptura do poder
familiar que é uma adoção familiar.
OBS: Não se admite consentimento prévio ao nascimento.
OBS: A criança pode eventualmente ser questionada acerca de seu interesse, mas
depende do caso, da sua idade, da maturidade da criança pra consentir com a adoção. É
a autoridade competente do caso que vai avaliar a idade e a maturidade da criança para
consentir com uma adoção.
OBS: É incabível compensação ou pagamento de qualquer espécie, tanto para
responsável quanto para o próprio menor visando a obtenção de consentimento da
adoção internacional.

Artigo 5

As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão ocorrer quando as


autoridades competentes do Estado de acolhida:

a) tiverem verificado que os futuros pais adotivos encontram-se habilitados e aptos


para adotar;

b) tiverem-se assegurado de que os futuros pais adotivos foram convenientemente


orientados;

c) tiverem verificado que a criança foi ou será autorizada a entrar e a residir


permanentemente no Estado de acolhida.

OBS: Vai caber às autoridades intermediárias (auxílio direto) verificar no estado de


origem da criança e no Estado de acolhida da mesma o cumprimento de todos os
requisitos acima.

Artigo 6

1. Cada Estado Contratante designará uma Autoridade Central encarregada de


dar cumprimento às obrigações impostas pela presente Convenção.

2. Um Estado federal, um Estado no qual vigoram diversos sistemas jurídicos ou


um Estado com unidades territoriais autônomas poderá designar mais de uma
Autoridade Central e especificar o âmbito territorial ou pessoal de suas funções. O
Estado que fizer uso dessa faculdade designará a Autoridade Central à qual poderá ser
dirigida toda a comunicação para sua transmissão à Autoridade Central competente
dentro desse Estado.

Artigo 17

Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais adotivos somente poderá ser
tomada no Estado de origem se:

a) a Autoridade Central do Estado de origem tiver-se assegurado de que os futuros


pais adotivos manifestaram sua concordância;

b) a Autoridade Central do Estado de acolhida tiver aprovado tal decisão, quando


esta aprovação for requerida pela lei do Estado de acolhida ou pela Autoridade
Central do Estado de origem;

c) as Autoridades Centrais de ambos os Estados estiverem de acordo em que se


prossiga com a adoção; e

d) tiver sido verificado, de conformidade com o artigo 5, que os futuros pais


adotivos estão habilitados e aptos a adotar e que a criança está ou será autorizada a
entrar e residir permanentemente no Estado de acolhida.
Artigo 23

1. Uma adoção certificada em conformidade com a Convenção, pela autoridade


competente do Estado onde ocorreu, será reconhecida de pleno direito pelos demais
Estados Contratantes. O certificado deverá especificar quando e quem outorgou os
assentimentos previstos no artigo 17, alínea "c".

2. Cada Estado Contratante, no momento da assinatura, ratificação, aceitação,


aprovação ou adesão, notificará ao depositário da Convenção a identidade e as
Funções da autoridade ou das autoridades que, nesse Estado, são competentes para
expedir esse certificado, bem como lhe notificará, igualmente, qualquer modificação na
designação dessas autoridades.

Artigo 24

O reconhecimento de uma adoção só poderá ser recusado em um Estado


Contratante se a adoção for manifestamente contrária à sua ordem pública, levando em
consideração o interesse superior da criança.

OBS: Todos os estado signatários da convenção se comprometem de forma mútua a


reconhecer as adoções internacionais formalizadas nos termos dessa convenção, salvo
se violar ordem pública local, levando em consideração sempre o interesse da criança.

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