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EDITORIAL
CONSTRUINDO A MEMÓRIA*
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Boletim Eletrônico da ABRACOR – Número 8 - janeiro de 2013
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podem ser tratados individualmente, ou seja, estão relacionados uns com os outros e
o entendimento sobre o contexto onde foram produzidos é essencial para o
desenvolvimento de estudos e análises.
Thomassem (2006, p.5) declara que o conceito central da Arquivologia é o
conceito de arquivo:
A maioria das pessoas tem conhecimento sobre documentos: quase
todo o mundo mantém documentos em casa, e a vida cotidiana é
documentada em arquivos mantidos por um empregador, uma
empresa de habitação, um cartório ou uma empresa de eletricidade.
Muitas pessoas também têm alguma noção do que é um arquivo: seja
ele grande ou pequeno, privado ou público, pertencente a uma
empresa ou a uma instituição governamental, elas o reconhecem
como uma coleção de documentos acumulados por pessoas, famílias
ou outros grupos sociais com o intuito de dar suporte as suas
memórias.
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BIBLIOGRAFIA
CRIPPA, Giulia. Entre paixão e necessidade: a arte de colecionar, os espaços da memória e do
conhecimento na história. In: Informação e conhecimento: aproximando áreas do saber. São
Carlos: EDUFSCAR, cap 1, p.29-46, 2005.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: 3 ed. FGV, 2004.
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FACES E INTERFACES:
Uma Abordagem Multidisciplinar da Azulejaria
Zeila Maria de Oliveira Machado
Restauradora e conservadora autônoma de bens móveis e integrados
Resumo
INTRODUÇÃO
O azulejo é um material dividido em corpo cerâmico e corpo vítreo. É
introduzido na Europa no final do século VI com a chegada dos árabes na Península
Ibérica. Embora tenha sido difundido na Espanha, em Portugal e na Holanda, é em
Portugal, entretanto, que este material se desenvolve, tanto na forma, quanto na
matéria ou na função. Sua utilização, essencialmente arquitetônica, desmaterializa as
superfícies das paredes e aumenta o campo visual das construções arquitetônicas.
No século XVII a azulejaria chega ao Brasil pelas mãos dos portugueses e é
muito bem aceita por se tratar de uma solução arquitetônica prática, agradável no
aspecto da climatização e também por seu valor estético. Ao centrarmos o olhar em
um painel de azulejos automaticamente somos remetidos a uma grande pintura a óleo
ou aquarela, ou uma tapeçaria, a depender do período deste painel. Esta arte é
bastante difundida no nordeste brasileiro no período do desenvolvimento da cana-de-
açúcar, devido ao fator econômico, e resulta num vasto acervo entre os estados
nordestinos, estendendo-se por todo o território nacional. Dentre os estados que mais
utilizaram o azulejo destacam-se a Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Maranhão,
Pará e Paraíba. Além destes, outros estados também utilizam azulejos, em especial os
do século XIX, quando esta arte passa a ser manufaturada em processo semi-
industrial, vulgarizando assim a arte azulejar, que passa a utilizar este revestimento
nas fachadas das residências em grande escala (MECO, 1998/1999). Consoante este
autor:
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Hoje, o Brasil acolhe um imenso e raro acervo azulejar que, infelizmente, está
passando por um processo de degradação, devido às condições físicas dos prédios
em que estão instalados, em razão de seus proprietários, inconscientes do seu valor
histórico e estético, optam pela substituição deste material por uma camada de tinta,
uma pintura da “moda” ou, simplesmente, pela demolição do monumento para uma
nova construção dentro da linguagem moderna.
Todo esse processo tem dado início a um movimento, por parte de estudiosos e
órgãos ligados ao patrimônio, de preservação deste material, que até então era visto
muito mais como um revestimento arquitetônico do que também uma obra de arte.
Entendemos que este patrimônio se destaca não só no Patrimônio Histórico e Artístico
do país, como também no Patrimônio da Humanidade, pela quantidade, qualidade e
especificidade de estilos, materiais e técnicas.
O propósito deste artigo é relatar o resultado do inventário do acervo azulejar
nos estados de Sergipe e Alagoas, realizado pelas superintendências do IPHAN,
através de licitação ocorrida em 2007 e 2008, respectivamente, abordando os
aspectos metodológicos (pesquisa de campo, entrevista aos proprietários para
preenchimento de ficha, pesquisa bibliográfica, para detectar o tipo de azulejo
encontrado), a conservação (perceber o estado de conservação em que se encontra o
monumento e o azulejo), a preservação (avaliar o grau de consciência do proprietário
em relação ao acervo azulejar e porque está ainda mantendo tal revestimento
arquitetônico), a restauração (identificar, em algum monumento, a ocorrência de
restauração deste elemento artístico e a necessidade de restauração), identificando
alguns casos de destruição e descaso da sociedade em relação a este patrimônio
nacional.
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[...] é como um rio que corre do passado para o futuro. Não sabemos
exatamente onde ele habita ou, se na verdade, somos nós que o
habitamos. Quem quer que passe, seja o tempo ou o ser, em sua
trajetória deixa as marcas desta passagem: a ausência e a presença
são construídas por lembranças e/ou momentos carregados de
memórias.
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A execução deste inventário nos dois estados ficou sob a minha responsabilidade e do
técnico Ricardo de Almeida Junior, que através de licitação, a empresa Oficina de Projetos foi
a vencedora no estado de Alagoas e a empresa Pavibrás, a vencedora no estado de Sergipe.
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1-Endereço:
Rua- Bairro-
Cidade- CEP-
Proprietário do imóvel-
Complemento-
Obs.:
3-Dimensões do acervo:
______________________________________
5-Identificação:
[ ] Tapete [ ] Figurativo [ ] Cercadura [ ] Friso [ ] Peça avulsa
[ ] Outros: _____________________________________________
Obs.:
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6-Padrão:
[ ] 2x2 [ ] 4x4 [ ] Outro __________________________________________
7-Descrição iconográfica:
8-Técnica de manufatura
[ ] Estampilha
[ ] Majólica
[ ] Outro ________________________________________________________
9-Procedência:
[ ] Portugal [ ] Espanha [ ] Inglaterra [ ] Holanda [ ] França
[ ] Outro ________________________________________________________
10-Superfície:
[ ] Plana [ ] Relevo
Obs.:
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Azulejaria de Alagoas
O acervo de Alagoas varia do século XIX ao XX, existindo um conjunto de
destaque significativo na cidade de Penedo, na Igreja Nossa Senhora da Corrente, em
estilo neoclássico, de fabricação lisboeta. Santos Simões (1965, p. 47-48) detalha
esses painéis da seguinte maneira:
[...] os painéis ajustam-se perfeita e minuciosamente as superfícies e
acidentes arquitetônicos, tanto na nave como na capela-mor.
São azulejos em painéis de cabeceiras recortadas, forrando o silhar
que atinge, na nave, a maior altura de 19 azulejos (Ca. 2m,70),
incluindo os dois de rodapé, (comum a todo silhar) de marmoreado
amarelo. Os painéis são de modelo conhecido, emolduramento
arquitectural policromo ainda com ornatos de grinaldas na parte
superior e emprego de efeitos marmoreados amarelos, verdes e
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Segundo informação da proprietária desse casarão, Maria Lucinda de Almeida, o autor
desses painéis é um pernambucano. Destaca-se a data de 1940, inscrita no banco.
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Figura 6 – Igreja N. S. dos Martírios (Maceió) Figura 7 – Igreja do Rosário dos Pretos
(Maceió)
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um deles não era tombado. Ainda assim, quando tombado, não se trata do
monumento propriamente dito, mas do entorno, portanto, nada pôde ser feito. Esta
irreparável perda impedirá as gerações futuras de saberem da existência desse
patrimônio do qual só terão conhecimento por meio das imagens expostas em sites ou
em publicações ou, o que é mais provável, nunca saberá.
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Azulejaria de Sergipe
No estado de Sergipe, o acervo de azulejo encontrado foi basicamente do
século XIX e apenas dois painéis do século XX do artista sergipano Jenner Augusto. A
cidade de Estância é a que detém o maior conjunto azulejar do Estado, de ótima
qualidade no que diz respeito à riqueza de padrões, conforme explica Santos Simões
(1965, p. 276):
[...] fui até Estância onde me haviam assinalado azulejos de fachada.
De facto esta progressiva pequena cidade conserva uma dúzia de
prédios azulejados com peças de fabricação portuguesa do terceiro
quartel do século XIX, apresentando alguns modelos de relativo
interesse. O pouco tempo disponível não permitiu uma sondagem em
profundidade.
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É o monumento que tem maior quantidade de azulejos na cidade de Estância e também no
estado de Sergipe, revestindo toda a área interna e dois bancos que ficam na área externa.
Hoje sedia a APAE no pavimento superior e o inferior é alugado para comércio. O proprietário
deste imóvel é a Diocese.
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Hoje sedia o colégio Phoenix. É todo revestido de azulejos que apresentam dois padrões,
conforme demonstra a figura. Na área interna, o antigo fogão a lenha, que hoje é bancada de
cozinha, também revestido de azulejos.
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Tudo que foi descrito por Santos Simões em 1965, hoje não mais existe.
Visitamos a fazenda na qual a capela Sant’ Aninha se encontra na cidade de
Laranjeiras, mas, infelizmente, não tivemos acesso a seu interior, porque a proprietária
não se encontrava e seu sobrinho, que faz a limpeza do espaço, não estava com a
chave. Lamentavelmente, ele nos assegurou que não havia azulejos lá dentro, o que
nos levou a concluir que em algum momento eles foram retirados. O casarão da
família Prado encontra-se em ruína. Nele ainda há vestígios de azulejos, cuja
decoração foi muito utilizada na França, Holanda e Portugal, produzido na técnica de
estampilha, com exceção das pétalas do centro, que são pintadas à mão. Tem ainda a
peculiaridade de apresentar suave relevo, típico da produção do norte de Portugal
(KNOFF, 1986, p. XXIII).
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Figura 25 – Casarão da família Prado Figura 26 - Detalhe Figura 27 - Detalhe
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No detalhe, vê-se o estado em que se encontram os azulejos, que são poucos. O Estado só
tem esse exemplar. É uma peça delicada e pouco encontrada no Brasil.
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CONCLUSÃO
O azulejo é um revestimento arquitetônico que chegou à Europa no século VI e
a partir daí traça trajetória de crescimento quer seja em seu desenvolvimento
tecnológico ou em sua vasta aceitação em toda parte do mundo. No Brasil o azulejo
começou a ser utilizado no século XVII com a vinda dos portugueses e entrou na vida
dos brasileiros de forma intensa. Com isso, o patrimônio azulejar ocupa lugar não só
no Patrimônio Histórico e Artístico do nosso país, como também no Patrimônio da
Humanidade, destacando-se pela qualidade, quantidade e especificidade de estilos,
materiais e técnicas.
Com esse relato sobre o inventário azulejar dos Estados de Alagoas e Sergipe,
fica evidente a forte influência da cultura portuguesa, mas também de outros países
como França, Inglaterra, Holanda. Infelizmente esse patrimônio nacional está se
perdendo por causa do desgaste do tempo, desgaste de seu suporte — parede — e
descaso humano, como percebido nesses dois Estados. As fotos expostas evidenciam
este estado de desgaste, ao mostrarem as ruínas com vestígios de azulejos, a perda
total do monumento para dar lugar a um novo, dentro dos padrões da “moda”, e a falta
de manutenção.
É necessária uma política de educação patrimonial, de esclarecimento à
comunidade sobre o significado de patrimônio, da conservação, da preservação e da
restauração, procurando também deixar claro que o monumento, a obra de arte, antes
de tudo, deve ser preservado e conservado, para não ser restaurado. A restauração é
a última medida a ser tomada diante da obra. A conscientização é um trabalho que
exige paciência, insistência e requer muito cuidado por parte de órgãos responsáveis
pelo patrimônio, quer seja na competência municipal, estadual ou federal, sendo
necessária uma atitude conjunta, envolvendo, principalmente, as escolas do ensino
infantil e médio, que se constituem em bases da formação humana.
A conservação e a preservação dos azulejos remanescentes são
indispensáveis e prementes. Para isso, entretanto, é preciso que haja uma motivação
de cunho cultural e científico. É preciso lembrar que esse acervo é transmitido em
várias áreas da linguagem artística e metodológica, e, portanto, significa um saber,
tanto para as humanidades quanto para as ciências naturais e, portanto, não temos o
direito de apagar os traços de gerações passadas e impedir às gerações futuras a
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REFERÊNCIAS
BARATA, Mário. Azulejos no Brasil - séculos XVII, XVIII e XIX. 1955. Tese (Concurso de
professor catedrático de História da Arte) – Escola Nacional de Belas Artes, a Universidade do
Brasil, Rio de Janeiro, 1955.
CÂMARA, Maria Alexandra Trindade Gago da. A colecção fotográfica "Inventário da Azulejaria
Portuguesa" de João Miguel Santos Simões (1960-1968): objecto artístico, documento e
memória. Dossiê História da Arte. Varia hist., Belo Horizonte, v. 24, n.
40 july/dec. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
87752008000200005&script=sci_arttext.> Acesso em: 3 out 2009.
JENNER AUGUSTO. Arte do século XX e XXI – Visitando o MAC na web. Disponível em:
<http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/
modernidade/espraiamento/bahia/jenner/index.html>. Acesso em: 8 out. 2009.
OLIVEIRA, Mário Mendonça de; SANTIAGO, Cybèle Celestino; LEAL, João Legal Rudimentos
para oficiais de conservação e restauração: conhecimentos gerais, técnica de carpintaria,
técnica de estuque, uso de resinas. Ilustrações de Adamastor C. Santana. Rio de Janeiro:
ABRACOR, 1996.
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SANTOS SIMÕES, João Miguel dos. Azulejaria portuguesa no Brasil (1500-1822). Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1965.
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Silvio Goren
Restaurador de Colecciones histórico-artísticas e docente en materia de Conservación
Preventiva y Restauración, Buenos Aires-Argentina.
Contato: www.silviogoren.com.ar, e-mail:goren@2vias.com.ar
Introducción
En el oficio de la restauración la ductilidad es una condición de vital importancia. La
experiencia indica que prácticamente nada es definitorio y que la concreción de un
objetivo determinado depende en buen grado de la elasticidad que podamos lograr
con nuestra mente, para incluso modificar el rumbo de las decisiones en la búsqueda
de un camino más eficiente.
Pero a los seres humanos nos resulta dificultoso modificar el primer trazado de
factibilidad. Esto podría simplificarse diciendo que nos resulta algo difícil cambiar una
idea en curso.
Cuando el profesional recibe una obra para su conservación, su mente buscará todos
los signos de deterioro empleando todos sus sentidos (observación organoléptica), en
función de crear un plan de intervención. Cada problemática traerá a la imaginación
las imágenes correspondientes a los procesos a los que deberá recurrir para “sanear”
determinado daño.
Es éste un primer momento crítico para el técnico, que deberá poner en juego sus
conocimientos, pero fundamentalmente su experiencia. Y todas las distracciones
factibles (incluso las no-profesionales) intentarán intervenir en ese momento de
abstracción, las que -teóricamente- se deberán evitar para no contaminar la atención.
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Cada anomalía deberá “inscribirse” en una amplia visión que permita determinar los
orígenes de la(s) problemática(s) para recién dar paso al proyecto de intervención y
posteriormente a la selección de materiales a emplear.
Solemos decir que la obra “habla” y que la habilidad del restaurador se basa en “saber
escuchar” lo que el objeto requiere, evitando los impulsos de intervenir sobre la
fenomenología más evidente.
Si esta posibilidad no pudiera aplicarse sin alguna intervención previa, recién entonces
corresponde evaluar qué tipo de materiales se emplearán, teniendo en cuenta que su
interrelación deberá ser afín y que no deben existir contradicciones entre ellos, dentro
de las diversas etapas.
Pero no se terminan aquí las observaciones para el proyecto, dado que el restaurador
deberá poder evaluar si los resultados de cada etapa cubren las expectativas
presumidas, porque de lo contrario debe replantearse la propuesta generada en la
primera instancia. Por ello se deberá tener en cuenta que:
1) Una obra determinada es en sí una individualidad, y es comparativa a otras
similares sólo en aspectos y no en su totalidad
2) Aunque “parecido en aspectos”, un cierto tipo de deterioro puede obedecer a
factores muy distintos en su origen, lo que también implicaría un sistema
distinto para encarar la problemática.
3) Las maniobras correspondientes a la intervención siempre pueden requerir un
sistema de prioridades más profundas, anteriores a la solución de las
problemáticas “más evidentes”, como por ejemplo podría ser la estabilización
previa de los soportes.
Este último punto no sugiere que haya que “restaurar todo a fondo”, sino que implica la
necesidad ineludible de una exhaustiva evaluación del objeto y la estimación de sus
características y problemáticas específicas.
La mínima intervención
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Si bien se entiende que el restauro se produce sobre la materia física, los “rubros”
precedentes señalan la necesidad de establecer los límites de cada intervención,
definiendo con precisión lo que se requiera sanear, para evitar las acciones
innecesarias y ayudando así a preservar detalles, signos y todo tipo de información
(evidente o subyacente) que no debería ser alterada.
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El concepto de reversibilidad
En la mayoría de los casos esas perturbaciones no son evidentes a corto plazo, pero
el restaurador debe ser consciente de que las intervenciones tendrán alguna inferencia
en la mecánica interna de la pieza, confirmado esto por muchas de las que llegan a los
ateliers, que muestran problemas generados por restauraciones anteriores.
De cualquier manera, una vez determinado lo que se desea preservar, el origen de las
problemáticas y su interrelación factible, ha llegado el momento de decidir acerca de
los materiales y las operaciones de intervención.
En base a las anomalías o daños existentes habrá que evaluar la gama de productos
que se emplearán y el técnico debe resistir la tentación de aplicar aquéllos materiales
“a los que está acostumbrado”, ya que como dice el proberbio popular: “nada es bueno
para todo”.
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suelen ser intransferibles por diversos motivos. Sólo debe ser aplicable un producto o
sistema que haya sido debidamente comprobado, experimentado con solvencia por el
técnico, y -fundamentalmente- que se ajuste específicamente a la problemática en
cuestión.
Todo lo que implique “prueba de experimentación” debe ser aplicado sobre símiles sin
valor, en concepto de práctica, para evaluar resultados. Aunque de todos modos esa
evaluación es dificultosa de definir en el momento porque como ya se dijo: los
resultados reales pueden aparecer recién en el largo plazo.
Pero esto no debe confundirse con las “pruebas” sin control ni adiestramiento
específico. Lamentablemente es usual que en nuestro medio se “intercambien”
fórmulas y materiales sin el entrenamiento debido, lo que trae aparejado
consecuencias negativas para los Bienes, que en principio son difíciles de detectar.
El Informe técnico
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Podría decirse como síntesis que quienes actuamos en contacto con Bienes Culturales
debemos ampliar nuestros puntos de vista, abundar en las consultas interprofesionales
y mantener la autocrítica en continua ejecución para evitar caer en errores
provenientes de mitos y “deformaciones costumbristas”, de los cuales abundan
ejemplos en nuestro medio.
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