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Espectros de Resposta de Movimentos Sísmicos

Consistentes com Histórias de Deslocamentos


Velocidades e Acelerações

Mário Rouxinol Fragoso 1,†

Laboratório Regional de Engenharia Civil


Ponta Delgada, S. Miguel – Açores, Portugal

Maria João Barros 2

Universidade dos Açores, Dep. de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento


Ponta Delgada, S. Miguel – Açores, Portugal

RESUMO

Apresenta-se neste trabalho uma formulação que permite o cálculo de espectros de


resposta de movimentos sísmicos consistentes com as histórias de deslocamentos, velocidades
e acelerações, mostrando-se posteriormente a aplicação e a validação da formulação proposta.
Evidencia-se, através dum estudo realizado, que o recurso aos espectros de resposta
determinados pela formulação proposta, contribui de forma decisiva para uma boa avaliação
da resposta sísmica de sistemas estruturais flexíveis.

1. INTRODUÇÃO

A caracterização das vibrações sísmicas através dos seus efeitos em osciladores


lineares de 1 grau de liberdade (OL1GL), caracterizados, em termos genéricos, por uma
frequência ou período próprios (fn ou Tn) e ainda por um coeficiente de amortecimento
viscoso (ξ), conduz à determinação dos espectros de resposta dos movimentos sísmicos. Neste
contexto, um espectro de resposta definido em termos de deslocamentos (Sd,T), velocidades
(Sv,T) ou acelerações (Sa,T), define a resposta máxima que ocorre em sistemas lineares de 1
grau de liberdade, quando solicitados, na sua base, por uma determinada componente dum
sismo.
Constitui uma prática corrente em engenharia sísmica utilizar-se no cálculo dos
espectros de resposta de movimentos sísmicos, apenas as histórias de acelerações ocorridas no
solo, não se utilizando a informação relativa às histórias de deslocamentos e de velocidades
do movimento. Ver-se-á, no decorrer deste trabalho, que esta prática não é adequada, quando
1
Doutor em Engenharia Civil, Director do Serviço de Estruturas e Materiais de Construção do LREC, Professor
Auxiliar Convidado da Universidade dos Açores
2
Doutora em Engenharia Civil, Professora Auxiliar da Universidade dos Açores

Autor para quem a correspondência deverá ser enviada – mario.as.fragoso@azores.gov.pt

Número 22, 2005 Engenharia Civil • UM 23


aplicada a uma determinada classe de sistemas estruturais e, em particular, quando os
espectros a utilizar nas análises sísmicas de estruturas são os espectros de deslocamento
relativo.
De facto, os espectros de resposta calculados nos termos anteriormente referidos, na
generalidade dos casos, apresentam na banda das baixas frequências (zona de períodos
elevados), valores não espectáveis, uma vez que à medida que os valores dos períodos tendem
para infinito, os valores espectrais não tendem para os valores de pico ocorridos nas histórias
temporais do movimento sísmico.
Considere-se, a título de exemplo, as histórias de acelerações e de deslocamentos
referentes à componente N-S do sismo de Northridge – Sylmar County Hospital, Califórnia,
ocorrido em 17 de Janeiro de 1994, adquiridas junto de NISEE – National Information
Service for Earthquake Engineering, Berkeley, Califórnia – Figura 1.
Acelerações, (cm/s 2)

2
750 Pico = +592.639 cm/s

250

-250 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

-750
Tempo, t (s)
Deslocamentos, (cm)

20 Pico = -15.217 cm

10
0
-10 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

-20
Tempo, t (s)

Figura 1 - Histórias de acelerações e de deslocamentos da componente N-S do sismo de


Northridge – Sylmar County Hospital, ocorrido em 17 de Janeiro de 1994.

Efectuando-se, pela via clássica – Chopra (1995), o cálculo do espectro de resposta de


deslocamento, considerando-se para o efeito condições iniciais de movimento com valor nulo
e um coeficiente de amortecimento viscoso (ξ) para os OL1GL de 5.0 %, obtém-se a
configuração espectral que se mostra na Figura 2. Observando esta figura verifica-se que o
deslocamento espectral correspondente à frequência de 0.02 Hz (T=50 s), apresenta o valor de
19.1 cm, valor este que, relativamente ao valor espectável (valor de pico – vd. Figura 1) que
seria de 15.2 cm, apresenta um erro de +25.7 %.
Este facto encontra-se relacionado com as técnicas numéricas associadas à correcção e
ao processamento de registos sísmicos – Converse e Brady ( 1992) obtendo-se, após
processamento e como resultado final, histórias de deslocamentos e de velocidades do
movimento sísmico não compatíveis com as histórias de acelerações que lhes deram origem,
embora aquelas histórias, obtidas por integração e por dupla integração, respectivamente, das
histórias de acelerações, possam constituir retratos bastante fiéis dos fenómenos associados
aos movimentos sísmicos registados nos locais.
Constituindo os espectros de resposta os instrumentos de representação das vibrações
sísmicas que maior divulgação e maior utilização têm tido no dimensionamento e na análise

24 Engenharia Civil • UM Número 22, 2005


das estruturas aos sismos, uma incorrecta utilização destes instrumentos de cálculo na
avaliação da resposta sísmica de estruturas, poderá conduzir a erros grosseiros quando em
causa estão sistemas estruturais muito flexíveis como, por exemplo, pontes suspensas,
edifícios muito altos, sistemas estruturais com isolamento da base – Naeim e Kelly (1999) e
estruturas fundadas em terrenos muito brandos – Fragoso (1991).

70
ξ = 5.0 %
60
Desl. Espectrais, S d (cm)

50

40

30
19.1 cm
20

10

0
0 10 20 30 40 50
Períodos, T (s)

Figura 2 - Espectro de resposta de deslocamento da componente N-S do sismo de


Northridge – Sylmar County Hospital, ocorrido em 17 de Janeiro de 1994.

Neste contexto, apresenta-se neste trabalho uma formulação que permite o cálculo de
espectros de resposta de movimentos sísmicos consistentes com histórias de deslocamentos,
velocidades e acelerações, mostrando-se posteriormente a aplicação e a validação da
formulação proposta.

2. FORMULAÇÃO DO CÁLCULO DE ESPECTROS DE RESPOSTA COM


COMPATIBILIDADE DAS HISTÓRIAS DO MOVIMENTO SÍSMICO

2.1. Equações de Equilíbrio Dinâmico de Osciladores Lineares de 1 Grau de Liberdade

Considere-se o OL1GL representado na Figura 3, sujeito a movimentos da base


definidos por ug(t). Os parâmetros que caracterizam mecanicamente o oscilador encontram-se
definidos na figura, sendo m, c e k, respectivamente, a massa, o amortecimento viscoso e a
rigidez elástica do oscilador.
Os deslocamentos totais (ut(t)) que ocorrem na massa do oscilador ao longo do tempo,
são constituídos pela soma dos deslocamentos do solo (ug(t)) com os deslocamentos relativos
da massa do oscilador (u(t)), ou seja

ut ( t ) = u g ( t ) + u ( t ) (1)

Derivando a eq. (1) uma e duas vezes em ordem ao tempo, obtém-se, respectivamente, as
velocidades totais ( u& t ( t ) ) e as acelerações totais ( u&&t ( t ) ) no oscilador, definidas pelas
expressões

u&t ( t ) = u& g ( t ) + u& ( t ) (2)

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u&&t ( t ) = u&&g ( t ) + u&&( t ) (3)

ut
m u

k/2 c k/2

ug

Figura 3 - Oscilador linear de 1 grau de liberdade sujeito a movimentos na base.

Em cada instante de tempo, a força de inércia do sistema ( f i ( t ) ) é gerada pela


aceleração total da massa enquanto que a força de amortecimento ( f a ( t ) ) e a força de
restituição elástica ( f r ( t ) ) são originadas, respectivamente, pela velocidade relativa e pelo
deslocamento relativo do oscilador – Fragoso (2000). Nestas circunstâncias tem-se que

f i ( t ) = m u&&t ( t ) = m ( u&&g ( t ) + u&&( t )) (4)


f a = c u& ( t ) = c ( u&t ( t ) − u& g ( t )) (5)
f r = k u( t ) = k ( ut ( t ) − u g ( t )) (6)

O equilíbrio dinâmico do sistema, em cada instante de tempo, é então definido pela


expressão
fi ( t ) + f a ( t ) + f r ( t ) = 0 (7)

Com base nas eq. (4) a (6), o equilíbrio dinâmico do OL1GL definido pela eq. (7),
pode ser escrito em termos de coordenadas totais e em termos de coordenadas relativas,
obtendo-se, respectivamente, as expressões

m u&&t ( t ) + c u&t ( t ) + k ut ( t ) = c u& g ( t ) + k u g ( t ) (8)


m u&& ( t ) + c u& ( t ) + k u ( t ) = −m u&&g ( t ) (9)

Acerca das equações de equilíbrio dinâmico expressas anteriormente, importa salientar


alguns aspectos no âmbito da resposta de OL1GL, nomeadamente que:

a) Qualquer uma das equações – eq. (8) ou eq. (9), pode ser utilizada no cálculo da
resposta de OL1GL. Enquanto que a eq. (8) para ser utilizada necessita das histórias
de velocidades e de deslocamentos do solo, u& g ( t ) e u g ( t ) respectivamente, a eq. (9)

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necessita apenas da história de acelerações do solo – u&&g ( t ) , devendo-se no entanto
conhecer as condições iniciais do movimento, associadas a qualquer uma das
equações, para uma correcta utilização das mesmas.
b) Pelo facto das histórias de acelerações constituírem, na generalidade dos casos, a
informação disponível após a ocorrência dum sismo, conjuntamente com o facto da
eq. (9) ser uma equação formulada em termos de coordenadas relativas, faz com que
esta equação seja a equação mais utilizada no cálculo da resposta de OL1GL,
assumindo-se, em geral, valores nulos para as condições iniciais do movimento.
c) Se as histórias de deslocamentos, de velocidades e de acelerações do movimento
sísmico, não forem histórias consistentes entre si, a resposta dum oscilador obtida
através da eq. (8), pode ser diferente da resposta do mesmo oscilador obtida pela eq.
(9). As origens destas diferenças foram já apontadas na secção 1 deste trabalho.
d) Para osciladores muito flexíveis, caracterizados por frequências próprias baixas a
muito baixas, as respostas são controladas pelas velocidades e pelos deslocamentos
que ocorrem no solo. Nestas circunstâncias, no cálculo da resposta deste tipo de
oscilador, deve-se utilizar a eq. (8).
e) Para osciladores não flexíveis (osciladores rígidos a muito rígidos), a resposta é
essencialmente determinada pelas acelerações que ocorrem no solo. Nestas
circunstâncias, deve-se utilizar a eq. (9).

2.2. Equação de Equilíbrio Dinâmico de Osciladores Lineares de 1 Grau de Liberdade


Sujeitos a Histórias de Deslocamentos, de Velocidades e de Acelerações na Base

Para contrariar a alínea c) e satisfazer as exigências expressas pelas alíneas d) e e) da


sub-secção 2.1., é desejável obter-se uma única equação de movimento que permita o cálculo
da resposta de OL1GL. A concretização deste conceito exige, por um lado, a utilização
conjunta das eq. (8) e (9) e, por outro lado, exige a introdução dum parâmetro Q que
desempenhe as seguintes funções: se a rigidez do oscilador apresentar um valor relativamente
baixo, o parâmetro Q activará o uso da eq. (8); caso contrário, conduzirá ao uso da eq. (9).
Neste contexto, o parâmetro Q tem de evidenciar a importância que a rigidez do oscilador tem
relativamente ao movimento do solo e, ao mesmo tempo, tem de impor esta importância
relativamente ao uso da eq. (8).
Sabendo-se que em OL1GL a rigidez e a frequência própria relacionam-se pela
expressão

k
ωn2 = (10)
m

a importância relativa de dois sistemas, com diferentes frequências e, consequentemente, com


rigidez diferenciada, pode ser avaliada através duma relação de quocientes, o que conduz a
que o parâmetro Q, com as funções anteriormente apresentadas, seja definido pela expressão

⎛ω
2

Q = ⎜⎜ g ⎟⎟ (11)
⎝ ωn ⎠

em que ω g representa a frequência de vibração do solo, ou seja, a frequência do movimento


sísmico.

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A obtenção de adequados valores de ω g não constitui uma tarefa fácil, uma vez que
não é possível individualizar, para um determinado movimento sísmico, a sua frequência
fundamental. Várias propostas têm sido feitas neste âmbito, salientando-se, por exemplo, as
propostas de Kanai (1957) e de Tajimi (1960), baseadas em análises efectuadas sobre 367
sismos, cujos valores, publicados por Kramer (1996), encontram-se expressos na Tabela 1.

Tabela 1 - Frequências de vibração de alguns tipos de terrenos, segundo Kanai e Tajimi.

Tipo de Movimento Tipo de Terreno Freq. do Movimento


ωg (rad/s)

Horizontal Aluviões 18.4


Aluviões sobre Rocha 22.9
Rocha 27.0
Vertical Aluviões 26.2
Aluviões sobre Rocha 29.1
Rocha 38.8

Se for assumido que o valor de ω g corresponde à frequência de vibração de uma onda


harmónica equivalente no solo, admitindo-se que esta onda corresponde ao movimento mais
significativo que ocorre no solo – Kramer (1996), a quantificação de ω g pode ser estimada
através do conhecimento prévio dos valores de pico do movimento sísmico, nomeadamente
através dos valores da aceleração máxima (amax) e da velocidade máxima (vmax), resultando
então a frequência do movimento do solo o valor quantificado pela expressão

amax
ωg = (12)
vmax

Salienta-se que a eq. (12) deverá ser usada de forma cuidadosa, atendendo ao facto de
existirem movimentos sísmicos com forte vínculo a processos de banda larga, enquanto que
outros movimentos apresentam-se com características associadas a processos de banda
estreita. Neste contexto, sugere-se que a aplicação da eq. (12) seja complementada com
análises espectrais dos movimentos, de modo a confrontar-se os valores obtidos pela eq. (12)
com os valores das frequências predominantes dos movimentos obtidos por análises
espectrais.
Retomando a eq. (8), dividindo-a por m e multiplicando-a por Q, ao mesmo tempo que
se sabe que
c
= 2ξω n (13)
m
k
= ω n2 (14)
m

obtém-se a equação

u&&t ( t ) Q + 2ξω n u&t ( t ) Q + ω n2ut ( t ) Q = 2ξω n u& g ( t ) Q + ω n2u g ( t ) Q (15)

expressão esta que traduz a equação do movimento de OL1GL em coordenadas totais,


afectada do parâmetro Q que, à medida que tende para zero, anula por completo a eq.(15).

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Um procedimento idêntico pode ser realizado em relação à eq. (9), isto é, dividindo-a
por m e tendo em conta as eq.(13) e (14), obtém-se

u&&( t ) + 2ξω n u& ( t ) + ω n2u ( t ) = −u&&g ( t ) (16)

expressão que traduz a equação do movimento de OL1GL em coordenadas relativas.


Somando as eq. (15) e (16), obtém-se a expressão

u&&( t ) + u&&t ( t ) Q + 2ξω n ( u& ( t ) + u&t ( t ) Q ) + ω n2 ( u ( t ) + ut ( t ) Q ) = pef . (17)

com
pef . = 2ξω n u& g ( t ) Q + ω n2 u g ( t ) Q − u&&g ( t ) (18)

A eq. (17), conjuntamente com a eq. (18), traduz a equação de equilíbrio dinâmico de
OL1GL sujeitos a um movimento na base definido pelas histórias de deslocamentos,
velocidades e acelerações, pelo que a respostas dos osciladores determinadas pela eq. (17),
apresentarão valores consistentes em relação aos movimentos da base.

2.3. Resolução das Equações de Movimento de Osciladores Lineares de 1 Grau de Liberdade


Sujeitos a Histórias de Deslocamentos, de Velocidades e de Acelerações na Base

Efectuando-se uma transformação de coordenadas do tipo

&x& = u&&( t ) + u&&t ( t ) Q (19)


x& = u& ( t ) + u&t ( t ) Q (20)
x = u ( t ) + ut ( t ) Q (21)

e substituindo as eq. (19) a (21) na eq. (17), obtém-se

&x& + 2ξω n x& + ω n2 x = pef . (22)

A eq. (22) representa uma equação diferencial de segunda ordem que estabelece a
equação do movimento de OL1GL na sua forma convencional. Assumindo-se que o
movimento da base dum oscilador encontra-se discretizado num conjunto de n pontos do tipo
(ti,yi) com i=0,1,2,...n-1, em que ti corresponde ao instante de tempo e yi corresponde ao
movimento da base ( u g ,i , u& g ,i , u&&g ,i ), a resolução da eq. (22) faz-se através de qualquer método
clássico de resolução de equações diferenciais, como por exemplo o método de Runge-Kutta
– vd. Kelly (1993) ou através do método proposto por Nigam e Jennings (1968), cuja eficácia
foi devidamente explorada e comprovada nos trabalhos elaborados por Barros (2001) e
Fragoso (2000).
Obtidos, para cada instante de tempo ti, os valores de resposta do oscilador –
xi , x&i e &x&i , através das eq. (19) a (21), em conjunto com as eq.(1) a (3), obtém-se a resposta
do oscilador em termos de coordenadas relativas, através das expressões

xi − u g ( t i )
u ( ti ) = (23)
1+ Q

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x&i − u& g ( ti )
u& ( ti ) = (24)
1+ Q
&x&i − u&&g ( ti )
u&&( ti ) = (25)
1+ Q

2.4. Algoritmo de Cálculo dos Espectros de Resposta

Apesar da obtenção dos espectros de resposta de movimentos sísmicos exigir um


volume considerável de cálculo, é no entanto constituído por um conjunto de procedimentos
que, sumariamente, podem ser formulados de acordo com o seguinte algoritmo:
P1) Obter as histórias de deslocamentos – u g (t ) , de velocidades – u& g (t ) e de acelerações –
u&&g (t ) do solo, correspondentes à componente do movimento sísmico acerca do qual se
pretende calcular os espectros de resposta;
P2) Seleccionar o coeficiente de amortecimento viscoso – ξ pretendido para os espectros a
calcular;
P3) Seleccionar o período inicial – Ti, o período final – Tf e o incremento de período – ∆T a
adoptar no cálculo dos espectros;
P4) Para cada oscilador com períodos definidos por Tn=Ti, Ti+2∆T, Ti+3∆T, Ti+4∆T .... Tf ,
executar os seguintes procedimentos:
P4.1) Calcular a resposta do oscilador ao movimento imposto na base, em termos de
deslocamentos – u (t ) , velocidades – u& (t ) , e acelerações – u &&(t ) relativas,
utilizando para o efeito a formulação proposta nas secções 2.2 e 2.3 e com
condições iniciais do movimento nulas, isto é, x(0) = x& (0) = 0 ;
P4.2 Extrair, das respostas calculadas, os valores máximos ocorridos no oscilador,
nomeadamente os valores u max , u& max e u &&max , obtendo-se os pontos espectrais
S d ,i (Tn , umax ) , S v ,i (Tn , u& max ) e S a ,i (Tn , u&&max ) ;
P4.3 Voltar ao passo P4, incrementando o período próprio do oscilador, e repetir os passos
P4.1 a P4.2 até se verificar Tn = Tf ;
P5) Apresentar, sob forma gráfica, os valores espectrais obtidos Sd,i, Sv,i e Sa,i.

Posteriormente, os espectros podem ser alvo de suavizações, de modo a apresentarem


aspectos mais genéricos e abrangentes do movimento sísmico – Fragoso (2004). Nestes casos
aplicam-se sobre os espectros técnicas numéricas de suavização das curvas espectrais,
obtendo-se assim os espectros suavizados.

3. APLICAÇÃO E VALIDAÇÃO DA FORMULAÇÃO PROPOSTA

O NISEE – National Information Service for Earthquake Engineering, sediado em


Berkeley – Califórnia, através do seu site na Internet, disponibiliza um volume considerável
de informação associada a sismos ocorridos em diversos locais do mundo. Da informação
disponibilizada em relação a cada sismo, encontram-se as histórias de acelerações e as
histórias de deslocamentos e velocidades processadas a partir das primeiras, tendo-se
seleccionado e analisado diversos registos sísmicos apresentando-se apenas neste trabalho,
para efeitos de aplicação e de validação da formulação proposta no decurso da secção 2., as
componentes N-S dos seguintes sismos:

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- Sismo de Northridge ocorrido em 17.01.1994 e registado no Hospital de Sylmar;
- Sismo da Cidade do México ocorrido em 19.09.1985 e registado na Estação 1 e;
- Sismo do Vale Imperial ocorrido em 18.05.1940 e registado em El Centro.
As histórias de acelerações e deslocamentos das componentes N-S dos sismos
anteriormente mencionados, encontram-se nas Figuras 1, 4 e 5.
Acelerações, (cm/s 2)

100 Pico = - 97.965 cm/s


2

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
-100

-200
Tempo, t (s)
Deslocamentos, (cm)

30 Pico = 19.123 cm
20
10
0
-10 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
-20
Tempo, t (s)

Figura 4 - Histórias de acelerações e de deslocamentos da componente N-S do sismo da


Cidade do México – Estação 1, ocorrido em 19 de Setembro de 1985.
Acelerações, (cm/s 2)

2
400 Pico = 341.7000 cm/s
200
0
-200 0 10 20 30 40 50

-400
Tempo, t (s)
Deslocamentos, (cm)

20 Pico = 10.860 cm
10
0
-10 0 10 20 30 40 50

-20
Tempo, t (s)

Figura 5 - Histórias de acelerações e de deslocamentos da componente N-S do sismo do


Vale Imperial – El Centro, ocorrido em 18 de Maio de 1940.

Os espectros de resposta das componentes dos sismos de estudo, foram calculados


através de dois métodos, nomeadamente: o método clássico (MC) apresentado no trabalho de
Chopra (1995) que ignora as histórias de velocidades e deslocamentos dos registos sísmicos e;

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o método proposto (MP) na secção 2. deste trabalho, o qual permite o cálculo dos espectros de
resposta consistentes com as histórias de deslocamentos, velocidades e acelerações dos
movimentos sísmicos.
Pelas razões já invocadas na introdução deste trabalho, serão apenas analisados os
espectros de deslocamento relativo, uma vez que são estes os espectros que evidenciam, de
forma clara, o propósito da formulação apresentada neste trabalho. Neste contexto, nas
Figuras 6, 7 e 8 encontram-se patentes os espectros de deslocamento relativo das
componentes N-S dos três sismos de estudo, apresentando-se em cada uma das figuras
referidas as curvas espectrais obtidas através dos dois métodos de cálculo atrás mencionados.
Na Tabela 2 apresenta-se, para cada espectro de resposta, os deslocamentos espectrais
associados à frequência de 0.02 Hz (Tn=50 s) – Sd,50 , bem como os desvios observados
relativamente aos deslocamentos máximos ocorridos nas histórias de deslocamentos – δSd,50 .
Nesta mesma tabela apresenta-se também as estimativas dos desvios ocorridos na totalidade
das curvas espectrais – δSd, determinados com base na expressão seguinte:

50 50

∫ S d ,MC − ∫ S d ,MP
δ Sd = 0
50
0
x 100 % (26)
∫S
0
d , MP

70
Desl. Espectrais, S d (cm)

60
ξ = 5.0 %
50
40
30
MC
20
10 MP
0
0 10 20 30 40 50
Períodos, Tn (s)

Figura 6 - Sismo de Northridge. Espectros de resposta de deslocamento relativo.

80
Desl. Espectrais, S d (cm)

70
ξ = 5.0 %
60
50
40
30 MC
20
MP
10
0
0 10 20 30 40 50
Períodos, Tn (s)

Figura 7 - Sismo da Cidade do México. Espectros de resposta de deslocamento relativo.

32 Engenharia Civil • UM Número 22, 2005


60

Desl. Espectrais, S d (cm)


ξ = 5.0 %
50
40 MC
30
20 MP
10
0
0 10 20 30 40 50
Períodos, Tn (s)

Figura 8 - Sismo de El Centro. Espectros de resposta de deslocamento relativo.

Tabela 2 - Resultados das análises realizadas sobre os espectros de resposta

Deslocamentos Desvios dos


Registo Dmax (cm) MC – Desl. Espectral MP – Desl. Espectral Espectros
Sísmico Sd,50 (cm) δSd,50 (%) Sd,50 (cm) δSd,50 (%) δSd (%)
Northridge -15.217 19.087 25.4 15.293 0.5 14.6
Cid. México +19.123 21.487 12.4 19.634 2.7 1.8
El Centro +10.860 46.334 326.5 12.305 13.3 82.9

Sobre as Figuras 6 a 8 e sobre os resultados apresentados na Tabela 2, tecem-se os


seguintes comentários:
ƒ O método proposto (MP) para o cálculo dos espectros de resposta, no domínio das
altas frequências (zona de períodos baixos), produz curvas espectrais que coincidem
inteiramente com as curvas determinadas pelo método clássico (MC) – Chopra (1995).
No domínio das baixas frequências (zona de períodos elevados), a formulação
proposta tende para o traçado correcto dos espectros, uma vez que, no limite, os
deslocamentos espectrais coincidem com os valores máximos (valores de pico)
ocorridos nas histórias de deslocamentos;
ƒ Relativamente ao período limite dos espectros (Tn=50 s; fn=0.02 Hz), o método
proposto apresenta desvios de deslocamentos espectrais relativamente baixos quando
comparados com os respectivos valores de pico, situando-se estes desvios entre 0.5 e
13.3 %. Através do método clássico os desvios apresentados são considerados bastante
elevados e encontram-se situados entre 12.4 e 326.5 %. Salienta-se que em relação ao
sismo de El Centro, o método clássico produz, na banda de baixas frequências, um
espectro de resposta totalmente inconsistente com a história de deslocamentos do
sismo, atingindo-se neste caso um erro de 326.5 %. Esta constatação constitui um
factor decisivo na utilização de espectros de resposta consistentes com as histórias dos
movimentos sísmicos, uma vez que só através deste tipo de espectros é que se
consegue obter estimativas credíveis de valores máximos das respostas sísmicas em
sistemas estruturais flexíveis;
ƒ Em termos globais, os espectros produzidos pelo método clássico apresentam desvios
demasiado consideráveis, quando comparados com os espectros produzidos pelo
método proposto, tendo-se observado no estudo valores que variam entre 1.8 e 82.9 %.

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4. CONCLUSÕES

Tendo em atenção os assuntos focados no decurso deste trabalho, em termos de


conclusões, importa salientar os seguintes aspectos:
ƒ As correcções e os processamentos numéricos geralmente utilizados sobre registos de
acelerações de movimentos sísmicos, produzem histórias de acelerações, de
velocidades e de deslocamentos não compatíveis entre si. Neste contexto,
desenvolveu-se uma formulação que permite o cálculo de espectros de resposta
consistentes com as histórias de deslocamentos, velocidades e acelerações dos
movimentos sísmicos;
ƒ Em termos genéricos, a formulação proposta utiliza as histórias de deslocamentos e de
velocidades nas zonas dos espectros correspondentes às baixas frequências, enquanto
que na banda de altas frequências são utilizadas as histórias de acelerações;
ƒ A validação da formulação proposta foi demonstrada através dos resultados obtidos no
estudo realizado, tendo-se evidenciado, através do estudo, que na avaliação da
resposta sísmica de estruturas flexíveis, tais como, por exemplo, edifícios muito altos,
pontes suspensas, edifícios com isolamento na base e edifícios fundados em terrenos
muito brandos, a utilização de espectros de resposta determinados pelo método
proposto neste trabalho, contribui, de forma determinante, para uma boa avaliação das
estimativas dos valores máximos das respostas estruturais.

5. REFERÊNCIAS

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da resposta sísmica de taludes, Tese de Doutoramento, UAç, P. Delgada, (2001).
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engineering, Prentice Hall, Inc., New Jersey, (1995).
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software, version 1.0, Open-File Report 92-296A, United States Geological Survey, Denver,
(1992).
Fragoso, M. Rouxinol, Análise sísmica de estruturas com interacção solo-estrutura,
Dissertação de Mestrado, IST, UTL, Lisboa, (1991).
Fragoso, M. Rouxinol, Análise inelástica do comportamento sísmico de estruturas de
betão armado, Tese de Doutoramento, UAç, P. Delgada, (2000).
Fragoso, M. Rouxinol, Modelação de acções sísmicas por espectros de potência, Rel.
42/2004, LREC, P. Delgada, (2004).
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34 Engenharia Civil • UM Número 22, 2005

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