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FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS (FDSM)

MOISÉS SIQUEIRA DA SILVA COSTA1

RÉGIS WILLIAN DA SILVA ANDRADE2

DIREITO DOS REFUGIADOS NO BRASIL:A EFETIVIDADE SOB UMA


PERSPECTIVA HISTÓRICA, LEGISLATIVA E DE DADOS DA ATUAL
CONJUNTURA

REFUGEE RIGHTS IN BRAZIL: THE EFFECTIVENESS UNDER A


HISTORICAL, LEGISLATIVE AND OF DATA OF THE CURRENT
SETTLEMENT PERSPECTIVE

Artigo científico produzido na pós graduação em Direito Constitucional da


Faculdade de Direito do Sul de Minas

POUSO ALEGRE
2017

1
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto; Pós-Graduando em Direito
Constitucional pela Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM/MG); LATTES:
http://lattes.cnpq.br/7477793590602736; Endereço Pessoal: Rua Antenor Viana Braga, 307, apto 202,
bairro Varginha, Itajubá/MG, (35) 3621 8648; itamobs@hotmail.com
2
Doutor em Direito Constitucional; Faculdade de Direito do Sul de Minas (FDSM/MG),
LATTES: http://lattes.cnpq.br/3817170289306025; Endereço Pessoal: Avenida São Vicente de Paulo,
379, bairro São Vicente, Itajubá/MG, (35) 3622-3580, regis@jansennogueira.adv.br; Bolsista CAPES,
pós Doutorando em Direito Constitucional.
DIREITO DOS REFUGIADOS NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA
HISTÓRICA, LEGISLATIVA E DE DADOS DA ATUAL CONJUNTURA

REFUGEE RIGHTS IN BRAZIL: A HISTORICAL, LEGISLATIVE AND OF DATA


OF THE CURRENT SETTLEMENT PERSPECTIVE

RESUMO

Este estudo objetivou compreender os institutos relativos aos Direitos dos Refugiados
no Brasil. Para tanto, fez-se uma análise histórica e legislativa que regem o presente
objeto, sobretudo, sob a perspectiva de renomados doutrinadores. Perpassando por dados
de órgãos responsáveis, nacionais e internacionais, a fim de apurar a real e atual situação
que é dada ao refúgio, e aos refugiados, em solo brasileiro. Concluindo pela contumaz
necessidade de se garantir a efetividade das alterações legislativas, no que concerne ao
Direito dos Refugiados.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos; Refugiados; Migrações internacionais

ABSTRACT

This study aimed to understand the institutes related to the Rights of Refugees in Brazil.
In order to do so, a historical and legislative analysis was conducted that governs the
present object, especially from the perspective of renowned doctrinators. Passing
through data from responsible national and international agencies, in order to ascertain
the real and current situation that is given to the refuge, and refugees, on Brazilian soil.
Concluding that there is a strong need to ensure the effectiveness of legislative changes,
as far as it concerns to the Refugee Rights.

KEYWORDS: Human Rights; Refugees; International migrations


1. Introdução

A temática do refúgio parece estar constantemente nos noticiários mundiais.


Usualmente representado por pessoas desesperadas em fuga do seu país assolado por
conflitos violentos. Atualmente, pessoas sírias são os rostos mais famosos, mas já foram
ruandenses ou judeus, entre tantos outros. A necessidade de refúgio é constante, embora
varie geograficamente de região e motivações políticas.
Essa realidade oferece desafios específicos, afinal são pessoas que saem de seu
local de origem e buscam acolhida em outros países. O desafio para o Direito
Internacional é como atuar sob o transito de cidadãos ente dos países. Principalmente
quando diferentes países buscam impedir a entrada de possíveis refugiados através da
alegação de que não há estrutura no país para a recepção das pessoas. Notoriamente, a
Europa passou por essa discussão nos últimos anos devido ao alto número de refugiados
árabes e africanos3. Todavia, há pessoas refugiadas em diferentes regiões do mundo, por
isso não é só uma temática europeia.
Frente a esse desafio contemporâneo, nosso questionamento é de como o Brasil
se insere no mesmo. O país é tradicionalmente um signatário das Convenções
internacionais, não sendo diferente no caso das Convenções e Tratados de proteção aos
refugiados. Todavia reconhecemos que, em diferentes instâncias, há distância entre o
que é proposto e a realidade.
Por isso, cremos que para a compreensão do tópico é necessário perpassar
diferentes campos de debate. Iniciamos com o panorama histórico sobre como refúgio
surgiu no cenário político internacional depois das duas Guerras Mundiais. Igualmente,
apresentamos brevemente as organizações internacionais criadas para atuar na
problemática e as estratégias principais para a resolução. A partir do que foi apresentado,
nos voltamos para o Brasil, onde abordamos a evolução da abertura nacional para
refugiados, desde até a década de 1950 até 1990. Em 1997, há um dos momentos mais
significativos do debate sobre refúgio no país, com a promulgação da Lei 9.474. A partir
da discussão sobre a lei, finalizamos com debate sobre a situação atual dos refugiados
no Brasil e se a nova Lei da Imigração, Lei 13.445, influencia a mesma.

3
Danish Refugee Council. Closing Borders, Shifting Routes: Summary of Regional Migration Trends
Middle East. 2016. Disponível em: https://reliefweb.int/report/world/closing-borders-shifting-routes-
summary-regional-migration-trends-middle-east-may-2016. Acesso em: 03/04/2018
Para tanto, a metodologia utilizada foi a de revisão histórica e bibliográfica, bem
como a análise dos dados oficiais de diversos órgãos, nacionais e internacionais,
responsáveis pelo presente objeto. Utilizando-se de uma análise hipotético-dedutiva, a
fim de apurar a efetividade do instituto na proteção do presente grupo no Brasil.

2. Panorama histórico do Estatuto de Refúgio

A busca de indivíduos descolados por proteção em outros Estados é um marco


constante da história mundial, tendo relatos desde a Grécia Antiga (BARTELEGA,
2007, pag. 06). Inicialmente sob a nomenclatura de asilo4, a concessão de permanência
de indivíduos perseguidos pelos seus Estados em outros países, porém o termo refúgio
juridicamente foi estabelecido no início do século XX, na Liga das Nações. Os Estado
percebiam positivamente a acolhida de indivíduos economicamente ativos, o que
resultou em políticas de integração na sociedade (ACNUR, 2000, pag. 03)
Durante a Primeira Guerra Mundial, ocorreu um dos principais fluxos migratório
forçados do início do século. Até aquele momento, acreditava-se ser um fenômeno
temporário, logo as soluções utilizaram foram de caráter coletivo e pontual. Os casos
eram específicos sobre determinadas nacionalidades, como, por exemplo, belgas e
sérvios que se direcionavam à França e Albânia devido aos conflitos (ANDRADE, 1996,
pag. 21). Neste período foram identificadas políticas nacionalistas que restringiam a
imigração e dificultaram o gerenciamento dos deslocados (BARTELEGA, 2007, pag.
08).
Após o fim da Primeira Guerra, foi ciada a Liga das Nações, organismo
internacional que precedeu a Organização das Nações Unidas (ONU). Criada em abril
de 1919 em razão da Conferência de Paz de Paris, tinha como objetivo a promoção da
paz entre os Estados. A organização igualmente iniciou trabalhos para administração e
solução da problemática dos refugiados da guerra. A Liga realizou um processo de
institucionalização do refúgio, por atuar no tema através da criação de instituições e
marcos jurídicos.

4
Asilo é conceituado como acolhimento de indivíduo estrangeiro perseguido em outro Estado por razões
de perseguição política individualizada. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública A diferença
do asilo para o refúgio, no caso brasileiro, é o benefício de passaporte que permite a circulação além da
fronteira brasileira, não existem cláusulas de cessação, perda ou exclusão, possuí efeito constitutivo e é
uma medida de caráter político. Enquanto que o refúgio possuí caráter humanitário, tem efeito declaratório
e cláusulas de cessação, perda ou exclusão, resultado da Convenção Internacional sobre Estatuto dos
Refugiados de 1951. Disponível em: http://www.justica.gov.br/noticias/entenda-as-diferencas-entre-
refugio-e-asilo. Acesso em: 27/03/2018
Andrade (1996, pag. 05) aponta que o Direito Internacional dos Refugiados,
possuía duas vertentes na Liga das Nações. A primeira, institucional, baseou-se
justamente na criação de organizações para gerirem a agenda de refúgio. Já a segunda
vertente foi contratual, focada na formulação de documentos internacionais para
estabelecer o conceito refugiado, seus direitos e obrigações.
Todavia o trabalho realizado pela organização manteve o caráter coletiva ao
determinar o refúgio a partir da nacionalidade. Eram de tal forma, igualmente, históricos,
por focar somente em refugiados russos que experenciavam o fluxo migratório forçado
devido a Revolução Bolchevique em 1921. Devido a esse acontecimento criaram o Alto
Comissariado para Refugiados Russos, o qual foi expandido para atender turcos e
assírios. Um detalhe da Liga é sua temporariedade, já que suas instituições tinham prazo
de existência, o Alto Comissariado, por exemplo, foi extinto em 1931.
Em 1930, é fundado o Escritório Internacional Nassen para Refugiados, o qual
já tinha dada de extinção prevista para 1939. O objetivo seria a realização de ações
humanitárias para refugiado, porém a crise econômica de 1929 resultou em aporte
financeiro escasso. Na década seguinte, com a ascensão do Nazismo, houve aumento do
fluxo de refugiados, o que dificultou também as atividades (BARTELEGA, 2007, pag.
11).
Já em 1933, foi realizado o primeiro esboço de uma Convenção que suprisse as
lacunas de proteção aos refugiados, a qual poderia ser identificada como a vertente
contratual delimitada por Andrade (1996, pag. 05) anteriormente. Todavia, teve a adesão
de somente oito Estados. No mesmo ano, igualmente foi criado o Alto Comissariado
para Refugiados Provenientes da Alemanha, nomeado futuramente de Convenção
Referente aos Refugiados Provenientes da Alemanha. Foi o primeiro documento a
regular o refúgio a partir de uma dimensão individual, de tal forma os solicitantes de
refúgio deveriam provar o ato de perseguição por parte do Estado de origem e ausência
de proteção para ter a devida proteção.
Em 1939, foi criado o Alto Comissariado da Liga das Nações para Refugiados
(ACLNR), também tendo data limite para funcionamento, e o Comitê
Intergovernamental para Refugiados, que em conjunto com a ACLNR, deveria cuidar
da proteção jurídica dos migrantes forçados. Todavia, o início da Segunda Guerra
Mundial interrompeu o trabalho desenvolvido, resultando somente na assistência aos
cidadãos dos países aliados. Segundo Waldely (2016, pag. 22), o ACLNR continuou o
trabalho precariamente, até o fim da Liga das Nações. Já Moreira (2006, pag. 47) afirma
que, em 1943, a Administração das Nações Unidas para Auxílio e Restabelecimento
(ANUAR) foi a primeira a realizar ação para agenda de refúgio, atuando por cidadãos
de todos os países afetados pela guerra.
Durante a guerra, o debate sobre o refugio se intensificou, até seu fim sete
milhões de pessoas foram repatriadas pela ANUAR. Devido ao fato que a agência
dependia principalmente do governo estadunidense, surgiram questionamentos sobre a
política desenvolvia, tendo com denúncias de repatriação forçada (MOREIRA, 2006,
pag. 47).
No ano de 1947, a ANUAR foi substituída pela Organização Internacional para
Refugiados (OIR), no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas. A agência foi
direcionada somente aos refugiados da guerra, não tendo caráter permanente
(BARTELEGA, 2007, pag. 14). Como afirmado por Moreira (2006, pag. 04), “embora
prestasse assistência somente aos refugiados europeus, foi, de fato, o primeiro
organismo internacional a tratar, de forma integrada, de todos os aspectos da
problemática dos refugiados”. A OIR deveria agir até 1952, porém ainda havia 400 mil
pessoas deslocadas no continente, demonstrando a necessidade de maior atividade.
Como Waldely (2016, pag. 25) afirma:

“O êxodo de refugiados não estancou como esperado, ensejando uma


necessidade permanente de proteção internacional. As atribuições da OIR
foram transferidas para os Estados em que havia refugiados e para outras
organizações menores. Todavia, esse repasse de função não foi bem aceito
pelos Estados, que alegaram o “problema” dos refugiados ser de escopo
internacional, de modo que não lhes cabia assumir a responsabilidade
sozinhos. Por conseguinte, estava fertilizado o campo para criação do
ACNUR cujo estabelecimento decorreu de inúmeras tentativas anteriores de
institucionalizar as atividades intergovernamentais”.

De tal forma, a Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados


(ACNUR) foi criada, em 1949, por meio da Resolução 319 da Assembleia Geral da
ONU. O tema foi tema de debate entre capitalistas e socialistas, os quais não
participaram, embora a organização tenha sido definida como apolítica. Seu
financiamento ocorreu, no início pela ONU e países voluntários, o que criou vínculo
entre os Estados para condução das ações e regulação do fluxo de migrantes forçados.
A necessidade da instituição a transformou em imprescindível, já que os fluxos de
refugiados não eram fenômeno temporário, o que a fez não ter mais período de
desativação.
A Assembleia Geral da ONU, em 1955, instituiu o ACNUR como responsável
pela proteção e assistência de pessoas apátridas no mundo. O mandato da organização
era renovado a cada três anos, tendo, somente em 2003, a extinção da cláusula que
determinava a obrigatoriedade de renovação. As funções da instituição são: a) assegurar
os direitos e bem-estar dos refugiados; b) garantir que qualquer indivíduo possa exercer
o direito de solicitar e usufruir do refúgio seguro em outro país, e caso seja sua vontade,
retornar ao país de origem; e, por fim, c) oferecer proteção, assistência às pessoas sob
seu mandato de maneira imparcial.
Já os seus objetivos estão: a) reduzir situações de deslocamento forçado; b)
proteger homens, mulheres e crianças refugiadas e buscar soluções duradouras para
possam reconstruir suas vidas em um ambiente considerado normal; c) encorajar países
e instituições a fomentar condições para a proteção dos Direitos Humanos e solução
pacífica de conflitos; d) promover os princípios da Carta das Nações Unidas; e, por fim
e) a educação, pesquisa e extensão acadêmica voltadas para população que passaram por
deslocamento forçado.
A organização objetiva três soluções para o refugiado. A primeira é a repatriação
voluntária, solução considerada de longo prazo, que é a preferência da maioria dos
refugiados, por desejarem retornar aos países de origem quando as condições forem
favoráveis. Nesse caso, a agência forneceria transporte e auxílio para o repatriado,
através de doações financeiras e projetos de geração de renda.
Já a segunda solução é a integração local, nesse caso a agência busca a inserção
legal, social, econômica e cultura no país de refúgio. O ACNUR considera o refugiado
integrado quando este possuí residência permanente no país ou a cidadania do país de
destino, o que permite acesso a políticas públicas destinadas aos cidadãos natos.
Por fim, a última solução é o reassentamento, direcionado àqueles que não
podem retornar ao país de origem como também não pode permanecer no país de
refúgio, seja por razões de segurança, integração local ou ausência de proteção legal e
física. Nesse caso, a ACNUT procura auxílio de terceiros países, os quais estejam
dispostos a receber os refugiados.
De forma geral, o ACNUR procura a promoção de medidas que influenciem a
agenda de refúgio em diversas áreas. No caso da América Latina, em 2003, o Alto
Comissariado iniciou a implementação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, reconhecida
pelo Plano de Ação do México, que objetiva medidas alternativas para integração social
e autonomia do refugiado na região, assinado por 20 países da região. O objetivo da
Cátedra é o incentivo à pesquisa acadêmica no tema de Direito Internacional do
Refugiado, além de formação e capacitação de professores e estudantes.
A ACNUR atual em todos os continentes e regiões do mundo atualmente. São
126 países, sua divisão, por região, pode ser vista abaixo na Tabela 01:

Tabela 1 - Grupos que recebem assistência do ACNUR por região


Regiões Refugiados Solicitantes Deslocados Apátridas Outros Total
de Refúgio Internos

América do
Norte e 417.190 205.564 0 210.000 120 832.874
Caribe

América 351.863 31.545 6.044.151 1.230 29.251 6.458.040


Latina

África 3.890.689 673.071 9.920.194 721.418 2.288.708 17.494.080

Europa 3.107.579 690.203 2.016.235 605.689 82.964 6.502.670

Oriente Médio 2.764.102 79.017 11.562.949 444.230 125.675 14.975.973

Ásia e Oceania 3.848.671 116.910 2.731.090 1.509.696 475.463 8.681.830

Total 14.380.094 1.796.310 32.274.619 3.492.263 3.002.181 54.945.467

Fonte: Acnur (2016).

O atendimento dos refugiados pela ACNUR e dos países receptores é pautado


pela Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951. Como também pelo
Protocolo de 1967, em consonância com regulamentações regionais, elaboradas a partir
das alterações da realidade internacional e surgimento de novos conflitos.
Após a criação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados foi
necessário a criação de um marco regulatório que auxiliasse na execução das atividades
da instituição. A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados foi criada em criada
em 1951. Sua definição de refugiado é a base legal para todas ações relativas ao tema
realizadas pelos Estados, definindo o estatuto:

“[...] em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro


de 1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de
sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-
se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora
do país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais
acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a
ele”. (CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS,
1951, pag. 02)

Segundo Bartelega (2007, pag. 20), o principal embate, durante a formulação,


foi sobre a cláusula geográfica. Parte dos países buscavam uma perspectiva
universalista, que considerasse todos os países, enquanto os EUA e países europeus
desejavam seguir vertente europeísta, onde somente pessoas oriundas de países europeus
seriam consideradas refugiados. A resolução, a partir de proposta do Vaticano, foi a
delimitação das duas possibilidades, os Estados teriam escolha de aderir ou não a
cláusula geográfica quando fossem ratificar a Convenção. Outra cláusula proposta foi a
temporal, onde somente seriam considerados refugiados indivíduos que sofreram
alguma forma de perseguição até 1951.
Uma cláusula que ainda causa reverberações políticas na sociedade atual é o
princípio de non-refoulement, o que significa que o país receptor não pode enviar o
refugiado contra sua vontade para território que sofra perseguição (ACNUR e UNIÓN
INTERPARLAMENTARIA, 2001, pag. 93). Os países, frente a tal cláusula, tiveram
diferentes ações, como a permissão dos indivíduos de transitarem pelo país enquanto o
pedido de refúgio era analisado, como manter em espaços privados inicialmente. É um
demonstrativo de perspectiva distinta sobre o refúgio atualmente.
Apesar da Convenção ter determinações utilizadas até o tempo presente, novas
realidades e conflitos resultaram em novos fluxos de refugiados com características que
não foram abrangidas anteriormente. A Resolução 2198, de 16 de dezembro de 1966, da
Assembleia Geral da ONU, recebeu o Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados.
Após a recomendação do Secretário-Geral das Nações Unidas que houvesse a ratificação
dos Estados, entrou em vigor em 1967. O Protocolo é um documento independente da
Convenção de 1951, sendo a ratificação não limitada aos Estados signatários da
Convenção. Importante indicar que houve a manutenção das prerrogativas do
documento de 1951, alterando a delimitação geográfica e temporal.

Ҥ2. Para os fins do presente Protocolo, o termo "refugiado", salvo no que diz
respeito à aplicação do §3 do presente artigo, significa qualquer pessoa que
se enquadre na definição dada no artigo primeiro da Convenção, como se as
palavras "em decorrência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro
de 1951 e..." e as palavras "...como consequência de tais acontecimentos" não
figurassem do §2 da seção A do artigo primeiro”. (Protocolo de 1967 Relativo
ao Estatuto dos Refugiados, 1967)

Os dois documentos abrangem temas essenciais em comum, como: a) a definição


do termo refugiado e as condições de suspensão e exclusão da condição de refugiado; b)
o estatuto de refugiado no país de asilo, direitos e obrigações, incluindo cooperação do
Estado receptor com ACNUR de modo a facilitar a supervisão e aplicação da
Convenção; e, por fim c) afirmam o compromisso de informar sobre legislações
nacionais para garantir a implementação da Convenção de 1951 (ACNUR e UNIÓN
INTERPARLAMENTARIA, 2001, pag. 147).
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refúgio afirma a autonomia dos
Estados para atuar nesta agenda no âmbito nacional, afinal não é possível ultrapassar o
princípio de soberania dos Estados. Desta forma cada país opta na forma de
implementação da Convenção e do Protocolo. De qualquer maneira, o Comitê Executivo
do ACNUR recomenda aos Estados Partes a promoção de ações locais para proteção de
refugiados (ACNUR e UNIÓN INTERPARLAMENTARIA, 2001, pag. 729).
Em busca da realização de documentos que reconheçam as especificidades
locais, a Declaração de Cartagena, de 1984, foi acordada entre países latino-americanos.
Ocorrida no âmbito do Colóquio para Governantes e Juristas Latino-Americanos, na
Colômbia, a Declaração buscou uma resolução para os dois milhões refugiados
resultados dos conflitos armados e ditaduras da região.
Como a Convenção de 1951 não abarcou os conflitos aramas da América latina,
a Declaração ampliou conceito de refugiado, incorporando o que foi definido na
Convenção da Organização de Unidade Africana (OUA)5. Também acrescentou os
indivíduos que fugiram de seus países por ter a liberdade ameaçada pela violência
generalizada e pela violação generalizada dos direitos humanos (ACNUR e UNIÓN
INTERPARLAMENTARIA, 2001, pag. 106).
A Declaração de Cartagena não é juridicamente vinculante para os Estados,
porém alguns incorporaram na legislação nacional. A Organização dos Estados
Americanos e a ONU apoiaram a Declaração a qual ao assumir o princípio de não
devolução expresso no documento, implicitamente adota-se a Convenção Contra a
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Inumanos e Degradantes, IV Convenção
de Genebra de 1949, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, Declaração Sobre
a Proteção de Todas as Pessoas Contra Desapropriações Forçadas e os Princípios
Relativos a Eficaz Prevenção e Investigação de Execuções Extralegais, Arbitrárias ou
Sumárias (ACNUR e UNIÓN INTERPARLAMENTARIA, 2001, pag. 163).
Buscamos ao decorrer da presente seção a análise de como o refúgio foi
compreendido e trabalhado ao longo do século. Como percebido, a temática começou a
ter importância no início do século XX, tendo maior relevância quando se concordou
que não era um tema temporário, sim permanente. Igualmente houve a progressão de
organizações internacionais e tratados sobre o tema, tendo a Declaração de Cartagena,
de 1984, focado em especificidades latinas. Frente ao apresentado, desejamos focar no
caso brasileiro na seção a seguir.

3. Lei 9.474/1997, refugiados e direitos no Brasil

Possivelmente não há lei sobre estrangeiros, no Brasil, mais notória do que a Lei
6.815/1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro. Promulgada durante a Ditadura
Civil-Militar, a lei era reconhecida por tratar imigrantes como ameaça à segurança
nacional, assim não garantido diferentes direitos básicos para os mesmos. No caso dos
refugiados, a lei não destina nenhuma atenção especial, permitindo que as convenções
internacionais continuem sendo o texto principal sobre a temática.

5
A OUA, no primeiro artigo, amplia o conceito de refugiado ao adicionar: “O termo refugiado aplica-se
também a qualquer pessoa que, devido a uma agressão, ocupação externa, dominação estrangeira ou a
acontecimentos que perturbem gravemente a ordem pública numa parte ou na totalidade do seu país de
origem ou do país de que tem nacionalidade, seja obrigada a deixar o lugar da residência habitual para
procurar refúgio noutro lugar fora do seu país de origem ou de nacionalidade”. Disponível em:
www.acnur.org/t3/portugues/recursos/documentos. Acesso em: 27/03/2018
Tal realidade foi alterada pela promulgação da Lei 9.474, em 22 de julho de 1997.
Com a lei, houve a incorporação definitiva da Convenção sobre o Estatuto do Refugiado
de 1951 ao ordenamento jurídico brasileiro. Igualmente significativa por ser a primeira
a implementar um Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Ao revermos o desenvolvimento histórico brasileiro no campo, é possível
perceber o desenvolvimento necessário para chegar até a lei. Apesar de ter assinado o
Estatuto do Refugiado em 1952, somente seria promulgado no país, através do decreto
50.215, em 1961. Todavia, no documento indicava uma “reserva geográfica”, que
significa que o país somente aceitaria refugiados proveniente do continente europeu. Na
década seguinte, em 1972, seria promulgado o Protocolo do Estatuto dos Refugiados,
realizado em 1967, através do decreto 70.946.
Já em 1977, foi realizada a primeira missão do ACNUR no país, sendo instalada
na cidade do Rio de Janeiro. Tendo ocorrido durante a ditadura, as atividades da
organização focaram somente no reassentamento de refugiados latino-americanos em
terceiros países, após terem recebido vistas de turistas. Como no Brasil, Argentina,
Chile, Uruguai e Paraguai estavam sob governo militar na época. No total, foi possível
reassentar 20 mil refugiados em outros países.
Apesar da reserva geográfica brasileira, entre 1979-1980, o país acolheu 150
vietnamitas. Como havia a barreira geográfica, foi lhes dado um estatuto migratório
alternativo. O barco com os refugiados foi salvo por navios brasileiros, tendo sua
permanência aceita após a intervenção do ACNUR.
A década de 1980 apresenta diferenças consideráveis no tratamento aos
refugiados. Primeiramente, em 1982, o governo brasileiro decidiu favoravelmente pela
presença do ACNUR no país, embora não tenham concluído um Acordo-Sede. Em
seguida, em 1984, o governo parou de impor limites ao período que os refugiados não-
europeus poderiam permanecer no país, enquanto esperavam chances de reassentamento
em outros países.
Portanto, iniciou-se uma nova fase para aqueles que procuravam proteção no
Brasil, os mesmos poderiam receber documentos expedidos pelo ACNUR, que eram
endossados pelo Departamento de Polícia Federal. Na perspectiva do governo brasileiro,
os refugiados eram responsabilidade da organização, não do governo. Sendo a
organização, que, em 1986, reassenta 200 iraquianos da religião Bahai no país na
condição de imigrantes (ANDRADE e MARCOLINI, 2002, pag. 169).
A transferência e consolidação do escritório da ACNUR para Brasília, me 1989,
estreita a relação entre a organização e as autoridades brasileira. Já em período
democrático, o governo declara, através da promulgação do decreto 98.602, sua opção
pela alternativa (b) da Convenção de 1951. Isso significou a remoção da limitação
geográfica, o que permitiu a possibilidade para refugiados de qualquer lugar fossem
reconhecidos como tais no território brasileiro.
A ACNUR continuou atuando no país e avançando de forma considerável, já
que, no ano seguinte, o Brasil retirou suas reservas aos artigos 15 e 17 da Convenção de
1951. Como resultado, os refugiados tiveram direito de associação e de exercerem
trabalho remunerado. A organização e o governo também buscaram o estabelecimento
de um procedimento e divisão de responsabilidades relativos ao processo de solicitação
de refúgio.
Sobre essas mudanças, Andrade e Marcolini (2002, pag. 170) avaliam que:

“É interessante observar que o governo brasileiro promoveu essas medidas


estimulado apenas por considerações humanitárias, visto que o número de
refugiados residentes no território nacional não era nada expressivo – apenas
200 – e não constituía um problema à sociedade”.

O número aumento exponencialmente com a retomada da guerra civil em Angola


após as eleições em 1992. Cerca de 1,2 angolanos fugiram para o Brasil, o país que
aceitou conceder visto de turista, e solicitaram a condição jurídica de refugiados. A
maioria dos angolanos não estavam escapando de perseguição individual, mas como
resultado dos conflitos e da violência generalizada. Portanto, não se adequavam na
definição de refugiado pela Convenção de 1951, porém o país aplicou a definição ampla,
inspirada pela OUA e utilizada na Declaração de Cartagena, que foi apresentada
anteriormente.
Como resultado, os solicitantes angolanos oram reconhecidos no país e tiveram
todos os direitos garantidos pela Convenção de 1951. O mesmo caso ocorreu no caso de
200 solicitantes de refúgio liberianos. Ao total, 70% dos refugiados reconhecidos como
tal no Brasil obtiveram essa condição jurídica a partir da utilização da definição mais
abrangente.
É perceptível a longa trajetória brasileira para ser realmente um país receptivo
aos refugiados. Obviamente, a trajetória política interna importa, principalmente as
décadas que o Brasil esteve sob regime militar. O resultado da evolução nacional é a
criação e promulgação da Lei 9.474/1997, a qual nos deteremos agora.
Notoriamente, o processo para a aprovação da lei foi célere. Foi enviando ao
Congresso Nacional, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, Projeto de Lei
sobre Refugiados em conjunto com o Plano Nacional de Direitos Humanos, no dia 13
de maio de 1996. O projeto, escrito com a colaboração técnica do ACNUR, foi aprovado
em pouco mais de um ano de tramitação, tendo apoio particular da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados, da Igreja católica e da vice-Presidência da
República (ANDRADE e MARCOLINI, 2002, pag. 170).
A lei brasileira se inicia com a definição de refugiado, como é escrito no Art. 1º:

“Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:


I – devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país
de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua
residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das
circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado
a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país”. (Lei n.
9.474/97)

É perceptível que embora siga a Convenção de 1951, a lei brasileira prioriza a


definição abrangente, se aproximando do conceito proposto pela OUA e Declaração de
Cartagena. Para Andrade e Marcolini (2002, pag. 171) há dois pontos consideráveis
dessa escolha. Primeiramente, devido as causas recentes para as pessoas procurarem
refúgio, a lei é mais capacitada para lidar com essa problemática. Segundo, esse
comportamento se diferencia do adotado pelo governo brasileiro desde 1990.
Embora a narrativa nacional se baseia em suposta receptividade para pessoas de
todas as origens e etnias, as políticas governamentais demonstram outra realidade. O
Brasil sempre privilegiou a imigração de europeus, em busca principalmente do
embranquecimento da população através do aumento número primeiramente, em
seguida pela miscigenação (HASENBALG, 2005, pag. 166). A política de refugiados
não se diferenciada, exemplificado principalmente pela cláusula geográfica que
demonstrava o desejo da entrada somente de europeus. A possibilidade de qualquer
pessoa buscar refúgio expandia consideravelmente as pessoas aceitas no país.
Como resultado da definição ampliada, a maioria dos refugiados reconhecidos
no Brasil conseguem através da mesma. Almeida (2000, pag. 380) indicou que até o
período da escrita do artigo, 81 dos 107 casos decididos pelo Comitê Nacional para
Refugiados (CONARE), órgão deliberativo criado pela lei, foram beneficiados pela
definição utilizada.
Igualmente importante apontar que o art. 2 garante que a condição de refugiados
seja estendida ao cônjuge, aos ascendentes e descendentes, como todos os membros que
dependam do refugiado econômicos desde que se encontrem no território nacional.
Dessa forma, o governo não limita a somente uma pessoa, permitindo a permanência e
proteção de toda uma família, a partir da chegada ao pais.
A partir do conhecimento das pessoas que possam ser consideradas para refúgio,
é preciso abordar sobre o procedimento de concessão do mesmo no país. É necessário
apontar desde o princípio que há quatro organismos envolvidos nos pedidos de refúgio:
o ACNUR, o Comitê Nacional para Refugiados, Cáritas Arquidiocesana e o
Departamento de Polícia Federal. É relevante apontar que a Cáritas é uma organização
não-governamental ligada à Igreja Católica, a qual atua na área de refúgio antes mesmo
de ter política governamental sobre o tema.
O processo para o pedido de refúgio pode se iniciar informalmente no momento
de chegada do estrangeiro, como afirmado no art. 7º:

“Art. 7º Estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua


vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade
migratória que se encontre na fronteira, a qual proporcionará as informações
necessárias quanto ao procedimento formal cabível”. (Lei n. 9.474/97)

Como resultado, a solicitação impede que o solicitante seja deportado para onde
sua vida ou integridade física esteja ameaçada, não importando que sua entrada no país
tenha sido ilegal, como garantido pelo art. 8º. Apesar dessa garantia, a maioria das
pessoas não buscam a Política Federal nas fronteiras para realizar o pedido de refúgio.
Segundo Jubilut (2009, pag. 06), a maioria dos solicitantes de refúgios procuram um dos
Centros de Acolhidas para Refugiados da Cáritas, tanto no Rio de Janeiro quanto São
Paulo pelo medo da deportação ou desconhecimento do procedimento. De tal forma, a
Cáritas realiza o primeiro atendimento, a explicação do procedimento de solicitação de
refúgio e o encaminhamento à Polícia Federal.
O encaminhamento é essencial, por ser preciso de um Termo de Declaração
lavrado pela Polícia Federal para iniciar o procedimento. Segundo o art. 9, a autoridade
a quem for apresentada a solicitação deve realizar o termo que contenham as
circunstâncias relativas à entrada no Brasil e às razões para sua vinda. É complementado
com as informações pessoas básicas do solicitante, como sua qualificação civil, a
existência de cônjuge entre outras.
O Termo não somente inicia o procedimento como atua como um documento
para o solicitante até que seja expedido um Protocolo Provisório. Considerando a chance
da pessoa não ter nenhum documento consigo, o Termo tem importante papel até o
lançamento do Protocolo, o qual leva, em geral, 20 dias para sua expedição. Após o
recebimento do Protocolo, o solicitante tem o direito de receber carteira de trabalho
provisória pelo Ministério do Trabalho.
Após esse processo inicial, usualmente os solicitantes realizam duas entrevistas.
Inicialmente na Cáritas, a qual verifica se o mesmo pode ser considerado refugiado pela
ACNUR para poder gozar da proteção internacional. Em seguida há a entrevista com o
CONARE, o órgão competente exclusivo da decisão final de aceitação da solicitação.
Segundo o Art. 12 (Lei n. 9474/97), as competências do CONARE são:

“Compete ao CONARE, em consonância com a Convenção sobre o Estatuto


dos Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados
de 1967 e com as demais fontes de direito internacional dos refugiados:
I – analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da
condição de refugiado;
II – decidir a cessação, em primeira instância, ex officio ou mediante
requerimento das autoridades competentes, da condição de refugiado;
III – determinar a perda, em primeira instância, da condição de refugiado;
IV – orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção,
assistência e apoio jurídico aos refugiados;
V – aprovar instruções normativas esclarecedoras à execução desta Lei”.

O processo de decisão sobre a concessão de refúgio foi determinado em


diferentes fases. Após a entrevista, o representante do órgão repassa as informações a
um grupo de estudos prévios, o qual é formado por representantes do próprio CONARE,
do ACNUR e da sociedade civil. Os dois últimos baseiam seus posicionamentos a partir
do parecer elaborados pelos advogados que atuam no convênio Cáritas/ACNUR/OAB.
A partir das informações disponíveis, o grupo elabora um parecer recomendando ou não
a aceitação da solicitação de refúgio. Por fim, o parecer é enviado ao plenário do
CONARE, onde será discutido e terá o mérito apreciado para decisão final.
O plenário do CONARE é composto por representantes de diferentes ministérios,
embora seja um órgão deliberativo do Ministério da Justiça. Os representantes são dos
Ministérios da Justiça, das Relações Exteriores, do Trabalho, da Saúde e da Educação e
Desporto, como também da Polícia Federal e Organização não-governamental dedicada
ao trabalho com refugiados. Todos esses são apontados pelo Presidente da República,
após indicação dos órgãos que representa, e atuam sem remuneração. Cada representante
tem um voto e as decisões são tomadas por maioria simples. O ACNUR tem direito a
participar das reuniões e se manifestar, agindo como defensor do solicitante, porém não
pode votar (JUBILUT, 2009, pag. 10).
O capítulo V indica os procedimentos após a decisão tomada. Se for positiva,
primeiramente, é feita a comunicação da decisão à Política Federal para que a mesma
proceda às medidas administrativas cabíveis, entre elas o arquivamento de possível
processo criminal ou administrativo pela entrada irregular no país. A segunda
consequência é a comunicação da decisão ao solicitante para que o mesmo possa ir à
Política Federal para ser registrado, assinar o Termo de Responsabilidade e solicitar o
Registro Nacional de Estrangeiro.
Sobre o reconhecimento, Jubilut (2009, pag. 12) afirma:

“Cumpre ressaltar que a decisão de reconhecimento é declaratória e não


constitutiva, ou seja, que se entende que o solicitante que tem o seu pedido
de refúgio reconhecido já era refugiado antes mesmo da decisão, servindo
esta apenas para declarar o direito à proteção de que o mesmo já era titular
anteriormente. O que faz de um indivíduo um refugiado são as condições
objetivas de seu país de origem e/ou de residência habitual das quais
decorram um fundado temor de perseguição, e não o ato do governo brasileiro
que reconhece o pedido de refúgio”.

No caso de negativa à concessão do refúgio, o capítulo V, prevê a possibilidade


de recurso contra a decisão, a qual ser fundamentada na notificação entregue ao
solicitante. O recurso pode ser elaborado pelo próprio solicitante, não tendo
requerimentos formais. A única exigência é que seja dirigido ao Ministério da Justiça,
dentro de quinze dias após recebimento da notificação. O Ministério da Justiça, após a
decisão, notifica ao CONARE e à Polícia Federal. Casa o recurso seja positivo, o
processo anterior é realizado. Já se a decisão for mantida, a lei prevê, pelo Art. 32 (Lei
n. 9474/97):
“[...] ficará o solicitante sujeito à legislação de estrangeiros, não devendo
ocorrer sua transferência para o seu país de nacionalidade ou de residência
habitual, enquanto permanecerem as circunstâncias que põem em risco sua
vida, integridade física e liberdade”.

Por estarem sujeitos à legislação de estrangeiros, e, tendo a maioria ingressado


irregularmente no país, os solicitantes são notificados a deixar o país. Portanto, não há
centros de detenção como em outros países.
A lei também prevê a possibilidade de reassentamento nos art. 45 e 46. A política
existe quando refugiados não se encontram em segurança no primeiro país de asilo.
Através de ações planificadas e participativa de diferentes órgãos governamentais, o
governo pode agir, em conjunto com a ACNUR, para receber pessoas refugiadas em
outros países, sendo de tal forma o terceiro país. Por meio do programa, entorno de 100
colombianos foram reassentados no país no início da década de 2000 (DOMINGUEZ e
BAENINGER, 2006, pag. 10).
A organização também é responsável pela implementação das políticas públicas
para refugiados no país. Igualmente estabelece regulamentações, por meio de
resoluções, sobre o procedimento de refúgio em busca de melhor implementação do
trabalho. Segundo Jubilut (2009, pag. 11), houveram onze resoluções normativas, que
abrangeram desde o formato do termo de declarações e do questionário até as condições
para viagem do refugiado ao exterior e prazos procedimentais.
Ao longo da seção, buscamos detalhar os aspectos principais da Lei n.
9.474/1997. Demos atenção a definição de refugiado aplicada na lei, o procedimento de
pedido de refúgio, as ações seguintes a aceitação ou recusa da mesma e, por fim, a
política de reassentamento. Durante o debate apresentamos alguns dados resultante das
ações brasileira, porém cremos que seja necessário abordar detalhadamente, como
realizaremos na próxima seção.
4. Os números do refúgio no país

Apesar do longo debate brasileiro sobre a atuação no campo de refúgio, o país


não é um dos principais países que refugiados buscam. Em parte, se deve pela própria
distância geográfica dos principais conflitos mundiais na África e Oriente Médio.
Igualmente, o país não tem o histórico de ser um receptor de refugiados, afinal somente
teve as fronteiras abertas para todos a partir da década de 1990.
Todavia, desde a Lei n. 9.474, de 1997, o país teve nova postura, resultando no
aumento de número de refugiados no país progressivamente. Apesar desse aumento, o
número de pessoas refugiadas no país ainda é baixo. Segundo o Ministério da Justiça e
Segurança Pública (2016, pag. 03), há 9.552 refugiados no país, de 82 nacionalidades,
até o fim de 2016. Desses, 713 chegaram ao país através de reassentamento e 317 como
familiares de solicitantes de refúgio.
Enquanto isso, mundialmente há 15,6 milhões de pessoas deslocadas de seu país
devido a algum tipo de violência. Dos 5,3 milhões de sírios que fazem parte do total,
3.772 estão como refugiados no Brasil. Número igualmente considerável foi de
venezuelanos que pediram refúgio no país em 2016, os 3.375 pedidos representaram
33% de solicitações totais requeridas (Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2016,
pag. 03).
Ao encararmos os dados dos últimos sete anos, podemos perceber um aumento
considerável entre 2012 e 2013, declinando somente em 2016, como demonstrado na
Figura 01 abaixo.

Figura 01 - Solicitações de refúgio por ano (2010-2016)

Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública (2016, pag. 05)


É perceptível como o país acompanha as tendências mundiais, a qual teve nesses
anos número elevado de refugiados pelo conflito na Síria. No caso brasileiro, contribuiu
a vinda dos haitianos, ainda como repercussão do terremoto no país em 2010. Como
resultado, o número de refugiados reconhecidos no país aumentou, como indicado na
Figura 02 abaixo.
Figura 02 - Refugiados Reconhecidos no Brasil (total acumulado 2010-2016)

Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública (2016, pag. 06)

Embora houve um aumento significativo entre o número de refugiados


reconhecidos de 2013 e 2014, afinal foi liberado em volta de 2300 pessoas, enquanto
outros anos fica em volta de mil, a comparação entre o número de solicitantes e
reconhecidos é consideravelmente alta. Resultado de casos complexos, afinal muitos
chegam ao país sem documentos, porém igualmente pela falta de estrutura existente.
A lei afirma sobre a necessidade de celeridade no processo, porém o período
médio de espera pela resposta governamental é de dois anos, segundo Nogueira e Folly
(2017, pag. 02). Resultado da CONARE depender de funcionários cedidos, voluntários
e estagiários. Nogueira e Folly (2017, pag. 02) apontam para o fato de que desde a
criação da lei sobre refúgio, em 1997, não houve nenhuma reestrutura da organização
para lidar com o aumento de pedidos.
Principalmente, ao considerarmos que não é uma situação temporária. Como no
início do processo de refúgio, no início do século XX, não é possível achar que são
situações únicas que estão fora da normalidade. A busca por refúgio é constante, embora
a nacionalidade da maioria dos solicitantes possa variar. Podemos perceber isso pelos
últimos anos no próprio país.
Iniciemos com o caso dos haitianos. Os números de solicitantes aumento
progressivamente desde 2011, porém teve seu maior número em 2014, com mais de 34
mil solicitações. Frente a realidade de que o país não tinha condições de analisar metade
desses casos, em 2015, 43.871 haitianos tiveram sua situação migratória regularizada
por meio do Despacho Conjunto do CONARE, do CNIg e do Departamento de
Migrações, tendo suas solicitações de refúgio sido arquivadas. Como é demonstrado pela
Figura 03:

Figura 03 - Solicitações de refúgio - Haitianos (2010-2016)

Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública (2016, pag. 07)

Como a maioria dos haitianos argumentavam o pedido de refúgio pelas


condições nacionais após o terremoto, os pedidos foram negados por não ter amparo
legal na definição de refugiado aplicado. Todavia, isso não solucionava a realidade de
que a maioria das pessoas continuavam no país sem condições de subsistência. Frente a
isso foi expedido o visto humanitário, por meio da Resolução Normativa nº 97, de 2012,
o qual foi progressivamente aplicado. O visto garante os mesmos direitos que a
solicitação de refúgio, embora expanda o significado das pessoas que tem direito, ao
incluir vítimas de crises econômicas e ambientais (FERNANDES e FARIA, 2017, pag.
151).
A resolução do caso haitiano, porém não significou a diminuição dos pedidos,
como já percebido pelo número significativo de pedidos em 2015. O alto número de
pedido de sírios, em 2015, 3.460 mantiveram o número alto apesar da diminuição de
pedidos de refúgio de haitianos.
Apesar de sírios serem o grupo nacional com o maior número de refugiados
reconhecidos no país, entre 2011 e 2015, com 2.298 e ter tido 326 deferimentos positivos
só em 2016, não é um número considerado suficiente para lidar com a situação atual.
Como resultado, os vistos humanitários foram utilizados novamente, por meio da
Resolução Normativa nº 17 de 2013, como alternativa para diminuir o número de
solicitações.
A diminuição do número de pedidos entre 2015 e 2016 embora significativa, não
significou uma volta aos padrões anteriores. Em grande parte, é resultado do aumento
de pedidos de refúgios por venezuelanos. Frente a crise econômica e política no país,
número considerável de pessoas tem buscado refúgio em outros países, entre eles o
Brasil, principalmente pela divisão fronteiriça no Norte do país. Como resultado há o
aumento percebido na Figura 04 abaixo.

Figura 04 - Solicitações de Refúgio - Venezuelanos (2010-2016)

Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública (2016, pag. 08)

A partir da definição de refúgio aplicado no país, é perceptível que a maioria


desses casos não tem viabilidade pela lei, já que vítimas de deslocamento por crises
econômicas não fazem parte dos possíveis. Portanto, não é surpreendente que o governo
tenha utilizado visto humanitário no início de 2017 para os casos por meio da Resolução
Normativa no 126. Como resultado, é possível que o pedido de refúgio em 2017
apresente números diferente dos atuais.
Por fim, é importante apontar que apesar desses serem os maiores casos, há
milhares de pessoas de outras nacionalidades a espera da resolução de sua solicitação de
refúgio. Embora tenha menor destaque midiático e político, 17.509 casos, até 2015,
esperavam resolução, sendo 24,5% desses provindos do Senegal, 10% da Nigéria e 8,7%
de Gana (Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2015, pag. 08).
É notória a insuficiência do sistema atual de lidar com o número de casos atuais,
especialmente com a complexidade dos casos haitiano e venezuelano. Como
demonstrado, os vistos humanitários tem sido a escolha de ação frente a impossibilidade
do conceito de refúgio abranger essas pessoas. Até 2017, os vistos eram dependentes de
resoluções governamentais para sua utilização, todavia com a nova Lei da Imigração, nº
13.445/2017, os vistos foram confirmados pela lei como política possível. Uma
confirmação de sua viabilidade e importância para os novos desafios que as imigrações
forçadas apresentam.

5. Conclusão

Ao longo do presente artigo buscamos compreender e desenvolver o


conhecimento sobre a atuação brasileira no campo do refúgio. Para tal, perpassamos o
desenvolvimento histórico mundial e nacional de proteção aos refugiados com atenção
especial a Lei 9.474/1997 e a situação atual no país. A partir do que foi apresentado
podemos apontar algumas conclusões.
Primeiramente, é evidente o desenvolvimento internacional e nacional de
mecanismos de proteção à imigrantes forçados. O avanço ao longo do século XX é um
importante passo, embora não seja possível ignorar as diferentes problemáticas
contemporâneas que ainda é preciso enfrentar. Afinal, o próprio conceito de refúgio da
Convenção de 1951 não reconhece diferentes formas de refúgio, que já foi avançado
pela Organização de Unidade Africana e a Declaração de Cartagena. De qualquer forma,
os imigrantes forçados por condições ambientais e econômicas continuam em uma
lacuna dos tratados e convenções.
A partir dessa problemática, o Brasil criou o visto humanitário, o qual atende
essas pessoas e foi utilizado no caso de haitianos, sírios e venezuelanos. Confirmado
pela Lei de Imigração, em 2017, como uma política de longo prazo, oferece uma
oportunidade de documentação por pelo menos dois anos, enquanto o processo de
refúgio é realizado, e garante os direitos básicos. Apesar de ser uma medida de curto
prazo positiva, não impede a evolução necessária que a CONARE precisa ter frente ao
aumento substancial de solicitações de refúgio.
Muito se debate sobre o Brasil real e o Brasil legal, as diferenças entre o que a
lei propõe e o que acontece na realidade diária. No caso do atendimento aos refugiados,
o país tem uma das leis mais avançadas mundialmente no quesito de garantia de direitos
humanos básico às pessoas. O objetivo, portanto, é elevar o trabalho até esse objetivo,
alcançar o que a própria lei nos obriga.

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