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FACULDADE EVANGÉLICA DO MEIO NORTE – FAEME

MARIA CRISTINA DA SILVA CAMPOS

A RELEVÂNCIA DO BILINGUISMO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR DO SURDO

COROATÁ- MA
2016
MARIA CRISTINA DA SILVA CAMPOS

A RELEVÂNCIA DO BILINGUISMO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR DO SURDO

Artigo apresentado ao Curso de Especialização


em LIBRAS, da Faculdade Evangélica do Meio
Norte, como requisito para a obtenção do título
de Especialista em LIBRAS com Docência do
Ensino Superior.

Orientadora: Profa. Ma. Anne Caroline Soares


Dourado.

COROATÁ- MA
2016
RESUMO
O presente artigo destaca algumas questões referentes ao ensino de pessoas com deficiência
auditiva. Refletindo e questionando sobre a atual conjuntura da educação regular e especial do
aluno surdo nas escolas. Este trabalho tem como objetivo geral Identificar a importância do
bilinguismo na comunicação do surdo. Tendo como objetivos específicos: analisar os
principais fatores que contribuem na inclusão do bilinguismo na escola; apontar os mitos
construídos sobre o bilinguismo na escola; refletir a partir das dificuldades encontradas,
estratégias que melhorem o ensino bilíngue na escola. Como metodologia, nesse trabalho foi
utilizada a pesquisa bibliográfica, para sustentar as teorias mencionadas no trabalho foram
consultados os seguintes autores: Almeida (2000), Coutinho (2000), Damázio (2007),
Perrenoud (2000), Quadros (2004, 2006, 2009), Rocha (1997, 2007), Sales (2005) e
CARVALHO (2009). No referencial teórico, serão abordados de forma breve, os aspectos
históricos da educação do surdo, bem como os estigmas desenvolvidos pela sociedade. E
também com relação à educação bilíngue, diante de uma nova tendência na forma de se
ensinar o aluno surdo. Na análise será destacada a importância das escolas bilíngues no
desenvolvimento de aprendizagem do estudante surdo.

Palavra chave: Bilinguismo, Libras, inclusão.


ABSTRACT
This article highlights some issues regarding the education of people with hearing
impairment. Reflecting and questioning about the current situation of the regular and special
education of deaf students in schools. This work has the general objective Identify the
importance of bilingualism in deaf communication. With the following objectives: to analyze
the main factors that contribute to the inclusion of bilingualism in school; point out the myths
built on bilingualism in school; reflect from the difficulties encountered, strategies to improve
bilingual education in school. The methodology used in this work was the literature to support
the theories mentioned in the work the following authors were consulted: Almeida (2000),
Coutinho (2000), Damázio (2007), Perrenoud (2000), Tables (2004.2006, 2009), Rocha
(1997, 2007), Sales (2005) and Carvalho (2009) .In the theoretical framework will be
addressed briefly, the historical aspects of deaf education and the stigma developed by
society. And also with regard to bilingual education, before a new trend in the way of
teaching the deaf student. The analysis will highlight the importance of bilingual schools in
the development of learning of the deaf student.
Keyword: Bilingualism, Pounds, inclusion.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................6
2 OS ATRIBUTOS DO BILINGUÍSMO NA PERSPECTIVA ESCOLAR.......................7
2.1 Breve histórico da educação do surdo...................................................................................8
2.2 A educação bilíngue: uma nova era para e educação de surdos.........................................10
3 BILINGUÍSMO COMO MECANISMO DE INCLUSÃO DO SURDO........................12
5 CONCLUSÃO .....................................................................................................................15
REFERÊNCIAS......................................................................................................................17
6

1 INTRODUÇÃO

Atualmente tem se discutido muito, sobre como se fazer para melhorar o acesso das
pessoas portadoras de deficiência auditiva no convívio social. E como desmistificar a ideia de
que a surdez seja um motivo de incapacidade laborativa do individuo.
Na área da surdez, o Bilinguismo tem tomado força nas discussões de inclusão do
aluno surdo nas escolas regulares. Tem-se notado também certo esforço por parte do poder
público nos últimos anos, em adotar mecanismo de acesso a esse público nas mais diversas
áreas da educação. Com isso busca-se uma melhor qualidade de vida de seus familiares e
amigos, tornando essencial o aprendizado desta língua nas escolas.
Ao usar LIBRAS, (Língua Brasileira de Sinais) a criança poderá desenvolver sua
competência e capacidade linguística em uma língua que irá lhe auxiliar na aprendizagem de
uma segunda língua, tornando-se bilíngue. Já que o bilinguismo é uma proposta de ensino que
prioriza o acesso de duas línguas no universo escolar, considerando a língua de sinais como
natural, partindo daí para o ensino da língua escrita.
Este trabalho tem o propósito de abordar a questão do bilinguismo: português e libras.
Segundo SALES (2005) LIBRAS é considerada a língua materna do surdo, pois ela é a base
para a comunicação e o bom relacionamento com as pessoas a sua volta, além de ser o
primeiro passo para o conhecimento de seus direitos.
Este trabalho tem como objetivo geral: Identificar a importância do bilinguismo na
comunicação do surdo. Tendo como objetivos específicos: analisar os principais fatores que
contribuem na inclusão do bilinguismo na escola; apontar os mitos construídos sobre o
bilinguismo na escola; refletir a partir das dificuldades encontradas, estratégias que melhorem
o ensino bilíngue na escola.
A construção dos objetivos desta pesquisa se deu através da formulação do seguinte
problema: Quais as maiores dificuldades encontradas nas instituições de ensino na abordagem
do bilinguismo? Como metodologia, nesse trabalho utilizou-se analise qualitativa, por meio
de pesquisa bibliográfica, na qual foi realizada através de consulta em livros e artigos
científicos selecionados através de busca em bancos de dados online.
Para fundamentar esta pesquisa foi utilizado o seguinte referencial teórico: Almeida
(2000), Coutinho (2000), Rocha (2007), Salles (2005), Carvalho (2009), Quadros (2006,
2009), Folheto (2004), Sherman e Phyllis (2005).
Logo em seguida buscou-se, avaliar sobre o processo de inclusão destinado às crianças
surdas e o quanto se faz necessário o bilinguismo nas escolas, pois, contribui positivamente
7

para o desenvolvimento social, efetivação da escolarização bem como, na vida profissional do


surdo.
O desenvolvimento deste trabalho se divide em dois tópicos, no primeiro estudamos os
aspectos históricos, bem como as vantagens do bilinguismo sob a ótica escolar. No segundo
analise do estudo e por fim as conclusões.
2 OS ATRIBUTOS DO BILINGUISMO NA PERSPECTIVA ESCOLAR
Será relatado um pouco da história do surdo, as mudanças e melhorias no decorrer
dos anos. E a importância do desenvolvimento da língua e educação do surdo, para que
possam obter uma qualidade de vida com melhores condições intelectuais, sociais e
econômicas, podendo ainda alcançar uma comunicação mais ampla com acessibilidade a
empregos e uma integração adequada na sociedade.
A implantação do ensino de Libras nas escolas estabelece uma cultura de valorização
desta Língua para despertar nas pessoas a importância e o interesse em aprender Libras.
Tendo em vista o grande crescimento da preocupação por parte dos pais, familiares, amigos,
profissionais e outras pessoas que tenham interesse, na participação da vida de portadores
dessa dificuldade auditiva.

Determina o artigo 22 que as instituições de ensino responsáveis pela


educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com
deficiência auditiva, por meio de organização de I – escolas e classes de
educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores
bilíngue, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
(Decreto nº 5.626, de 22/12/2005).

É observado que no decreto acima o bilinguismo também foi estendido às crianças


ouvintes o que faz com que todos tenham a chance de aprender a Libras, assim tornando-a
mais abrangente ao restante da população que não a tem como veiculo de comunicação.
Professores com a habilitação em Libras fariam essa importante ponte entre essas duas
realidades.
Através da Educação inclusiva inseridas nos cursos para formação de professores,
estes poderão expandir seus conhecimentos em torno do ensino de Libras para atender os
alunos em suas necessidades e peculiaridades. Com a prática do ensino de Língua de sinais
nas entidades escolares, faz-se de suma importância a integração social das pessoas com
problemas auditivos no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Deixando de
lado os prejuízos causados pela carência de instrução dos professores nessa área. Desta forma,
os surdos podem alcançar um desempenho acadêmico, social e profissional semelhante às
pessoas ouvintes que são do mesmo grau escolar.
8

2.1 BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO SURDO


A linguagem, seja ela qual for, escrita, falada, é o começo de todo processo de
comunicação que dá significado a cidadania de forma que todo valor apreendido se dá por
meio dela. E o papel da escola nessa engrenagem é tornar todos esses significados a um nível
compreensível para a criança.
De acordo com o Conselho nacional de Educação CNE, nas Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, a definição de Educação Especial é o processo
educacional que se materializa por meio de um conjunto de recursos e serviços educacionais
especiais, organizados para apoiar, complementar, suplementar, e em alguns casos, substituir
os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades
educacionais especiais, diferentes das da maioria de crianças e jovens, em todos os níveis e
modalidades de educação e ensino.
A história dos surdos é repleta de incompreensão e intolerância por parte da sociedade,
pois os surdos sempre eram vistos como incapazes de serem ensinados. Chegavam até mesmo
a serem excluídos da sociedade, não podendo desfrutar de direitos básicos como casar ou
herdar bens. (ROCHA, 2007).
Essa concepção de incapacidade perdurou ao longo de vários anos, ou melhor, séculos.
Sendo também considerados pela igreja medieval, como figuras impuras e condenadas por
Deus.
Então, até o século XV, havia poucos programas de atenção especial para a educação
de surdos. No final da Idade Média, começaram a surgir os primeiros trabalhos na área da
educação para crianças surdas, como forma de integrá-las na sociedade, os primeiros registros
de educadores de surdos no ocidente começam a surgir a partir do século XVII,
principalmente na Espanha, França, Inglaterra e Alemanha. (SALES, 2005)
Somente no século XVIII, o surdo encontra nesse espaço social um ambiente propício
para “ter voz” e utilizar a língua de sinais. Nesse contexto, vários pesquisadores começam a
interessar-se pela educação de surdos. O Brasil começa a dar seus primeiros passos na
educação dos surdos no segundo império (1855), com a vinda do educador francês Hernest
Huet, para trabalhar na educação de crianças surdas. Deixando inúmeras contribuições em
prol da educação de surdos no Brasil.
De acordo Sales (2005) em Milão, na Itália, em 1880, realiza-se o Congresso
Internacional de Surdo Mudez, ficando definido que o Método Oral é o mais adequado na
educação do surdo. Nesse congresso, a visão oralista defende que só através da fala o
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indivíduo surdo poderá ter seu desenvolvimento pleno e uma perfeita integração social. Desse
modo, o domínio da língua oral torna-se condição básica para sua aceitação em uma
comunidade majoritária.
Segundo Skliar (1997), existiram dois grandes períodos na história da educação dos
surdos: 'Um período prévio, que vai desde meados do século XVIII até a primeira metade do
século XIX, quando eram comuns as experiências educativas por intermédio da Língua de
Sinais, e outro posterior, que vai de 1880, até nossos dias, de predomínio absoluto de uma
única 'equação' segundo a qual a educação dos surdos se reduz à língua oral
Segundo Rocha (1997), nos anos 50 foi marcado por uma série de ações importantes,
como a criação do primeiro curso normal para professores na área da surdez (1951). Neste
ano, o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), recebeu a visita de Helen Keller,
cidadã americana surda e cega, cuja trajetória de vida é um exemplo até os dias de hoje. Em
1952 foi fundado o jardim de infância do instituto e nos anos seguintes criou-se o curso de
artes plásticas, com acompanhamento da escola nacional de belas artes. A primeira instituição
criada para este fim foi “O Instituto Nacional de Educação de Surdos”, que passou por
grandes mudanças a partir de 1951, tanto nos aspectos metodológicos de ensino quanto à sua
estrutura em relação a modificações e criações de serviços.
Sales (2005) comenta que no Brasil, é constatado que a grande maioria dos surdos
submetidos ao processo de oralização não fala bem, não faz leitura labial, tampouco participa
com naturalidade da interação verbal, pois há uma discrepância entre os objetivos do método
oral e os ganhos reais da maioria dos surdos. Apenas uma pequena parcela da totalidade de
surdos apresenta habilidade de expressão e recepção verbal razoável.
Devido a defasagens escolares o surdo adulto muitas vezes é impedido de ingressar no
mercado de trabalho. Essa realidade é enfim o resultado de uma gama complexa de
representações sociais seja, históricas, culturais, linguísticas, políticas, respaldadas em
concepções equivocadas que reforçam práticas em que o surdo é condicionado a superar a
deficiência, buscando tornar-se igual aos demais. O bilinguismo e as questões implicadas
nessa proposta educacional se apresentam como uma forma de subsidiar a reflexão sobre a
educação do surdo. (SALES, 2005).
Ainda de acordo com Sales (2005) a educação bilíngue é uma proposta de ensino que
preconiza o acesso a duas línguas no contexto escolar, considerando a língua de sinais como
língua natural e partindo desse pressuposto para o ensino da língua escrita.
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2.2 A EDUCAÇÃO BILÍNGUE: UMA NOVA ERA PARA EDUCAÇÃO DE SURDOS


A leitura deve ser uma das principais preocupações no ensino de português como
segunda língua para surdos, tendo em vista que constitui uma etapa fundamental para a
aprendizagem da escrita.
Alguns teóricos afirmam que, a efetivação da alfabetização do surdo na educação
bilíngue gera o desenvolvimento linguístico, educacional, cognitivo, familiar, cultural e a
formação da identidade das crianças surdas a partir do uso do bilinguismo, pois através dele,
ocorre um aumento dessas capacidades, possibilitando melhores resultados educacionais que
os conquistados com a linguagem oral.
É necessária a reflexão de situar a surdez como diferença quando se tratar de
ambiente escolar, de aprendizagem. Perspectiva da normatização
(integração), os aprendizes surdos serão sempre vistos por um prisma
paternalista, como se possuíssem baixa expectativa cognitiva e
demandassem de políticas compensatórias, mesmo que de maneira inclusiva.
(NOVAES, 2010).
Nesse processo, o professor deve considerar, sempre que possível a importância da
língua de sinais como um instrumento no ensino do português. Recomenda-se que, ao
conduzir o aprendiz à língua de ouvintes, deve-se situá-lo dentro do contexto valendo-se da
sua língua materna (L1), que, no caso em discussão, é a LIBRAS. É nessa língua que deve ser
dada uma visão apriorística do assunto, mesmo que geral.
É por meio da LIBRAS que se faz a leitura do mundo para depois se passar à leitura
da palavra em língua portuguesa. A língua de sinais deverá ser sempre contemplada como
língua por excelência de instrução em qualquer disciplina, especialmente na de língua
portuguesa, o que coloca o processo ensino/aprendizagem numa perspectiva bilíngue
(SALES, 2005).
Os fracassos dos surdos são desta forma, atribuídos à surdez e à condição
linguística inadequada nas escolas, em razão do não domínio da língua oral,
o que se reflete consequentemente no desenvolvimento cognitivo adequado.
(NOVAES, 2010).
Com as falhas pedagógicas dos processos de ensino-aprendizagem da educação
inclusiva, a partir da década de 90 surge uma nova prática de educação com a comunidade de
surdos no Brasil: o bilinguismo. Com isso, um novo cenário pedagógico de grandes reflexões
didáticas cria um fato novo no cenário educacional para as comunidades de surdos. O
bilinguismo conquista seu espaço depois da pressão dos movimentos sociais e das pesquisas
nas áreas da linguística e educacional que reconhecem a língua de sinais como própria da
cultura surda.
Com o bilinguismo a comunidade surda passa a ter acesso à língua de sinais e ao
português nos processos de ensino-aprendizagem no âmbito da educação escolar inclusiva. A
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língua brasileira de sinais e a língua portuguesa em sua modalidade escrita são indispensáveis
à escolarização da comunidade de surdos. O bilinguismo torna mais eficaz o processo
educativo e contribui sobremaneira com o prosseguimento dos estudos, com a preparação para
o trabalho e o desenvolvimento pessoal dos surdos.
A LIBRAS é a língua natural do surdo, sua forma de expressar leituras de
mundo para depois se passar à leitura da palavra em língua portuguesa.
Sendo sua primeira língua denominada – Os estudantes surdos necessitam
explicitar suas ideias, sentimentos, pensamentos na sua primeira língua - a
Língua Brasileira de Sinais expressando-se enquanto individuo na interação
com o mundo. É fundamental que os temas discutidos em aula sejam
compartilhados com o grupo, em LIBRAS, pois é dessa forma que as
pessoas surdas expressam-se espontaneamente. Somente a partir disso, será
possível pensar em um processo de aprendizado da língua escrita. (SALLES,
2000, p.21)

O bilinguismo nas comunidades surdas não é igual às comunidades ouvintes, por isso
recebem a surdez na concepção cultural. E desta maneira, o conceito bilíngue considera que
os surdos formam um grupo, com cultura e língua distinta. Assim a comunidade surda tem
suas particularidades, que passam pela língua gestual, caracterizando a sua cultura e a sua
forma peculiar de pensar, em vez de apenas considerar os aspectos biológicos ligados à surdez
clínica.
Nestas circunstâncias, o presente estudo surge da necessidade de afirmar a cultura
surda na perspectiva bilíngue como movimento de inclusão na escola e na sociedade. Sabe-se
que muito se tem falado sobre educação inclusiva, mas o que se tem realizado, encontra-se
distante daquilo que a comunidade surda reivindica no ponto de vista do multiculturalismo.
Dessa forma, o discurso sobre bilinguismo, na perspectiva do multiculturalismo,
justifica-se a partir da necessidade da comunidade surda do direito à diferença. Essa vontade
passa fundamentalmente pela construção de políticas públicas que proporcionem o acesso
educacional das comunidades surdas, examinando sobre seus direitos, bem como seu preparo
para cidadania.
Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a
alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino
médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do
conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem
como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua
Portuguesa. [...] (Art. 22-inciso II Decreto Nº 5.626, DE 22 DE
DEZEMBRO DE 2005.).

Desta maneira, pode-se concluir que, de acordo com ótica bilíngue, várias são as
possibilidades que contribuem para um melhor aproveitamento do processo de ensino e
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aprendizagem, tendo como consequência uma construção e enriquecimento da identidade do


surdo.
3 O BILINGUISMO COMO MECANISMO DE INCLUSÃO DO SURDO
No processo de inclusão, a Língua Brasileira de Sinais é a base para o conhecimento
do aluno surdo, assim ele pode se sobressair nas demais atividades do cotidiano.

Educação Especial, modalidade de educação escolar, entende-se como um


processo educacional que se materializa por meio de um conjunto de
recursos e serviços educacionais especiais, organizados para apoiar,
complementar, suplementar, e em alguns casos, substituir os serviços
educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal e promover o
desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam
necessidades educacionais especiais, diferentes das da maioria de crianças e
jovens, em todos os níveis e modalidades de educação e ensino. (Resolução
nº02/2002CNE)

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é de fundamental importância para o surdo,


uma vez que é considerada sua língua materna, enquanto o português passa a será sua segunda
língua. E que por meio da libras, é feito a comunicação entre ouvintes e não ouvintes.Baseado
nisso, estudos mostram que a língua de sinais, mesmo sendo aprendida tardiamente, tende a se
tornar a língua preferida na interação da comunidade surda.
Ninguém esperaria que uma criança ouvinte adquirisse uma língua com base
apenas em fragmentos indefinidos dessa língua. Então, por que deveríamos
esperar que uma criança surda o fizesse quando a fala é considerada
obrigatória para o aprendizado de uma língua \oral\? E ninguém esperaria
que uma criança ouvinte aprendesse uma língua com alguém que mistura
fragmentos de duas línguas totalmente diferentes, usando algumas palavras
de uma língua em estruturas frasais pinçadas de outra língua. Então, por que
deveríamos esperar que uma criança surda aprendesse uma língua desse
modo, quando tipos diferentes de sistemas inventados de fala e sinais são
utilizados?' (SVARTHOLM, 1998:38 apud SALES, 2005).

Observa-se daí, que é indispensável à presença de um intérprete ou professor com


domínio da LIBRAS, porém é preciso uma série de outras providências como: adequação
curricular, aspectos didáticos e metodológicos, conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua
de sinais. Isso tudo para que o aluno surdo possa ser atendido de acordo com suas
necessidades.
A legislação brasileira garante direitos às pessoas com deficiência auditiva e igualdade
de direitos e de oportunidades para todos.
I-Escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes,
com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental. (Decreto nº 5.626, DE 22/12/2005).
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Na área de deficiência auditiva a concretização da lei anda a passos lentos. No entanto,


docentes, alunos e pais vêm bolando estratégias de ensinos para atender e melhorar as
necessidades de pessoas com deficiência auditiva e assim proporcionar sua inclusão na
sociedade.
Por isso, são apresentados os ideais do bilinguismo como mecanismos capazes de
promover a inclusão dos estudantes surdos nas escolas regulares e na sociedade em geral,
visto que foi encontrado no estudo a evidencia das perspectivas bilíngues como eficazes de
proporcionar significativos avanços na educação de surdos e respeito a sua identidade e
cultura.
O estudante surdo ao ingressar na escola, possui pouquíssimo conhecimento da sua
língua materna, o que muitas vezes dificulta o processo de aprendizagem ou alfabetização da
LIBRAS, bem como o da língua portuguesa. Com isso torna-se complexa a aquisição de
novos conhecimentos.
Em decorrência de tal deficiência, os surdos têm um progresso escolar comprometido,
pois além de não dominarem sua própria língua, passam a ter dificuldades também na escrita,
provocando algumas perdas no que se refere aos aspectos cognitivos, psicossociais e na
aprendizagem.
É preciso considerar que uma das etapas mais importante da escolarização de uma
pessoa é a alfabetização. Pois esta se constitui como um processo onde o estudante estará
ingressando em uma nova etapa, conhecendo novos caminhos, entrando efetivamente no
mundo das letras, por isso, esta é uma fase complexa, em que as crianças surdas costumam
apresentar muitas dificuldades diante desse processo.
De acordo com (QUADROS, p 253) muitos mitos emergem e prejudicam a formação
do leitor-surdo. Por exemplo, o mito da imersão, o mito da restrição cognitiva e o mito da
interpretação ao pé da letra.
O mito da imersão é quando se acredita que, a simples imersão do educando surdo no
ambiente de oralidade é suficiente para que ele adquira a língua oral. Somente a imersão,
entretanto, não garante a aquisição da Língua Portuguesa.
O mito da restrição cognitiva, decorrente do mito da imersão. Alguns professores
possuem ou possuía uma crença de que muitos surdos apresentavam uma suposta
“incompetência” uma vez que, percebendo que entendiam (em) o mundo de uma maneira
distante daquela que ouvintes julgam “adequada”.
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O Terceiro mito é o da interpretação ao pé da letra. Há uma grande necessidade de


romper esse paradigma. A interpretação dada pelos surdos ao texto analisado, não se trata de
uma interpretação ao pé da letra.
Constatou-se em pesquisa que leitores surdos têm voz na interpretação de textos e
que essa voz não é divorciada de sua concepção de mundo. Ao interpretarem textos escritos
em Língua Portuguesa (LP), eles partem de sua realidade visual e de seu conhecimento prévio
sobre a LP. Os surdos têm total consciência da mudança de sentido dentro dos diferentes
contextos, mas, devido aos poucos recursos comunicativos de que dispõem na LP, têm
dificuldades para determinar os referentes textuais e contextuais, um dos passos necessários à
construção de sentido dos textos. (QUADROS, p 272)
Observamos que entre ouvintes de um mesmo grupo existem falhas na construção
dos sentidos dos enunciados metafóricos, quanto mais na interação entre surdos e ouvintes,
Por isso, a determinação da referência depende muito do contexto, pois o contexto reúne todo
tipo de conhecimento arquivado na memória.
Se os surdos não dominam tais conhecimento da crença falante (cultura, social,
verbal) pode ficar à margem do processo comunicativo. O que acarretará em frustrações por
sua referência não corresponder à referência almejada pelos ouvintes.
Em virtude disso, ressalta-se a urgência em desconstruir e modificar os modelos
conservadores das escolas segregadoras comuns em escolas bilíngues (Libras-Português),
desde o inicio do processo de alfabetização visando proporcionar ao surdo a oportunidade de
adquirir habilidades para a vida cotidiana e em comunidades.
Com isso, o processo de alfabetização do surdo ocorrendo nas escolas bilíngues
apresenta-se como um grande passo para a transformação e progresso da educação surda,
visto que a abordagem do ensino em língua de sinais como primeira língua e língua
portuguesa escrita como segunda, proposta pela lei 5016/13, que solidifica a concretização
das escolas bilíngues almejadas pela comunidade surda por serem garantia de valorização,
respeito e propagação da cultura, comunidade e identidade surda, além de, através do uso do
bilinguismo, dentro dessas escolas, contribuir para um aumento nas capacidades cognitivas e
linguísticas do estudante surdo, viabilizando assim o seu progresso escolar e principalmente
promovendo o encadeamento da inclusão educacional, social e a promoção do
desenvolvimento integral do surdo.
As escolas bilíngues, além de muito importantes para o desenvolvimento do surdo e
do ouvinte são de grande contribuição, pois promove a convivência, desenvolve o respeito
15

pela cultura e identidade de cada grupo e oferece base para aquisição escrita da língua
considerada majoritária, a língua portuguesa.
As referidas escolas também contribuem para a garantia e efetivação da continuidade
dos estudos dos surdos nas demais etapas e modalidade de ensino.
Tudo indica que eles sofreram e ainda sofrem discriminações e preconceitos na luta
pela direito à diferença. Muito ainda se deve fazer em prol da educação do surdo
Recomenda-se que a educação dos surdos seja efetivada em língua de sinais,
independentemente dos espaços em que o processo se desenvolva. Assim,
paralelamente às disciplinas curriculares, faz-se necessário o ensino de
língua portuguesa como segunda língua, com a utilização de materiais e
métodos específicos no atendimento às necessidades educacionais do surdo.
(SALES, 2005)

A sociedade pode e deve realizar meios que facilite o acesso do surdo a cultura de
um modo geral, contribuindo para a inclusão do mesmo. Para os ouvintes que desejam
entender como é o mundo dos surdos há Filmes que envolvem a temática da surdez (auxilia
na percepção da realidade do surdo): Filhos do Silêncio; O Milagre de Anne Sullivan, Meu
Adorável Professor, Pontes do Silêncio, A Música e o Silêncio; Ariel, A Estrela do Mar dos
Desejos (desenho animado, Walt Disney, coleção Princesas). É interessante ressaltar que não
são filmes produzidos por pessoas surdas, no entanto abordam de forma curiosa o tema e
como ele foi e vem sendo encarada e pela sociedade ouvinte. (SALES, 2005)
É importante observar livros que promovam pontos positivos da surdez. Existem
inúmeros livros que abordam temas relacionado à surdez e estes podem ajudar o surdo a
aumentar a sua autoestima e a entender sobre a sua surdez e também a melhorar a sua
habilidade de leitura. Nesses livros deve verificar, se as abordagens sobre tecnologias e
comunicação são precisas e refletem a experiência real da criança surda.
É possível observar também, que quando o aluno surdo é inserido na escola bilíngue,
ele é bem assistido, possibilitando assim, um melhor aprendizado e convívio com o outro.
Essa realidade não seria possível numa escola regular, que não possua o devido preparo para
recebê-lo, dificultaria sua presença, o que acarretaria no abandono escolar.

4 CONCLUSÃO
A inclusão do aluno no contexto educacional deve ser de forma consciente e
comprometida com a formação da cidadania. Pois, não basta que o aluno surdo esteja
frequentando o ensino regular, mas que este seja acolhido e compreendido, dentro das suas
peculiaridades e necessidades.
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A pesquisa tem grande relevância no cenário atual, pois há significativas discussões


no Brasil em torno da educação inclusiva, uma vez que os mesmos que hoje tem direito a
frequentar a mesma escola dos demais, no passado estavam à margem do processo educativo
como um tudo, segregados e escondidos nas sombras da ignorância.
Após as pesquisas realizadas, constatou-se que quanto à importância do bilinguismo
na comunicação do surdo as instituições de ensino têm o propósito da habilitação e da
educação das pessoas surdas, entendendo que a aquisição das duas línguas é crucial para o seu
pleno desenvolvimento, proporcionando oportunidades para integração na sociedade,
permitindo maior independência e autonomia.
Quanto a analisar os principais fatores que contribuem na inclusão do bilinguismo na
escola, entende-se que a alfabetização é a parte mais importante na vida escolar de qualquer
estudante, o mesmo se aplica aos surdos, quanto mais cedo eles forem estimulados a ter
contato com as duas línguas será mais fácil à aprendizagem.
Quanto a apontar os mitos construídos sobre o bilinguismo na escola, percebe-se que
existe uma percepção por parte dos professores que os surdos não entendem o mundo ouvinte
como se deve, sendo enxergados como incapazes na maioria das situações.
Quanto à reflexão a partir das dificuldades encontradas e as estratégias que
melhorem o ensino bilíngue na escola. As escolas bilíngues, são de grande importância para o
desenvolvimento do surdo, ela oportuniza a convivência, emergindo o respeito pela cultura e
identidade dos grupos envolvidos em torno da língua mãe, que é a libras.
As maiores dificuldades encontradas nas instituições sem dúvida são os mitos, é
percebido que a simples imersão dos surdos no mundo ouvinte não é o bastante para fazê-los
aprender a língua materna. Além disso, é preciso quebrar a segregação ainda existente em
escolas para que se possa fazer com que os surdos possam aprender de forma realmente
eficaz.
Dessa forma as escolas brasileiras devem proporcionar uma melhor aprendizagem para
os alunos com deficiência auditiva, resultando assim, no abandono de estigmas e melhorando
a tolerância dos alunos em ambas as partes. Uma vez que entre ouvintes e surdos, haverá
interação e cooperação indispensáveis à comunicação e conhecimentos adquiridos no decorrer
das aulas. Do contrário teremos como uma das possíveis consequências, ineficiência no
processo de ensino do surdo.
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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida. Leitura e Surdez: um estudo com


adultos não oralizados. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.

BRASIL - Lei Federal 10.436 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Presidência da República, 2002.

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