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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Faculdade de Ciências e Letras


Campus de Araraquara

LUIZ HENRIQUE SAMPAIO JUNIOR

HÁ RESPOSTAS PARA TUDO ABAIXO DO EQUADOR

ARARAQUARA – SP

2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara

LUIZ HENRIQUE SAMPAIO JUNIOR

HÁ RESPOSTAS PARA TUDO ABAIXO DO EQUADOR

Ensaio teórico apresentado à Faculdade de


Ciências e Letras da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus
Araraquara – como parte dos requisitos para a
conclusão da disciplina “Teoria Crítica da
Sociedade e Educação temas clássicos e
atuais”, inserida no programa “Educação
Escolar”.

Linha de Pesquisa: Teorias pedagógicas,


trabalho educativo e sociedade

Professor: Prof. Dr. Ari Fernando Maia

ARARAQUARA – SP
2018
Há respostas para tudo abaixo do Equador

O presente ensaio teórico se baseia num dos aforismas da Dialética do esclarecimento,


qual seja: “Contra os que têm respostas para tudo” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.173). A
partir das reflexões desse texto, discorrer-se-á sobre a situação de nosso país em tempos
hodiernos, momento em que se vislumbra a ascenção de ideias fascistas por todo o território.
Como acessário, apresentar-se-ão elementos de história do Brasil.
Esse fenômeno não é apenas nacional, diversos protestos têm sido feitos na Europa
contra a intolerância, além disso, o atual presidente dos Estados Unidos adota postura austera
com relação à imigração, só para citar alguns exemplos. Mas vamos ao texto que nos
esclarece melhor: “Uma das lições que a era hitlerista nos ensinou é a de como é estúpido ser
inteligente” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.173).
O inteligente, citado por Adorno e Horkheimer, é o cidadão que apesar de fazer bom uso
da razão, não consegue discernir quando um perigo está em iminência, diga-se perigo dentro
da esfera política. O inteligente é o neurótico que está em eterna negação, não porque seja a
favor da barbárie, mas porque lhe escapa compreender a vida como ela se mostra, tamanha a
racionalização que realiza para sobreviver.
“Quantos não foram os argumentos bem fundamentados com que os judeus negaram as
chances de Hitler chegar ao poder, quando sua ascenção já estava clara como o dia!”
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.173). Antes da ascenção de Hitler, os judeus já estavam
sendo perseguidos, porém em escala menor. Negar a ascenção do chanceler em tempos de
crise econômica era, no mínimo, um sinal de desespero. Devido ao mecanismo de
racionalização, acreditava-se que tudo se harmonizaria por si só, que a crise econômica
desapareceria e as perseguições também.
Não cabe a esse texto analisar a Alemanha da era Hitler, mas sim o Brasil atual. Para
tanto, vale a pena recordar alguns aspectos históricos de nossa nação, lembrando que muitos
deles estão marcados por golpes posteriores a crises econômicas e políticas.
A chegada da família real ao Rio de Janeiro, em 1808, foi um estratagema de D. João VI
para escapar das tropas francesas que avançavam o território português. O monarca
abandonou sua pátria e trouxe a família real e agregados para as terras tupiniquins. Aqui
viveram por anos e fortaleceram a monarquia. É sabido que quando D. João regressou a
Portugal – quando a França já não era mais uma ameaça e ele corria o risco de perder o trono
– ele expropriou grande parte da riqueza do Brasil, deixando uma dívida enorme no Banco do
Brasil (VICENTINO, 2013).
D. Pedro I, filho de D. João VI, assume o trono e depois do provável grito do Ipiranga,
no sete de setembro de 1822, proclama a independência do Brasil; todos fatos fictícios,
slogans, que aprendemos na escola. O famigerado dia do fico, quando o príncipe regente
assumiu que não voltaria a Portugal foi apenas uma manobra para que se mantivesse a
monarquia brasileira. Vale recordar que havia muitos movimentos por libertação espalhando-
se pelo Brasil, de onde vem a frase célebre de D. João: “Pedro, se o Brasil se separar de
Portugal, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”.
O Brasil tornava-se então independente, porém apenas em tese, visto que manteve a
dependência econômica com relação Portugal e a Inglaterra (VICENTINO, 2013).
No entanto, D. Pedro I não cumpre a promessa de ficar no Brasil e parte para a Europa
após alguns anos como imperador, deixando seus filhos no Brasil, dentre eles o infante Pedro
II, então com cinco anos de idade, assumindo interinamente José Bonifácio. O menino é
educado com bastante esmero e para conter a crise que o Brasil mergulhara foi proposta a sua
maioridade aos quinze anos de idade. Assume o império brasileiro de 1840 até a República,
quando abdica do trono (VICENTINO, 2013).
O capítulo da escravidão é um dos mais longevos e bárbaros de nossa história. Desde a
chegada da família real, o número de escravos trazidos da África recredesceu e o Brasil foi
um dos últimos países a aboli-la. Os negros trabalhavam na lavoura, nas casas grandes e em
qualquer outro trabalho que o branco considerava desprezível. A partir da metade do século
XIX foram surgindo leis, por pressão externa, que libertavam os escravos, mas nenhuma de
grande efetividade. Apenas com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 1888, a
escravidão estava finda. Porém, as ideias racistas provindas de cientistas como M. Gobineau,
de que seria necessário um embranquecimento da população para que a nação se civilizasse e
atingisse os mesmos patamares da Europa, fez com que o Brasil abrisse as portas para
imigrantes brancos, os quais assumiram os trabalhos e deixaram os negros recém-alforriados
sem atividade. A resistência vinha na forma de quilombos: espaços de terra organizados pelos
negros onde se cultivavam gêneros de primeira necessidade e praticava comércio local com o
excedente (VICENTINO, 2013).
Em quinze de novembro de 1889 é proclamada a República e como não poderia ser
diferente em vez de eleições quem assume provisoriamente o poder é um militar: Marechal
Deodoro da Fonseca, seguido do Marechal Floriano Peixoto. A marca do início da era
republicana é o que foi denominado república da espada, em que vários movimentos de
contestação ao status quo foram duramente contidos (VICENTINO, 2013).
A passagem para a República nas mãos de civis não foi menos turbulenta. Os cargos de
presidente oscilavam entre paulistas e mineiros naquilo que foi alcunhado república do café
com leite. Isso abriu precedentes para que o restante da pátria recém-formada se sentisse
aviltada, surgindo assim a liderança de Getúlio Vargas (VICENTINO, 2013).
Com a proposta de exterminar a política do café com leite e unificar o Brasil e com o
apoio dos militares, Getúlio Donelles Vargas assume o comando da nação em 1930, após
depor do cargo o presidente recém-eleito Julio Prestes, alegando fraude na eleição.
Governando por decretos e centralizando o poder em suas mãos o presidente se viu diante de
resistências. São Paulo foi o Estado que reagiu com mais veemência, exigindo uma nova
Constituição na luta que foi conhecida como Revolução Constitucionalista de 1932, uma
guerra de trincheiras que abalou o país (VICENTINO, 2013).
Somente em 1934 Vargas promulgou uma nova Constituição, que possuía aspectos
progressistas, como o sufrágio universal. Nela estava prevista uma nova eleição da qual
sagrou-se vitorioso. Em 1937, alegando ameaça comunista o então presidente decide fechar o
Congresso Nacional e outorgar uma nova Constituição, a qual representa um retrocesso nas
conquistas democráticas, como por exemplo a extinção dos partidos políticos (VICENTINO,
2013).
Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de flertar com a ideologia fascista, o
governo Vargas preferiu se manter neutro. Finda a Guerra havia uma divisão entre os
“queremistas”, que queiram que o presidente continuasse no poder, e uma parcela da
população que exigia sua saída. Em 1945 os militares depõem Vargas (VICENTINO, 2013).
Uma nova Assembleia Constituinte é formada. Vargas chega a participar, mas após
pressões opta por um exílio voluntário. Em 1950 concorre novamente às eleições e é eleito
com mais de cinquenta por cento dos votos. Seu mandato é marcado por oposições e
escândalos e no ano de 1954 Getúlio Dornelles Vargas comete suicídio. Finaliza-se a ditadura
Vargas. Curioso notar que a população reage como se estivesse orfã, seguindo em passeata a
passagem do corpo pelas ruas (VICENTINO, 2013).
No ano de 1955 é eleito presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, o qual adota várias
medidas desenvolvimentistas. Sua meta era avançar cinquenta anos em cinco, referindo-se ao
atraso econômico e industrial no qual o país estava mergulhado. Uma de suas medidas foi
transferir a capital federal do Rio de Janeiro para o planalto central numa cidade planejada
que se chamaria Brasília. A justificativa é que essa medida levaria desenvolvimento para o
interior do país, mas sabe-se que havia uma preocupação com a segurança da cidade do Rio
de Janeiro em momentos de manifestações populares (VICENTINO, 2013).
Em janeiro de 1961 assume a presidência Jânio Quadros; em agosto do mesmo ano ele
renuncia, assumindo seu vice João Goulart. Jango, como era conhecido, tinha propostas
progressistas para o país e desejava realizar as reformas de base (agrária, bancária,
administrativa, universitária e das Forças Armadas). Após essa proposição, as forças armadas
afastaram João Goulart do poder e instituíram a ditadura militar, um dos períodos mais
obscuros da história da Brasil. Marechal Castelo Branco assume provisoriamente (VICENTINO,
2013).
O período da ditadura militar é marcado por perseguições a qualquer cidadão que se
opusesse ao regime. Foram comuns, no período, a tortura e as mortes veladas, com vários
perseguidos políticos desaparecidos. A corrupção também é uma marca da ditadura, com
obras superfaturadas e algumas delas inconcluídas, como é o caso da Transamazônica. O que
sustentava, como pano de fundo, os apoiadores do regime eram a estabilidade e o crescimento
econômicos, articulados de modo artificial e com base em muita propaganda. Esse capítulo da
história do Brasil se estendeu de 1964 a 1985 e deixou marcas profundas na mentalidade dos
brasileiros; sobretudo daqueles que foram objeto de perseguição. É triste notar que na
atualidade haja cidadãos que defendam esse período como se fora uma época áurea, de paz e
de tranquilidade (VICENTINO, 2013).
Após a ditadura militar, a sociedade brasileira clama por democracia. Um dos exemplos
é o movimento das “Diretas já”, que solicita eleições diretas para presidente e governadores
dos Estados. Todavia, a primeira eleição, após esse período turbulento, é feita de forma
indireta, sendo eleito Tancredo Neves. Entretanto, o candidato a presidente não chega a
assumir, pois vem a óbito antes da posse, assumindo seu vice, José Sarney (VICENTINO,
2013).
Institui-se um nova constituinte e em 1988 é promulgada nossa última Constituição,
presidida por Ulisses Guimarães. A constituição apresenta avanços no tocante aos elementos
da cidadania e é apelidada de Constituição Cidadã. Nela estão previstas eleições livres e
diretas e a regra passa a vigorar para o próximo ano (VICENTINO, 2013).
Elege-se como primeiro presidente Fernando Affonso Collor de Mello, um político de
Alagoas, de família tradicional na política. Foi para o segundo turno com Luís Inácio Lula da
Silva, o qual era considerado pela elite como uma ameaça socialista. Seu governo foi marcado
por erros crassos na economia devido à política adotada por sua ministra Zélia Cardoso de
Mello e por escândalos de corrupção, envolvendo denúncias de seu próprio irmão, Pedro
Collor. Em 1992, em meio a protestos foi solicitado, no congresso, seu impeachment. Collor
renunciou antes do processo, mas teve seus direitos políticos cassados por oito anos,
assumindo seu vice, Itamar Franco (VICENTINO, 2013).
O governo de Itamar é marcado pela tentativa de ajustar a economia, sobretudo diante
da inflação, que alcançava patamares altíssimos. Nomeou como ministro da Fazenda
Fernando Henrique Cardoso, que elaborou um plano para estabilização da economia: o plano
Real. A inflação foi contida e o povo brasileiro respirou ares de estabilidade após anos de
desestabilização. Na eleição seguinte, Fernando Henrique Cardoso foi eleito o novo
presidente do Brasil (VICENTINO, 2013).
Manteve suas políticas de estabilidade e foi bastante criticado pelo seu neoliberalismo,
privatizando várias estatais a preços irrisórios. Apesar das contradições de seu governo,
Fernando Henrique Cardoso é lembrado como uma figura apaziguadora, o homem que criou o
Plano Real e estabilizou a economia de uma democracia ainda frágil. Em seu governo, foi
instituída a reeleição e o próprio presidente se reelegeu por mais quatro anos, demonstrando
um certo desgaste político no final de seu último mandato (VICENTINO, 2013).
Nas eleições seguintes, o Partido do Trabalhadores (PT) fez aliança com partidos de
direita e lançou como candidato, mais uma vez, Luís Inácio Lula da Silva. Investiu
pesadamente em marketing e a figura do Lula sindicalista, gritando nos megafones, deu lugar
a um senhor mais pacato e capaz de gerir um país. Dentre a população mais carente, criava-se
um mito: do torneiro mecânico que se tornaria presidente. Foi o presidente com maior número
de votos na história mundial, com mais de cinquenta milhões de votos.
Seu governo foi marcado por programas sociais, dentre eles podemos destacar a
expansão do Bolsa Família, que concede um valor pecuniário a famílias carentes, com filhos
matriculados na escola. Sua gestão, no entanto, é marcada por um velamento da realidade,
com uso da propaganda para disfarçar a crise mundial que já estava afetando o país. Sua
aprovação pela população, no entanto, é enorme e Lula é reeleito por mais quatro anos.
No final de seu mandato, devido à sua alta popularidade, lança como candidata a
presidente Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil. Dilma Vana Rousseff é eleita primeira
presidente do Brasil e segue com os programas sociais do governo anterior. Seu governo é
marcado, no entanto, por escânlos de corrupção. A presidente apoiava uma operação
envolvendo a Polícia Federal e o Ministério Público para investigar, num esquema “pente
fino”, a corrupção no país. O que ela não esperava é que seu próprio partido estivesse
envolvido em inúmeros casos de corrupção, o que desgastou a imagem do PT no país. A
situação se agravou e a própria presidente foi acusada daquilo que foi denominado “pedaladas
fiscais”, em que o dinheiro de uma pasta era usado em outra, e seu impeachment foi
solicitado. Por votação recorde, Dilma Rousseff é destituída do cargo, assumindo seu vice, o
atual presidente, Michel Temer.
O governo de Temer é marcado por retornos conservadores, o que pode ser notado pela
Reforma Trabalhista e pela Reforma da Previdência (ainda em trâmite). Essas duas reformas,
na verdade, retiram direitos do trabalhadores, conquistados ao longo de todo o processo de
redemocratização do país. Além disso, devido a manobras políticas, o presidente não foi
devidamente investigado em processos de corrupção que envolviam seu nome. Grande
articulador, em benefício próprio, Michel Temer é considerado o presidente com maior índice
de rejeição na história.
O fato é que a crise se instaurou no país: a instabilidade econômica e política fizeram
com que a população buscasse respostas. As propostas da esquerda, no comando há quase
vinte anos, já não satisfazem mais e os movimentos de extrema direita foram ganhando
espaço nesse cenário. Claro como o dia, os ideais que defendem a família como célula-mater,
o trabalho com redução dos direitos, a militarização dos espaços civis, o fortalecimento da
hierarquia em prol da ordem, o recrudescimento da industrialização em favor do progresso, o
armamento da população civil e o endurecimento contra os “criminosos”, está em voga.
Momento típico para o aparecimento de líderes carismáticos, capazes de catalizar as
angústias, ressentimentos e anseios da população. Esse líder é Jair Bolsonaro, candidato a
presidente pelas eleições de 2018. Mas Bolsonaro não é Bolsonaro, é um ícone que abarca em
si todos os slogans mais simplistas e popularescos, que escondem um deputado que exerceu
seu cargo por mais de vinte anos de forma inexpressiva, com apenas dois projetos aprovados e
votações que vão contra os direitos trabalhistas e humanistas.
Capitão reformado, Jair Bolsonaro é visto aos berros, quando contrariado, em diversos
vídeos, demonstrando sua total intolerância. Fez-se mito devido a inúmeras polêmicas, como
por exemplo a luta contra livros infantis que falam sobre sexualidade. Bolsonaro fala para o
povo e como o povo, mas tem apoio de grande parcela da classe média alta, que enxerga nele
a manutenção de seus privilégios. Quando se alerta para o risco de que o candidato defende a
ideologia fascista, os inteligentes dizem que não, que esse é apenas um “jeitão” do candidato.
“Tenho na lembrança uma conversa com um economista em que ele provava, com base
nos interesses dos cervejeiros bávaros, a impossibilidade da uniformização da Alemanha.
Depois os inteligentes disseram que o fascismo era impossível no Ocidente” (ADORNO;
HORKHEIMER, 1985, p.173). Da mesma forma quando prevemos que a cadela no cio está à
solta, os inteligentes afirmam que não há como haver fascismo no Brasil, pois trata-se de um
país de grande pluralidade cultural e social.
“Os inteligentes sempre facilitaram as coisas para os bárbaros, porque são tão
estúpidos” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.173). Entenda-se como bárbaro todo sujeito que
é contra a cultura, mas a própria cultura possui elementos de barbárie. É dessa contradição
que surgem de tempos em tempos sujeitos dominadores e tiranos, que são aprovados por
aqueles que são bárbaros por falta de opção – sujeitos que vivem à margem da sociedade e da
cultura – e pelos inteligentes, que diante de sua neurose não conseguem enxergar que eles
também podem ser prejudicados por um regime fascista.
“São os juízos bem informados e perspicazes, os prognósticos baseados na estatística e
na experiência, as declarações começando com as palavras: 'Afinal de contas, dissso eu
entendo', são os statements conclusivos e sólidos que são falsos” (ADORNO; HORKHEIMER,
1985, p.173). Como já foi mencionado, nessa neurose coletiva, o mecanismo de defesa do
Ego que predomina é a racionalização. Não é possível discutir com um sujeito que esteja
encantado pelo fascismo, ele já possui todas as respostas que lhe aprouver. Ele responde a
cada crítica, num sistema fechado, onde o líder se torna intocável.
“Hitler era contra o espírito e anti-humano. Mas há um espírito que é também anti-
humano: sua marca é a superioridade bem informada” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.173).
Se se interroga um inteligente sobre como Jair Bolsonaro vai lidar com as políticas de direitos
humanos, ele diz que nada mudará, que esse candidato é como um outro qualquer,
desconsiderando as declarações racistas, misóginas e homofóbicas que tem sido veiculadas. A
marca da superioridade na resposta é o que mais incomoda.
Apresentamos uma breve história do Brasil nesse trabalho para demonstrar como a
nossa democracia é curta e frágil. Também como está sujeita a períodos de truculência
apoiados pela população. O povo clama por “ridículos tiranos”, como menciona Caetano em
Podres Poderes, sempre que o país se encontra diante de uma crise política ou econômica. É
como se necessitasse do pulso firme de um pai capaz de “endireitar” “tudo isso que está aí”,
como refere o candidato Bolsonaro.
Mas o fascismo já asteou sua bandeira e está difícil de cambiar a situação. Ele vem ora
exaltado, ora disfarçado, pregando segurança, avanços na economia, patriotismo e
beligerância. Já elegeu seus inimigos e diz que os expulsará da nação. O ridículo é que esses
inimigos, com exceção do Partido dos Trabalhadores, são anacrônicos ou absolutamente
abstratos, como é o caso dos chamados comunistas e dos “esquerdopatas”.
Desse modo, fica fácil perseguir qualquer cidadão brasileiro que não concorde com as
políticas a serem adotadas. Enquanto os inteligentes têm resposta para tudo abaixo do
Equador, o país corre um sério risco diante de um líder que é assumidamente a favor da
tortura e da guerra civil.
Referências

ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos.


Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

VICENTINO, C. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013.

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