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Proposta de Revisão do Regime Jurídico

do Internato Médico
Associação de Médicos pela Formação Especializada

Autores: Estevão Soares dos Santos


Afonso Moreira
Maria Inês Lopes
Ana Carolina Manco

Data: 19 de maio de 2016

Última revisão: 25 de Março de 2018


Proposta de Revisão do Regime Jurídico do Internato - AMPFE

SUMÁRIO EXECUTIVO
Um dos fatores críticos do sucesso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o da qualificação e
desenvolvimento técnico-científico dos médicos.

No entanto, e apesar da sua extrema importância, nos últimos anos vários alertas têm vindo a
ser feitos quanto à degradação da formação médica e as possíveis consequências nefastas para
a qualidade do SNS.

O elevado número de alunos nas Escolas Médicas, traduzido por um rácio nacional de 7,53
estudantes por tutor, levanta problemas não só para a qualidade de formação dos alunos e
internos como também para a própria satisfação e bem-estar dos utentes que recorrem aos
hospitais universitários.

Por outro lado, o número cada vez maior de formados em Medicina representa também um
enorme desafio para a formação pós-graduada em Portugal. Por acréscimo, a complexidade
estrutural e técnica atual de todo o processo de formação médica, no qual intervêm múltiplos
órgãos públicos e estatais com responsabilidades partilhadas e, por vezes, sobreponíveis, tem
sido marcada por falhas e falta de transparência, não só na avaliação das idoneidades e
capacidades formativas como na própria organização dos concursos de acesso.

Estes fatores conduziram a que, em 2015, 114 médicos se vissem impedidos de prosseguir a sua
formação específica por insuficiência de vagas aquando a escolha, levando à criação de, pela
primeira vez no contexto da formação médica moderna, “médicos indiferenciados”, prevendo-
se que o seu número aumente acentuadamente num futuro próximo. Só este ano, espera-se
que mais de 700 candidatos dos cerca de 2400 não escolham vaga de especialidade. Isto apesar
de mais de 2000 candidatos e, portanto, boa parte dos possíveis excluídos, ter obtido 50% ou
mais na Prova Nacional de Seriação. Se a situação não for invertida até 2021, estima-se que
sejam criados cerca de 4 mil médicos sem especialidade, situação extremamente preocupante
e um retrocesso para o SNS português.

Esta situação de aparente excedentário contrasta, no entanto, com o panorama de médicos


especialista no SNS. Os dados preliminares do Inventário Nacional dos Profissionais de Saúde
apontam para um decréscimo de médicos especialistas entre 2014 e 2016, sendo as zonas do
interior as mais afetadas. A distribuição geográfica atual dos internos mimetiza e agrava o
problema. De facto, 90% dos internos encontram-se concentrados nos grandes centros de
Lisboa, Porto e Coimbra. O envelhecimento da população médica, o aumento da emigração

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médica e a insatisfação dos Internos da Especialidade tenderão a dificultar a fixação de médicos


nas zonas carenciadas, agravando ainda mais o problema nos próximos anos.

É necessário, portanto, inverter a atual tendência com soluções a curto, médio e longo prazo.

Nesse sentido, a Associação de Médicos pela Formação Especializada propõe uma


reestruturação do atual regime do internato médico, com as seguintes medidas/orientações
gerais:

Reforço das competências do Conselho Nacional do Internato Médico


Como órgão responsável pela coordenação e supervisão da Formação Médica, passa também a
ser responsável, em estrita articulação com a Ordem dos Médicos e com o Ministério da Ciência
e do Ensino Superior, pela supervisão das Escolas Médicas, no que respeita às capacidades
formativas para os estágios clínicos da mesma. A Formação Médica deve ser encarada como
um processo contínuo pré e pós-graduado.

Alteração da constituição do Conselho Nacional do Internato Médico


Considerando as novas competências deste órgão, integra também representantes das Escolas
Médicas e da Associação Nacional de Estudantes de Medicina.

Substituição do Ano Comum pelo Internato Geral


O Internato Geral é uma etapa profissionalizante, remunerada, e com a duração de 2 anos, na
formação dos médicos formados pelas Escolas Médicas Portuguesas, com o objetivo de estes
adquirirem os conhecimentos técnico, científicos, operacionais e éticos necessários à boa
prática da medicina.

O Currículo deve ser mais diversificado que o atual, e incluir módulos ou seminários que
abordem temáticas mais variada, identificadas pelos internos como atualmente deficitárias.
Ex: Como preencher um certificado de óbito corretamente; Como e quando notificar uma
doença de notificação obrigatória; Quais os direitos e deveres do interno; Suporte Avançado de
Vida; Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais - Como proceder; Atestados/declarações -
Carta de Condução, Licença de Porte de Arma, Tribunal; etc…

Deve também conter no seu currículo uma maior percentagem de estágios opcionais por forma
a permitir ao interno o contacto com diversas especialidades que pondera seguir. Isto permite,
em teoria, que o interno realize uma escolha mais informada da especialidade e, por

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conseguinte, diminua o número de internos que procuram mudar de especialidade durante a


sua formação.

A avaliação final do Internato Geral é a Prova Nacional de Avaliação e Seriação.

Acesso ao Internato Geral e articulação com o numerus clausus e capacidades


formativas da formação específica
O Internato Geral é de frequência obrigatória para os médicos formados pelas Escolas Médicas
Portuguesas que pretendam exercer clínica de forma autónoma. Assim, compete às Escolas
Médicas, em articulação com o Conselho Nacional do Internato Médico e Ordem dos Médicos,
assegurar que os seus estudantes de medicina poderão frequentar o Internato Geral,
adequando as vagas das Escolas Médicas às capacidades formativas previsivelmente
disponíveis para realização do Internato Geral após conclusão do curso de Medicina.

Compete ao Conselho Nacional do Internato Médico e Ordem dos Médicos adequar as


capacidades formativas do Internato Geral às capacidades formativas do Internato da
Formação Específica, por forma a evitar a criação de médicos sem especialidade.

Autorização para exercer medicina em Portugal


Sendo da competência exclusiva da Ordem dos Médicos, sugere-se que os Médicos formados
pelas Escolas Médicas Estrangeiras tenham autorização para exercer segundo os seguintes
critérios:

• Licenciatura em Medicina ou equivalente, reconhecida pela Ordem dos Médicos


• Diploma Avançado de Português Língua Estrangeira (DAPLE) - Nível de Língua C1.
Cidadãos portugueses ou naturais de países de língua oficial portuguesa estariam
isentos da apresentação deste diploma
• Aproveitamento na Prova de Português Técnico-Médico, uma nova prova de grande
rigor técnico-científico a criar pela Ordem dos Médicos

Autonomia
Para os médicos formados pelas Escolas Médicas Portuguesas, a autonomia seria obtida
automaticamente após conclusão, com aproveitamento, do Internato Geral e realização da
PNAS.

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Para os médicos formados pelas Escolas Médicas Estrangeiras, a autonomia é obtida


automaticamente aquando a obtenção da autorização para exercerem em Portugal concedida
pela Ordem dos Médicos, cumprindo assim o disposto pelos normativos europeus.

Prova Nacional de Avaliação e Seriação


Estando esta em processo de revisão e alteração, sugere-se que os seus conteúdos devam
refletir o currículo obrigatório adotado no Internato Geral.

A Prova Nacional de Avaliação e Seriação adota uma dupla função: avaliação final do Internato
Geral e Prova de Acesso à Especialidade.

É realizada apenas uma Prova Nacional de Avaliação e Seriação anual.

Acesso ao Internato de Formação Específica


Podem candidatar-se ao Internato da Formação Específica todos os médicos autorizados a
exercer medicina em Portugal pela Ordem dos Médicos e que tenham completado, com
aproveitamento, o Internato Geral e realizado a Prova Nacional de Avaliação e Seriação.

É realizado apenas um concurso de acesso anual, dividido em duas fases. Os candidatos são
seriados consoante a nota obtida na Prova Nacional de Avaliação e Seriação.

Acesso ao Internato de Formação Específica - 1ª fase


Na 1ª fase entram todos os candidatos

Existem dois contingentes, semelhantes ao que estão em vigor atualmente:

• 95% das vagas para os candidatos sem autonomia


• 5% das vagas para os candidatos com autonomia

Acesso ao Internato de Formação Específica - 2ª fase


A 2ª fase realiza-se em data posterior à primeira fase (sugere-se entre 3 a 6 meses) e existe
apenas um contingente.

Na 2ª fase entram apenas os concorrentes que não escolheram vaga na 1ª fase.

As vagas colocadas a concurso são as vagas:

• Não ocupadas na 1ª fase


• Libertadas por mudança de especialidade
• Libertadas por não ocupação

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• Libertadas por rescisão de contrato

Esta segunda fase permitiria um aproveitamento quase total das capacidades formativas
disponibilizadas pela Ordem dos Médicos.

Regime transitório
A alteração do Ano Comum para Internato Geral de 2 anos cria um ano em que não há concurso
de acesso à especialidade (“gap year”).

No Gap Year, realiza-se um concurso extraordinário para os médicos que, nos anos anteriores,
se viram impedidos de prosseguir com a sua formação específica, interrompendo o efeito de
acumulação de médicos sem especialidade.

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