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Aula 06

Noções Básicas de Administração Pública p/ SEDUC-MT (Apoio Administrativo e


Técnico Administrativo)

Professor: Erick Alves


Noções Básicas de Administração Pública p/ SEDUC-MT
Apoio e Técnico Administrativo
Teoria e exercícios comentados
Prof. Erick Alves Aula 06

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Olá pessoal!

Na aula de hoje estudaremos o assunto “responsabilidade civil do


Estado”.

Seguiremos o seguinte sumário:

SUMÁRIO

Responsabilidade civil do Estado .......................................................................................................................... 3


Evolução ............................................................................................................................................................................... 5
Irresponsabilidade do Estado .................................................................................................................................. 5
Teoria da responsabilidade com culpa comum ................................................................................................ 5
Teoria da culpa administrativa ............................................................................................................................... 6
Teoria do risco administrativo ................................................................................................................................ 7
Teoria do risco integral .............................................................................................................................................. 9
Responsabilidade objetiva: art. 37, §6º da CF .............................................................................................. 13
Responsabilidade civil das empresas estatais ............................................................................................... 20
Responsabilidade civil das prestadoras de serviços públicos ................................................................. 20
Responsabilidade civil por omissão da Administração .......................................................................... 23
Excludentes de responsabilidade ....................................................................................................................... 27
Ação de reparação do dano: particular x Administração ...................................................................... 33
Ação regressiva: Administração x agente público ..................................................................................... 37
Denunciação à lide ..................................................................................................................................................... 42
Responsabilidade por atos legislativos e judiciais.................................................................................... 44
Atos legislativos .......................................................................................................................................................... 45
Atos judiciais ................................................................................................................................................................ 47
Casos especiais .............................................................................................................................................................. 49
Responsabilidade por danos de obras públicas ............................................................................................ 49
Responsabilidade civil dos notários................................................................................................................... 51
Responsabilidade por atentados terroristas .................................................................................................. 53
Questões de prova ....................................................................................................................................................... 54
Jurisprudência ............................................................................................................................................................... 80
RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 87
Questões comentadas na aula ............................................................................................................................... 89
Gabarito ...........................................................................................................................................................................102

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

O vocábulo “responsabilidade” é utilizado para qualquer situação


em que alguém deva responder pelas consequências dos seus atos. Esse
“alguém”, no nosso tema de estudo, é o próprio Estado que, por possuir
personalidade jurídica, também é titular de direitos e obrigações na ordem
civil.
No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice
responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil, inconfundíveis,
independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis.
Em apertada síntese, a responsabilidade administrativa resulta de
infração a normas administrativas; a responsabilidade penal decorre da
prática de crimes e contravenções tipificados na lei penal; já a
responsabilidade civil decorre de infrações a normas de direito civil,
gerando para o infrator a obrigação de reparar o dano ou de ressarcir o
prejuízo causado a outrem.
A reponsabilidade do Estado, como pessoa jurídica, é sempre
civil1.
A responsabilidade civil tem como pressuposto a ocorrência de um
dano (prejuízo). Significa que o sujeito só é civilmente responsável se sua
conduta ou omissão provocar dano ao terceiro, dano que pode ser de
ordem material (patrimonial) ou moral.
A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização,
que é o montante pecuniário necessário para reparar os prejuízos
causados pelo responsável.
Na maioria das relações entre particulares, o direito civil reconhece a
chamada responsabilidade contratual. A responsabilidade contratual,
como o próprio nome sugere, se funda no descumprimento de cláusulas
estabelecidas em contratos prévios firmados entre as partes.
Diversamente, a responsabilidade civil do Estado constitui
modalidade extracontratual, por inexistir um contrato que sustente o
dever de reparar. Para caracterizar a responsabilidade civil ou
extracontratual do Estado, basta que haja um dano (patrimonial e/ou
moral) causado a terceiro por comportamento omissivo ou comissivo
de agente público. A responsabilidade civil impõe ao Estado a obrigação
de reparar (indenizar) esse dano.

1 Não confunda com a responsabilidade dos agentes públicos (pessoas físicas), que pode ser

administrativa, penal e civil, como vimos na aula sobre o regime jurídico dos servidores públicos.

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Aqui, cabe lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser


intangível, que somente se faz presente no mundo jurídico através dos
seus agentes, pessoas físicas, cuja conduta é a ele imputada. O Estado,
por si só, não pode causar danos a ninguém.
Sendo assim, a responsabilidade civil do Estado pressupõe a
existência de três sujeitos: o Estado, o terceiro lesado e o agente do
Estado. Neste cenário, a Constituição Federal disciplina que o Estado é
civilmente responsável pelos danos que seus agentes causarem a
terceiros (CF, art. 37, §6º). Ou seja, é o Estado quem deverá reparar os
prejuízos causados por seus agentes, pagando as respectivas indenizações
aos terceiros lesados. Isso não impede, contudo, que o Estado, depois de
indenizar a vítima, cobre o ressarcimento correspondente de seus agentes
que tenham agido com dolo ou culpa. Aprofundaremos esse assunto no
decorrer da aula.
Detalhe importante é que o surgimento da responsabilidade não
requer que o ato do agente público seja ilícito (contrário à lei): a
responsabilidade civil do Estado pode decorrer de atos ou
comportamentos que, embora lícitos, causem danos a terceiros (ou, nas
palavras de Di Pietro, “causem a pessoas determinadas ônus maior que o
imposto aos demais membros da coletividade”).
Com base nessas noções preliminares, a Profª Di Pietro apresenta a
seguinte definição para “responsabilidade civil do Estado”:

Responsabilidade civil ou extracontratual do Estado: obrigação


de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos
comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos,
imputáveis aos agentes públicos.

É sempre civil e extracontratual

Responsabilidade do
Obrigação de reparar danos causados a terceiros
Estado

Resulta de comportamentos comissivos ou


omissivos, lícitos ou ilícitos.

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EVOLUÇÃO

O tema responsabilidade civil do Estado tem recebido tratamento


diverso no tempo e no espaço. Em seguida, vamos estudar a evolução das
várias teorias existentes sobre o assunto.

IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO

Na época dos Estados absolutistas, a ideia que prevaleceu era a de


que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados
por seus agentes. Havia a noção de que o Estado era um ente todo-
poderoso, insuscetível de causar danos e muito menos de ser
responsabilizado. Valia, então, a máxima: the King can do no wrong (o rei
não erra) ou, ainda, le roi ne peut mal faire (o rei não pode fazer mal).
Com o advento do Estado de Direito, a teoria da irresponsabilidade
estatal perdeu espaço, passando-se a admitir a responsabilidade civil do
Estado.

Alguns países desenvolvidos só recentemente


abandonaram a doutrina da irresponsabilidade do
Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, fizeram-
no através do Federal Tort Claim (de 1946) e a Inglaterra, através do Crown
Proceeding Act (de 1947).

TEORIA DA RESPONSABILIDADE COM CULPA COMUM

Após o abandono da teoria da irresponsabilidade do Estado, surge a


doutrina da responsabilidade estatal no caso de ação culposa de seu
agente. Passava-se a adotar, desse modo, a teoria da responsabilidade
com culpa, também chamada de doutrina civilista da culpa.
Para enquadrar a responsabilidade do Estado, essa teoria procurava
distinguir dois tipos de atitude estatal: os atos de império e os atos de
gestão.
Segundo a teoria civilista, o Estado poderia responder apenas pelos
prejuízos decorrentes de seus atos de gestão, que seriam aqueles
desprovidos de supremacia estatal, praticados pelos seus agentes para a
conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão dos
seus serviços; o Estado, contudo, permanecia não respondendo pelos
atos de império, que seriam aqueles praticados com supremacia, de

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forma coercitiva e unilateral. Distinguia-se, dessa forma, a pessoa do Rei


(insuscetível de errar), que praticaria os atos de império, da pessoa do
Estado, que praticaria atos de gestão através de seus agentes.
Portanto, pela teoria civilista, o Estado respondia pelos danos
causados por seus agentes ao praticarem atos de gestão, porém só no
caso de culpa destes. Ademais, cabia ao particular prejudicado o ônus de
identificar o agente estatal causador do dano, além de demonstrar que ele
teria agido com culpa.
O problema dessa teoria (que vigorou no Brasil desde o Império até a
Constituição de 1946) é que, na prática, nem sempre era fácil distinguir
se o ato era de império ou de gestão, o que causava uma série de dúvidas
e confusões.

TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA

Evoluindo mais um pouco, chegamos à teoria da culpa


administrativa. O principal acréscimo na construção teórica foi quanto à
desnecessidade de se fazer diferença entre os atos de império e os atos
de gestão.
Ademais, a teoria da culpa administrativa procurava desvincular a
responsabilidade do Estado da ideia de culpa do agente estatal. Passou-se
a falar em culpa do serviço público, em que o terceiro lesado não
precisava identificar o agente estatal causador do dano. Para caracterizar
a responsabilidade do Estado, bastava-lhe comprovar que o serviço
público não funcionou ou funcionou de forma insatisfatória, mesmo que
fosse impossível apontar o agente responsável pela falha.
Perceba que a teoria também exige uma espécie de culpa, mas não a
culpa subjetiva do agente, e sim uma culpa atribuída ao Estado (pela má
prestação do serviço), denominada pela doutrina de
culpa administrativa ou culpa anônima (haja vista a desnecessidade
de individualizar a conduta do agente).
A culpa administrativa ocorre quando:
 O serviço não existe (inexistência do serviço);
 Mau funcionamento do serviço (o serviço existe, porém não funcionou
bem); ou

 Retardamento do serviço (o serviço existe, funciona bem, porém atrasou-


se).

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Para que o prejudicado pudesse exercer seu direito à reparação dos


prejuízos, caberia a ele próprio o ônus de comprovar que o fato danoso se
originava do mau funcionamento do serviço e que, em consequência, teria
o Estado atuado com culpa.
A teoria da culpa administrativa ainda serve
de subsídio para responsabilização do Estado
em algumas situações, como na omissão
administrativa.

TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO

Pela teoria do risco administrativo, o Estado tem o dever de


indenizar o dano causado ao particular, independentemente de falta do
serviço ou de culpa dos agentes públicos. Ou seja, apenas pelo fato de
existir o dano decorrente de atuação estatal surge para o Estado a
obrigação de indenizar.
Conforme assevera Hely Lopes Meirelles, “na teoria da culpa
administrativa exige-se a falta do serviço; na teoria do risco
administrativo exige-se, apenas, o fato do serviço2”, ou seja, a atuação
estatal que provocou o dano.
Na teoria o risco administrativo, a ideia de culpa é substituída pela de
nexo de causalidade entre a conduta do agente público e o prejuízo
sofrido pelo administrado. Presentes o fato do serviço e o nexo de
causalidade entre o fato e o dano ocorrido, nasce para o Poder Público a
obrigação de indenizar.

I
baseia-se no risco que a Administração Pública assume ao
atuar em nome da coletividade, risco esse
consubstanciado na possibilidade de seus atos acarretarem danos a certos membros
da comunidade, impondo-lhes um ônus não suportado pelos demais. Para
compensar essa desigualdade individual, oriunda das atividades da própria
Administração, todos os outros integrantes da coletividade devem concorrer para a
reparação do dano, através das indenizações pagas pelo erário. Com a repartição do
ônus financeiro da indenização, evita-se que somente alguns suportem os prejuízos
causados por uma atividade desempenhada pelo Estado no interesse de todos.

2 Carvalho Filho denomina de fato administrativo, assim considerado como qualquer forma de conduta,

comissiva ou omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público.

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Portanto, o risco e a solidariedade social são os suportes dessa doutrina3.


A teoria do risco administrativo também reconhece a desigualdade jurídica
entre o Estado e os administrados, decorrente da supremacia estatal. Para a teoria,
seria injusto que aqueles que sofressem danos patrimoniais ou morais decorrentes
da atividade do Estado precisassem comprovar a existência de culpa da
Administração ou de seus agentes para que tivessem direito à reparação.
Exatamente por dispensar a apreciação de elementos subjetivos (dolo ou
culpa), a teoria do risco administrativo serve de fundamento para a chamada
responsabilidade objetiva do Estado, que tem merecido o acolhimento dos Estados
modernos, inclusive do Brasil, desde a Constituição de 1946.

Como na teoria do risco administrativo a responsabilidade do Estado


independe de qualquer espécie de culpa (do Estado ou do agente público),
o particular que sofreu o dano não tem o ônus de provar a presença
desses elementos subjetivos.
Porém, ainda que a teoria do risco administrativo não exija que o
particular comprove a culpa estatal ou do agente público, é possível ao
Estado, visando excluir ou atenuar a indenização, demonstrar a
ocorrência das chamadas excludentes de responsabilidade, entre elas
a culpa da vítima (exclusiva ou concorrente), a força maior e o
caso fortuito.
Dessa forma, a culpa não é totalmente irrelevante na teoria
objetiva do risco administrativo. A culpa não precisa ser demonstrada
por aquele que pede a indenização contra o Poder Público. Todavia, se o
Estado demonstrar que houve culpa por parte do particular que pleiteia a
indenização, exime-se de responsabilidade, podendo, inclusive, acionar o
particular para que honre com os prejuízos.

Na teoria do risco administrativo permite-se que o


Estado comprove a culpa do pretenso lesado, de
forma a eximir o erário, integral ou parcialmente,
do dever de indenizar.

Assim, por exemplo, havendo um acidente entre um veículo oficial e


um particular, não necessariamente a Administração deverá indenizar os
danos causados ao veículo particular. Caso a Administração demonstre
que houve culpa recíproca – isto é, dela e do particular (vítima),

3 Hely Lopes Meirelles (2014, p. 739)

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concomitantemente – sua obrigação de indenizar será proporcionalmente


atenuada. Mais que isso, se a Administração conseguir provar que a culpa
tenha sido exclusivamente do motorista particular, restaria excluída a
obrigação de indenizar por parte da Administração. Essa é a fundamental
diferença com relação ao risco integral, como veremos a seguir.

TEORIA DO RISCO INTEGRAL

Vimos que, na teoria do risco administrativo, o Estado é responsável


pelas condutas danosas de seus agentes públicos, independentemente de
prova de culpa, mas há situações que afastam o dever de o Estado
reparar o eventual prejuízo (são as excludentes de responsabilidade,
como a culpa da vítima).
Por sua vez, pela teoria do risco integral, o Estado funciona como
“segurador universal”, sendo obrigado a indenizar os prejuízos suportados
por terceiros, ainda que resultantes da culpa exclusiva da vítima ou de
caso fortuito ou força maior.
Segundo essa teoria, basta a existência do evento danoso e do nexo
de causalidade para que surja a obrigação de indenizar para o Estado,
sem a possibilidade de que este alegue excludentes de sua
responsabilidade.
Por ser o risco integral modalidade de risco administrativo
extremamente exagerada, a doutrina majoritária sustenta não ser
aplicável em nosso ordenamento jurídico. A regra geral, portanto, é a
não aplicabilidade da teoria do risco integral.
Porém, há na doutrina quem defenda serem os danos causados por
acidentes nucleares uma aplicação da teoria do risco integral (CF,
art.21, XXIII, “d” 4 ), uma vez que, nessa hipótese, ficaria afastada
qualquer possibilidade de alegações de excludentes pelo Estado5.
Outra hipótese de aplicação da teoria do risco integral aceita pela
doutrina e pela jurisprudência é a responsabilidade por
4 Art. 21. Compete à União:
(...)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares
e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
(...)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
5 O tema, porém, não é pacífico. Existem autores que pensam não existir distinção entre a
responsabilidade por dano nuclear e as demais hipóteses de responsabilidade civil do Estado, ou seja, o
dano nuclear também ensejaria a responsabilidade civil objetiva na modalidade risco administrativo.

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danos ambientais. Sobre o tema, é bastante elucidativo o seguinte texto


extraído da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 6:

A responsabilidade por dano ambiental é


objetiva e pautada no risco integral, não se
admitindo a aplicação de excludentes de
responsabilidade. Conforme a previsão do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981,
recepcionado pelo art. 225, §§ 2º e 3º, da CF, a responsabilidade por dano
ambiental, fundamentada na teoria do risco integral, pressupõe a existência de uma
atividade que implique riscos para a saúde e para o meio ambiente, impondo-se ao
empreendedor a obrigação de prevenir tais riscos (princípio da prevenção) e de
internalizá-los em seu processo produtivo (princípio do poluidor-pagador).
Pressupõe, ainda, o dano ou risco de dano e o nexo de causalidade entre a atividade
e o resultado, efetivo ou potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes
de responsabilidade.

Por fim, a doutrina também aponta como exemplo de aplicação da


teoria do risco integral a responsabilidade da União para indenizar danos
decorrentes de ataques terroristas e atos de guerra a aeronaves
brasileiras, conforme previsto na Lei 10.744/2003. Estudaremos esse
assunto em tópico específico ao final da aula.

6 REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2012. (Informativo de

Jurisprudência nº 507).

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Irresponsabilidade O Estado não se responsabiliza pelos


do Estado danos provocados por seus agentes.

Responsabilidade
com culpa (civilista) Só existe quando o agente público atua
- responsabilidade com culpa e pratica atos de gestão
subjetiva

Teorias da Culpa
responsabilidade administrativa Basta comprovar a falta ou má qualidade do
do Estado - responsabilidade serviço (culpa do Estado e não do agente)
subjetiva

Risco
Basta o nexo de causalidade entre a ação
administrativo
estatal e o dano. A Administração pode
- responsabilidade
alegar excludentes de responsabilidade
objetiva

Risco integral Basta o nexo de causalidade entre a ação


- responsabilidade estatal e o dano. A Administração não pode
objetiva alegar excludentes de responsabilidade

1. (Cespe – TRT10 2013) Pela teoria da faute du service, ou da culpa do serviço,


eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado, isentando a
administração da responsabilidade pelo dano causado.
Comentário: Com o advento da teoria da faute du service, ou da culpa do
serviço, ou ainda, da culpa administrativa, buscou-se desvincular a
responsabilidade do Estado da ideia de culpa do agente estatal. Assim,
eventual falha no serviço público é imputada à própria Administração, e não ao
funcionário culpado. No nosso ordenamento jurídico, essa teoria serve de
base para a responsabilização subjetiva do Estado em caso de omissão na
prestação de determinado serviço público (é necessário demonstrar dolo ou
culpa na falha do serviço, mas não é preciso individualiza-la, apontando quem
foi o agente causador, dado que a falha é atribuída ao próprio Poder Público).
Aprofundaremos esse assunto no decorrer da aula.
Gabarito: Errado

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2. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) A teoria que impera atualmente no


direito administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral,
segundo a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para
determinar a condenação do Estado. Entretanto, tal teoria reconhece a existência de
excludentes ao dever de indenizar.
Comentário: A teoria que impera atualmente no direito administrativo para
a responsabilidade civil do Estado é a do risco administrativo, segundo a qual
a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar
a condenação do Estado. A teoria do risco administrativo reconhece a
existência de excludentes ao dever de indenizar (ex: culpa exclusiva da vítima
e ocorrência de caso fortuito e força maior). A teoria do risco integral, por sua
vez, obriga o Estado a reparar todo e qualquer dano, não admitindo
excludentes de responsabilidade. No nosso ordenamento jurídico, a teoria do
risco integral só é aplicada em hipóteses restritas, como exceção, quais sejam:
danos nucleares, danos ambientais e ataques terroristas a aeronaves
brasileiras.
Gabarito: Errado

3. (Cespe – Bacen 2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa,


existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido
pelo administrado, presume-se a culpa da administração.
Comentário: De acordo com a teoria objetiva (risco administrativo e risco
integral, e não da culpa administrativa), existindo o fato do serviço e o nexo de
causalidade entre esse fato e o dano sofrido pelo administrado, presume-se a
culpa da Administração, afinal, a pessoa que sofreu o dano não precisa prova-
la (a responsabilidade é objetiva). Na teoria da culpa administrativa, ao
contrário, a culpa da Administração não é presumida, e sim precisa ser
demonstrada pela parte lesada (é o que ocorre nos casos de omissão do Poder
Público).
Gabarito: Errado

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RESPONSABILIDADE OBJETIVA: ART. 37, §6º DA CF

O art. 37, §6º da Constituição Federal assim dispõe:

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A doutrina ensina que esse dispositivo constitucional consagra no


Brasil a responsabilidade extracontratual objetiva da Administração
Pública, na modalidade risco administrativo.
Sendo assim, a Administração Pública tem a obrigação de indenizar o
dano causado a terceiros por seus agentes, independentemente da
prova de culpa no cometimento da lesão (e independentemente da
existência de contrato entre ela e o terceiro prejudicado).
A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º da CF alcança:
 Todas as pessoas jurídicas de direito público (administração direta,
autarquias e fundações de direito público), independentemente das
atividades que exerçam;

 As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços


públicos (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
públicas de direito privado que prestem serviços públicos);
 As pessoas privadas, não integrantes da Administração Pública, que
prestem serviços públicos mediante delegação (concessionárias,
permissionárias e detentoras de autorização de serviços públicos).

4. (Cespe – DP/DF 2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as


pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a
administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros.
Comentário: A responsabilidade civil objetiva abrange (i) todas as
pessoas jurídicas de direito público e (ii) as pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público, mas não as pessoas jurídicas de
direito privado exploradoras de atividade econômica. Portanto, a palavra
“todas” macula o quesito.
Gabarito: Errado

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Portanto, um órgão da administração direta (ex: Polícia Federal), uma


empresa estatal prestadora de serviços públicos (ex: Correios) e uma
concessionária de serviço público (ex: TIM e Rede Globo) respondem
igualmente pelos danos (patrimoniais ou morais) que seus agentes
causarem a terceiros, tendo a obrigação de indenizar os prejuízos
causados. No caso dos danos provocados pelos órgãos da administração
direta, quem responde é o próprio ente político (União, Estados, DF e
Municípios), detentores que são da personalidade jurídica (os órgãos são
despersonalizados).

A regra do art. 37, §6º da CF é reproduzida, em


parte, no art. 43 do Código Civil:

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis
por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo .

Perceba que o Código Civil, embora tenha incorporado a teoria do risco


administrativo, não fez menção às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviços públicos. A omissão do Código Civil, contudo, não afasta a
responsabilidade dessas entidades, que decorre da própria Constituição.

Outro ponto a destacar no art. 37, §6º da CF é que a


responsabilidade objetiva do Estado decorre dos danos causados a
terceiros por “seus agentes”, desde que estejam atuando na condição
de agentes públicos, e não em suas atividades particulares. Vou
explicar.
Primeiramente, cumpre destacar que a expressão “agente” utilizada
no dispositivo constitucional possui um alcance bem amplo, não se
restringindo aos servidores públicos estatutários, mas incluindo também
os empregados das entidades de direito privado prestadoras de serviço
público, integrantes ou não da Administração Pública. Enfim, abrange
todas as pessoas incumbidas da realização de algum serviço público, em
caráter permanente ou transitório.
Note, porém, que é condição imprescindível para a caracterização
da responsabilidade do Estado o fato de o agente, ao praticar o ato
danoso, estar atuando na condição de agente público (ou de agente de
delegatária de serviço público), vale dizer, no desempenho das atribuições
próprias da sua função ou simplesmente agindo como se a estivesse

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exercendo. Não importa se a atuação do agente foi lícita ou ilícita7; o


que interessa é exclusivamente ele agir na qualidade de agente
público, e não como pessoa comum.
Dessa forma, se um policial fardado, agindo em nome do Estado (o
que, no caso, presume-se pelo só fato de o agente estar fardado e
integrar efetivamente os quadros da corporação policial), ainda que em
dia de folga, causar dano ao particular, a obrigação de indenizar compete
ao Poder Público, independentemente da existência de irregularidade na
conduta do agente.

5. (FGV – OAB 2011) Um policial militar, de nome Norberto, no dia de folga,


quando estava na frente da sua casa, de bermuda e sem camisa, discute com um
transeunte e acaba desferindo tiros de uma arma antiga, que seu avô lhe dera.
Com base no relatado acima, é correto afirmar que o Estado
(A) será responsabilizado, pois Norberto é agente público pertencente a seus
quadros.
(B) será responsabilizado, com base na teoria do risco integral.
(C) somente será responsabilizado de forma subsidiária, ou seja, caso Norberto não
tenha condições financeiras.
(D) não será responsabilizado, pois Norberto, apesar de ser agente público, não
atuou nessa qualidade; sua conduta não pode, pois, ser imputada ao Ente Público.
Comentários: Não haverá responsabilidade do Estado nos casos em que
o agente causador do dano seja realmente um agente público, mas não esteja
atuando na sua condição de agente público (nem parecendo estar).
Assim, na situação narrada no comando da questão, o Estado não será
responsabilizado, pois o policial, apesar de ser agente público, não atuou
nessa qualidade; seu comportamento derivou de interesse privado, motivado
por sentimento pessoal. Dessa forma, sua conduta não poderá ser imputada
ao Estado, daí o gabarito (alternativa “d”).
Sobre esse assunto, cabe ressaltar que existe uma polêmica na
jurisprudência. Caso, na mesma situação, o disparo tivesse sido efetuado com
uma arma da corporação, não há consenso sobre se haveria ou não

7Conforme ensina Hely Lopes Meirelles, a atuação ilícita do servidor não exclui a responsabilidade
objetiva da Administração. Antes, a agrava, porque tal atuação traz ínsita a presunção de má escolha do
agente público para a missão que lhe fora atribuída.

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responsabilidade civil do Estado. Existem várias decisões dos Tribunais


Superiores no sentido de que caberia sim a responsabilidade civil do Estado,
pois o policial somente detinha a posse da referida arma por causa da sua
situação funcional, ou seja, o simples uso da arma, ainda que em dia de folga
(o que é vedado), configura atuação na condição de agente público, atraindo a
responsabilidade do Estado8. Mas também existem várias decisões em sentido
contrário, ou seja, de que não haveria responsabilidade civil do Estado mesmo
que o disparo tenha sido efetuado com arma da corporação, pois, no dia de
folga, o policial não atua na qualidade de agente público9.
Aliás, pela impossibilidade de se fazer um julgamento objetivo a respeito
do tema envolvendo disparo com arma da corporação, o Cespe, recentemente,
anulou uma questão que cobrava o assunto na prova do STJ/2015.
Não obstante, na situação em análise, a arma utilizada não era da
corporação (era do avô), de modo que não há dúvida acerca da
irresponsabilidade do Estado.
Gabarito: alternativa “d”

É oportuno conhecermos também o alcance do conceito de


“terceiros”, constante do art. 37, §6º da CF. A expressão tem
abrangência ampla, incluindo todas as pessoas físicas e jurídicas,
públicas ou privadas. Em outras palavras, o Estado deve responder
pelos danos causados por seus agentes a qualquer que seja a vítima10.
Continuando no art. 37, §6º, percebe-se que, na sua parte final, é
feita referência à possibilidade de a pessoa jurídica cobrar do agente
público o valor da indenização que foi obrigada a pagar. Assim, a pessoa
jurídica deverá ajuizar ação regressiva contra o seu agente a fim de
obter o ressarcimento da indenização que foi obrigada a pagar.
Todavia, o agente somente será responsabilizado se for comprovado
que ele atuou com dolo ou culpa, ou seja, a responsabilidade do
agente é subjetiva, na modalidade culpa comum. O ônus da prova da
culpa do agente é da pessoa jurídica em nome da qual ele atuou e que
já foi condenada a indenizar o terceiro lesado.

8 STF RE 291.035/SP
9 STF RE 363.423.
10 STF AI 473.381/AP

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Os danos causados pelos chamados agentes de fato


também acarretam responsabilidade para a Administração
Pública (ex: prejuízo causado a terceiro por um servidor
público com idade superior à limite para aposentadoria compulsória). Ou seja, ainda
que o vínculo entre o agente e o Estado esteja maculado por um vício insanável, a
mera atuação na condição de agente público atrai a responsabilidade do Estado
(afinal, a Administração permitiu ou não foi capaz de impedir a atuação do agente de
fato).
Por outro lado, um dano causado por alguém que não tenha vínculo algum com
a Administração Pública, nem mesmo um vínculo eivado de nulidade, a exemplo de
um usurpador de função, não acarreta a responsabilidade do Estado (ex: sujeito que
veste uma farda policial, sem jamais ter sido regularmente admitido para a
corporação, e fere um terceiro).

Por fim, vale destacar que a responsabilidade extracontratual


objetiva do Estado decorre apenas de danos provocados por alguma
conduta comissiva (ação) de seus agentes. Na hipótese de prejuízos
provocados pela omissão do Poder Público, a responsabilidade civil é de
natureza subjetiva (teoria da culpa administrativa), como veremos
adiante, em tópico específico.

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Modalidade risco administrativo:


independe da prova de culpa

De direito público
Todas: administração direta,
autarquias e fundações
Alcança pessoas
jurídicas De direito privado prestadoras
de serviço público
Responsabilidade civil
objetiva do Estado EP, SEM, fundações e
delegatárias de serviço público
(CF, art. 37, §6º)

Agentes devem atuar na condição de agentes públicos

A Administração pode entrar com ação regressiva contra o


agente, nos casos de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva)

Nexo causal entre o dano e a atuação do agente

6. (Cespe – CNJ 2013) No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do


poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco administrativo, fundada na
ideia de solidariedade social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação
dos serviços públicos, exigindo-se a presença dos seguintes requisitos: dano,
conduta administrativa e nexo causal. Admite-se abrandamento ou mesmo exclusão
da responsabilidade objetiva, se coexistirem atenuantes ou excludentes que atuem
sobre o nexo de causalidade.
Comentário: A questão apresenta uma perfeita síntese acerca da
responsabilidade civil objetiva do Estado, na modalidade risco administrativo.
Gabarito: Certo

7. (Cespe – PC/CE 2012) A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos


para a sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo
de causalidade.
Comentário: A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito

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público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço


público, responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre
diante dos seguintes requisitos:
a) Dano a terceiro;
b) Ação administrativa;
c) Nexo causal entre o dano e a ação administrativa.
Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite
pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo
excluir a responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa
jurídica de direito privado prestadora de serviço público.
Gabarito: Certo

8. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Para a configuração da


responsabilidade civil do Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo.
Embora a regra seja a de que os danos indenizáveis derivam de condutas contrárias
ao ordenamento jurídico, há situações em que a administração pública atua em
conformidade com o direito e, ainda assim, produz o dever de indenizar.
Comentário: Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente
causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na qualidade de agente
público, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua
competência legal, nem mesmo se o ato foi culposo ou doloso. Não importa,
portanto, perquirir se a atuação do agente foi lícita ou ilícita, uma vez que essa
atuação – legal ou ilegal – é imputada ao órgão ou entidade cujos quadros ele
integra.
Por exemplo, o agente da Administração, ao realizar a manutenção dos
bueiros da cidade, pode esquecer a tampa de um deles aberta e, com isso,
provocar estragos num veículo particular que transitar sobre o local. Nessa
hipótese, mesmo que o fato de deixar a tampa do bueiro aberta não caracterize
um ato ilícito do agente público, ainda assim a Administração deverá indenizar
o particular.
Gabarito: Certo

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RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS ESTATAIS

Como visto, segundo o art. 37, §6º da CF, além das pessoas jurídicas
de direito público (administração direta, autarquias e fundações
públicas), as empresas públicas e as sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público (ex: Correios e Infraero), entidades de
direito privado, também se submetem à responsabilidade de natureza
objetiva, na modalidade risco administrativo.
Ressalte-se que não estão abrangidas pelo art. 37, §6º da CF as
empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica (ex: Banco do Brasil e Petrobras). Estas
respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros da mesma
forma que qualquer empresa privada, nos termos do direito civil e
comercial; ou seja, a responsabilidade das empresas estatais exploradoras
de atividade econômica é de natureza subjetiva (teoria civilista ou culpa
comum – depende da demonstração de culpa do agente).

Responsabilidade
Direito Público
objetiva

Entidades Prestadoras de
administrativas serviços públicos Responsabilidade
objetiva
Ex: Infraero, ECT
Direito Privado
Exploradoras de
atividades econômica Responsabilidade
subjetiva
Ex: BB, Petrobras

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

É fato que o serviço público é incumbência do Poder Público (CF,


art. 175 da CF), o qual não necessariamente será seu prestador.
Como sabido, a Constituição Federal dá a possibilidade de delegação
de serviços públicos a particulares, não integrantes da Administração
Pública (concessionárias, permissionárias e autorizadas), que
assumirão o encargo de executar o serviço, permanecendo a sua
titularidade de posse do Estado.

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A regra da responsabilidade civil objetiva, prevista no art. 37, §6º


da CF, se estende às pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos,
independentemente de a prestadora integrar ou não a Administração
Pública, neste último caso, sendo uma concessionária, permissionária ou
autorizada. Isso se dá em razão de a entidade assumir o
risco administrativo da prestação do serviço público.
Dessa forma, no caso de delegação, junto com o "bônus" do serviço a
ser prestado (a tarifa a ser cobrada dos usuários), a entidade que presta o
serviço público assume o "ônus", ou seja, o dever de responder por
eventuais danos causados a terceiros por seus empregados em
decorrência da prestação do serviço público delegado11.
Quanto às concessionárias, permissionárias e autorizadas de
serviços públicos, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF)
consolidou o entendimento de que a responsabilidade civil dessas
entidades é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários
do serviço12. Basta que o dano seja produzido pelo sujeito na qualidade de
prestador de serviço público.

Danos causados por


Concessionárias,
seus agentes a usuários Responsabilidade
permissionárias e
e não-usuários do civil objetiva
autorizadas
serviço

Assim, por exemplo, uma empresa concessionária de transporte


coletivo teria a obrigação de indenizar o pedestre (terceiro não-usuário)
que fosse atropelado por ônibus da empresa, ainda que o motorista não
tivesse culpa alguma. A concessionária só estaria livre do dever de
indenizar se conseguisse comprovar a presença de alguma excludente de
responsabilidade, a exemplo da culpa exclusiva da vítima ou da força
maior.

11 É o que dispõe o art. 25 da Lei 8.987/1995: incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,

cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros,
sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.
12 RE 591.874/MS

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9. (Cespe – CADE 2014) No direito pátrio, as empresas privadas delegatárias de


serviço público não se submetem à regra da responsabilidade civil objetiva do
Estado.
Comentário: Conforme expressamente previsto no art. 37, §6º da CF, as
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, entre as
quais se incluem as empresas privadas delegatárias de serviço público, se
submetem sim à regra da responsabilidade civil objetiva do Estado.
Gabarito: Errado

10. (Cespe – TCE/ES 2012) De acordo com o entendimento do STF, empresa


concessionária de serviço público de transporte responde objetivamente pelos danos
causados aos usuários de transporte coletivo.
Comentário: Na verdade, de acordo com o entendimento do STF, empresa
concessionária de serviço público de transporte responde objetivamente pelos
danos causados aos usuários e aos não-usuários de transporte coletivo. Não
obstante, embora incompleto, o quesito pode ser considerado correto.
Gabarito: Certo

11. (Cespe – PC/BA 2013) O corte de energia elétrica por parte da concessionária
de serviço público presume a existência de dano moral, sendo desnecessária a
comprovação dos prejuízos sofridos à honra objetiva de empresa ou usuário afetado
pela interrupção do serviço.
Comentário: Para restar configurada a responsabilidade civil objetiva da
concessionária de serviço público, é necessário que se demonstre a existência
do dano, do ato da empresa e do nexo causal entre um e outro. Portanto, ao
contrário do que afirma o quesito, é necessária a comprovação dos prejuízos
sofridos.
Gabarito: Errado

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RESPONSABILIDADE CIVIL POR OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO

Como já foi afirmado, o Estado pode causar dano a particulares por


ação ou omissão.
Quando há ação, os danos podem ser gerados por conduta culposa
ou não do agente público. Em ambos os casos incide a responsabilidade
civil objetiva, desde que presentes os seus pressupostos – o fato do
serviço, o dano e o nexo causal.
Todavia, quando há omissão, em regra existe a necessidade da
presença do elemento culpa para a responsabilização do Estado. Em
outras palavras, nas hipóteses de danos provocados por omissão do Poder
Público, a sua responsabilidade civil passa ser de natureza subjetiva, na
modalidade culpa administrativa. Nesses casos, a pessoa que sofreu o
dano, para ter direito à indenização do Estado, tem que provar (o ônus da
prova é dela) a culpa da Administração Pública.
A culpa administrativa, no caso, origina-se do descumprimento do
dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a consumação do dano.
Ou seja, decorre de falta no serviço que o Estado deveria ter prestado
(abrangendo a inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço) e que, se
tivesse sido prestado de forma adequada, o dano não teria ocorrido.
Tal “culpa administrativa”, no entanto, não precisa ser
individualizada, isto é, não precisa ser pr0ovada negligência, imprudência
ou imperícia de um agente público determinado. Basta ao lesado provar o
nexo causal entre o dano e a omissão estatal.
A responsabilidade subjetiva do Estado usualmente se aplica a
situações em que há dano a um particular em decorrência de atos de
terceiros, não agentes públicos (ex: delinquentes ou multidões) ou de
fenômenos da natureza (ex: enchente ou vendaval).
Por exemplo, na hipótese de ocorrência de uma enchente que
provoque estragos na residência de um particular, este terá direito à
indenização do Estado caso consiga provar que os bueiros e as galerias
pluviais, cuja manutenção é dever do Poder Público, estavam entupidos.
Nesse exemplo, como o dano foi causado por um evento da natureza, e
não por um ato de um agente público atuando nessa qualidade, para se
atribuir ao Estado a responsabilidade civil pelo prejuízo, há necessidade de
se provar a culpa administrativa (a responsabilidade é subjetiva,
portanto). A culpa, na situação, está caracterizada pela ausência ou
deficiência no serviço de manutenção, que contribuiu para o dano causado

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ao patrimônio do particular; não há, contudo, necessidade de provar qual


foi o agente público responsável pela omissão13.
Por outro lado, caso se verifique que o dano decorreu
exclusivamente de atos de terceiros ou fenômenos da natureza, sem
qualquer omissão culposa da Administração, esta não terá a obrigação de
indenizar.
No mesmo exemplo anterior, caso todo o sistema de escoamento
estivesse em perfeitas condições e, mesmo assim, por conta de uma
chuva de intensidade excepcional e imprevisível, não tenha sido suficiente
para evitar a enchente, a responsabilidade do Estado será afastada,
porque o dano terá ocorrido exclusiva e diretamente de situação de força
maior, sem qualquer culpa da Administração. A responsabilidade pela falta
do serviço só existe quando o dano era evitável.
Assim, podemos concluir que a regra da responsabilidade objetiva da
Administração Pública não vale para os casos de omissão estatal. A
responsabilidade passa a ser subjetiva. Este é o entendimento tanto
doutrinário como jurisprudencial dominante 14 , e que deve ser tomado
como regra geral.
Disse que deve ser tomado como regra geral porque há situações em
que os atos omissivos acarretarão a responsabilidade objetiva do
Estado, nos termos do §6º do art. 37 da CF.
Segundo a jurisprudência do STF 15 , quando o Estado tem o dever
legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas que estejam sob
sua proteção direta (ex: presidiários e internados em hospitais públicos)
ou a ele ligadas por alguma condição específica (ex: estudantes de
escolas públicas) o Poder Público responderá civilmente, por danos
ocasionados a essas pessoas ou coisas, com base na responsabilidade
objetiva prevista no art. 37, §6º, mesmo que os danos não tenham sido
diretamente causados por atuação de seus agentes. Nesse caso, de forma
excepcional, o Estado responderá objetivamente pela sua omissão no
dever de custódia dessas pessoas ou coisas.
Como exemplo, pode-se citar um presidiário que seja assassinado por
outro condenado dentro da penitenciária ou um aluno de escola pública

13Não obstante, a detecção do agente causador da omissão é importante para o Estado, para que possa
apurar as devidas responsabilidades, e, assim, acionar o agente público em sede de ação regressiva, mas
essa é outra história, que veremos daqui a pouco.
14 STF RE 695.887/PB; STJ RE 602.102
15 RE 633.138/DF

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que seja agredido no horário de aula por outro aluno ou por pessoa
estranha à escola. Nestas situações haverá a responsabilidade objetiva
do Estado, mesmo que o prejuízo não decorra de ação direta de um
agente do Poder Público, e sim de uma omissão. Para se livrar da
responsabilidade, a Administração terá que provar (o ônus da prova é
dela) a ocorrência de algum excludente dessa responsabilidade, como um
evento de força maior.
Segundo a doutrina, a responsabilidade objetiva nesses casos decorre
de uma omissão específica do Estado, que possibilitou a ocorrência do
dano, a qual, para efeito de responsabilidade civil, equipara-se à conduta
comissiva.
A omissão específica, que enseja a responsabilidade objetiva
para a Administração, difere da omissão genérica, que gera a
responsabilidade subjetiva.
Ressalte-se que a omissão específica está presente, em especial,
quando há pessoas sob custódia do Estado (ex: presidiários, pessoas
internadas em hospitais públicos, estudantes de escolas públicas), casos
em que a responsabilidade civil da Administração, como dito, é do tipo
objetiva, na modalidade risco administrativo, dada a sua omissão
específica com relação às pessoas sob sua guarda (não há necessidade de
provar a culpa da Administração).
Nos demais casos, que não envolvam pessoas sob custódia do
Estado, a omissão é genérica e enseja a responsabilidade civil subjetiva
da Administração, na modalidade culpa administrativa. O prejudicado é
que terá de provar que houve omissão culposa do Estado.

Na prova, se a questão não trouxer nenhuma situação


sobre pessoas sob a guarda ou a custódia do Estado
(presidiários, alunos ou hospitalizados), pode marcar que a
omissão estatal importará a responsabilização do Estado com base na teoria
subjetiva. Ao contrário disso, se houver um contexto, analise primeiro se a situação
se refere às pessoas então mencionadas. Em caso positivo, haverá omissão
específica, e, sendo assim, o caso será de responsabilidade objetiva.

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Em qualquer caso deve


haver nexo causal entre
a omissão e o dano

Subjetiva
Regra geral
(culpa administrativa)
Responsabilidade civil
por omissão
Pessoas sob a guarda do Estado
Objetiva
(alunos, presidiários,
(risco administrativo)
hospitalizados)

12. (Cespe – TCDF 2012) A responsabilidade do Estado por danos causados por
fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.
Comentário: Nos danos decorrentes de caso fortuito ou força maior –
como se pode classificar os fenômenos da natureza – sem que haja conduta
comissiva da Administração Pública, esta somente será responsabilizada caso
se comprove que a adequada prestação do serviço estatal obrigatório teria
evitado ou reduzido o resultado danoso. Nesses casos, a responsabilidade do
Estado, se houver, é subjetiva, baseada na teoria da culpa administrativa.
Gabarito: Certo

13. (Cespe – Câmara dos Deputados 2012) O fato de um detento morrer em


estabelecimento prisional devido a negligência de agentes penitenciários configurará
hipótese de responsabilização objetiva do Estado.
Comentário: Na hipótese de danos sofridos por pessoas sujeitas à guarda
do Estado, como os detentos, a jurisprudência reconhece que a
responsabilidade do Estado é objetiva, ainda que o dano não tenha sido
provocado por uma atuação direta de um agente público. Ou seja, trata-se de
uma exceção à regra de que a omissão estatal acarreta responsabilidade
subjetiva do Estado.
Gabarito: Certo

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EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

O princípio da responsabilidade civil da Administração não se reveste


de caráter absoluto. Com efeito, diante de certas situações, admite-se o
abrandamento e, até mesmo, a própria exclusão da responsabilidade
civil do Estado, seja ela de natureza objetiva (por ação, risco
administrativo) ou subjetiva (por omissão, culpa administrativa).
As situações que importam a exclusão total ou parcial da
responsabilidade civil do Estado, as chamadas excludentes de
responsabilidade, podem ser:
 Culpa atribuível, total ou parcialmente, à própria vítima.

 Caso fortuito e força maior.


 Fato exclusivo de terceiros.

Tais situações implicam a exclusão da responsabilidade civil porque


afastam o nexo de causalidade entre a atuação/omissão estatal e o
dano. Sem o link (nexo de causalidade) entre a atividade do Estado e
prejuízo causado, não há como se configurar a responsabilidade e,
consequentemente, não há que se falar em indenização a ser feita ao
prejudicado.

Rompem o nexo de causalidade Culpa exclusiva ou concorrente da


entre a atuação estatal e o dano vítima

Excludentes de responsabilidade Caso fortuito e força maior

Fato exclusivo de terceiros

Vamos então falar um pouco sobre cada uma das excludentes de


responsabilidade.
Com relação à culpa exclusiva da vítima, tem-se que, se ficar
comprovado que o prejudicado, na verdade, foi o único responsável pelo
resultado danoso, então ele não é vítima, e sim o próprio causador do
dano, devendo, portanto, arcar com os prejuízos causados a si mesmo.

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Por exemplo: um motorista, servidor público, vem dirigindo em


serviço de forma cautelosa quando, de repente, um particular avança o
sinal vermelho e colide com o veículo oficial. Nesse caso, o Estado não
teria o dever de indenizar o proprietário do automóvel particular, pois o
dano foi causado exclusivamente por ato do próprio particular. Em outras
palavras, não houve nexo de causalidade entre alguma ação do agente
público e o dano, daí o fundamento para a exclusão da responsabilidade
civil do Estado.
Detalhe é que a responsabilidade do Poder Público, em razão de culpa
atribuível à própria vítima, pode ser totalmente excluída como também
pode ser reduzida proporcionalmente. No exemplo dado, a
responsabilidade foi totalmente excluída, pois a culpa pelo acidente foi
exclusiva do particular.
Por outro lado, se alguma ação do servidor público, de alguma forma,
tivesse contribuído para o acidente, haveria aquilo que a doutrina chama
de culpa concorrente (do agente público e da vítima). Nesse caso, a
responsabilidade civil da Administração seria afastada apenas
parcialmente, ou seja, o Estado teria o dever de indenizar o particular, só
que o valor da indenização seria reduzido proporcionalmente.
Outra excludente de responsabilidade se verifica na hipótese de
caso fortuito ou força maior.
Não há consenso na doutrina acerca do que vem a ser caso fortuito e
do que vem a ser força maior. Alguns autores dizem que caso fortuito
decorre de eventos da natureza e força maior da conduta humana; outros
autores afirmam exatamente o contrário. Entretanto, não nos interessa
aqui fazer distinção entre os conceitos. Para o nosso objetivo, vamos
adotar a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência que considera
“caso fortuito” e “força maior” como se fossem a mesma coisa.
Nesse sentido, tanto o caso fortuito como a força maior
constituem fatos imprevisíveis, não imputáveis à Administração e
que podem romper a necessária causalidade entre a ação do Estado e o
dano causado.
Os eventos de caso fortuito e força maior só podem ser considerados
excludentes de responsabilidade nas situações em que o dano decorrer
exclusivamente dos efeitos do evento imprevisível. Isso é necessário
para caracterizar a necessária quebra do nexo de causalidade entre o
dano e alguma ação ou omissão estatal.

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Sendo assim, na ocorrência de algum evento imprevisível que tenha


causado dano a terceiros, deve-se analisar se houve omissão por parte do
Estado (ou do prestador do serviço público) quanto a providências de sua
incumbência para evitar o prejuízo. Caso fique caracterizada a omissão
culposa, a responsabilidade do Estado não será afastada, havendo direito
de indenização por parte do prejudicado.
Aqui, vale o mesmo exemplo apresentado anteriormente sobre os
danos causados por uma enchente e a manutenção dos bueiros e galerias
pluviais. Se a ausência ou deficiência na manutenção a cargo do Estado
contribuiu para a produção dos efeitos da enchente, não há que se falar
em exclusão da responsabilidade civil da Administração (no caso, de
natureza subjetiva); por outro lado, se os bueiros e galerias pluviais
estavam em boas condições e, mesmo assim, a enchente ocorreu devido a
forte chuva de intensidade imprevisível, então esse evento pode ser
considerado um excludente da responsabilidade do Estado, pois foi ele
próprio (o evento imprevisível) que provocou diretamente o dano, sem
nenhuma contribuição da Administração Pública.

Maria Sylvia Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Melo


definem força maior como um evento externo à
Administração, de natureza imprevisível e irresistível ou
inevitável. Segundo essa definição, seriam exemplos de força maior um furacão, um
terremoto (eventos da natureza), como também uma guerra ou uma revolta popular
incontrolável (eventos humanos).
Diversamente, caso fortuito seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente
de uma atuação da Administração, mas com resultados anômalos, tecnicamente
inexplicáveis e imprevisíveis. Como exemplo, pode-se citar o rompimento de uma
adutora durante a manutenção ou a falha de uma peça mecânica num veículo oficial
em trânsito.
Para os autores, somente as situações de força maior eximem a responsabilidade
objetiva civil da Administração Pública, mas não os eventos internos enquadrados
como caso fortuito.
Isso porque, nas situações de força maior, o dano não decorre de atuação do
Estado, mas do próprio evento externo, de modo que não há um nexo causal entre
alguma atividade estatal e o dano sofrido pelo particular (a menos que haja alguma
omissão culposa da Administração, é claro).

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Ao contrário, nas situações de caso fortuito, considerando a definição dos


autores, o dano decorre diretamente de uma atuação da Administração, muito
embora ela não tenha qualquer culpa em relação aos efeitos da sua atuação (afinal,
os resultados são anômalos e inevitáveis). Portanto, como existe o nexo causal entre
o dano e a atuação estatal, não haveria como considerar o caso fortuito como um
excludente de responsabilidade.
Não obstante a posição dos ilustres autores, registre-se que a maioria da doutrina
e da jurisprudência não
Ambos são considerados eventos externos à Administração, imprevisíveis e
incontroláveis, capazes de romper a necessária causalidade entre a ação do Estado e
o dano causado. Em outras palavras, para a maior parte da doutrina e da

podem ser tomados como excludentes da responsabilidade civil da Administração.


É essa posição que devemos levar para a prova como regra geral.

No que diz respeito ao fato exclusivo de terceiros, a posição


prevalente é de corresponder também a uma excludente da
responsabilidade civil da Administração Pública. A análise assemelha-se à
relativa aos fatos imprevisíveis (caso fortuito ou força maior): sem que se
possa imputar atuação omissiva direta ao Estado, não há como
responsabilizá-lo civilmente por atos de terceiros.
É o que ocorre, por exemplo, em assaltos nos ônibus. Se não ficar
caracterizada a omissão do prestador do serviço público, não há como
responsabilizar a empresa concessionária de transporte pelo prejuízo
provocado pelo assaltante. Afinal, segurança não está relacionada ao
serviço prestado pela empresa. Nesse caso, o fato exclusivo de terceiro
seria uma excludente de responsabilidade.
Outro exemplo de fato exclusivo de terceiros seria o dano causado
por multidões a bens particulares, como ocorre em muitos protestos no
Brasil e no mundo. Também nesse caso deve-se perquirir se a
Administração poderia ou não evitar o tumulto, a fim de preservar o
patrimônio das pessoas. Se ficar comprovada a omissão do Poder Público,
não há como afastar a responsabilidade civil do Estado; caso contrário, se
os danos decorreram exclusivamente dos atos da multidão enfurecida,
sem que o Poder Público pudesse fazer algo para contê-la, então o fato
não acarreta a responsabilidade civil do Estado.

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14. (Cespe – TJDFT 2013) Se um particular sofrer dano quando da prestação de


serviço público, e restar demonstrada a culpa exclusiva desse particular, ficará
afastada a responsabilidade da administração. Nesse tipo de situação, o ônus da
prova, contudo, caberá à administração.
Comentário: A responsabilidade civil objetiva na modalidade risco
administrativo admite excludente de responsabilidade para afastar o dever de
indenizar do Estado. Entre os excludentes de responsabilidade, está a culpa
exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior. Detalhe é que o ônus da
prova em relação à presença do excludente de responsabilidade é da própria
Administração (afinal, ela é que será beneficiada com a exclusão).
Gabarito: Certo

15. (Cespe – MIN 2013) Considere que um particular, ao avançar o sinal vermelho
do semáforo, tenha colidido seu veículo contra veículo oficial pertencente a uma
autarquia que trafegava na contramão. Nessa situação, o Estado deverá ser
integralmente responsabilizado pelo dano causado ao particular, dado que, no
Brasil, se adota a teoria da responsabilidade objetiva e, de acordo com ela, a culpa
concorrente não elide nem atenua a responsabilidade do Estado de indenizar.
Comentário: De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, na
hipótese de culpa concorrente, a responsabilidade do Estado será atenuada,
ou seja, o valor da indenização que terá de pagar será reduzido
proporcionalmente, na medida de sua culpa. Como o particular também teve
culpa, parte do prejuízo será suportado por ele.
Gabarito: Errado

16. (Cespe – DP/AC 2012) Um paciente internado em hospital público de


determinado estado da Federação cometeu suicídio, atirando-se de uma janela
próxima a seu leito, localizado no quinto andar do hospital. Com base nessa
situação hipotética, fica excluída a responsabilidade do Estado, por ter sido a culpa
exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do referido ente público.
Comentário: O entendimento acerca da responsabilidade civil pelo
suicídio de pessoas sob a guarda do Estado não é uniforme na jurisprudência.
As decisões variam a depender do caso concreto. Afinal, o suicídio é ou não é
um caso de culpa exclusiva da vítima??
No caso de suicídio envolvendo paciente internado em hospital público, o
STF já se manifestou que a responsabilidade extracontratual do Estado fica
excluída pela culpa exclusiva da vítima. Veja, por exemplo, a decisão do

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Supremo no RE 318.725/RJ:
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO. SUICÍDIO DE PACIENTE EM HOSPITAL
PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO CAUSAL ENTRE O EVENTO E A
ATUAÇÃO DO ENTE PÚBLICO. 1. A discussão relativa à responsabilidade
extracontratual do Estado, referente ao suicídio de paciente internado em hospital
público, no caso, foi excluída pela culpa exclusiva da vítima, sem possibilidade de
interferência do ente público. 2. Agravo regimental improvido.

Daí, portanto, o gabarito da questão. Diversa, a meu ver, seria a situação


em que a tendência suicida do paciente pudesse ser diagnosticada a priori,
caso em que caberia ao Estado se acautelar das providências necessárias,
para impedir que o internado lograsse tirar a própria vida. Mas esse não foi o
caso.
Quanto ao suicídio de detento em estabelecimento prisional, o STF
possui outra posição, reconhecendo a responsabilidade civil objetiva do
Estado. Foi a decisão adotada, por exemplo, no ARE 700.927/GO:
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 3.
Responsabilidade civil do Estado. Indenização por danos morais. Morte de preso
em estabelecimento prisional. Suicídio. 4. Acórdão recorrido em consonância com a
jurisprudência desta Corte. Incidência da Súmula 279. Precedentes. 5. Ausência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se
nega provimento.
Em geral, quando se trata do suicídio de detentos, a jurisprudência tem
reconhecido a responsabilidade objetiva do Estado, não admitindo a exclusão
da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
Enfim, percebe-se que existem na jurisprudência posições diversas e
exatamente opostas em relação à responsabilidade civil do Estado na hipótese
de suicídio de pessoas sujeitas à sua guarda. Por isso, considero que é
possível afirmar que o suicídio, por si só, não caracteriza culpa exclusiva da
vítima; deve-se analisar as demais circunstâncias que envolvem o caso,
especialmente a previsibilidade da conduta do suicida, para concluir se há ou
não responsabilidade do Estado. A não ser no caso dos detentos, em que a
orientação jurisprudencial tende a ser pela responsabilidade objetiva do
Estado, não existe uma regra única a ser seguida na prova. Cabe ao candidato
analisar todas as informações presentes na questão – especialmente os
elementos subjacentes, e não apenas o suicídio em si – para decidir qual a
melhor resposta.
Gabarito: Certo

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17. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Caso ocorra o suicídio de um detento


dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado, a administração pública,
segundo entendimento recente do STJ, estará, em regra, obrigada ao pagamento de
indenização por danos morais.
Comentário: A questão aborda a responsabilidade civil do Estado na
hipótese de suicídio de detentos. Nesse caso específico, a jurisprudência vem
se consolidando no sentido de que a responsabilidade do Estado é objetiva, e
que o suicídio em ambiente prisional não é culpa exclusiva vítima. Segundo a
jurisprudência do STJ (Resp 1.305.259/SC), “a responsabilidade civil estatal
pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos riscos inerentes ao
meio em que eles estão inseridos por uma conduta do próprio Estado”.
Gabarito: Certo

*****

Vamos agora aprender como ocorre a reparação do dano causado


pelo agente público ao particular, e como a pessoa jurídica poderá exercer
o seu direito de regresso contra o agente.

Em frente!

AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: PARTICULAR X ADMINISTRAÇÃO

Caso a Administração e o terceiro lesado não consigam entrar em


acordo para reaver o prejuízo de forma amigável, na via administrativa, o
particular que sofreu o dano praticado por agente público deverá intentar
a ação judicial de reparação em face da Administração Pública,
pleiteando indenização pelo prejuízo.

A ação de reparação deve ser movida contra a


Administração (pessoa jurídica), e não contra o
agente que causou o dano.

Isso porque, conforme o art. 37, §6º da CF, é a própria pessoa


jurídica (de direito público ou de direito privado prestadora de serviço
público) que responderá objetivamente pela reparação dos danos
causados a terceiros por seus agentes. Portanto, quem deve figurar no
polo passivo (respondendo, sendo processado) da ação de indenização
movida pelo particular é a pessoa jurídica, e não o agente público; este
tampouco poderá figurar em conjunto com a pessoa jurídica, na posição
de litisconsorte.

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Este é o posicionamento do STF, manifestado em inúmeras decisões,


dentre elas, no RE 344.133/PE:

Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as


pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, descabendo concluir pela legitimação passiva concorrente do
agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de
ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.

Segundo a jurisprudência do STF, essa sistemática consagra uma


dupla garantia: uma, em favor do particular, pois lhe possibilita mover
ação indenizatória contra a pessoa jurídica, o que, em tese, aumenta a
sua chance de ser indenizado (o Estado tem mais “força financeira” que o
agente público causador direto do dano); e outra garantia em prol do
agente público, que somente responderá perante a Administração, em
caso de dolo ou culpa, mediante ação regressiva.

Em que pese a posição do STF, há na doutrina quem


defenda a possibilidade de se mover ação de reparação
diretamente contra o agente público. Tal é a posição, por
exemplo, de Carvalho Filho, para quem tribuída responsabilidade
objetiva à pessoa jurídica não significa a exclusão do direito de agir diretamente
.
Já o autor Celso Antônio Bandeira de Mello registra que a vítima pode propor
ação de indenização contra o agente, contra o Estado ou contra ambos, como
responsáveis solidários, no caso de dolo ou culpa.
Na prova, portanto, não se deve descartar logo de cara alguma alternativa que
afirme ser possível acionar diretamente o agente público; o melhor é verificar se o
enunciado faz referência à doutrina, pois, se fizer, o item poderá ser considerado
correto.
Não obstante, deve-se tomar como REGRA GERAL (caso o enunciado não cite a
doutrina ou apenas peça o posicionamento do STF) que a ação de reparação deverá
ser intentada contra a pessoa jurídica causadora do dano, e não contra o agente,
não se admitindo sequer o litisconsórcio passivo (entre a pessoa jurídica e o
servidor) em tal situação.

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Como a responsabilidade civil do Estado é do tipo objetiva (ou seja,


independe de culpa ou dolo da Administração), basta ao particular, na
ação de reparação, demonstrar a existência de um nexo causal entre o
fato lesivo (de autoria da Administração) e o dano (material ou moral). A
partir daí, se o Poder Público quiser se eximir da obrigação de indenizar
deverá provar que a vítima concorreu com dolo ou culpa para o evento
danoso. Caso não consiga provar, o Estado responderá integralmente pelo
dano (ou parcialmente, se conseguir provar a culpa concorrente), devendo
indenizar o particular.
O valor da indenização deve abranger o que a vítima efetivamente
perdeu e o que gastou – por exemplo, com advogado – para ressarcir-se
do prejuízo (danos emergentes), bem como o que deixou de ganhar em
consequência direta do dano provocado pelo agente público
(lucros cessantes). Some-se a isso, quando for o caso, a indenização
pelo dano moral.
Detalhe importante é que, conforme previsto na Lei 9.494/97 16 , a
ação de reparação contra a Administração se sujeita a prazo de
prescrição de cinco anos.
Em outras palavras, o particular tem cinco anos para mover a ação
judicial de reparação contra as pessoas jurídicas cujos agentes tenham lhe
provocado algum prejuízo. Passado esse prazo, o particular perde o direito
à indenização. O prazo prescricional de cinco anos se aplica, inclusive,
para os danos provocados pelos agentes das delegatárias de serviços
públicos, não integrantes da Administração.

1. Há precedentes do STJ e do STF que reconhecem a imprescritibilidade das ações


indenizatórias por danos morais ou materiais decorrentes de atos de
perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, praticados durante o
regime militar17. Isso, porque as referidas ações referem-se a período em que a
ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, havendo, sem
dúvida, incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mormente do
direito à dignidade da pessoa humana.

16 Art. 1o-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de
pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos.
17 STJ Resp 816.209

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2. Para o STJ, tratando-se de fato danoso caracterizado como crime, o termo de


início da prescrição quinquenal para a propositura da ação de indenização contra
o Poder Público é a data do trânsito em julgado da sentença criminal
condenatória18.

18. (Cespe – PGE/BA 2014) Suponha que viatura da polícia civil colida com
veículo particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato
ocasione sérios danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando essa
situação hipotética e a responsabilidade civil da administração pública, julgue o item
subsequente.
No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado prescreverá em
vinte anos.
Comentário: A ação de indenização contra o Estado prescreverá em
cinco anos, e não em vinte.
Gabarito: Errado

19. (Cespe – TRT10 2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região


metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de
águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor
ação contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público
responsável, visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é
solidária.
Comentário: Com base na jurisprudência do STF, a ação de indenização
deverá ser proposta contra o Estado, e não diretamente contra o agente
público, daí o erro. A responsabilidade do Estado, no caso, é subjetiva, na
modalidade culpa administrativa, de modo que o cidadão só terá direito a
indenização se restar comprovado – e o ônus da prova é do cidadão – que
determinada omissão culposa da Administração concorreu para o surgimento
do resultado danoso.
Gabarito: Errado

18 STJ Resp 435.266/SP

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AÇÃO REGRESSIVA: ADMINISTRAÇÃO X AGENTE PÚBLICO

O art. 37, §6º da CF autoriza que a pessoa jurídica condenada por


responsabilidade civil do Estado mova ação regressiva contra o agente
cuja atuação acarretou o dano, desde que seja comprovado dolo ou
culpa19 na atuação do agente.
Não é demais salientar que, por necessitar da comprovação de dolo
ou culpa, a responsabilidade civil do agente perante a pessoa jurídica é de
natureza subjetiva.
Para entrar com a ação de regresso contra o agente, a pessoa
jurídica (entidade pública ou delegatária de serviços públicos) deverá
comprovar que já foi condenada judicialmente a indenizar o particular
que sofreu o dano. Isso porque o direito de regresso nasce com o
trânsito em julgado da decisão condenatória prolatada na ação de
indenização.

A Lei 4.619/1965, que dispõe sobre a ação regressiva da


União contra seus agentes, prevê expressamente que
prazo para ajuizamento da ação regressiva será de
sessenta dias a partir da data em que transitar em julgado a condenação imposta à
F Portanto, pela lei, a propositura da ação de regresso independe do efetivo
pagamento da indenização à vítima (que poderá ter um prazo adicional para ser
feito); basta a condenação judicial transitada em julgado. Essa é a REGRA GERAL que
deverá ser levada para a prova.
Vale saber, contudo, que parte da doutrina, e também alguns julgados do STJ,
entende que o direito de regresso do Estado em face do agente público surge com o
efetivo desembolso da indenização. Segundo essa corrente de entendimento, não
basta o trânsito em julgado da sentença que condena o Estado na ação
indenizatória, pois o interesse jurídico na propositura da ação regressiva depende do
efetivo desfalque nos cofres públicos. A propositura da ação regressiva antes do
pagamento poderia ensejar enriquecimento sem causa do Estado.

Vale anotar que, mesmo que não se consiga provar a culpa ou dolo
do agente público, a obrigação da Administração perante o particular não
muda, vale dizer, o insucesso da ação de regresso não tem impacto algum

19 O dolo ocorre quando o agente tem a intenção de provocar o dano, enquanto a culpa ocorre quando o

agente, embora não tenha a intenção do dano, não toma os cuidados necessários, ou faz algo para o qual
não está apto, englobando a negligência, a imperícia e a imprudência.

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sobre a ação de reparação já julgada. A única consequência seria que a


Administração não veria ressarcido o valor da indenização que pagou ao
particular (a indenização seria suportada pelos cofres públicos, portanto).

Que a pessoa jurídica tenha sido condenada a


indenizar a vítima pelo dano (trânsito em julgado).

Requisitos para a ação


de regresso

Que tenha havido dolo ou culpa do agente que


ocasionou o dano.

Interessante registrar que, por ser uma ação de natureza cível


(indenizatória), a ação regressiva transmite-se aos sucessores
(herdeiros) do agente causador do dano, os quais ficarão
responsáveis por promover a reparação mesmo após a morte do agente.
O limite até o qual os sucessores responderão é o valor do patrimônio
transferido, como herança, pelo agente público falecido.
Por exemplo, se o agente falecido deixou aos sucessores um
patrimônio de R$ 100 mil e a indenização que a pessoa jurídica foi
condenada a pagar foi de R$ 150 mil, então a ação regressiva só poderá
cobrar dos sucessores o valor de R$ 100 mil (ou seja, a pessoa jurídica
deixaria de reaver R$ 50 mil em razão da morte do agente).
As dívidas de valor são repassadas para os sucessores por não
serem penalidades, mas uma simples recomposição dos cofres
públicos. Tal sistemática está em consonância com o art. 5º, XLV da CF,
pelo qual “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido”.
Ainda em decorrência da sua natureza cível, a ação regressiva poderá
ser ajuizada mesmo após o término do vínculo entre o servidor e a
Administração Pública. Nada impede, portanto, que o agente seja

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responsabilizado ainda que tenha pedido exoneração, esteja aposentado,


em disponibilidade etc.
É de se destacar que as ações regressivas movidas pelo Estado em
face de seus agentes são imprescritíveis. Incide, no caso, a regra do
art. 37, §5º da CF, segundo a qual “a lei estabelecerá os prazos de
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento”.
Note-se que imprescritível é a ação de ressarcimento, e não o
ilícito em si. Portanto, se o Estado desejar punir o agente pela prática de
algum ilícito que tenha causado prejuízo ao erário (aplicando-lhe uma
multa ou demitindo-lhe, por exemplo), deverá observar os prazos
prescricionais previstos na legislação; na mesma situação, contudo, a
ação de ressarcimento movida contra o agente, que visa tão somente
recompor os cofres públicos (e não punir o agente), não se sujeita a prazo
de prescrição.

Dano

Agente Público Particular

Ação de regresso Ação de reparação


Em caso de dolo ou culpa Responsabilidade objetiva
Responsabilidade subjetiva Prescreve em 5 anos
Imprescritível
Estado

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Recentemente, em fevereiro de 2016, sob a sistemática de repercussão geral


(RE 669.069), o STF fixou a tese de que é prescritível a ação de reparação de danos à
Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
No caso, a União pretendia obter o ressarcimento de um dano ao erário causado por
particular, culpado num acidente de trânsito que danificou veículo oficial. O Supremo
entendeu que a pretensão ressarcitória da União se sujeitava ao prazo prescricional de
5 anos, não se aplicando, portanto, a imprescritibilidade prevista no art. 37, §5º da CF.
Na decisão, o Relator salientou que a ressalva contida na parte final do §5º do art. 37
da CF, que remete à lei a fixação de prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente que causem prejuízos ao erário, mas excetua respectivas ações de
ressarcimento, deve ser entendida de forma estrita, ou seja, ela não
tornaria imprescritível toda e qualquer ação de ressarcimento movida pelo erário.
- Cuidado. A tese acima fixada não vale para improbidade administrativa!
A conclusão do Supremo no RE 669.069 não vale para ressarcimentos decorrentes de
improbidade administrativa. Até que o STF se manifeste especificamente sobre a
matéria, as ações de ressarcimento decorrentes de ato de improbidade administrativa
permanecem imprescritíveis por força do art. 37, §5º da CF.
- E quanto às ações de regresso promovidas pelo Estados contra seus agentes?
A tese fixada no RE 669.069 foi baseada em um caso de dano ao erário provocado
por particular, e não por agente público. Assim, salvo melhor juízo, o entendimento do
STF não se aplica às ações de regresso, às quais permanecem imprescritíveis. Note que
o art. 37, §5º da CF se refere expressamente a qualquer agente,
servidor ou não .
Tanto é verdade que a União, na ação objeto do RE 669.069, sustentava ser aplicável
a imprescritibilidade prevista no art. 37, §5º da CF às lesões ao patrimônio público
cometidas por particulares, -los imunes à responsabilização pelos
ilícitos praticados em detrimento do Estado, diferentemente dos agentes públicos, que
. Como visto, a
tese da União não prosperou.
Ressalte-se, contudo, que se trata de uma decisão recente, e que não abordou de
forma expressa a questão das ações de regresso. Assim, quanto às ações de regresso,
ainda não é possível antever o entendimento a ser adotado pelas bancas nas provas.

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20. (Cespe – GDF 2013) Aplica-se a prescrição quinquenal no caso de ação


regressiva ajuizada por autarquia estadual contra servidor público cuja conduta
comissiva tenha resultado no dever do Estado de indenizar as perdas e danos
materiais e morais sofridos por terceiro.
Comentário: As ações de ressarcimento ao erário, como é o caso das
ações regressivas, são imprescritíveis. Sobre o tema, o doutrinador Carvalho
Filho ensina que a imprescritibilidade alcança apenas as pessoas jurídicas de
direito público, ou seja, as pessoas federativas, as autarquias e fundações
autárquicas, não atingindo as empresas estatais, pessoas de direito privado.
Também não atinge as delegatárias de serviço público, pois o dispositivo
constitucional trata das ações de ressarcimento ao erário. Para essas
entidades, aplica-se o prazo prescricional de três anos do Código Civil.
Gabarito: Errado

21. (Cespe – MDIC 2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de


determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha
colidido contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado. Nessa
situação, embora o Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá o
direito de regresso do Estado caso se comprove o dolo específico na conduta do
servidor.
Comentário: Nos termos do art. 37, §6º da CF, direito de regresso do
Estado existe em caso de dolo ou culpa (e não apenas em caso de dolo).
Gabarito: Errado

22. (Cespe – TCDF 2014) De acordo com o sistema da responsabilidade civil


objetiva adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo discricionário,
decidir se intenta ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda
que este tenha agido com culpa ou dolo.
Comentário: A doutrina majoritária é no sentido de que a ação regressiva
é obrigatória. Afinal, é a integridade do erário que está jogo, não podendo o
agente público abrir mão, a seu critério, de um patrimônio que é de todos.
Tanto é assim que a Lei 4.619/1965 estipula o prazo de 60 dias para
ajuizamento da ação regressiva, a contar da data em que transitar em julgado a
condenação imposta ao Estado. O não cumprimento desse prazo pelos
procuradores responsáveis por impetrar a ação constitui falta no exercício do
dever. Lembrando que a ação de regresso é imprescritível.
Gabarito: Errado

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23. (Cespe – MTE 2014) O servidor que, por descumprimento de seus deveres
funcionais, causar dano ao erário, ficará obrigado ao ressarcimento, em ação
regressiva.
Comentário: O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo
exercício irregular de suas atribuições. Nos termos do art. 122 da Lei
8.112/1990, “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo,
doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”. Assim, na
hipótese de um ato do servidor causar dano ao erário, ele responderá na
esfera civil diretamente, ficando obrigado ao ressarcimento. A ação regressiva
ocorre para os casos de danos a terceiros, daí o erro.
Gabarito: Errado

DENUNCIAÇÃO À LIDE

Antes de encerrar esse tópico, cabe abordar a (in)aplicabilidade da


“denunciação à lide” aos processos judiciais fundados na
responsabilidade civil objetiva do Estado.
Primeiro, vamos ver o que significa essa expressão. Lide quer dizer
litígio, uma questão a ser resolvida, normalmente, em processo de
natureza judicial. Assim, “denunciar à lide” significa, de maneira simples,
trazer para um processo judicial alguém que pode (ou deve, em
algumas situações) ser trazido.
O art. 125, II, do Código de Processo Civil prevê que “é admissível a
denunciação da lide, promovida por qualquer das partes àquele que
estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo”. Isso significa que, na esfera
do direito privado, se uma empresa é alvo de ação civil por prejuízo
causado por um de seus empregados, poderá ser feita a “denunciação da
lide” ao funcionário, ou seja, aquele funcionário poderá ser chamado a
responder na mesma ação judicial.
Existem divergências doutrinárias e jurisprudenciais a respeito da
aplicação ou não do instituto da denunciação à lide às ações civis contra o
Estado. Não obstante, a posição majoritária da doutrina e da
jurisprudência é no sentido da inaplicabilidade da denunciação à lide
pela Administração a seus agentes.
Em outras palavras, a Administração não pode, já na primeira ação
(isto é, na ação de indenização movida pela pessoa que sofreu o dano),

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trazer para o processo (denunciar à lide) seu agente cuja atuação


ocasionou o dano.
O argumento é: a responsabilidade do agente é subjetiva; a do
Poder Público, objetiva. Admitir a denunciação pelo Poder Público ao
agente importaria trazer, já para a ação de indenização, a discussão
acerca da existência de dolo ou culpa na conduta do agente público, o que
certamente traria prejuízos ao particular interessado; primeiro porque
atrasaria o recebimento da indenização (afinal, enquanto a
responsabilidade da Administração é objetiva, não demandando análise de
culpa, denunciar o agente à lide tornaria a ação dependente da
demonstração da sua culpa, ou seja, seria gasto mais tempo com análise
de provas, atrasando a solução final do litígio), e segundo porque, se
ficasse comprovada a culpa do agente já na ação de reparação, este é que
seria o responsável por indenizar o particular, e não a Administração,
gerando o risco de o agente não dispor de recursos financeiros suficientes
para arcar com a despesa.
Assim, se fosse cabível a denunciação da lide, ocorreria, dentro do
processo do particular contra a Administração, uma discussão relativa à
existência ou não de culpa do agente, e essa discussão, a princípio, em
nada interessa o particular (presume-se que o único interesse do
particular é ver o seu dano ressarcido, objetivamente).
Na esfera federal, o art. 122, §2º da Lei 8.112/1990 estabelece que
“tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a
Fazenda Pública, em ação regressiva”. O significado desse dispositivo é
que o exercício do direito de regresso previsto no art. 37, §6º da CF
deverá ser exercido pela Administração mediante ação própria, a ação
regressiva, e não chamando o agente público para a ação de indenização
movida pelo particular lesado contra o Estado.
Portanto, na esfera federal, pode-se dizer que o instituto da
denunciação à lide, por expressa disposição legal, não é aplicável nos
processos em que se discute a responsabilidade civil objetiva do Estado
por danos causados a terceiros.

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Como sobredito, a inaplicabilidade da denunciação à lide


é a posição majoritária, adotada, inclusive, pelo STF e, na
esfera federal, expressamente prevista na Lei 8.112/1990.
Essa é a REGRA GERAL que deve ser levada para a prova.
Porém, vale saber que existem julgados do STJ e posições doutrinárias que
admitem a denunciação à lide quando o próprio denunciante chamar o agente
público ao processo, ou seja, o particular lesado, ao entrar com a ação de
indenização, poderia arguir a culpa do agente público.
Com efeito, para o STJ20, nas ações de indenização fundadas na responsabilidade
civil objetiva do Estado, a denunciação à lide não é obrigatória, se inserindo na seara
da discricionariedade do denunciante.
Sobre o tema, a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende a impossibilidade
da denunciação da lide, se o autor da ação contra o Estado a propõe com base na
culpa anônima do serviço ou apenas na responsabilidade objetiva decorrente do
risco. Agora, se a ação é fundada na responsabilidade objetiva do Estado, com
arguição de culpa do agente público, a denunciação da lide é cabível como também
é possível o litisconsórcio facultativo ou a propositura diretamente contra o agente
público. Ou seja, para a autora, cabe à vítima decidir contra quem irá propor a ação
de indenização.

RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS

Neste tópico, vamos abordar a responsabilidade do Estado diante do


desempenho de outras atividades estatais, mais especificamente, na
prática de atos legislativos e judiciais.
A tese doutrinária dominante é que o Estado responde civilmente
pelos prejuízos causados a terceiros em razão de atos administrativos,
praticados por qualquer órgão ou Poder (inclusive o Legislativo e o
Judiciário).
Por outro lado, na prática de atos judiciais (Poder Judiciário, função
jurisdicional) e atos legislativos (Poder Legislativo, função legislativa),
não cabe, REGRA GERAL, a responsabilização civil do Estado.
Assim, por exemplo, não caberia indenização do Estado ao particular
que tenha sido prejudicado por uma lei aprovada pelo Legislativo.

20 REsp 1089955/RJ

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Tampouco o Estado poderia ser responsabilizado em razão de uma


sentença judicial que tenha causado prejuízos financeiros a alguém.
Todavia, como destacado acima, a não responsabilização civil do
Estado em face da prática de atos legislativos e judiciais é uma
regra geral que, como tal, admite exceções. Vejamos.

REGRA: irresponsabilidade do Estado.

EXCEÇÕES:
Responsabilidade civil por Atos legislativos: leis de efeitos concretos e
atos legislativos e judiciais leis inconstitucionais.
Atos judiciais: erro judiciário na esfera
penal; conduta dolosa com intuito de
causar prejuízo à parte ou a terceiro.

ATOS LEGISLATIVOS

No que diz respeito aos atos legislativos típicos, a doutrina e a


jurisprudência têm admitido, por exceção, a responsabilização do
Estado em duas hipóteses:
 Edição de leis de efeitos concretos; e
 Edição de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF.

Leis de efeitos concretos são aquelas que não possuem caráter


normativo, não detêm generalidade, impessoalidade e nem abstração. São
leis exclusivamente formais, provindas do Legislativo, mas que possuem
destinatários certos, determinados.
No caso, o administrado atingido diretamente pela lei de efeitos
concretos tem direito à reparação dos eventuais prejuízos advindos da
aplicação da norma, configurando-se a responsabilidade extracontratual
do Estado.
A razão para que as leis de efeitos concretos determinem o dever de
o Estado arcar com os prejuízos que elas tenham causado ao particular é
que tais atos legislativos são leis apenas formalmente (isto é, quanto à
forma, eis que aprovadas pelo Legislativo), mas, materialmente (isto é,
quanto ao conteúdo), são muito parecidas com os atos administrativos

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(por possuírem destinatários certos e determinados), proporcionando,


portanto, os mesmos efeitos de atos desta natureza (administrativos).
São exemplos as leis que aprovam planos de urbanização, as leis que
concedem isenções fiscais a determinado setor ou pessoa, etc.
Em relação à edição de leis inconstitucionais, parte-se da
premissa de que o Poder Legislativo, embora possua soberania para editar
leis, deve elaborá-las em conformidade com a Constituição. Assim, caso o
Legislativo não observe essa condição e venha a elaborar leis
inconstitucionais, poderá surgir a responsabilidade extracontratual do
Estado.
Ressalte-se que a responsabilização do Estado, nessa hipótese,
depende da declaração de inconstitucionalidade da lei pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), tanto no controle concentrado como
no difuso. Sem a declaração da Suprema Corte, não há que se cogitar a
responsabilidade estatal.
Ademais, é necessário que a lei tenha efetivamente causado dano
ao particular. Dessa forma, havendo a declaração de inconstitucionalidade
da lei, a pessoa que tenha sofrido danos oriundos da sua incidência terá
que ajuizar uma ação específica pleiteando a indenização, a fim de
demonstrar o dano sofrido.
Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o entendimento quanto
às leis inconstitucionais pode ser estendido aos regulamentos do Poder
Executivo e às normas das agências reguladoras, com a
peculiaridade de que a indenização poderá ser pleiteada com
fundamento na simples ilegalidade do ato, dispensando-se a prévia
apreciação judicial.

24. (Cespe – MPTCDF 2013) O Estado só responderá pela indenização ao indivíduo


prejudicado por ato legislativo quando este for declarado inconstitucional pelo STF.
Comentário: O Estado responderá pela indenização ao indivíduo prejudicado
por ato legislativo quando este for declarado inconstitucional pelo STF e também
quando este for um ato legislativo de efeitos concretos. Portanto, a palavra “só”
restringe indevidamente o item. Sobre o tema, ressalte-se que alguns autores
também apontam que a omissão legislativa pode gerar a responsabilidade civil do
Estado, especialmente quando a mora do legislador é reconhecida por meio de
decisão judicial (ex: mandado de injunção).
Gabarito: Errado

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ATOS JUDICIAIS

No que diz respeito aos atos judiciais típicos, a própria Constituição


Federal estabeleceu, como garantia individual, que “o Estado indenizará o
condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença” (CF, art. 5º, LXXV).
Portanto, na hipótese de o indivíduo ser condenado por
erro judiciário, terá direito, contra o Estado, à reparação do prejuízo. No
caso, a responsabilidade extracontratual do Estado é objetiva, isto é,
independe de dolo ou culpa do magistrado.

O erro judiciário que gera a


responsabilização civil do Estado restringe-
se a erro na esfera penal.

Detalhe é que esse dispositivo da CF alcança apenas os erros


cometidos pelo Judiciário na esfera penal. Nesses casos, o Estado poderá
ser condenado a indenizar na esfera cível a vítima do erro ocorrido na
esfera penal. Por outro lado, o dispositivo da CF não alcança os erros
cometidos nas outras esferas, como a cível e a trabalhista.

O Supremo Federal entende que a


responsabilidade objetiva do Estado não se
aplica nas hipóteses de prisão preventiva em
que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido ou tenha sua sentença
condenatória reformada na instância superior. Nesses casos, não cabe ao
prejudicado pleitear do Estado indenização ulterior por dano moral 21.
Em outras palavras, pode-se dizer que o decreto judicial de prisão preventiva,
desde que adequadamente fundamentado, não se confunde com o erro judiciário.
Interpretação diversa, de acordo com o STF, implicaria total quebra do princípio do
livre convencimento do juiz, afetando de modo irremediável sua segurança para
apreciar e valorar provas.
Ressalte-se, contudo, que o STF já admitiu a possibilidade de responsabilização
civil objetiva do Estado por conta da decretação de prisão preventiva em que não
tenham sido observados os pressupostos legais para a adoção da medida, gerando
um grande prejuízo ao particular prejudicado (no caso, ele perdeu o emprego) 22.

21 RE 429.518/SC
22 RE 385.943

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Por fim, é importante mencionar que, por força do que dispõe o


art. 143 do novo Código de Processo Civil, o magistrado responderá
“civil e regressivamente” por perdas e danos quando, no exercício de
suas atribuições, proceder dolosamente, inclusive com fraude, assim
como quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo,
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Nessas situações, em que o juiz pratica atos jurisdicionais com o intuito
deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro (conduta dolosa),
também incide a responsabilidade civil objetiva do Estado,
assegurado o direito de regresso contra o juiz.

25. (Cespe – DP/DF 2013) Considere que o Poder Judiciário tenha determinado
prisão cautelar no curso de regular processo criminal e que, posteriormente, o
cidadão aprisionado tenha sido absolvido pelo júri popular. Nessa situação
hipotética, segundo entendimento do STF, não se pode alegar responsabilidade civil
do Estado, com relação ao aprisionado, apenas pelo fato de ter ocorrido prisão
cautelar, visto que a posterior absolvição do réu pelo júri popular não caracteriza, por
si só, erro judiciário.
Comentário: A questão apresenta corretamente o entendimento do STF
acerca do assunto, no sentido de que a prisão preventiva, por si só, não é
suficiente para atrair a responsabilidade civil objetiva do Estado nos casos em
que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido ou tenha sua sentença
condenatória reformada na instância superior.
Gabarito: Certo

26. (Cespe – TCDF 2014) Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado


quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida
pela parte.
Comentário: À época da prova, vigorava o CPC antigo, o qual estabelecia
que, quando o juiz, dolosamente, retardasse providência requerida pela parte,
incidiria a responsabilidade pessoal subjetiva do magistrado, ou seja, não
seria o Estado quem deveria pagar a indenização ao prejudicado, e sim o
próprio juiz. Porém, o novo CPC modificou essa regra: a partir de agora, na
hipótese de conduta dolosa do magistrado que venha a causar prejuízo à parte
ou a terceiro, incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, assegurado o
direito de regresso contra o juiz. Assim, vamos atualizar o gabarito original da
questão.
Gabarito: Certo

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27. (Cespe – TJDFT 2013) Suponha que o TJDFT, por intermédio de um oficial de
justiça, no exercício de sua função pública, pratique ato administrativo que cause
dano a terceiros. Nessa situação, não se aplicam as regras relativas à
responsabilidade civil do Estado, já que os atos praticados pelos juízes e pelos
auxiliares do Poder Judiciário não geram responsabilidade do Estado.
Comentário: No que concerne aos atos administrativos praticados pelos
agentes do Poder Judiciário, incide normalmente a responsabilidade civil
objetiva do Estado, desde que, é lógico, presentes os pressupostos de sua
configuração. Portanto, não se deve confundir os atos jurisdicionais típicos
(que, em regra, não geram responsabilidade civil para o Estado) com os atos
administrativos praticados pelos agentes do Poder Judiciário (que, como visto,
não se diferenciam dos atos administrativos praticados pelo Executivo e
demais Poderes).
Gabarito: Errado

CASOS ESPECIAIS

Em seguida, vamos abordar alguns tópicos especiais relativos ao


tema responsabilidade civil do Estado.

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS

Na aferição da responsabilidade civil por danos decorrentes de obras


públicas interessa indagar, a priori, se o dano foi causado:
 Pela própria natureza da obra, ou seja, pelo só fato da obra;
 Pela má execução da obra.

Quando o dano decorre da própria natureza da obra ou, em outras


palavras, pelo só fato da obra, sem que tenha havido culpa de alguém, a
responsabilidade da Administração é do tipo objetiva, na modalidade
risco administrativo.
Nesta situação, o dano resulta da obra em si mesma, por sua
localização, extensão ou duração prejudicial ao particular, sem relação
direta com alguma falha na execução propriamente dita.
A ideia subjacente é que, como o resultado da obra pública, em tese,
irá beneficiar a todos, é justo que os danos decorrentes da própria
natureza da obra também sejam repartidos, através da indenização
arcada pelo erário.

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Nessa hipótese (dano causado pelo só fato da obra), a


responsabilidade da Administração independe de quem estava
executando a obra (se a própria Administração ou algum particular
contratado).
Como exemplo de dano provocado pelo só fato da obra, Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo trazem as rachaduras nas paredes das casas
próximas a uma obra para ampliação do metrô, provocadas pelas
explosões necessárias à perfuração e abertura de galerias, apesar de
todas as precauções e cuidados técnicos tomados. Nesse caso, o dano a
essas casas é ocasionado pelo só fato da obra, sem que haja culpa de
alguém, e quem responde pelo dano é a Administração Pública
(responsabilidade civil objetiva), mesmo que a obra esteja sendo
executada por um particular por ela contratado.
De outra parte, danos também podem ser causados pela
má execução da obra, ou seja, pela falha na adoção das técnicas
construtivas ou pela não observância dos procedimentos corretos por
parte do executor da obra.
Nessa hipótese, já interessa saber quem está executando a
obra.
Se a obra estiver sendo executada pela própria Administração,
diretamente, ela responderá pelo dano objetivamente, com base no
art. 37, §6º da CF. Vale dizer, a reparação do dano causado a terceiros
pela má execução de obra pública, quando o executor é a própria
Administração, constitui hipótese de incidência da responsabilidade civil
objetiva do Estado.
Diversamente, se o executor da obra for um particular contratado
pela Administração (uma empreiteira, por exemplo), quem responderá
civilmente pelo dano é esse particular; porém, sua responsabilidade será
do tipo subjetiva, ou seja, o executor contratado só responderá se tiver
atuado com dolo ou culpa. É o que prevê o art. 70 da Lei 8.666/1993:

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à


Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo órgão interessado.

Nessa hipótese, se for o caso, o Estado responderá de forma


subsidiária. É dizer, sua responsabilidade só estará configurada se o
executor não for capaz de promover a reparação dos danos que causou ao

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prejudicado. Caso o Poder Público, como dono da obra, venha a


ressarcir aquele que sofrera o prejuízo, poderá propor ação regressiva
contra o particular que era responsável pela execução dos serviços.
Por fim, há possibilidade de que tanto o empreiteiro quanto o Poder
Público tenham contribuído para a má execução da obra que resultou em
prejuízo ao administrado. Nessas situações, ambos têm responsabilidade
pelo dano ocorrido, devendo arcar, de modo proporcional, com a
eventual indenização devida, na medida da culpa de cada um.

Responsabilidade
Não importa o
Só fato da obra civil objetiva do
executor
Estado
Danos decorrentes
Responsabilidade
de obras públicas Execução a cargo da
civil objetiva do
própria Administração
Estado
Má execução
da obra
Responsabilidade
Execução a cargo de
civil subjetiva do
particular contratado
contratado

RESPONSABILIDADE CIVIL DOS NOTÁRIOS

O serviço público notarial e de registro é serviço próprio do


Estado, uma vez que tem a finalidade de assegurar autenticidade,
segurança jurídica, eficácia e publicidade aos assentos, atos, negócios e
declarações dos registros e/ou das notas, todos com fé pública 23.
Nos termos da Constituição Federal, o serviço notarial e de registro é
exercido em caráter privado, por delegação do Poder Público (CF,
art. 23624). Ressalte-se que tal delegação não está entre as regidas pelo
art. 175 da CF (as quais estudamos na aula sobre serviços públicos).

23 Hely Lopes Meirelles (2014, p. 475).


24Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público.
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de
registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
serviços notariais e de registro.
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se
permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por
mais de seis meses.

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Uma das diferenças é que a delegação dos serviços notariais e


registrais não é feita mediante licitação e sim por meio de concurso
público de provas e títulos.
Ademais, essa delegação é feita pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe,
ainda, competência exclusiva para a fiscalização; esta, vista como poder
de polícia, permite a cobrança de taxa.
O delegatário, também chamado de notário ou tabelião, é uma
pessoa física. É considerado um agente público em sentido amplo
(mas não é um servidor público detentor de cargo efetivo, é só agente
público).
A serventia (cartório) não é uma pessoa jurídica, sendo o próprio
particular, para o qual foi conferida a outorga da delegação, o responsável
pela prestação do serviço. Como dito, ele exerce a atividade em caráter
privado, e é responsável por todos os atos praticados na serventia.
O tabelião pode causar dano a terceiros quando, por exemplo,
reconhecer uma firma falsa ou registrar erroneamente um protesto,
causando restrições cadastrais indevidas. Sendo assim, qual seria a
responsabilidade civil do tabelião nesses casos?
A responsabilidade civil dos tabeliães é de natureza subjetiva,
conforme expressamente previsto no art. 22 da Lei 13.286/2016:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis


por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que
autorizarem, assegurado o direito de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil,
contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.

Assim, o terceiro lesado terá que provar dolo ou culpa do tabelião


para que este venha a responder civilmente pelo dano causado.
Ressalte-se que a responsabilidade é pessoal do tabelião (em caso
de dolo ou culpa), e não do Estado. E a ação prescreve em três anos,
diferente, portanto, da prescrição em cinco anos das ações de reparação
propostas contra o Estado.

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RESPONSABILIDADE POR ATENTADOS TERRORISTAS

A Lei 10.744/2003 autorizou a União, na forma e critérios


estabelecidos pelo Poder Executivo, a assumir despesas de
responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de
danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados
terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos 25 , ocorridos no
Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira
operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público,
excluídas as empresas de táxi aéreo.
Perceba que, nesse caso, o Estado responderá civilmente pelos danos
provocados por terceiros, ou seja, será responsabilizado por evento alheio
ao organismo estatal. E, na referida lei, não houve qualquer previsão de
excludente de responsabilidade. Por isso, a doutrina sustenta tratar-se de
hipótese de risco integral.

28. (ESAF – PGFN 2007) Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as


normas para a operacionalização da assunção, pela União, de responsabilidades
civis perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos
correlatos.
Comentário: O quesito está correto, de acordo com o art. 2º da
Lei 10.744/2003:
Art. 2o Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as normas para a
operacionalização da assunção de que trata esta Lei, segundo disposições a serem
estabelecidas pelo Poder Executivo.

Gabarito: Certo

****
É isso pessoal. Terminamos aqui a parte teórica. Como já é de praxe,
vamos resolver mais algumas questões de prova ☺

25 Os eventos correlatos incluem greves, tumultos, comoções civis, distúrbios trabalhistas, ato malicioso,

ato de sabotagem, confisco, nacionalização, apreensão, sujeição, detenção, apropriação, seqüestro ou


qualquer apreensão ilegal ou exercício indevido de controle da aeronave ou da tripulação em vôo por
parte de qualquer pessoa ou pessoas a bordo da aeronave sem consentimento do explorador.

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QUESTÕES DE PROVA

29. (FCC – TRT15 2015) Os princípios que informam a atuação da Administração


pública, embora possam ser isoladamente identificados como parâmetros para
controle das funções executivas, na maior parte das vezes expressam-se por meio
de normas que não lhes fazem alusão direta. Como exemplo da presença implícita
do princípio que se destaca nas diversas atribuições e obrigações da Administração
pública pode-se mencionar a
a) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, em decorrência da
prática de atos lícitos, que bem representa o conteúdo do princípio da isonomia, de
forma a evitar a distribuição desigual dos ônus entre os administrados.
b) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, como forma de
expressão do princípio da moralidade, na medida em que seria excessivo exigir do
administrado demonstrar culpa do agente público em determinado evento.
c) ação regressiva cabível em face dos agentes públicos causadores de danos que
tenham sido ressarcidos pelo Estado sob a modalidade da responsabilidade
objetiva, como forma de manifestação do princípio da eficiência, na medida em que
permite o atingimento de dupla finalidade, financeira e disciplinar.
d) modalidade objetiva de responsabilização do Estado, em que não há culpa nem é
necessário demonstrar o nexo causal, como expressão do princípio da
impessoalidade, visto que independe da identificação do agente público.
e) ação regressiva em face do agente público causador dos danos, sob a
modalidade objetiva, como expressão do princípio da legalidade, na medida em que
a atuação ilícita deve ser sancionada e o prejuízo reparado.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. Segundo ensina Maria Sylvia Di Pietro, a responsabilidade civil
objetiva do Estado possui fundamento na chamada teoria do risco. Essa
doutrina baseia-se no princípio da igualdade de todos perante os encargos
sociais e encontra raízes no artigo 13 da Declaração dos Direitos do Homem,
de 1789, segundo o qual “para a manutenção da força pública e para as
despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que
deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com as suas possibilidades”. O
princípio significa que, assim como os benefícios decorrentes da atuação
estatal repartem-se por todos, também os prejuízos sofridos por alguns
membros da sociedade devem ser repartidos. Quando uma pessoa sofre um
ônus maior do que o suportado pelas demais, rompe-se o equilíbrio que
necessariamente deve haver entre os encargos sociais; para restabelecer esse
equilíbrio, o Estado deve indenizar o prejudicado, utilizando recursos do
erário.

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b) ERRADA. Como visto acima, a responsabilidade objetivo do Estado


baseia-se no princípio da igualdade, e não da moralidade.
c) ERRADA. A responsabilidade dos agentes públicos, a ser demonstrada
na ação regressiva, é de natureza subjetiva, e não objetiva.
d) ERRADA. Para a caracterização da responsabilidade objetiva do Estado
é sim necessário demonstrar o nexo causal entre a ação do agente público e o
dano suportado pelo terceiro.
e) ERRADA. A ação regressiva em face do agente público causador dos
danos se dá sob a modalidade subjetiva.
Gabarito: alternativa “a”

30. (FCC – Defensor Público SP 2015) Considere as assertivas abaixo acerca do


tema Responsabilidade Civil do Estado.
I. A Constituição Federal define, em seu artigo 37, § 6º, o instituto da
responsabilidade extracontratual objetiva às pessoas jurídicas de direito público
interno e, com relação às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos, a responsabilidade subjetiva, facultando, em ambos os casos,
ação de regresso em face do funcionário responsável pela ocorrência.
II. Para configurar a hipótese de responsabilidade objetiva do Estado deverão
concorrer requisitos, quais sejam o fato administrativo, assim compreendido o
comportamento de agente do Poder Público, independentemente de culpa ou dolo,
ainda que fora de suas funções, mas a título de realizá-las, o dano, patrimonial ou
moral, que acarrete um prejuízo ao administrado e a relação de causalidade entre o
fato e o dano percebido.
III. Em princípio, os atos judiciais, aqueles praticados por membros do Poder
Judiciário como exercício típico da função jurisdicional, não acarretam a
responsabilização objetiva do Estado em indenizar o jurisdicionado, salvo nas
hipóteses de erro judiciário, prisão além do período definido em sentença e em
outros casos expressos em lei.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) I.
e) III.
Comentários: vamos analisar cada assertiva:

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I) ERRADA. A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público também é objetiva, nos termos do art. 37, §6º
da CF:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

II) CERTA. Em suma, os elementos da responsabilidade objetiva são:


ato lesivo causado pelo agente público, nessa qualidade; ocorrência de um
dano patrimonial ou moral a terceiro; nexo de causalidade entre o dano e a
atuação do agente.
III) CERTA. A própria Constituição Federal estabeleceu hipóteses de
responsabilidade objetiva do Estado em razão de atos judiciais ao dispor que
“o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença” (CF, art. 5º, LXXV). Detalhe é que, a
partir da vigência do novo Código de Processo Civil, também incide a
responsabilidade civil objetiva do Estado nos casos em que o juiz pratica atos
jurisdicionais com o intuito deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro
(conduta dolosa), assegurado o direito de regresso contra o juiz.
Gabarito: alternativa “c”

31. (FCC – Sefaz/PI 2015) Determinado servidor da Secretaria da Fazenda inseriu


informações falsas sobre cidadão, seu desafeto, no cadastro de contribuintes do
Estado, fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de
inadimplentes. Diante dessa situação, o cidadão, que é um pequeno empresário,
sofreu diversos prejuízos morais e patrimoniais, especialmente em decorrência de
restrições de crédito. A responsabilidade do Estado pelos danos sofridos pelo
cidadão é
a) afastada, se comprovada culpa exclusiva do agente público, o qual responde
civilmente perante o cidadão prejudicado e administrativamente por falta disciplinar.
b) condicionada à comprovação de dolo do servidor, circunstância que, se presente,
obriga o Estado a indenizar os danos patrimoniais e morais sofridos pelo cidadão.
c) decorrente da prestação do serviço público, não estando presente na situação
narrada em face da conduta dolosa do agente público.
d) subjetiva, dependendo, pois, da prévia responsabilização do agente público em
processo disciplinar ou administrativo.
e) objetiva, dependendo, para efeito do dever de indenizar o cidadão, da
comprovação do nexo de causalidade entre a conduta do servidor e os danos
sofridos.

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Comentários: Na situação descrita, estão presentes os elementos que


atraem a responsabilidade objetiva do Estado. Vejamos:
1) Ato lesivo causado pelo agente público, nessa qualidade: ato do
servidor da Secretaria da Fazenda que inseriu informações falsas
sobre cidadão, seu desafeto, no cadastro de contribuintes do Estado,
fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de
inadimplentes.
2) Ocorrência de um dano patrimonial ou moral a terceiro: o cidadão, que
é um pequeno empresário, sofreu diversos prejuízos morais e
patrimoniais, especialmente em decorrência de restrições de crédito.
3) Nexo de causalidade entre o dano e a atuação do agente: se o servidor
não tivesse inserido informações falsas no cadastro de contribuintes
do Estado, o cidadão não teria restrições de crédito e,
consequentemente, não teria sofrido prejuízos morais e patrimoniais.
Logo, configurada a responsabilidade objetiva, o Estado tem o dever de
indenizar o cidadão. Correta, portanto, a alternativa “e”.
Quanto às demais alternativas, na opção “a” o erro é que a
responsabilidade do Estado é afastada se comprovada a culpa exclusiva do
particular, e não do agente público.
Na opção “b”, o erro é que, na situação descrita, é irrelevante para
caracterizar a responsabilidade objetiva do Estado se o servidor inseriu as
informações falsas intencionalmente ou não, eis que a presença de dolo ou
culpa somente será avaliada na ação de regresso.
Na opção “c”, o erro é que a responsabilidade do Estado está sim
presente na situação narrada, ainda que o agente público tenha agido com
dolo.
Por fim, na opção “d”, o erro é que a responsabilidade do Estado pelos
danos sofridos pelo cidadão, na situação narrada, é objetiva, e independe da
prévia responsabilização do agente público em processo disciplinar ou
administrativo.
Gabarito: alternativa “e”

32. (FCC – Sefaz/PI 2015) Autoridades policiais efetuaram a prisão de


determinado cidadão, sob a acusação de prática de ilícito penal qualificado. Durante
a tramitação da ação penal, o réu persistia alegando sua inocência, afirmando que
jamais estivera no local dos fatos. Dois anos após o início da ação penal, em
atendimento de urgência, as autoridades policiais locais efetuaram a prisão em
flagrante de outro cidadão pela prática de crime da mesma natureza daquele que
motivou a condenação acima mencionada, ocasião em que se constatou homonímia

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em relação às duas pessoas. Checados os documentos de identificação, restou


apurado que coincidiam, não só o nome dos homônimos, mas também de suas
genitoras. O primeiro cidadão mencionado terminou por ser absolvido e posto em
liberdade. Em relação a este, considerando o período em que foi injustamente
privado de sua liberdade
a) responde civilmente o Estado, sob a modalidade subjetiva, na medida em que os
atos de determinar e efetuar a prisão são de natureza comissiva e, como tal,
prescindem da demonstração de culpa dos agentes públicos.
b) responde civilmente o Estado em razão da ação ou omissão das autoridades
policiais, não se podendo imputar responsabilidade baseada na atuação do
magistrado da ação penal, tendo em vista que não pode ser considerado servidor
público e, portanto, agente público para fins de responsabilização.
c) não responde civilmente o Estado, em razão dos agentes públicos terem agido em
estrito cumprimento do dever legal, o que exclui a responsabilidade ainda que seja
identificado nexo de causalidade entre a ação estatal e os danos causados.
d) responde civilmente o Estado no caso de ser demonstrada ação ou omissão dos
agentes públicos ou mesmo do serviço, incluído o magistrado que atuou na ação
penal, que forme nexo de causalidade com os danos experimentados pelo cidadão
que ficou preso indevidamente.
e) não responde civilmente, salvo se ficar comprovada culpa do magistrado, ou seja,
que tinha como identificar a homonímia, não se estendendo a responsabilização à
atuação dos agentes policiais, em razão do ato ser escopo de sua atuação.
Comentário: A situação narrada mostra um claro exemplo de
erro judiciário na esfera penal. Nesta hipótese, incide a responsabilidade
objetiva do Estado, que deverá indenizar o cidadão condenado injustamente,
nos termos do art. 5º, LXXV da Constituição Federal:
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;

Além disso, também é correto afirmar que o Estado pode responder


objetivamente pelas condutas das autoridades policiais ou, ainda, pela
omissão de algum serviço público, sendo que, nesta última hipótese, a
responsabilidade seria subjetiva. Das alternativas da questão, a que está mais
condizente com esse raciocínio é a opção “d”.
Gabarito: alternativa “d”

33. (FCC – Sefaz/PE 2015) Um servidor da Secretaria da Fazenda lançou,


equivocadamente, dados de uma determinada empresa no sistema de informações
de dívidas tributárias, fazendo com que a mesma figurasse como devedora.
Necessitando de uma certidão negativa de débitos, o contribuinte deparou-se com o

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apontamento errôneo e solicitou a correção, a qual, contudo, demorou um


considerável período de tempo. A referida empresa acionou judicialmente a Fazenda
Estadual, pleiteando indenização pelos prejuízos sofridos em decorrência do erro,
notadamente em função de sua inabilitação em licitação da qual estava participando.
Na hipotética situação narrada, a Fazenda
a) terá, se condenada judicialmente a indenizar o contribuinte, direito de regresso em
face do servidor, independentemente de comprovação de dolo ou culpa do mesmo.
b) somente estará obrigada a indenizar o contribuinte se comprovada culpa do
servidor.
c) deverá indenizar o contribuinte com base na sua responsabilidade subjetiva,
decorrente da omissão do dever de fiscalizar a atuação de seus agentes.
d) não está obrigada a indenizar o contribuinte, que, contudo, poderá acionar o
servidor que cometeu o erro.
e) deverá indenizar o contribuinte pelos prejuízos suportados, desde que
comprovado o nexo de causalidade com a conduta do agente público,
independentemente de comprovação de culpa do mesmo.
Comentário: Na situação narrada, a empresa sofreu um prejuízo em
decorrência de um ato de agente público, no caso, do servidor da Secretaria da
Fazenda que lançou equivocadamente dados errados no sistema. Logo, estão
presentes os elementos caracterizadores da responsabilidade civil objetiva do
Estado, quais sejam: ato de agente público, dano sofrido por terceiro e nexo
de causalidade entre o ato do agente e o dano.
Sendo assim, é correto afirmar que a Fazenda deverá indenizar o
contribuinte pelos prejuízos suportados, desde que comprovado o nexo de
causalidade com a conduta do agente público, independentemente de
comprovação de culpa do mesmo (alternativa “e”). Detalhe é que a Fazenda
poderá entrar com ação regressiva contra o servidor, que responderá somente
se tiver agido com dolo ou culpa.
Gabarito: alternativa “e”

34. (FCC – Manausprev 2015) Determinado município iniciou programa de


canalização de córregos, a fim de implementar parte do programa de governo
pertinente a saneamento. Além do mau cheiro causado pelas obras, houve
interrupção da avenida que margeava o córrego, impedindo acesso por alternados,
mas sucessivos e extensos períodos. Determinado empresário, inconformado com o
tempo de duração das obras e diante da relevante queda de faturamento de sua
empresa viu-se obrigado a reduzir seu quadro de funcionários, gerando insatisfação
também para os demitidos. Em função desse cenário, ajuizou medida judicial para
buscar ressarcimento do município. A medida

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a) possuiria chance de êxito caso tivesse sido ajuizada em face da empreiteira


responsável pela obra, tendo em vista que os danos foram causados pela mesma.
b) deve ser improcedente, posto que incide hipótese de excludente de
responsabilidade, na medida em que se configura o exercício regular das
competências do município, que somente responderia diante de comprovada culpa
ou dolo.
c) pode ser procedente, comprovados os danos excepcionais e extraordinários
impostos à empresa, ensejando a responsabilidade objetiva do município.
d) pode ser procedente se for comprovada culpa do município, tendo em vista que a
causa de pedir reside em ato omissivo do ente público.
e) não possui chances de êxito, tendo em vista que inexistiu ilicitude na conduta do
ente público, que estava regular e licitamente implementando política pública de
inegável interesse público.
Comentários: Na situação narrada, a banca não deixa claro se houve
alguma má execução da obra por parte da empreiteira, informação que seria
relevante para determinar a responsabilidade pelos danos a terceiros
decorrentes da obra. De qualquer forma, pelo gabarito, foi considerado que os
serviços foram executados normalmente, e os danos ocorreram pela própria
natureza da obra. Sendo assim, a responsabilidade do Município pelos danos
causados à empresa é do tipo objetiva, na modalidade risco administrativo, ou
seja, independentemente de comprovação de dolo ou culpa. Das alternativas
da questão, a que melhor se enquadra neste raciocínio é a opção “c”.
Detalhe é que, se o dano à empresa tivesse sido provocado pela má
execução da obra, a responsabilidade seria da própria empreiteira, do tipo
subjetiva, hipótese em que a alternativa “a” seria a mais correta.
Gabarito: alternativa “c”

35. (FCC – Manausprev 2015) Diante da ocorrência de acidente de trânsito


envolvendo veículos civis e militares, em razão do qual os particulares aduzem
terem sofrido danos materiais de grande monta, atribuindo a responsabilidade pela
colisão aos agentes públicos que teriam avançado cruzamento quando a sinalização
lhes era contrária, cabe
a) aos particulares comprovar o nexo de causalidade entre a atuação dos agentes
públicos e os danos concretos sofridos, invocando a responsabilidade objetiva do
Estado.
b) à Administração comprovar a culpa das vítimas, única hipótese de exclusão da
responsabilidade extracontratual do Estado.

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c) aos particulares aguardar a conclusão do processo administrativo que deve


obrigatoriamente ser instaurado, para, com base na conclusão do mesmo, deduzir
em juízo sua pretensão indenizatória.
d) à Administração comprovar a ausência de nexo de causalidade, para fins de
afastar sua culpa pelo acidente, sem prejuízo da responsabilização dos agentes
públicos envolvidos.
e) aos particulares comprovar a culpa dos agentes públicos, ou seja, que agiram
com imprudência pois não estavam atendendo chamado de emergência, para fins
de caracterização de responsabilidade objetiva.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. Como a responsabilidade civil do Estado é do tipo objetiva (ou
seja, independe de culpa ou dolo da Administração), basta ao particular, na
ação de reparação, demonstrar a existência de um nexo causal entre o fato
lesivo (de autoria da Administração) e o dano (material ou moral). A partir daí,
se o Poder Público quiser se eximir da obrigação de indenizar deverá provar
que a vítima concorreu com dolo ou culpa para o evento danoso. Caso não
consiga provar, o Estado responderá integralmente pelo dano (ou
parcialmente, se conseguir provar a culpa concorrente), devendo indenizar o
particular.
b) ERRADA. Além da culpa atribuível, total ou parcialmente à própria
vítima, o caso fortuito e a força maior e o fato exclusivo de terceiros também
são excludentes da responsabilidade extracontratual do Estado.
c) ERRADA. Os particulares não precisam aguardar a conclusão de
eventual processo administrativo para pleitear em juízo a indenização pelo
dano.
d) ERRADA. Se o nexo de causalidade for desfeito, é porque o dano não
foi provocado por algum ato de agente público, razão pela qual não há que se
falar em responsabilização desses agentes.
e) ERRADA. Para fins de caracterização de responsabilidade objetiva, não
é necessário comprovar a culpa dos agentes públicos.
Gabarito: alternativa “a”

36. (FCC – Procurador São Luís 2016) Não é inusitado dentre os países da
América do Sul passar por graves crises econômicas, experimentando trajetória de
alta dos preços de produtos de consumo em massa, o que ocasiona aumento das
expectativas inflacionárias. Alguns países, como a Argentina, já adotaram a política
de congelamento como estratégia para conter a disparada inflacionária, controlando
as revisões de tarifas e preços, gerando sucessivas e cumulativas perdas para
produtores. Considere que essa seja uma conduta adotada no Brasil, de modo que a

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Administração pública federal, pelas vias legalmente previstas, impeça repasse de


perdas inflacionárias e aumentos reais de preços nos produtos da cesta básica, bem
como que congele tarifas de serviços públicos. Sob o prisma dos envolvidos na
produção, distribuição ou comercialização dos referidos produtos e serviços, com
base no ordenamento jurídico pátrio,
a) deve haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade
objetiva pura, tendo em vista que lhe é vedado intervir na ordem econômica,
funcionando o princípio da livre regulação de mercado.
b) pode haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade
subjetiva, cabendo ao prejudicado demonstrar a ocorrência de culpa do serviço
público.
c) é possível se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública,
mesmo diante do cenário de atuação lícita, posto que dessa podem ter advindo
danos extraordinários, excedendo o limite do sacrifício que poderia ser imposto aos
administrados.
d) não cabe responsabilização extracontratual da Administração pública, tendo em
vista que, em matéria de intervenção na ordem econômica, mesmo medidas que
imponham prejuízos aos administrados se legitimam caso tenham sido legalmente
implementadas.
e) para que possa se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública
é necessário demonstrar que as medidas adotadas foram especiais,
desproporcionais e extraordinárias, o que implica no dever de indenizar em razão da
conduta, prescindindo da demonstração dos danos.
Comentários: O Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 422.941/DF,
apreciou situação em que uma intervenção estatal na ordem econômica feita
de forma não condizente com a realidade provocou danos patrimoniais a uma
empresa. No caso, o STF considerou que a intervenção do Estado gerou
empecilho ao livre exercício da atividade econômica, com desrespeito ao
princípio da livre iniciativa, atraindo a obrigação de indenizar por parte do
Poder Público, com base na responsabilidade objetiva. Veja a ementa:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA
ECONOMIA: REGULAMENTAÇÃO E REGULAÇÃO DE SETORES ECONÔMICOS:
NORMAS DE INTERVENÇÃO. LIBERDADE DE INICIATIVA. CF, art. 1º, IV; art. 170.
CF, art. 37, § 6º. I. - A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e
regulação de setores econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos
da Ordem Econômica. CF, art. 170. O princípio da livre iniciativa é fundamento da
República e da Ordem econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. II. - Fixação de preços em
valores abaixo da realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao
setor: empecilho ao livre exercício da atividade econômica, com desrespeito ao
princípio da livre iniciativa. III. - Contrato celebrado com instituição privada para o

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estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasamento para a fixação dos


preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou realizada em valores
inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente econômico, vale dizer, à
recorrente: obrigação de indenizar por parte do poder público. CF, art. 37, § 6º. IV. -
Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia técnica. V. - RE
conhecido e provido.

O mesmo entendimento pode ser adotado nesta questão, o que nos leva a
considerar correta a alternativa “c”.
Quanto às demais, na opção “a” o erro é que não é vedado ao Estado
intervir na ordem econômica, mas, para tanto, deve respeitar os princípios da
livre iniciativa, livre concorrência, defesa do consumidor, dentre outros, nos
termos do art. 170 e 174 da CF.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei.
(...)
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
Na opção “b”, o erro é que a responsabilidade do Estado, no caso, é de
natureza objetiva. Na opção “d”, o erro é que cabe sim a responsabilização
extracontratual da Administração Pública na situação narrada, conforme
reconhecido pelo STF. E, por fim, na opção “e”, o erro é que, para se

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configurar a responsabilidade objetiva da Administração, é necessário


demonstrar a ocorrência do dano.
Gabarito: alternativa “c”

37. (FCC – TCE/CE 2015) Emengardo sofre acidente de veículo e é levado ao


hospital público local. No hospital, após aguardar 5 horas por atendimento médico
sem recebê-lo, Emengardo vem a falecer. Neste caso, pela morte de Emengardo, o
Estado
a) tem responsabilidade solidária.
b) tem responsabilidade integral.
c) não tem responsabilidade.
d) tem responsabilidade subsidiária.
e) tem responsabilidade subjetiva.
Comentário: O enunciado apresenta uma situação de omissão do Estado
em prestar o serviço médico à vítima. Neste caso, pela morte do paciente, o
Estado tem responsabilidade subjetiva, vale dizer, o dever de indenizar do
Estado só irá surgir se ficar comprovado que houve culpa do hospital,
abrangendo a inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço. Correta,
portanto, a alternativa “e”.
Não obstante, lembre-se que, quando o Estado tem o dever legal de
garantir a integridade de pessoas que estejam sob sua proteção direta (ex:
internados em hospitais públicos), também há o entendimento de que o Poder
Público responderá civilmente, por danos ocasionados a essas pessoas, com
base na responsabilidade objetiva. Porém, como não há “responsabilidade
objetiva” dentre as alternativas da questão, não há dúvidas quando ao
gabarito.
Gabarito: alternativa “e”

38. (FCC – TRT23 2016) Considere a seguinte situação hipotética: em


determinado Município do Estado do Mato Grosso houve grandes deslizamentos de
terras provocados por fortes chuvas na região, causando o soterramento de casas e
pessoas. O ente público foi condenado a indenizar as vítimas, em razão da ausência
de sistema de captação de águas pluviais que, caso existisse, teria evitado o
ocorrido. Nesse caso, a condenação está
a) correta, tratando-se de típico exemplo da responsabilidade disjuntiva do Estado.
b) incorreta, por ser hipótese de exclusão da responsabilidade em decorrência de
fator da natureza.

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c) correta, haja vista a omissão estatal, aplicando-se a teoria da culpa do serviço


público.
d) correta, no entanto, a responsabilidade estatal, no caso, deve ser repartida com a
da vítima.
e) incorreta, haja vista que o Estado somente responde objetivamente, e, no caso
narrado, não se aplica tal modalidade de responsabilidade.
Comentário: Como o ente público foi condenado a indenizar as vítimas
em razão da ausência do sistema de captação de águas pluviais que, caso
existisse, teria evitado o ocorrido, pode-se dizer que houve omissão estatal,
hipótese em que a responsabilidade civil do Poder Público é de natureza
subjetiva, na modalidade culpa administrativa ou culpa do serviço público.
Nesses casos, a pessoa que sofreu o dano, para ter direito à indenização do
Estado, tem que provar (o ônus da prova é dela) a culpa da Administração
Pública. Correta, portanto, a opção “c”.
Gabarito: alternativa “c”

39. (FCC – Manausprev 2015) Uma empresa privada, concessionária de serviço


público de distribuição de gás, está sendo processada em ação de indenização
movida por um administrado que se feriu gravemente ao cair em um bueiro que
estava com a tampa deslocada. Pretende o administrado a responsabilização
objetiva da empresa. A decisão de processar a concessionária de serviço público
a) não é coerente com o ordenamento jurídico, que restringe a responsabilidade
objetiva ao Estado.
b) possui amparo no ordenamento jurídico, mas a empresa responde sob a
modalidade subjetiva, porque tem personalidade jurídica de direito privado.
c) não possui amparo legal, tendo em vista que se tratou de evento de força-maior,
inevitável e imprevisível.
d) não possui amparo no ordenamento jurídico pois deveria ter sido ajuizada em face
da concessionária e do Estado, vez que há solidariedade na responsabilidade.
e) possui amparo no ordenamento jurídico vigente, vez que as concessionárias de
serviço público respondem objetivamente pelos danos que causarem no
desempenho de suas atividades.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A responsabilidade objetiva do Estado é extensível às
empresas privadas prestadoras de serviços públicos, conforme expresso no
art. 37, §6º da Constituição Federal:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,

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causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos


casos de dolo ou culpa.

b) ERRADA. De fato, a responsabilização da concessionária possui


amparo no ordenamento jurídico (CF, art. 37, §6º), mas na modalidade objetiva,
e não subjetiva.
c) ERRADA. Embora os conceitos de “força-maior”, “inevitável” e
“imprevisível” contenham certa dose de subjetividade, não é possível afirmar
que um bueiro sem tampa seja uma situação dessa natureza, capaz de excluir
a responsabilidade objetiva da concessionária.
d) ERRADA. Não há solidariedade nesse caso, vale dizer, a ação deveria
ter sido ajuizada somente perante a concessionária. Sobre o assunto, vale
conhecer o teor do art. 25 da Lei 8.987/95, que trata da delegação de serviços
públicos a particulares mediante concessão e permissão:
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe
responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a
terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue
essa responsabilidade.

e) CERTA, nos termos do art. 37, §6º da CF, transcrito no comentário da


opção “a”.
Gabarito: alternativa “e”

40. (FCC – TRT3 2015) Uma empresa estatal, delegatária de serviço de transporte
urbano intermunicipal, foi acionada judicialmente por sucessores de um suposto
passageiro que, no trajeto entre duas estações, juntou-se a um grupo de
clandestinos para a prática de “surf ferroviário”, mas acabou se acidentando
fatalmente. O resultado da ação é de provável
a) procedência, tendo em vista que a responsabilidade das estatais é regida pela
teoria do risco integral, de modo que é prescindível a demonstração de culpa do
passageiro.
b) improcedência, tendo em vista que as concessionárias de serviço público não
respondem objetivamente, mas sim subjetivamente, tendo em vista que são
submetidas a regime jurídico de direito privado.
c) improcedência, pois a modalidade objetiva de responsabilidade a que se sujeitam
as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público não afasta a
incidência das excludentes de responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da
vítima.
d) procedência, mas como não foi comprovada a condição de passageiro da vítima,
a ação deve se processar como responsabilidade subjetiva, cabendo aos

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sucessores do falecido comprovar que houve culpa dos agentes da delegatária de


serviço público.
e) improcedência, tendo em vista que as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público respondem objetivamente por danos causados às
vítimas, mas, como se trata de norma excepcional, no caso de falecimento, esse
direito não se transfere aos sucessores, que podem apenas deduzir pleito de
responsabilidade subjetiva em face da delegatária.
Comentários:
a) ERRADA. A responsabilidade das estatais prestadoras de serviços
públicos é regida pela teoria do risco administrativo, ou seja, elas respondem
objetivamente pelos danos que venham a causar a terceiros.
b) ERRADA. As concessionárias de serviço público respondem
objetivamente, e não subjetivamente, ainda que sejam submetidas a regime
jurídico de direito privado.
c) CERTA. A situação narrada ilustra um típico caso de “culpa exclusiva
da vítima”, que é uma causa de excludente de responsabilidade do Estado.
Afinal, o acidente não teria ocorrido se a própria vítima não tivesse praticado,
de maneira ilegal, o tal “surf ferroviário”. Sendo assim, embora a
concessionária do serviço de transporte público responda objetivamente pelos
causados que venha a causar a terceiros, sua responsabilidade seria afastada
no caso, em virtude da presença do excludente de responsabilidade.
d) ERRADA. A responsabilidade das concessionárias de serviço público é
de natureza objetiva em relação aos danos causados tanto aos usuários como
aos não usuários do serviço.
e) ERRADA. A responsabilidade objetiva das concessionárias não é
norma excepcional, e sim a regra. Ademais, no caso de falecimento, o direito
de ação por dano patrimonial se transfere sim aos sucessores.
Gabarito: alternativa “c”

41. (ESAF MDIC 2012) Assinale a opção em que a responsabilidade civil dar-se-á
de forma subjetiva.
a) Responsabilidade pela omissão também chamada de serviço deficiente ou falta
do serviço.
b) Responsabilidade do Estado pelo ato comissivo ensejador de dano que seu
agente cause a terceiro.
c) Responsabilidade dos prestadores de serviço público por ato comissivo causador
de dano ao usuário do serviço.

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d) Responsabilidade pela omissão ensejadora de serviço deficiente, ocasionando


dano nuclear.
e) Responsabilidade pela atuação omissiva do Estado no seu dever de assegurar a
integridade de pessoas ou coisas.
Comentários: A responsabilidade civil do Estado dar-se-á de forma
subjetiva nas hipóteses em que o dano ao terceiro decorre diretamente da
omissão estatal. São danos causados por fatos da natureza ou fatos de
terceiros, mas que poderiam ter sido evitados ou minorados se o Estado,
tendo o dever de agir, se omitiu. Decorre, portanto, de falta no serviço que o
Estado deveria ter prestado (abrangendo a inexistência, a deficiência ou o
atraso do serviço). Então, está correta a alternativa “a”. Todas as demais
alternativas apresentam situações nas quais incide a responsabilidade civil
objetiva do Estado (na alternativa “c”, a responsabilidade é da pessoa jurídica
prestadora do serviço). Ademais, perceba que, em todas as demais
alternativas, a responsabilidade objetiva é na modalidade risco administrativo,
exceto na “d” (dano nuclear), em que a modalidade é risco integral. Por fim,
atente para a alternativa “e”, que se refere a um caso específico de omissão
que enseja responsabilidade objetiva do Estado (ao contrário, portanto, da
regra geral, em que omissão gera responsabilidade subjetiva); com efeito,
quando o Estado peca por omissão no seu dever de assegurar a integridade de
pessoas ou coisas, a jurisprudência entende que o Poder Público responderá
objetivamente, mesmo que o dano não tenha sido causado diretamente por
atuação de seus agentes (ex: presidiário que fere outro dentro da
penitenciária).
Gabarito: alternativa “a”

42. (ESAF – IRB 2006) Caio, servidor público federal efetivo e regularmente
investido na função pública, motorista da Presidência da República, ao dirigir carro
oficial em serviço, dorme ao volante e atropela uma pessoa que atravessava,
prudentemente, em uma faixa de pedestres em Brasília, ferindo-a.
Considerando essa situação hipotética e os preceitos, a doutrina e a jurisprudência
da responsabilidade civil do Estado, assinale a única opção correta.
a) Na hipótese, há aplicação da teoria do risco integral.
b) A teoria aplicada ao caso para a responsabilização do Estado é a subjetiva.
c) No âmbito de ação indenizatória pertinente e após o seu trânsito em julgado, Caio
nunca poderá ser responsabilizado, regressivamente, caso receba menos de dois
salários mínimos.

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d) Caso Caio estivesse transportando material radioativo, indevidamente


acondicionado, que se propagasse no ar em face do acidente, o Estado só poderia
ser responsabilizado pelo dano oriundo do atropelamento.
e) Na teoria do risco administrativo, há hipóteses em que, mesmo com a
responsabilização objetiva, o Estado não será passível de responsabilização.
Comentário: A situação narrada no enunciado apresenta um típico
exemplo de incidência da responsabilidade civil objetiva do Estado. Afinal, um
agente público, agindo nessa qualidade (no exercício de suas funções),
causou um dano a terceiro. Portanto, estão presentes os elementos fato do
serviço, nexo causal e dano, caracterizadores da responsabilidade
extracontratual do Estado. No caso, a União terá que indenizar o pedestre
independentemente de Caio (o motorista público) ter atuado com dolo ou culpa
(a responsabilidade é objetiva). A culpa ou dolo de Caio só importará na ação
de regresso. Nesta ação, se ficar comprovado que o agente agiu com dolo ou
culpa (o que parece ser o caso, pois ele dormiu ao volante, demonstrando pelo
menos a culpa), terá que ressarcir ao erário o valor dispendido com a
indenização paga ao pedestre.
Dito isso, vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADO. Na hipótese, há a aplicação da teoria do risco administrativo.
Isso porque a responsabilidade da União poderá ser afastada caso ela
demonstre (o ônus da prova é dela) a presença de algum excludente de
responsabilidade, como a culpa exclusiva da vítima ou a ocorrência de caso
fortuito e força maior. Não parece ser o caso, pois o pedestre estava na faixa.
b) ERRADO. Como dito acima, a responsabilidade do Estado é objetiva;
apenas a responsabilidade do agente, na ação de regresso, que é subjetiva.
c) ERRADO. Caio poderá sim ser responsabilizado na ação regressiva,
caso seja provado que agiu com dolo ou culpa, não importando, para tanto, o
valor do seu salário.
d) ERRADO. O acidente com o material radioativo caracterizaria um dano
nuclear, em que a responsabilidade civil do Estado também é objetiva, só que
na modalidade risco integral.
e) CERTO. De fato, se ficar comprovada a presença de algum excludente
de responsabilidade, como a culpa exclusiva da vítima ou a ocorrência de caso
fortuito e força maior, o Estado não será responsabilizado. Por exemplo, se a
União conseguisse provar que o pedestre não estava atravessando
prudentemente na faixa, e sim havia se jogado sobre o veículo oficial, fora da
faixa, numa tentativa de suicídio, a responsabilidade do Estado poderia ser
afastada ou, ao menos amenizada.
Gabarito: alternativa “e”

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43. (ESAF – GDF 2013) A respeito da Responsabilidade Civil do Estado, analise


os itens a seguir:
I. O Distrito Federal responde pelos danos que seus servidores, nessa qualidade,
causarem a terceiro por culpa exclusiva da vítima;
II. A responsabilidade civil do agente público, em face de ação regressiva perante a
Administração Pública, é objetiva;
III. De acordo com recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, reconheceu-se
culpa exclusiva da vítima, que foi atropelada em linha férrea, utilizando passagem
clandestina aberta no muro sem conservação e sem fiscalização da empresa
ferroviária;
IV. Haverá responsabilidade civil objetiva do Estado, de acordo com posicionamento
do Superior Tribunal de Justiça, no caso de presidiário que se suicidou no
estabelecimento prisional, tendo em vista que é dever do Estado proteger seus
detentos, inclusive contra si mesmo;
V. Com referência à Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais, na
jurisprudência brasileira, como regra, prevalece a admissibilidade da
responsabilidade civil, devendo a ação ser proposta contra a Fazenda Estadual, a
qual tem o direito de regresso contra o magistrado responsável, nos casos de dolo
ou culpa.
A quantidade de itens corretos é igual a:
a) 4
b) 2
c) 3
d) 1
e) 5
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
I) ERRADA. O Distrito Federal não responde pelos danos que seus
servidores, nessa qualidade, causarem a terceiro por culpa exclusiva da
vítima. A culpa exclusiva da vítima é um excludente de responsabilidade.
II) ERRADA. A responsabilidade civil do agente público, em face de ação
regressiva perante a Administração Pública, é subjetiva, ou seja, ele só será
condenado se ficar comprovado que agiu com dolo ou culpa.
III) ERRADA. O STJ, no REsp 700.121/SP, reconheceu culpa concorrente
(e não culpa exclusiva) entre empresa ferroviária e a vítima, esta atropelada na
linha férrea depois de utilizar passagem clandestina aberta no muro. Houve, na
espécie, erro recíproco: a vítima porque ciente do ato ilícito cometido; a
empresa porque não conservou o muro e sequer fiscalizou o trânsito de

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pedestres em área proibida. Dessa forma, a responsabilidade civil objetiva do


Estado (dever de indenizar a vítima) não foi afastada, mas apenas atenuada.
Responsabilidade civil. Atropelamento em via férrea. Culpa concorrente.
Precedentes da Corte.
1. Na linha de precedentes da Corte, o dever de cuidar e manter a linha férrea para
impedir a travessia impõe o reconhecimento da responsabilidade da empresa,
havendo culpa concorrente diante da imprudência do pedestre que utilizou passagem
clandestina aberta no muro sem conservação.
2. Recurso especial conhecido e provido, em parte.

IV) CORRETA. Em se tratando de suicídio de detentos, a jurisprudência


entende que incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, não
caracterizando excludente de responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
No STJ, pode-se tomar como precedente a confirmar essa tese o Resp
847.687/GO:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DETENTO MORTO APÓS SER
RECOLHIDO AO ESTABELECIMENTO PRISIONAL. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO ESTADO. SOBREVIDA PROVÁVEL (65 ANOS). PRECEDENTES.
(...) 2. No que se refere à morte de preso sob custódia do Estado, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a
responsabilidade civil do ente público é objetiva.
3. A orientação desta Corte fixa em sessenta e cinco anos o limite temporal para
pagamento da pensão mensal estabelecida.
4. Precedentes jurisprudenciais do STF, do STJ e de Tribunais Estaduais
prestigiando a fixação da responsabilidade civil quando presente o panorama fático e
jurídico acima descrito.
5. Doutrina de Rui Stoco, Yussef Cahali, Cretela Júnior e Celso Antônio Bandeira de
Melo no mesmo sentido do acima exposto (ver "Tratado de Responsabilidade Civil",
de Rui Stoco, 6ª Ed. RT, 2004, pp. 1.124/1.125)
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido, para fixar em
sessenta e cinco anos o limite temporal para pagamento da pensão mensal
estabelecida.

Não obstante, lembre-se de que, no caso de suicídio de paciente


internado em hospital público, a jurisprudência entende que a
responsabilidade extracontratual do Estado é excluída por culpa exclusiva da
vítima, a menos, é claro, que o paciente tivesse demonstrado anteriormente
alguma tendência suicida.
V) ERRADA. Com referência à responsabilidade do Estado por atos
jurisdicionais, na jurisprudência brasileira, como regra, prevalece a
inadmissibilidade da responsabilidade civil. A responsabilidade do Estado por

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atos jurisdicionais só estará presente, como exceção, nas hipóteses de erro


judiciário na esfera penal (CF, art. 5º, LXXV) ou de conduta dolosa com o
intuito deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro (CPC, art. 143).
Gabarito: alternativa “d”

44. (ESAF – TCU 2006) Sobre a responsabilidade civil da Administração, assinale


a afirmativa falsa.
a) A responsabilidade decorre de ato comissivo ou omissivo, culposo ou doloso.
b) A obrigação do servidor em reparar o dano estende-se a seus sucessores, até o
limite do valor da herança.
c) Tratando-se de dano causado a terceiro, o servidor responderá mediante
denunciação à lide.
d) A responsabilidade objetiva pode abranger ações de agentes de empresas
privadas, desde que concessionárias de serviços públicos.
e) É possível a responsabilidade do Estado por ato jurisdicional.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) CERTA. A responsabilidade decorre de ato comissivo ou omissivo,
culposo ou doloso. Na hipótese de ato comissivo, a responsabilidade é
objetiva; sendo ato omissivo, a responsabilidade, em regra, é subjetiva (pode
ser objetiva nos casos em que o Estado assume a guarda de pessoas ou
coisas). Em ambas as hipóteses, para que a responsabilidade do Estado fique
caracterizada, é necessário haver o nexo de causalidade entre a ação/omissão
do Poder Público e o dano causado ao particular. Por fim, embora seja certo
que a responsabilidade do Estado decorre de ato culposo ou doloso do agente
público, também é certo dizer que a responsabilidade surge
independentemente de dolo ou culpa do agente (afinal, a responsabilidade é
objetiva).
b) CERTA. A obrigação do servidor em reparar o dano estende-se a seus
sucessores, até o limite do valor da herança. Lembrando que a obrigação do
servidor surgirá apenas na ação de regresso, pois na ação de reparação
movida pelo particular, quem responde é o Estado. Assim, se o servidor, na
ação de regresso, for condenado a ressarcir o erário e, posteriormente, vier a
falecer, sua obrigação para com o Estado passará para os sucessores, até o
limite do valor da herança.
c) ERRADA. Tratando-se de dano causado a terceiro, o servidor
responderá mediante ação regressiva. A posição majoritária da doutrina e da
jurisprudência é no sentido da inaplicabilidade da denunciação à lide pela
Administração a seus agentes.

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d) CERTA. Nos termos do art. 37, §6º, a responsabilidade civil objetiva


abrange tanto as pessoas jurídicas de direito público como as de direito
privado prestadoras de serviço público, entre estas últimas, as
concessionárias de serviços públicos.
e) CERTA. É possível a responsabilidade do Estado por ato jurisdicional
nos casos de erro judiciário ocorridos na esfera penal ou de conduta dolosa
com o intuito deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro
Gabarito: alternativa “c”

45. (ESAF – SEFAZ/CE 2007) A teoria que responsabiliza o Estado pelos danos
que seus agentes causarem a terceiros sem admitir qualquer excludente de
responsabilidade em defesa do Estado denomina-se teoria
a) objetiva.
b) subjetiva.
c) da falta do serviço.
d) da irresponsabilidade.
e) do risco integral.
Comentário: Trata-se da teoria do risco integral (opção “e”) empregada de
forma restrita em nosso ordenamento jurídico, como nos danos nucleares,
ambientais e atentados terroristas a aeronaves brasileiras.
Gabarito: alternativa “e”

46. (ESAF – CGU 2006) No caso de responsabilidade civil do Estado, por dano
causado a outrem, cabe ação regressiva, contra o agente causador, que tenha agido
culposa ou dolosamente, mas constitui requisito essencial para tanto, ter havido
a) ajuizamento de ação pelo paciente, cobrando indenização do dano.
b) condenação do Estado a indenizar o paciente.
c) reconhecimento de culpa ou dolo, por parte do agente.
d) prova produzida pelo paciente, de culpa ou dolo do agente.
e) recusa do agente em assumir o ônus da reparação desse dano.
Comentário: Para entrar com a ação de regresso contra o agente, a
pessoa jurídica (entidade pública ou delegatária de serviços públicos) deverá
comprovar que já foi condenada judicialmente a indenizar o particular que
sofreu o dano. Isso porque o direito de regresso nasce com o trânsito em
julgado da decisão condenatória prolatada na ação de indenização. Portanto,
pode-se afirmar que o requisito essencial para a ação regressiva é a
condenação do Estado a indenizar o paciente (opção “b”). Perceba que o

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“reconhecimento de culpa ou dolo, por parte do agente” (opção “c”) não é


propriamente requisito para a propositura da ação regressiva, e sim para a
condenação do agente nessa ação.
Gabarito: alternativa “b”

47. (ESAF – AFRFB 2012) Em relação ao tema da Responsabilidade Civil do


Estado, analise as questões a seguir, identificando se são verdadeiras (V) ou falsas
(F).
Após a análise das opções, assinale aquela que apresenta a sequência correta.
( ) Segundo a posição majoritária da doutrina administrativista, o fato de ser atribuída
responsabilidade objetiva a pessoa jurídica não significa exclusão do direito de agir
diretamente contra aquele agente do Poder Executivo que tenha causado o dano.
( ) O cidadão prejudicado pelo evento danoso poderá mover ação contra pessoa
jurídica de direito público e contra o agente do Poder Executivo responsável pelo
fato danoso em litisconsórcio facultativo, já que são eles ligados por
responsabilidade solidária.
( ) Como a responsabilidade do agente causador do dano acompanha a
responsabilização do Estado, será cabível ação de regresso quando o Estado
houver sido responsabilizado objetivamente ainda que o agente não tenha agido
com dolo ou culpa.
( ) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao Erário movidas pelo Estado
contra seus servidores que tenham praticado ilícitos dos quais decorram prejuízos
aos cofres públicos.
a) V, V, V, V
b) F, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, V, F, V
e) V, V, V, F.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) VERDADEIRA. Nessa questão, a banca pediu o posicionamento da
doutrina que, nesse tema, difere do entendimento do Supremo Tribunal
Federal (STF). Com efeito, para o STF, é apenas a pessoa jurídica quem deve
figurar no polo passivo da ação judicial de indenização movida pelo particular,
e não o agente público; este somente responderá a posteriori, na ação
regressiva proposta pela própria pessoa jurídica. Diversamente, para a
doutrina, o fato de ser atribuída responsabilidade objetiva à pessoa jurídica
não significa exclusão do direito de agir diretamente contra o agente que tenha
causado o dano. Por exemplo, para o autor Celso Antônio Bandeira de Mello, a

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vítima pode propor ação de indenização contra o agente, contra o Estado ou


contra ambos, como responsáveis solidários, no caso de dolo ou culpa. A
mesma posição perfilha Maria Sylvia Di Pietro. Daí, portanto, o gabarito.
b) VERDADEIRA. Trata-se do mesmo entendimento doutrinário
comentado na alternativa anterior. Lembrando que, para o STF, diversamente
do que prega a doutrina, nem mesmo o litisconsórcio é possível (ou seja, a
pessoa jurídica e o agente público não podem figurar conjuntamente no polo
passivo da ação de reparação); ao ver da Suprema Corte, quem deve
responder na ação de indenização é apenas a pessoa jurídica.
c) FALSA. O erro está na parte final. Com efeito, o agente público
somente será responsabilizado na ação de regresso caso tenha agido com
dolo ou culpa.
d) VERDADEIRA. São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário
movidas pelo Estado contra seus agentes, servidores ou não, que tenham
praticado atos ilícitos. Os ilícitos prescreverão, mas não as ações de
ressarcimento. É o que prevê o art. 37, §5º da CF:
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.
Gabarito: alternativa “d”

48. (ESAF – Pref/RJ 2010) No tocante à Responsabilidade Civil do Estado,


assinale a opção correta, conforme o entendimento mais recente do Supremo
Tribunal Federal sobre a matéria.
a) Os atos jurisdicionais típicos podem ensejar responsabilidade civil objetiva do
Estado, sem maiores distinções em relação aos atos administrativos comuns.
b) É viável ajuizar ação de responsabilidade diretamente em face do agente público
causador do dano, ao invés de ser proposta contra a pessoa jurídica de direito
público.
c) O Estado não é passível de responsabilização civil objetiva por atos praticados
por notários.
d) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva em relação aos usuários, bem como em relação a terceiros
não usuários do serviço público.
e) Só haverá responsabilidade objetiva do Estado se o ato causador do dano for
ilícito.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:

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a) ERRADA. Os atos jurisdicionais típicos, em regra, não ensejam a


responsabilidade civil objetiva do Estado. As exceções ocorrem nos casos de
erro judiciário na esfera penal ou de conduta dolosa ou fraudulenta do juiz.
Portanto, há uma grande distinção em relação aos atos administrativos
comuns que, como regra, levam à responsabilização do Estado.
b) ERRADA. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (que,
nesse tema, difere da doutrina), não é viável ajuizar ação de responsabilidade
diretamente em face do agente público causador do dano; para o STF, a ação
deve ser proposta contra a pessoa jurídica (de direito público ou de direito
privado prestadora de serviço público).
c) ERRADA. Para o STF, o Estado é passível de responsabilização civil
objetiva por atos praticados por notários, daí o erro. Lembre-se, contudo, que
a partir da Lei 13.286/2016 (não vigente à época da prova), os próprios notários
– e não o Estado – respondem pelos danos que causarem, de forma subjetiva,
ou seja, a vítima deve provar que houve dolo ou culpa do tabelião.
d) CERTA. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público é objetiva em relação aos usuários,
bem como em relação a terceiros não usuários do serviço público (lembre-se
do caso do motorista de transporte coletivo que atropela um pedestre. O
pedestre, por não estar no ônibus, seria um exemplo de não usuário).
e) ERRADA. A responsabilidade civil objetiva do Estado surge
independentemente de o dano causado por seu agente ter decorrido de um ato
lícito ou ilícito.
Gabarito: alternativa “d”

49. (Cespe – MPTCE/PB 2014) A respeito da responsabilidade do Estado por atos


da administração pública, assinale a opção correta.
a) As teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado
sempre caminharam paralelamente e, no Brasil, a partir da Constituição de 1937,
prevalecem as teorias objetivas.
b) A Constituição Imperial do Brasil de 1824 trouxe expressamente hipóteses de
responsabilidade da administração pública por atos praticados na esfera do Poder
Moderador.
c) A CF rompeu completamente com a Constituição anterior quanto à forma de tratar
a responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública no
direito brasileiro.
d) A CF inovou em relação às constituições anteriores ao prever a possibilidade de
responsabilização de forma objetiva das pessoas jurídicas de direito privado que
prestem serviço público.

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e) As teorias acerca da responsabilidade patrimonial do Estado sempre estiveram


pautadas na necessidade de a administração pública rever seus atos e se
responsabilizar por eles.
Comentários:
a) ERRADA. Foi a Constituição Federal de 1946 que inaugurou a
responsabilidade objetiva do Estado brasileiro, na modalidade risco
administrativo. Antes disso, vigorava no Brasil a teoria civilista, em que o
Estado só responderia de houvesse a comprovação de culpa do funcionário.
b) ERRADA. Na Constituição de 1824, ainda na época do Império, já
vigorava a teoria civilista. Portanto, a responsabilidade, à época, era subjetiva,
e recaía sobre os atos de gestão, praticados pelos funcionários. O Poder
Moderador, por sua vez, era dado ao Imperador, e este, segundo a
Constituição, não estava sujeito a responsabilidade alguma.
c) ERRADA. Após a CF/1946, que inaugurou a responsabilidade objetiva
do Estado, as Constituições posteriores sempre adotaram o mesmo
tratamento, ou seja, não houve rompimento algum. Ao contrário, as Cartas
seguintes foram acrescentando dispositivos a fim de reforçar a
responsabilidade objetiva. Por exemplo, a CF/1967 acrescentou a possibilidade
de ação regressiva em caso de dolo ou culpa (na Carta de 1946, era só em
caso de culpa); e a CF de 1988 acrescentou a responsabilidade das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.
d) CERTA. De fato, como dito acima, a CF/1988 inovou ao fazer referência
à responsabilidade civil objetiva das prestadoras de serviços públicos.
e) ERRADA. Nos Estados absolutistas, assim como nos EUA (até 1946) e
na Inglaterra (até 1947), vigorava a teoria da irresponsabilidade, segundo a
qual o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por
seus agentes. Ressalte-se que, no Brasil, nunca vigorou a teoria da
irresponsabilidade. Durante o Império, vigorava a teoria civilista, pela qual os
atos de gestão, praticados pelos funcionários, podiam gerar responsabilidade
para o Estado. Os atos do Imperador (atos de império), contudo, não geravam
responsabilidade.
Gabarito: alternativa “d”

50. (Cespe – TRE/MS 2013) Determinada professora da rede pública de ensino


recebeu ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais de uma vez, alertou à
direção da escola, que se manteve omissa. Nessa situação hipotética, caso se
consumem as agressões, a indenização será devida
a) pelo Estado, objetivamente.

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b) pelos pais do aluno e pelo Estado em decorrência do sistema de compensação de


culpas.
c) pelo Estado, desde que presentes os elementos que caracterizem a culpa.
d) pelos pais do aluno e, subsidiariamente, pelo Estado.
e) pelos pais do aluno, em virtude do poder familiar.
Comentário: Segundo a jurisprudência do STF e também do STJ, a
responsabilidade civil do Estado pelo dano decorrente de sua omissão em
relação a pessoas ou coisas sob sua custódia é objetiva. Portanto, o gabarito
da questão teria que ser a alternativa “a”.
Porém, a meu ver, a banca pisou na bola, pois considerou correta a
alternativa “c”. Ao que parece, ela se baseou no seguinte trecho do
RE 633.138/DF, julgado pelo STF:
"O Tribunal a quo, ao proferir o acórdão recorrido, consignou, verbis: 'Tratando-se de
ato omissivo do Poder Publico, a responsabilidade civil por esse ato e subjetiva.
Imprescindível, portanto, a demonstração de dolo ou culpa, esta numa de suas três
modalidades - negligência, imperícia ou imprudência'. (...) Agressão a professores em
sala de aula e caso de policia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A
responsabilidade e objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir a segurança
da direção e do corpo docente, por inteiro, de qualquer estabelecimento".
O problema é que esse trecho (que parece ter inspirado a banca) é do
acórdão do Tribunal originário que estava sendo agravado na ação no
Supremo. Esse trecho foi transcrito na ementa da decisão do STF, mas só a
título de referência. No final, o Supremo não ratificou o entendimento do
Tribunal "a quo" (original) e decidiu que a responsabilidade do Estado
é objetiva no caso. Na própria ementa do julgado há o seguinte:
"(...) Agressão a professores em sala de aula é caso de polícia, e não de diretor de
estabelecimento e seu assistente. A responsabilidade é objetiva do Distrito
Federal, a quem incumbe garantir a segurança da direção e do corpo docente, por
inteiro, de qualquer estabelecimento (...)"
Repare que, na questão seguinte, sobre o mesmo assunto, a banca
adotou posição diversa, desta feita em consonância com a jurisprudência, o
que demonstra o equívoco do gabarito ora em comento.
Gabarito: alternativa “c”

51. (Cespe – DP/AC 2012) Em uma escola pública localizada no interior de


determinado estado da Federação, um aluno efetuou disparo de arma de fogo,
dentro da sala de aula, contra a professora, ferindo-a em um dos ombros.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que se refere aos
danos causados à professora.

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a) Não há responsabilidade civil do Estado, por terem sido os referidos danos


causados por terceiro.
b) Não há responsabilidade civil do Estado, dada a não configuração de dano direto.
c) Há responsabilidade civil objetiva do Estado.
d) Há responsabilidade civil subjetiva do Estado.
e) Há responsabilidade civil indireta do Estado.
Comentário: Na hipótese de danos sofridos por pessoas sujeitas à guarda
do Estado, como os alunos de escola pública, os detentos e os pacientes de
hospital público, a jurisprudência reconhece que a responsabilidade do Estado
é objetiva, ainda que o dano não tenha sido provocado por uma atuação direta
de um agente público. Portanto, correta a alternativa “c”.
Gabarito: alternativa “c”
*****

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JURISPRUDÊNCIA

STF – RE 591.874/MS (26/8/2009)


1 EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º,
DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS
DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO
DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A
TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do
serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A
inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano
causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para
estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. III
- Recurso extraordinário desprovido.
STF – RE 291.035/SP (28/3/2006)
Responsabilidade civil objetiva do Estado (CF, art. 37, § 6º). Policial militar,
que, em seu período de folga e em trajes civis, efetua disparo com arma
de fogo pertencente à sua corporação, causando a morte de pessoa
inocente. Reconhecimento, na espécie, de que o uso e o porte de arma de fogo
pertencente à Polícia Militar eram vedados aos seus integrantes nos períodos de
folga. Configuração, mesmo assim, da responsabilidade civil objetiva do
Poder Público. Precedente (RTJ 170/631). Pretensão do Estado de que se acha
ausente, na espécie, o nexo de causalidade material, não obstante reconhecido
pelo Tribunal "a quo", com apoio na apreciação soberana do conjunto probatório.
Inadmissibilidade de reexame de provas e fatos em sede recursal extraordinária.
Precedentes específicos em tema de responsabilidade civil objetiva do Estado.
Acórdão recorrido que se ajusta à jurisprudência do supremo tribunal federal. RE
conhecido e improvido.

STF – AI 473.381/AP (20/9/2005)


EMENTA: - CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
AGENTE E VÍTIMA: SERVIDORES PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
ESTADO: CF, art. 37, § 6º. I. - O entendimento do Supremo Tribunal Federal é
no sentido de que descabe ao intérprete fazer distinções quanto ao vocábulo
"terceiro" contido no § 6º do art. 37 da Constituição Federal, devendo o Estado
responder pelos danos causados por seus agentes qualquer que seja a vítima,
servidor público ou não. Precedente. II. - Agravo não provido.

STF – RE 633.138/DF (4/9/2012)


Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. DANOS MORAIS. PROFESSOR. SALA DE
AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E

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FÍSICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
(...) 2. In casu, a recorrida moveu ação de conhecimento com o fim de promover
a responsabilização civil do Distrito Federal e dos Diretores do Colégio nº 06 em
Taguatinga, por terem agido com culpa, por negligência, em agressão sofrida
pela professora, provocada por parte de um aluno daquela escola. 3. O Tribunal
a quo, ao proferir o acórdão originariamente recorrido, consignou, verbis: “CÍVEL
E PROCESSO CIVIL. DANOS MORAIS. DISTRITO FEDERAL. PROFESSOR. SALA DE
AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E
FÍSICA. OMISSÃO E NEGLIGÊNCIA DOS AGENTES PÚBLICOS. SENTENÇA.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. RECURSOS DE APELAÇÃO. PRELIMINAR. REJEIÇÃO.
MÉRITO. DESPROVIMENTO. MAIORIA. Os réus não apresentaram elementos
suficientes que justificassem a declaração de não-conhecimento da apelação da
autora. Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade
civil por esse ato é subjetiva. Imprescindível, portanto, a demonstração de
dolo ou culpa, esta numa de suas três modalidades – negligência, imperícia ou
imprudência. O dano sofrido pela autora ficou demonstrado pelos relatórios
médicos, laudo de exame de corpo de delito, relatório psicológico e relatório do
procedimento sindicante, bem como por meio dos depoimentos acostados. Se a
autora foi agredida dentro do estabelecimento educacional, houve
inequívoco descumprimento do dever legal do Estado na prestação
efetiva do serviço de segurança, uma vez que a atuação diligente
impediria a ocorrência da agressão física perpetrada pelo aluno. A falta
do serviço decorre do não-funcionamento, ou então, do funcionamento
insuficiente, inadequado ou tardio do serviço público que o Estado deve prestar.
O fato de haver no estabelecimento um policial militar não tem o condão
de afastar a responsabilidade do Estado, pois evidenciou-se a má-
atuação, consubstanciada na prestação insuficiente e tardia, o que
resultou na agressão à professora. Agressão a professores em sala de aula é
caso de polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A
responsabilidade é objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir
a segurança da direção e do corpo docente, por inteiro, de qualquer
estabelecimento. A valoração da compensação moral deve ser apurada
mediante prudente arbítrio do Juiz, motivado pelo princípio da razoabilidade, e
observadas a gravidade e a repercussão do dano, bem como a intensidade, os
efeitos do sofrimento e o grau de culpa ou dolo. A finalidade compensatória, por
sua vez, deve ter caráter didático-pedagógico, evitado o valor excessivo ou
ínfimo, objetivando, sempre, o desestímulo à conduta lesiva. Não se aplica o
disposto no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, uma vez que se trata de juros de mora
incidentes sobre verba indenizatória, devendo incidir os juros de mora legais, nos
termos do art. 406, com observância ao percentual de 1% ao mês, fixado pelo

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art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional (e-STJ fls. 363).” 4. Agravo
Regimental a que se nega provimento.

STF – RE 179.147/SP (12/12/1997)


I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, responsabilidade
objetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes
requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo
causal entre o dano e a ação administrativa. II. - Essa responsabilidade
objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno da culpa
da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da
pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder
público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou
culpa, numa de suas três vertentes, negligência, imperícia ou imprudência,
não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída
ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos franceses.

STF – RE 695.887/PB (11/9/2012)


Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
ADMINISTRATIVO. ROMPIMENTO DE BARRAGEM. INUNDAÇÃO. OMISSÃO DO
PODER PÚBLICO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. ANÁLISE DA
COMPROVAÇÃO, OU NÃO, DA CULPA DO ENTE PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE.
REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO STF. AGRAVO REGIMENTAL
A QUE SE NEGA PROVIMENTO (...) Na espécie, a responsabilidade civil do Estado
encontra-se comprovada, uma vez que tem este, por obrigação, manter em
condição regular e fiscalizar as obras públicas, onde sua omissão, caracterizada
na falha da prestação desses serviços, acarretará a sua culpabilidade.
Precedentes do TJPB. Havendo indícios de que houve perdas de natureza
material, em virtude de sérios danos na casa da parte autora, deve ser
julgado procedente o pedido de indenização. 5. Agravo regimental a que se
nega provimento.

STJ – REsp 602.102 (6/4/2004)


ADMINISTRATIVO – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – ATO OMISSIVO –
MORTE DE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA MENTAL INTERNADO EM HOSPITAL
PSIQUIÁTRICO DO ESTADO.
1. A responsabilidade civil que se imputa ao Estado por ato danoso de seus
prepostos é objetiva (art. 37, § 6º, CF), impondo-lhe o dever de indenizar se se
verificar dano ao patrimônio de outrem e nexo causal entre o dano e o
comportamento do preposto.

2. Somente se afasta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso


fortuito ou força maior ou decorrer de culpa da vítima.

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3. Em se tratando de ato omissivo, embora esteja a doutrina dividida


entre as correntes dos adeptos da responsabilidade objetiva e aqueles
que adotam a responsabilidade subjetiva, prevalece na jurisprudência a
teoria subjetiva do ato omissivo, de modo a só ser possível indenização
quando houver culpa do preposto.
4. Falta no dever de vigilância em hospital psiquiátrico, com fuga e suicídio
posterior do paciente. 5. Incidência de indenização por danos morais.

7. Recurso especial provido.

STF – RE 422.941 (6/12/2005)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA
ECONOMIA: REGULAMENTAÇÃO E REGULAÇÃO DE SETORES ECONÔMICOS:
NORMAS DE INTERVENÇÃO. LIBERDADE DE INICIATIVA. CF, art. 1º, IV; art.
170. CF, art. 37, § 6º. I. - A intervenção estatal na economia, mediante
regulamentação e regulação de setores econômicos, faz-se com respeito
aos princípios e fundamentos da Ordem Econômica. CF, art. 170. O
princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem econômica:
CF, art. 1º, IV; art. 170. II. - Fixação de preços em valores abaixo da realidade e
em desconformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre
exercício da atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa.
III. - Contrato celebrado com instituição privada para o estabelecimento de
levantamentos que serviriam de embasamento para a fixação dos preços, nos
termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou realizada em valores
inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente econômico,
vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do poder
público. CF, art. 37, § 6º. IV. - Prejuízos apurados na instância ordinária,
inclusive mediante perícia técnica. V. - RE conhecido e provido.

STF – RE 429.518/SC (17/8/2004)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO: ATOS DOS JUÍZES. C.F., ART. 37, § 6º. I. - A
responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser
nos casos expressamente declarados em lei. Precedentes do Supremo Tribunal
Federal. II. - Decreto judicial de prisão preventiva não se confunde com o
erro judiciário - C.F., art. 5º, LXXV - mesmo que o réu, ao final da ação
penal, venha a ser absolvido. III. - Negativa de trânsito ao RE. Agravo não
provido.

STF – RE 385.943 (15/12/2009)


E m e n t a: responsabilidade civil objetiva do estado (CF, art. 37, § 6º) -
configuração - "Bar Bodega" - decretação de prisão cautelar, que se
reconheceu indevida, contra pessoa que foi submetida a investigação penal pelo
poder público - adoção dessa medida de privação da liberdade contra

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quem não teve qualquer participação ou envolvimento com o fato


criminoso - inadmissibilidade desse comportamento imputável ao
aparelho de Estado - perda do emprego como direta conseqüência da indevida
prisão preventiva - reconhecimento, pelo Tribunal de Justiça local, de que se
acham presentes todos os elementos identificadores do dever estatal de reparar
o dano - não-comprovação, pelo Estado de São Paulo, da alegada inexistência do
nexo causal - caráter soberano da decisão local, que, proferida em sede recursal
ordinária, reconheceu, com apoio no exame dos fatos e provas, a inexistência
de causa excludente da responsabilidade civil do poder público -
inadmissibilidade de reexame de provas e fatos em sede recursal extraordinária
(Súmula 279/STF) - doutrina e precedentes em tema de responsabilidade civil
objetiva do estado - acórdão recorrido que se ajusta à jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal - recurso de agravo improvido.

STJ – REsp 816.209 (24/4/2014)


PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRADO. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA
182/STJ. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. PERSEGUIÇÃO POLÍTICA E TORTURA
DURANTE O REGIME MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE DE PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS
FUNDAMENTAIS DURANTE O PERÍODO DE EXCEÇÃO. INAPLICABILIDADE DO
ART. 1.º DO DECRETO N. 20.910/32. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ.
(...) 2. Conforme jurisprudência do STJ, são imprescritíveis as ações de
reparação por danos morais ajuizadas em decorrência de perseguição,
tortura e prisão, por motivos políticos, durante o Regime Militar.
Inúmeros precedentes (...)

STJ – Resp 435.266/SP (17/6/2004)


PROCESSO CIVIL E CIVIL - ATO ILÍCITO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO - INDENIZAÇÃO - HOMICÍDIO CULPOSO CAUSADO POR POLICIAL
MILITAR EM PERÍODO DE FOLGA - CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM
JULGADO - VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC - INEXISTÊNCIA - DANO MATERIAL
- PRESCRIÇÃO - QUANTITATIVO - JUROS MORATÓRIOS - SÚMULA 54/STJ -
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO.

(...) 3. O termo inicial da prescrição, em ação de indenização decorrente


de ilícito penal praticado por agente do Estado, somente tem início a
partir do trânsito em julgado da ação penal condenatória. Precedentes
desta Corte (...)

STJ – REsp 1089955/RJ (24/11/2009)


RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
DO ESTADO. MORTE DECORRENTE DE ERRO MÉDICO. DENUNCIAÇÃO À LIDE.
NÃO OBRIGATORIEDADE. RECURSO DESPROVIDO.

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1. Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva


do Estado (CF/88, art. 37, § 6º), não é obrigatória a denunciação à lide
do agente supostamente responsável pelo ato lesivo (CPC, art. 70, III).

2. A denunciação à lide do servidor público nos casos de indenização


fundada na responsabilidade objetiva do Estado não deve ser
considerada como obrigatória, pois impõe ao autor manifesto prejuízo à
celeridade na prestação jurisdicional. Haveria em um mesmo processo, além da
discussão sobre a responsabilidade objetiva referente à lide originária, a
necessidade da verificação da responsabilidade subjetiva entre o ente público e o
agente causador do dano, a qual é desnecessária e irrelevante para o eventual
ressarcimento do particular. Ademais, o direito de regresso do ente público em
relação ao servidor, nos casos de dolo ou culpa, é assegurado no art. 37, § 6º,
da Constituição Federal, o qual permanece inalterado ainda que inadmitida a
denunciação da lide. 3. Recurso especial desprovido.

STF - RE 518894 AgR / SP (2/8/2011)


EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS CAUSADOS
A TERCEIROS EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADE NOTARIAL. PRECEDENTES. 1.
Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, “o Estado
responde, objetivamente, pelos atos dos notários que causem dano a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos
casos de dolo ou culpa (C.F., art. 37, § 6º)” (RE 209.354-AgR, da relatoria do
ministro Carlos Velloso). 2. Agravo regimental desprovido.

STJ - REsp 1087862 / AM (2/2/2010)


ADMINISTRATIVO. DANOS MATERIAIS CAUSADOS POR TITULAR DE SERVENTIA
EXTRAJUDICIAL. ATIVIDADE DELEGADA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO
ESTADO.
1. Hipótese em que o Tribunal de origem julgou procedente o pedido deduzido
em Ação Ordinária movida contra o Estado do Amazonas, condenando-o a pagar
indenização por danos imputados ao titular de serventia.

2. No caso de delegação da atividade estatal (art. 236, § 1º, da Constituição),


seu desenvolvimento deve se dar por conta e risco do delegatário, nos moldes do
regime das concessões e permissões de serviço público.
3. O art. 22 da Lei 8.935/1994 é claro ao estabelecer a responsabilidade dos
notários e oficiais de registro por danos causados a terceiros, não permitindo a
interpretação de que deve responder solidariamente o ente estatal.

4. Tanto por se tratar de serviço delegado, como pela norma legal em comento,
não há como imputar eventual responsabilidade pelos serviços notariais
e registrais diretamente ao Estado. Ainda que objetiva a responsabilidade da

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Administração, esta somente responde de forma subsidiária ao delegatário,


sendo evidente a carência de ação por ilegitimidade passiva ad causam.
5. Em caso de atividade notarial e de registro exercida por delegação, tal
como na hipótese, a responsabilidade objetiva por danos é do notário,
diferentemente do que ocorre quando se tratar de cartório ainda
oficializado. Precedente do STF.

6. Recurso Especial provido.

STJ - REsp 624.975/SC (11/11/2010)


AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. TABELIONATO. AUSÊNCIA DE
PERSONALIDADE JURÍDICA. RESPONSABILIDADE DO TITULAR DO CARTÓRIO À
ÉPOCA DOS FATOS.

1. O tabelionato não detém personalidade jurídica, respondendo pelos danos


decorrentes dos serviços notariais o titular do cartório na época dos fatos.
Responsabilidade que não se transfere ao tabelião posterior. Precedentes.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

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Por hoje é só pessoal!

Bons estudos!

Erick Alves

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RESUMÃO DA AULA
TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Teoria da irresponsabilidade: o Estado não pode ser responsabilizado (Estados absolutistas; jamais existiu no
Brasil).
Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade do Estado depende da comprovação de culpa.
▪ Teoria da culpa comum ou civilista: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa do seu
agente. Apenas atos de gestão, mas não atos de império.
▪ Teoria da culpa administrativa: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa da
Administração (falta do serviço). Aplicável nos casos de omissão na prestação de serviço público.
Responsabilidade objetiva: a responsabilidade do Estado independe da comprovação de culpa. Basta existir o
dano, o fato do serviço e o nexo causal entre eles:
▪ Teoria do risco administrativo: admite excludentes -> aplicada como regra
▪ Teoria do risco integral: não admite excludentes -> apenas casos excepcionais: danos nucleares,
ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: ART. 37, §6º DA CF


▪ Consiste na obrigação de o Estado reparar danos (morais e materiais) causados a terceiros.
▪ É sempre de natureza civil e extracontratual.
▪ Resulta de condutas dos agentes públicos comissivas ou omissivas, lícitas ou ilícitas.
▪ Agentes devem atuar na condição de agentes públicos.

 A responsabilidade do Estado é objetiva: o Estado responde pelos danos causados por seus agentes
independentemente de culpa.
 A responsabilidade do agente é subjetiva: agente responde ao Estado, em ação regressiva, só se agir com
dolo ou culpa.

▪ Ato lesivo causado pelo agente público, nessa qualidade;


Elementos da
responsabilidade ▪ Ocorrência de um dano patrimonial ou moral;
objetiva ▪ Nexo de causalidade entre o dano e a atuação do agente.

▪ De direito público: todas (adm. direta, autarquias e fundações)


Alcança as
▪ De direito privado prestadoras de serviço público: EP, SEM, fundações e delegatárias.
pessoas jurídicas
✓ Estatais exploradoras de atividade econômica não!

Responsabilidade civil do Estado por ação ou omissão


 Ação -> responsabilidade objetiva -> teoria do risco administrativo
 Omissão -> responsabilidade subjetiva -> teoria da culpa administrativa

▪ Ação de indenização: 5 anos


Prescrição
▪ Ação regressiva: imprescritível

 A ação regressiva depende da condenação da pessoa jurídica a indenizar a vítima (trânsito em julgado);

 A ação regressiva transmite-se aos sucessores, até o limite da herança.

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EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
▪ Culpa exclusiva da vítima (em caso de culpa concorrente, a responsabilidade é atenuada,
proporcionalmente);
▪ Caso fortuito e força maior (eventos externos);
▪ Evento exclusivo de terceiros, inclusive multidões;
 O ônus da prova é da Administração!

ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS


 Responsabilidade do Estado por atos legislativos típicos
✓ Regra: NÃO HÁ
✓ Exceção: pode haver em caso de:
▪ Leis com efeitos concretos;
▪ Leis declaradas inconstitucionais pelo STF.
 Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais típicos
✓ Regra: NÃO HÁ
✓ Exceções: pode haver em caso de erro judiciário, unicamente na esfera penal; conduta dolosa ou
fraudulenta com intuito deliberado de causar prejuízo às partes ou a terceiros.

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS


 Só fato da obra -> não importa o executor -> responsabilidade civil objetiva do Estado
 Má execução da obra
✓ Execução a cargo da própria Administração -> responsabilidade civil objetiva do Estado
✓ Execução a cargo de particular contratado -> responsabilidade civil subjetiva do contratado

POSICIONAMENTOS IMPORTANTES DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA


➢ As concessionárias de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados por seus agentes a
terceiros, sejam usuários ou não-usuários do serviço prestado.
➢ Nos danos causados a pessoas sob a guarda do Estado (alunos de escolas públicas, detentos e pacientes
internados), a responsabilidade civil do Estado é objetiva, na modalidade risco administrativo, mesmo que
os danos não tenham sido diretamente causados por atuação de seus agentes.
➢ Suicídio de detento acarreta a responsabilidade objetiva do Estado, não sendo admitida exclusão da
responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
➢ Agente público como parte no polo passivo da ação de indenização:
▪ STF: os agentes não podem responder diretamente perante o lesado, nem mesmo em litisconsórcio, só
podendo vir a responder em ação regressiva, perante o Estado.
▪ Doutrina: o agente pode responder diretamente, inclusive em litisconsórcio passivo.
➢ Não é cabível a denunciação à lide do agente público (posição majoritária).
➢ Em regra, não há responsabilidade civil do Estado unicamente pela prisão preventiva de acusado que,
depois, venha a ser absolvido na sentença final (a menos que haja alguma ilegalidade na prisão).
➢ Responsabilidade civil dos notários (tabeliães):
▪ Subjetiva, ou seja, os notários só respondem em caso de dolo ou culpa.
▪ Ação de reparação prescreve em três anos.

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – TRT10 2013) Pela teoria da faute du service, ou da culpa do serviço,


eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado, isentando a administração
da responsabilidade pelo dano causado.

2. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) A teoria que impera atualmente no direito


administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral, segundo a qual a
comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar a condenação
do Estado. Entretanto, tal teoria reconhece a existência de excludentes ao dever de
indenizar.

3. (Cespe – Bacen 2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa, existindo o


fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido pelo administrado,
presume-se a culpa da administração.

4. (Cespe – DP/DF 2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as pessoas


jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a administração pública
responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros.

5. (FGV – OAB 2011) Um policial militar, de nome Norberto, no dia de folga, quando
estava na frente da sua casa, de bermuda e sem camisa, discute com um transeunte e
acaba desferindo tiros de uma arma antiga, que seu avô lhe dera.
Com base no relatado acima, é correto afirmar que o Estado
(A) será responsabilizado, pois Norberto é agente público pertencente a seus quadros.
(B) será responsabilizado, com base na teoria do risco integral.
(C) somente será responsabilizado de forma subsidiária, ou seja, caso Norberto não tenha
condições financeiras.
(D) não será responsabilizado, pois Norberto, apesar de ser agente público, não atuou
nessa qualidade; sua conduta não pode, pois, ser imputada ao Ente Público.

6. (Cespe – CNJ 2013) No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do poder


público é objetiva, adotando-se a teoria do risco administrativo, fundada na ideia de
solidariedade social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação dos serviços
públicos, exigindo-se a presença dos seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e
nexo causal. Admite-se abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade objetiva, se
coexistirem atenuantes ou excludentes que atuem sobre o nexo de causalidade.

7. (Cespe – PC/CE 2012) A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a
sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo de
causalidade.

8. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Para a configuração da responsabilidade civil


do Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. Embora a regra seja a de que os

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danos indenizáveis derivam de condutas contrárias ao ordenamento jurídico, há situações


em que a administração pública atua em conformidade com o direito e, ainda assim, produz
o dever de indenizar.

9. (Cespe – CADE 2014) No direito pátrio, as empresas privadas delegatárias de serviço


público não se submetem à regra da responsabilidade civil objetiva do Estado.

10. (Cespe – TCE/ES 2012) De acordo com o entendimento do STF, empresa


concessionária de serviço público de transporte responde objetivamente pelos danos
causados aos usuários de transporte coletivo.

11. (Cespe – PC/BA 2013) O corte de energia elétrica por parte da concessionária de
serviço público presume a existência de dano moral, sendo desnecessária a comprovação
dos prejuízos sofridos à honra objetiva de empresa ou usuário afetado pela interrupção do
serviço.

12. (Cespe – TCDF 2012) A responsabilidade do Estado por danos causados por
fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.

13. (Cespe – Câmara dos Deputados 2012) O fato de um detento morrer em


estabelecimento prisional devido a negligência de agentes penitenciários configurará
hipótese de responsabilização objetiva do Estado.

14. (Cespe – TJDFT 2013) Se um particular sofrer dano quando da prestação de serviço
público, e restar demonstrada a culpa exclusiva desse particular, ficará afastada a
responsabilidade da administração. Nesse tipo de situação, o ônus da prova, contudo,
caberá à administração.

15. (Cespe – MIN 2013) Considere que um particular, ao avançar o sinal vermelho do
semáforo, tenha colidido seu veículo contra veículo oficial pertencente a uma autarquia que
trafegava na contramão. Nessa situação, o Estado deverá ser integralmente
responsabilizado pelo dano causado ao particular, dado que, no Brasil, se adota a teoria da
responsabilidade objetiva e, de acordo com ela, a culpa concorrente não elide nem atenua a
responsabilidade do Estado de indenizar.

16. (Cespe – DP/AC 2012) Um paciente internado em hospital público de determinado


estado da Federação cometeu suicídio, atirando-se de uma janela próxima a seu leito,
localizado no quinto andar do hospital. Com base nessa situação hipotética, fica excluída a
responsabilidade do Estado, por ter sido a culpa exclusiva da vítima, sem possibilidade de
interferência do referido ente público.

17. (Cespe – Ministério da Justiça 2013) Caso ocorra o suicídio de um detento dentro de
estabelecimento prisional mantido pelo Estado, a administração pública, segundo
entendimento recente do STJ, estará, em regra, obrigada ao pagamento de indenização por
danos morais.

18. (Cespe – PGE/BA 2014) Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo
particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato ocasione sérios

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danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando essa situação hipotética e a


responsabilidade civil da administração pública, julgue o item subsequente.
No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado prescreverá em vinte
anos.

19. (Cespe – TRT10 2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região metropolitana de
determinado município é acometida por inundações, o que causa graves prejuízos a seus
moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores preponderantes causadores das
enchentes são o sistema deficiente de captação de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas
vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor ação
contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público responsável, visto que a
responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é solidária.

20. (Cespe – GDF 2013) Aplica-se a prescrição quinquenal no caso de ação regressiva
ajuizada por autarquia estadual contra servidor público cuja conduta comissiva tenha
resultado no dever do Estado de indenizar as perdas e danos materiais e morais sofridos
por terceiro.

21. (Cespe – MDIC 2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de determinado
ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha colidido contra um veículo
de particular que estava devidamente estacionado. Nessa situação, embora o Estado seja
obrigado a indenizar o dano, somente haverá o direito de regresso do Estado caso se
comprove o dolo específico na conduta do servidor.

22. (Cespe – TCDF 2014) De acordo com o sistema da responsabilidade civil objetiva
adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo discricionário, decidir se intenta
ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda que este tenha agido com
culpa ou dolo.

23. (Cespe – MTE 2014) O servidor que, por descumprimento de seus deveres funcionais,
causar dano ao erário, ficará obrigado ao ressarcimento, em ação regressiva.

24. (Cespe – MPTCDF 2013) O Estado só responderá pela indenização ao indivíduo


prejudicado por ato legislativo quando este for declarado inconstitucional pelo STF.

25. (Cespe – DP/DF 2013) Considere que o Poder Judiciário tenha determinado prisão
cautelar no curso de regular processo criminal e que, posteriormente, o cidadão aprisionado
tenha sido absolvido pelo júri popular. Nessa situação hipotética, segundo entendimento do
STF, não se pode alegar responsabilidade civil do Estado, com relação ao aprisionado,
apenas pelo fato de ter ocorrido prisão cautelar, visto que a posterior absolvição do réu pelo
júri popular não caracteriza, por si só, erro judiciário.

26. (Cespe – TCDF 2014) Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado quando, em
processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar providência requerida pela parte.

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27. (Cespe – TJDFT 2013) Suponha que o TJDFT, por intermédio de um oficial de justiça,
no exercício de sua função pública, pratique ato administrativo que cause dano a terceiros.
Nessa situação, não se aplicam as regras relativas à responsabilidade civil do Estado, já
que os atos praticados pelos juízes e pelos auxiliares do Poder Judiciário não geram
responsabilidade do Estado.

28. (ESAF – PGFN 2007) Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as normas
para a operacionalização da assunção, pela União, de responsabilidades civis perante
terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos.

29. (FCC – TRT15 2015) Os princípios que informam a atuação da Administração pública,
embora possam ser isoladamente identificados como parâmetros para controle das funções
executivas, na maior parte das vezes expressam-se por meio de normas que não lhes
fazem alusão direta. Como exemplo da presença implícita do princípio que se destaca nas
diversas atribuições e obrigações da Administração pública pode-se mencionar a
a) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, em decorrência da prática de
atos lícitos, que bem representa o conteúdo do princípio da isonomia, de forma a evitar a
distribuição desigual dos ônus entre os administrados.
b) responsabilidade civil do Estado sob a modalidade objetiva, como forma de expressão do
princípio da moralidade, na medida em que seria excessivo exigir do administrado
demonstrar culpa do agente público em determinado evento.
c) ação regressiva cabível em face dos agentes públicos causadores de danos que tenham
sido ressarcidos pelo Estado sob a modalidade da responsabilidade objetiva, como forma de
manifestação do princípio da eficiência, na medida em que permite o atingimento de dupla
finalidade, financeira e disciplinar.
d) modalidade objetiva de responsabilização do Estado, em que não há culpa nem é
necessário demonstrar o nexo causal, como expressão do princípio da impessoalidade, visto
que independe da identificação do agente público.
e) ação regressiva em face do agente público causador dos danos, sob a modalidade
objetiva, como expressão do princípio da legalidade, na medida em que a atuação ilícita
deve ser sancionada e o prejuízo reparado.

30. (FCC – Defensor Público SP 2015) Considere as assertivas abaixo acerca do tema
Responsabilidade Civil do Estado.
I. A Constituição Federal define, em seu artigo 37, § 6º, o instituto da responsabilidade
extracontratual objetiva às pessoas jurídicas de direito público interno e, com relação às
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, a responsabilidade
subjetiva, facultando, em ambos os casos, ação de regresso em face do funcionário
responsável pela ocorrência.
II. Para configurar a hipótese de responsabilidade objetiva do Estado deverão concorrer
requisitos, quais sejam o fato administrativo, assim compreendido o comportamento de
agente do Poder Público, independentemente de culpa ou dolo, ainda que fora de suas
funções, mas a título de realizá-las, o dano, patrimonial ou moral, que acarrete um prejuízo
ao administrado e a relação de causalidade entre o fato e o dano percebido.

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III. Em princípio, os atos judiciais, aqueles praticados por membros do Poder Judiciário
como exercício típico da função jurisdicional, não acarretam a responsabilização objetiva do
Estado em indenizar o jurisdicionado, salvo nas hipóteses de erro judiciário, prisão além do
período definido em sentença e em outros casos expressos em lei.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) I.
e) III.

31. (FCC – Sefaz/PI 2015) Determinado servidor da Secretaria da Fazenda inseriu


informações falsas sobre cidadão, seu desafeto, no cadastro de contribuintes do Estado,
fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de inadimplentes. Diante
dessa situação, o cidadão, que é um pequeno empresário, sofreu diversos prejuízos morais
e patrimoniais, especialmente em decorrência de restrições de crédito. A responsabilidade
do Estado pelos danos sofridos pelo cidadão é
a) afastada, se comprovada culpa exclusiva do agente público, o qual responde civilmente
perante o cidadão prejudicado e administrativamente por falta disciplinar.
b) condicionada à comprovação de dolo do servidor, circunstância que, se presente, obriga
o Estado a indenizar os danos patrimoniais e morais sofridos pelo cidadão.
c) decorrente da prestação do serviço público, não estando presente na situação narrada
em face da conduta dolosa do agente público.
d) subjetiva, dependendo, pois, da prévia responsabilização do agente público em processo
disciplinar ou administrativo.
e) objetiva, dependendo, para efeito do dever de indenizar o cidadão, da comprovação do
nexo de causalidade entre a conduta do servidor e os danos sofridos.

32. (FCC – Sefaz/PI 2015) Autoridades policiais efetuaram a prisão de determinado


cidadão, sob a acusação de prática de ilícito penal qualificado. Durante a tramitação da ação
penal, o réu persistia alegando sua inocência, afirmando que jamais estivera no local dos
fatos. Dois anos após o início da ação penal, em atendimento de urgência, as autoridades
policiais locais efetuaram a prisão em flagrante de outro cidadão pela prática de crime da
mesma natureza daquele que motivou a condenação acima mencionada, ocasião em que se
constatou homonímia em relação às duas pessoas. Checados os documentos de
identificação, restou apurado que coincidiam, não só o nome dos homônimos, mas também
de suas genitoras. O primeiro cidadão mencionado terminou por ser absolvido e posto em
liberdade. Em relação a este, considerando o período em que foi injustamente privado de
sua liberdade
a) responde civilmente o Estado, sob a modalidade subjetiva, na medida em que os atos de
determinar e efetuar a prisão são de natureza comissiva e, como tal, prescindem da
demonstração de culpa dos agentes públicos.

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b) responde civilmente o Estado em razão da ação ou omissão das autoridades policiais,


não se podendo imputar responsabilidade baseada na atuação do magistrado da ação
penal, tendo em vista que não pode ser considerado servidor público e, portanto, agente
público para fins de responsabilização.
c) não responde civilmente o Estado, em razão dos agentes públicos terem agido em estrito
cumprimento do dever legal, o que exclui a responsabilidade ainda que seja identificado
nexo de causalidade entre a ação estatal e os danos causados.
d) responde civilmente o Estado no caso de ser demonstrada ação ou omissão dos agentes
públicos ou mesmo do serviço, incluído o magistrado que atuou na ação penal, que forme
nexo de causalidade com os danos experimentados pelo cidadão que ficou preso
indevidamente.
e) não responde civilmente, salvo se ficar comprovada culpa do magistrado, ou seja, que
tinha como identificar a homonímia, não se estendendo a responsabilização à atuação dos
agentes policiais, em razão do ato ser escopo de sua atuação.

33. (FCC – Sefaz/PE 2015) Um servidor da Secretaria da Fazenda lançou,


equivocadamente, dados de uma determinada empresa no sistema de informações de
dívidas tributárias, fazendo com que a mesma figurasse como devedora. Necessitando de
uma certidão negativa de débitos, o contribuinte deparou-se com o apontamento errôneo e
solicitou a correção, a qual, contudo, demorou um considerável período de tempo. A referida
empresa acionou judicialmente a Fazenda Estadual, pleiteando indenização pelos prejuízos
sofridos em decorrência do erro, notadamente em função de sua inabilitação em licitação da
qual estava participando. Na hipotética situação narrada, a Fazenda
a) terá, se condenada judicialmente a indenizar o contribuinte, direito de regresso em face
do servidor, independentemente de comprovação de dolo ou culpa do mesmo.
b) somente estará obrigada a indenizar o contribuinte se comprovada culpa do servidor.
c) deverá indenizar o contribuinte com base na sua responsabilidade subjetiva, decorrente
da omissão do dever de fiscalizar a atuação de seus agentes.
d) não está obrigada a indenizar o contribuinte, que, contudo, poderá acionar o servidor que
cometeu o erro.
e) deverá indenizar o contribuinte pelos prejuízos suportados, desde que comprovado o
nexo de causalidade com a conduta do agente público, independentemente de
comprovação de culpa do mesmo.

34. (FCC – Manausprev 2015) Determinado município iniciou programa de canalização


de córregos, a fim de implementar parte do programa de governo pertinente a saneamento.
Além do mau cheiro causado pelas obras, houve interrupção da avenida que margeava o
córrego, impedindo acesso por alternados, mas sucessivos e extensos períodos.
Determinado empresário, inconformado com o tempo de duração das obras e diante da
relevante queda de faturamento de sua empresa viu-se obrigado a reduzir seu quadro de
funcionários, gerando insatisfação também para os demitidos. Em função desse cenário,
ajuizou medida judicial para buscar ressarcimento do município. A medida

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a) possuiria chance de êxito caso tivesse sido ajuizada em face da empreiteira responsável
pela obra, tendo em vista que os danos foram causados pela mesma.
b) deve ser improcedente, posto que incide hipótese de excludente de responsabilidade, na
medida em que se configura o exercício regular das competências do município, que
somente responderia diante de comprovada culpa ou dolo.
c) pode ser procedente, comprovados os danos excepcionais e extraordinários impostos à
empresa, ensejando a responsabilidade objetiva do município.
d) pode ser procedente se for comprovada culpa do município, tendo em vista que a causa
de pedir reside em ato omissivo do ente público.
e) não possui chances de êxito, tendo em vista que inexistiu ilicitude na conduta do ente
público, que estava regular e licitamente implementando política pública de inegável
interesse público.

35. (FCC – Manausprev 2015) Diante da ocorrência de acidente de trânsito envolvendo


veículos civis e militares, em razão do qual os particulares aduzem terem sofrido danos
materiais de grande monta, atribuindo a responsabilidade pela colisão aos agentes públicos
que teriam avançado cruzamento quando a sinalização lhes era contrária, cabe
a) aos particulares comprovar o nexo de causalidade entre a atuação dos agentes públicos
e os danos concretos sofridos, invocando a responsabilidade objetiva do Estado.
b) à Administração comprovar a culpa das vítimas, única hipótese de exclusão da
responsabilidade extracontratual do Estado.
c) aos particulares aguardar a conclusão do processo administrativo que deve
obrigatoriamente ser instaurado, para, com base na conclusão do mesmo, deduzir em juízo
sua pretensão indenizatória.
d) à Administração comprovar a ausência de nexo de causalidade, para fins de afastar sua
culpa pelo acidente, sem prejuízo da responsabilização dos agentes públicos envolvidos.
e) aos particulares comprovar a culpa dos agentes públicos, ou seja, que agiram com
imprudência pois não estavam atendendo chamado de emergência, para fins de
caracterização de responsabilidade objetiva.

36. (FCC – Procurador São Luís 2016) Não é inusitado dentre os países da América do
Sul passar por graves crises econômicas, experimentando trajetória de alta dos preços de
produtos de consumo em massa, o que ocasiona aumento das expectativas inflacionárias.
Alguns países, como a Argentina, já adotaram a política de congelamento como estratégia
para conter a disparada inflacionária, controlando as revisões de tarifas e preços, gerando
sucessivas e cumulativas perdas para produtores. Considere que essa seja uma conduta
adotada no Brasil, de modo que a Administração pública federal, pelas vias legalmente
previstas, impeça repasse de perdas inflacionárias e aumentos reais de preços nos produtos
da cesta básica, bem como que congele tarifas de serviços públicos. Sob o prisma dos
envolvidos na produção, distribuição ou comercialização dos referidos produtos e serviços,
com base no ordenamento jurídico pátrio,

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a) deve haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade objetiva pura,


tendo em vista que lhe é vedado intervir na ordem econômica, funcionando o princípio da
livre regulação de mercado.
b) pode haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade subjetiva,
cabendo ao prejudicado demonstrar a ocorrência de culpa do serviço público.
c) é possível se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública, mesmo
diante do cenário de atuação lícita, posto que dessa podem ter advindo danos
extraordinários, excedendo o limite do sacrifício que poderia ser imposto aos administrados.
d) não cabe responsabilização extracontratual da Administração pública, tendo em vista que,
em matéria de intervenção na ordem econômica, mesmo medidas que imponham prejuízos
aos administrados se legitimam caso tenham sido legalmente implementadas.
e) para que possa se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública é
necessário demonstrar que as medidas adotadas foram especiais, desproporcionais e
extraordinárias, o que implica no dever de indenizar em razão da conduta, prescindindo da
demonstração dos danos.

37. (FCC – TCE/CE 2015) Emengardo sofre acidente de veículo e é levado ao hospital
público local. No hospital, após aguardar 5 horas por atendimento médico sem recebê-lo,
Emengardo vem a falecer. Neste caso, pela morte de Emengardo, o Estado
a) tem responsabilidade solidária.
b) tem responsabilidade integral.
c) não tem responsabilidade.
d) tem responsabilidade subsidiária.
e) tem responsabilidade subjetiva.

38. (FCC – TRT23 2016) Considere a seguinte situação hipotética: em determinado


Município do Estado do Mato Grosso houve grandes deslizamentos de terras provocados
por fortes chuvas na região, causando o soterramento de casas e pessoas. O ente público
foi condenado a indenizar as vítimas, em razão da ausência de sistema de captação de
águas pluviais que, caso existisse, teria evitado o ocorrido. Nesse caso, a condenação está
a) correta, tratando-se de típico exemplo da responsabilidade disjuntiva do Estado.
b) incorreta, por ser hipótese de exclusão da responsabilidade em decorrência de fator da
natureza.
c) correta, haja vista a omissão estatal, aplicando-se a teoria da culpa do serviço público.
d) correta, no entanto, a responsabilidade estatal, no caso, deve ser repartida com a da
vítima.
e) incorreta, haja vista que o Estado somente responde objetivamente, e, no caso narrado,
não se aplica tal modalidade de responsabilidade.

39. (FCC – Manausprev 2015) Uma empresa privada, concessionária de serviço público
de distribuição de gás, está sendo processada em ação de indenização movida por um

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administrado que se feriu gravemente ao cair em um bueiro que estava com a tampa
deslocada. Pretende o administrado a responsabilização objetiva da empresa. A decisão de
processar a concessionária de serviço público
a) não é coerente com o ordenamento jurídico, que restringe a responsabilidade objetiva ao
Estado.
b) possui amparo no ordenamento jurídico, mas a empresa responde sob a modalidade
subjetiva, porque tem personalidade jurídica de direito privado.
c) não possui amparo legal, tendo em vista que se tratou de evento de força-maior,
inevitável e imprevisível.
d) não possui amparo no ordenamento jurídico pois deveria ter sido ajuizada em face da
concessionária e do Estado, vez que há solidariedade na responsabilidade.
e) possui amparo no ordenamento jurídico vigente, vez que as concessionárias de serviço
público respondem objetivamente pelos danos que causarem no desempenho de suas
atividades.

40. (FCC – TRT3 2015) Uma empresa estatal, delegatária de serviço de transporte urbano
intermunicipal, foi acionada judicialmente por sucessores de um suposto passageiro que, no
trajeto entre duas estações, juntou-se a um grupo de clandestinos para a prática de “surf
ferroviário”, mas acabou se acidentando fatalmente. O resultado da ação é de provável
a) procedência, tendo em vista que a responsabilidade das estatais é regida pela teoria do
risco integral, de modo que é prescindível a demonstração de culpa do passageiro.
b) improcedência, tendo em vista que as concessionárias de serviço público não respondem
objetivamente, mas sim subjetivamente, tendo em vista que são submetidas a regime
jurídico de direito privado.
c) improcedência, pois a modalidade objetiva de responsabilidade a que se sujeitam as
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público não afasta a incidência
das excludentes de responsabilidade, tais como a culpa exclusiva da vítima.
d) procedência, mas como não foi comprovada a condição de passageiro da vítima, a ação
deve se processar como responsabilidade subjetiva, cabendo aos sucessores do falecido
comprovar que houve culpa dos agentes da delegatária de serviço público.
e) improcedência, tendo em vista que as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público respondem objetivamente por danos causados às vítimas, mas, como se
trata de norma excepcional, no caso de falecimento, esse direito não se transfere aos
sucessores, que podem apenas deduzir pleito de responsabilidade subjetiva em face da
delegatária.

41. (ESAF MDIC 2012) Assinale a opção em que a responsabilidade civil dar-se-á de
forma subjetiva.
a) Responsabilidade pela omissão também chamada de serviço deficiente ou falta do
serviço.
b) Responsabilidade do Estado pelo ato comissivo ensejador de dano que seu agente cause
a terceiro.

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c) Responsabilidade dos prestadores de serviço público por ato comissivo causador de dano
ao usuário do serviço.
d) Responsabilidade pela omissão ensejadora de serviço deficiente, ocasionando dano
nuclear.
e) Responsabilidade pela atuação omissiva do Estado no seu dever de assegurar a
integridade de pessoas ou coisas.

42. (ESAF – IRB 2006) Caio, servidor público federal efetivo e regularmente investido na
função pública, motorista da Presidência da República, ao dirigir carro oficial em serviço,
dorme ao volante e atropela uma pessoa que atravessava, prudentemente, em uma faixa de
pedestres em Brasília, ferindo-a.
Considerando essa situação hipotética e os preceitos, a doutrina e a jurisprudência da
responsabilidade civil do Estado, assinale a única opção correta.
a) Na hipótese, há aplicação da teoria do risco integral.
b) A teoria aplicada ao caso para a responsabilização do Estado é a subjetiva.
c) No âmbito de ação indenizatória pertinente e após o seu trânsito em julgado, Caio nunca
poderá ser responsabilizado, regressivamente, caso receba menos de dois salários
mínimos.
d) Caso Caio estivesse transportando material radioativo, indevidamente acondicionado, que
se propagasse no ar em face do acidente, o Estado só poderia ser responsabilizado pelo
dano oriundo do atropelamento.
e) Na teoria do risco administrativo, há hipóteses em que, mesmo com a responsabilização
objetiva, o Estado não será passível de responsabilização.

43. (ESAF – GDF 2013) A respeito da Responsabilidade Civil do Estado, analise os itens
a seguir:
I. O Distrito Federal responde pelos danos que seus servidores, nessa qualidade, causarem
a terceiro por culpa exclusiva da vítima;
II. A responsabilidade civil do agente público, em face de ação regressiva perante a
Administração Pública, é objetiva;
III. De acordo com recente decisão do Superior Tribunal de Justiça, reconheceu-se culpa
exclusiva da vítima, que foi atropelada em linha férrea, utilizando passagem clandestina
aberta no muro sem conservação e sem fiscalização da empresa ferroviária;
IV. Haverá responsabilidade civil objetiva do Estado, de acordo com posicionamento do
Superior Tribunal de Justiça, no caso de presidiário que se suicidou no estabelecimento
prisional, tendo em vista que é dever do Estado proteger seus detentos, inclusive contra si
mesmo;
V. Com referência à Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais, na jurisprudência
brasileira, como regra, prevalece a admissibilidade da responsabilidade civil, devendo a
ação ser proposta contra a Fazenda Estadual, a qual tem o direito de regresso contra o
magistrado responsável, nos casos de dolo ou culpa.

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A quantidade de itens corretos é igual a:


a) 4
b) 2
c) 3
d) 1
e) 5

44. (ESAF – TCU 2006) Sobre a responsabilidade civil da Administração, assinale a


afirmativa falsa.
a) A responsabilidade decorre de ato comissivo ou omissivo, culposo ou doloso.
b) A obrigação do servidor em reparar o dano estende-se a seus sucessores, até o limite do
valor da herança.
c) Tratando-se de dano causado a terceiro, o servidor responderá mediante denunciação à
lide.
d) A responsabilidade objetiva pode abranger ações de agentes de empresas privadas,
desde que concessionárias de serviços públicos.
e) É possível a responsabilidade do Estado por ato jurisdicional.

45. (ESAF – SEFAZ/CE 2007) A teoria que responsabiliza o Estado pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros sem admitir qualquer excludente de responsabilidade em
defesa do Estado denomina-se teoria
a) objetiva.
b) subjetiva.
c) da falta do serviço.
d) da irresponsabilidade.
e) do risco integral.

46. (ESAF – CGU 2006) No caso de responsabilidade civil do Estado, por dano causado a
outrem, cabe ação regressiva, contra o agente causador, que tenha agido culposa ou
dolosamente, mas constitui requisito essencial para tanto, ter havido
a) ajuizamento de ação pelo paciente, cobrando indenização do dano.
b) condenação do Estado a indenizar o paciente.
c) reconhecimento de culpa ou dolo, por parte do agente.
d) prova produzida pelo paciente, de culpa ou dolo do agente.
e) recusa do agente em assumir o ônus da reparação desse dano.

47. (ESAF – AFRFB 2012) Em relação ao tema da Responsabilidade Civil do Estado,


analise as questões a seguir, identificando se são verdadeiras (V) ou falsas (F).

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Após a análise das opções, assinale aquela que apresenta a sequência correta.
( ) Segundo a posição majoritária da doutrina administrativista, o fato de ser atribuída
responsabilidade objetiva a pessoa jurídica não significa exclusão do direito de agir
diretamente contra aquele agente do Poder Executivo que tenha causado o dano.
( ) O cidadão prejudicado pelo evento danoso poderá mover ação contra pessoa jurídica de
direito público e contra o agente do Poder Executivo responsável pelo fato danoso em
litisconsórcio facultativo, já que são eles ligados por responsabilidade solidária.
( ) Como a responsabilidade do agente causador do dano acompanha a responsabilização
do Estado, será cabível ação de regresso quando o Estado houver sido responsabilizado
objetivamente ainda que o agente não tenha agido com dolo ou culpa.
( ) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao Erário movidas pelo Estado contra
seus servidores que tenham praticado ilícitos dos quais decorram prejuízos aos cofres
públicos.
a) V, V, V, V
b) F, V, V, V
c) V, F, V, V
d) V, V, F, V
e) V, V, V, F.

48. (ESAF – Pref/RJ 2010) No tocante à Responsabilidade Civil do Estado, assinale a


opção correta, conforme o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal sobre a
matéria.
a) Os atos jurisdicionais típicos podem ensejar responsabilidade civil objetiva do Estado,
sem maiores distinções em relação aos atos administrativos comuns.
b) É viável ajuizar ação de responsabilidade diretamente em face do agente público
causador do dano, ao invés de ser proposta contra a pessoa jurídica de direito público.
c) O Estado não é passível de responsabilização civil objetiva por atos praticados por
notários.
d) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público é objetiva em relação aos usuários, bem como em relação a terceiros não usuários
do serviço público.
e) Só haverá responsabilidade objetiva do Estado se o ato causador do dano for ilícito.

49. (Cespe – MPTCE/PB 2014) A respeito da responsabilidade do Estado por atos da


administração pública, assinale a opção correta.
a) As teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado sempre
caminharam paralelamente e, no Brasil, a partir da Constituição de 1937, prevalecem as
teorias objetivas.

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Teoria e exercícios comentados
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b) A Constituição Imperial do Brasil de 1824 trouxe expressamente hipóteses de


responsabilidade da administração pública por atos praticados na esfera do Poder
Moderador.
c) A CF rompeu completamente com a Constituição anterior quanto à forma de tratar a
responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública no direito
brasileiro.
d) A CF inovou em relação às constituições anteriores ao prever a possibilidade de
responsabilização de forma objetiva das pessoas jurídicas de direito privado que prestem
serviço público.
e) As teorias acerca da responsabilidade patrimonial do Estado sempre estiveram pautadas
na necessidade de a administração pública rever seus atos e se responsabilizar por eles.

50. (Cespe – TRE/MS 2013) Determinada professora da rede pública de ensino recebeu
ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais de uma vez, alertou à direção da
escola, que se manteve omissa. Nessa situação hipotética, caso se consumem as
agressões, a indenização será devida
a) pelo Estado, objetivamente.
b) pelos pais do aluno e pelo Estado em decorrência do sistema de compensação de culpas.
c) pelo Estado, desde que presentes os elementos que caracterizem a culpa.
d) pelos pais do aluno e, subsidiariamente, pelo Estado.
e) pelos pais do aluno, em virtude do poder familiar.

51. (Cespe – DP/AC 2012) Em uma escola pública localizada no interior de determinado
estado da Federação, um aluno efetuou disparo de arma de fogo, dentro da sala de aula,
contra a professora, ferindo-a em um dos ombros.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que se refere aos danos
causados à professora.
a) Não há responsabilidade civil do Estado, por terem sido os referidos danos causados por
terceiro.
b) Não há responsabilidade civil do Estado, dada a não configuração de dano direto.
c) Há responsabilidade civil objetiva do Estado.
d) Há responsabilidade civil subjetiva do Estado.
e) Há responsabilidade civil indireta do Estado.

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GABARITO

2) E 3) E 4) E 5) d
1) E
7) C 8) C 9) E 10) C
6) C
12) C 13) C 14) C 15) E
11) E
17) C 18) E 19) E 20) E
16) C
22) E 23) E 24) E 25) C
21) E
27) E 28) C 29) a 30) c
26) C
32) d 33) e 34) c 35) a
31) e
37) e 38) c 39) e 40) c
36) c
42) e 43) d 44) c 45) e
41) a
47) d 48) d 49) d 50) c
46) b

51) c

Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo: Método,
2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista Digital
de Direito Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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