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Por outro lado, há casos em que, seja porque a competência é corrente ou porque o
tribunal brasileiro não tem competência, vamos estudar a jurisdição indireta dos
tribunais brasileiros.
DIPRI consiste, basicamente, na criação e análise de critérios que vão definir qual a
legislação aplicável a um determinado caso concreto e qual a jurisdição competente para
análise desse caso concreto.
Desse modo, o objetivo final das normas de direito internacional privado é uma espécie
de harmonia internacional, uma vez que cada estado tem autonomia e prerrogativa de
selecionar quais são os casos em que ele tem jurisdição exclusiva e quais os casos em
que ele admite a aplicação de decisões e de atos processuais de direito estrangeiro.
O DIPRI é aplicável nos casos que envolvem aplicação, criação e escolha de critérios
que vão definir qual a legislação aplicável, qual a jurisdição competente.
Cada país tem um regulamento interno para definição tanto da norma material aplicável
aos casos concretos, como da sua definição de competência.
Ela define a partir de seu artigo 7º, 8º em diante, qual o direito material aplicável em
determinados casos concretos. Logo, é bem plausível a hipótese de um julgamento no
Brasil utilizando normas do direito material do estado do proponente.
O nome “direito internacional privado” atrai um monte de criticas, porque nem privado
nem internacional é. Ele trata de assuntos de direito público. Jurisdição é direito
público, direito do consumidor está bastante perto de direito público, tributação, casos
envolvendo alimentos. Além disso, não tem nada de internacional, porque a grande
maioria das normas que a gente vai tratar aqui é de direito interno, normas brasileiras, a
gente vai trabalhar com o CPC. Basicamente, na nossa matéria, a gente vai trabalhar
com o artigo 88 do CPC, com a lei de introdução ao código civil, e eventualmente com
algumas convenções internacionais, mas de forma subsidiária.
Então, primeiro o intérprete vai ser definir em que local se constituiu a obrigação, e a
própria lei nos indica critérios para isso. A LINDB não diz como se vai definir o caso
concreto, apenas diz que lei vai definir o caso concreto, que lei vai regulamentar o caso
concreto. Por isso a expressão ‘sobredireito’. DIPRI é claramente uma espécie de
sobredireito uma vez que ele trabalha com normas sobre normas.
Conflito de competência: há uma crítica muito grande também a esse nome. É muito
comum o uso do nome ‘competência internacional’, mas é uma expressão bastante
criticada também uma vez que não há efetivamente uma competência internacional; não
há um tribunal internacional competente para julgamento de questões de DIPRI. Então,
a gente falar em competência internacional parece uma impropriedade técnica.
Especificamente se a gente analisar competência sob o ponto de vista daquela teoria de
Chiovenda, “jurisdição é o poder que determinado estado tem para o julgamento de uma
causa”; e competência seria a medida da jurisdição. Competência, nessa análise mais
clássica, é a divisão interna da jurisdição. Então, uma vez definida a jurisdição do poder
judiciário brasileiro ou do poder judiciário estrangeiro, qualquer que seja, ou seja, a sua
capacidade de julgamento do caso concreto, aí sim se define a chamada competência,
que é a divisão interna para julgamento.
Como disse cada estado é livre e independente para definir a extensão da sua própria
jurisdição, ou seja, cada país ao redor do globo tem a prerrogativa de definir a extensão
de sua jurisdição. Desse modo é a lei brasileira que define em que casos o poder
judiciário é competente para o julgamento de determinadas causas com conexão
internacional.
A questão é a efetividade da decisão. Então, por razões de efetividade cabe aos estados
evitar situações tanto de abuso na definição de sua competência (evitar carência de
efetividade) quanto de denegação de justiça.
Seguindo a formatação criada pela prof. Nadia de Araujo, vamos definir os 5 princípios
da jurisdição internacional, da competência internacional. São eles:
1 – princípio da jurisdição razoável – Possui um aspecto claro de evitar, impedir,
a prática de abusos na definição de jurisdição de cada estado. Esse princípio determina
que em casos com elementos internacionais, este deve ser julgado por tribunal que tenha
razoável conexão com o objeto do litígio. Ou seja, é necessário que o tribunal tenha
uma conexão razoável com aquele caso concreto que vai ser julgado para que o
julgamento seja efetivo.
2 – principio do acesso à justiça (princípio universal) – (também conhecido
como direito efetivo à prestação jurisdicional) – dentre outros aspectos, o acesso à
justiça impede denegação de justiça, garante ao litigante assistência judiciária integral,
e benefício da justiça gratuita. Tudo isto inserido na ideia de acesso à justiça. Além de
ser princípio de direito internacional, antes de ser princípio de direito internacional, é
princípio do nosso direito interno também.
3 – principio universal da não discriminação –O principio da não discriminação
é o princípio da não discriminação entre nacionais e estrangeiros.
4- principio da cooperação - talvez o mais importante, considerando que o
direito internacional privado tem um caráter protetivo dos direitos humanos - Esse
princípio estabelece não apenas um sistema de relacionamento entre estados, mas um
sistema de cooperação. A parte mais sensível disso é o cumprimento de decisões de
outros estados no âmbito do território nacional. O fato de uma sentença estrangeira não
ser internalizada no direito brasileiro, seria uma espécie de denegação de justiça, e seria,
certamente, uma violação do direito humano do acesso à justiça. Então esse princípio
estabelece que de um lado a cooperação entre os estados para fazer com que as decisões
de um determinado estado sejam válidas e efetivas em outro território – a gente vai ver
com calma os requisitos para que isso funcione.
5- principio da circulação internacional – parece consequência do principio anterior.
Estabelece a interação entre ordens jurídicas sob vários aspectos. São vários aspectos
que possibilitam, mais uma vez, admissão geral de aplicação de direito estrangeiro no
nosso tribunal é um aspecto prático da circulação internacional.
Há a classificação do Agenor de Andrade, e ele parece ter razão, na qual ele sintetiza
esses 5 princípios em efetividade e submissão. De fato todos os 5 princípios que a gente
falou aqui passam pela ideia de efetividade das decisões e de submissão das decisões,
submissão no sentido de um estado permitir a aplicação de um direito de outro.
1º - o poder judiciário brasileiro ou estrangeiro pode julgar qualquer ação que seja
apresentada a ele?
O § único do mesmo artigo 88, afirma que havendo filial ou sucursal de empresa
estrangeira no Brasil – matriz não, porque não seria estrangeira -, ação judicial em que
essa pessoa jurídica seja ré o poder judiciário brasileiro tem competência para
julgamento, tem jurisdição para julgamento.
Fatos ocorridos no Brasil - Qualquer espécie de ato de responsabilidade civil que ocorra
no território nacional, não importa se a obrigação vai ser cumprida fora, se o fato foi
praticado no Brasil, o ato ilícito, por exemplo. Ou se ato foi praticado no Brasil, por
exemplo: casamento, testamento, doação,...
A jurisprudência é unânime no sentido de que basta a ocorrência de apenas uma dessas
três hipóteses para que o poder judiciário tenha competência internacional, jurisdição
para o julgamento dessa causa.
OBS: Artigo 90 do CPC - A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma
causa e das que lhe são conexas. É possível então haver duas causas pendentes sobre o
mesmo assunto em dois países diferentes. Consequência disso na prática: o STJ não vai
internalizar a decisão estrangeira porque o caso está sendo julgado aqui.
Há mais uma razão ligando essas duas situações, além de efetividade e soberania, que
faz com que os tribunais brasileiros impeçam que sejam julgadas no tribunal
estrangeiro: arrecadação tributária, dinheiro. Quando você faz transmissão de
propriedade, quando você faz inventario e partilha, você tem arrecadação tributaria. A
arrecadação tributária impede que o Brasil aceite julgamento em tribunais estrangeiros.
Isso dificultaria a arrecadação tributária. Embora haja a questão de efetividade. Não me
parece que haja efetividade de julgamento no estrangeiro a respeito de imóveis
localizados no brasil.
OBS: Ações relativas a imóveis podem ter cunho real (ações envolvendo propriedade de
bens imóveis) ou pessoal (ações envolvendo contrato de locação de bem imóvel). A lei
não faz essa distinção. A melhor interpretação é a que estabelece que a jurisdição
exclusiva apenas em ações de caráter real, não no caso de caráter pessoal.
Definição da competência ocorre em duas fases distintas: na primeira fase o juiz tem
que avaliar se o caso é de jurisdição brasileira, ou seja, num primeiro momento o juiz
deve obrigatoriamente analisar se um caso deve ser julgado por nossas normas internas,
de jurisdição brasileira. Caso a resposta seja positiva, em um segundo momento há
avaliação de competência interna.
No artigo 89, se houver qualquer julgamento no exterior, o STJ vai ignorar esse
julgamento. São casos de soberania e arrecadação tributária.
OBS: Inciso I - Apenas ações relativas a direitos reais, por ex, quando houver direitos
de propriedade.
OBS: O rol dos artigos 88 e 89 do CPC não é exaustivo. É possível que existam outros
casos não abrangidos por esses artigos.
OBS: Quando existir um caso no tribunal brasileiro que não esteja previsto nos artigos
88, 89 ou em legislação especifica há 2 correntes.
Isto significa que intentada uma ação no estrangeiro, a mesma pode ser ajuizada aqui no
Brasil, isso não importará em litispendência. Existem 2 consequências práticas disso.
Primeira – Havendo duas ações paralelas, cada sentença produzirá efeitos no país
respectivo no qual a mesma houver sido proferida, mesmo se forem conflitantes.
Fórum shopping - Deve ser analisado de forma complementar com o fórum non
conveniens. A parte mais fraca elege um foro, que embora não tenha nada a ver com o
caso concreto, lhe traga uma situação mais confortável. Embora eventualmente a
jurisdição tenha sido eleita pelas partes para o julgamento da causa se não tiver qualquer
elemento de conexão, ela deve se dizer incompetente para o processo. Ou seja, consiste
na procura entre jurisdições daquela onde o autor ou as partes supõe possa ser obtida
uma decisão mais favorável aos seus interesses em razão da lei a ser aplicada ou em
decorrência de normas processuais.
OBS: Barbosa Moreira - Nome “competência concorrente” é impróprio. Ele diz que não
existe uma competência concorrente, a competência é brasileira, mas a parte é que se
submete a outro tribunal para julgar sua causa, e aí sim surge uma competência do
tribunal estrangeiro. Desse modo, o que há é competência do tribunal brasileiro, mas o
nosso sistema jurídico admite que por ato da parte anterior ou no processo outro tribunal
se torne competente.
Existem regras especificas: o art. 101 do CDC, o art. 628 do CCom, e talvez o
mais importante é o art. 651 da CLT. Por ultimo art. 10 da lei 7565/86.
OBS: Imunidade de jurisdição não tem uma regulamentação, mas decorre de costumes,
jurisprudência,... Antes STF e STJ entendiam que a ideia de imunidade era absoluta, ou
seja, qualquer causa envolvendo estados estrangeiros ou seus agentes não seriam de
competência da justiça brasileira. Caráter ilimitado. Atualmente (após 1998/1999) o
STF acompanha o entendimento mais fluente nos tribunais internacionais. Diferenciar a
imunidade de jurisdição de atos de império para atos de gestão. Ou seja, quando se
tratar de ato de império os estados estrangeiros e seus agentes são imunes a jurisdição
brasileira. Obviamente que a contrario senso, em se tratando de atos de gestão os
estados estrangeiros e seus agentes não são imunes a jurisdição brasileira.
OBS: Os tribunais entendem que causas trabalhistas não são atos de império, e sim atos
de gestão. Talvez a linha mestra para tentar diferenciar atos de império de atos de gestão
é a afetação da soberania do país.
OBS: Novo CPC tratou em um capitulo inteiro do auxilio direto. De uma forma geral, o
CPC anterior não tinha qualquer dispositivo sobre cooperação internacional porque
havia um entendimento de que isso deveria estar no regimento interno dos tribunais.
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de
decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de
delibação no Brasil.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o
auxílio direto terá os seguintes objetos:
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei
brasileira.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central
adotará as providências necessárias para seu cumprimento.
OBS: Modelo brasileiro - Não se envolve no mérito da sentença que será homologada.
Sistema de delibação. STJ analisa requisitos formais e requisitos de ordem pública.
Cabe ao STJ, atualmente, fazer uma análise, ainda que superficial, de cumprimento de
alguns requisitos para que essa sentença ou essa decisão, melhor dizendo, seja validada
em território nacional. É um procedimento criado, na verdade, para conferir efetividade
ao sistema jurídico internacional de julgamentos.
Pelo conceito, vocês podem perceber que nem toda homologação de sentença
estrangeira tratará de decisão emanada de autoridade judicial.
Certamente todas as bibliografias estão erradas a esse respeito, mas, de certa forma, não
é tão urgente, pois a ER 18 é bastante semelhante com a Resolução 9/05.
Pode haver normas específicas, que podem ser previstas em tratados internacionais, que
serão vistos nas próximas aulas.
Sentença arbitral - Admitida no Brasil. Seria validada. Mesmo uma decisão que aqui no
Brasil não teria qualquer validade judiciárias, eu homologo como sentença fosse.
Justamente para não violar a autonomia de cada país.
Cabe à parte que solicita a homologação de sentença estrangeira o ônus da prova de que
a decisão transitou em julgado. Se a parte não comprovar, mesmo que não haja
contestação, há o entendimento de que a citação é matéria de ordem pública. Então, em
tese, poderia o presidente do STJ indeferir a petição inicial pela ausência de elemento
indispensável.
OBS: Competência para julgamento inicialmente da
homologação estrangeira é do presidente do STJ. Havendo
contestação, em tese, ele deve remeter aquela sentença
estrangeira contestada à corte especial. Diz o artigo 216-K o
seguinte:
OBS: O Brasil não formaliza requisitos formais de expedição da carta rogatória. Então,
os requisitos formais de saída são estabelecidos pelo pais de origem, os requisitos de
entrada, esse sim, são estabelecidos pelo STJ através do seu regimento.
OBS: Contraditório – 216-Q determina que a parte requerida seja intimada no prazo de
15 dias para impugnar o pedido de concessão.
OBS: 216-Q – Parágrafo 1º - A medida solicitada por carta rogatória poderá ser
realizada sem ouvir a parte requerida, quando sua intimação puder resultar na
ineficiência da cooperação internacional.
OBS: Não cabem embargos para rediscutir a concessão do exequatur. Da decisão que
julgar os embargos cabe agravo.
(Não sei se é importante) OBS: Houve concessão de exequatur, vem para a 1ª instancia,
aí no âmbito da 1ª instancia o juiz dá uma decisão em 1ª instancia, cabe embargos ao
presidente do STJ, ele decide e cabe agravo para a corte especial.
Então diz o 216w
Art. 216-W. Da decisão que julgar os embargos cabe agravo.
Parágrafo único. O Presidente ou o relator do agravo, quando possível,
poderá ordenar diretamente o atendimento à medida solicitada.
OBS: Tanto a devolução da carta rogatória passiva para o tribunal estrangeiro quanto a
remessa da carta rogatória ativa se dão pelo Ministério da Justiça.
OBS: Cooperação internacional no novo CPC
CAPÍTULO II - DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I - Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado* de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no
Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se
assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação
brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se
com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1 o para homologação de sentença
estrangeira.
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
*Há uma previsão aqui que diz respeito aos tratados. Porém o §1º do próprio art.
26 diz que “Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá
realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.”, ou seja,
num primeiro momento valoriza o tratado e num segundo momento, ainda que inexista
esse tratado, valoriza-se a reciprocidade entre países.
O importante no artigo 26 são os seus incisos que são as garantias a serem
observadas no âmbito da cooperação jurídica internacional.
Inciso I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente.
Inciso II – é fundamental a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros
residentes ou não no Brasil em relação ao acesso à justiça, tramitação dos processos,
assegurando-se assistência judiciária aos necessitados.
Inciso III – garantir a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na
legislação brasileira ou na do Estado requerente.
Inciso IV – existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação. Uma das características fundamentais do AUXÍLIO DIRETO e dos tratados
que autorizam o auxílio direto para algumas matérias é a obrigação tanto do Estado
requerente quanto do requerido de indicarem autoridades centrais, ou seja, uma
autoridade que pode ser judiciária ou administrativa, que será responsável por dar
andamento aos pedidos dentro da jurisdição competente. Basta que a autoridade central
local do outro país, remeta para a procuradoria geral da república no Brasil, o pedido
com os documentos, para esta então ajuizar a ação de alimentos aqui. Obviamente que o
autor será estrangeiro, residente fora do Brasil, e o réu não-brasileiro. Mas a PGR fará o
papel de procurador, de advogado, do autor estrangeiro.
Inciso V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
Destaca-se a importância do § 4º “o ministério da justiça exercerá as funções de
autoridade central na ausência de designação específica.”, portanto, para efeitos de
prestação de alimentos, a autoridade central é a procuradoria geral da republica, mas em
regra, a autoridade central será o ministério da justiça através de um departamento
específico (Departamento De Repreensão De Crimes E Cooperação Internacional –
DRCI) do Ministério da Justiça. Portanto em regra a autoridade central no Brasil
será o Ministério da Justiça se não houver outra determinada especificamente em
Tratado.
OBS: O Tratado não que determina quem é a autoridade central, apenas obriga os países
signatários a indicarem uma autoridade central. No caso da Convenção de Alimentos o
Brasil indicou a Procuradoria Geral da República.
O artigo 27 trata dos objetos da cooperação jurídica internacional:
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Inciso I – através de carta rogatória, a princípio.
Inciso II - colheita de provas, via de regra, por carta rogatória.
Neste caso, há uma controvérsia tendo em vista que o novo CPC autoriza a colheita de
provas através de auxílio direto. Alguns importantes autores dizem que este inciso é
inconstitucional, uma vez que colheita de prova é atribuição judiciária, de forma que a
sua aplicação deverá ser modulada para não autorizar qualquer tipo de colheita de prova
através de auxílio direto. Mas, em regra, ficamos com a colheita de prova através de
carta rogatória.
Inciso III – homologação será através do título de homologação de sentença estrangeira.
Cumprimento de decisão, a jurisprudência do STJ autoriza a execução de atos
executórios através de cartas rogatórias, antes, somente se admitia atos executórios
depois da competente homologação da sentença estrangeira. Atualmente,
principalmente por força de tratados, se admite a realização de atos executórios no
âmbito de carta rogatória.
Inciso IV – tanto a carta rogatória quanto a homologação de sentença estrangeira
admitem a antecipação de tutela.
Inciso V – assistência jurídica internacional
Inciso VI – demonstra que o rol do artigo 27 é meramente exemplificativo.
Artigo 28 ao artigo 34 - AUXÍLIO DIRETO
Seção II - Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão
de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no
Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro
interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a
autenticidade e a clareza do pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio
direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas
congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela
tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo
Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei
brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as
providências necessárias para seu cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o
encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida
solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada
quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida
apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade
jurisdicional.
Artigo 28 - Quando não se fizer necessário o juízo de delibação, ou seja, a análise de
autoridade judiciária no Brasil sobre a conveniência/presença de requisitos para
cumprimento de determinada medida judicial ou extrajudicial, esta pode ser feita através
de AUXÍLIO DIRETO. Ex: Interpretação de legislação nacional
Artigo 29 - A autoridade local remete para a autoridade central brasileira o pedido de
auxílio direto.
Artigo 30 – Inciso I - principal objetivo do auxílio direto: Prestar informações do nosso
ordenamento jurídico e de processos.
Inciso II – Se há a competência exclusiva de autoridade brasileira, por óbvio está
afastada a hipótese de auxílio direto.
OBS: Colheita de prova - Se admite, a princípio, colheita de prova através de auxílio
direto. Fato este extremamente temerário, uma vez que a colheita de provas,
especialmente, deve ser feita no âmbito do contraditório, sendo este garantido pelo juiz.
A colheita de provas tem que seguir rigidamente a ritualística processual do país de
destino. Quem garante o cumprimento desses requisitos, fazendo a análise da prova
lícita ou ilícita, é o juiz. Portanto, autorizar a colheita de prova por auxílio direto por
autoridade que não a judiciária, coloca em dúvida a constitucionalidade deste novo
dispositivo, segundo alguns juristas.
Inciso III – Indica o objetivo meramente exemplificativo do dispositivo.
Artigo 34 - Parece que o legislador tentou regulamentar a questão acima mencionada.
Havendo qualquer dúvida, cabe ao juiz federal de primeira instância apreciar eventuais
deliberações a respeito do auxílio direto prestado no caso. Professor acha que isto seria
uma usurpação da competência constitucional do STJ, que, originalmente é quem possui
essa atribuição. Neste caso, o CPC transfere a competência para o juiz federal de
primeira instância, ou seja, o pedido direto entraria por uma autoridade
extrajudicial/administrativa que transferiria a competência de julgamento de eventuais
problemas para um juiz de primeira instância, transparecendo a usurpação clara de
transferência constitucional do STJ por força da emenda 45. Vamos aguardar...
Seção III - Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é
de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo
legal.
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para
que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade
brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao
Estado requerido para lhe dar andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os
documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central,
acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se
configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira
dar-se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença
estrangeira, de acordo com o art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação
jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando
encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via
diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento
de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação
pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
Artigo 36 – trata da carta rogatória
Artigo 37 e seguintes – disposições comuns às seções anteriores, ou seja, à
homologação de sentença, à carta rogatória e ao pedido de auxilio direto.
OBS: Artigo 37 - No âmbito do processo judicial brasileiro, havendo a necessidade de
um auxilio direto, deverá também remeter-se à autoridade central para que esta remeta
ao país estrangeiro. Isto é chamado de carta rogatória/auxílio direto ativo, ou seja,
quando parte da autoridade brasileira para o estrangeiro.
OBS: Não é qualquer caso de devedor de alimentos que tem a prisão decretada. O STJ e
STF possuem uma longa jurisprudência a este respeito, contando com o debito atual de
alimentos, que não deve ultrapassar 3 meses, a falta de condição do alimentante, o
pagamento imediato de alimentos, etc.
Artigo I
Artigo II –
1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo escrito pelo qual as partes se
comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou
que possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico
definido, seja ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução
mediante arbitragem.
Estados signatários se comprometem a reconhecer a validade dos compromissos
arbitrais e das cláusulas arbitrais. Obviamente, só estará submetido à arbitragem aquele
que fizer essa opção no próprio contrato, através de instrumento separado.
Não basta que o tribunal reconheça obrigatoriamente a validade da decisão, mas
que reconhece também a validade da opção que as partes fizeram àquele tribunal
arbitral específico.
2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral inserida em
contrato ou acordo de arbitragem, firmado pelas partes ou contido em troca de cartas
ou telegramas.
Ou seja, os Estados signatários têm a prerrogativa de, a pedido de uma das partes,
recusar o julgamento da causa e encaminha-las à arbitragem, salvo se o próprio tribunal
local reconhecer que aquele acordo de arbitragem ou cláusula arbitral é nulo, não
produz efeitos ou é inexequível.
c) a sentença se refere a uma divergência que não está prevista ou que não se
enquadra nos termos da cláusula de submissão à arbitragem, ou contém decisões
acerca de matérias que transcendem o alcance da cláusula de submissão, contanto que,
se as decisões sobre as matérias suscetíveis de arbitragem puderem ser separadas
daquelas não suscetíveis, a parte da sentença que contém decisões sobre matérias
suscetíveis de arbitragem possa ser reconhecida e executada; ou
e) Decisão que não se tornou definitiva ainda, por decisão arbitral tenha sido
suspensa ou anulada por autoridade do país no qual ela for proferida.
Mais duas Convenções importantes: uma que trata dos efeitos civis do sequestro
internacional de crianças e outra que trata da adoção internacional.
Artigo 1
Artigo 3
Artigo 6
OBS: Utilização do recurso do auxílio direto, obrigando que todos os estado signatários
da convenção nomeiem uma autoridade central que vai funcionar como uma forma de
contato e como forma de fazer cumprir de maneira mais célere os objetivos da
convenção de Haia. Nesse caso, no Brasil a autoridade central federal é a secretaria de
direitos humanos, vinculada à Presidência da República.
Artigo 7
Artigo 12
Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do
Artigo 3 e tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da transferência
ou da retenção indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial
ou administrativa do Estado Contratante onde a criança se encontrar, a autoridade
respectiva deverá ordenar o retomo imediato da criança.
A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o
período de uma ano referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da
criança, salvo quando for provado que a criança já se encontra integrada no seu novo
meio.
b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de
ordem fisica ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação intolerável.
OBS: A parte que transferiu ou que retém de forma ilícita uma criança em estado
diferente daquele de residência habitual pode provar, dentro do procedimento, que a
criança estava em estado de perigo ou que a parte consentiu com a transferência ou que
essa parte não exercia de forma adequada a guarda do menor.
Recordando que cada país deveria tomar, com caráter prioritário, medidas
adequadas para permitir a manutenção da criança em sua família de origem;
Artigo 1
OBS: Quer o adotante esteja no Estado onde a criança resida habitualmente, quer o
casal ou a pessoa que pretende adoção esteja em Estado diferente de onde a criança
reside, aplica-se a convenção para facilitar a adoção dessas crianças, prevenindo o
sequestro infantil, observando sempre o melhor interesse da criança.
OBS: Há o recurso “autoridades centrais”. Secretaria de direitos humanos, vinculada à
Presidência da República faz esse meio campo com autoridades centrais de outros
países para facilitar a adoção internacional.
Artigo 4
As adoções abrangidas por esta Convenção só poderão ocorrer quando as
autoridades competentes do Estado de origem:
OBS: Todas as pessoas e instituições do Estado de origem da criança têm que estar
suficientemente informadas e de acordo, levando em consideração a ruptura do poder
familiar que é uma adoção familiar.
OBS: Não se admite consentimento prévio ao nascimento.
OBS: A criança pode eventualmente ser questionada acerca de seu interesse, mas
depende do caso, da sua idade, da maturidade da criança pra consentir com a adoção. É
a autoridade competente do caso que vai avaliar a idade e a maturidade da criança para
consentir com uma adoção.
OBS: É incabível compensação ou pagamento de qualquer espécie, tanto para
responsável quanto para o próprio menor visando a obtenção de consentimento da
adoção internacional.
Artigo 5
Artigo 6
Artigo 17
Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais adotivos somente poderá ser
tomada no Estado de origem se:
Artigo 24