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Brasília, 10 a 14 de março de 1997 - Nº 63

Data (páginas internas): 19 de março de


1997.

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Competência da Justiça Federal
Conflito Aparente de Normas e Competência
Desaforamento
Entrega do Extraditando
Estupro e Extinção da Punibilidade
Habeas Corpus: Concessão de Ofício
Habilitação de Herdeiros: Impossibilidade
Intervenção de Estado Estrangeiro em HC
Nepotismo
Programa BEFIEX
Regime de Cumprimento de Pena
Suspensão da Prescrição e do Processo Penal

PLENÁRIO
Nepotismo -1
Indeferida a cautelar requerida pelo Procurador-Geral
da República em ação direta ajuizada contra a Emenda 12/95
à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que:
1) proíbe a ocupação de cargos em comissão “por
cônjuges ou companheiros e parentes, consangüíneos, afins
ou por adoção, até o segundo grau” (§ 5º, acrescentado pela
EC ao art. 20 da CE): a) do Governador, Vice-Governador,
Procurador-Geral do Estado, Defensor Público-Geral do
Estado, Secretários de Estado, ou titulares de cargos que
lhes sejam equiparados, no âmbito da administração direta
do Poder Executivo; b) dos Desembargadores e Juízes de 2º
Grau, no âmbito do Poder Judiciário; c) dos Deputados
Estaduais, no âmbito da Assembléia Legislativa ; d) dos
Procuradores de Justiça, no âmbito da Procuradoria-Geral de
Justiça; e) dos Conselheiros e Auditores Substitutos de
Conselheiros, no âmbito do Tribunal de Contas do Estado; e
f) dos Presidentes, Diretores-Gerais, ou titulares de cargos
equivalentes, e dos Vice-Presidentes ou equivalentes, no
âmbito da respectiva autarquia, fundação instituída ou
mantida pelo Poder Público, empresa pública ou sociedade
de economia mista;
2) define como “cargos em comissão” somente aqueles
destinados “à transmissão das diretrizes políticas para a
execução administrativa e ao assessoramento”, “com
atribuições definidas de direção, chefia e assessoramento”
(§ 4º, acrescentado pela EC ao art. 20 da CE, e art. 32 da
CE);
3) determina a extinção dos cargos em comissão cujas
atribuições não atendam a essas finalidades (art. 4º da EC
12/95);
4) determina a extinção dos provimentos, com a
respectiva exoneração, dos cargos em comissão providos em
desacordo com as disposições referidas no item 1 (art. 5º da
EC 12/95); e
5) atribui ao Governador do Estado, ao Presidente do TJ
e à Mesa da Assembléia Legislativa, no âmbito dos
respectivos Poderes, ao Procurador-Geral de Justiça e ao
Presidente do Tribunal de Contas do Estado, no âmbito das
suas respectivas instituições, a prática dos atos
administrativos declaratórios de atendimento das disposições
dos artigos 4º e 5º da EC, inclusive de extinção de cargos em
comissão e de exoneração (art. 6º da EC 12/95).

Nepotismo - 2
Por unanimidade, o Tribunal rejeitou a alegação de vício
de iniciativa deduzida contra a emenda como um todo, sob a
alegação de que a matéria relativa ao preenchimento de
cargos estaria situada na órbita da economia interna de cada
um dos Poderes. Considerou-se que as normas impugnadas,
sendo aplicáveis aos três Poderes do Estado como disciplina
própria do regime jurídico único dos servidores da
administração direta, autarquias e fundações públicas, não
estariam sujeitas à iniciativa privativa de cada Poder. Quanto
à matéria referida no item 1 da nota anterior, afastou-se, por
maioria, possível violação dos incisos I e II do art. 37 da CF
(“I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei;” e “II - ..., ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;”), vencidos os Ministros Ilmar Galvão e Carlos
Velloso, que deferiam, no ponto, a medida cautelar, e os
Ministros Octavio Gallotti e Néri da Silveira, que conferiam
ao dispositivo interpretação conforme à Constituição, a fim
de excluir da proibição os cônjuges, companheiros e parentes
ocupantes de cargos efetivos.

Nepotismo - 3
A liminar foi igualmente indeferida, por unanimidade,
em relação às normas referidas no item 2, e, por maioria,
quanto aos itens 4 e 5, vencidos os Ministros Ilmar Galvão,
Carlos Velloso, Octavio Gallotti e Néri da Silveira. Também
por maioria, o Tribunal deferiu a suspensão de eficácia do
art. 4º (item 3), e, por unanimidade, da expressão “4º e” do
art. 6º (item 5). ADIn 1.521-RS, rel. Min. Marco Aurélio,
12.3.97.

Competência da Justiça Federal


Compete à Justiça Federal o julgamento de mandado de
segurança impetrado por empresa pública federal contra ato
de juiz estadual. Com base nesse fundamento que decorre da
regra geral de competência prevista no art. 109, I, da CF
(“Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as
causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, ...”) e da orientação
jurisprudencial resumida na Súmula 511 do STF (“Compete
à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e
julgar as causas entre autarquias federais e entidades
públicas locais, inclusive mandados de segurança,
ressalvada a ação fiscal, nos termos da Constituição
Federal de 1967, art. 119, § 3º.”) , o Tribunal, por maioria
de votos, julgando recurso extraordinário, afastou a alegação
de incompetência do TRF da 4ª Região para conhecer de
mandado de segurança impetrado pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, contra
decisão proferida por juiz estadual em processo entre
empresa particular e empresa de economia mista, versando
sobre a privatização desta última. Vencidos os Ministros
Carlos Velloso, relator originário, Maurício Corrêa e Marco
Aurélio, para quem a CF, ao definir as hipóteses de
competência da Justiça Federal para o julgamento de
mandados de segurança, não considera a natureza do
impetrante, e sim a natureza da autoridade apontada como
coatora (arts. 108, I, c, e 109, VIII); e Néri da Silveira, ao
fundamento de que não havia na espécie, subjacente ao ato
judicial impugnado, uma causa de interesse da União, suas
autarquias e empresas públicas. RE 176.851-RS, rel. orig.
Min. Carlos Velloso; rel. p/ ac. Min. Ilmar Galvão, 13.3.97.

Habilitação de Herdeiros: Impossibilidade


Tendo em vista o caráter personalíssimo do direito
pleiteado, o Tribunal, julgando questão de ordem suscitada
pelo relator, indeferiu pedido de habilitação de sucessores do
impetrante no processo de mandado de segurança em que se
discutia a legalidade do ato pelo qual fora ele demitido do
serviço público. Como conseqüência da morte do impetrante,
o feito foi julgado extinto nos termos do art. 267, IX, do
CPC (“Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito: ...
IX - quando a ação for considerada intransmissível por
disposição legal;”), ressalvando-se aos herdeiros o acesso às
vias ordinárias para a persecução dos efeitos patrimoniais
decorrentes da eventual invalidade do ato questionado.
Precedentes citados: RMS 17.991-SP (DJ de 28.06.68); RE
80.354-RJ (RTJ 90/125). MS 22.130-RS (Questão de
Ordem), rel. Min. Moreira Alves, 13.3.97.

Intervenção de Estado Estrangeiro em HC


Resolvendo questão de ordem suscitada pelo relator, o
Tribunal entendeu, por maioria de votos, ser legítima a
intervenção do Estado requerente da extradição em processo
de habeas corpus impetrado em favor do extraditando.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e
Néri da Silveira. Precedente citado (quanto à intervenção de
terceiro em habeas corpus): HC 72.131-RJ (acórdão ainda
não publicado). HC 74.959-DF (Questão de Ordem), rel.
Min. Ilmar Galvão, 12.3.97.

Entrega do Extraditando
Julgando o mérito desse habeas corpus, o Tribunal,
também por maioria, concedeu a ordem para que a entrega
do extraditando ao Estado requerente pelo Presidente da
República só se faça após o trânsito em julgado da decisão
concessiva da extradição. Suspendeu-se, assim, o decreto
presidencial que autorizava a entrega do extraditando ao
Estado requerente. Vencidos os Ministros Carlos Velloso,
Octavio Gallotti, Sydney Sanches e Moreira Alves, que não
viam no ato do Poder Executivo ilegalidade ou abuso de
poder, considerando o disposto nos artigos 83, parte final, e
86 da Lei 6.815/80 (art. 83: “Nenhuma extradição será
concedida sem prévio pronunciamento do Plenário do
Supremo Tribunal Federal sobre sua legalidade e
procedência, não cabendo recurso da decisão.”; art. 86:
“Concedida a extradição, será o fato comunicado através
do Ministério das Relações Exteriores à Missão diplomática
do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da
comunicação, deverá retirar o extraditando do território
nacional.”). HC 74.959-DF, rel. Min. Ilmar Galvão, 12.3.97.

PRIMEIRA TURMA
Programa BEFIEX - 1
Se a impetrante, empresa participante de Programa
Especial de Exportação concluído em 1992, não manteve, no
exercício em que requereu a utilização de saldo de benefício
fiscal gerado por exportação realizada no curso do programa,
a relação mínima entre exportações e importações a que se
comprometera, não há como reconhecer-lhe o direito de ser
ressarcida por prejuízos decorrentes do atraso da
Administração em autorizar a pretendida utilização, tendo
em vista o disposto em cláusula do termo aditivo em que
deferida essa autorização [“O descumprimento do
compromisso assumido na cláusula anterior (‘Em cada ano
de utilização desses benefícios as empresas beneficiárias
deverão manter a relação mínima de 43% entre o saldo
líquido de divisas e as exportações F.O.B., compromissada
no Programa.”) obrigará as empresas beneficiárias ao
pagamento dos impostos relevados relativos a utilização
desses benefícios corrigidos monetariamente,
independentemente da aplicação de outras penalidades a
que estiverem sujeitas, na forma da legislação em vigor.”).

Programa BEFIEX - 2
Com base nesse entendimento, a Turma confirmou
decisão denegatória de mandado de segurança impetrado
perante o STJ por empresa que pretendia, a título de
ressarcimento, ver reconhecido o seu direito de importar,
com isenção dos impostos de importação e sobre produtos
industrializados, a diferença entre o valor autorizado pela
Administração para o exercício de 1993 (US$ 29,1 milhões)
e o que acabou sendo efetivamente importado (US$ 19,6
milhões), em virtude de a autorização só haver sido
concedida no mês de abril daquele ano. RMS 22.661-DF, rel.
Min. Ilmar Galvão, 11.3.97.

Desaforamento
Nada impede que o desaforamento motivado pela
existência de “dúvida sobre a imparcialidade do júri” (CPP,
art. 424) seja determinado antes do sorteio dos vinte e um
jurados que tiverem de servir na sessão. HC 74.946-PB, rel.
Min. Sydney Sanches, 11.3.97.

Conflito Aparente de Normas e Competência


O exercício da medicina por médico cujo registro tenha
sido cassado por decisão do órgão de fiscalização
profissional competente (Conselho Regional de Medicina)
configura o crime de exercício de atividade com infração de
decisão administrativa (CP, art. 205), não o de exercício
ilegal da medicina (CP, art. 282). Por outro lado, a
competência para o julgamento desse crime cuja
caracterização independe da habitualidade da conduta é da
Justiça Federal, especialmente quando praticado contra
decisão de órgão federal (como são as autarquias incumbidas
da fiscalização das profissões), de acordo com os incisos IV
e VI do art. 109 da CF (“Aos juízes federais compete
processar e julgar: IV - ... as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas...”; “VI - os crimes contra a
organização do trabalho...”). Com base nesse entendimento,
a Turma indeferiu pedido de habeas corpus impetrado contra
decisão do TRF da 3ª Região. HC 74.826-SP, rel. Min.
Sydney Sanches, 11.3.97.

SEGUNDA TURMA
Suspensão da Prescrição e do Processo Penal
A Lei 9271/96, que deu nova redação ao art. 366, caput,
do CPP (“Se o acusado, citado por edital, não comparecer,
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o
curso do prazo prescricional, ...”), sendo mais gravosa para
o réu, não se aplica aos crimes cometidos antes do início de
sua vigência, submetendo-se à regra da irretroatividade da lei
penal (CF, art. 5º XL). À vista disso, e afirmando a
indissociabilidade do sobrestamento do processo e da
suspensão da prescrição dispostos na referida lei, a Turma
indeferiu habeas corpus impetrado contra o Tribunal de
Alçada Criminal do Estado de São Paulo, afastando a
pretensão de aplicação “intermediária” do art. 336 do CPP,
com a qual se requeria fosse conferida ao paciente a
retroatividade da parte benéfica (suspensão do processo), e a
irretroatividade da parte a ele prejudicial (suspensão da
prescrição). HC 74.695-SP, rel. Min. Carlos Velloso, 11.3.97.
Regime de Cumprimento de Pena
Tendo sido o réu condenado a cumprir a pena no regime
inicial semi-aberto, não pode o juiz das execuções,
desconsiderando os critérios objetivos e subjetivos previstos
em lei, deferir-lhe de imediato a progressão para o regime
aberto, com base exclusivamente na suposta inexistência de
estabelecimento penal adequado para o cumprimento da pena
no regime estabelecido na sentença. A Turma, embora
confirmando a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo que cassara a progressão concedida e determinara
a remoção do réu ao regime semi-aberto, concluiu que o
acórdão se excedera ao estabelecer que o réu aguardasse esta
remoção em regime fechado. Habeas corpus deferido em
parte, “a fim de não se executar o mandado de prisão contra
o paciente, antes de assegurado o seu recolhimento imediato
à Colônia Agrícola, no regime semi-aberto, como consta da
sentença transitada em julgado”. HC 74.732-SP, rel. Min.
Néri da Silveira, 11.3.97.

Habeas Corpus: Concessão de Ofício


No concurso de agentes, o deferimento de habeas corpus
impetrado por um dos co-réus deve ser estendido aos outros
“se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal ” (CPP, art. 580). Com base nesse
dispositivo e na regra do § 2º do art. 654 do CPP (“Os juízes
e tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem
que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
ilegal.”), a Turma deferiu habeas corpus impetrado contra
despacho no qual o relator de habeas corpus concedido pelo
STJ considerara incabível o pedido de extensão formulado
pelo paciente ao fundamento de que a função jurisdicional se
exaurira com o julgamento do HC, “cabendo ao requerente
postular medida autônoma, se assim pretender.” HC 74.824-
RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 11.3.97.

Estupro e Extinção da Punibilidade


Entendendo que as circunstâncias do caso não
autorizavam a solução pretendida pelo impetrante, no sentido
afastar a presunção de violência do crime de estupro contra
menor de quatorze anos imputado ao paciente (CP, art. 213 e
224, a), a Turma indeferiu pedido de habeas corpus visando
ao trancamento da ação penal por falta de justa causa. A
ordem, no entanto, foi deferida de ofício para declarar
extinta a punibilidade do réu, com base no art. 107, VIII, do
CP (“Extingue-se a punibilidade: VIII - pelo casamento da
vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior,
se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde
que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito
policial ou da ação penal no prazo de sessenta dias a contar
da celebração;”). HC 74.700-PR, rel. Min. Maurício Corrêa,
4.3.97.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 12.3.97 13.3.97 18


1ª Turma 11.3.97 --------- 5
2ª Turma 11.3.97 --------- 20

CLIPPING DO DJ
14 de março de 1997

ADIn N. 1467-6 - medida liminar


RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.
ICMS SOBRE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO:
RADIODIFUSÃO SONORA E DE SONS E DE IMAGENS (...).
1. O art. 132, I, "b", da Lei Orgânica do Distrito Federal, ao
admitir a incidência do ICMS apenas sobre os serviços de
comunicação, referidos no inciso XI do art. 21 da C.F., vedou sua
incidência sobre os mencionados no inciso XII, "a", do mesmo
artigo, ou seja, sobre "os serviços de radiodifusão sonora e de sons e
imagens" (art. 21, XII, "a", da C.F., com a redação dada pela E.C. nº
8, de 15.08.1995).
2. Com isso, estabeleceu, no Distrito Federal, tratamento
diferenciado dessa questão, em face do que ocorre nas demais
unidades da Federação e do disposto no art. 155, inc. II, da C.F.,
pelos quais o ICMS pode incidir sobre todo e qualquer serviço de
comunicação.
3. Assim, ainda que indiretamente, concedeu imunidade, quanto ao
ICMS, aos prestadores de serviços de radiodifusão sonora e de sons
e de imagens, sem que essa imunidade estivesse prevista na
Constituição Federal (art. 155, II), que, ademais, não admite que os
Estados e o Distrito Federal concedam, com relação ao ICMS, nem
mesmo simples isenções, incentivos e benefícios fiscais, senão com
observância da Lei Complementar a que aludem o art. 155, § 2º,
inciso XII, letra "g".
4. Lei Complementar, a de nº 24, de 07.01.1975, já existia, com
essa finalidade, antes, portanto, da Constituição de 05.10.1988.
5. E, a esta altura, já está em vigor a Lei Complementar nº 87, de
13.09.1996, cujo art. 1º reitera a incidência do ICMS sobre todo e
qualquer serviço de comunicação, regulando também a forma pela
qual os Estados e o Distrito Federal concederão isenções, incentivos
e benefícios fiscais.
6. Reconhecida a relevância dos fundamentos jurídicos da ação
("fumus boni iuris"), é de se considerar presente, também, o
requisito do "periculum in mora", já que o Distrito Federal, por força
dos dispositivos impugnados, está impedido de arrecadar ICMS
sobre serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, o que por
certo lhe acarreta considerável prejuízo, não se podendo desprezar,
ademais, a possível demora no processamento e julgamento final da
ação.
7. Medida cautelar deferida, para se suspender, "ex nunc", até o
julgamento final da ação, a eficácia das expressões "de que trata o
art. 21, XI, da Constituição Federal", contidas na alínea "b" do
inciso I do art. 132 da LODF.
8. Decisão unânime.
* noticiado no Informativo 54

HABEAS CORPUS N. 71339-4


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Revisão criminal. Pedido formulado
pelo próprio sentenciado. 3. Se é certo que a presença de advogado,
na defesa do réu, não profissional do direito, constitui garantia, em
princípio, de se deduzirem, com mais segurança, as razões que
militam em favor do requerente, não cabe ter como ilegal ou a
caracterizar constrangimento ilícito o fato de a Corte de Justiça, a
quem, dirigido o pleito revisional formulado pelo próprio
interessado, dele conhecer e julgá-lo, sem antes designar defensor
público a assistir o requerente. 4. O art. 623 do CPP foi
recepcionado na ordem constitucional resultante da Carta Política de
5 de outubro de 1988, tal como sucede com o art. 654 do mesmo
diploma legal, de referência ao habeas corpus, não obstante a norma
do art. 133 da referida Lei Maior. 5. Habeas Corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 72580-5


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Rol de testemunhas não superior a
oito indicações. 3. Arroladas dezessete testemunhas pela defesa,
determinou o juiz a redução ao número legal, o que não foi atendido,
havendo, a seguir, o magistrado determinado se inquirissem as oito
primeiras testemunhas do rol apresentado. 4. Legitimidade do
cancelamento judicial das testemunhas excedentes ao número legal,
desde que, no prazo assinado, tanto não fez a própria defesa. 5.
Razoabilidade do critério adotado pelo Juiz no caso concreto.
Código de Processo Penal, art. 398 e parágrafo único. 6.
Constrangimento ilegal que não se verifica. 7. Habeas Corpus
indeferido.

HABEAS CORPUS N. 72597-0


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: (...)
Presente o advogado do querelante em ato que não exija sua
presença física, não se justifica a decretação da perempção da ação
penal. Esta só deve ser decretada quando a omissão do queixoso
resulte pelo desinteresse, desídia ou descuido em abandono da
causa.
Habeas corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 73802-8


RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: - "Habeas corpus".
- Esta Corte, antes e depois da reforma penal de 1984, tem entendido
que, se na sentença condenatória se alude expressamente aos maus
antecedentes, à prática reiterada de crimes ou à sua periculosidade,
essas alusões demonstram inequivocamente a negativa do sursis.
Precedentes do S.T.F.
- Inexistência de vício na fixação da pena.
Habeas corpus indeferido.

HABEAS CORPUS N. 73863-0 *


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO. CRIME CONTINUADO.
PRESCRIÇÃO. SÚMULA 497. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Tratando-se de crime continuado, a prescrição rege-se pela pena
imposta na sentença. Não se considera o acréscimo oriundo da
continuação (Súmula 497 do STF).
Habeas corpus concedido para declarar extinta a punibilidade pela
prescrição da pretensão punitiva.
* noticiado no Informativo 40

HABEAS CORPUS N. 73933-4 *


RELATOR: MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. DEFENSOR PÚBLICO.
INTIMAÇÃO PESSOAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
SÚMULA 431 DO STF. ORDEM CONCEDIDA.
O defensor público deve ser intimado pessoalmente de todos os atos
do processo, em ambas as instâncias, contando-se-lhe em dobro
todos os prazos (artigo 44 - I da Lei Complementar 80/94). A falta
de intimação pessoal implica cerceamento de defesa dando ensejo à
aplicação do verbete 431 da Súmula do STF.
Ordem concedida.
* noticiado no Informativo 41

HABEAS CORPUS N. 74247-5


RELATOR : MIN. FRANCISCO REZEK
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUSPENSÃO CONDICIONAL
DA PENA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
COMO CONDIÇÃO DO SURSIS: POSSIBILIDADE.
Não há constrangimento ilegal exigir-se a prestação de serviços à
comunidade como condição para a concessão do sursis. Precedentes
do STF.

HABEAS CORPUS N. 74621-7


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 1. Prisão em flagrante do paciente,
sendo o processo criminal anulado pelo Tribunal de Justiça, que não
determinou, entretanto, a expedição de alvará de soltura do acusado.
2. Excesso de prazo de prisão. 3. Habeas Corpus deferido, para que
o paciente seja posto em liberdade, diante da anulação, ab initio, do
processo.

INQUERITO N. 1107-0 - questão de ordem


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Processo a que respondem Deputado Federal, estando
pendente concessão de licença da Câmara, juntamente com outros
réus não favorecidos pela imunidade formal nem pelo foro especial
(artigo 53, §§ 1º e 4º, da Constituição).
Separação determinada por relevante motivo de conveniência
(art. 80 do CPP), decorrente da diferença do regime de prescrição a
que estão sujeitos os acusados, visto achar-se o seu prazo somente
suspenso em relação ao parlamentar (art. 53, § 2º, da Constituição).
Remessa de traslado ao Tribunal de Justiça, para
prosseguimento do processo no Juízo de primeiro grau, com relação
aos réus para cujo julgamento originário é ele competente.

MANDADO DE SEGURANCA N. 22418-5


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - 1. Oficial das Forças Armadas classificado em concurso
para cargo de magistério público municipal.
2. Estava, a sua transferência para a reserva remunerada,
subordinada à autorização do Presidente da República para a
investidura, de acordo com o § 3º do art. 98 da Lei nº 6.880-80
(redação original), norma recebida pelo § 9º do art. 42 da
Constituição de 1988, onde expressamente se remete, à lei ordinária,
o estabelecimento das condições de transferência dos militares para
a inatividade.
3. Mandado de segurança, por maioria, indeferido.
AI N. 157536-1 (AgRg)
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL:
PRECLUSÃO.
I. - Não interposto o recurso extraordinário do acórdão que resolveu
a apelação, a matéria constitucional é apanhada pela preclusão.
Somente de matéria constitucional nova, vale dizer, surgida no
julgamento do recurso especial, é que seria cabível o recurso
extraordinário. Noutras palavras, da decisão do S.T.J., no recurso
especial, só se admitirá recurso extraordinário se a questão
constitucional for diversa da que já tiver sido resolvida pelo Tribunal
de 2º grau.
II. - Precedentes do S.T.F.: Ag 145.589-RJ, Pertence, Plenário,
02.09.93; Ag 172.436 (AgRg)-RS, Velloso, 2ª. Turma, 02.04.96; Ag
149.518 (AgRg)-SP, Velloso, 2ª. Turma, 23.XI.93.
III. - R.E. inadmitido. Agravo não provido.

AI N. 178936-1 (AgRg)
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. LICENÇA À
GESTANTE. C.F., art. 7º, XVIII.
I. - A C.F., art. 7º, XVIII, elevou para cento e vinte dias a licença à
gestante, sem prejuízo do emprego e do salário.
II. - R.E. inadmitido. Agravo não provido.

AI N. 184275-0 (AgRg)
RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRABALHO. AÇÃO
COLETIVA. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA. C.F., art. 114, § 2º.
I. - O exaurimento das tratativas negociais é requisito
indispensável à propositura da ação coletiva. C.F., art. 114, § 2º.
II. -R.E. inadmitido. Agravo não provido.

RE N. 168614-6 (EDcl)
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Quadro de Magistério do Estado de São Paulo. Sistema
remuneratório instituído pela Lei Complementar n.º 645-89.
Acumulação de acréscimos pecuniários vedada pelo art. 37, XIV, da
Constituição Federal, independentemente da modalidade do
pagamento de tais parcelas, seja em forma de percentual ou variação
de padrões, pontos ou referencias de vencimentos, desde que obtidas
a mesmo título ou fundamento (decurso de tempo de serviço).
Embargos de declaração rejeitados, por ter sido suficientemente
claro, em tal sentido, o acórdão embargado, ao dar em parte,
provimento ao recurso extraordinário.

RE N. 135410-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: SERVIDOR ESTADUAL. REENQUADRAMENTO
EM CARGO DE NÍVEL SUPERIOR. POSTERIOR REVOGAÇÃO
DO ATO. EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. CF, ART. 37,
II.
Predomina nesta Corte o entendimento no sentido de que, em face
da atual Constituição, não mais se admitem outras formas de
provimento de cargo que não decorrente de promoção. Logo,
institutos outros como a ascensão funcional, a transformação, o
reenquadramento, a redistribuição e a transferência de cargos foram
abolidos, posto representarem forma de ingresso em carreira diversa
daquela para a qual o servidor público ingressou, sem o concurso
exigido pelo inciso II do art. 37 da Carta da República.
Recurso extraordinário conhecido e provido.

RE N. 154947-5
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Reajuste de vencimentos do funcionalismo estadual.
Não basta o reflexo da pretensão sobre a situação dos magistrados
para atrair a competência originária do Supremo Tribunal,
estabelecida pelo art. 102, I, n, da Constituição.
Contrariedade, também não evidenciada, ao disposto no art. 38
do A.D.C.T.

RE N. 161402-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. LEI Nº 6.628,
DE 1989. ARGÜIDA AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO DIREITO
ADQUIRIDO E DA IRREDUTIBILIDADE DOS
VENCIMENTOS.
Improcedência da alegação.
O referido diploma legal, ao determinar que os percentuais
relativos à vantagem em questão sejam calculados de forma singela,
limitou-se a atender à proibição contida no art. 37, XIV, da CF, em
combinação com o art. 17 do ADCT/88, normas cuja eficácia se
sobrepõe à garantia constitucional da irredutibilidade de
vencimentos e do direito adquirido.
Recurso não conhecido.

RE N. 168750-9
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ICM. MERCADORIA ADQUIRIDA DE OUTRA
UNIDADE DA FEDERAÇÃO SOB O REGIME DE ALÍQUOTA
REDUZIDA. PRETENDIDO RECONHECIMENTO DO DIREITO
AO CRÉDITO DA DIFERENÇA. ALEGAÇÃO DE
CONTRARIEDADE AO PRINCÍPIO DA NÃO-
CUMULATIVIDADE.
A aquisição de mercadoria de outra unidade federada sob o regime
de alíquota reduzida não enseja crédito fiscal pela diferença.
Ausência de afronta ao princípio da não-cumulatividade, que
objetiva tão-somente permitir que o imposto incidente sobre a
mercadoria, ao final do ciclo produção-distribuição-consumo, não
ultrapasse, em sua soma, percentual superior à alíquota máxima
prevista em lei. Resultado que não se viabiliza pela denegação do
pretendido crédito.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 180441-6
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CADERNETA DE
POUPANÇA - CONTRATO DE DEPÓSITO VALIDAMENTE
CELEBRADO - ATO JURÍDICO PERFEITO -
INTANGIBILIDADE CONSTITUCIONAL - CF/88, ART. 5O,
XXXVI - INAPLICABILIDADE DE LEI SUPERVENIENTE À
DATA DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO,
MESMO QUANTO AOS EFEITOS FUTUROS DECORRENTES
DO AJUSTE NEGOCIAL - RE NÃO CONHECIDO.
CONTRATOS VALIDAMENTE CELEBRADOS - ATO
JURÍDICO PERFEITO - ESTATUTO DE REGÊNCIA - LEI
CONTEMPORÂNEA AO MOMENTO DA CELEBRAÇÃO.
- Os contratos submetem-se, quanto ao seu estatuto de regência, ao
ordenamento normativo vigente à época de sua celebração. Mesmo
os efeitos futuros oriundos de contratos anteriormente celebrados
não se expõem ao domínio normativo de leis supervenientes. As
conseqüências jurídicas que emergem de um ajuste negocial válido
são regidas pela legislação em vigor no momento de sua pactuação.
Os contratos - que se qualificam como atos jurídicos perfeitos (RT
547/215) - acham-se protegidos, em sua integralidade, inclusive
quanto aos efeitos futuros, pela norma de salvaguarda constante do
art. 5o, XXXVI, da Constituição da República. Doutrina e
precedentes.
INAPLICABILIDADE DE LEI NOVA AOS EFEITOS
FUTUROS DE CONTRATO ANTERIORMENTE
CELEBRADO - HIPÓTESE DE RETROATIVIDADE
MÍNIMA - OFENSA AO PATRIMÔNIO JURÍDICO DE UM
DOS CONTRATANTES - INADMISSIBILIDADE.
- A incidência imediata da lei nova sobre os efeitos futuros de um
contrato preexistente, precisamente por afetar a própria causa
geradora do ajuste negocial, reveste-se de caráter retroativo
(retroatividade injusta de grau mínimo), achando-se
desautorizada pela cláusula constitucional que tutela a
intangibilidade das situações jurídicas definitivamente consolidadas.
Precedentes.
LEIS DE ORDEM PÚBLICA - RAZÕES DE ESTADO -
MOTIVOS QUE NÃO JUSTIFICAM O DESRESPEITO
ESTATAL À CONSTITUIÇÃO - PREVALÊNCIA DA NORMA
INSCRITA NO ART. 5O, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO.
- A possibilidade de intervenção do Estado no domínio econômico
não exonera o Poder Público do dever jurídico de respeitar os
postulados que emergem do ordenamento constitucional brasileiro.
Razões de Estado - que muitas vezes configuram fundamentos
políticos destinados a justificar, pragmaticamente, ex parte
principis, a inaceitável adoção de medidas de caráter normativo -
não podem ser invocadas para viabilizar o descumprimento da
própria Constituição. As normas de ordem pública - que também
se sujeitam à cláusula inscrita no art. 5o, XXXVI, da Carta Política
(RTJ 143/724) - não podem frustrar a plena eficácia da
ordem constitucional, comprometendo-a em sua integridade e
desrespeitando-a em sua autoridade.

RE N. 182833-1
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: TRIBUTÁRIO. PRODUTO CONTEMPLADO COM
ISENÇÃO DE ICM. DECISÃO QUE CONCLUIU PELA
LEGITIMIDADE DO ESTORNO DO CRÉDITO DO TRIBUTO
INCIDENTE SOBRE A MATÉRIA-PRIMA NELE UTILIZADA.
ALEGADA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO-
CUMULATIVIDADE (ART. 23, II, DA CF/69, COM REDAÇÃO
DA EC 23/83).
Cânon que visa a impedir que, na composição do preço final do
produto, o percentual representativo da parcela relativa ao imposto
em causa supere a alíquota máxima deste.
Objetivo que se alcança mediante a compensação do crédito alusivo
ao imposto pago na entrada da matéria-prima com o débito do
imposto devido pela saída do produto.
Inexistindo imposto a pagar na saída, não há lugar para
compensação, impondo-se, conseqüentemente, a anulação do
crédito, por perda de objeto.
Incensurável o acórdão que assim concluiu.
Recurso não conhecido.

RE N. 204830-5
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO. ACÓRDÃO QUE, AFASTANDO A ALEGAÇÃO DE
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA COISA JULGADA, NÃO LHES
RECONHECEU O DIREITO DE RECEBER VENCIMENTOS
COM A RECÍPROCA INFLUÊNCIA DE ADICIONAIS
TEMPORAIS E SEXTA-PARTE.
Acórdão recorrido que assentou que a coisa julgada não poderia ser
invocada na espécie, e o fez com esteio tanto no fato de que os
recorrentes haviam optado pela nova estrutura remuneratória
estabelecida pela LCE 546/88, a qual, ao que tudo indica, à época
lhes era mais favorável, quanto, também, porque, em face do
advento da nova Constituição Federal a vantagem da recíproca
incidência de adicionais não mais é permitida.
Recurso extraordinário não conhecido.

Acórdãos publicados: 278

T R A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.

Acumulação de Cargos
RE 140.269-RJ *

Ministro Néri da Silveira (relator)

Relatório: Cuida-se de recurso extraordinário (fls. 101/109),


interposto por Luiz Carlos Tannos, Vice-Prefeito de Trajano de
Morais-RJ, com fulcro no art. 102, item III, letra "a", da
Constituição, com processamento admitido pelo despacho de fls.
114/116, do ilustre Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, que assim sumariou a espécie:

"Tratam os autos de Recurso Extraordinário, com


fundamento no artigo 102 - III, "a", da Constituição Federal, contra
o v. acórdão, unânime, de fls. 88/90, da Egrégia Quarta Câmara
Cível, do nosso Tribunal de Justiça, assim ementado:

"EMENTA: Mandado de Segurança. O Vice-Prefeito não


pode aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado em
sociedade de economia mista.
O vocábulo "remuneração" engloba o subsídio e a verba de
representação."

Foram opostos embargos declaratórios (fls. 95/96),


objeto da decisão abaixo transcrita (fls. 98):
"EMENTA: Descabem os embargos não havendo
tipicidade."

Em tempestivo recurso (fls. 101/109), alega o


recorrente ter o aresto hostilizado contrariado os artigos 37 - XVI e
XVII e 38 da Constituição Federal, ao entender aplicável à matéria
versada nos autos o artigo 37 - XVII, da Constituição Federal
relativo à não acumulação de remuneração, empregos e funções, o
qual se entrelaça com o inciso XVI do mesmo dispositivo
(acumulação de cargos), deixando de apreciar o disposto no artigo
38 e seus incisos da Lei Maior, o qual disciplina a hipótese, que é de
servidor público que se investiu em mandato eletivo, tendo,
inclusive, direito à verba de representação que não constitui
remuneração.
Não houve impugnação (fls. 110).
Parecer do Ministério Público às fls. 111/112.
É a hipótese, em síntese.
Os dispositivos constitucionais tidos como
contrariados foram devidamente requestionados, não sendo
desarrazoada a alegação do recorrente de que o tema
"decidendum" também se relaciona ao artigo 38 da Lei Magna, o
qual disciplina o tratamento e remuneração do servidor público em
exercício de mandato eletivo, não tendo tal questão sido ventilada
pelo acórdão guerreado(fls. 88/90), rejeitados (fls. 98), constando
do corpo do acórdão a não aplicabilidade, "in casu", de tal
dispositivo constitucional (artigo 38 da Constituição Federal).
Constata-se, nos autos, que o recorrente foi investido
no mandato de Vice-Prefeito do Município de Trajano de Moraes,
Estado do Rio de Janeiro, quando já exercia o cargo de Agente
Administrativo II da Companhia de Eletricidade do Estado do Rio
de Janeiro - CERJ, empresa pública.
Portanto, trata-se de "mandamus" envolvendo servidor
público que exerce mandato eletivo, relacionada, a hipótese, em
tese, também ao artigo 38 da Constituição Federal.
Assim, a questão merece o reexame pela Instância
Constitucional, estando presentes os requisitos intrínsecos e
extrínsecos para admissão do recurso interposto.
"Dessa forma, admito o Recurso Extraordinário", com
base no artigo 102 - III, "a", "da Constituição Federal.
Subam os autos ao Egrégio Supremo Tribunal Federal,
na forma do artigo 27, § 2º, da Lei nº 8.038/90."

Oficiando no feito, opinou a


Procuradoria-Geral da República, no parecer de fls. 122/133, pelo
não conhecimento do recurso extraordinário.
É relatório.

Voto: Discute-se, nos autos, se empregado de empresa pública


estadual, eleito Vice-Prefeito, pode prosseguir no exercício das
funções de seu emprego, recebendo o salário correspondente, e
perceber a representação atribuída ao Vice-Prefeito do município.
Invoca-se, no particular, a aplicação do art. 38 da
Constituição Federal, que reza:

“Art. 38 - Ao servidor público em exercício de mandato eletivo


aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de
horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função,
sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de
mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os
efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento,
os valores serão determinados como se no exercício estivesse.”

Não prevê o dispositivo constitucional suso transcrito a


situação do Vice-Prefeito. Certo está, porém, que o art. 29 da Lei
Magna, estipula, quanto aos Municípios, como um dos preceitos a
serem respeitados na respectiva Lei Orgânica, o que dispõe no inciso
V, verbis:

“V - remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores


fixada pela Câmara Municipal em cada legislatura, para a
subseqüente, observado o que dispõe os art. 37, XI, 150, II, 153, III,
e 153, § 2º, I.”
Não se trata, efetivamente, na espécie, de quaestio juris
enquadrável no art. 37, XVI, da Constituição, ao estabelecer:

“XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,


exceto, quando houver compatibilidade de horários:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos privativos de médico.”

O art. 38, da Lei Magna, dispondo sobre servidor público


em exercício de mandato eletivo, prevê o afastamento do cargo,
emprego ou função, tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
ou distrital; investido no mandato de Prefeito, ficará o servidor
também afastado do cargo, emprego ou função sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração. Omisso é, porém, o texto maior quanto
ao Vice-Prefeito.
Não há, destarte, no sistema da Constituição, no ponto,
proibição de conferir-se remuneração a Vice-Prefeito; ao contrário,
resulta do art. 29, V, que a Câmara Municipal fixará a remuneração
do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, em cada legislatura, para a
subseqüente.
Dessa maneira, a existência de verba de representação
estipulada para o Vice-Prefeito não conflita com a Constituição. O
que cumpre, porém, verificar é se, permanecendo no exercício de
cargo, função ou emprego, poderá ou não o Vice-Prefeito receber,
também, o quantitativo concernente à verba de representação.
Negou-o o acórdão. O recurso extraordinário sustenta devida essa
retribuição, mesmo permanecendo o Vice-Prefeito no exercício e
gozo das vantagens do cargo, função ou emprego.
No âmbito municipal, de referência ao vereador, permitiu o
art. 38, III, da Constituição, que o servidor perceba as vantagens de
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do
cargo eletivo, desde que haja compatibilidade de horários; se não
forem compatíveis os horários para o exercício do mandato e do
cargo, será aplicada a norma relativa ao Prefeito, ou seja,
afastamento do cargo, emprego ou função, assegurada a opção pela
remuneração deste.
O acórdão recorrido do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, ao confirmar a decisão denegatória da segurança, anotou
(fls. 89/90), verbis:

“O art. 96 da Lei Orgânica dos Municípios declara


serem aplicáveis ao Prefeito e ao Vice-Prefeito as proibições e
impedimentos do art. 46, aplicando-se à hipótese o inciso I, b desse
dispositivo, por ser o impetrante vinculado a sociedade de
economia mista.
Por outro lado, o art. 37, XVII da CF, reproduzido no
art. 77, XX, da CE, registra que a proibição de acumular abrange
sociedade de economia mista, estendendo-se a empregos e funções.
Em decorrência é válida a regra do art. 93, § 2º da Lei
Orgânica dos Municípios, determinando, ao serem empossados, a
desincompatibilização do Prefeito e do Vice-Prefeito.
Tanto a CF (art. 29, V), como CE (art. 344) englobam
no vocábulo remuneração parcelas constitutivas que juridicamente
o integram, vencimento e vantagens que são acréscimos “devidos
ao servidor em razão de condições de ordem pessoal ou funcional”
(Diogo de Figueiredo Moreira Neto, - Curso de Direito
Administrativo, p. 253).
Nesse mesmo sentido se orienta Hely Lopes Meirelles,
de sorte que não se pode cindir a remuneração, como retribuição de
trabalho, para percebimento de uma sua parte, quando é vedada à
acumulação remunerada.
Além do mais, o cargo de Vice-Prefeito não é eventual
como se depreende da Constituição Federal (art. 79, parágrafo
único) que repete o princípio da Carta anterior (artigo 77, § 2º), e
da Constituição Estadual (art. 137, parágrafo único) que mutatis
mutandis também reproduz o art. 74 de sua congênere revogada.”

Não tenho efetivamente como decorrente do art. 38 da


Constituição, que não cuida especificamente da situação do Vice-
Prefeito, fundamento a assegurar o que pretende o impetrante, ora
recorrente, qual seja, acumular a remuneração do emprego em
empresa pública estadual, de que era titular, com a remuneração que
é prevista em favor do exercente do mandato. O Prefeito, titular de
cargo ou emprego, não pode acumular essa situação com a
remuneração atribuída ao exercício do mandato, assegurando-se-lhe,
tão-só, a possibilidade de opção pela retribuição do cargo ou
emprego. O que a Constituição excepcionou, no sistema, foi apenas
a situação do Vereador, fazendo-o de forma expressa, quando houver
compatibilidade de horários, em ordem a que, concomitantemente
com o mandato legislativo, possa exercer o cargo ou emprego de que
titular. É hipótese de exercício cumulativo expressamente
ressalvado, pois se viabiliza o desempenho simultâneo do cargo ou
emprego com o mandato, ad instar das hipóteses do art. 37, XVI,
onde se enumeram as exceções à inacumulabilidade de cargos ou
funções, exigindo-se ocorra compatibilidade de horário.
Tal não se autoriza quanto ao Prefeito ou ao Vice-Prefeito,
para os quais prevê a Constituição seja estabelecida pela Câmara de
Vereadores remuneração em cada legislatura, para a subseqüente, ut
art. 29, V, da Lei Maior.
Tendo como prequestionado o art. 38 da Constituição,
desde a inicial, como fundamento do mandado de segurança, não o
considero violado pela decisão da Corte estadual, que, inclusive,
invocou fundamento infraconstitucional para desprover o recurso do
impetrante.
De tal maneira, não vendo ofensa ao art. 38 da
Constituição, em virtude dos termos do acórdão recorrido, não
conheço do recurso extraordinário.
* acórdão ainda não publicado

Assessores responsáveis pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Miguel Francisco Urbano Nagib
informativo@stf.gov.br

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